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Aula Nº1
Iremos abordar a evolução histórica do Direito Civil Português, ou seja, Direito Privado,
no Tratado do Direito Civil do Menezes Cordeiro Tomo I- 300 páginas para frente
Do que se ocupa a Teoria Geral do Direito Civil? Qual o objetivo desta cadeira? - Limitar
o que é o Direito Civil e dentro do Direito Civil encontrar o que é a Teoria Geral.
Distinção entre Direito Público e Direito Privado: TGDC estuda o Direito Privado
Direito Privado- Este tipo de Direito é mais antigo, milenar e ancestral, é responsável
por evitar conflitos nas relações de carácter patrimonial, pessoal, conjugal, relações
entre os indivíduos e entre outras áreas.
Para ser realizada esta distinção de forma mais simples e fácil existem três tipos de
critérios, como o critério do interesse (normas), o critério da natureza dos sujeitos
envolvidos e o critério de posição relativa dos sujeitos envolvidos.
O segundo critério, o da natureza dos sujeitos. Irei abordar este critério através de um
exemplo. Por exemplo a venda de um código civil a alguém, os sujeitos são ambos
privados, pode ou não fazer o negócio, assim como determinar as condições deste. No
entanto, se for necessário pagar um algum tipo de imposto ao estado como o IRS há
uma relação subjacente com o Direito Público; Se o vínculo for entre dois indivíduos
privados é Direito Privado, se for uma entidade pública como o Estado ou entre dois
estados é público; Por exemplo, em determinados casos da não existência de
herdeiros, por vezes o Estado intervém com sua autoridade podendo obter um bem
patrimonial como entidade particular, apesar de ser uma entidade pública pode agir
como entidade privada
Principais ideias chave para esta distinção na perspetiva de Menezes Cordeiro sobre o
Direito Público- Dois princípios do Direito Público- Autoridade, ou seja, não estão na
mesma posição relativa, há um desnível entre os dois, sendo que um tem poder sobre
outro, agindo com jus imperii. Competência, ou seja, o Estado só pode fazer o que está
no seu âmbito de ação, não pode fazer tudo daí o facto de não se falar no princípio de
liberdade (Como se fala nos princípios de Direito Privado), o Estado atua como a norma
prevê.
O Estado detém o privilégio de execução prévia, pode ser tomada qualquer decisão
sem decisão judicial prévia, assim sendo o Estado tem auctoritas/jus imperii,
observando-se o desnível entre os dois assim como a autoridade sob a outra entidade.
• Direito Público
• Direito Privado
• Direito Social – Onde se inserem as coletividades e o desenvolvimento das suas
atividades. Há́ uma instituição como centro deste tipo de Direito. Opinião da regente
Professora Paula Rosário Palma Ramalho- Não faz sentido esta divisão pois o Direito
Privado acomoda facilmente as associações e coletividades, é meramente um conceito
sociológico.
Aula Nº2- Encontrar dentro do Direito Civil a sua teoria geral
É útil e necessário distinguir estes dois ramos dentro do Direito Privado, o ramo
comum e o ramo especial, fazendo a seguinte distinção:
Direito Civil pertence ao ramo de Direito Privado, analisando qualquer um dos critérios
de distinção do direito público e de direito privado, verificamos que este pertence ao
Direito Privado, não havendo qualquer tipo de dúvidas.
O Direito Civil é a base de tudo, antes de haver Estado já havia Direito Civil, contudo o
Direito Privado não se esgota nem termina no Direito Civil. O Direito Civil é o Direito
Privado Comum, o direito base de todo o universo jurídico, regula as situações da vida
do Homem comum, nos seus interesses particulares. Existem algumas áreas que
surgiram do Direito Privado, mas que se emanciparam tornando-se áreas
especificas/especiais como o caso o Direito do Trabalho, Comercial, do Consumo, de
Autor, entre outros. Há um esforço de sistematização e de autonomização para que
estas áreas que pertenciam ao tronco comum se transformem subsistemas, tornando-
se áreas especiais.
A autonomia de cada área varia de área para área, sendo que a sua relevância e
especificidades são significativas para se esta se tornar num ramo especial. A
autonomia variar de ramos especiais para ramo especiais. Por exemplo a autonomia de
Direito Comercial é diferente de Direito de Autor visto que Direito Comercial é uma
área muito mais extensa pois tem um código e tem diversas áreas especiais dentro da
sua própria área especial como direito bancário, das sociedades comerciais, entre
outros.
Direito do Trabalho é uma área especial recente, esta tem cerca de 100 anos de
existência. O Direito Civil é do tempo dos romanos comparando ao Direito do Trabalho,
este não é nada, é uma área jovem, porém o Direito do Trabalho tem uma grande
automatização devido à existência de normas próprias, código próprio e outro tipo de
legislação avulsa.
Existem dois tipos de autonomia das áreas jurídicas, sendo assim é possível falar em
autonomia sistemática e em autonomia dogmática
A especificação das áreas não impede relação com os ramos comuns, auxiliam-se
mutuamente e na ausência de resposta nas áreas especiais, procura-se pela mesma no
direito civil
O direito de Autor não tem princípios próprios, não tem autonomia dogmática, mas
sim sistemática, enquanto o direito comercial tem os seus princípios, normas próprias,
código próprio, uma autonomia dogmática, entre outros.
A ideia subsidiariedade pode ser desenvolvida a partir dos ramos comuns. Têm como
tronco comum algum ramo comum do direito civil. Estabelece sempre uma ligação com
um ramo comum do direito civil. Esta ideia pode ter desenvolvimento nos ramos
especiais como o direito comercial, mas com o tempo passou a constituir uma
empresa, o interesse das sociedades coletivas passou a ter uma maior relevância do
que o empresário individual passando assim por conseguinte a existir o direito das
sociedades comerciais
Direito Civil é o Direito Privado comum que regula as situações da vida e do homem
como ente particular ou de entes públicos em pé de igualdade. Regula também a
execução dos interesses particulares dos indivíduos. Em conclusão o Direito Civil é o
subsidiário de todas as áreas do sistema/universo jurídico, este é a base.
Encontrar a Teoria Geral do Direito Civil- Encontrar através do Código Civil- Só a parte
geral, parte um, da página 13 até a página 96, é que interessa para Teoria Geral
A lei técnica mais perfeita é a do Código Civil, não há uma técnica legislativa tão boa
como o a do Código Civil
Direito da família- Regula as matérias família e os vínculos que recorrem das situações
familiares
Por exemplo- Divórcio, casamento, adoção, entre outros
Direito das sucessões- Regula o fenómeno da destinação dos bens daquele que faleceu
estando relacionado como direito patrimonial;
Por exemplo- Heranças, testamentos, entre outros
Todas estas áreas do Direito Civil ocupam-se da vida de cada um de nós, o Direito
Civil acompanhamos desde o nosso nascimento até à nossa morte.
Afinal o que é TGDC?
Em Teoria Geral do Direito Civil vamo-nos ocupar a parte geral do Código Civil o que
está aqui é um conjunto de normas que está dentro desta técnica que é o Direito
Civil, é um conjunto de normas gerais e evita que tudo seja repetido nas áreas
especiais como direito dos reais, obrigações, família, sucessões, entre outros.
Há uma visão geral da doutrina que está na parte geral capítulo I, II e III, mas que não é
relevante para a cadeira. O que realmente interessa é o título II das relações jurídicas
(conceito abstrato) que se refere às normas gerais. Estas relações referem-se às
normais gerais e aos intervenientes na relação jurídica e como se atua no negócio
jurídico. A professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho critica o conceito de
relação jurídica e usa outro conceito, no caso o conceito situação jurídica que iremos
aprofundar na próxima aula.
Aula Nº3-
Evolução Histórica do Direito Civil Geral e do Direito Civil Português
O Direito Civil tem por base o Direito Civil Romano (ius civili romano), assim
podemos concluir que o Direito Civil é o Direito Romano atual, não podemos
compreender o Direito atual sem perceber as bases que são o direito romano.
1º- Direito não sistematizado/ de base tópica- Direito assente nos problemas e nas
soluções, encontra soluções por recurso a critérios pré-definidos, há assim a resolução
do caso concreto da base para a o topo (Opõem-se ao pensamento sistemático do topo
para a base)
3º- Direito como objeto de compilações- Regras escritas em cadernos legislativos onde
há́ uma descrição de leis sem organização sistemática, não é codificado como o atual.
Compila as normas avulsas de todo o tipo, levando a grandes confusões normativas
como o caso da Digesta/Corpus millis civilis são mais importantes
Na Idade Média, recebido Direito Romano que passa por um filtro dos comentadores
e glosadores que o interpretam à luz dos valores da Idade Média. Há um filtro que
torna o direito diferente do original, devido à forte influência católica. Assim os focos
de cultura estão nas Igrejas, mais precisamente nas ordens religiosas, passam por um
filtro através dos comentadores e glosadores que o interpretam à luz dos valores da
Idade Média, assim vão compilando o Direito Romano. Entre o império romano e a
Idade Média aconteceu o cristianismo, tornou-se um fenómeno de recessão, o
Direito Romano é objeto de tratamento nos mosteiros e nas ordens, à exceção de
normas que punham em causa o cristianismo. Trata-se de uma renovação do Direito
Romano, porém no século XV o renascentismo há uma tentativa de volta às bases
culturais.
O Direito Civil foi produto do século XIV e XX, ou seja, a partir da segunda e da
terceira sistemática.
Três pilares do Direito Civil- Passou a escrito com ideais chave da revolução francesa:
Unificou as fontes de Direito: direito romano, práticas de direito civil francês e
cânones. (do Direito de Família e entre outros)
Código civil alemão é produto da terceira sistemática, tem uma parte geral, assenta
no conceito geral, na relação jurídica, aspetos essências sobre as pessoas, factos
jurídicos, modo de exercício dos direitos, contém partes especiais, como obrigações,
família, reais e sucessões.
• Napoleónicas
• Germânicas (caso de Portugal)
O Direito Civil Português era o ius civile romano vigente em Portugal. Basicamente a o
Direito Civil Português é de base romano, antes do iluminismo, são objetos de
compilações, não há grande organização e sistematização. É influenciado pelos
canonistas nas receções da Idade Média.
O Lei da Boa Razão (século XVIII) - Esta lei veio tentar unificar as fontes do direito
afirmando que as normas escritas prevalecem sobre tudo o resto. Porém, a par com as
ordenações vigoravam outros diplomas avulsos; leis extravagantes como o direito
romano, o direito canónico e entre outras. Pelo que o problema apenas diminuiu de
intensidade.
Marquês de Pombal realizou uma reforma nas universidades dentro do direito civil
sendo influenciado pelo Código Napoleónico. Já o Código de Seabra assenta no
individualismo e adquire alguns conceitos novos
Decorre do código alemão de BGB após as críticas do Seabra, foi alvo de algumas
reformas após a revolução de 25 de abril, após a entrada de Portugal na CEE e por
último a reforma Simplex de 2005,
- Foi útil para sedimentar conceitos, dar soluções adequadas e permitir o tratamento
mais avançado das questões.
Este código esteve em vigor 100 anos – sobreviveu à República e a grande parte do
Estado Novo.
Autores que elaboram o código: Galvão Telles, Gomes da Silva, Paulo Cunha,
Vaz Serra, Pires de Lima
Mudança de paradigma cultural e sistemático, na receção ao pandetismo –
trabalhos de Guilherme Moreira e etc. Adota-se a classificação germânica.
A nível de fontes, consagrou-se o pensamento da sistemática integrada com
todas as consequências no plano científico e cultural.
É o resultado de uma reflexão e maturação: daí ser continuar estável até agora.
A legislação complementar é também importante pois são diplomas
necessários para aplicar as normas civis. Ex: Código processo civil, Registo Civil
e Predial e entre outros.
Está sujeito às mesmas críticas que o BGB alemão.
Resistiu ao 25 de Abril e foi alterado em 1977
-> O seu carácter estrutural: alteração do quadro social vigente; novos princípios da
sociedade. Ex: idade da maioridade, dos 21 para só 18 anos, alterou-se o regime da
emancipação; desapareceu a figura do chefe de família; desapareceram as
incapacidades da mulher casada
-> Os institutos ou matérias são criadas e outra mutáveis. Algumas mais delicadas são
mais vezes alteradas. Ex: contratos (Artigo 410), arrendamentos, propriedade
horizontal – ganham uma legislação independente.
-> É alterado também na adesão ao Euro e sob o programa Simplex em 2005 de modo
a existir menos burocracia.
Aula Nº4
Parte geral tem normas gerais- (matéria de IED) supostamente é de índole privada,
mas abrange os dois ramos do Direito, é relativamente à aplicação da lei- Capítulo I e
II
Normas sobre Direito de Personalidade- São direitos que estão integrados na nossa
sociedade, são inerentes ao facto de sermos pessoas e da existência da pessoa,
regulam e fundamentam os direitos e liberdades fundamentais
Conceito relação jurídica- Relação da vida social que tem relevo jurídico e é
regulada/tutelada pelo direito, a partir do momento em que há duas pessoas. Manuais
mais antigos serem chamados do Teoria Geral da Relação Jurídica- Manuel de Andrade
1 elemento- Os sujeitos da relação jurídica- Esta relação é constituída por pelo menos
duas ou mais pessoas- Este tema é mais desenvolvido a partir do artigo 66 do CC, há
ainda distinção das pessoas singulares e pessoas coletivas.
3 elemento- O facto jurídico- Este elemento aborda certos aspetos da relação jurídica
como o está na origem, este tem o poder de modificar ou extinguir a relação jurídica
existente. O facto jurídico revela uma grande importância para o negócio jurídico, este
elemento está presente desde o artigo 217 até ao artigo 294 do CC.
Esta nova doutrina tem criticado este conceito de relação jurídica por fenómenos
técnicos e culturais. Este conceito não é nem está igualmente apto para explicar
todas as situações reguladas pelo Direito- No caso de técnica nem todas as situações
que ocorrem na nossa vida sugerem dois sujeitos, isto ocorre apenas em certas
situações; Do ponto de vista cultural é um conceito excessivamente abstrato e
técnico, deixa de lado a pessoa de parte como centro do direito civil, assim deixa de
lado o eu essencial do direito, a pessoa perde a sua importância.
Situação jurídica- É uma situação da vida com relevância jurídica, por exemplo ir
cumprimentar um amigo é de relevo social apenas e só, porém se for pedir um café é
de relevo social e jurídico.
-É uma situação relativa a pessoa, o direito só faz sentido com as pessoas, com a vida
destas, o direito civil é para as pessoas, concessão personalista
-É uma situação social, tem de ter uma manifestação de externa, não confundir moral
com direito. Por exemplo pensar em dar um estalo no vizinho- Não tem relevo jurídico,
já se eu der esse estalo ao meu vizinho- Isso já tem relevo jurídico. O Direito é uma
ordem social que lida com ações e não com intenções.
-É uma realidade que é intermediária entre um facto e uma norma. Entre o facto
(ação) e a norma (consequência), trata-se de um facto, mas não de uma norma
jurídica. Por exemplo se eu não cumprimentar alguém que conheço por exemplo, pode
ter consequências morais, mas não jurídicas
Qual a vantagem do conceito? - Não exige um sujeito do outro lado, uma relação
vinculada entre dois sujeitos, conceito mais amplo e abrangente.
Aula Nº5
Não se esgotam nestes conceitos, não esquecer os outros tipos de situação jurídica
Direito subjetivo- É uma categoria com imenso peso cultural, o que o indivíduo pode
fazer, não é só um conceito técnico, figura de criação moderna, não existia no direito
romano, é produto do racionalismo, é um direito mais abstrato e exige um grau de
abstração e pressupõem que a ordem jurídica se pode resolver em tribunais, o debate
o sujeito começou nos século XIX e XX- produto do individualismo e do livre-arbítrio,
num estado do século XXI é importante pensar na categoria de direito subjetivo
O direito subjetivo possui imenso peso cultural, é uma figura de criação moderna, o
debate sobre o direito subjetivo verifica-se essencialmente a partir do século XVIII e
XIX, não sendo um embate fechado. Existe uma fase de afirmação que se ira verificar a
partir do século XIX, que se deve a Savigny e a Garyn, existirá uma fase posterior de
maior ceticismo sobre o direito subjetivo, sendo afirmado por alguns autores que este
será demasiado abstrato e que não é uma categoria relevante, esta fase coincide com
a tomada da Europa pelos regimes autoritários. Esta fase ira cessar, e será substituída
por uma recuperação deste conceito. Síntese
Fase de recuperação- A partir dos anos 50 do século XX, esta procura fazer a síntese, é
a escola jurídico formal
Aula Nº6
- O que me é útil, a mim. Não basta ter o poder, tem de conduzir a um interesse.
- Regelsberger: Direito subjetivo -> Ordem jurídica faculta a uma pessoa a realização
de um fim, reconhece e protege esse fim. Ou seja, por um lado na primeira parte
defende o interesse e a sua prossecução, e na segunda parte atribui a essa pessoa um
poder.
Críticas: Não se deve confundir direito e poder e o interesse é apenas titular do direito.
- Miguel Teixeira de Sousa: Situação objetiva que resulta de uma permissão de ação
ou de omissão. Alude à posição do sujeito (titular do direito) quanto a um
determinado modo de atuar.
- Paulo Cunha: Poder conferido e assegurado pelo Direito objetivo de realização de
um interesse mediante uma vontade que o exerça e defenda.
Escola jurídico-formal: É difícil definir Direito Subjetivo (figura rica e complexa), deve-
se apenas identificar a estrutura:
Direito Estrito
Não têm os direitos que querem, mas os que a ordem jurídica confere –decorre da
norma.
Direitos Potestativos
Critério de sujeição
Posição de poder fazer algo que, sendo feito, altera a esfera jurídica de outrem.
Por exemplo- Aceitar ou rejeitar a proposta contratual de comprar: pode surgir
uma situação jurídica nova de um contrato. Há uma liberdade de aceitar ou não
– aproveita uma permissão concedida por uma norma para alterar a esfera
jurídica
O efeito jurídico de um poder potestativo é quando cria, modifica ou extingue
uma situação jurídica. Por exemplo- A tentar vender a caneta. Coloca na esfera
jurídica de B o poder potestativo de aceitar ou não. B recusa. Usou o seu poder
potestativo pois extinguiu a situação jurídica que se criou.
Tem efeitos imediatos mesmo que não se goste.
A lei conferida ao titular é vista como um bem que fica ao seu próprio critério
de uso.
Com destinatário – Por exemplo- Compra e venda – A outra pessoa está em sujeição,
mas o sujeito passivo nada tem de fazer
Sem destinatário – Por exemplo encontra algo na tua, altera a minha esfera jurídica
pois passo a ser dono – Só́ há alterações na esfera jurídica do titular do direito. Mas é
um direito do eu perante o nada/toda a gente.
Exercício judicial – Só pode ser exercido por intermediação judicial, exige intervenção
do Tribunal
Constitutivo - O exercício do direito dá lugar a uma situação jurídica nova. Por
exemplo- Ao comprar algo, dá lugar ao direito de propriedade sobre isso.
Patrimoniais e não-patrimoniais
Não-Patrimoniais - Quando incide sobre bens não avaliáveis em dinheiro (é diferente
de não ter existência física)
Direitos subjetivos na técnica do nosso Código Civil. Direitos das pessoas enquanto
tais – Parte Geral
Fase de ceticismo- Existem teorias para dar e vender- Negam a utilidade de direito
subjetivo, são desenvolvidas principalmente em França.
Aula Nº7
Existem situações ativas que não estão relacionadas com o Direito Subjetivo
Poderes materiais- Meios essencialmente materiais, fazer algo como pintar uma casa
Poderes de gozo- O que tem a ver com a relação de alguém com um bem, permite o
aproveitamento de uma coisa- Artigo 1305
Poderes de crédito- Exigir de alguém uma conduta. Exigência uma conduta alheia, tem
uma obrigação, um poder com correlação com valor de obrigatoriedade- Artigo 397
Poderes Funcionais
Exceções
• Permite ao respetivo titular não cumprir o dever, ou adiar. A vantagem é a exceção
que permite não cumprir esse dever (logo é uma situação jurídica ativa) – conteúdo
fundamental da exceção é vantajoso
• Situação jurídica em que há́ expectativa tutelada juridicamente, mas ainda não há́
um direito – pois os direitos consomem as expectativas.
Ex: A convence B que vai assinar contrato de promessa compra e venda. B, nessa
expectativa pede crédito para pagar o sinal. No último instante, A desiste.
Por exemplo- Norma ambiental penaliza fábricas poluentes, quem vive perto
beneficia/ Obrigação de vacinação- Vantagem indireta em cada uma das pessoas-
Artigo 483
Situações Jurídicas Passivas- Coloca o titular numa posição desvantajosa em que está
dependente de um terceiro quanto à produção dos seus efeitos.
- Os titulares destas situações jurídicas estão sujeitos a normas que proíbem e outras
que impõe certos comportamentos – está-se juridicamente obrigado a essa situação
desvantajosa. Até se pode gostar dessa situação desvantajosa. Por exemplo- Gosto de
saber os segredos e não poder contar a ninguém pois tenho obrigação de sigilo.
- Tem de se ver na lei quem está do outro lado da situação passiva – quando o lado
ativo é toda a gente/ninguém, normalmente é o Estado (Ministério Público)
Obrigações
Dentro de uma relação jurídica – pois nasce das 5 fontes das obrigações:
Acontecimentos que existem na sociedade em que há relações:
- Prestações de Facto
Prestação principal
Prestação secundária: complementa a prestação principal
Por exemplo- Contrato para criar um site (prestação principal), fornece ao empregado
um computador (prestação secundária).
Obrigações de Suportação
Existem ainda obrigações de dare, de facere (que podem ser: Fungíveis – um terceiro
realiza a ação, Infungíveis – obrigação de executar o dever), de facto positivo, de facto
negativo, de pati (De suportação – alguém faz algo na nossa esfera jurídica que, em
princípio, não poderia ter lugar)
É não relacional – Não é necessário a uma relação jurídica e a sua violação é um ato
ilícito.
➢ Atribuem a um sujeito o monopólio dos seus deveres ligados a uma única coisa
(exclui todos quantos não sejam titulares da situação considerada)
➢ Não dão lugar a comportamentos que possam, exclusivamente, ser exigidos por um
indivíduo a outro, não são direitos. Por exemplo- Que não se fume nos restaurantes, é
um dever genérico, mas nenhum outro cidadão pode exigir o cumprimento desse
dever embora possa advir sanções
Deveres Funcionais- Deveres não associados ao titular, mas à função que o titular
desempenha.
Por exemplo- Um poder potestativo funcional de dar a norma – relação com o aluno;
dever funcional de dar a nota – relação perante a faculdade, pois dá as notas em
função dos critérios de classificação e não porque odeia o aluno; no poder paternal há
o dever de educar, mas de acordo com o direito (não pode educar filhos para fazer
assaltos); Cavaco Silva, como Presidente da República nomeia o Primeiro-Ministro, não
porque gosta do candidato mas porque os deveres funcionais da sua função assim o
diz.
• Alguém pode ver a sua esfera jurídica alterada unilateralmente por outra pessoa.
Sujeito ao direito potestativo de outrem. Sendo assim é irrelevante a vontade de quem
está numa situação jurídica de sujeição – pois o facto de o outro te rum direito
potestativo, produz de imediato efeitos na minha esfera jurídica independentemente
do meu querer.
Por exemplo- Poder paternal; poder de representação – quem se faz representar está
sujeito ao procurador
Ónus- Dever que proporciona vantagens, mas cujo cumprimento não pode ser
exigido.
• Para se ter uma vantagem tem de se sujeitar a uma desvantagem. Por exemplo
vantagem - Tirar o curso; Desvantagem - Estudar muito; Não temos o dever nem a
obrigação, nem é ilícito a sua não realização. Temos apenas o ónus. Sendo esta
situação jurídica que quando o “dever” é violado não é ilícito.
• Ónus jurídicos – Não há um dever (se houvesse, ao não ser cumprido agir-se-ia
ilicitamente) mas ao não se cumprir, não há sanções, mas não há vantagens – Assenta
numa permissão. Ex: Ónus da prova, não é um dever provarem-se os factos, mas ao
fazê- lo ganha-se o caso.
Menezes Cordeiro: É um regime particular que se distingue dos deveres e das
obrigações e é reservado para o direito processual
• Tem-se o Ónus de algo quando se invoca um direito. Ex: jornalista diz que jogador
jogou mal. Direito: liberdade de imprensa -> ónus de provar que é jornalista, ónus de
provar que a notícia é de interesse público e entre outras. Se provar tudo, pode ganhar
o caso e perceber que tem o direito de dizer mal
É composto pelas normas que compõe os regimes jurídicos. A cultura dos juristas diz
que certo instituto é um Instituto pois em muitos regimes jurídicos do Direito Privado
vigora esse instituto – essa verificação é feita jusculturalmente.
Fornece quadros gerais – perpassa por várias normas para dar uma orientação geral.
Meio caminho da norma, e do princípio. Norma: gerais e abstratas, mas regulam uma
situação concreta. Têm previsão e estatuição. Princípios: orientações abstratas do
sistema jurídico. Detêm um grau de aperfeiçoamento científico da realidade a que se
reporta- Por exemplo ao falar de propriedade fala-se de direitos, deveres e imposições
– muito mais que as normas do código.
Autonomia privada – Liberdade contratual mais ampla -> O que o indivíduo pode
fazer; É o espaço de liberdade individual, livre-arbítrio
Boa-fé – Devem ter um bom modo de comportamento, este deve ser correto e leal
Personalidade e tutela
Menezes Cordeiro: Sim, os direitos de imagem, nome e entre outros são inerentes à
qualidade de pessoa coletiva.
Palma Ramalho: Não, os direitos são inerentes apenas à pessoa em sentido biológico.
Se o bem que é tutelado é a personalidade da pessoa em sentido ontológico, não faz
sentido aplicar ao resto. As pessoas coletivas têm é valores análogos tutelados pela
responsabilidade civil – o nome, a imagem e etc. Tem tudo efeitos para a
responsabilidade civil.
No Direito, uma pessoa jurídica pode ser não apenas a pessoa humana no sentido
ontológico, mas também uma organização: Assim as pessoas coletivas são diferentes
da pessoa singular (pessoa no sentido físico)
Personalidade jurídica- Suscetível de ser titular de direitos e de ficar adstrito de
obrigações: Pessoa é o ser humano apenas enquanto sujeito de direitos. Nas
sociedades antigas, havia pessoas no sentido ontológico que não eram pessoas
jurídicas: Por exemplo os escravos eram considerados como coisas. Atualmente: Toda
a pessoa biológica é uma pessoa jurídica.
Papel da pessoa biológica é que tende a ver uma correspondência entre ela e os
centros de imputação de normas jurídicas, direta ou instrumentalmente. A presença
de um centro de imputação de normas não equivale, por si, a qualquer modelo de
decisão. Para além desse aspeto, a pessoa no sentido ontológico do termo conduz ao
aparecimento de verdadeiros institutos – conjuntos articulados de normas e de
princípios que permitam a figuração de modelos de decisão típicos.
Direitos de Personalidade
Direito da pessoa sobre a própria pessoa – Domínio sobre uma parte da sua
esfera de personalidade: Classificações em círculo biológico (vida, integridade
física, saúde e etc.), círculo moral (integridade moral, bom nome, reputação) -
Geralmente não têm conteúdo patrimonial - círculo social (intimidade, nome,
imagem). Situações jurídicas ativas, não patrimoniais, originárias
Em alguns casos podem-se fazer negócios jurídicos sobre direitos de
personalidade, como direito à imagem. Por exemplo- A imagem do Ronaldo
vende milhões e por isso a Nike usa-a para publicidade
Direitos Absolutos: Impõe-se só por si, não precisam de uma posição jurídica
de sinal contrário. Artigo 483º CC- Quem vir os direitos de personalidade
desrespeitados pode pedir responsabilidade a quem lesou. Tem eficácia só por
si só
- Não patrimonialidade em sentido forte – Não admite que seja permutado por
dinheiro (direito à vida)
Direitos Indisponíveis por princípio: Não são limitáveis. O próprio titular pode
aceitar restrições aos próprios direitos, mas com um regime de tutela especial
(Artigo 81º CC)
Pessoas jurídicas/Técnico jurídico- Podem ser pessoas biológicas, mas também podem
ser pessoas coletivas (sociedade/associação/fundação/estado, entes públicos). A
professora regente não gosta do termo pessoas jurídicas.
Aula Nº9
Atenção para conceito amplo de personalidade (física ou moral): Lei protege, está
protegida de lesão efetiva (ofensa ilícita) ou ameaça ao direito de personalidade
(ameaça da ofensa); quem violar os Direitos de Personalidade de outrem tem de ser
sancionado (sanção compensatória). A lei estabelece um conceito indeterminado
(providências adequadas)
Posições doutrinárias:
• Pires de Lima e Antunes Varela: Proteção dos direitos de personalidade após morte
é um desvio à regra enunciada no artigo 68º
• Mota Pinto: proteção de interesses das pessoas vivas que seria afetada por atos
ofensivos da memória do falecido
• PPV: Não se trata de tutelar a personalidade dos mortos, mas defender o direito que
os vivos têm de verem os seus mortos respeitados
A ofensa remete para o artigo 71º Nº1 conjugado com o artigo 483º.
A lei permite, até um certo ponto, a limitação dos direitos de personalidade: tem de
ser voluntária, prescindível em qualquer momento, ilícita se contrária aos princípios da
ordem pública (conceito indeterminado). Pode ter efeitos patrimoniais, a lei admite.
Por exemplo: Eu vou ser o teu escravo por vontade própria, porém não é permitido;
Concorrentes de reality-shows podem revogar o seu direito à imagem a qualquer
altura e ir embora desse mesmo programa mas poderão ter de indemnizar os donos
desse mesmo programa
Eficácia legitimadora- (torna lícita dentro de limites algo que sem consentimento seria
ilícito) e reguladora (torna lícito o negócio e regula o modo, regimes e termos).
Direitos de personalidade
Direitos Fundamentais: Posições jurídicas que são atribuídas as pessoas com particular
solenidade = Direitos liberdades e garantias (tutela mais forte) + Direitos subjetivos
com importante grandeza (Direitos dos cidadãos contra/perante o Estado) Violação de
Direitos Fundamentais leva à aplicação de sanção.
Menezes Cordeiro – E maioria dos civilistas: direitos fundamentais apenas para Direito
Público. Só se pode utilizar no direito Privado recorrendo a princípios próprios de
Direito Civil – só se admite a eficácia dos direitos fundamentais mediante a utilização
de princípios de Direito Civil.
Aula Nº10
Direito à Vida
Não é autonomizado no Código Civil, mas é dado pelo artigo 70º, Nº1 pois a
personalidade física subentende-se como sendo a vida. Tem-se sobre ele uma tutela
fortíssima – pode ser por violação não consumada e há responsabilidade civil a ser
apurada.
Artigo 495º e 496º, sempre que se atenda quanto à personalidade física é grave. Só se
indemnizam os direitos de quem ficou prejudicado.
É um dos direitos que não estão no código- Direito à vida- artigo 24 da CRP, tutela da
preservação do organismo biológico humano, prevalece sobre qualquer outro direito,
se for necessário cortar o braço de alguém para manter essa pessoa viva então
prevalece o direito à vida sob o da integridade física
Colisão de direitos- Artigo 335- Exercício de um direito põem em causa o outro, os dois
devem ceder de forma a viabilizar a atuação dos dois- Se um for superior a outro então
é esse prevalece
Pode ceder em situações, direito à vida em causa de legitima defesa, fez um atentado
à vida de outro, porém este é justificável, direito de personalidade mais forte, direito
indisponível, inalienável, irrenunciável
Há ainda uma margem de tutela civil preventiva e proibição da roleta russa e limitação
de práticas violentas.
Suicídio
Os contratos em que alguém se veja privado da sua vida, são nulos (contrários à
ordem pública – artigo 280º) – Tudo o que vise dispor do direito à vida é ilícito. O
consentimento do próprio é nulo – nos casos de auxílio ao suicídio, que são atos
ilícitos. Podem ser imputadas responsabilidades aos que tentam se suicidar e causem
prejuízos a terceiros e a ilicitude acentua-se.
Os suicídios falhados se tiverem danos para terceiros são indemnizáveis, por exemplo
se alguém se tentar queimar através do fogão e causar um incêndio no prédio e nos
outros apartamentos é passível o sujeito que atentou o suicídio indemnizar os vizinhos.
Portugal foi um dos primeiros países a abolir a pena de morte (artigo 24º da CRP) e
não extradita criminosos para países em que lhes possa ser aplicado tamanha pena.
A questão da eutanásia
Aplicação do artigo 81º - Autolimitação dos seus direitos, mas apenas pode autolimitar
os seus e não o dos filhos. Por exemplo- Testemunhas de Jeová não aceitam
transfusões de sangue, mas não podem limitar os direitos dos filhos.
Muitas vezes, as pessoas tentam negar auxílio, autolimitando assim os seus direitos.
Mas, à luz do artigo 340º, Nº3 do CC, dependendo dos casos, presta-se auxílio – pois
a pessoa pode não estar bem psicologicamente e o que diz na altura não é
efetivamente a sua vontade.
Direito à Integridade Física
Tutela o ser biológico e as suas funções, sem pôr em causa a sua própria vida. Está
interligado com o direito à saúde e ao bem-estar. Atentado ao sofrimento do
organismo sem que a sobrevivência esteja em causa.
A resposta é depende:
Aula Nº11
Direito à integridade moral, não está expressamente descrita no Código civil- O bem
jurídico tutelado é a honra o bom nome
-Honra Pessoal- Autoestima ou imagem que cada um faz das suas próprias qualidades
-Honra Social- Conjunto de apreciações valorativas que cada um desfruta na
sociedade, opinião (pública) dos outros sobre o nosso valor e o medo dessa opinião.
Reputação que abrange os mais diversos setores (familiar, profissional, cívica, política).
• Artigo 484º CC – Bom nome das pessoas singulares ou coletivas. Pode também haver
crimes contra a honra: Como a difamação sob a forma escrita ou verbal, notícias
infundadas e entre outras, apesar de existir direito à informação
Muitas vezes há conflitos e colisão entre o direito ao bom nome e à honra. Quando o
interesse público o imponha, o direito à honra e à privacidade, não podem impedir a
revelação daquilo que for estritamente necessário e apenas isso. Cessa se for em
excesso. No plano civil é justificado o atentado se o agente provar a verdade da
afirmação (exceptio veritatas). Mas nem tudo o que seja verdadeiro merece ser
revelado, não se compactua com maldade gratuita. Há uma punição (efeito
indemnizatório) pois pode violar o direito à reserva da vida privada. Ou seja, é ilícito.
Na dúvida prevalece o direito de personalidade. - Direito à informação, quem difunde
estas geralmente são os media, quem difama faz uma remissão a este direito que é
constitucionalmente garantido
Direito à integridade moral artigo 70º: Existem outras normas como o artigo 26 CRP e
484º do CC- Ofensa do crédito ou do bom nome estender o direito ao bom nome a
pessoas coletivas. O código penal reconhece o direito ao bom nome pois consagra
alguns crimes de violação deste direito, o direito a honra por exemplo é bastante
admirado.
Direito a utilizar o nome – de forma completa e/ou abreviada. O que obsta a que
outros usem o mesmo nome. Abrange os pseudónimos, nome por que se é conhecido,
títulos nobiliárquicos e nomes artísticos. Também os endereços eletrónicos são aqui
tutelados, na medida que permitem identificar alguém.
Direito ao nome- Artigo 72- É objeto de uma tutela ampla, direito à individualidade de
cada um, não é a mesma coisa que o direito ao bom nome, tem haver com a
reputação; dimensão positiva- garante o uso do nosso próprio nome quer completo
quer abreviado; dimensão negativa- outros usam o nome de forma ilícita para sua
identificação e com outros fins, as pessoas podem ter nomes iguais, estende-se aos
títulos das pessoas, professora, doutoramento, aos títulos nobiliárquicos e ao
pseudónimo
Limites de uso adequado do nome– A nível profissional, impede que outros que
tenham nome parecido não sejam prejudicados.
A lei prevê que se instaure ações para defender o nosso nome, impedindo que
outros o usem indevidamente.
A confidencialidade resulta do seu conteúdo (que não pode ser revelado fora do
círculo entre o remetente e o destinatário) e não no título qualificativo que a pessoa
lhe dá. Algo do senso comum ou público não é confidencial. Há um critério objetivo
que tipicamente define cartas confidenciais como: As cartas profissionais, amorosas,
familiares, saúde e entre outras.
3- Exceção da restrição – A difusão das imagens não pode atentar contra a honra:
-Teoria das Esferas: Esfera pública, profissional, social, privada, secreta (O que decide
não revelar) e íntima – O nível de tutela é gradualmente maior.
-Doutrina alemã: Diz nos que é consoante estas esferas que se definem as diferentes
restrições.
Nem tudo se resolve com tinta verde- 23/10/2023- Professora Regente Maria do
Rosário Palma Ramalho
Aula Nº11
Continuação dos institutos civis: Boa-fé- Conceito indeterminado, mas que sustenta
as decisões e as normas – Cerne de vários regimes jurídicos em que a resolução das
questões é com um sentido de ética e de regras de atuação. Associado à lealdade,
honra (respeito pela palavra dada) e comportamento leal.
Da boa-fé no Direito Civil- Ninguém se pode licenciar sem ler a tese de doutoramento
da boa-fé do Direito Civil do Menezes Cordeiro
Conhecimento
Lealdade
Honra
Boa-fé em sentido objetivo- Não são admitidas quaisquer práticas apenas as que não
são contrárias ao princípio de boa-fé (Práticas corretas- Artigo 3º do CC); Boa-fé em
sentido objetivo: Apela a uma regra exterior e que as pessoas devem observar –
modos de atuação (conforme os valores dominantes da ordem jurídica). Quando diz
como se tem de comportar. Tem várias projeções:
Artigo 239º- Integração dos Negócios- Devem ser integrados nos limites da boa-fé,
segundo a vontade hipotética das partes; Na escassez de material subscrito pelas
partes, tem-se em conta a lógica imanente ao contrato.
Artigo 437º- Modificação dos contratos por alteração das circunstâncias- permite que
os contratos sejam modificados quando haja uma alteração imprevisível e anormal de
modo a ser resolvido e estar em circunstâncias para o contrato ser celebrado; caso das
alterações dos juros do pagamento à casa. Valoriza as condições e alterações
imprevistas. Se o contrato, na sua aplicação e devido a certas circunstâncias, assume
feições injustas para uma das partes inesperadamente.
Aula Nº12
A liberdade da pessoa não está consagrada nos Direitos de Personalidade, mas sim
no instituto da autonomia privada, que caracteriza os privados.
Por exemplo- Artigo 405º – Autonomia privada subjacente a este artigo de liberdade
contratual.
Principais limites à autonomia privada- Tem como limite a autonomia privada das
outras pessoas; Afirmar a liberdade é formal, tem de existir a igualdade entre sujeitos
para isto existe um regime jurídico próprio das situações de desequilíbrio entre as
partes. Decide-se dentro do Direito o que se pode ou não fazer e o regime jurídico que
passa a vigorar.
A autonomia privada estende-se para além do direito privado, por exemplo direito
administrativo- Trabalhadores com contratos de trabalho que estão em funções
publicas; Tratados europeus, organizações, entre outras coisas.
Este instituto civil tem na sua base dano, há um dano quem suporta o dano? O que é
um dano? É um prejuízo, o fim de uma vantagem.
Quais são os tipos de danos que existem? O dano pode ser patrimonial, não
patrimonial (Não avaliáveis em dinheiro) ou morais, (A professora regente Maria do
Rosário Palma Ramalho não gosta do termo de danos morais devido ao facto de dar
aso a outras situações e acontecimentos). Podem ser danos naturais (Caso de perder a
uma casa devido a uma tempestade) ou danos humanos (Caso de perder uma casa
devido a fogo posto). Podem ainda ser lícitos (Para apagar o fogo parti a porta para ir
buscar uma mangueira ou extintor) ou ilícitos (Comportamentos contrários à lei)
Os danos podem ser ainda ressarcíeis (Possível repor) ou danos compensáveis. Danos
emergente (Um prejuízo causado, por exemplo dano no carro, este vale 10,000€ e
pagam isso) e os lucros cessantes (O lucro que não ganho com determinado dano por
exemplo não ganho determinado rendimento por não ter o carro ao meu dispor
Uma regra básica é aquele que tem a vantagem é o que suporta o risco de
desvantagem- É a solução mais prática e mais útil na maioria dos casos
Imputação por ato lícito ou por sacrifício- Remete ao estado de necessidade presente
no artigo 339º. Atos Lícitos: Quando um dano é causado, mas sem causar um ato
ilícito (Não contraria a lei). Responsabilidade por facto lícito é excecional, só tem lugar
nos casos previstos na lei. Por exemplo o caso da revogação do artigo 81º Nº2; Ação
em caso de estado de necessidade
Imputação por ato ilícito- Violou uma determinada norma sem justificação, protege
fins alheios. Tem de haver culpa, pode ser dolo-intenção de prejudicar ou culpa-
negligencia; Existe o nexo entre causalidade pelo dano; Atos ilícitos: Tem de haver um
ato ilícito, sem justificação e com culpa (o Direito censura-o/restringe-o em dolo ou
negligência) – Transfere-se o dano para a esfera do perpetrador
É um bem que é objeto do direito, principal direito real segundo o artigo 1305º do CC,
situação compreensiva. Pode ser propriedade pública, ou seja, pertencer ao Estado ou
propriedade privada, pertencente a um ente privado, sujeito ou indivíduo
O que os particulares têm ou podem ter, pode ser: Direitos subjetivos, relação entre
direitos subjetivos e o objeto, o objeto dos direitos subjetivos em causa
Aula Nº13
➔ Conceitos Operatórios:
Personalidade Jurídica
Capacidade Jurídica
Esfera Jurídica
Início da Personalidade jurídica- O artigoº 66- Apenas afirma quando esta se inicia, o
CC não diz o que é nem esclarece o conceito. Esta começa com nascimento completo
dentro da lei e com vida, pessoa fica adstrita a deveres e obrigações quando nasce
Não há um lapso temporal em que não tem personalidade jurídica, o que é importante
em matérias sucessórias
Segundo isto qual é o estatuto de um nado morto? Este não tem personalidade
jurídica
Qual é o estatuto de uma criança que nasce e depois morreu logo a seguir? Não
chegou a adquirir personalidade jurídica porque não foi um nascimento completo
Art. 66º/2 CC – “Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu
nascimento”
Nascituros: É o termo jurídico geral para os não nascidos–O Nº2 utiliza este termo
Em sentido estrito – Vida intrauterina (Já fora concebido, mas ainda não
nasceu)
Por exemplo- Numa sucessão, pode não se repartir as coisas pois pode sempre haver
mais filhos- A consequência de reconhecer personalidade jurídica aos concepturos é
que ter-se ia que reconhecer também a pensamentos ou ideias- Artigo 952º do CC-
Doações a nascituros
Castro Mendes, Mota Pinto e Carvalho Fernandes: São direitos sem sujeito,
pois ainda não há personalidade jurídica, ou seja, há direitos, mas ainda não
têm titular.
Se a personalidade jurídica cessa com a morte, o que tutela o artigo 71º? – Direitos
Gerais de Personalidade
Artigo 68º/3 CC – “Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não for encontrado, ou
reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela”
Cadáver- Corpo humano sem vida – destinado a desaparecer. Não é pessoa nem coisa
– está a meio caminho entre a pessoa e a coisa (Gomes da Silva).
De acordo com o Menezes Cordeiro é uma coisa especial.
- Distinção necessária por vários motivos, pode se suceder que se a pessoa é titular de
um direito, porém não é aconselhado que seja esta a gerir, por exemplo uma criança
rica, tem titularidade sobre o seu património (Capacidade de gozo), porém não é
aconselhado que seja esta a gerir o seu património (Capacidade de exercício) - PPV
Tese de Doutoramento- Autorização
Os conceitos são distintos pois uma pessoa pode ser titular de direitos
(capacidade de gozo) mas não os poder gerir (capacidade de exercício) – pode
alguém exercer os direitos por essa pessoa
- Só fazem sentido para pessoas coletivas e singulares, existem capacidades de gozo
que apenas são para pessoas singulares, por exemplo perfilhar ou ter casa, enquanto
nas pessoas coletivas isto não faz sentido; só faz sentido para determinadas pessoas,
há direitos que decorrem da natureza destes direitos
Na personalidade jurídica, não existe uma medida – ou se tem ou não. Não pode ser
medida pois umas pessoas seriam mais pessoas que as outras.
Quem tem legitimidade sobre um direito é o seu titular, mas isso pode não ser sempre
assim. Pode-se ter a legitimidade sobre algo sem se ser titular de tal. A capacidade não
funciona assim.
A esfera jurídica é um conceito variável, varia de pessoa para pessoa (O Jorge tem uma
casa, e o Paulo uma esposa) e ao longo do tempo.
• Cada pessoa tem um Estado – Revela a situação pessoal de alguém (Ser pai, filho,
insolvente e entre outros.) – A essa situação estável está associado um regime sujeito
a registo (Com o principal objetivo da transparência)
Situação à qual se associam direitos. Por exemplo o meu estado de nacional português
atribui-me determinados direitos.
Esfera Jurídica Patrimonial: Conjunto de situações jurídicas (ativas ou passivas) com
valor patrimonial – São bens avaliáveis em dinheiro. São atos pouco relevantes como
comprar um café, por outro lado pode variar por força de atos voluntários, mas
também podem ser alheias à vontade própria se o carro for atingido por um raio ou
incêndio.
O património pode variar por atos alheios à vontade ou até pela vontade.
Sede jurídica da pessoa – Local onde a pessoa se tem localizada como por exemplo a
nossa residência, a pessoa é citada no seu domicílio, é para lá que vão as cartas das
multas, escola dos nossos filhos, médico de família, centro de saúde, entre outros
Em suma é o local onde, para efeitos jurídicos, a pessoa se tem por localizada. Pode
coincidir com a residência da pessoa, mas não necessariamente.
Domicílio Geral – Artigo 82º: O domicílio coincide com a residência habitual da pessoa
– onde é o centro da vida habitual.
Não é necessário que seja residência permanente pois pode ter diversas
residências e o domicílio pode ser em qualquer uma delas. Se não tiver
paradeiro fixo, o domicílio é a residência ocasional ou o sítio onde esteja.
Domicílio Especial – Artigo 83º e seguintes: São os locais específicos para a prática de
certos atos
Domicílio Legal
▪ Dos menores e maiores acompanhados – Artigo 85º
▪ Dos empregados públicos – Artigo 87º
▪ Dos agentes diplomáticos portugueses – Artigo 88º
2- Alguém desapareceu;
Quem não tiver bens para serem administrados não pode ser classificado
juridicamente ausente)
Representação Legal: Ação em nome do incapaz como sendo ele a praticar, com
efeitos na esfera jurídica deste.
Assistência: Atos praticados pelo próprio incapaz, mas coadjuvado por um curador –
comum na inabilitação.
b) São válidos os negócios jurídicos decorrentes da vida do menor, que estejam ao seu
alcance, e que impliquem despesas de pequena importância – Capacidade natural (=
aptidão natural) – o menor consegue perceber o que está a fazer, progressivamente
com a idade tem essa consciência – fórmula legal elástica, dependente da maturidade
e apurada casuisticamente.
c) Negócios relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido autorizado a
exercer – interpretação atualizada de prestação de serviços. Há autorizações
diferentes conforme a idade.
• Os negócios jurídicos são anuláveis – de forma a proteger o menor, que pode não ter
consciência do que está a fazer.
O menor não pode fazer-se passar por maior, isso seria agir com dolo (Artigo 126º) o
que não levaria à nulidade do negócio. Nem ninguém podia requerer esta anulação.
Menezes Cordeiro e PPV: Se os herdeiros não podem os pais também não podem
requerer a anulação desde ato ou negócio
Segundo o artigo 131º, pode não cessar o poder paternal quando, para sua proteção
desse menor que se torna maior se instituir o instituto da interdição ou da inabilitação.
Pode não cessar se o futuro maior ter alguma incapacidade mental como é o caso da
paralisia cerebral ou outro tipo de condição, passando assim a maior acompanhado
(Artigo 138º)
• O menor passa a ser Menor Emancipado – Mas os pais têm de dar autorização para o
casamento (Artigo 133º)
Valor dos atos jurídicos e cessação da incapacidade/Valor dos atos jurídicos pelo
menor e a sua incapacidade- Os atos jurídicos destes são pautados pela invalidade,
ou seja, não produzem efeitos jurídicos
- Pode ser o representante legal do menor que é quem supre a capacidade do menor,
os herdeiros e o próprio menor caso este não tenha agido com dolo. Se agiu com dolo
não poder requerer à anulabilidade do negócio nos termos do artigo 126º
O prazo não conta a partir da prática do ato e sim a partir do conhecimento do ato,
tem assim o prazo de 1 ano
Dolo- Artigo 253- Ocorro quando é utilizado um artifície para enganar a outra parte
Apenas a quem é maior, mas incapaz de governar as suas pessoas ou bens, devido a
deficiência incapacitante.
Artigo 138- Remete para a impossibilidade de exercer pessoal, livre e conscientemente
os seus direitos e cumprir os seus deveres por razões diversas razões. Constituem
assim medidas de acompanhamento para pessoas que se encontram impossibilitadas
de exercer a sua capacidade de exercício. Nas diversas razões existem: Saúde - Tem de
ser problema de saúde gravíssimo; Deficiência- Apenas aquela que impossibilite a
regulação da sua vida e dos seus bens; Comportamento- Alcoolismo, droga e todos
estes tipos de comportamentos
Estes são conceitos indeterminados e são demasiados vagos- Os conceitos que foram
atribuídos a cada um é a preferência da professora regente Maria do Rosário Palma
Ramalho
Este artigo 139º do CC- O que é necessário para se ser maior acompanhado- Tem de
haver um processo e consequentemente uma decisão judicial, é proposto no termo
dos artigos 141º Nº1. Este requerimento pode ser proposto pelo próprio incapacitado
ou mediante autorização por parte do Ministério Público, para ser promovida esta
autorização tem de ser feita nos termos do artigo 141 Nº2.
Podem ser decretadas medidas de emergência enquanto a ação esta a decorrer à luz
do artigo 139 Nº2 do CC. Contudo, esta ação urgente é dificilíssima de obter apesar
nos últimos tempos ter se tornado mais acessível
Artigo 143º - Quem exerce a tutela dos incapazes? Quem pode escolher o
acompanhante? A resposta a esta questão está no artigo 143º do CC. O acompanhante
tem de ser maior e é escolhido pelo acompanhado ou pelo seu representante legal
O tutor não tem de ser necessariamente a pessoa que requer a regime de maior
acompanhado (Antiga interdição) pode ser que o próprio acompanhado proceda ao
requerimento para passar a ser um maior acompanhado
A interdição/o regime de maior acompanhado tem uma grande estabilidade, mas a lei
coloca a possibilidade de ser levantada segundo o artigo 151º.
É uma distinção um pouco básica, para além de existirem pessoas coletivas públicas
que apenas recorrem ao direito privado e pessoas coletivas privadas investidas de
poderes de autoridade.
Teoria da integração: As pessoas coletivas públicas iriam integrar-se na organização do
Estado, contrário das privadas- Tese defendida pelo professor Castro Mendes
- Valorização dos interesses coletivos - Tem raiz cultural, razão económica, ontológica
- Elemento pessoal
- Elemento patrimonial
- Elemento teleológico/finalista
- Pessoas coletivas têm um fim, um objetivo e devem seguir apenas isso- Artigo
160°
- Fins diversos:
- Ato de reconhecimento
- Pessoas coletivas
Associações
- Surge terceiro órgão para reunião das associações - Assembleia geral – Artigo 172º e
173º