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A TEORIA DAS

REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
6.53

Profª Heridane Patrícia Ferreira


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MARIA DE FÁTIMA DE
SOUZA SANTOS
Professora Titular da Universidade Federal de
Pernambuco, no Departamento de Psicologia .
Aposentada, atua como docente voluntária no
curso de graduação e no Programa de Pós-
graduação em Psicologia da UFPE. Possui
graduação em Psicologia pela Universidade
Federal de Pernambuco (1977) e doutorado em
Psicologia - Université Toulouse le Mirail (1986).
Realiza pesquisa nas áreas de Psicologia Social e
Psicologia do Desenvolvimento, com ênfase na
teoria das Representações Sociais, atuando
principalmente nos seguintes temas:
representações sociais, violência, adolescência,
velhice, saúde e práticas sociais.
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Contexto Pós- Ênfase nos Psicologia Social
guerra processos Americana:
cognitivos. Atitudes, Influência
Social e Percepção.

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TEORIA DA DISSONÂNCIA COGNITIVA
LEON FESTINGER & JAMES CARLSMITH

O experimento de Festinger e Carlsmith (1959) foi realizado com um grupo de alunos e


verificou como uma recompensa influencia a Dissonância Cognitiva. No primeiro momento, os
alunos foram submetidos a fazer tarefas monótonas e sem sentido. O entrevistador informava
que havia pessoas na equipe direcionadas a incentivá-los a realizar as tarefas com informações
positivas. Os alunos foram convidados a incentivar outras pessoas a realizar o experimento e,
neste caso, estavam contando uma mentira, pois diziam a outros alunos que a tarefa era
divertida e que valia a pena realizá-la. Para tal tarefa foi-lhes oferecida um recompensa, alguns
alunos receberam US$ 1.00 e outros US$ 20.00. Os alunos que receberam US$ 1.00 fizeram a
escolha de aceitar o convite e após terem tomado sua decisão, convenceram-se de que o
experimento era realmente divertido. Isto porque precisavam diminuir o gap entre a crença
que tinham (que a tarefa era monótona) e o comportamento atual (que a tarefa era divertida).
Os alunos que receberam US$ 20.00 não possuíram dissonância cognitiva, pois se sentiram
confortáveis em mentir apenas pelo dinheiro. Os indivíduos que receberam US$ 1.00 sabiam
que a tarefa era entediante, mas possuíam dois pensamentos discrepantes. Para eles, ocorreu
dissonância cognitiva, pois suas atitudes não condiziam com suas crenças. Concluiu-se então
que sempre que houver recompensa insuficiente haverá dissonância cognitiva, pois
comportamentos e atitudes não condizem.
A premissa da Teoria da Dissonância
Cognitiva é a cognição, definida por
Festinger (1957) como qualquer elemento
do conhecimento, opinião ou crença
sobre o meio ambiente, sobre si mesmo
ou o próprio comportamento.

• Duas cognições são dissonantes


quando não tem relação.
• Desconforto, tensão e angústia diante
da dissonância;
• Tendência a racionalização, criação de
repertórios imaginários para negar os
fatos, a realidade.

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REDUÇÃO DA
DISSONÂNCIA
Há três maneiras pelas quais os indivíduos podem
reduzir a dissonância cognitiva (Festinger, 1957):

(a) substituir uma ou mais crenças,


comportamentos ou atitudes que geram a
dissonância;

(b) adquirir novas informações que façam com que


a concordância aumente, reduzindo assim a
dissonância;
(c) tentar esquecer ou não dar importância àquelas
cognições que façam com que ocorra a
dissonância.

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PERSPECTIVA COGNITIVA

INDIVÍDUO RACIONALIZANTE PSICOLOGIA


Foco da Psicologia A TDC revela o • Ênfase nas
Social recai sobre o indivíduo como uma microrelações;
indivíduo. criatura mais • Pessoa como uma
racionalizante que máquina pensante.
racional.

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VOLTANDO PARA SERGE MOSCOVICI
Moscovici nasceu na cidade romena de Bráila em 14 de
junho de 1925. Sua família era judia, então ele sofreu desde
muito cedo com a discriminação antissemita. Em 1938 ele
foi expulso da escola em Bucareste por uma lei contra os
judeus. Essa situação o levou a ingressar no Partido
Comunista Romeno, considerado ilegal em 1939. Durante a
Segunda Guerra Mundial, Serge Moscovici foi enviado a um
campo de concentração. Ele ficou lá até ser libertado pelo
Exército Vermelho em 1944. Ao ver como os soviéticos se
apoderavam de seu país, ajudou vários residentes sionistas
a atravessarem a fronteira romena, razão pela qual foi
julgado em 1947. Depois de vencer o julgamento, ele
decidiu deixar seu país natal para trás. Emigrou e chegou à
França um ano depois, passando primeiro pela Hungria,
Áustria e Itália. Lá, graças a uma fundação para refugiados,
conseguiu estudar Psicologia em La Sorbonne. Sua tese em
psicologia foi sobre a imagem que alguns membros da
SERGE MOSCOVICI sociedade francesa tinham sobre a psicanálise nos anos 50.
Graças aos resultados de sua tese em psicologia, ele
publicou seu primeiro livro A Psicanálise, Sua Imagem e Seu
Público, texto em que apresentou pela primeira vez sua
teoria sobre as representações sociais.
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MÁQUINA PENSANTE

Uma máquina imperfeita que Uma máquina que não reproduz o


não processa as informações cérebro do sábio profissional, mas o
direito. cérebro do sábio ingênuo.

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Essa concepção do saber popular como um saber menor, porque
não segue uma lógica forma, está presente nas ciências humanas
ao longo dos anos. (...) Baseada em uma perspectiva
evolucionista, tudo se passa como se o pensamento seguisse
naturalmente uma evolução: do raciocínio pré-lógico,
fragmentado, ao raciocínio lógico, formal. Esse é um dos
pressupostos que a teoria das representações sociais vem
romper. Moscovici opõe-se à natureza individual da Psicologia
Social e busca resgatar as dimensões culturais e históricas da
pesquisa. (SANTOS, 2005).

- Sujeito ativo.

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO
X
CONHECIMENTO DO SENSO COMUM
O conhecimento científico reúne um conjunto de hipóteses e
conceitos , articulados em um sistema dedutivo de modo que
algumas dessas hipóteses sejam premissas e as outras a sucedam
logicamente. Tem a função de conhecer a natureza e dominá-la.

Já o conhecimento do senso comum se orienta através dos


processos de objetificação e ancoragem, tem como função
orientar condutas, possibilitar a comunicação, compreender e
explicar a realidade social.

São formas de conhecimento de naturezas diferentes. (SANTOS,


2005).

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CONCEITOS IMPORTANTES

OBJETIVAÇÃO ANCORGEM

Objetivar é descobrir a qualidade A ancoragem é o processo pelo qual Os processos de objetivação e


icônica de uma ideia, ou ser procuramos classificar, encontrar um
ancoragem servem para nos
impreciso; é reproduzir um conceito lugar e dar nome a alguma coisa
em uma imagem. (MOSCOVICI, para encaixar o não-familiar. familiarizar com o 'novo',
2004, p.71). (MOSCOVICI, 2004, p.61). primeiro colocando-o no nosso
quadro de referência, onde
pode ser comparado e
interpretado, e depois
reproduzindo-o e colocando-o
sob controle (Moscovici, 1981,
p.192).

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AS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
Falar em representações sociais é remeter-se ao
conhecimento produzido no senso comum.

Uma forma de conhecimento compartilhado,


articulado, que se constitui uma teoria leiga a
respeito de determinados objetos sociais. (...) Um
conhecimento científico que visa compreender e
explicar a construção desse conhecimento leigo,
dessas teorias do senso comum. (SANTOS, 2005, p.
21).
- Fenômeno da TRS: as teorias do senso comum.

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AS TEORIAS DO
SENSO COMUM
São conjuntos de conceitos articulados que têm
origem nas práticas sociais e diversidades grupais
cujas funções é dar sentido à realidade social,
produzir identidades, organizar as comunicações e
orientar as condutas.

PARA GERAR RS...


O objeto precisa ser polimorfo, isto é, possível de
assumir formas diferentes para cada contexto
social e, ao mesmo tempo, ter relevância cultural
para o grupo.

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https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/04/10/sem-direito-
a-licenca-maternidade-prefeita-de-palmas-improvisa-quarto-para-
o-filho-na-prefeitura.ghtml

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Como afirma Abric (1994, p. 13) “isto permite definir
a representação social como uma visão funcional
do mundo, que permite ao indivíduo ou grupo dar
um sentido as suas condutas e compreender a
realidade através de seu próprio sistema de
referência, logo, adaptar-se e definir seu lugar
nesta realidade.

“A representação social é ao mesmo tempo “o


produto e o processo de uma atividade mental pela
qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real ao
qual ele é confrontado e lhe atribui uma
significação específica”.

- Relação dialética entre indivíduo e sociedade.


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FUNÇÃO DAS
REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
1. Função de saber: servem para que possamos explicar,
compreender e dar sentido à realidade social;

2. Função de orientação: orientam as práticas sociais;

3. Função identitária: ao compartilhar uma representação social um


grupo pode ser definido e diferenciado do outro grupo;

4. Função justificadora: são utilizadas para justificar as condutas


relativas a determinados objetivos.

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“A finalidade de todas as
representações sociais é tornar familiar
algo não-familiar, ou a própria não-
familiaridade. (...)

Os universos consensuais são locais


onde todos querem se sentir em casa, a
salvo de qualquer risco, atrito ou
conflito”.

SERGE MOSCOVICI

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REFERÊNCIAS
SANTOS, Maria de Fátima de Souza. A teoria das

representações sociais. In: SANTOS, Maria de Fátima de

Souza; ALMEIDA, Leda Maria de. Diálogos com a teoria

das representações sociais. Pernambuco: UFPE, 2005.

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