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PSICOLOGIA SOCIAL
Psicologia social é um ramo da psicologia que estuda a forma como as
pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras.
Surgiu no século XX como área de actuação da psicologia para estabelecer
uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais (sociologia, antropologia,
geografia, história, ciências políticas).
A sua formação acompanhou os movimentos ideológicos e conflitos do
século 20, a ascensão nazi, do fascismo, as grandes guerras, a luta do
capitalismo contra o socialismo, entre outros.
OBJECTO DE ESTUDO
A psicologia social estuda a forma como os pensamentos, emoções e
comportamentos de um sujeito são influenciados pela presença (real ou
imaginária) de outras pessoas.
(Allport, 1985)
CONCEITOS
A situação em que um sujeito se encontra não pode ser
desvalorizada. Subestimar o poder da situação é um erro de
Poder da
atribuição fundamental que acontece quando tentamos
Situação
compreender a situação somente com base nas características
da pessoa e seus traços de personalidade.
Forma como o sujeito percepciona, compreende e interpreta o
contexto social. É importante compreender não só como as
Construto
situações influenciam os indivíduos, mas como o sujeito
percepciona e interpreta o comportamento do(s) outro(s).
1. ESQUEMAS
2. ATRIBUIÇÃO CAUSAL
3. FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
1. ESQUEMAS
Estrutura cognitiva que representa o conhecimento sobre um
conceito ou tipo de estímulos, incluindo os seus atributos e a
relação entre estes atributos
(Fiske & Taylor, 1991, p. 98)
Esquem
a É um conjunto de cognições que estão relacionadas entre si
(como pensamentos, crenças e atitudes) e que permitem
categorizar um objecto tendo por base uma quantidade limitada
de informação.
O esquema é ativado por pistas e preenche os detalhes em falta.
FUNÇÃO DO ESQUEMAS
● Organizar informação;
● Compreender a informação;
O ser humano não gosta de ter espaços em branco uma vez que causa
dissonância cognitiva, dúvidas, então preenche-o muitas vezes com
informação. Isto pode acontecer através de esquemas, pode ser através da
construção de falsas memórias.
Exemplo de ESQUEMA:
Quando é apresentada uma palavra em que lhe faltam uma série de letras,
conseguimos ler a palavra. Dentro de nós já há a representação mental e
conseguimos, com base num pequeno número de informações activar aquela
representação mental que temos. Isto é, uma capacidade adaptativa do ser
humano, ou seja, é a capacidade de processar a informação, construir um
esquema e armazená-lo na cabeça.
TIPOS DE ESQUEMAS
Não são hierarquizados. Estão ao mesmo nível
É o esquema que se forma em relação a uma determinada
Esquemas de
pessoa, ou seja, é a estrutura cognitiva em relação a essa
Pessoas
pessoa.
Percepções que se tem sobre determinado papel social que
determinada pessoa desempenha.
Exemplo de esquema de papel: quando se vê um piloto, pensamos
nele como que a entrar na cabine de um avião. Portanto temos uma
expectativa sobre o papel que aquela pessoa desempenha.
Esquemas de Quando olhamos para uma pessoa, pelo papel que ela
Papel desempenha, esperamos determinada coisa. Na nossa
cabeça já temos o esquema que vamos activar em relação
àquele papel social que aquela pessoa desempenha. Pode
ser laboral, familiar ou qualquer outro tipo de papel.
Portanto, já se tem uma estrutura cognitiva que se vai
buscar.
Permitem saber o que se deve fazer em determinada
situação.
Esquemas de Exemplo de esquema de guião: quando chego a um restaurante, devo
Guião aguardar para me ser indicada a mesa, saber que se a mesa não
estiver limpa, devo esperar que a mesa seja limpa, saber que me
trazem a ementa para escolher, saber que faço um pedido.
Esquemas Esquema sobre a minha representação, enquanto indivíduo,
sobre o Próprio que vou trabalhando ao longo da vida.
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UTILIZAÇÃO DE ESQUEMAS
Acessibilidade dos esquemas: o facto de o esquema estar em primeiro plano
faz com que este seja mais acessível e mais frequentemente utilizado ao fazer
julgamentos sobre o mundo social.
EX: quando cozinhamos vamos usar os ingredientes que estão mais à mão. Num
roupeiro, uso a roupa que está mais à mão. Ou seja, vou usar o que está mais
acessível.
2. ATRIBUIÇÃO CAUSAL
A atribuição causal é o processo de atribuir uma causa ao comportamento –
do próprio ou de terceiros. As explicações causais são bases importantes para
a predição e para a sensação de controlo.
Os seres humanos gostam muito da sensação de controlo, porque quando não
sentem controlo sentem-se vulneráveis e o ser humano não gosta da
vulnerabilidade.
Uma das questões que a COVID 19 trouxe, foi a baixa percepção de controlo, a
qual aumenta muito a nossa percepção de vulnerabilidade. O ser humano não
gosta disto, gosta de prever as coisas, gosta de segurança, porque se fizer as
coisas de uma determinada maneira, os resultados que obtém são aqueles e
isto é muito importante para o ser humano.
Aquilo que muitas vezes fazemos nesta lógica da atribuição causal é sempre
procurar os motivos subjacentes ao comportamento do outro. Para nós, seres
humanos, o comportamento do outro tem sempre de ter um motivo e às vezes
o motivo pode ser apenas a pessoa estar tão distraída que nem reparou no que
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estava a fazer. No entanto eu não vou interpretar as coisas assim, vou procurar
uma causalidade, eu vou procurar, na intenção do outro, alguma coisa que
consiga justificar o seu comportamento.
Exemplo: final das relações.
Tantas vezes procuramos um motivo e às vezes o motivo é somente porque a outra
pessoa deixou de gostar, porque os sentimentos mudam, crescem, evoluem no
sentido que têm de evoluir. E às vezes o sentimento também acaba. Outras vezes
os motivos são muito grandes. No entanto procuramos sempre muita
intencionalidade no comportamento do outro para o conseguir compreender e para
o conseguir justificar e para o conseguir prever.
HEIDER
Teoria da Psicologia Ingénua
KELLEY
pessoa)
O erro é simples, é o justificar as coisas com base na pessoa e não pensar que
pode haver uma situação que justifique o comportamento. Isto é o Erro
Fundamental da Atribuição.
3 . FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
“Formar uma impressão é organizar a informação disponível acerca de uma
pessoa de modo a podermos integrá-la numa categoria significativa para nós.”
As impressões são formadas com base em indícios - não é necessário ter-se
observado o atributo.
Exemplo
Posso ter tido uma pista que me indicou que aquela pessoa é simpática, a pessoa
sorriu – a pessoa não me cumprimentou, a pessoa não falou com mais ninguém –, a
pessoa sorriu uma vez e este indício é o suficiente para eu formar uma impressão,
não preciso ter observado o atributo na sua plenitude. A impressão não é menos
forte, porque eu não observei o atributo na sua plenitude.
FORMAR UMA IMPRESSÃO – termo designado por ASCH, que acabou por
ficar esta designação: formar impressões. Se bem que actualmente seria mais
correcto dizer ORGANIZAÇÃO DE IMPRESSÕES”.
ABORDAGENS
● CONFIGURACIONAL
● INTEGRAÇÃO DA INFORMAÇÃO
● BASEADA NA MEMÓRIA
Resultados:
● As impressões das pessoas que ouviram a lista A foram muito mais positivas;
● Da lista de adjectivos foi possível verificar que há um conjunto de traços que são
atribuídos à pessoa calorosa e outro à pessoa fria. Existem ainda traços que não
sofreram alterações;
● As características não têm todas o mesmo peso – há traços centrais e periféricos.
INDUSTRIOSO = TRABALHOSO
Experiência 2 de ASCH, 1946
Lista A: inteligente, hábil, industrioso, polido, determinado, prático e cauteloso.
Lista B: inteligente, hábil, industrioso, rude, determinado, prático e cauteloso.
(Vala e Monteiro, 2017)
Resultados:
● A mudança de um traço periférico traz menos mudanças do que a mudança
de um traço central.
Questão de investigação:
“Como é que com apenas acesso a alguma informação/traço se conclui que a
pessoa possui também outro traço?”
A resposta surge nas “teorias implícitas da personalidade” (Bruner & Tagiuri,
1954) que refere a existência de categorias comuns que são usadas pelas
pessoas para descreverem outras e crenças sobre relações entre os atributos
da personalidade.
São teorias porque se baseiam num conjunto estruturado de categorias e
crenças. Implícitas porque não têm validação empírica. Segue um pouco a
psicologia ingénua de Heider.
Funcionam como um mapa cognitivo interno que orienta a interacção
entre as pessoas. Estamos sempre à procura destes pontos de referência. E
formamos estas teorias e é com base nelas que vou inferir que uma pessoa
sorridente é uma pessoa simpática, calorosa, disponível, quando na base só vi
um indício: um sorriso.
ABORDAGEM ASSOCIACIONISTA
Cada elemento da informação tem um valor próprio e contribui de uma
forma independente para a impressão geral. O contexto perde relevância,
pois a impressão resulta da combinação dos valores de cada item. O que
interessa são os itens e não o contexto. É uma perspectiva associacionista –
cada item dá o seu próprio contributo para a formação de impressões.
EFEITOS DE ORDEM
1º FACTOR: EFEITO DE PRECEDÊNCIA
No caso de o docente pedir que 3 pessoas façam um trabalho para ver quem é
o melhor, neste caso existe uma situação de competição e as distorções de
positividade, são menos frequentes.
Psicologia Ingénua
Processamento de
de Heider
Processamento de
informação e as
informação e Co-
inferências
variação
correspondentes
de Jones & Davis
Predizer o comportamento,
Erro
percepção de estabilidade e
Fundamental
controlo
da Atribuição
Organizar a informação
Formação de impressões disponível acerca de uma
pessoa, de modo a integrá-
la numa categoria
significativa
ATITUDES
FORMAÇÃO e MUDANÇA
CONCEITO DE ATITUDE
Avaliação de um objecto que pode variar do extremamente negativo
ao extremamente positivo, mas também admite que as pessoas
Atitude podem estar em conflito ou ambivalentes, em relação ao significado
de um objecto e que podem em momentos diferentes expressar
tanto atitude positiva como negativa para o mesmo objecto.
pode ser mais acessível ou menos acessível. Se fôr mais acessível, o objecto
da atitude evidencia-se. Uma atitude acessível como é mais usada exerce
maior influência no comportamento e é mais estável e resistente à mudança,
está muito trabalhada.
ATITUDES E COGNIÇÃO
Heider falou na consistência cognitiva e no equilíbrio psicológico e mantém o
mesmo princípio.
Sujeito
TRÍADE: interacção entre o sujeito (eu), entre a entidade (pode ser uma
pessoa ou um objecto) e entre outra entidade (pode ser uma pessoa ou um
objecto).
Exemplos:
● Situação de Equilibrio (concordância)
O João gosta da Maria – concordância
O João gosta de sushi – concordância
A Maria gosta de sushi – concordância
● Situação de Desequilíbrio (discordância)
O João não gosta da Maria – discordância
O João gosta de sushi
A Maria não gosta de sushi – discordância
O facto de a Maria não gostar de sushi, não é importante para o João porque
ele não gosta da Maria, portanto, é-lhe indiferente. Como o João não gosta da
Maria e a Maria não gosta de sushi, isto é uma relação de equilíbrio.
Eu posso não gostar de uma determinada pessoa, mas o que ela faz é bom e
eu posso gostar daquilo que ela faz, continuando a não gostar dessa pessoa.
Isto continua a ser uma situação de desequilíbrio.
Mas se a minha atitude em relação a essa pessoa fôr fraca, este desequilíbrio
não vai ser importante para mim.
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O ser humano procura ter consonância entre as diversas cognições que tem
a respeito de um mesmo objecto. A dissonância cognitiva é psicologicamente
desagradável, por isso o sujeito está motivado para a reduzir.
Como é que reduzimos a dissonância cognitiva?
● Aumento do número ou da importância das cognições consonantes;
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ATITUDES E ACÇÃO
Sabendo a atitude, sei o comportamento? Não. Se sei a atitude, posso vir a
saber o comportamento, mas esta ligação não é causal. Pela atitude não se
chega ao comportamento e pelo comportamento não se chega à atitude.
EXPERIÊNCIA
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Nos anos 30 do séc. XX, nos USA havia um grande preconceito contra os
chineses. Haviam placas que diziam “proibida a entrada a cães e a chineses”.
LAPIERRE resolveu fazer uma viagem com um casal de amigos chineses. E
foram a uma série de hotéis e restaurantes e foram recebidos em todos eles.
Só houve 1 restaurante que disse que não aceitava os chineses. Todos tinham
o sinal à porta, mas aceitaram-nos em quase todos (cerca de 270 espaços
visitados por Lapierre e seus amigos). Perante este comportamento “aceitarem
o casal de chineses”, ver se a atitude destas pessoas em relação aos chineses
era igual aquela que elas tiveram no comportamento. E mandou uma carta
para os mesmos sítios a dizer: “vou viajar com um casal de chineses e gostava
de saber se vocês nos aceitam lá”. 50% respondeu-lhe. E destes 50%, 92%
disseram que não aceitavam chineses. Ou seja, mostraram uma atitude
desfavorável em relação aos chineses e o comportamento que tiveram não foi
congruente. A atitude não foi consonante com o comportamento. Isto permitiu
perceber que pode haver tolerância comportamental e intolerância atitudinal. É
uma inconsistência entre atitudes e comportamentos.
Posso não gostar de touradas, mas tolerar o comportamento de quem gosta.
LAPIERRE
Há inconsistência e o facto de haver inconsistência, diz-nos que isto não é uma
relação causa – efeito. Com base neste estudo de LaPierre foram feitos mais
estudos.
Assim, existem 3 teorias:
Crença
Resultados
Comportament Atitude
o
Avaliação
Importância
Relativa
Intenção Comportament
o
Crença
Pessoa / Grupos
& Norma
Comportament Subjectiva
o
Motivação
Assim, há estas 2 dimensões: a atitude, que é minha, e a norma subjectiva,
que é dos que me circundam. E ainda a importância relativa que cada uma
destas coisas tem para mim, em cada momento da vida. Para um determinado
assunto a minha atitude pode pesar muito e a norma subjectiva pode pesar
pouco. Para outro assunto, a norma subjectiva pode pesar muito e a minha
atitude a pesar pouco. Ou seja, não há uma regra concisa. Varia. Tudo isto, a
atiude e a norma subjectiva, determinam a minha intenção de realizar o
comportamento. Aquilo que vejo é o comportamento, mas a intenção
comportamental, é o que se situa mais perto da atitude.
Exemplo
SITUAÇÃO:
O João está sentado no autocarro e vê uma grávida entrar. Não há mais nenhum
lugar sentado e o João é a pessoa mais nova do autocarro.
Atitude: A gravidez é fisicamente exigente para uma mulher.
● Crença: Ela tem dificuldade em estar de pé.
= Ajzen =
Atitude
Norma
Intenção Comportamento
Subjectiva
Controlo
Comportamenta
l Percebido
Exemplo
SITUAÇÃO:
O João está sentado no autocarro e vê uma grávida entrar. Não há mais nenhum
lugar sentado e o João é a pessoa mais nova do autocarro.
Atitude: A gravidez é fisicamente exigente para uma mulher.
Norma Subjectiva: As pessoas com menos mobilidade têm prioridade nos lugares
sentados.
Controlo Comportamental Percebido: Sou capaz de ir o resto da viagem de pé.
Intenção Comportamental: Dar o lugar
Comportamento: Dar o lugar
MODELO MODE
= Fazio (1990) =
Activação Percepção
Presença Automátic Selectiva
do a da
Objecto Atitude
Acessível
Definição do
Comportamento
Acontecimento
Norma dos
Grupos
Exemplo
SITUAÇÃO:
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O João está sentado no autocarro e vê uma grávida entrar. Não há mais nenhum
lugar sentado e o João é a pessoa mais nova do autocarro.
Presença do Objecto: Mulher grávida
Atitude: A gravidez é fisicamente exigente para uma mulher.
Percepção Selectiva: A grávida parece estar com um ar cansado.
Definição do acontecimento: Dar o lugar à gravida vai ser bom para ela.
Norma dos grupos: As pessoas com menos mobilidade têm prioridade nos lugares
sentados.
Comportamento: Dar o lugar
Fazio diz que a presença do objecto (e o objecto pode ser um carro eléctrico)
vai-nos activar automaticamente a atitude acessível e isto é a chave do modelo
de FAZIO. É a atitude ser acessível. Se a atitude fôr acessível na presença do
objecto é de imediato activada. Se não fôr acessível, incorro num esforço para
ir buscar a atitude. Isto faz com que se defina o acontecimento, isto é, bom ou
mau, se é positivo ou negativo, e a partir daqui a pessoa começa a agir.
Como vivemos em sociedade e inserimo-nos em grupos, a norma dos grupos
influencia tudo isto.
● RESSALVA: É muito difícil medir atitudes. Assim, LaPierre disse que podia
haver incongruência entre atitudes e comportamento. Portanto, as atitudes
são o que pensamos sobre um determinado tema, que tem uma
componente avaliativa e é um construto hipotético por não ser directamente
observável. O que observamos são os comportamentos.
PERSUASÃO
⮚ CARL HOVLAND
MODELO DE COMUNICAÇÃO PERSUASIVA de Carl HOVLAND
Características para a validade de uma fonte:
● Credibilidade da Fonte
● Estatuto Social
Carl HOVLAND fez um estudo em que havia uma frase para duas audiências.
Experiência
A primeira audiência ou viu a frase “A pandemia aumentou as dificuldades em
dormir”. Foi dita por uma menina, estudante. A segunda audiência, ouviu a
mesma frase, mas dita por uma grande especialista na área do sono no nosso
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EFEITOS DA FONTE
Exemplo
As pessoas que vão às aldeias falar com os aldeãos e lhes conseguem tirar as
poupanças, são pessoas que usam estas técnicas da persuasão.
Vão trabalhar a confiança com os idosos, vão apresentar-se como pessoas credíveis
e especialistas. São bem-falantes. Como existe este princípio de que alguém que é
bem falante, é credível, é uma fonte idónea, as pessoas mais facilmente aceitam a
sua mensagem e têm-na como válida.
Exemplo
Se estivermos numa sociedade ditatorial em que estamos a apelar ao medo e
sabemos que estamos em risco, vamos aceitar as mensagens que nos transmitem.
Podemos não concordar com as mensagens, mas há um contexto envolvente que
nos leva a aceitar, porque além do medo há a ameaça real.
O ser humano tem o princípio de poupar recursos e sempre que o pode fazer,
euristicamente, fá-lo sem se envolver em esforços cognitivos.
Uma eurística é um atalho cognitivo que se faz para chegar a determinado
assunto, a uma determinada conclusão. São formas de processar a informação
de forma directa. O esquema é a representação que se tem sobre determinado
assunto. Uma eurística não é uma atitude, é uma ligação directa a um
esquema.
O que estes psicólogos variaram foi na elaboração, tendo definido duas vias:
1. Via Periférica = processamento heurístico.
A mudança de atitudes ocorre através de processos cognitivos que exijam
fraca elaboração. Aquilo que faz com que a pessoa não tenha que elaborar
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muito faz com que vá por uma via periférica. Não que vá por uma via
central.
2. Via Central = processamento sistemático.
Elevada elaboração e ponderação que permite mudar uma atitude que
integre a informação obtida.
Quando a pessoa tem que ponderar, elaborar e integrar a informação
obtida, fá-lo pela via central. É um assunto que é preciso elaborar, assim
tem de haver uma maior dedicação a esse assunto.
● Capacidade
o Concentração – no sentido de haver muitos distratores, ou
poucos. Quanto mais distratores existem, maior é a dificuldade
em elaborar sobre um assunto. Se houver menos distratores, há
uma maior capacidade para elaborar sobre determinado assunto.
o Conhecimento – é o conhecimento que se tem sobre
determinado tema.
o Capacidade de processamento da informação.
Experiência de
Musafer SHERIF
Numa 1ª experiência, Muzafer Sheriff convidou várias pessoas para se
sentarem numa sala escura. Uma de cada vez, já que a sala era pequena.
Disse à pessoa para carregar num botão quando visse, na sala escura, um
ponto luminoso e voltasse a carregar no botão quando esse ponto luminoso
desaparecesse e que descrevesse o movimento que aquele ponto tinha feito.
As pessoas não sabiam que o ponto não se mexia. Em plena escuridão,
as percepções visuais perdem o seu quadro de referência habitual e o ponto
luminoso parece deslocar-se: é o fenómeno do efeito autocinético.
Sherif verificou que a pessoa, sozinha, desenvolveu quadros de
referência idiossincráticos (que revela características distintivas dos demais)
e estáveis, mesmo quando não há qualquer fundamento para a organização
(tendência para a auto-organização), ou seja, num ponto inamovível, a
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Experiência de
Solomon ASCH
Nesta experiência, Solomon Asch verificou que quando formamos
impressões, existem características que têm um peso maior que outras. E
nesta experiência estavam várias características, entre elas, “caloroso” e “frio”.
Chegou à conclusão que existem traços centrais, traços periféricos, que
a palavra em si, não desempenha sempre o mesmo papel, varia consoante o
contexto em que se insere mas que isto é informação importante para se
conseguir formar uma impressão a respeito de alguém.
Esta experiência vai revelar até que ponto a indução (as palavras) pode
influenciar.
Asch agarrou no conceito de sonambulismo social (ocorreu no pós-guerras,
em alturas em que ocorreram situações muito más, graves) em que se vê o
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Uns acham que enquanto a maioria está toda numa direcção e eles estão
noutra direcção então é porque não perceberam bem. Os outros, disseram que
era numa direcção, mas vão todos na outra direcção, então vou com eles para
não destoar.
As pessoas para tentarem resolver a situação que não estavam a conseguir
compreender, para não gerarem instabilidade, conformaram-se, acomodaram-
se. Puseram-se em causa. Puseram os outros em causa, mas aceitaram a
opinião deles que eles sabiam estar errada. Procuraram soluções alternativas.
Fizeram uma série de alterações que permitisse manter a estabilidade.
Interiormente pensaram que não queriam destabilizar o grupo, então
conformaram-se. É algo tão simples como ver o tamanho das linhas. É muito a
necessidade de aceitação.
Com base nesta experiência, Asch percebeu que quando a pessoa está
numa situação que não é ambígua, ou seja, perante duas figuras geométricas
diferentes, uma redonda e outra quadrada, a pessoa percepciona a redonda e
percepciona a quadrada, assim a pessoa tem a informação e os recursos
necessários para realizar uma tarefa, que será dizer que as duas figuras são
iguais ou são diferentes. Nesta condição em que não há ambiguidade, seria
espectável que o comportamento fosse um determinado, ou seja, dizer “isto é
uma esfera e isto é um cubo”. Esta resposta seria a espectável.
Nesta experiência de Asch, o que verdadeiramente aconteceu não foi isto, a
influência social esteve marcadamente presente, tendo mudado o
comportamento. Sem a influência social, o comportamento poderia ter sido
diferente, mas a influência social, que é poderosa, mostrou-se como influente
tendo mexido no comportamento e tendo trazido ambiguidade a uma situação
que não era ambígua. A situação era clara. A, B e C eram diferentes.
CONFLITO
Conformismo VS Independência
O fim das experiências condiciona muito a memória com que se fica da mesma
e se há a lembrança dessa experiência como positiva ou negativa. O estudo
que foi feito foi-o onde seria difícil haver margem para dúvidas.
Exemplo: Pessoas que foram fazer uma colonoscopia
O exame demorou 30 minutos e houve 2 amostras. Metade fez o exame normal e a
outra metade fez o exame com mais 2 minutos, mas esse tempo foi utilizado para
retirar o tubo e fez com que aquela experiência fosse menos desagradável.
O que os investigadores viram, foi que aquela amostra que teve com o tubo da
colonoscopia, durante mais 2 minutos, que teve um final de experiência mais positivo
comparativamente ao outro grupo que teve menos 2 minutos, mas sem um final de
experiência positivo, esta amostra, com o fim positivo lembrou de forma mais positiva
o exame do que os outros. Quando ao cabo de alguns meses lhes perguntaram
“lembra-se da colonoscopia que fez? Qual a sua avaliação? Deram um sorriso verde,
ao passo que o outro grupo deu um sorriso amarelo ou vermelho. Este grupo apenas
teve um final de experiência mais agradável. Isto veio reforçar que o fim das
experiências conta muito.
GRUPO
Grupo é um conjunto de pessoas que:
● Interagem entre si;
DIMENSÃO DO GRUPO
A dimensão do grupo varia. Quanto maior fôr o grupo, menor serão as
interacções.
Em 1958, Slater, foi buscar o número mágico do Miller, o número “7” +
ou – 2 e definiu, aceitando-se, que o número ideal de pessoas para um grupo
podem ser 7. Não significa que não possam ser mais ou menos. Segundo Kurt
Lewin, “3” é o número mínimo para um grupo. No entanto, o número ideal é o
número mágico “7” mais ou menos 2 de Miller. Este senhor diz-nos que com
este número os processos de grupo acontecem de melhor forma.
Cognição Comportamento
Teoria da Acção
Princípio do Equilíbrio
Refletida
Heider
Enviesamento Fishbein e Ajzen
cognitivo
congruente Teoria da Dissonância Teoria da Acção
com a atitude Cognitiva Planeada
Festinger Ajzen
Modelo MODE
Fazio
Mudança
de Atitude
EFEITOS DE
GRUPO
FACILITAÇÃO SOCIAL
Ocorre na presença de outros ou numa situação de avaliação, onde há
tendência para:
● Realizar melhor, tarefas simples;
HIPÓTESES EXPLICATIVAS
Na presença dos outros:
● A pessoa fica mais alerta e vigilante (tende-se a estar mais activado, mais
alerta, mais vigilante quando nos encontramos na presença de outras
pessoas. Basta pensar quando se está sozinho e quando se está com
alguém ao lado. Algo muda. Se a pessoa fôr muito próxima, está-se mais
descontraído, porém quando a pessoa é mais distante, tende-se a ficar
mais alerta e vigilante);
● A pessoa fica mais apreensiva sobre a forma como está a ser avaliada
(qualquer pessoa precisa de saber a forma como é avaliada. Isto é
importante e faz com que a pessoa fique apreensiva para perceber os
critérios de quem avalia);
● Há mais distratores e menos atenção na tarefa a realizar (se se tiver que
realizar uma tarefa sozinho, ela pode correr bem porque há menos
distratores do que realizá-la em grupo).
EFEITO PREGUIÇA
Na presença de outros ou numa situação em que não haja avaliação, a
tendência é para:
● Realizar pior tarefas simples;
mais e há um que puxa menos. Isto acontece muitas vezes nos grupos. Há uns
que vão conduzidos pelos outros. Isto é o que se chama efeito preguiça.
Normalmente vê-se nas tarefas simples, porque nas tarefas complexas,
normalmente a performance é melhor. Como as pessoas não têm a
componente negativa da activação, estão activadas, mas não estão
apreensivas, não estão com medo, não há tensão, as pessoas focam-se mais
na tarefa e conseguem ter melhores desempenhos, porque se abstraem dos
outros factores. O efeito da facilitação social vê-se em tarefas simples.
São fenómenos que acontecem. Num, na presença de outras pessoas ou
numa situação de avaliação, a pessoa faz melhor as coisas simples e pior as
coisas complexas; e noutro, na presença de outras pessoas, sem situação de
avaliação, fazem-se melhor as coisas complexas e pior as coisas simples.
Entre uma situação e outra varia a avaliação. Pode-se inferir, a partir daqui,
que quando se é observado, há mais pressão, a nossa atitude muda.
DESINDIVIDUALIZAÇÃO
Perda dos constrangimentos individuais quando se está em grupo. Isto
pode gerar mais comportamentos impulsivos ou desviantes
ESQUEMA MENTAL
GRUPOS
SHERIF ASCH
Processos de grupo
ESTEREÓTIPOS,
PRECONCEITO E
DISCRIMINAÇÃO
Padrão, imagem ou conceito pré-estabelecido pelo senso
comum, baseado na ausência de conhecimento profundo sobre
algo ou alguém.
Representações que se têm da realidade, com base nas
crenças que a sociedade passa, desde criança.
VANTAGENS
Estereótipo
Permite responder rapidamente às situações, porque antes
pode-se ter tido uma experiência semelhante.
DESVANTAGENS
Faz com que se ignorem as diferenças entre as pessoas, logo,
pensam-se coisas sobre os outros que podem ou não
corresponder à realidade (ou seja, fazem-se generalizações).
tiverem a côr negra, assumimos que têm todos as mesmas características. Não tem
em conta a variação individual.
Exemplo: Motard
Quando me dizem “motard”, vou activar a minha estrutura relativa ao motard e vou
buscar as características que tenho associadas ao motard. Normalmente associa-se
ao motard, um indivíduo de cabelo comprido e casaco de cabedal. Porém pode
aparecer à minha frente um motard, completamente diferente do estereótipo que
possa ter relativamente a ele. Pelo facto de nunca ter convivido com um motard,
formei uma determinada impressão ou crença a respeito dos motards.
Assim, tenho acesso a nova informação. Logo individualizo aquele motard, mas não
mudo o meu estereótipo.
● Simplificação da informação;
Exemplo
Tenho à minha frente o Miguel. O Miguel é homem logo, com base
nisto, tem as características da categoria de homem
● Generalizações abusivas. Ocorre quando se assume que
as pessoas partilham características só porque pertencem
ao mesmo grupo, sem conhecermos as pessoas.
Exemplo
● Só pelo facto de o Miguel ser homem, fico com uma série de
confabulações a respeito dele, que podem ser verdadeiras ou
Estereótipos
não.
● Pelo facto de ter um grupo de pessoas à minha frente, vou
pensar que são todas iguais só porque pertencem ao mesmo
género.
● Racionalização da posição social.
Exemplo
Com base nas crenças e nas ideias que se tem sobre um
determinado grupo, consegue-se ter um fundamento teórico para
se agir de determinada maneira, para se compreender aquela
posição. Racionaliza-se sobre isso, com base na informação que
se tem.
TAJFEL
Refere-se à assimilação intracategorial e diferenciação
intercategorial.
A acentuação perceptiva conduz à construção cognitiva de
categorias sociais. Por vezes bem demarcadas.
Acentuação Exemplo
Perceptiva Os políticos são todos iguais. É muito comum ouvir-se que os
políticos são corruptos, logo se é político, é corrupto.
Atribuo a uma categoria social uma ideia negativa. Estou a colocar
determinada pessoa naquela categoria e não exploro a sua
individualidade
Significa que determinado grupo, ou pessoas, são todos iguais.
Fazer-se uma assimilação intra categorial, é o mesmo que ver
Assimilação as pessoas, todas, como se fossem muito parecidas. Não vou
Intra ver diferenças entre os indivíduos, ou seja, os que pertencem a
Categorial determinado grupo são todos quase como que fotocópias
Exemplo
Os políticos são todos iguais
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Com base num qualquer indício, exemplo: é uma pessoa do género feminino,
logo vai para a categoria das mulheres”. Neste caso há pouco esforço cognitivo
para saber qualquer coisa acerca de daquela pessoa.
Exemplo
Se por acaso estiver na rua com uma criança e por qualquer motivo preciso que
alguém fique a tomar conta da criança. Tenho à minha frente uma mulher e um
homem. Posso achar que a mulher será mais maternal, mais dócil, para ficar com a
criança. Há pontos positivos que posso retirar desta situação. A questão é que com a
maior parte das pessoas com quem cruzo, não faço nenhum esforço cognitivo para
saber mais sobre elas. Agrupo-a em determinada “gaveta” e por lá fica.
Se por algum motivo aquela pessoa me interessar, vou buscar o meu estereótipo de
homem e vou ver se os indícios daquela pessoa são congruentes com a informação
54
Os estereótipos têm a sua lógica, mas o contexto, por vezes, faz com que se
olhe mais para o que se está a passar e para a categoria onde vou estar a
colocar determinada pessoa, do que estar a ver as outras categorias que se
estava a ver para trás.
Não interessa se a pessoa é budista ou católica, se a pessoa estiver a cometer
um acto negativo qualquer, (exemplo) se estiver a bater em alguém, vou ver
aquela pessoa como um agressor e não como budista ou católico. Portanto, o
contexto que nos cerca, é responsável pelo agrupamento daquela ou daquelas
pessoas, perante a situação em si e não perante as outras categorias.
Exemplo
Sou da polícia e quero fazer uma missão. Preciso de ir buscar um agente para me
acompanhar nesta missão. Tenho dois agentes, um homem e uma mulher. Escolho o
homem para vir comigo, porque a mulher é mais fraca. Isto é um preconceito.
Porém se der outros dados tais como, tenho necessidade de uma pessoa com uma
taxa de força maior que a outra. Portanto, seleciono o homem e não a mulher. Assim
já não é preconceito.
Uma atitude não é observável. Quando a comissária diz que necessita de ser
acompanhada pelo homem porque as mulheres têm menos força que os homens, a
isto chama-se preconceito.
ESTEREÓTIPO DA OBESIDADE
É um tipo de estereótipo, muitíssimo violento, praticamente não é falado e, no
entanto, há uma quantidade gigantesca de pessoas que se inserem neste
estereótipo e que são simplesmente esquecidas, estereotipadas e vitimas de
preconceito e discriminação, por causa do excesso de peso que têm.
As pessoas com excesso de peso são maioritariamente vistas como pessoas
preguiçosas com menos força de vontade, menos inteligentes, menos
motivadas, menos capazes e na verdade não são nada disto. São apenas
pessoas com obesidade e para se ter consciência da profundidade deste
estereótipo que é fortíssimo temos de ver o seguinte: não se fala da doença.
Não se fala de alguém com cancro, mas fala-se do “gordo”, do obeso.
Este estereótipo é fortíssimo com um imenso impacto em muitas áreas da vida
da pessoa. Na área da vida profissional, as pessoas com obesidade são menos
recrutadas, duram menos nos empregos, são mais facilmente despedidas e
sobem menos na hierarquia profissional.
Exemplo: estudo realizado para candidatura a emprego.
Numa entrevista de emprego, foi uma candidata que respondeu às perguntas que
devia responder. Passados uns dias, a mesma candidata foi novamente à entrevista,
mas maquilhou-se, caracterizou-se com excesso de peso.
Enquanto a candidata magra foi aceite, a candidata obesa, não foi aceite. Foi posta
de lado, apenas porque tinha excesso de peso.
A candidata era a mesma, contudo o que mudou foi apenas a segunda personagem,
caracterizada com excesso de peso.
Se para uma pessoa já é difícil ter excesso de peso, para uma mulher
mais difícil é, porque lhe traz muitos atributos negativos associados. No que se
refere à auto-estima, depressões, preconceitos, estas pessoas (obesas) não
estão nos bons indicadores, em questões práticas, uma mulher com excesso
de peso tem muitas dificuldades em encontrar lojas de roupa para si. Agora já
há algumas secções, mas continua a ser muito difícil.
Se se deseja ajudar uma pessoa obesa a mudar o seu comportamento,
a sua relação com a comida, então deve-se ter consciência dos estereótipos
que existem, qual a relação que se tem com estes estereótipos e perceber se
aquela pessoa foi vítima de estereótipos a vida toda, ou pelo menos desde que
se encontra com excesso de peso.
Se se pretende ser um agente catalisador da mudança que esta pessoa
procura, deve-se começar a trabalhar isto, interiormente. E o trabalho é muito
interior. Isto não significa que se seja preconceituoso em relação às pessoas
com excesso de peso. Se alguém discrimina um obeso, normalmente o que diz
é: “se está assim, é porque quer. Merece”.
Portanto, o estereótipo da obesidade não é muito falado. As pessoas
vão vítimas de discriminação e isto passa-nos ao lado.
CURIOSIDADE
Se se pedir a uma criança para desenhar uma pessoa que não faça parte do seu
endogrupo, de outra raça, amputada, meninos com obesidade, se se der a uma
criança a oportunidade de copiar uma destas gravuras, nunca irão copiar o menino
com excesso de peso, fica de lado. Preferem copiar meninos amputados, de outras
raças, do que meninos com excesso de peso e isto é um grande aviso, num país que
tem uma prevalência de 30% de índice de obesidade.
● ESTEREÓTIPO
o Tem uma dimensão cognitiva
● PRECONCEITO
o Tem uma dimensão afectiva
● DISCRIMINAÇÃO
o Tem uma dimensão comportamental
Esquema Mental
Estereótipo, Preconceito e Discriminação
Acentuação percetiva
Crenças sociais
Assimilação valores
IDENTIDADE SOCIAL
Endogrupo Grupo com o qual o sujeito se identifica.
Exogrupo Grupo com o qual o sujeito não se identifica.
Exemplo
Não eram alunos da mesma escola, não eram amigos, não eram companheiros de
futebol, eram rapazes da mesma idade, nunca tinham interagido. Não se conheciam.
● Ausência de competição
Exemplo
O grupo que ganha mais pontos, não ganha nada. É indiferente ter 20 pontos ou ter
10 pontos ou ter 0 pontos. A competição está ausente.
Exemplo
Só tinham um caderno na mão. Não se conheciam, não tinham noção do que se iria
fazer a seguir. Apenas partilham um caderno com uma capa diferente da outra.
Turner foi fazer uma nova experiência com grupos mínimos, mas muito
parecida. Fez várias variações e uma variação em que o sujeito conseguia dar
mais pontos a ele próprio e menos pontos ao grupo, pois conseguia receber
mais com isso. E na experiência de Turner, ele viu que se juntar a competição
social, o favoritismo individual aparece. Passa-se a estar na óptica do
favoritismo individual e deixa-se de ter o favoritismo pelo endogrupo. Portanto,
quando aparece a competição, o que aparece primeiro é o favoritismo
individual e não o favoritismo do endogrupo.
Turner acaba por dizer que há uma competição social para uma
identidade social positiva. A categorização e comparação, regulam-se pela
motivação de satisfazer a necessidade de um self positivo. Sai da óptica do
62
Esquema Mental
Identidade Social
Exogrupo Endogrupo
Modelo de Identidade
Social - Escola de Bristol
Categorização
Identificação Social Comparação Social
Social
Funções:
Selecção
Justificação
Antecipação
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
As representações sociais são construções psicológicas
do sujeito que interferem na forma como se interpretam os
Representação
acontecimentos.
Social
Permitem a criação de uma realidade que valide as
previsões e as explicações da representação.
Resulta da actividade mental do sujeito e das relações
Representação
que mantém com o objecto.
indiscutíveis.
Resultam de um grupo muitíssimo estruturado, com
uma estrutura muito sólida. Todas as pessoas
partilham da mesma crepresentação e está muito bem
construída. Estas representações ajudam a dar
estrutura ao grupo, são uniformes e indiscutíveis. São
aceites como verdadeiras e são pontos que orientam a
conduta e acção.
Exemplo
A igreja, um partido político
Afastam-se das hegemónicas. Têm um grau de
autonomia comparativamente às anteriores.
Há trocas de significados diferentes sobre o
objecto entre grupos.
Resultam da relação de cooperação entre grupos.
Exemplo
● O objecto da política da União Europeia, em que se
Representações Sociais tenta através de vários grupos que têm
EMANCIPADAS representações sociais muito marcadas, numa
relação de cooperação, construir representações
sociais emancipadas.
● Os guardas prisionais e os prisioneiros. Grupos
completamente distintos. Com objectivos diferentes.
No entanto, terá de haver alguma cooperação entre
eles de modo a haver harmonia. O objecto é viverem
na mesma sociedade e serem libertos.
Representações Sociais Significados exclusivos ou antagonistas.
POLÉMICAS Enquanto as anteriores resultavam de relações de
cooperação, estas resultam da relação de conflito
entre grupos.
Exemplo: Os grupos igreja e homossexuais.
● O choque causado pela igreja em relação aos
homossexuais e destes em relação à igreja. A
representação social seria sobre a união entre duas
pessoas hétero ou homo, em que a igreja preconiza
que só se deverão unir duas pessoas heterossexuais
e não do mesmo sexo. E os homossexuais desejam
que a igreja passasse a ver como legítimas as uniões
entre pessoas do mesmo sexo. É uma representação
social polémica porque o objecto da representação
social é a relação, o casal, em que para a igreja a
construção da representação social é no sentido de
um casal heterossexual e aqui existem valores
positivos e o significado é positivo, ao passo que ao
casal homossexual estão associados valores
negativos e significados negativos.
A representação da igreja sobre o casal hétero é
positiva e sobre um casal homo é negativa.
Os homossexuais têm uma representação social
positiva dos casais heterossexuais e positiva dos
66
Esquema Mental
Representação Social
Critério
Critério Quantitativo Critério Genético Funcionalidade
Moscovici
Objectivação Ancoragem
CONFORMIDADE e OBEDIÊNCIA
OS PSICÓLOGOS SOCIAIS ESTÃO INTERESSADOS EM COMPREENDER
PORQUE É QUE AS PESSOAS TÊM TENDÊNCIA PARA SE CONFORMAR,
MAIS DO QUE FAZER JULGAMENTOS SOBRE OS OUTROS.
O meu clube ganhou ontem. Os meus amigos são todos deste clube. É um grupo
importante para mim?
⮚ FORÇA E PROXIMIDADE
A tendência para a conformidade e para a aceitação das pressões
normativas aumenta se o grupo for relevante e importante para a pessoa,
bem como pelo facto de se ter uma relação próxima com o grupo.
Exemplo
O grupo são os amigos, a família. São grupos importantes para o indivíduo, então é
natural que haja maior tendência para o conformismo do que se fôr um grupo que não
tem qualquer impacto na vida do indivíduo – grupo de condóminos, nem conhece as
pessoas, ninguém fala com ninguém. Não é um grupo relevante para o indivíduo.
⮚ NÚMERO
OBEDIÊNCIA
Fenómeno comum nas relações entre grupos e sujeitos, que
Obediência
permite garantir o funcionamento eficaz das estruturas socias.
EXPERIÊNCIA DE MILGRAM
Experiência clássica da Psicologia Social que tenta perceber as questões da
autoridade, porque é que as pessoas seguem a autoridade, mesmo quando
isto implica terem de fazer coisas que vão contra os seus valores ou contra
aquilo que acham correcto.
72
⮚ RESULTADOS
⮚ VARIAÇÕES EXPERIMENTAIS
Houve várias variações a este estudo, uma vez que não pode ser generalizado
daí que esta experiência tenha sido contextualizada. Tiveram de perceber as
várias dimensões, nomeadamente a competência da autoridade e não apenas
a legitimidade da mesma.
Exemplo
Se um médico me mandar atravessar a Av Liberdade pelo meio, sem ser nos
semáforos ou na passadeira, eu não vou atravessar. Vejo-o como figura de
autoridade, mas não lhe reconheço competências para me dizer onde vou atravessar
numa estrada. Contudo, se fôr um policia sinaleiro a mandar atravessar algures, vou
atravessar onde ele disser.
Se fôr um piloto de avião a dizer que vou tomar o antibiótico todos os dias, não lhe
reconheço competências para o dizer, mas se e3ste piloto de avião disser: “srs.
Passageiros apertem os cintos que estamos com turbulência” já lhe reconheço
competência.
⮚ CONFORMIDADE NORMATIVA
A pressão normativa faz com seja mais difícil recusar prosseguir com a
experiência – se as outras pessoas demonstrarem uma grande vontade para
que o sujeito faça algo, é mais difícil este dizer que não. Ainda mais relevante
perante uma figura de autoridade.
⮚ CONFORMIDADE INFORMACIONAL
Numa situação ambígua o sujeito tende a procurar pistas no
comportamento das outras pessoas. A conformidade informacional é mais
forte se a situação for ambígua, de crise ou se o outro for percepcionado
como sendo mais experiente. Assim, fazem-se as coisas pelo que o outro faz,
ou se se estiver em crise ou numa situação ambígua, procuram-se pistas na
pessoa que se encontrar ao nosso lado.
75
EXPERIÊNCIA DE STANFORD
● O que acontece quando se põem pessoas boas num lugar mau?
● Uma experiência que foi planeada para durar duas semanas, teve de terminar ao
fim de 6 dias, pelo efeito que estava a ter nos participantes.
● Foi colocado um anúncio que pedia estudantes universitários, masculinos, para
uma experiência sobre a vida numa prisão, durante uma a duas semanas e em
troca recebiam 15 dólares por dia.
● Responderam 70 homens, aos quais foram feitas entrevistas de diagnóstico e
aplicados testes de personalidade, por forma a garantir a ausência de problemas
psicológicos, médicos, historial de crimes ou de abuso de substâncias.
● Foram seleccionados 24 estudantes dos EUA e Canadá, saudáveis, inteligentes e
da classe média.
● Os participantes foram divididos, de forma arbitrária, em dois grupos – o dos
guardas e o dos prisioneiros.
● Sem aviso prévio, numa manhã de domingo, um carro da polícia apareceu à porta
76
da casa de cada estudante, que tinha sido escolhido para prisioneiro, e era
algemado, levando-o preso.
● Os “prisioneiros” eram informados da acusação e dos seus direitos, encostados
ao carro da polícia, de pernas abertas, revistados e algemados, à vista de toda a
gente, amigos, familiares, vizinhos.
● Na esquadra seguiam os procedimentos normais, lidos os direitos, tiradas as
impressões digitais, identificados.
● Depois eram levados para a prisão, para uma cela, de olhos vendados, sem visão
para o exterior, sem relógio e com poucos estímulos sensoriais.
● Cada “prisioneiro” era revistado, despido e submetido a um spray desinfectante.
● Usavam apenas um uniforme, sem roupa interior, chinelos e uma meia de nylon
na cabeça. Nos tornozelos colocaram-lhes correntes.
● Nas celas e prisão, só podiam usar o número que tinham na tshirt e quando se
referiam a outro prisioneiro era sempre pelo número. Os nomes tinham sido
abolidos.
● Aos “guardas” foi dito que deveriam fazer o que fosse necessário para manter a
ordem e o respeito dos prisioneiros.
● Os “guardas” usavam uniforme e óculos de sol.
nossos valores e a nossa bondade que acabam por ganhar no confronto com
circunstâncias terríveis, ou será que as circunstâncias levam sempre a melhor?
Esta experiência da prisão de Stanford estava planeada para durar duas
semanas, mas teve de terminar ao fim de 6 dias porque esta experiência
estava a ter nos participantes, efeitos extremamente graves não só no seu
bem-estar físico mas sobretudo psicológico. A própria experiência teve de ser
interrompida, sensivelmente a meio. Não chegou a meio.
poder de resposta. Aqui há já uma carga emocional muito grande, uma vez que
a experiência começa muito antes das portas da esquadra da polícia.
Chegados à esquadra, faziam aquilo que fazem às pessoas, eram-lhes
lidos os direitos, tiradas as impressões digitais, era feita a identificação e eram
levados para uma cela, de olhos vendados, onde ficavam sozinhos durante um
bom bocado. Ninguém lhes disse que já fazia parte da experiência, nem que
isto poderia acontecer, portanto, podiam pensar o porquê daquela situação.
Depois, finalmente eram levados para a prisão, a tal prisão que era uma
parte da Universidade de Stanford que foi alterada para parecer uma prisão
verdadeira. Era um local sem janelas, sem vista para lado nenhum, não tinha
relógio, portanto, muito pouco estimulante. Só se veem mesmo grades e
paredes de prisão.
Cada um era revistado, tal como na realidade fazem aos prisioneiros,
despido e enquanto estavam despidos eram pulverizados com spray, caso
tivessem piolhos, germes ou infecções. Portanto, eram desinfectados desta
forma. Como roupa usavam uma espécie de uniforme, não tinham roupa
interior. A parte de cima do uniforme fazia lembrar um vestido, tipo túnica,
segundo o que reportam os que estavam a observar. Os participantes depois
de começarem a usar esta roupa, começaram a mover-se de forma diferente
daquela que costumava ser a sua forma normal de se moverem, de se
sentarem, etc. tinham chinelos para os pés e tinham uma meia de nylon que
punham na cabeça que foi uma forma de aproximação àquilo que às vezes há
nas prisões que é rapar o cabelo
O cabelo, assim como a nossa roupa e o nosso nome, é uma forma de
expressão individual. Não é por acaso que há pessoas que nunca cortam o
cabelo, outras cortam muitas vezes, outras pintam o cabelo, outras põem o
cabelo com rastas, outras põem o cabelo espetado, há quem faça caracóis,
tranças, nada disto é por acaso, faz parte da nossa expressão e da nossa
individualidade.
Portanto, tudo aquilo que é uma forma comum de as pessoas se
expressarem, a roupa que escolhem, o cabelo que usam, o próprio nome, tudo
isto desaparece, uma das formas mais comuns de comunicação desaparece e
os tornozelos tinham uma corrente, o tempo todo.
Cada uniforme tinha um número, que era o seu número de prisioneiro e
a partir do momento em que vestiam o uniforme deixavam de poder utilizar o
seu nome. Se lhes perguntassem quem eram, tinham de responder com o seu
número de prisioneiro e também se quisessem chamar por outro prisioneiro
tinham de chamá-lo pelo número e nunca pelo nome.
Aos guardas, não foi dada nenhuma formação prévia, apenas que a sua
função era manter a ordem na prisão e manter o respeito, que os prisioneiros
tivessem um comportamento respeitador face aos guardas. Estas eram as
funções que foram pedidas aos “guardas”. Os guardas usavam uniforme de cor
verde caqui e óculos de sol. Os óculos de sol, espelhados é qualquer coisa que
nos impede de ter um olhar directo, mesmo quando alguém olha para nós
através dos óculos de sol, nós não conseguimos ver muito bem qual o olhar e a
expressão da pessoa. Portanto há uma menor capacidade de relação e menor
capacidade de perceber a emoção do outro.
No 1º dia, às 2:30, os prisioneiros foram acordados para a contagem e
quando os prisioneiros quebravam as regras – por exemplo dar uma resposta,
um olhar, considerado pelos guardas desrespeitador – os guardas impunham
79
PSICOLOGIA DO MAL
ZIMBARDO
Exclui as formas de dano que não são voluntariamente
desejadas. Por vezes as pessoas fazem mal a terceiros,
mas sem intenção de o fazerem.
Psicologia do Mal
Comportamento voluntário que pretende causar danos
Zimbardo
significativos a terceiros. Inclui os comportamentos
corporativos que acarretam consequências para
terceiros e mesmo assim são mantidos.
Esquema Mental
Conformidade e Obediência
Conformidade
Informacional Normativa
Teoria do Impacto
Social - Latané
Fenómeno comum
nas relações entre
grupos e sujeitos que
Obediência permite garantir o
funcionamento eficaz
das estruturas sociais
Experiência de
Milgram
Conformidade Conformidade
Informacional Normativa
Prisão de
Standford
83
CONFLITO E AGRESSÃO
Incompatibilidade percebida entre os objectivos de duas ou
Conflito
mais partes.
Comportamento cuja finalidade é prejudicar alguém.
Exemplo
● O grupo Y, saber que o grupo Z, já tinha marcada a
apresentação de um trabalho para o dia 3 e fazer
propositadamente que aquele grupo ficasse no dia em que já
Agressão
tinha outra apresentação para ter mais dificuldade, visto que
já tinha duas apresentações para fazer no mesmo dia.
● A prisão de Stanford é claramente um exemplo de agressão,
uma vez que tinham a intenção de causar danos aos outros.
Agressão implícita e explícita
Tipos de Conflito
O ganho de uma das partes implica a perda total da outra.
Exemplo
Conflito Real
Num desporto. No final da taça, em que o único resultado
possível é a vitória.
Não resulta numa perda total para nenhuma das partes,
podendo haver uma solução de compromisso ou de
cooperação.
Conflito Artificial Exemplo
No tribunal, a disputa de dois pais pela guarda patilhada do
filho, em vez de uma parte ficar com a guarda total, tentarem
arranjar uma solução que possa permitir que o outro também
tenha contacto com a criança.
O líder cria um conflito com outro grupo para promover
uma maior coesão do seu grupo.
Exemplo
Donald Trump. A forma como criou um conflito com os
mexicanos e como os mexicanos eram os maus ele tinha de
travar a emigração. Isto foi um conflito induzido. Não havia
Conflito Induzido
conflitos entre os EUA e o México, embora haja problemas
com a emigração, houve sempre muitos mexicanos a
emigrarem para os EUA e o Donald Trump ao criar este
conflito induzido entre “nós e os outros” promoveu a coesão
do seu grupo.
O conflito induzido é algo que aproxima muito o grupo.
Conflito Violento O conflito violento recorre à força, o conflito não – violento
vs não-violento tem por base a retórica.
Exemplo
Conflito violento – duas pessoas que batem com o carro e
começam a agredir-se.
Conflito não violento – duas pessoas que batem com os
carros e dialogam para perceber quem foi o culpado, o
responsável, como vão resolver a situação, mesmo que
84
Fases do Conflito
Deve-se compreender se é um real desacordo ou se se trata
de má compreensão ou mal-entendido;
Desacordo
Deve-se perceber se o conflito pode ser resolvido mudando
alguns aspectos situacionais.
Ideais ou comportamentos incompatíveis com os de outros
membros, surge a resistência e o confronto, com as pessoas
Confronto
a comunicarem as suas opiniões de uma forma racional e
emocional.
Aumenta a tensão, os subgrupos ganham força e surgem
mais divergências. Existem mal-entendidos e a confiança
Escalada diminui, as pessoas afastam-se, diminuem as respostas
cooperantes e surgem respostas cada vez mais competitivas
que aumentam a frustração.
A comunicação torna-se mais cooperativa e racional.
Começa a negociação ou a procura de uma solução
equilibrada para ambas as partes.
Atenuação
A confiança volta a surgir, lentamente, mas este pode ser um
aspecto problemático em grupos onde o conflito escalou e
houve confronto e desacordo.
O conflito encontra-se completamente resolvido quando os
Resolução problemas que estiveram presentes na sua origem,
desapareceram.
É o resíduo que sobra das fases anteriores que pode ter
efeitos a curto e a longo prazo.
Rescaldo
O conflito fará parte da história do grupo e dos seus
intervenientes.
⮚ ESTILOS DO CONFLITO
NOTA:
As pessoas têm sempre dois motivos, um bom motivo e o motivo
verdadeiro. Se se ficar só pelo bom motivo, perde-se o que está realmente na
sua essência e só se consegue chegar ao motivo verdadeiro através da
relação.
⮚ AGRESSÃO E AGRESSIVIDADE
● Capacidades individuais
● Diferenças de género
⮚ NORMAS E AGRESSÃO
As normas sociais podem promover ou restringir a agressão. Estas
normas são activadas pelo comportamento de modelos que testemunhamos.
As normas que limitam ou restringem a agressão são geralmente aplicadas aos
nossos semelhantes (endogrupo).
⮚ AGRESSÃO
Ao nível dos modelos de agressão, o comportamento dos outros oferece-nos
pistas sobre a actuação da agressão. A existência de modelos que usam
formas não agressivas para resolver conflitos, pode reduzir a ocorrência de
comportamentos agressivos.
Exemplo
O facto de se assistir a filmes violentos estimula pensamentos e sentimentos
violentos.
O facto de se assistir constantemente a agressão e da agressividade ser o que está à
volta do indivíduo, aumenta a probabilidade de ter pensamentos e sentimentos
agressivos e ajuda-o a preencher “o espaço em branco” com agressividade.
Supondo que alguém dá uma resposta torta e a pessoa pode não pensar nisso e dar
uma resposta automática ou a pessoa ficou a pensar que tal pessoa foi agressiva ao
dar a resposta torta, portanto não gostou e da próxima vez vai reagir com tal pessoa
de forma agressiva, ou pode pensar “será que aquela pessoa deu mesmo uma
resposta torta ou fui eu que percebi mal? Esta resposta foi dada a mim ou foi dada à
situação? Será que há factores na vida de tal pessoa que podem justificar a resposta
que ela deu?”
Juntar mais peças à equação vai permitir que o indivíduo consiga desenvolver um
raciocínio mais completo sobre a situação. “tal pessoa agiu daquela forma e eu não
gostei da forma como agiu, se eu agir da mesma forma, também estou a agir de
forma incorrecta, vou estar a agir de uma forma que não gosto.”
Isto é ter um pensamento mais complexo sobre a situação e faz com que diminua a
agressividade do indivíduo para com tal pessoa.
Esquema Mental
Conflito e Agressão
Fases do
Conflito
ATRACÇÃO INTERPESSOAL E
LIGAÇÃO COM OS OUTROS
É uma ferramenta analítica para o estudo de interacções
entre os grupos, ou seja, é uma técnica de avaliação das
escolhas e percepções sociais.
Foi desenvolvida pelo psicoterapeuta Jacob Levy Moreno nos
seus estudos sobre a relação entre estruturas sociais e bem-
estar psicológico.
Exemplo
Sociometria Uma pessoa pode ter uma boa ligação com outra, a nível de
realizarem uma tarefa, mas a nível social poderão não ter uma
boa ligação social. Pode uma destas pessoas ter uma boa
ligação social com uma outra, ou a segunda ter uma boa ligação
social com a terceira. Possívelmente, as primeiras duas podem
escolher-se mutuamente para fazer um trabalho, mas depois não
se escolhem para irem “jantar juntas” e as duas escolheriam a
terceira pessoa para irem jantar. Isto é um exemplo e
sociometria.
91
Sentimentos e emoções
Avaliação positiva e Acções de A que o
que A vivencia ao
estável de A sobre B aproximam de B
interagir com B
Sujeito
92
Outro Entidade
(pessoa, objecto,
acontecimento)
Este conceito é uma tríade entre o Sujeito, o Outro e entre a Entidade
que pode ser uma pessoa, um objecto ou um acontecimento.
Isto impacta da seguinte forma: o ser humano tem relações e a primeira
dimensão destas relações é a unidade. A unidade é o conjunto de cognições
que as pessoas que pertencem àquela relação têm. Duas pessoas que estão
numa relação têm cognições, uma sobre a outra e sobre o facto de estar em
relação. A outra dimensão, são os sentimentos, que podem ser agradáveis ou
desagradáveis, o gostar ou não gostar. Isto são os vértices do triângulo.
Podemos ter Situações de Equilíbrio em que a unidade e o sentimento
têm o mesmo sinal que pode ser positivo ou negativo.
Exemplo
Quando numa relação afectiva há uma ajuda mútua, ambas as pessoas concorrem
para que tal aconteça, para um mesmo objectivo e no caso de haver alguma
discordância, não há discussão, mas existe um amparo.
A gosta de B e B gosta de A. A relação é favorável, ambos têm o sinal +. A unidade e
o sentimento têm o sinal +
O exemplo atrás é o que esta teoria vem estabelecer. O indivíduo vai procurar
estabelecer e manter relações com aquelas pessoas que o fazem sentir bem
às quais associa momentos positivos e evita manter relações com pessoas que
o façam sentir mal e às quais associa momentos negativos.
Um indivíduo olha para uma pessoa e vai perceber o que isto lhe custa e
o que tem a ganhar. Todos fazem isto, mais ou menos conscientemente. Não
se pensa na perspectiva interesseira, temos os processos mais ou menos
deliberados na forma como nos relacionamos com as pessoas. Pode-se pensar
numa pessoa e ver que é uma pessoa afável, disponível para o
estabelecimento de interacções, logo não há um grande custo em estabelecer
uma relação com essa pessoa e a recompensa que se pode ter, pode ser uma
relação de amizade, com uma pessoa que é bem disposta, afável, portanto, vai
ser uma recompensa positiva. Faz-se uma análise dos custos e das
recompensas e decide-se por ter uma relação com essa pessoa. Isto é uma
forma que as pessoas têm de se avaliarem mutuamente e decidirem estar em
relação.
Fazemos também, o princípio da maximização e da minimização.
Tende-se a minimizar os custos e a aumentar os benefícios. O sujeito procura
tender ter relações que lhe sejam menos dispendiosas e que lhe permitam ter
uma maior quantidade de lucros possíveis. O problema é que determinada
pessoa não pensa da mesma maneira, não tem a mesma necessidade e se
quiser investir sempre menos e ganhar sempre mais, a balança fica
desequilibrada. Nos direitos e deveres é importante haver um equilíbrio.
94
Esquema Mental
Atracção Pessoal e Ligação com os Outros
Teorias de Organização
Cognitiva
Teorias do Teorias da
Equilíbrio - Heider Comparação Social -
Festinger
97
COMPORTAMENTO
PRÓ - SOCIAL
Efeito do
● O sujeito tem menor probabilidade de prestar auxílio
Espectador
numa situação de emergência se estiver
acompanhado, do que se estiver sozinho.
Quando o sujeito está em grupo, é menos provável que
Darley & Latané
preste auxílio do que quando está sozinho. Adopta uma
postura passiva, mais do espectador do que do
interveniente.
98
⮚ VARIABILIDADE INDIVIDUAL
⮚ ENSINAR A AJUDAR
deseja que as outras pessoas façam. Não é dizer “tens de ajudar” e seguir a
sua vida.
⮚ KURT LEWIN
B = f(P, E)
Variáveis indecomponíveis
Processos que influenciam a acção do sujeito num
Campo determinado momento.
Psicológico
⮚ BARKER
102
⮚ ESCOLA DE CHICAGO
Vendo a densidade populacional que as cidades têm e a repercussão na forma
como os sujeitos interagem uns com os outros, somos chamados à atenção
para o excesso de estimulação sensorial que os grandes meios urbanos têm
alocados. Pessoas, ruído, mensagens, estímulos visuais, há uma série de
estímulos sensoriais e o sistema humano não está preparado para tantos
estímulos. O que acontece? STRESS.
O sujeito tem maior predisposição para entrar em stress com hiperestimulação.
O ser humano não gosta de estar em stress e tenta arranjar todas as
estratégias que lhe permitam diminuir o stress, ao nível da habituação e da
insensibilização. Quanto maior a densidade populacional, maior a quantidade
de estímulos. Para o ser humano não entrar em stress, habitua-se a eles e aí já
não ouve os “barulhos da cidade”. O ser humano aos poucos torna-se
insensível o que o leva a ficar com maior distanciamento emocional em
relação às situações com as quias se depara.
⮚ MILGRAM
Fala do conceito de SOBRECARGA DO SISTEMA. Diz que para o indivíduo
não entrar em sobrecarga, o que vai fazer é “tipo computador”, filtra os
estímulos mais significativos e ignora os restantes, para não entrar em
sobrecarga. Isto conduz a que a pessoa tenha uma ECONOMIA
INTERACTIVA, ou seja, estabelece menos interacções de forma a focar-se nas
que são significativas e desenvolve APATIA EMOCIONAL E COGNITIVA de
modo a prevenir a sua sobrecarga do sistema.
⮚ FISHER
Fisher afirma que pelo facto de o meio urbano ter tanta diversidade, permite
que haja vários submundos, que permitem à pessoa que consiga integrar-se
com pessoas semelhantes a si, o que não seria possível num meio de menor
densidade populacional. Isto faz com que haja subculturas propulsoras de
dinâmicas subculturais nos meios urbanos, uma vez que não há um
consenso cultural, acaba por haver espaço para todos e existem vários
submundos que se vão tocando, mas não se interpenetram. As coisas
podem coexistir neste grande espaço que é o meio urbano.
Exemplo
O clube A, não influencia o clube B.
NOTA
Este estímulo tem de ser uma percepção de ameaça ao
bem-estar da pessoa, porque o estímulo, “de noite a
pessoa vai dormir, não gera nela uma resposta de stress”,
mas o estímulo “é noite vou dormir e só posso dormir duas
horas e estou muito cansado”, gera na pessoa uma
104
Inicialmente, o stress pode ser positivo, contudo para além de um certo nível,
este deixa de ser proveitoso e começa a prejudicar gravemente a saúde, a
alterar o humor, a produtividade, os relacionamentos e a qualidade de vida, em
geral. São as diferentes fases do stress.
FASES DO STRESS
Fase positiva do stress. O stress positivo ajuda a manter-se
centrado no objectivo que se pretende alcançar, enérgico e
alerta.
Durante uma apresentação estimula a concentração ou pode
levar a pessoa a estudar para um exame quando já está
cansado e preferia estar a realizar outra actividade, em
Eustress alternativa.
Exemplo
Desequilibra-se um pouco a balança, mas tem um efeito motivador
na pessoa. A pessoa estudou, sente-se preparada para fazer um
teste e “bora lá fazer o teste”. Imaginando que há um trabalho para
fazer e deixar o prazo apertar um bocadinho só para que aquela
pressão extra dê um pouco mais de “pica” para se conseguir
trabalhar.
Em situações de emergência, pode salvar a vida, dando a força extra para se
defender, mobilizando a pessoa a agir. Na verdade, o stress protege, em
muitos casos, preparando o corpo para reagir rapidamente a situações
adversas. Esta resposta automática de “luta ou fuga” ajudou a garantir a
sobrevivência do Homem quando o ambiente exigiu reações físicas rápidas
em resposta às ameaças, como as dos animais predadores. Confrontado com
o perigo, o corpo entra em acção, inundando-o com hormonas (hormonas do
stress) que elevam os batimentos cardíacos, aumentam a pressão sanguínea,
aumentam a energia e preparam para lidar com o problema.
Fase normal do stress. Fase negativa do stress. Stress
Distress negativo. Ocorre em situações graves a ponto de causar
sofrimento e ser prejudicial para a saúde.
Burnout Stress disfuncional. O stress disfuncional pode estar ligado ao
burnout ou não, depende da causa.
O burnout é a conjugação de 3 grandes características:
● a exaustão, física ou mental;
● a desvalorização pessoal;
● Mudança de casa;
● Natal;
● Morte do cônjuge;
● Divórcio;
● Lesão / Doença;
● Casamento;
● Despedimento;
Muito mais há para além destes. Segundo estudos científicos estes são os que
mais aparecem.
⮚ STRESS LABORAL
o FACTORES PSICOSSOCIAIS, podem ser factores de
risco ou não, depende da forma como eles estiverem.
Factores Elementos do contexto laboral que podem ser promotores de
Psicossociais stress ou ter um contributo positivo na manutenção e
promoção da salutogénese, ou seja, podem ir para a saúde
ou para a doença (stress).
Um factor de risco psicossocial pode ser o conteúdo do
107
trabalho.
Exemplo
O conteúdo de trabalho pode ser adequado às capacidades da
pessoa, às suas competências, ao seu conhecimento e pode
ser um factor que contribui para a saúde da pessoa, no
trabalho.
Em contraponto, se a pessoa tiver um mau relacionamento com
a sua equipa, o clima organizacional fôr muito negativo, aqui há
a presença de um risco psicossocial.
Assim, os factores psicossociais podem funcionar como risco,
ou não. Depende da satisfação e da percepção individual da
pessoa.
dar trabalho a mais ou ele não tem as estratégias necessárias ou ele não tem as
competências, mas alguma coisa tem de ser feita porque o trabalho que ele tem, é
suposto que dê para o horário de trabalho dele. Se não está a dar, é porque alguma
coisa está mal feita.
Na cultura portuguesa, que não é benéfica, é ajustado sair depois da hora, fica bem.
Isto só demonstra ineficácia. Ou então o trabalho não está a ser bem distribuído, ou
seja, se a pessoa tem capacidade de produzir 200, o empregador está a dar-lhe 400.
E isto é uma má distribuição de trabalho.
● Relações interpessoais;
● Papel organizacional;
● Desenvolvimento de carreira;
● Relação trabalho-família;
● Características individuais.
Mobing Assim como o Bulling está para os mais novos, o Mobing está
para os mais crescidos, os adultos. É o chamado “Bulling do Fato
e gravata”.
Enquanto crianças fazemos ou passamos por Bulling, quando
passamos para o contexto laboral, fazemos Mobing, que se
traduz pelo assédio moral ao colaborador, ao colega, toda esta
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● inexistência de pausas;
● exigências contraditórias.
Relacionados com a estrutura da organização:
● Falta de clareza na definição das funções e papel do colaborador;
● Má comunicação interna;
● Existência de conflitos;
● Inexistência de recompensas.
⮚ RESPOSTA AO STRESS
Vai sempre depender de factores físicos e psicológicos e varia entre indivíduos.
Depende da percepção do stress:
1. Avaliação de consequências do fator de stress;
2. Avaliação dos recursos do indivíduo e da sua própria capacidade de lidar
com o stress.
Há várias consequências e nem todos os stresses são os mesmos.
⮚ COPING
São as estratégias para lidar com… é uma palavra que não tem tradução
para Português. Há estratégias mais adaptativas e menos adaptativas
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O coping é a forma de lidar com o stress. A forma como lidamos com o stress
influencia a forma como controlamos, reduzimos ou aprendemos a tolerar as
ameaças que levam ao stress.
Existem várias estratégias ou estilos de coping (coping focado no problema,
coping focado nas emoções, etc).
O coping é aumentado pelo suporte social (assistência e conforto dos outros).
Exemplo
Problema: TESTE DE PSICOLOGIA SOCIAL
Coping focado no problema e coping focado nas emoções.
Coping focado no problema: quando é o teste? É dia 16? Qual é a matéria? Como
é que vou organizar o meu estudo? Com quem vou falar para me ajudar? Como é que
vou resolver a situação de estudar para o teste?
Coping focado nas emoções: bem…não percebo nada daquilo, aquilo é imenso, eu
vou jantar fora para descomprimir, estou muito stressado, não sei lidar bem com
aquilo, portanto vou relaxar e depois volto.
2020 – 2021