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2021

TIPOS DE CONHECIMENTO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO RUI BARBOSA
14/4/2021
Tipos de Conhecimento

A mitologia, o senso comum, as religiões, a filosofia e a ciência possuem uma mesma


finalidade: organizar informações que possam explicar ou dar sentido ao mundo e às coisas.
Em outras palavras, essas diferentes áreas são produtoras de conhecimento.

Entretanto, a forma como esse conhecimento é adquirido e transmitido varia em cada um


desses tipos de conhecimento. Essas particularidades são responsáveis pela distinção entre
mitologia e ciência ou filosofia e religião.

O Conhecimento

O conhecimento é uma forma de apreensão da realidade. Os seres humanos vivem como as


outras espécies da natureza, mas diferente delas, criam para si, representações da realidade.

Essas representações fundamentam-se nos sentidos e na percepção; na memória, na


imaginação e no intelecto; na ideia de aparência e de realidade e na ideia de verdade ou
falsidade.

A partir desses modos, os indivíduos interiorizam o mundo e apreendem a realidade. E, na


consciência, criam códigos de interpretação de tudo o que existe ou pode ser pensado. É
estabelecida uma relação entre o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (aquilo a ser
conhecido).

A Importância do Conhecimento

Historicamente, os seres humanos construíram diversos sistemas de conhecimento como


forma de dar sentido a sua própria vida e transmitir informações necessárias para
sobrevivência da espécie.

Deste modo, diferenciam-se dos outros animais, também, por possuírem uma linguagem que
possibilita o compartilhamento de informações.

Esses sistemas de conhecimentos transmitidos de geração a geração, de grupos para grupos,


formam a cultura. Com o passar do tempo, o domínio da razão e de diversos códigos de
linguagem possibilitou a complexificação desse conhecimento.

Os diferentes tipos de conhecimento representam as diferentes maneiras que os seres


humanos encontraram para sair da ignorância.

A curiosidade humana e sua capacidade de abstrair (imaginar) são responsáveis por criar
sistemas de crenças e explicações. Bem como, compreender, apropriar-se e reformular
explicações vindas de outros indivíduos e grupos.

Conhecimento Mítico

O conhecimento que se baseia nos mitos tem como característica principal ser fabuloso. É
um conhecimento que advém de uma tradição oral, das narrativas míticas. Na Grécia antiga,
a transmissão desses conhecimentos era tarefa dos poetas-rapsodos.

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Essas narrativas remontam histórias sobre o início dos tempos. Dão conta de explicar de
maneira fantasiosa, a origem do mundo e de tudo o que é relevante para a vida daquele
grupo de indivíduos.

Criam-se laços e desenvolvem a ideia de pertencimento a uma comunidade por partilharem


um passado comum. Os mitos atuam como uma memória partilhada, repleta de imagens de
fácil associação e compreensão.

Baseadas na crença, as narrativas míticas reforçam, de forma ilógica e contraditória, imagens


e constroem uma consciência coletiva. A consciência mítica está baseada na crença de que
são representações fiéis da realidade.

O Conhecimento Religioso

A Religião partilha com os tipos de conhecimento o objetivo de explicar o universo em sua


formação e totalidade. A particularidade do conhecimento religioso é seu embasamento na
fé, na crença nas revelações divinas e em seus textos sagrados oriundos dessas revelações.

Com base na fé, a união entre o conhecimento e as religiões, chamado de teologia, visa
estruturar sistemas de conhecimento baseados em verdades não-demonstráveis e
indubitáveis, chamados de dogmas. A religião garante a ligação entre o que é humano e o
que é divino.

Esses dogmas reforçam um ato de conhecimento comum na religião: a divisão entre o que
é profano e observável e o que é sagrado e misterioso. A partir dessa ideia, há uma
hierarquização dessa divisão, que confirma o poder divino sobre os indivíduos.

O Senso Comum: conhecimento empírico

O Conhecimento oriundo do senso comum, algumas vezes chamado de conhecimento


empírico, é baseado na generalização de eventos ou interpretações particulares, tomadas
como regra. É um saber básico e superficial das coisas, sem provas nem demonstração.

O senso comum está fundamentado na crença em informações não comprovadas. É um


conhecimento transmitido de pessoa para pessoa que, ao final, constrói todo um sistema de
crenças, muitas vezes contraditórias ou preconceituosas.

O senso comum é o saber comum produzido pela experiência do cotidiano.

Apesar de possuir uma lógica frágil e uma interpretação parcial das relações de causa e
efeito, o saber popular do senso comum vem sendo objeto de estudo de diversas áreas da
ciência.

A pós-modernidade é responsável pelas críticas à ciência tradicional, que despreza os saberes


construídos de maneira espontânea e popular. Algumas correntes das ciências
contemporâneas buscam uma reconciliação entre a ciência e o senso comum.

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O Conhecimento Científico

A ciência é, em si mesma, uma área devotada a construção do conhecimento. A palavra


ciência tem origem no latim scientia que pode ser traduzido como "conhecimento".

Sendo assim o que caracteriza e distingue o conhecimento científico dos demais é o método.
O método científico cumpre a função de impedir ou reduzir ao máximo todo o tipo de erro
ou ambiguidade.

O conhecimento científico possui uma pretensão de verdade a partir da verificação e da


validação de seu método.

Diferentes etapas do método científico

O método científico visa a reprodução e a aplicação dos saberes. A partir do controle de


todas as etapas da investigação espera-se que os resultados possam ser repetidos e
demonstrados diversas vezes, sempre que respeitadas as suas condições.

O Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico mudou a forma de compreensão de si mesmo ao longo do tempo.


Desde os filósofos pré-socráticos na Grécia Antiga até a filosofia produzida atualmente,
muitas alterações ocorreram, como o modo de conceber o mundo.

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A filosofia e a ciência caminham juntas no rigor, na necessidade lógica e no uso da razão.
Entretanto, o método científico, apesar de ter sido produzido filosoficamente, não se aplica
integralmente à produção de conhecimento filosófico.

A atividade filosófica é uma reflexão crítica sobre as bases que tornam todas as formas de
conhecimento possíveis. E, para além disso, volta-se também para a reflexão crítica sobre
sua própria atividade e construção.

Teoria do Conhecimento
A teoria do conhecimento, ou gnosiologia, é uma área da filosofia voltada para a
compreensão da origem, natureza e a forma que tornam possível o ato de conhecer pelos
seres humanos.

Como disciplina da filosofia, a teoria do conhecimento surgiu na Idade Moderna, tendo como
fundador o filósofo inglês John Locke.

Gnosiologia ou gnoseologia (do grego gnosis, "conhecimento", e logos, "discurso") está


relacionada ao ato de conhecer, a partir da relação entre dois elementos:

 o SUJEITO - aquele que conhece (ser cognoscente)


 o OBJETO - aquilo que pode ser conhecido (cognoscível)

Partindo dessa relação, é possível conhecer algo e estabelecer formas distintas para o
conhecimento, ou melhor, para a apreensão do objeto.

A apreensão do objeto pelo sujeito

Formas de Conhecimento

Diversas são as possibilidades de compreender ou de explicar algum fenômeno. A própria


Filosofia nasce da necessidade de buscar um modo diferente de compreender o mundo. As
explicações dadas pelos mitos deixaram de ser suficientes e alguns homens buscaram uma
forma mais segura e confiável, a Filosofia.

Quando falamos sobre formas de conhecimento podemos falar de:

 mitologia
 senso comum
 filosofia
 ciência
 religião

O saber filosófico se diferencia dos outros saberes por conta das especificidades de cada um
deles. Por seu caráter lógico e racional, a filosofia afasta-se da mitologia e da religião por
esses saberes estarem baseados na crença e não há provas ou demonstrações.

Por seu caráter universal e sistemático, afasta-se do senso comum porque este trabalha
baseado em experiências particulares.

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E, por não possuir um objeto de estudo específico como as ciências (por exemplo, a química,
a física, a biologia, a sociologia etc.), o saber filosófico possui uma forma específica em meio
aos diversos tipos de conhecimento.

A filosofia se preocupa com a totalidade dos saberes e dentro desta totalidade está a teoria
do conhecimento.

A Epistemologia

A filosofia nasce do questionamento e da busca de uma forma lógico-racional para explicar


a origem do mundo. Os primeiros filósofos questionaram as explicações fantasiosas dadas
pelos mitos e buscaram alcançar um novo tipo de saber a partir de seu espírito crítico.

“De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração,
na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em
seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores.”
(Aristóteles, Metafísica, I, 2, 982b12, trad. Reale)

Da admiração que nasce, nas palavras de Pitágoras, o "amor pelo conhecimento" (philo +
sophia). A atitude filosófica consiste em olhar para o que há de mais comum e habitual como
se fosse algo inédito a ser descoberto.

Sócrates ganhou o título de "pai da filosofia", mesmo não sendo o primeiro filósofo.
Sistematizou a atitude filosófica como o a busca por um conhecimento válido, seguro e
universal capaz de agir com uma base teórica para novos saberes e da consciência filosófica.

E foi seu discípulo Platão que, ao longo de sua obra, buscou definir dois tipos de saberes
distintos: a doxa ("opinião") e a episteme ("conhecimento verdadeiro"). E, a partir daí, ao
falarmos de conhecimento, estamos direcionados às questões gerais relativas ao
conhecimento verdadeiro, o conhecimento científico, a Epistemologia.

O estudo sobre o conhecimento científico possui uma subdivisão que se refere à Lógica e a
Teoria do Conhecimento. E é a teoria do conhecimento que será tratada com mais atenção
aqui no texto.

O Conhecimento e os Objetos

É importante compreender que teoria do conhecimento não trata da apreensão de cada


objeto especificamente, mas das condições gerais para o conhecimento humano e sua
relação com tudo aquilo que pode ser conhecido (a totalidade dos objetos).

Como dito anteriormente, a teoria do conhecimento não se ocupa dos saberes específicos,
por exemplo, o saber sobre política, futebol, artes ou química, mas em compreender como
opera o ato de conhecer.

Para isso, é preciso perceber que o objeto a ser conhecido possui dois aspectos centrais.
Existe fora da mente humana, mas, por outro lado, pode ser entendido como a própria mente
humana dando sentido à realidade.

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A relação do ser cognoscente com o objeto cognoscível produz uma série de saberes que
chamamos de conhecimento.

Deste modo, ao longo da tradição filosófica, foram dadas diversas explicações para a
pergunta "o que é o conhecimento?". Temos aqui alguns exemplos de respostas dadas a
essa pergunta.

Quanto à possibilidade do conhecimento:

Corrente
Pontos-chave
Filosófica
Acredita que tudo pode ser conhecido. A relação com o conhecimento se dá
Dogmatismo a partir de verdades inquestionáveis (dogmas) orientadas pela razão. Tudo
pode ser conhecido.
Compreende que o sujeito não dá conta de apreender o objeto. Há limites
Ceticismo para o conhecimento e para a razão humana. É impossível um conhecimento
total.

Quanto à origem do conhecimento:

Corrente
Pontos-chave
Filosófica
O conhecimento tem origem na razão. Todo o conhecimento tem por base a
Racionalismo
Razão. Os sentidos nos enganam.
O conhecimento tem origem na experiência. É a partir dos sentidos e das
Empirismo percepções que nos relacionamos com o mundo e podemos conhecer alguma
coisa.

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