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Teoria Geral do Direito Civil I- Professora Regente Maria do Rosário Palma Ramalho

Aula Nº1

Iremos abordar a evolução histórica do Direito Civil Português, ou seja, Direito Privado,
no Tratado do Direito Civil do Menezes Cordeiro Tomo I- 300 páginas para frente
Do que se ocupa a Teoria Geral do Direito Civil? Qual o objetivo desta cadeira? - Limitar
o que é o Direito Civil e dentro do Direito Civil encontrar o que é a Teoria Geral.

A ordem jurídica organiza-se como um sistema, um conjunto de normas e de


comandos, segundo critérios lógicos; Assim o Direito é um sistema jurídico com
normas partir do exterior, há uma imensidade de normas e comandos, o Direito não
é necessário a apenas uma pessoa, é necessário haver duas pessoas no mínimo para
a existência de um sistema jurídico

O Direito organizou-se e esquematizou-se de acordo com cada conflito, segundo o tipo


de conflito existirá a área jurídica adequada a este. Existem diversos subsistemas (áreas
jurídicas) para cada conflito. Exemplos: Uma violação ou um homicídio evoca uma
determinada área/subsistema do Direito, no caso o Direito Penal. O não pagamento do
IRS, do IMI ou de qualquer outro imposto evoca a área de Direito Fiscal.

Distinção entre Direito Público e Direito Privado: TGDC estuda o Direito Privado

Direito Privado- Este tipo de Direito é mais antigo, milenar e ancestral, é responsável
por evitar conflitos nas relações de carácter patrimonial, pessoal, conjugal, relações
entre os indivíduos e entre outras áreas.

Direito Público- É o tipo de Direito mais recente, moderno e remete ao Estado, ou


seja, todas as relações com o Estado pertencem ao Direito Público

Conceitos a reter da aula- Doutrina é um conjunto de opiniões e as decisões tomadas


em tribunal denominam-se de jurisprudência

Para ser realizada esta distinção de forma mais simples e fácil existem três tipos de
critérios, como o critério do interesse (normas), o critério da natureza dos sujeitos
envolvidos e o critério de posição relativa dos sujeitos envolvidos.

Abordando os critérios de forma mais profunda, o primeiro critério, o critério do


interesse observa as normas do caso, questionando qual o interesse subjacente às
normas. Se determinada norma tiver interesse geral então é Direito Público, alguns
exemplos como a paz pública, proteção da saúde e entre outras são importantes para o
Estado. Já se a norma tiver interesse de particulares/individuais como por exemplo
querer doar algum tipo de bem, casar, ter filhos, ter uma sociedade, tudo o que
envolva o interesse individualizado e normas individualizadas pertencem ao Direito
Privado. Porém este primeiro critério é falível, nem sempre é possível fazer esta
distinção devido ao facto de alguns subsistemas que por vezes pertencem ao Direito
Privado, mas integram competências de Direito Público, ou seja algumas áreas do
Direito Privado são também de Direito Público como por exemplo o Direito da Família-
Interesse da educação dos menores, casar duas vezes, retirar o filho de uma família
violenta (responsabilidades parentais), são interesses de carácter público mas também
é de carácter privado. A proteção de dados e direito à educação também é outro caso
de interesse de entidades individuais, mas também de interesse público.
Da mesma forma que há normas de interesse público como Direito Constitucional, mas
com carácter individuais como os direitos fundamentais estabelecidos na constituição.
O Estado apesar de garantir o acesso à educação, à saúde e entre outras, por vezes este
também intervém em questões de relações individuais. Em conclusão este critério
ajuda a sistematizar e a organizar os diversos ramos dentro do Direito Público e
Direito Privado, assim, este permite perceber o modo de formação das áreas
jurídicas.

O segundo critério, o da natureza dos sujeitos. Irei abordar este critério através de um
exemplo. Por exemplo a venda de um código civil a alguém, os sujeitos são ambos
privados, pode ou não fazer o negócio, assim como determinar as condições deste. No
entanto, se for necessário pagar um algum tipo de imposto ao estado como o IRS há
uma relação subjacente com o Direito Público; Se o vínculo for entre dois indivíduos
privados é Direito Privado, se for uma entidade pública como o Estado ou entre dois
estados é público; Por exemplo, em determinados casos da não existência de
herdeiros, por vezes o Estado intervém com sua autoridade podendo obter um bem
patrimonial como entidade particular, apesar de ser uma entidade pública pode agir
como entidade privada

O terceiro critério, no caso o de posição relativa depende apenas do modo como


atuam em casos concretos. Se um ente público tiver poder de autoridade (Dux
imperium/autctoritas), é Direito Público. Se partirem de acordo com o princípio de
igualdade e liberdade, é Direito Privado. O que interessa é saber se estão ou não
munidos de autoridade. Em suma, o modo como atua seguindo ou não o poder de
autoridade.

Jus imperii- Direito de mandar, de exercer autoridade, de governar; Poder jurisdicional,


do qual goza o Estado;

Conclusão e perspetiva da Regente Maria Rosária Palma Ramalho – De modo a


distinguir as normas de Direito Público e Direito Privado é necessário combinar o
primeiro e o terceiro critério, ambos são mais relevantes do que o segundo critério.
Isto é, apenas verificando se há um prosseguimento do interesse geral que se pode
distinguir e se algum deles possui autoridade. O interesse é essencial para todas as
áreas de direito e classifica-se como Público o direito onde preponderantemente e
predominantemente (Não exclusivamente) vigoram os interesses públicos e o Estado
tem uma certa supremacia/autoridade. Classifica-se como Privado o Direito onde
preponderantemente e predominantemente (Não exclusivamente – pois pode haver
um cruzamento/integração com os interesses públicos) vigoram os interesses privados
e os dois sujeitos partem segundo o princípio de igualdade.
Principais ideias chave para esta distinção na perspetiva de Menezes Cordeiro sobre o
Direito Privado- Dois princípios do Direito Privado- Direito da igualdade, ou seja,
igualdade de circunstâncias/partem da mesma posição e cabe ao tribunal resolver
determinado conflito. Direito da liberdade, ou seja, os entes privados podem fazer
todo o tipo de negócios e ter os comportamentos/condutas que quiserem a não ser
que estas sejam proibidos por lei.

Principais ideias chave para esta distinção na perspetiva de Menezes Cordeiro sobre o
Direito Público- Dois princípios do Direito Público- Autoridade, ou seja, não estão na
mesma posição relativa, há um desnível entre os dois, sendo que um tem poder sobre
outro, agindo com jus imperii. Competência, ou seja, o Estado só pode fazer o que está
no seu âmbito de ação, não pode fazer tudo daí o facto de não se falar no princípio de
liberdade (Como se fala nos princípios de Direito Privado), o Estado atua como a norma
prevê.

O Estado detém o privilégio de execução prévia, pode ser tomada qualquer decisão
sem decisão judicial prévia, assim sendo o Estado tem auctoritas/jus imperii,
observando-se o desnível entre os dois assim como a autoridade sob a outra entidade.

Igualdade e liberdade do Direito Privado VS autoridade e competência do Direito


Público

Pertencem à área de Direito Publico os ramos de Direito Constitucional, Penal, Fiscal,


Administrativo, entre outros

Pertencem à área de Direito Privado os ramos de Direito da Família, dos Reais, do


Trabalho, do Comércio, entre outros

Proposta de divisão nos anos 20

 Direito comum- Direito Público e Direito Privado


 Institucional- Regia a atividade das coletividades- Opinião da regente
Professora Paula Rosário Palma Ramalho- Conceito de instituição é um
conceito fraco

Proposta de divisão dos anos 30:

• Direito Público
• Direito Privado
• Direito Social – Onde se inserem as coletividades e o desenvolvimento das suas
atividades. Há́ uma instituição como centro deste tipo de Direito. Opinião da regente
Professora Paula Rosário Palma Ramalho- Não faz sentido esta divisão pois o Direito
Privado acomoda facilmente as associações e coletividades, é meramente um conceito
sociológico.
Aula Nº2- Encontrar dentro do Direito Civil a sua teoria geral

É útil e necessário distinguir estes dois ramos dentro do Direito Privado, o ramo
comum e o ramo especial, fazendo a seguinte distinção:

Ramos comuns do Direito Privado: Pertencem ao Direito Privado, contudo, sem


autonomia e normas suficientes para se tornarem num ramo especial.

Ramos especiais do Direito Privado: Sob necessidade de construção de subsistemas


que são “independentes” do tronco comum do Direito Civil e organizam-se em áreas
especializadas, autonomizando-se e criando normas próprias. Assim há um conjunto de
normas que se emanciparam para constituir um novo ramo de direito

Direito Civil pertence ao ramo de Direito Privado, analisando qualquer um dos critérios
de distinção do direito público e de direito privado, verificamos que este pertence ao
Direito Privado, não havendo qualquer tipo de dúvidas.

O terceiro critério, o modo de atuação, assim como o primeiro critério aponta em


direção ao direito privado, há uma posição de igualdade, em termos de
preponderância, todos estão em pé de igualdade, com algumas exceções, por exemplo,
há um desnível no direito da família.

O Direito Civil é a base de tudo, antes de haver Estado já havia Direito Civil, contudo o
Direito Privado não se esgota nem termina no Direito Civil. O Direito Civil é o Direito
Privado Comum, o direito base de todo o universo jurídico, regula as situações da vida
do Homem comum, nos seus interesses particulares. Existem algumas áreas que
surgiram do Direito Privado, mas que se emanciparam tornando-se áreas
especificas/especiais como o caso o Direito do Trabalho, Comercial, do Consumo, de
Autor, entre outros. Há um esforço de sistematização e de autonomização para que
estas áreas que pertenciam ao tronco comum se transformem subsistemas, tornando-
se áreas especiais.

Direito Comercial- É conjunto de normas que prossegue os interesses dos


trabalhadores. Separou-se por normas específicas e vincula as normas do comércio.
Detém direitos privados, esta área especial está ligada à atividade comercial como o
próprio nome indica. Está também relacionada mais especificamente com empresários,
as sociedades comerciais, sindicatos, entre outros

Direito do Trabalho- Responsabiliza-se direitos privados, ligados à comunidade dos


empregados e empregadores como as empresas, está mais relacionada com os
trabalhadores, empresas/empregadores, empresários, sindicatos, entre outros.
Autonomiza-se para distinguir os universos pessoal e profissional. Engloba um conjunto
de normas como o interesse dos empregadores, trabalhadores, sindicatos e entre
outros, separa a esfera de trabalhador/empregador e regula os vínculos do trabalho.
Direito de autor- Regula e protege as obras intelectuais dos autores. Há a necessidade
de uma separação normativa de defesa do ramo jurídico
Direito do consumo- Protege os interesses dos consumidores, pois neste âmbito não há
um equilíbrio entre as partes, o consumidor tem pouco poder e noção das clausulas
que aceita e a que se submete. Esta é uma área jurídica especifica

A autonomia de cada área varia de área para área, sendo que a sua relevância e
especificidades são significativas para se esta se tornar num ramo especial. A
autonomia variar de ramos especiais para ramo especiais. Por exemplo a autonomia de
Direito Comercial é diferente de Direito de Autor visto que Direito Comercial é uma
área muito mais extensa pois tem um código e tem diversas áreas especiais dentro da
sua própria área especial como direito bancário, das sociedades comerciais, entre
outros.

Direito do Trabalho é uma área especial recente, esta tem cerca de 100 anos de
existência. O Direito Civil é do tempo dos romanos comparando ao Direito do Trabalho,
este não é nada, é uma área jovem, porém o Direito do Trabalho tem uma grande
automatização devido à existência de normas próprias, código próprio e outro tipo de
legislação avulsa.

Existem dois tipos de autonomia das áreas jurídicas, sendo assim é possível falar em
autonomia sistemática e em autonomia dogmática

Autonomia sistemática- Reconhecer que há um complexo de normas se separa e se


distingue do tronco comum, tendo um subsistema próprio de normas como por
exemplo o Código de Trabalho e Comercial

Autonomia dogmática- A área jurídica que se autonomizou, tem os seus princípios


próprios e diferentes do seu tronco comum, esta separação tem como consequências a
forma como se organizam, a sistematização, metodologia para a resolução de
problemas, entre outras

A especificação das áreas não impede relação com os ramos comuns, auxiliam-se
mutuamente e na ausência de resposta nas áreas especiais, procura-se pela mesma no
direito civil

O direito de Autor não tem princípios próprios, não tem autonomia dogmática, mas
sim sistemática, enquanto o direito comercial tem os seus princípios, normas próprias,
código próprio, uma autonomia dogmática, entre outros.

Direito de trabalho tem princípios próprios, proteção do trabalhador, princípio da


coletividade, princípio de equilíbrio entre as duas partes. Existe algumas doutrinas
que afirmam que o Direito do Trabalho não tem princípios próprios e tem uma
autonomia sistemática, esta doutrina pertence ao professor Menezes Cordeiro, a
professora regente Maria Rosário Palma Ramalho não concorda com esta doutrina
sendo que acredita que o Direito do Trabalho, área em qual é especializada, detém
uma autonomia dogmática.
Esta especificação das áreas não impede relação com os ramos comuns, estas auxiliam-
se mutuamente e na ausência de resposta nas áreas especiais, procura-se pela mesma
no Direito Civil. Se uma norma contradizer qualquer tipo de princípios próprios da área
especial não pode ser aplicada, caso contrário então esta pode ser aplicada

A ideia subsidiariedade pode ser desenvolvida a partir dos ramos comuns. Têm como
tronco comum algum ramo comum do direito civil. Estabelece sempre uma ligação com
um ramo comum do direito civil. Esta ideia pode ter desenvolvimento nos ramos
especiais como o direito comercial, mas com o tempo passou a constituir uma
empresa, o interesse das sociedades coletivas passou a ter uma maior relevância do
que o empresário individual passando assim por conseguinte a existir o direito das
sociedades comerciais

Direito Civil é o Direito Privado comum que regula as situações da vida e do homem
como ente particular ou de entes públicos em pé de igualdade. Regula também a
execução dos interesses particulares dos indivíduos. Em conclusão o Direito Civil é o
subsidiário de todas as áreas do sistema/universo jurídico, este é a base.

Encontrar a Teoria Geral do Direito Civil- Encontrar através do Código Civil- Só a parte
geral, parte um, da página 13 até a página 96, é que interessa para Teoria Geral
A lei técnica mais perfeita é a do Código Civil, não há uma técnica legislativa tão boa
como o a do Código Civil

Direito das obrigações- Vínculos contratuais e responsabilidade civil;


Por exemplo- Acidente de carro, invasão de propriedade, execução de um contrato; O
que é um contrato, como se faz um contrato de compra venda e arrendamento; Tem a
disciplina principal dos contratos

Direito das reais/coisas- Regula situações que se relacionam da responsabilidade dos


bens/com a titularidade dos bens,
Por exemplo- O direito à propriedade e direitos reais menores

Direito da família- Regula as matérias família e os vínculos que recorrem das situações
familiares
Por exemplo- Divórcio, casamento, adoção, entre outros

Direito das sucessões- Regula o fenómeno da destinação dos bens daquele que faleceu
estando relacionado como direito patrimonial;
Por exemplo- Heranças, testamentos, entre outros

Todas estas áreas do Direito Civil ocupam-se da vida de cada um de nós, o Direito
Civil acompanhamos desde o nosso nascimento até à nossa morte.
Afinal o que é TGDC?
Em Teoria Geral do Direito Civil vamo-nos ocupar a parte geral do Código Civil o que
está aqui é um conjunto de normas que está dentro desta técnica que é o Direito
Civil, é um conjunto de normas gerais e evita que tudo seja repetido nas áreas
especiais como direito dos reais, obrigações, família, sucessões, entre outros.

A Teoria Geral do Direito Civil é uma disciplina que estuda os princípios e


fundamentos do Direito Civil, abordando temas como a personalidade jurídica, os
direitos e deveres dos indivíduos, a posse, a propriedade, os contratos, entre outros.
É assim um conjunto de normas gerais que se aplicam a diversos casos particulares no
nosso quotidiano.

Há uma visão geral da doutrina que está na parte geral capítulo I, II e III, mas que não é
relevante para a cadeira. O que realmente interessa é o título II das relações jurídicas
(conceito abstrato) que se refere às normas gerais. Estas relações referem-se às
normais gerais e aos intervenientes na relação jurídica e como se atua no negócio
jurídico. A professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho critica o conceito de
relação jurídica e usa outro conceito, no caso o conceito situação jurídica que iremos
aprofundar na próxima aula.

Marcar no CC cada livro, parte geral, obrigações, reais, família e sucessões

Aula Nº3-
Evolução Histórica do Direito Civil Geral e do Direito Civil Português

O Direito Civil tem por base o Direito Civil Romano (ius civili romano), assim
podemos concluir que o Direito Civil é o Direito Romano atual, não podemos
compreender o Direito atual sem perceber as bases que são o direito romano.

Existem três principais aspetos/traços do Direito Civil Romano

1º- Direito não sistematizado/ de base tópica- Direito assente nos problemas e nas
soluções, encontra soluções por recurso a critérios pré-definidos, há assim a resolução
do caso concreto da base para a o topo (Opõem-se ao pensamento sistemático do topo
para a base)

2º- Direito de base em ações/judicial- Direito de base pretoriana, jurisprudencial


Jurisprudencial- (Pretor= Juiz de Roma); De agente judicial como o juiz ou o magistrado
do Ministério Público, o seu aspeto mais importante é nas ações

3º- Direito como objeto de compilações- Regras escritas em cadernos legislativos onde
há́ uma descrição de leis sem organização sistemática, não é codificado como o atual.
Compila as normas avulsas de todo o tipo, levando a grandes confusões normativas
como o caso da Digesta/Corpus millis civilis são mais importantes
Na Idade Média, recebido Direito Romano que passa por um filtro dos comentadores
e glosadores que o interpretam à luz dos valores da Idade Média. Há um filtro que
torna o direito diferente do original, devido à forte influência católica. Assim os focos
de cultura estão nas Igrejas, mais precisamente nas ordens religiosas, passam por um
filtro através dos comentadores e glosadores que o interpretam à luz dos valores da
Idade Média, assim vão compilando o Direito Romano. Entre o império romano e a
Idade Média aconteceu o cristianismo, tornou-se um fenómeno de recessão, o
Direito Romano é objeto de tratamento nos mosteiros e nas ordens, à exceção de
normas que punham em causa o cristianismo. Trata-se de uma renovação do Direito
Romano, porém no século XV o renascentismo há uma tentativa de volta às bases
culturais.

Jurisprudência Elegante: Regresso aos preceitos de Direito Romano originais:


-Tentam redescobrir a pureza clássica no tratamento dos textos normativos.
-Tentam unificar e sistematizar as normas.

A Idade Moderna evidencia-se a sistematização das normas jurídicas, há o


surgimento jurisprudência elegante- Reuniram-se os temas de acordo com certas
semelhanças exteriores por eles aparentadas, significam o latim puro. Começa aqui a
sistematização periférica do pensamento sistemático civil, sistemática periférica- Não
há tanto rigor

Há três fases do pensamento moderno sistemático:

- Sistemática periférica- Aglutinação de normas de acordo com critérios lógicos, mas


sem grande condição geral (Jurisprudência elegante) – Reuniram-se os temas de
acordo com certas semelhanças exteriores por eles aparentadas – Sistemática externa.
Baseava-se no Direito Canónico e são compostos por grupos dispersos que existem
apenas por afinidade e interesses- Direito Romano

-Sistemática racional- (Influência do pensamento cartesiano de Descartes século


XVII/XVIII) - Sistema cultural e jurídico, composto por uma lógica abstrata e central. Os
primeiros códigos começam a existir a partir de 1804 de Napoleão, o nosso código de
Vaz de Seabra também é um produto desta sistemática. Parte-se do topo para a base,
em cascata. Hobbes propôs uma organização do sistema jurídico em princípios chave,
donde fez decorrer cada norma com progressiva concretização- Código de Napoleónico

-Sistemática integral/central- (Influência de Savigny) - Esta sistemática tenta integrar


as outras sistemáticas – Conserva a articulação logicista dos racionalistas com a
herança romana dos elementos jurídicos pré dados por via histórica e cultural,
património insubstituível dos povos. Aposta em conceitos fundamentais, mas sem o
excesso de racionalismo que desliga as normas da realidade, apelou ao “espírito do
povo” para resolver casos concretos (voltando à base tópica) – Retirar valores
fundamentais do Direito Romano sem deixar cair os critérios lógicos: Há um
apuramento de conceitos lógicos para ligar as partes do código (Pandectistas –
intenção de facultar a aplicação do atual direito romano – respeitando a forma, mas
enriquecendo o conteúdo). Concluindo esta é a mais organizada de todas, faz um
apelo ao entendimento cultural, recupera alguma da pureza do Direito Romano,
combate o excesso de abstração, pandectistas estudam as leis e o direito romano,
associam esta visão conseguida pelos racionalistas- O produto desta sistemática é o
BGB alemão (Código Civil alemão), o nosso código civil atual também é um produto
desta sistemática por isso é que é tão bom tecnicamente.

Em suma este conjuga princípios fundamentais e com a visão da realidade, é preciso


revisitar o direito romano.

O pensamento sistemático vem desde a Idade Média, da época do iluminismo, foi


evoluindo ao longo das décadas como se pode observar segundo as fases.

Começa a surgir a ciência jurídica civil:


O Direito como sistema jurídico na lei traduziu-se a partir da segunda sistemática
para uma codificação- Normas sistematizadas com recurso a argumentos lógicos
coerentes. Esta codificação exige lógica como já referido, não é arbitrário, é formada
por princípios como a igualdade, liberdade, segurança social. (Esta codificação exige
maturação do pensamento jurídico, o Código Civil só́ surgiu no século XIX). Há assim
uma clarificação de normas com reflexão prévia.
Antes dos códigos havia compilações – Juncão de normas sem critérios lógicos, os
códigos são diplomas de consolidação e não de inserção. Estamos na área jurídica
mais antiga,

O Direito Civil foi produto do século XIV e XX, ou seja, a partir da segunda e da
terceira sistemática.

O Código Civil Napoleónico- Os jurisconsultos que são adeptos da segunda sistemática,


a sistemática racionalista

Três pilares do Direito Civil- Passou a escrito com ideais chave da revolução francesa:
Unificou as fontes de Direito: direito romano, práticas de direito civil francês e
cânones. (do Direito de Família e entre outros)

 Pessoas e Igualdade – Personalidade jurídica

 Propriedades e Bens – O que podem ter/Burguês queria ser proprietário.

 Convenções entre as pessoas/Formas de adquirir propriedade – Contratos e


negócios

- Contratos válidos entre as partes como se fossem lei – Responsabilidade Civil.


- Liberdade de praticar atos não proibidos.
Influenciador de grande número de países europeus e valorado pela sua longevidade.
Código civil francês e bélgica ainda está em vigor, modelo do código civil português

Código civil alemão é produto da terceira sistemática, tem uma parte geral, assenta
no conceito geral, na relação jurídica, aspetos essências sobre as pessoas, factos
jurídicos, modo de exercício dos direitos, contém partes especiais, como obrigações,
família, reais e sucessões.

Família napoleónica- Modelo que influencia a codificação de Direito Civil na Espanha


e Itália
Família alemã, código BGB surge no fim século XIX- Modelo que influencia a
codificação do Direito Civil na Áustria e Portugal.

Principais características da BGB:


- Sistemática Integradora.
-Organização técnico-jurídica: base racionalista, conceito racional para todo o código –
conceito de relação jurídica.
-Estruturação em partes: Vários livros para decompor o conceito de relação jurídica
conforme a situação.
-Grande apuro técnico para decompor as relações oriundas da parte geral.

Códigos Civis tardios – os elaborados posteriormente ao BGB.

Sistematização mais apurada, Menezes Cordeiro critica código extremamente


abstrato com as quatro partes especiais e critica o conceito de relação jurídica, a
pessoa é tratada como um membro dessa relação jurídica, o código o napoleónico é
mais personalista do que o alemão

O conceito de relação jurídica adapta-se mais às relações contratuais e não se adequa


tanto à parte da família- A regente critica o conceito e diz que é muito redutor, utiliza
o conceito de situação jurídica e afirma que a organização do código é excelente.

Duas classificações no Direito Civil:

• Napoleónicas
• Germânicas (caso de Portugal)

Principais críticas destas duas classificações:

1- Várias partes do Código não correspondem a um critério unitário (uno e


coerente) – em cada parte se lida com uma determinada coisa- Opinião da
Professora Regente Maria do Rosário Palma Ramalho: deve contrapor-se que
é uma classificação de grande utilidade – permite regular tudo de uma forma
logica. Isto ajuda a que resistam muito em termos de tempo.
2- O conceito de relação jurídica é definido de certa maneira e transmutado em
várias áreas- Opinião da Professora Regente Maria do Rosário Palma Ramalho:
mas este conceito aplicado a diferentes partes do código não seria o mais
correto (relação é dirigido a pessoas, falaremos de situação).
3- A parte geral do BGB é muito mais teórica- Opinião da Professora Regente
Maria do Rosário Palma Ramalho: conceito de que parte é fabricado, teórico e
abstrato. Mas é um instrumento técnico que não tem significado cultural por
si só para o comum cidadão. Técnica do BGB é relativizar a realidade social da
pessoa, transpondo para uma realidade jurídica.

História do Direito Civil Português-

O Direito Civil Português era o ius civile romano vigente em Portugal. Basicamente a o
Direito Civil Português é de base romano, antes do iluminismo, são objetos de
compilações, não há grande organização e sistematização. É influenciado pelos
canonistas nas receções da Idade Média.

Nascem as primeiras compilações de normas civis

 Ordenações Afonsinas (1446-1447, D. Afonso V)


 Ordenações Manuelinas (1512-1514, D. Manuel I)
 Ordenações Filipinas (1603, D. Filipe I)

Após estas ordenações compilações normativas com critérios fragmentários,


agrupados sem critérios lógicos nem técnico-jurídicos. Direito ainda não codificado.
Englobam também normas de Direito Público, Penal, Processual e etc.

Há uma grande proliferação das fontes do Direito (A par das ordenações)


Fontes sem coordenação entre elas e provenientes de períodos históricos diferentes,
assim ordenações tentaram diminuir essa multiplicidade, mas em muitas áreas eram
consuetudinárias tendo um carácter regional ou local.

O Lei da Boa Razão (século XVIII) - Esta lei veio tentar unificar as fontes do direito
afirmando que as normas escritas prevalecem sobre tudo o resto. Porém, a par com as
ordenações vigoravam outros diplomas avulsos; leis extravagantes como o direito
romano, o direito canónico e entre outras. Pelo que o problema apenas diminuiu de
intensidade.

No século XIX, os autores portugueses bebem do civilismo francês e temos um período


de pré́-codificação, de que os compêndios de Pascoal de Mello são exemplo por se
basearem nas institutiones. Em síntese a Lei da boa razão significa que as fontes
escritas prevalecem sobre as demais.

Marquês de Pombal realizou uma reforma nas universidades dentro do direito civil
sendo influenciado pelo Código Napoleónico. Já o Código de Seabra assenta no
individualismo e adquire alguns conceitos novos
Decorre do código alemão de BGB após as críticas do Seabra, foi alvo de algumas
reformas após a revolução de 25 de abril, após a entrada de Portugal na CEE e por
último a reforma Simplex de 2005,

Código de Seabra (1867)

1º Código Civil Português

- No âmbito de um sistema económico liberal, de matriz de sistemática civil


racionalista e baseado nos ideais liberais da revolução francesa (integra-se no sistema
napoleónico).

- É “filho do seu tempo” na sistemática de princípios e soluções.

- Assenta na tradição românica – Mantém institutos que já figuravam no Direito


anterior.

- Manteve a linha das ordenações para estar adaptado ao povo.

- Foi útil para sedimentar conceitos, dar soluções adequadas e permitir o tratamento
mais avançado das questões.

Dividia-se em quatro partes:

 Capacidade Civil: normas para o exercício dos direitos;


 Aquisição dos Direitos – Originários (da natureza do homem), de aquisição
voluntária (contratos), por força da lei ou de outros (sucessões);
 Propriedade;
 Ofensa de Direitos e reparação;

Este código esteve em vigor 100 anos – sobreviveu à República e a grande parte do
Estado Novo.

Principais críticas feitas a este código:

- É centrado no individuo e menos social que os do século XX (dirige-se


demasiadamente para o valor e a dignidade da pessoa).

- Excessivamente lacunoso – Dá lugar a muita legislação extravagante, ou seja,


legislação o que não está no código

Código de 1966 (Código Vaz Serra) - Código Civil atual

 Autores que elaboram o código: Galvão Telles, Gomes da Silva, Paulo Cunha,
Vaz Serra, Pires de Lima
 Mudança de paradigma cultural e sistemático, na receção ao pandetismo –
trabalhos de Guilherme Moreira e etc. Adota-se a classificação germânica.
 A nível de fontes, consagrou-se o pensamento da sistemática integrada com
todas as consequências no plano científico e cultural.
 É o resultado de uma reflexão e maturação: daí ser continuar estável até agora.
 A legislação complementar é também importante pois são diplomas
necessários para aplicar as normas civis. Ex: Código processo civil, Registo Civil
e Predial e entre outros.
 Está sujeito às mesmas críticas que o BGB alemão.
 Resistiu ao 25 de Abril e foi alterado em 1977

Principais alterações realizadas neste código em 1977:

-> O seu carácter estrutural: alteração do quadro social vigente; novos princípios da
sociedade. Ex: idade da maioridade, dos 21 para só 18 anos, alterou-se o regime da
emancipação; desapareceu a figura do chefe de família; desapareceram as
incapacidades da mulher casada

-> Os institutos ou matérias são criadas e outra mutáveis. Algumas mais delicadas são
mais vezes alteradas. Ex: contratos (Artigo 410), arrendamentos, propriedade
horizontal – ganham uma legislação independente.

-> É alterado também na adesão ao Euro e sob o programa Simplex em 2005 de modo
a existir menos burocracia.

Aula Nº4

Ler livro- Direitos fundamentais e de Direito Privado- Claus-Wilhelm Canaris

O nosso CC está de acordo com o BGB- Parte geral e partes especiais

Parte geral tem normas gerais- (matéria de IED) supostamente é de índole privada,
mas abrange os dois ramos do Direito, é relativamente à aplicação da lei- Capítulo I e
II

Normas de Direito Internacional Privado- Capítulo III- Existência de um complexo de


normas que está relacionada com mais do que um ordenamento jurídico

Normas sobre Direito de Personalidade- São direitos que estão integrados na nossa
sociedade, são inerentes ao facto de sermos pessoas e da existência da pessoa,
regulam e fundamentam os direitos e liberdades fundamentais
Conceito relação jurídica- Relação da vida social que tem relevo jurídico e é
regulada/tutelada pelo direito, a partir do momento em que há duas pessoas. Manuais
mais antigos serem chamados do Teoria Geral da Relação Jurídica- Manuel de Andrade

Principais elementos do conceito de relação jurídica

1 elemento- Os sujeitos da relação jurídica- Esta relação é constituída por pelo menos
duas ou mais pessoas- Este tema é mais desenvolvido a partir do artigo 66 do CC, há
ainda distinção das pessoas singulares e pessoas coletivas.

2 elemento- Os bens- Os bens materiais e imateriais em que as relações jurídicas se


inserem- Presente a partir do subtítulo II, tipos de bens e os tipos de vínculos sobre os
bens, objeto de compra ou de troca, entre outros

3 elemento- O facto jurídico- Este elemento aborda certos aspetos da relação jurídica
como o está na origem, este tem o poder de modificar ou extinguir a relação jurídica
existente. O facto jurídico revela uma grande importância para o negócio jurídico, este
elemento está presente desde o artigo 217 até ao artigo 294 do CC.

4 elemento- A garantia- O modo de exercício dos direitos, o código civil dedica-se


também à proteção jurídica e à garantia da relação jurídica, estando presente no artigo
334 e seguintes do CC

Esta nova doutrina tem criticado este conceito de relação jurídica por fenómenos
técnicos e culturais. Este conceito não é nem está igualmente apto para explicar
todas as situações reguladas pelo Direito- No caso de técnica nem todas as situações
que ocorrem na nossa vida sugerem dois sujeitos, isto ocorre apenas em certas
situações; Do ponto de vista cultural é um conceito excessivamente abstrato e
técnico, deixa de lado a pessoa de parte como centro do direito civil, assim deixa de
lado o eu essencial do direito, a pessoa perde a sua importância.

Em conclusão a crítica técnica é a crítica mais relevante, vamos usar um conceito


alternativo, no caso o conceito de situação jurídica, é mais amplo e abrangente

Situação jurídica- É uma situação da vida com relevância jurídica, por exemplo ir
cumprimentar um amigo é de relevo social apenas e só, porém se for pedir um café é
de relevo social e jurídico.

Existem dois tipos de relações jurídicas pelo Professor Manuel de Andrade

Situação jurídica relativa VS absoluta


Situação jurídica relativa – Quando se pressupõe uma relação entre duas pessoas,
sujeito A e sujeito B em sentido inverso uma em relação à outra. Encontram-se em
contraposição, ou seja, opiniões opostas entre dois sujeitos. Precisa de se equacionar
com outra de sentido inverso. Por exemplo um é o devedor e o outro é o credor.

Situação jurídica absoluta – Quando não se pressupõe a existência de uma relação de


sentido inverso. Existe por si, sem dependência de uma de sentido contrário. Por
exemplo não existe o ser dono e o ser possuído – Devido a estas situações, não se
deve falar de relação jurídica. Todas as pessoas têm de respeitar o meu direito de
propriedade sobre a minha pasta por exemplo.

Características principais do conceito de situação jurídica

-É uma situação relativa a pessoa, o direito só faz sentido com as pessoas, com a vida
destas, o direito civil é para as pessoas, concessão personalista

-É um conceito técnico que ajuda a organizar o Direito

-É uma situação social, tem de ter uma manifestação de externa, não confundir moral
com direito. Por exemplo pensar em dar um estalo no vizinho- Não tem relevo jurídico,
já se eu der esse estalo ao meu vizinho- Isso já tem relevo jurídico. O Direito é uma
ordem social que lida com ações e não com intenções.

-É uma realidade que é intermediária entre um facto e uma norma. Entre o facto
(ação) e a norma (consequência), trata-se de um facto, mas não de uma norma
jurídica. Por exemplo se eu não cumprimentar alguém que conheço por exemplo, pode
ter consequências morais, mas não jurídicas

Qual a vantagem do conceito? - Não exige um sujeito do outro lado, uma relação
vinculada entre dois sujeitos, conceito mais amplo e abrangente.

Ler situações jurídicas do professor Oliveira Ascensão

Aula Nº5

Situação jurídica- Situação da vida com relevância para o Direito

Distinção de situações jurídicas

Situações simples e complexas- Principal critério é o conteúdo, quando uma situação


não é decomponível em outras situações jurídicas então é simples, o seu conteúdo não
é complexo, por exemplo;
Quando o conteúdo é decomponível em outras situações jurídicas é então uma
situação jurídica complexa. Detém um carácter técnico. As situações jurídicas simples
não podem ser mais divididas; tem um único elemento e ao ser retirado do seu
conteúdo um qualquer fator, torna-se inteligível. Por exemplo- A tem direito a exigir
100 euros de B – é simples pois nada mais pode ser retirado. Já as situações jurídicas
complexas são formadas por outras situações jurídicas e admitem a sua decomposição
em mais simples. Por exemplo ser casado tem outras situações jurídicas associadas
como os deveres conjugais e etc.

Situações unisubjetivas e plurisubjetivas- Está em causa o titular da situação jurídica,


todas as situações jurídicas são subjetivas, quando se referir a apenas a um sujeito
então esta é unisubjetiva. Se estiver em causa vários titulares/sujeitos então esta
situação jurídica é plurisubjetiva por exemplo comprar uma casa, proprietário e
comprador, há vários tipos plurisubjetividade. Assim, em síntese, a situação
unissubjetiva é quando só há um sujeito em relação, já a plurissubjetiva é quando há
vários sujeitos na relação

Situações absolutas e relativas- Critério se as posições são interdependentes umas das


outras, se não houver comprador não há vendedor, se assim for é uma relação jurídica
pois existe simetria, dependente de tudo o resto, situação jurídica absoluta. De forma
mais sintética e concisa a situação jurídica relativa é quando se pressupõe uma
relação entre duas pessoas em sentido inverso uma em relação à outra. Precisa de se
equacionar com outra de sentido inverso, por exemplo um é o devedor e o outro é o
credor. Já situação jurídica absoluta quando não se pressupõe a existência de uma
relação de sentido inverso. Existe por si, sem dependência de uma de sentido
contrário, por exemplo não há o ser dono e o ser possuído – Devido a estas
situações, não se deve falar de relação jurídica

Situações patrimoniais e não patrimoniais- Principal critério é a natureza económica,


se tiver conteúdo patrimonial e económico então é uma situação jurídica patrimonial,
quando é avaliado em dinheiro, caso não o seja não é patrimonial ou então é pessoal
(A professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho não gosta no conceito de
pessoal) não tem valor patrimonial, os dois conceitos podem coexistir por exemplo um
quadro pode valer e outro não. A situação jurídica patrimonial tem uma avaliação
económica em dinheiro. Em sentido contrário, a situação não patrimonial (Conceito
que a professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho prefere) não é possível
ter uma avaliação monetária. Por exemplo quando alguém morre, ouvimos nas
notícias que há uma indemnização- É falso. Há sim uma compensação não para atribuir
o valor que tinha, mas para atenuar a dor. Menezes Cordeiro: Critério tende a perder
nitidez pois todas as situações tendem a poder ser avaliadas em dinheiro. Em muitos
casos não se consegue distinguir a situação jurídica nestes dois conceitos.
No entanto o facto de uma situação ser não patrimonial, não implica necessariamente
a inexistência de um pagamento, como por exemplo nas circunstâncias de
indemnizações em circunstâncias de danos físicos humanos, em que o seu intuito será
então a compensação face a esse dano. A distinção destas situações evolui ao longo da
história, pois em cada época existe uma consideração de bens diferente (exemplo da
escravatura)

GRANDE ENFASE A ESTE TIPO DE SITUAÇÃO JURIDICA POR PARTE DA


REGENTE

Situações analíticas e compreensivas- O critério cultural, está relacionado com o


modo como percecionamos a realidade, compreensiva; Analítica não tem uma carga
cultural. A situação jurídica compreensiva tem critérios jusculturais que se formam na
história (autonomização cultural) e englobam múltiplos elementos – Englobam várias
analíticas. Por exemplo direito da propriedade da caneta, compreende toda uma série
de direitos relativos à propriedade como o direito de escrever com a caneta. A situação
jurídica analítica ao analisar parte do universo, identifica-se, aprofunda-se, afunila-se
de forma a restringir a situação apenas ao que nos interessa – nasce da análise.

Por exemplo compreensiva: Casamento; Analítica: Marido pode coabitar com a


esposa? /Marido pode bater na mulher?

Situações ativas e passivas- Maiores complicações práticas- Critério conteúdo


essencialmente vantajoso e desvantajoso, se uma situação jurídica for
essencialmente vantajosa então é ativa, se for uma situação jurídica for
essencialmente desvantajosa é essencialmente passiva. A situação ativa titular em
vantagem, o sujeito tem o poder de determinar, pela sua vontade, os efeitos, dispondo
deles – Coloca os sujeitos sob a vontade do próprio, por exemplo- Poder parental, está
em posição preponderante de autoridade. Já a situação jurídica passiva o titular está
em desvantagem. Efeitos jurídicos na dependência de uma pessoa que não o próprio.
Por exemplo do contrato resulta para as partes tanto situações ativas como passivas –
o comprador tem situações ativas porque poderá vender, mas passiva porque terá de
dispor do bem se lhe for pago.

No direito subjetivo está presente as situações jurídicas ativas, já no dever está


presente a situação jurídica passiva

Não se esgotam nestes conceitos, não esquecer os outros tipos de situação jurídica
Direito subjetivo- É uma categoria com imenso peso cultural, o que o indivíduo pode
fazer, não é só um conceito técnico, figura de criação moderna, não existia no direito
romano, é produto do racionalismo, é um direito mais abstrato e exige um grau de
abstração e pressupõem que a ordem jurídica se pode resolver em tribunais, o debate
o sujeito começou nos século XIX e XX- produto do individualismo e do livre-arbítrio,
num estado do século XXI é importante pensar na categoria de direito subjetivo

O direito subjetivo possui imenso peso cultural, é uma figura de criação moderna, o
debate sobre o direito subjetivo verifica-se essencialmente a partir do século XVIII e
XIX, não sendo um embate fechado. Existe uma fase de afirmação que se ira verificar a
partir do século XIX, que se deve a Savigny e a Garyn, existirá uma fase posterior de
maior ceticismo sobre o direito subjetivo, sendo afirmado por alguns autores que este
será demasiado abstrato e que não é uma categoria relevante, esta fase coincide com
a tomada da Europa pelos regimes autoritários. Esta fase ira cessar, e será substituída
por uma recuperação deste conceito. Síntese

Três fases do direito subjetivo- Existiram muitos avanços e recuos

Fase de descoberta/afirmação- Século XVIII/XIX- Correspondente ao direito de


poder, conceção de Saviny, este era liberal e individualista, representava as ideias do
seu tempo. Defende o poder da vontade, é do seu tempo, mais especificamente
defende convicções liberais e individualistas O direito subjetivo é um direito do
poder, faz porque quer, detém o poder da vontade. Está sujeita a críticas de carga
cultural o direito subjetivo. Por exemplo este não é um conceito meramente técnico,
ser um poder das pessoas; Outra critica muito importante é o facto da pessoa ter um
poder que não quer ter ou não tem conhecimento que o tem; É excessivamente
arbitrário, os sujeitos presentes no direito. Desenvolvimento por Savigny- O direito
subjetivo é o poder da vontade. Isto implica dois conceitos: ideia de liberdade e livre-
arbítrio, e o poder da vontade. Esta teses possui um grande mérito, mas pode ser
submetida a críticas, nomeadamente a grande evidencia da carga cultural, não será
então um conceito técnico. Este conceito encontra-se em vigor até hoje,
necessitamos de um espaço de livre-arbítrio, no entanto esta concessão não cobre a
diversidade de situações jurídicas inerentes ao direito subjetivo. A vontade pode não
ser ou ser relevante. Assim existem direitos subjetivos que não possuem vontade
juridicamente relevante. Esta concessão sujeita-se a outra critica, excessivamente
arbitrária. A vontade dos sujeitos deve ser temperada através do exterior, ou seja,
da ordem jurídica

Fase de ceticismo- Ocorre nos anos 20 e 40 do século XX, a Europa encontrava-se no


momento da ascensão das ideologias e regimes totalitário, ideologias negacionistas.
Assim há o surgimento de teorias protecionistas. Por exemplo- Lawrence defende uma
conceção derrotista e empírica através da classificação das situações jurídicas e a não
definição destas. Estas conceções não empíricas queriam deitar 100 anos de discussão
por água abaixo

Fase de recuperação- A partir dos anos 50 do século XX, esta procura fazer a síntese, é
a escola jurídico formal
Aula Nº6

Saviny foi o principal teorizador do conceito de Direito Subjetivo- Vontade tutelada


pelo Direito. É o poder da vontade. Reconhecimento ao sujeito titular do direito de
vontade e liberdade – alguém detém o poder porque quer. Como pandectístico, pega
no Direito Romano vigente na Alemanha e cria uma teoria onde as pessoas têm
direitos.

Direito Subjetivo: Vontade tutelada pelo Direito - É o poder da vontade.


Reconhecimento ao sujeito titular do direito de vontade e liberdade – alguém detém o
poder porque quer. Por exemplo- O proprietário (que tem vontade, apetência para
ter algo) pode arrendar ou dispor desse algo.

- Conceção voluntarista e subjetivista – deu respostas a vários problemas jurídicos.


Liberdade jurídica das pessoas exterioriza-se na sua vontade e na sua atuação sobre os
bens.

- Não explica todos os direitos subjetivos

Em contraponto sobre esta conceção de direito subjetivo Jhering, conceção


objetivista, não na ideia de poder/vontade, mas sim na ideia de interesse que é
protegido pela ordem jurídica, noção finalista- Atende não ao conteúdo do direito, mas
sim à finalidade, posição de vantagem. Componente subjetiva o interesse, representa
interesse que a ordem jurídica que representa a aptidão de bens. Direito subjetivo não
pode ser apenas poder da vontade (é dispensável) pois os bebés não têm vontade,
pessoas em coma ou desmaio não têm vontade – logo não poderiam ter direitos
subjetivos.

Direito Subjetivo: Interesse tutelado pelo direito/Interesse juridicamente protegido

- O que me é útil, a mim. Não basta ter o poder, tem de conduzir a um interesse.

- Segurança jurídica do aproveitamento dos bens – tutela do interesse.

- Críticas- Direitos genéricos (Que interessam ao geral) – “Interesses reflexamente


protegidos” – são apenas interesses, não direitos. Por exemplo- Temos interesse que
não haja poluição, mas não temos domínio sobre as fábricas poluentes da China, nem
direitos subjetivos sobre elas.

Conseguimos sempre encontrar interesses no Direito Subjetivo, mas nem todos os


interesses são direitos subjetivos
O conceito de direito subjetivo é um conceito mal-amado, a doutrina não gosta
muito, o interesse é pouco relevante, a professora regente Maria do Rosário Palma
Ramalho considera que é um conceito super útil do ponto vista jurídico, é um
conceito importante em geral. O professor Menezes Cordeiro, não gosta deste
conceito de Direito Subjetivo

Distinção entre as duas- A teoria de Jhering é menos voluntarista, recorre a uma


componente finalista

Principais críticas- Excessivamente técnica, num conceito de interesse e não do


sujeito, insuficientes da conceção, não corresponde a qualquer interesse, tem de
existir um interesse específico.

Não é só vontade nem só interesse.

- Regelsberger: Direito subjetivo -> Ordem jurídica faculta a uma pessoa a realização
de um fim, reconhece e protege esse fim. Ou seja, por um lado na primeira parte
defende o interesse e a sua prossecução, e na segunda parte atribui a essa pessoa um
poder.

Críticas: Não se deve confundir direito e poder e o interesse é apenas titular do direito.

- Gomes da Silva: Afetação jurídica de um bem ao interesse subjetivo da pessoa –


criticada porque pode originar deveres. Ao ter um domínio sobre o poder, está em
posição ativa e geram-se deveres.

Críticas: A afetação jurídica de um bem não equivale o próprio direito, pois há


afetações jurídicas que correspondem a deveres ou deveres-poderes

- Oliveira Ascensão: Posição de vantagem que resulta da afetação de um bem aos


fins de uma determinada pessoa.

- Miguel Teixeira de Sousa: Situação objetiva que resulta de uma permissão de ação
ou de omissão. Alude à posição do sujeito (titular do direito) quanto a um
determinado modo de atuar.
- Paulo Cunha: Poder conferido e assegurado pelo Direito objetivo de realização de
um interesse mediante uma vontade que o exerça e defenda.

- Menezes Cordeiro: Omnipresença de uma ordem de liberdade e de


autodeterminação. Liberdade concreta no desfrutar de vantagens precisas
relacionadas com a afetação de bens que ficam na disponibilidade da atuação do
sujeito.

Escola jurídico-formal: É difícil definir Direito Subjetivo (figura rica e complexa), deve-
se apenas identificar a estrutura:

Permissão normativa específica de aproveitamento de um bem - É um Direito


Subjetivo porque a ordem jurídica permite algo a uma pessoa concreta. Por exemplo-
Quem pode andar no meu jardim? O proprietário e quem eu quiser. Quem pode andar
nas ruas de Lisboa? Toda a gente, não é então um direito subjetivo.

- Ao ter essa permissão está-se em vantagem em relação a outros.


- Só́ se tem o poder que a norma permite – destinado a aproveitar os bens, é útil a
alguém.

Pedro Pais Vasconcelos: distingue estrutura de função/conteúdo


- Tudo o que for lícito para proteger ou só que fazemos da coisa. Por exemplo-
Legítima defesa, ir a tribunal, entre outras.

O Direito subjetivo é o expoente máximo da situação jurídica (ativa e complexa).

Classificações de Direito Subjetivo:

Direito Estrito

 Assenta na estrutura do direito em causa e nos efeitos que ele produz.


 Palma Ramalho e Menezes Cordeiro: Permissão normativa de aproveitamento
de um bem.

Não têm os direitos que querem, mas os que a ordem jurídica confere –decorre da
norma.
Direitos Potestativos

 O titular do direito, por si só́, pode alterar a esfera jurídica de outro.


 Poder para alterar uma situação jurídica de outro, que apenas tem de suportar
essa alteração unilateral. Por exemplo- A tem prédio encravado, atrás do
terreno de B. A tem direito de passar pelo terreno de B – que nada tem de
fazer, apenas suportar o facto.

Critério de sujeição

 Posição de poder fazer algo que, sendo feito, altera a esfera jurídica de outrem.
Por exemplo- Aceitar ou rejeitar a proposta contratual de comprar: pode surgir
uma situação jurídica nova de um contrato. Há uma liberdade de aceitar ou não
– aproveita uma permissão concedida por uma norma para alterar a esfera
jurídica
 O efeito jurídico de um poder potestativo é quando cria, modifica ou extingue
uma situação jurídica. Por exemplo- A tentar vender a caneta. Coloca na esfera
jurídica de B o poder potestativo de aceitar ou não. B recusa. Usou o seu poder
potestativo pois extinguiu a situação jurídica que se criou.
 Tem efeitos imediatos mesmo que não se goste.
 A lei conferida ao titular é vista como um bem que fica ao seu próprio critério
de uso.

Principais critérios de classificação:

Com destinatário e sem destinatário

Com destinatário – Por exemplo- Compra e venda – A outra pessoa está em sujeição,
mas o sujeito passivo nada tem de fazer

Sem destinatário – Por exemplo encontra algo na tua, altera a minha esfera jurídica
pois passo a ser dono – Só́ há alterações na esfera jurídica do titular do direito. Mas é
um direito do eu perante o nada/toda a gente.

De exercício judicial e extrajudicial

Exercício judicial – Só pode ser exercido por intermediação judicial, exige intervenção
do Tribunal

Extrajudicial - Apenas por manifestação da vontade


Constitutivo, Modificativo, Extintivo

Constitutivo - O exercício do direito dá lugar a uma situação jurídica nova. Por
exemplo- Ao comprar algo, dá lugar ao direito de propriedade sobre isso.

Modificativo - Altera o conteúdo de uma situação jurídica já existente.

Extintivo - Efeito do exercício do direito é o cessar de uma situação jurídica.

Patrimoniais e não-patrimoniais

Patrimoniais - Quando o Direito incide sobre um bem com valor económico.

Não-Patrimoniais - Quando incide sobre bens não avaliáveis em dinheiro (é diferente
de não ter existência física)

Crédito, reais, familiares, sucessórios

Direitos subjetivos na técnica do nosso Código Civil. Direitos das pessoas enquanto
tais – Parte Geral

Fase de ceticismo- Existem teorias para dar e vender- Negam a utilidade de direito
subjetivo, são desenvolvidas principalmente em França.

Aula Nº7

Existem situações ativas que não estão relacionadas com o Direito Subjetivo

O professor Menezes Cordeiro aborda o conceito de faculdades como sinonimo de


conjuntos poderes. Faculdades é um agregado de poderes, o que falamos em
poderes? A professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho discorda e usa
apenas o conceito de poderes

Conjunto de poderes e outras posições jurídicas unificados numa designação comum-


Artigo 5/20 e 1305 do CC permite ao proprietário utilizar daquilo que é sua
propriedade
Poderes- Manuel Gomes da Silva- Disponibilidade de meios para a obtenção de um
fim, é aquilo que permite alguém chegar a um objetivo. Situação jurídica analítica, o
direito subjetivo é uma categoria ampla e com carga axiológica enquanto o poder é
uma categoria simples e técnica – Artigo 1305º

Poderes materiais- Meios essencialmente materiais, fazer algo como pintar uma casa

Poderes jurídicos- Meio de atuação é o ato jurídico: Poderes constitutivos, (Nova


situação,) extintivos (Fim de uma situação jurídica) e modificativos (Poder de
modificar uma relação jurídica, como por exemplo um contacto de arrendamento) de
modo a ter um fim jurídico, diferente não podia ser

Poderes de gozo- O que tem a ver com a relação de alguém com um bem, permite o
aproveitamento de uma coisa- Artigo 1305

Poderes de crédito- Exigir de alguém uma conduta. Exigência uma conduta alheia, tem
uma obrigação, um poder com correlação com valor de obrigatoriedade- Artigo 397

Poderes de garantia- Desencadeia mecanismos de responsabilidade, esquema de


responsabilidade patrimonial

Poderes potestativos- poder de modificar a esfera jurídica de outra pessoa


independente da vontade dessa pessoa, independentemente de aceitar ou não

Poderes autónomos- independente da sua integração das situações jurídicas mais


vastas

Poderes integrados- Relativo a situações jurídicas mais amplas, ou seja, num


aglomerado de situações jurídicas mais vastas

Poderes Funcionais

• Poderes deveres: vinculam ao exercício desse poder, associado a uma função.


Elemento de vantagem ténue. Por exemplo poder paternal, educa-se o filho como
quer, mas essa educação, que é um direito de escolha dos pais, é exercido pelo
interesse do filho. Poder Hierárquico

• Poder Altruísta: poder exercido para defender os destinatários do poder e não o


próprio titular.

Exceções
• Permite ao respetivo titular não cumprir o dever, ou adiar. A vantagem é a exceção
que permite não cumprir esse dever (logo é uma situação jurídica ativa) – conteúdo
fundamental da exceção é vantajoso

• Meio de defesa. Invocam-se as exceções parasse defender. Usamos o nosso direito


para nos defender.

➔ Perentória – Se isenta do cumprimento do dever para sempre. Ex: prescrições

➔ Dilatória – Adia/protela o cumprimento do dever. Ex: A não paga o código que


comprou de B pois este ainda não lho entregou.

Expectativas (Juridicamente tuteladas)

• Situação jurídica em que há́ expectativa tutelada juridicamente, mas ainda não há́
um direito – pois os direitos consomem as expectativas.

• Interesses indiretamente protegidos – Não dão lugar a direitos subjetivos, mas


disfrutam de uma tutela eficaz que preserva os bens em jogo.

Ex: A convence B que vai assinar contrato de promessa compra e venda. B, nessa
expectativa pede crédito para pagar o sinal. No último instante, A desiste.

Expectativa juridicamente tuteladas/meramente jurídica- “Meio caminho entre a


esperança material e o direito subjetivo” - Entrar no curso de direito e acabarem o
curso com o diploma. Pode dar lugar a uma proteção jurídica- artigo 273 permitindo
que alguém que tem uma posição para legitimar como herdeiro forçado- tem
reservado de uma quota do património

Expectativa de facto complexo de redução sucessiva- Conjunto de factos articulados


cronologicamente, não se produzem ao mesmo tempo, mas sim sucessivamente e que
podem produzir o surgimento de uma situação jurídica ativa, corresponde em termos
finais numa proteção

Poderes deveres/ Poderes funcionais- Obrigações especificas de aproveitamento de


um bem, não se atribui, impõem-se, não funciona do próprio titular do poder, deve
fazer o aproveitamento do bem, não numa vantagem para si próprio, mas sim para
um terceiro- artigo 1885- efeitos jurídicos na esfera jurídica de outrem

Proteções reflexas e indiretas


Tutela os interesses de alguém impondo deveres a outrem. Mas o que é protegido
não tem o direito subjetivo pois ele beneficia reflexamente do facto de a outra
pessoa cumprir um dever.

Por exemplo- Norma ambiental penaliza fábricas poluentes, quem vive perto
beneficia/ Obrigação de vacinação- Vantagem indireta em cada uma das pessoas-
Artigo 483

Se a alguém é imposto um dever, este deve traduzir-se em vantagens difusas estas


são proteções reflexas e indiretas.

Por exemplo- Até em salvas exceções 16 e 18 anos quando em situação de


emancipação, equiparação a maior de idade é assim um menor emancipado. Os
menores estão sujeitos ao poder funcionais dos pais para tutela, proteção e
desenvolvimento dos filhos (os efeitos desta tutela não se manifestem no
representante- pai, mas sim no representado filho. Está aqui representado o poder
que o pai tem de fazer efeitos jurídicos na esfera jurídica dos filhos sendo o
representante do interesse dos filhos

Situações Jurídicas Passivas- Coloca o titular numa posição desvantajosa em que está
dependente de um terceiro quanto à produção dos seus efeitos.

- Situações jurídicas passivas modelares é a obrigação, definida no artigo 397 CC


como alguém que está restrito com outra pessoa/outrem através de uma prestação
(coisas ou facto)

- Os titulares destas situações jurídicas estão sujeitos a normas que proíbem e outras
que impõe certos comportamentos – está-se juridicamente obrigado a essa situação
desvantajosa. Até se pode gostar dessa situação desvantajosa. Por exemplo- Gosto de
saber os segredos e não poder contar a ninguém pois tenho obrigação de sigilo.

- Tem de se ver na lei quem está do outro lado da situação passiva – quando o lado
ativo é toda a gente/ninguém, normalmente é o Estado (Ministério Público)

Obrigações

Artigo 397º do CC – Vincula juridicamente a realização de algo (uma prestação)

• Menezes Cordeiro: Situação Jurídica Passiva Compreensiva. Pode-se decompor, e


descobrem-se situação não passivas. Funcionam sempre em relação – Se alguém tem
uma obrigação, outrem tem direito de crédito
Relação obrigacional: MC não aplica pois, podemos ver só́ as obrigações ao ver um
caso... Seria uma obrigação de mim perante o resto do mundo

Dentro de uma relação jurídica – pois nasce das 5 fontes das obrigações:
Acontecimentos que existem na sociedade em que há relações:

- Prestações de Facto

Entrega de coisas através da

 Prestação principal
 Prestação secundária: complementa a prestação principal

Por exemplo- Contrato para criar um site (prestação principal), fornece ao empregado
um computador (prestação secundária).

Obrigações de Suportação

Existem ainda obrigações de dare, de facere (que podem ser: Fungíveis – um terceiro
realiza a ação, Infungíveis – obrigação de executar o dever), de facto positivo, de facto
negativo, de pati (De suportação – alguém faz algo na nossa esfera jurídica que, em
princípio, não poderia ter lugar)

Por exemplo- Obrigação do vizinho suportar que eu coloque um andaime no terreno


dele para pintar a minha casa pois fizemos um contrato em que ele se obrigava a fazê-
lo.

Deveres- Juridicamente está-se vinculado a realizar esse dever.

É não relacional – Não é necessário a uma relação jurídica e a sua violação é um ato
ilícito.

Deveres Genéricos- O dever é a figura base.

➢ As outras pessoas têm o dever genérico de respeitar o direito de um indivíduo

➢ Atribuem a um sujeito o monopólio dos seus deveres ligados a uma única coisa
(exclui todos quantos não sejam titulares da situação considerada)
➢ Não dão lugar a comportamentos que possam, exclusivamente, ser exigidos por um
indivíduo a outro, não são direitos. Por exemplo- Que não se fume nos restaurantes, é
um dever genérico, mas nenhum outro cidadão pode exigir o cumprimento desse
dever embora possa advir sanções

Deveres Funcionais- Deveres não associados ao titular, mas à função que o titular
desempenha.

- Age assim por critérios impostos em virtude da função que desempenha

Por exemplo- Um poder potestativo funcional de dar a norma – relação com o aluno;
dever funcional de dar a nota – relação perante a faculdade, pois dá as notas em
função dos critérios de classificação e não porque odeia o aluno; no poder paternal há
o dever de educar, mas de acordo com o direito (não pode educar filhos para fazer
assaltos); Cavaco Silva, como Presidente da República nomeia o Primeiro-Ministro, não
porque gosta do candidato mas porque os deveres funcionais da sua função assim o
diz.

Sujeições- Lado passivo dos direitos potestativos.

• Alguém pode ver a sua esfera jurídica alterada unilateralmente por outra pessoa.
Sujeito ao direito potestativo de outrem. Sendo assim é irrelevante a vontade de quem
está numa situação jurídica de sujeição – pois o facto de o outro te rum direito
potestativo, produz de imediato efeitos na minha esfera jurídica independentemente
do meu querer.

Por exemplo- Poder paternal; poder de representação – quem se faz representar está
sujeito ao procurador

Ónus- Dever que proporciona vantagens, mas cujo cumprimento não pode ser
exigido.

São situações absolutas – Não estão numa relação jurídica.

• Para se ter uma vantagem tem de se sujeitar a uma desvantagem. Por exemplo
vantagem - Tirar o curso; Desvantagem - Estudar muito; Não temos o dever nem a
obrigação, nem é ilícito a sua não realização. Temos apenas o ónus. Sendo esta
situação jurídica que quando o “dever” é violado não é ilícito.

• Ónus jurídicos – Não há um dever (se houvesse, ao não ser cumprido agir-se-ia
ilicitamente) mas ao não se cumprir, não há sanções, mas não há vantagens – Assenta
numa permissão. Ex: Ónus da prova, não é um dever provarem-se os factos, mas ao
fazê- lo ganha-se o caso.
Menezes Cordeiro: É um regime particular que se distingue dos deveres e das
obrigações e é reservado para o direito processual

• Tem-se o Ónus de algo quando se invoca um direito. Ex: jornalista diz que jogador
jogou mal. Direito: liberdade de imprensa -> ónus de provar que é jornalista, ónus de
provar que a notícia é de interesse público e entre outras. Se provar tudo, pode ganhar
o caso e perceber que tem o direito de dizer mal

Aula Nº8- 11/10/2023

Institutos jurídicos- Instrumento de operacionalização: Conjunto de normas que


tomadas em conjunto revelam uma identidade cultural orientadora (Válido para
qualquer área do Direito).

É composto pelas normas que compõe os regimes jurídicos. A cultura dos juristas diz
que certo instituto é um Instituto pois em muitos regimes jurídicos do Direito Privado
vigora esse instituto – essa verificação é feita jusculturalmente.

Conjunto concatenado de normas e de princípios que permite a formação típica de


modelos de decisão.

Instrumento técnico jurídico que faz a síntese de um conjunto de normas com


carácter cultural e compreensivo.

Fornece quadros gerais – perpassa por várias normas para dar uma orientação geral.

Meio caminho da norma, e do princípio. Norma: gerais e abstratas, mas regulam uma
situação concreta. Têm previsão e estatuição. Princípios: orientações abstratas do
sistema jurídico. Detêm um grau de aperfeiçoamento científico da realidade a que se
reporta- Por exemplo ao falar de propriedade fala-se de direitos, deveres e imposições
– muito mais que as normas do código.

Tem em si uma enorme carga cultural e tem aspetos fundamentais da regulação


jurídica de uma certa categoria de situações – é um conceito retirado da realidade,
operacional e não meramente abstrato.

Institutos Civis- Valores na base da construção do Direito Civil – São os pilares


axiológicos do Direito Civil. Comunicam com simplicidade e eficácia um considerável
número de dados:
Personalidade – E a tutela da personalidade. Aborda o ser, ou seja, a pessoa e a
proteção dos direitos de personalidade

Autonomia privada – Liberdade contratual mais ampla -> O que o indivíduo pode
fazer; É o espaço de liberdade individual, livre-arbítrio

Responsabilidade Civil/Indemnização/Importação dos danos (Menezes Cordeiro) –


Imputação de danos, as pessoas devem ser responsáveis pelos danos que causam a
outros.

Boa-fé – Devem ter um bom modo de comportamento, este deve ser correto e leal

Propriedade – É algo relevante, as pessoas têm bens e sobre eles propriedade

Institutos jurídicos civis- Valorações fundamentais do direito civil, são os valores e os


princípios bases axiológicas e do direito civil- Categoria intermédia entre o conjunto
determinado de normas e os princípios

Personalidade e tutela

Os direitos de personalidade serão extensíveis às pessoas coletivas?

Menezes Cordeiro: Sim, os direitos de imagem, nome e entre outros são inerentes à
qualidade de pessoa coletiva.

Palma Ramalho: Não, os direitos são inerentes apenas à pessoa em sentido biológico.
Se o bem que é tutelado é a personalidade da pessoa em sentido ontológico, não faz
sentido aplicar ao resto. As pessoas coletivas têm é valores análogos tutelados pela
responsabilidade civil – o nome, a imagem e etc. Tem tudo efeitos para a
responsabilidade civil.

Abordagem personalista por parte da professora regente Maria do Rosário Palma


Ramalho, não é apenas um sujeito da relação jurídica, as pessoas são pré direito e a
finalidade deste são as pessoas. O Direito Civil trata das pessoas enquanto tais. A
pessoa em si mesma não é um instituto jurídico – pois é uma realidade pré-jurídica,
anterior a que Oliveira Ascensão chama “um dado pré-legal”. Pessoa extrajurídica.

Dado pré-legal – O ser humano no sentido ontológico, as pessoas em si

Pessoa Jurídica – Acrescenta algo à pessoa em sentido biológico ao contrário do dado


pré-legal– Centro de imputação de normas.

No Direito, uma pessoa jurídica pode ser não apenas a pessoa humana no sentido
ontológico, mas também uma organização: Assim as pessoas coletivas são diferentes
da pessoa singular (pessoa no sentido físico)
Personalidade jurídica- Suscetível de ser titular de direitos e de ficar adstrito de
obrigações: Pessoa é o ser humano apenas enquanto sujeito de direitos. Nas
sociedades antigas, havia pessoas no sentido ontológico que não eram pessoas
jurídicas: Por exemplo os escravos eram considerados como coisas. Atualmente: Toda
a pessoa biológica é uma pessoa jurídica.

Papel da pessoa biológica é que tende a ver uma correspondência entre ela e os
centros de imputação de normas jurídicas, direta ou instrumentalmente. A presença
de um centro de imputação de normas não equivale, por si, a qualquer modelo de
decisão. Para além desse aspeto, a pessoa no sentido ontológico do termo conduz ao
aparecimento de verdadeiros institutos – conjuntos articulados de normas e de
princípios que permitam a figuração de modelos de decisão típicos.

São a base: Situações jurídicas de personalidade.

Personalidade- Dado extrajurídico que se impõe ao Direito. Qualidade de ser pessoa


que o Direito reconhece a todas pelo simples facto de o serem, que se traduz no
tratamento jurídico das pessoas como pessoas, isto é, sujeito e não como objeto de
direitos e deveres, como originariamente dotadas da dignidade inviolável das pessoas
humanas que constitui um dado extralegal que o Direito respeita.

Direitos de Personalidade

 O instituto/figura civil que tutela as pessoas em sentido antropológico,


ontológico ou biológico. Primeiro eixo fundamental do Direito Civil é a
preservação da personalidade, da qualidade de pessoa em sentido biológico e
dos direitos inerentes (aquilo que tem a ver com a identidade de cada um) a
esta qualidade.

 O Código de Seabra: Direitos originários inerentes ao ser pessoa e impõe-se ao


Estado e a outros indivíduos. Núcleo basilar de bens juridicamente
reconhecidos. Por exemplo o direito à vida, integridade física, honra, reserva da
intimidade da vida privada, imagem, privacidade de correspondência e entre
outros. Fora da disponibilidade do legislador e dos próprios titulares

 Direito da pessoa sobre a própria pessoa – Domínio sobre uma parte da sua
esfera de personalidade: Classificações em círculo biológico (vida, integridade
física, saúde e etc.), círculo moral (integridade moral, bom nome, reputação) -
Geralmente não têm conteúdo patrimonial - círculo social (intimidade, nome,
imagem). Situações jurídicas ativas, não patrimoniais, originárias
 Em alguns casos podem-se fazer negócios jurídicos sobre direitos de
personalidade, como direito à imagem. Por exemplo- A imagem do Ronaldo
vende milhões e por isso a Nike usa-a para publicidade

O Direito da Personalidade-> Direito objetivo– Ramo do Direito o direito de


personalidade -> Direito subjetivo

 Direitos Privados- Ligados à qualidade de pessoa humana enquanto tal, são


inerentes à qualidade das pessoas, enquanto indivíduos- Como o direito à
privacidade

 Direitos Gerais/Universais: Assistem a todas as pessoas, não só a certas


pessoas devido ao sexo, raça, nacionalidade ou entre outras

 Direitos Absolutos: Impõe-se só por si, não precisam de uma posição jurídica
de sinal contrário. Artigo 483º CC- Quem vir os direitos de personalidade
desrespeitados pode pedir responsabilidade a quem lesou. Tem eficácia só por
si só

 Direitos não-patrimoniais: Não impede que não haja uma compensação


monetária pela violação dos direitos, mas não é reconstitutiva. Existem vários
tipos de não patrimonialidade:

- Não patrimonialidade em sentido forte – Não admite que seja permutado por
dinheiro (direito à vida)

- Não patrimonialidade em sentido fraco – Dentro de regras permite trocar por


dinheiro (Por exemplo- Boxe, em que dispõe da integridade física)

- Natureza patrimonial – Podem ser trocados livremente por dinheiro (direito à


imagem)

 Direitos Inatos: Decorrem diretamente do nascimento, quando nasce é titular


dos direitos. São direitos coessenciais à pessoa humana
 Direitos Perpétuos: Mantém-se do nascimento até à morte do titular (Artigo
71º CC). Após a pessoa morrer, fica em causa o direito dos vivos à memória

 Direitos Intransmissíveis: Ninguém pode transmitir os seus direitos de


personalidade. Eu não posso abdicar da minha honra e da minha privacidade,
existe uma margem de comercialização, porém não são totalmente
renunciáveis, é apenas daquele tempo específico

 Direitos Indisponíveis por princípio: Não são limitáveis. O próprio titular pode
aceitar restrições aos próprios direitos, mas com um regime de tutela especial
(Artigo 81º CC)

- Há certos direitos que são eventuais, a sua existência depende da verificação de


certos pressupostos. Por exemplo- Direito à confidencialidade da correspondência
implica que tenha havido correspondência.

Pessoas jurídicas/Técnico jurídico- Podem ser pessoas biológicas, mas também podem
ser pessoas coletivas (sociedade/associação/fundação/estado, entes públicos). A
professora regente não gosta do termo pessoas jurídicas.

Direitos de personalidade- Artigo 70º até o 81º do CC

Direitos de personalidade- Pessoas em técnico jurídico? Pessoas em dados pré-legal?


Interessam em sentido biológico, contudo alguns autores como o professor Menezes
Cordeiro afirma que são também pessoas coletivas pelo menos algumas

Distinguir os direitos de personalidade e dos direitos fundamentais

Tutela do direito de personalidade

Direitos de personalidade- O código não os define- São direitos inerentes à pessoa, à


esfera pessoal da pessoa, à vida, o nome, à honra e à imagem. Direitos de
personalidade de primeira grandeza porque a pessoa em sentido biológico são a razão
de toda a norma jurídica.

Constituição portuguesa- Os direitos fundamentais que são direitos de personalidade,


antes de existirem direitos fundamentais já existiam direitos de personalidade
Direitos originários- Código Seabra- Pedir a professora das práticas

Aula Nº9

Direitos Gerais de Personalidade

A pessoa é um bem para si e para os outros. Os bens de personalidade são necessários


ao ser humano biológico (vida, integridade física, saúde), ao ser humano moral
(identidade, nome, imagem, intimidade) e ao ser humano social (família, bom nome,
respeito).

Bens de personalidade – Aspetos específicos de uma pessoa, presentes e suscetíveis


de serem desfrutados pelo próprio.

A permissão normativa de um direito de personalidade (direito subjetivo) é especifica


de aproveitamento de certo bem de personalidade. É em relação a algo determinado
de alguém.

Artigo 70º - Tutela geral da personalidade

Atenção para conceito amplo de personalidade (física ou moral): Lei protege, está
protegida de lesão efetiva (ofensa ilícita) ou ameaça ao direito de personalidade
(ameaça da ofensa); quem violar os Direitos de Personalidade de outrem tem de ser
sancionado (sanção compensatória). A lei estabelece um conceito indeterminado
(providências adequadas)

Regra geral de proteção aos direitos de personalidade de bens necessariamente


existentes. Reconhece tutela geral de direitos de personalidade. Dá um conceito amplo
de personalidade – física e moral. Não diz respeito às ofensas, mas também às
ameaças de ilicitude. Dá respostas de como reagir num meio normal de ação –
Indemnização se bem que com margem para alguma reparação. É subsidiário dos
outros artigos.

No Nº2 há os “remédios” preventivos (evitam ameaças) e atenuantes (reduzir os


efeitos da ofensa) e a remissão para a responsabilidade civil.

Artigo 71º - Ofensas a pessoas já falecidas


Tutela o direito à memória – Estende os direitos de personalidade a pessoas mortas.
Os herdeiros têm legitimidade para requerer providências atípicas. Extensão da
personalidade depois da morte (Direito à memória [direito dos vivos])

Posições doutrinárias:

• Palma Ramalho: Pode dar lugar a indemnização

• Capelo de Sousa: Bens da personalidade física e moral do defunto continuam a


influir nas relações jurídicas e daí são protegidos.

• Pires de Lima e Antunes Varela: Proteção dos direitos de personalidade após morte
é um desvio à regra enunciada no artigo 68º

• Carvalho Fernandes: Não há extensão da personalidade jurídica, mas sim da


personalidade moral

• Leite de Campos: Familiares defendem o interesse do defunto

• Oliveira Ascensão: Protege-se a memória - Pode não haver indemnização.

• Mota Pinto: proteção de interesses das pessoas vivas que seria afetada por atos
ofensivos da memória do falecido

• Menezes Cordeiro: Protege a sensibilidade dos vivos

• PPV: Não se trata de tutelar a personalidade dos mortos, mas defender o direito que
os vivos têm de verem os seus mortos respeitados

A ofensa remete para o artigo 71º Nº1 conjugado com o artigo 483º.

Artigo 81º - Limitação voluntária dos direitos de personalidade

A lei permite, até um certo ponto, a limitação dos direitos de personalidade: tem de
ser voluntária, prescindível em qualquer momento, ilícita se contrária aos princípios da
ordem pública (conceito indeterminado). Pode ter efeitos patrimoniais, a lei admite.

Por exemplo: Eu vou ser o teu escravo por vontade própria, porém não é permitido;
Concorrentes de reality-shows podem revogar o seu direito à imagem a qualquer
altura e ir embora desse mesmo programa mas poderão ter de indemnizar os donos
desse mesmo programa

Remete para o artigo 280º


A vida não pode ser trocada por dinheiro, mas é lícito o voluntariado para experiências
médicas ou doações de órgãos (tudo gratuito) – Atividade altruísta e com utilidade
coletiva.

Unilateralmente vinculante – Só uma das partes o pode revogar livremente, devido à


natureza dos bens de personalidade. Apenas assim se garante que o titular do direito
não fica rigorosamente privado dele.

 Não é um sinalagma perfeito: O titular do direito tem um poder de exigir


judicialmente o cumprimento e invocar a exceção de incumprimento para reter
ou resolver o contrato.

Eficácia legitimadora- (torna lícita dentro de limites algo que sem consentimento seria
ilícito) e reguladora (torna lícito o negócio e regula o modo, regimes e termos).

Direitos de personalidade

Direitos Fundamentais: Posições jurídicas que são atribuídas as pessoas com particular
solenidade = Direitos liberdades e garantias (tutela mais forte) + Direitos subjetivos
com importante grandeza (Direitos dos cidadãos contra/perante o Estado) Violação de
Direitos Fundamentais leva à aplicação de sanção.

Principais Direitos de Personalidade: Vida, integridade física e moral, ao nome, à


igualdade, liberdade, iniciativa privada, entre outros

Eficácia civil/privada/horizontal dos Direitos Fundamentais: A relação não é entre o


indivíduo e o Estado, mas entre dois privados. Poder-se-á invocar um Direito
Fundamental entre privados? Normalmente, os Direitos Fundamentais dizem respeito
a posições desiguais entre as duas partes.

Principais posições doutrinárias acerca dos Direitos Fundamentais:

Gomes Canotilho – Radical: pode-se usar os direitos fundamentais quer em vínculos


públicos quer em vínculos privados
Jorge Miranda: Só se pode utilizar os direitos fundamentais nas relações privadas em
que haja um elemento de poder (semelhante a relação de Direito Público)

Menezes Cordeiro – E maioria dos civilistas: direitos fundamentais apenas para Direito
Público. Só se pode utilizar no direito Privado recorrendo a princípios próprios de
Direito Civil – só se admite a eficácia dos direitos fundamentais mediante a utilização
de princípios de Direito Civil.

Palma Ramalho: Meio caminho entre as opiniões de Jorge Miranda e de Menezes


Cordeiro – Os direitos fundamentais não têm eficácia civil, só apenas nas relações de
poder, mas com ponderação de colisão de direitos e quais os princípios a utilizar.

Os direitos de personalidade têm uma dimensão pessoal e uma dimensão familiar –


caso da reserva da intimidade, do nome, da violação da correspondência – também se
revelam factos da vida íntima de outras pessoas.

A responsabilidade civil sobre danos aos direitos de personalidade recai sobre o


património.

Aula Nº10

Direitos Especiais de Personalidade:

➢ Círculo Biológico – Direito à vida, direito à integridade física;

➢ Círculo Moral – Direito à integridade moral, ao bom nome ou reputação

➢ Círculo Social – Direito à intimidade da vida privada, ao nome, à imagem

PPV: Poderes que integram o direito subjetivo de personalidade. A dignidade humana


pode ser ofendida em diversos bens que a integram e para a defesa de cada um, o
direito de personalidade contém específicos meios ou bens, que beneficiam de
específicos poderes jurídicos (Poderes que são exercidos quando a dignidade humana
está ameaçada ou ofendida).

Direitos de personalidade não-explícitos no Código Civil:

Direito à Vida

Visa a preservação biológica do ser humano – quando está em causa a sobrevivência


(noutros casos é direito à integridade física) – assegura a preservação das funções
vitais do organismo biológico humano. Não admite compreensão nem se aceita a sua
supressão. Não admite limitação deste direito – nem por vontade do titular. Prevalece
sobre todos os outros e é indispensável, irrenunciável e não é alienável.

Não é autonomizado no Código Civil, mas é dado pelo artigo 70º, Nº1 pois a
personalidade física subentende-se como sendo a vida. Tem-se sobre ele uma tutela
fortíssima – pode ser por violação não consumada e há responsabilidade civil a ser
apurada.

Artigo 495º e 496º, sempre que se atenda quanto à personalidade física é grave. Só se
indemnizam os direitos de quem ficou prejudicado.

É um dos direitos que não estão no código- Direito à vida- artigo 24 da CRP, tutela da
preservação do organismo biológico humano, prevalece sobre qualquer outro direito,
se for necessário cortar o braço de alguém para manter essa pessoa viva então
prevalece o direito à vida sob o da integridade física

Colisão de direitos- Artigo 335- Exercício de um direito põem em causa o outro, os dois
devem ceder de forma a viabilizar a atuação dos dois- Se um for superior a outro então
é esse prevalece

Pode ceder em situações, direito à vida em causa de legitima defesa, fez um atentado
à vida de outro, porém este é justificável, direito de personalidade mais forte, direito
indisponível, inalienável, irrenunciável

Palma Ramalho e Menezes Cordeiro- Devia de se indemnizar pela morte, pois no


momento da morte surge o dano maior, que é transmitido aos descendentes. Quanto
maior for o dano maior a indeminização. A partir da morte da pessoa esta deixa de ter
personalidade jurídica

Há ainda uma margem de tutela civil preventiva e proibição da roleta russa e limitação
de práticas violentas.

Suicídio

O direito à vida é indisponível, nem mesmo pelo próprio – Ato ilícito.

Os contratos em que alguém se veja privado da sua vida, são nulos (contrários à
ordem pública – artigo 280º) – Tudo o que vise dispor do direito à vida é ilícito. O
consentimento do próprio é nulo – nos casos de auxílio ao suicídio, que são atos
ilícitos. Podem ser imputadas responsabilidades aos que tentam se suicidar e causem
prejuízos a terceiros e a ilicitude acentua-se.
Os suicídios falhados se tiverem danos para terceiros são indemnizáveis, por exemplo
se alguém se tentar queimar através do fogão e causar um incêndio no prédio e nos
outros apartamentos é passível o sujeito que atentou o suicídio indemnizar os vizinhos.

A questão da pena de morte

Portugal foi um dos primeiros países a abolir a pena de morte (artigo 24º da CRP) e
não extradita criminosos para países em que lhes possa ser aplicado tamanha pena.

O direito à vida é alienável e indisponível. Sendo a morte não reversível – Não é


possível corrigir erros.

A questão da eutanásia

Não preserva a vida inteligente e a supressão de uma pessoa é um ato antissocial –


não faz sentido para os interesses humanos em presença. Encurtamento da vida de
pessoas que estão em estado terminal ou em sofrimento – ato ilícito.

Penas aliviadas, mas, em Portugal é considerado homicídio. Tipos de eutanásia:

 Eutanásia ativa direta – O agente atua diretamente para encurtar a vida

 Eutanásia ativa indireta – O agente ministra substâncias para aliviar a dor (e


essa é a sua intenção) mas que provocam um encurtamento da vida. Não é
ilícito pois a intenção não é a de encurtar a vida.

 Eutanásia passiva- Ocorre quando os doentes em estado desesperado e


comprovadamente irreversível, o médico se abstém de medidas artificiais que
possam prolongar a vida

Em Portugal temos a Lei do Testamento Vital (reconhecida pelo notariado) o que


garante, em certas situações de morte cerebral, que os médicos não tratarão os
pacientes pois esta é a sua vontade- Ordens de não reanimação.

Aplicação do artigo 81º - Autolimitação dos seus direitos, mas apenas pode autolimitar
os seus e não o dos filhos. Por exemplo- Testemunhas de Jeová não aceitam
transfusões de sangue, mas não podem limitar os direitos dos filhos.

Muitas vezes, as pessoas tentam negar auxílio, autolimitando assim os seus direitos.
Mas, à luz do artigo 340º, Nº3 do CC, dependendo dos casos, presta-se auxílio – pois
a pessoa pode não estar bem psicologicamente e o que diz na altura não é
efetivamente a sua vontade.
Direito à Integridade Física

Tutela o ser biológico e as suas funções, sem pôr em causa a sua própria vida. Está
interligado com o direito à saúde e ao bem-estar. Atentado ao sofrimento do
organismo sem que a sobrevivência esteja em causa.

A ofensa tem consequências indemnizatórias (de responsabilidade civil) e algumas


configuram crimes- Artigo 483º do CC.

• Ofensas diretas: Agressões diretas

• Ofensas indiretas: Poluição que tem consequências graves

• Todas estas ofensas podem ser físicas ou morais (Artigo- 496º) ´

É possível renunciar à minha integridade fisíca, à luz do artigo 81º?

A resposta é depende:

➢ Órgãos e substâncias orgânicas sem consentimento? – A resposta é não, sejam


quais forem os fins, é um ato de ofensa à integridade física.

➢ Órgãos e substâncias orgânicas com consentimento e para fins altruístas? – A


resposta é sim, desde que o dador não perca a função. Por exemplo- A doação de
sangue, medula óssea e entre outras coisas

➢ Disponibilização do corpo para efeitos económicos? – A resposta é não, o corpo


não é um bem como os outros. Por exemplo- As barrigas de aluguer pagas

Aula Nº11

Direito à integridade moral, não está expressamente descrita no Código civil- O bem
jurídico tutelado é a honra o bom nome

• Integridade moral de cada ser humano. Fonte de vantagens que acarretam:

-Honra Pessoal- Autoestima ou imagem que cada um faz das suas próprias qualidades
-Honra Social- Conjunto de apreciações valorativas que cada um desfruta na
sociedade, opinião (pública) dos outros sobre o nosso valor e o medo dessa opinião.
Reputação que abrange os mais diversos setores (familiar, profissional, cívica, política).

• Artigo 484º CC – Bom nome das pessoas singulares ou coletivas. Pode também haver
crimes contra a honra: Como a difamação sob a forma escrita ou verbal, notícias
infundadas e entre outras, apesar de existir direito à informação

Muitas vezes há conflitos e colisão entre o direito ao bom nome e à honra. Quando o
interesse público o imponha, o direito à honra e à privacidade, não podem impedir a
revelação daquilo que for estritamente necessário e apenas isso. Cessa se for em
excesso. No plano civil é justificado o atentado se o agente provar a verdade da
afirmação (exceptio veritatas). Mas nem tudo o que seja verdadeiro merece ser
revelado, não se compactua com maldade gratuita. Há uma punição (efeito
indemnizatório) pois pode violar o direito à reserva da vida privada. Ou seja, é ilícito.
Na dúvida prevalece o direito de personalidade. - Direito à informação, quem difunde
estas geralmente são os media, quem difama faz uma remissão a este direito que é
constitucionalmente garantido

Direito à integridade moral artigo 70º: Existem outras normas como o artigo 26 CRP e
484º do CC- Ofensa do crédito ou do bom nome estender o direito ao bom nome a
pessoas coletivas. O código penal reconhece o direito ao bom nome pois consagra
alguns crimes de violação deste direito, o direito a honra por exemplo é bastante
admirado.

Artigo 70 Nº2- Pode incorrer em responsabilidade civil, retratação ou ser desmentido

Direito de personalidade explícitos no Código Civil

Direito ao Nome – artigo 72º a 74º do CC

 Decorre da individualidade de cada um (a pessoa é o nome que tem) e está em


causa a identificação da pessoa.
 Cada ser humano é uma individualidade autónoma e o nome surge como a
representação linguística de uma pessoa, é uma parcela da sua personalidade.
 Defesa do que garante a infungibilidade, indivisibilidade e a irrepetibilidade de
cada uma das pessoas humanas - Direito à individuação como pessoa única e
com dignidade própria e irrepetível

Direito a utilizar o nome – de forma completa e/ou abreviada. O que obsta a que
outros usem o mesmo nome. Abrange os pseudónimos, nome por que se é conhecido,
títulos nobiliárquicos e nomes artísticos. Também os endereços eletrónicos são aqui
tutelados, na medida que permitem identificar alguém.

Direito ao nome- Artigo 72- É objeto de uma tutela ampla, direito à individualidade de
cada um, não é a mesma coisa que o direito ao bom nome, tem haver com a
reputação; dimensão positiva- garante o uso do nosso próprio nome quer completo
quer abreviado; dimensão negativa- outros usam o nome de forma ilícita para sua
identificação e com outros fins, as pessoas podem ter nomes iguais, estende-se aos
títulos das pessoas, professora, doutoramento, aos títulos nobiliárquicos e ao
pseudónimo

Limites de uso adequado do nome– A nível profissional, impede que outros que
tenham nome parecido não sejam prejudicados.

Direito de personalidade com interesse nos campos profissionais e comerciais.


Extensível a pessoas coletivas que protege analogamente. As pessoas mortas gozam
ainda de proteção ao seu nome. (O nome sobrevive à pessoa)

A lei prevê que se instaure ações para defender o nosso nome, impedindo que
outros o usem indevidamente.

Direito à Inviolabilidade de Correspondência – Artigo 75º a 78º

 Todos temos direito a que a nossa correspondência não seja pública


 A palavra missiva deve ser interpretada amplamente – normas interpretadas
face à atualidade.

A confidencialidade resulta do seu conteúdo (que não pode ser revelado fora do
círculo entre o remetente e o destinatário) e não no título qualificativo que a pessoa
lhe dá. Algo do senso comum ou público não é confidencial. Há um critério objetivo
que tipicamente define cartas confidenciais como: As cartas profissionais, amorosas,
familiares, saúde e entre outras.

Tutela relativa às cartas confidenciais:

➢ Destinatário tem de dar reserva e não se aproveitar do conteúdo.


➢ Após a morte, a missiva deve ser restituída ao emitente.
➢ Publicação dessas cartas apenas com consentimento do autor e dos
envolvidos na carta

Se a carta não for confidencial, a tutela é menor – O destinatário deve é utilizá-la de


forma não contrária às expectativas do autor. Direitos exercidos tendo em conta a
função com que foram instituídos e não abusivamente.

Direito à Imagem – Artigo 79º

 Está em causa o retrato da pessoa e a reprodução desse retrato – em


sentido amplo, sentido de imagem sob qualquer forma.
 Há ainda uma representação exterior da pessoa. Dimensão pessoal - de
personalidade - da imagem humana. Imagem materializada é um bem
de personalidade.

Regras de tutela (artigo 79º):

1- Princípio geral – É necessário o consentimento. Mesmo quando há essa autorização,


a utilização da imagem tem de ser exatamente nos limites da autorização

2- Restrição – Se a pessoa for notória não é necessário o consentimento, nem se for


uma situação de eventos culturais ou científicos desde que a difusão seja dentro dos
limites adequados (Não extravasando para situações abusivas).

3- Exceção da restrição – A difusão das imagens não pode atentar contra a honra:

-Teoria das Esferas: Esfera pública, profissional, social, privada, secreta (O que decide
não revelar) e íntima – O nível de tutela é gradualmente maior.

-Doutrina alemã: Diz nos que é consoante estas esferas que se definem as diferentes
restrições.

Ao direito à imagem também se associa o direito à palavra (o que dizemos).

Nem tudo se resolve com tinta verde- 23/10/2023- Professora Regente Maria do
Rosário Palma Ramalho

Aula Nº11

Continuação dos institutos civis: Boa-fé- Conceito indeterminado, mas que sustenta
as decisões e as normas – Cerne de vários regimes jurídicos em que a resolução das
questões é com um sentido de ética e de regras de atuação. Associado à lealdade,
honra (respeito pela palavra dada) e comportamento leal.

Da boa-fé no Direito Civil- Ninguém se pode licenciar sem ler a tese de doutoramento
da boa-fé do Direito Civil do Menezes Cordeiro

Existem cerca de 70 referencias ao princípio da boa-fé nos artigos ao Código Civil


Este princípio da boa-fé surge na idade média e baseia-se em três pilares

 Conhecimento
 Lealdade
 Honra

Boa-fé- Estado subjetivo de alguém:

 Estado pessoal de ignorância desculpável, não tem obrigação de o saber,


sobre determinada situação
 Foi referido no Código civil napoleónico e no Código de Seabra
 Ideia de que as partes devem agir de boa-fé

Boa-fé em sentido subjetivo- É o estado de convencimento sobre uma determinada


situação ou estado de ignorância sobre determinados factos

Boa-fé em sentido objetivo- Corresponde à forma que as pessoas devem-se


comportar, comportamento das pessoas devem atuar; São as regras de conduta e
como as pessoas devem se comportar/não devem fazer; Comportamento das pessoas
de acordo com os valores dominantes na ordem jurídica

Algumas considerações subjetivas de boa-fé:

- Estado de desconhecimento de certos factos- Por exemplo: Artigo 119º

- Estado de conhecimento não culposo- Por exemplo: Artigo 291º Nº2

- Estado de consciência de certos factos- Impugnação pauliana- Por exemplo: Artigo


612º

Sustentar a conceção subjetiva de boa-fé- Conceção subjetiva: Estado do sujeito –


Como se devia/deve comportar. O Direito valoriza o estado de conhecimento,
ignorância ou consciência de determinados factos:

Sentido psicológico – Desconhecimento puro e simples de certo facto; Está de boa-fé


quem pura e simplesmente desconhecesse ou estivesse convencido de certo facto ou
estado de coisas, por muito óbvio que fosse. O que está na nossa cabeça – se sabe ou
não. É irrelevante a necessidade de saber ou não.
Sentido ético – Desconhecimento se não houver a obrigação de saber- É considerada a
mais correta devido ao facto que atribui valores jurídicos a um estado do individuo;

Está de boa-fé quem se encontra num estado de desconhecimento não culposo, ou


seja, está de má-fé quem desconhece aquilo que deveria conhecer. Postula os deveres
de cuidado e indagação – Exige o mínimo de diligência à pessoa que esta convencida
(Porque não investigou, o que é exigido). O dever de saber é relevante. Ex: A queria
construir casa em zona protegida, mas não sabe que é uma zona protegida, mas
também não quis saber – agiu de má-fé.

Boa-fé em sentido objetivo- Não são admitidas quaisquer práticas apenas as que não
são contrárias ao princípio de boa-fé (Práticas corretas- Artigo 3º do CC); Boa-fé em
sentido objetivo: Apela a uma regra exterior e que as pessoas devem observar –
modos de atuação (conforme os valores dominantes da ordem jurídica). Quando diz
como se tem de comportar. Tem várias projeções:

Artigo 227- Culpa in Contrahendo- As partes devem se comportar adequadamente,


cumprir determinados deveres que são considerados adequados pela ordem jurídica;
Responsabilidade pré-contratual- É uma figura introduzida por Jhering, se houver um
contrato há uma regulamentação especifica que é contratual

Artigo 239º- Integração dos Negócios- Devem ser integrados nos limites da boa-fé,
segundo a vontade hipotética das partes; Na escassez de material subscrito pelas
partes, tem-se em conta a lógica imanente ao contrato.

Artigo 334º- Abuso de direito- Quem tem um direito pode exercerem um


determinado direito; pode ocorrer devido ao exercício de um dever ou ao exercício de
um direito; caso de abuso de direito- exemplo o caso da chaminé e dos vizinhos se
odiarem. Só se pode abusar de algo que se tem de facto o direito – O titular do direito
deve exercê-lo dentro dos limites adequados e razoáveis. Por exemplo- A construção
de chaminé́ para chatear o vizinho da frente é ilícito porque agiu de má-fé.

Artigo 437º- Modificação dos contratos por alteração das circunstâncias- permite que
os contratos sejam modificados quando haja uma alteração imprevisível e anormal de
modo a ser resolvido e estar em circunstâncias para o contrato ser celebrado; caso das
alterações dos juros do pagamento à casa. Valoriza as condições e alterações
imprevistas. Se o contrato, na sua aplicação e devido a certas circunstâncias, assume
feições injustas para uma das partes inesperadamente.

Artigo 762- Complexidade das obrigações- Proceder ao cumprimento dos contratos, o


utilizador realiza a obrigação a que está vinculado dentro do princípio- A tem de
entregar tijolos no pátio de B e deixa dentro do poço do pátio. A propósito de cada
vínculo há um conjunto de obrigações.
Tutela de confiança- É a ideia de que a ordem jurídica protege a confiança das
pessoas. Confiança das pessoas nas relações que se estabelecem interpessoalmente.
Não equivale a crença! Devem ser definidos os pressupostos para se tutelar o princípio
da confiança

Principais pressupostos de tutela de confiança:

- Convencimento legitimo (justificação externa B diz a A) /Tem de ser criada a relação


– A outra pessoa tem que agir em boa-fé subjetiva no sentido ético.

- Justificação externa da confiança/Tem de ser justificada – Elementos objetivos


capazes de provocarem uma crença plausível: elementos razoáveis, suscetíveis de
provocar a adesão de uma pessoa normal através de um ato de outrem ou facto.

-Investimento da parte do sujeito na confiança/Investimento na confiança –


Desenvolvimento de uma atuação (Escolha de opções) baseada nessa confiança e
agindo em conformidade.

-Atribuição do estado de confiança a outra pessoa/Imputação da confiança –


Existência de um autor em quem confiar. Não pode haver frustração da confiança

Danos criados pela violação do estado de confiança- Resulta depois na tutela


negativa e tutela positiva

Primado da materialidade subjacente- Exige que os comportamentos das pessoas


tenham atenção da substantancia e não aparência; As atuações jurídicas são atinentes
à substância e não à aparência. Tutela-se o valor da essência – o que verdadeiramente
está por trás. São avaliados materialmente de acordo com as efetivas consequências
que acarretam. Por exemplo- A pede a B que se faca passar por ele para comprar uma
casa, na aparência B é que comprou, mas na realidade foi A

A questão dos tijolos no poço- Formalmente o contrato está cumprido, porém na


realidade não está

Aula Nº12

Autonomia privada- Espaço de liberdade reconhecida às pessoas/indivíduos privados,


não é um espaço de total liberdade. A liberdade da pessoa não está consagrada nos
Direitos de Personalidade, mas sim no instituto da autonomia privada, que caracteriza
os privados. Espaço de liberdade reconhecido a cada pessoa para agir como entende,
permite encontros de vontade (contratos) e manifestações ao nível da decisão –
“Fazemos a nossa própria lei”

A liberdade da pessoa não está consagrada nos Direitos de Personalidade, mas sim
no instituto da autonomia privada, que caracteriza os privados.

Conteúdo da autonomia privada- É um conceito amplo consoante a dimensão do


espaço de liberdade concedida

Num sentido estrito, a autonomia privada é a área na qual as pessoas podem


desenvolver as atividades jurídicas que entenderem. Na ocorrência de factos
voluntários – originários da vontade. É limitada pela lei, ordem pública, moral e bons
costumes:

 Liberdade de celebração- Permite toma, são juridicamente relevantes pois


causam efeitos jurídicos; Permite fazer/praticar determinados atos – liberdade
de dizer sim ou não a atos jurídicos.

 Liberdade de estipulação- Permite estabelecer os efeitos desse acordo–que


cláusulas é que fazem o contrato ser realizado com o conteúdo que queremos.

Por exemplo- Artigo 405º – Autonomia privada subjacente a este artigo de liberdade
contratual.

Artigo 405º e seguintes- Liberdade de veiculação, liberdade de escolha dos parceiros


negociais, liberdade de estipulação entre outros- Autonomia privada subjacente a
este artigo de liberdade contratual.

Principais limites à autonomia privada- Tem como limite a autonomia privada das
outras pessoas; Afirmar a liberdade é formal, tem de existir a igualdade entre sujeitos
para isto existe um regime jurídico próprio das situações de desequilíbrio entre as
partes. Decide-se dentro do Direito o que se pode ou não fazer e o regime jurídico que
passa a vigorar.

Áreas de incidência- É muito variável, é um princípio base do Direito civil e do direito


privado, direito das obrigações, referido no 407; direitos de personalidade, direito das
coisas; direito de família, direito das sucessões
O princípio da boa-fé é visto como limitação da autonomia privada no domínio do
direito de personalidade- Ver na sebenta da PR

Divergência doutrinária na questão da liberdade de estipulação:

 Menezes Cordeiro- Tem de haver/existir a máxima liberdade de estipulação


para existir negócio jurídico/contratual
 Oliveira Ascensão- Defende que é necessário apenas o mínimo de liberdade e
de estipulação para existir celebração de um negócio jurídico,
 A professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho concorda mais com a
visão e perspetiva da Oliveira Ascensão

A autonomia privada estende-se para além do direito privado, por exemplo direito
administrativo- Trabalhadores com contratos de trabalho que estão em funções
publicas; Tratados europeus, organizações, entre outras coisas.

Responsabilidade civil- Artigo 483º do CC

Há dano quando alguém sofre uma supressão ou redução de vantagens protegidas


pelo direito. Os danos podem ser patrimoniais ou não patrimoniais, emergente
(Supressão de certa utilidade) ou lucro cessante (Não obtenção de uma vantagem que
seria obtida)

Este instituto civil tem na sua base dano, há um dano quem suporta o dano? O que é
um dano? É um prejuízo, o fim de uma vantagem.

Quais são os tipos de danos que existem? O dano pode ser patrimonial, não
patrimonial (Não avaliáveis em dinheiro) ou morais, (A professora regente Maria do
Rosário Palma Ramalho não gosta do termo de danos morais devido ao facto de dar
aso a outras situações e acontecimentos). Podem ser danos naturais (Caso de perder a
uma casa devido a uma tempestade) ou danos humanos (Caso de perder uma casa
devido a fogo posto). Podem ainda ser lícitos (Para apagar o fogo parti a porta para ir
buscar uma mangueira ou extintor) ou ilícitos (Comportamentos contrários à lei)

Os danos podem ser ainda ressarcíeis (Possível repor) ou danos compensáveis. Danos
emergente (Um prejuízo causado, por exemplo dano no carro, este vale 10,000€ e
pagam isso) e os lucros cessantes (O lucro que não ganho com determinado dano por
exemplo não ganho determinado rendimento por não ter o carro ao meu dispor
Uma regra básica é aquele que tem a vantagem é o que suporta o risco de
desvantagem- É a solução mais prática e mais útil na maioria dos casos

Imputação do dano para Menezes Cordeiro- Atribuição da suportação do dano a


determinada pessoa, aqui surge a responsabilidade civil, só surge responsabilidade civil
quando há imputação de um dano

Tipos de imputação – Títulos pelos quais é possível imputar o dano a outrem:


Alguém, violando o Direito, provoca danos em esfera alheia:

Imputação por ato lícito ou por sacrifício- Remete ao estado de necessidade presente
no artigo 339º. Atos Lícitos: Quando um dano é causado, mas sem causar um ato
ilícito (Não contraria a lei). Responsabilidade por facto lícito é excecional, só tem lugar
nos casos previstos na lei. Por exemplo o caso da revogação do artigo 81º Nº2; Ação
em caso de estado de necessidade

Imputação/responsabilidade pelo risco- O Direito faz recair sobre a esfera jurídica de


outrem, por exemplo um cão mordeu alguém, o dono é culpado; Uma criança atira
uma pedra e parte um vidro, quem é responsável pela criança é o responsável e
culpado; A imputação pelo risco é o uso de meios que implicam riscos para terceiros,
agindo licitamente – Têm que suportar o dano (casos previstos na lei artigo 483º que
são os dos artigo 500º e seguintes) – Quando o Direito faz correr por determinada
esfera a eventualidade de danos registados em esferas diferentes. Por exemplo o risco
do acidente de trabalho é do empregador

Imputação por ato ilícito- Violou uma determinada norma sem justificação, protege
fins alheios. Tem de haver culpa, pode ser dolo-intenção de prejudicar ou culpa-
negligencia; Existe o nexo entre causalidade pelo dano; Atos ilícitos: Tem de haver um
ato ilícito, sem justificação e com culpa (o Direito censura-o/restringe-o em dolo ou
negligência) – Transfere-se o dano para a esfera do perpetrador

Propriedade- Instituto Civil- Artigo 62 da CRP e artigo 1305º do CC

É um bem que é objeto do direito, principal direito real segundo o artigo 1305º do CC,
situação compreensiva. Pode ser propriedade pública, ou seja, pertencer ao Estado ou
propriedade privada, pertencente a um ente privado, sujeito ou indivíduo

O que os particulares têm ou podem ter, pode ser: Direitos subjetivos, relação entre
direitos subjetivos e o objeto, o objeto dos direitos subjetivos em causa

Direito Subjetivo de Propriedade – Instituto civil:


- Sentido Amplo: Quaisquer direitos de natureza patrimonial

- Sentido Restrito: (Direito subjetivo) Permissão normativa específica de


aproveitamento de uma coisa corpórea de modo pleno e exclusivo

Preserva o direito de os indivíduos terem bens próprios – Conteúdo artigo 1305º

 Fornece ao titular o poder de usar, dispor, transmitir e etc. Pode haver


transmissão por morte – Sucessão.

Direito Objetivo de Propriedade – É um bem, uma coisa jurídica sobre a qual se é


Titular -> Tem o direito subjetivo de propriedade que incide sobre essa coisa

Aula Nº13

Teoria das Pessoas

A pessoa é um dado pré-legal – como já definido em sentido ontológico.


Pessoa Jurídica – ente suscetível de ser titular de direitos (pode mover-se na esfera do
Direito)

➔ Centro de imputação de normas jurídicas.

Pessoas singulares – seres humanos (equivalente a pessoas físicas): art. 66º e


seguintes. Pessoa singular- Sentido ontológico ou em sentido técnico jurídico

Em sentido ontológico- Pessoas vivas, dado pré-jurídico (“dado pré-legal”), é uma


realidade pré-existente, que existe antes do direito

Em sentido técnico jurídico- Atuar no mundo jurídico, distinção pessoas


físicas/celulares que são singulares e pessoas coletivas

Pessoas coletivas – Agremiações de pessoas, criação do Direito para poder funcionar


na ordem jurídica (conceito de pessoa com sentido técnico): Artigo 157º e seguintes.
Pessoa coletiva- Conjunto naturalmente de pessoa físicas, mas ficcionada pela ordem
jurídica para ter a capacidade de autonomamente em situações jurídicas/para ter
relações em sociedade

➔ Conceitos Operatórios:

 Personalidade Jurídica
 Capacidade Jurídica
 Esfera Jurídica

É necessário fazer a distinção entre pessoas singulares e coletivas- A professora


regente Maria do Rosário Palma Ramalho prefere estes conceitos, porém existem
outros conceitos, mas que são menos claros

Personalidade Jurídica- Suscetibilidade de ser titular de situações jurídicas- Centro de


imputação de normas jurídicas- Menezes Cordeiro

Os direitos de personalidade protegem bens jurídicos inerentes à pessoa humana e


aplicam-se às pessoas singulares - Já foram abordados.

Qualidade de ser pessoa no Direito – da qual resulta a suscetibilidade de se ser titular


de situações jurídicas.

Personalidade e capacidade jurídica- Suscetibilidade de ser titular de situações


jurídicas- Centro de imputação de normas jurídicas- Menezes Cordeiro

Início da Personalidade jurídica- O artigoº 66- Apenas afirma quando esta se inicia, o
CC não diz o que é nem esclarece o conceito. Esta começa com nascimento completo
dentro da lei e com vida, pessoa fica adstrita a deveres e obrigações quando nasce

A lei/o Código Civil não define a personalidade jurídica e preocupa-se apenas em


perceber quando se inicia essa personalidade.

Art. 66º/1 CC – “A personalidade jurídica adquire-se com o nascimento completo e


com vida”

O Direito reconhece essa qualidade às pessoas – É automaticamente reconhecida. É


reconhecida quando nascem com vida – Por exemplo os nados mortos não chegam a
deter personalidade jurídica. E o nascimento é completo – Quando vive independente
da mãe e não morre durante o parto

Não há um lapso temporal em que não tem personalidade jurídica, o que é importante
em matérias sucessórias

O artigo parece só reconhecer personalidade jurídica após o nascimento, logo antes


não há personalidade jurídica.
O que é e quando ocorre um nascimento completo? Quando existe a separação do
cordão umbilical, quando se corta o cordão umbilical que liga a mãe à criança. Se óbito
ocorrer durante o parto, ainda não se cortou o cordão umbilical, por isso não
adquiriu a personalidade jurídica.

Segundo isto qual é o estatuto de um nado morto? Este não tem personalidade
jurídica

Qual é o estatuto de uma criança que nasce e depois morreu logo a seguir? Não
chegou a adquirir personalidade jurídica porque não foi um nascimento completo

Art. 66º/2 CC – “Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu
nascimento”

Existe uma aparente contradição, pois fala-se em direitos dos nascituros.

Nascituros: É o termo jurídico geral para os não nascidos–O Nº2 utiliza este termo

 Em sentido estrito – Vida intrauterina (Já fora concebido, mas ainda não
nasceu)

 Em sentido amplo- Concepturo – Não foram concebidos – São relevantes


juridicamente pois nos testamentos há quem deixe o seu património aos filhos
que X virá a ter. A lei admite que lhe sejam destinadas certas atribuições
patrimoniais, caso venham a ser gerados/concebidos

Por exemplo- Numa sucessão, pode não se repartir as coisas pois pode sempre haver
mais filhos- A consequência de reconhecer personalidade jurídica aos concepturos é
que ter-se ia que reconhecer também a pensamentos ou ideias- Artigo 952º do CC-
Doações a nascituros

Leitura e análise do artigo 66º


 Menezes Cordeiro e PPV: Condição conceptiva – O início da personalidade
jurídica deve reportar-se ao momento da conceção e não ao do nascimento,
com base na ideia de que há uma pessoa em sentido ontológico, ainda que não
em sentido jurídico – A fase uterina é uma situação transitória e limitada no
tempo. Se o nascituro morrer, os direitos são extintos e retroativamente
desconsidera-se a existência da sua personalidade.

 Pires de Lima e Antunes Varela: Condição suspensiva – Os nascituros não têm


personalidade jurídica, mas, ela é reconhecida retroativamente no momento
do nascimento. Direitos condicionados, dependem de um evento futuro.

 Castro Mendes, Mota Pinto e Carvalho Fernandes: São direitos sem sujeito,
pois ainda não há personalidade jurídica, ou seja, há direitos, mas ainda não
têm titular.

 Capelo de Sousa - Personalidade jurídica parcial "Vida intrauterina,


desenvolvimento com vista a extrauterina"

 Professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho, Galvão Telles: Existe


como ser vivo a partir da conceção, mas não logo como sujeito de direito – os
direitos do Nº2 são direitos em formação. São uma expectativa jurídica –
carecem de uma certa proteção e o resultado é o nascimento. Direitos
atribuídos aos nascituros, não enquanto tal, mas sim na perspetiva de se
verificar o nascimento.

 Não se deve não tutelar o interesse em manter a gravidez, mas não é


necessário que, para isso, se atribua personalidade jurídica – Tutela-se
como expectativa.

Termo da Personalidade- Artigo 68º/1 CC – “A personalidade cessa com a morte”

 Para se declarar a morte é necessário uma certidão de óbito (que tem


de ser pedida em 48 horas -> Conforme está no Código do Registo Civil

A morte constitui um cessamento irreversível das funções do tronco cerebral –


Termo da medicina incorporado pelo Direito- A morte é quando ocorre o momento da
cessação da função/atividade cerebral
O médico que declara a morte é o médico responsável pelo doente ou o primeiro a
comparecer ao local.

Se a personalidade jurídica cessa com a morte, o que tutela o artigo 71º? – Direitos
Gerais de Personalidade

Artigo 68º/2 CC – “Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a


outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo”

• Devido aos efeitos sucessórios que estejam em causa

• Comoriência: Presunção que os indivíduos morreram ao mesmo tempo e nas


mesmas circunstâncias

 Impede transmissões sucessórias entre os falecidos quando não se sabe


qual morreu primeiro e onde há efeitos jurídicos duma pessoa associada à
outra.
 Contrapõe a ideia de premoriência anterior, com critérios de idade e sexo

Artigo 68º/3 CC – “Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não for encontrado, ou
reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela”

• Quando a morte é declarada (civilmente) mas há erros, há mecanismos que


reinstauram a personalidade, mas até lá não se tem direitos: Cessou personalidade.

Cadáver- Corpo humano sem vida – destinado a desaparecer. Não é pessoa nem coisa
– está a meio caminho entre a pessoa e a coisa (Gomes da Silva).
De acordo com o Menezes Cordeiro é uma coisa especial.

Tem um regime próprio – A morte faz nascer o cadáver.


• Os familiares têm interesse legitimo em cuidar do cadáver – Legitimidade do
cônjuge, herdeiros e entre outros

A nível de órgãos do cadáver

Antes não era necessário consentimento (Perspetiva solidarista). Agora é preciso


consentimento, pelo que ele é geral e só não se pode colher os órgãos se houver
declaração expressa em contrário. Fundamento ético de cura ou alívio de outros que
torna lícito a colheita e aproveitamento dos seus órgãos.
 É permitido a colheita de órgãos para fins terapêuticos. Os fins
científicos têm tutela própria e o esperma e óvulos têm tutela especial.

Existe o regime de confidencialidade do dador e do recetor


É obrigatoriamente gratuito (Qualquer negócio jurídico sobre os órgãos será nulo)
Todos podem ser dadores de órgãos – exceto se manifestarem-se previamente em
contrário através do testamento vital – Diretivas antecipadas de vontade: documento
unilateral e livremente revogável no qual os maiores, capazes, manifestam a sua
vontade quanto ao tratamento a receber.

Capacidade jurídica- Artigo 67º

Capacidade jurídica consagrada no artigo 67º identifica em medida concreta as


situações jurídicas, que podem ser ativas ou passivas, da qual a pessoa é suscetível
de ser titular e/ou exercer

Conceito quantitativo, diz de quantas situações se pode ser titular – quantidade da


suscetibilidade

Existem dois tipos de capacidade jurídica:

Capacidade de gozo- Se é ou não o titular dos direitos e obrigações. Remete para a


capacidade de se deter titularidade de situações jurídicas- Quantidade de que se pode
ser titular

Capacidade de exercício- Possibilidade de exercer direitos e obrigações suas, por si


próprio e de uma forma pessoal e livre. Em suma é a possibilidade de titularidade e
poder exercer/atuação direta pelo próprio das situações jurídicas que tem titularidade

Distinção entre capacidade de gozo e de exercício?

- Distinção necessária por vários motivos, pode se suceder que se a pessoa é titular de
um direito, porém não é aconselhado que seja esta a gerir, por exemplo uma criança
rica, tem titularidade sobre o seu património (Capacidade de gozo), porém não é
aconselhado que seja esta a gerir o seu património (Capacidade de exercício) - PPV
Tese de Doutoramento- Autorização

 Os conceitos são distintos pois uma pessoa pode ser titular de direitos
(capacidade de gozo) mas não os poder gerir (capacidade de exercício) – pode
alguém exercer os direitos por essa pessoa
- Só fazem sentido para pessoas coletivas e singulares, existem capacidades de gozo
que apenas são para pessoas singulares, por exemplo perfilhar ou ter casa, enquanto
nas pessoas coletivas isto não faz sentido; só faz sentido para determinadas pessoas,
há direitos que decorrem da natureza destes direitos

Na personalidade jurídica, não existe uma medida – ou se tem ou não. Não pode ser
medida pois umas pessoas seriam mais pessoas que as outras.

Artigo 69º: Ninguém pode renunciar à capacidade jurídica no todo ou em parte.


Qualificação que uma pessoa tem, e à qual não pode renunciar. Por exemplo renuncia-
se a direitos, nunca a capacidade jurídica. A capacidade é diferente da legitimidade

A capacidade jurídica é de carácter abstrato, enquanto a legitimidade detém carácter


concreto, determina a posição da pessoa numa situação jurídica; O código civil não
trabalha este conceito

Quem tem legitimidade sobre um direito é o seu titular, mas isso pode não ser sempre
assim. Pode-se ter a legitimidade sobre algo sem se ser titular de tal. A capacidade não
funciona assim.

Esfera Jurídica ➔ Conjunto de situações jurídicas que a pessoa efetivamente tem


concretização da capacidade jurídica.

A esfera jurídica é um conceito variável, varia de pessoa para pessoa (O Jorge tem uma
casa, e o Paulo uma esposa) e ao longo do tempo.

Efeito de transparência da vida jurídica das pessoas – É importante para os factos da


sua vida pessoal e da sua vida patrimonial.

Há vários tipos de esferas jurídicas:

Esfera Jurídica Pessoal: Conjunto de situações jurídicas (ativas ou passivas) de


natureza não patrimonial – Não é avaliável em dinheiro. Direito de personalidade e
situações estáveis- Por exemplo: Eu tenho o estado nacional sou português, existe
estabilidade

• Cada pessoa tem um Estado – Revela a situação pessoal de alguém (Ser pai, filho,
insolvente e entre outros.) – A essa situação estável está associado um regime sujeito
a registo (Com o principal objetivo da transparência)

Situação à qual se associam direitos. Por exemplo o meu estado de nacional português
atribui-me determinados direitos.
Esfera Jurídica Patrimonial: Conjunto de situações jurídicas (ativas ou passivas) com
valor patrimonial – São bens avaliáveis em dinheiro. São atos pouco relevantes como
comprar um café, por outro lado pode variar por força de atos voluntários, mas
também podem ser alheias à vontade própria se o carro for atingido por um raio ou
incêndio.
O património pode variar por atos alheios à vontade ou até pela vontade.

 Unidade do Património – Cada pessoa apenas tem o seu – corresponde apenas


um que pode ser mais exíguo ou mais extenso, mas é uno. Todo o seu
património, e apenas ele, responde em situações de dívida. Todos têm
património, embora possa ser um património vazio ou até mesmo negativo.

 O que é um património uno? - Património uno- cada pessoa tem um


património, todos os direitos, bens e situações jurídicas constituem o
património. cada pessoa responde pelas suas dividas, assim as pessoas podem
constituir uma sociedade unipessoal responsabilidade de um património é
assegurada pelos ativos desse património e não de terceiros

Pode haver uma exceção quando um comerciante em nome individual afeta


determinada parte para o seu negócio, que fica limitado apenas a essa parte.

 Autonomia Patrimonial – As dívidas de um património restringem-se apenas


aos ativos desse património. Por exemplo no caso heranças - Pelas situações
passivas dum património respondem apenas as situações ativas que o integram
- Os credores não podem recorrer a outro património.

Domicílio- Artigos 82º até ao artigo 88º

Sede jurídica da pessoa – Local onde a pessoa se tem localizada como por exemplo a
nossa residência, a pessoa é citada no seu domicílio, é para lá que vão as cartas das
multas, escola dos nossos filhos, médico de família, centro de saúde, entre outros

Em suma é o local onde, para efeitos jurídicos, a pessoa se tem por localizada. Pode
coincidir com a residência da pessoa, mas não necessariamente.

Domicílio Geral – Artigo 82º: O domicílio coincide com a residência habitual da pessoa
– onde é o centro da vida habitual.
 Não é necessário que seja residência permanente pois pode ter diversas
residências e o domicílio pode ser em qualquer uma delas. Se não tiver
paradeiro fixo, o domicílio é a residência ocasional ou o sítio onde esteja.

Domicílio Especial – Artigo 83º e seguintes: São os locais específicos para a prática de
certos atos

 Domicílio Profissional- Artigo 83º do CC: Local onde a profissão é exercida- Se


exercer em vários locais, cada um deles é seu domicílio.

 Domicílio Eletivo/Voluntário- Artigo 84º do CC: Local escolhido pelas partes


para a prática de certo negócio – Deve ser escrito (Pires Lima e Antunes Varela:
Princípio de certeza das relações jurídicas)

 Domicílio Legal
▪ Dos menores e maiores acompanhados – Artigo 85º
▪ Dos empregados públicos – Artigo 87º
▪ Dos agentes diplomáticos portugueses – Artigo 88º

Ausência- Artigos 89º até ao artigo 121º

Juridicamente: Pressupostos do artigo 89º cumpridos cumulativamente

1- A administração dos bens tem de ser assegurada;

2- Alguém desapareceu;

3- Desaparecimento qualificado – Não se sabe onde está;

4- Não deixou representante legal.

Quem não tiver bens para serem administrados não pode ser classificado
juridicamente ausente)

 Tem de se suprir os inconvenientes – perigos por danos – aos bens da pessoa


desaparecida. Têm que haver uma gestão desses bens.
 Defesa da paz pública para evitar danos a uma massa de bens pela cobiça
alheia.
 Assegurar que os interesses dos sucessores são satisfeitos. Á medida que a
ausência se prolonga, mais são valorizados estes interesses.
Curadoria Provisória- Artigo 89º e seguintes

 Objetivo de proteger o património do ausente, administrando os bens na


perspetiva de um regresso.
 O curador provisório é nomeado pelo Tribunal e pode ser requerido pelo
Ministério Público ou qualquer um interessado

 Podem ser curadores os do artigo 92º/1 do CC– Sujeitos ao regime de mandato


geral de disposição livre dos bens sem necessitar de autorização.

 Cessa a curadoria provisória pelos dispostos do artigo 98º

Curadoria Definitiva- Artigo 99º e seguintes

 Começam a relevar os interesses dos futuros titulares dos bens, na perspetiva


de o ausente estar morto – Antecipa a sucessão.
 Para se requerer tem de se cumprir os requisitos do artigo 99º. Não é
necessário que tenha ocorrido curadoria provisória, mas se esta estiver em
vigor, passa-se para a definitiva.
 A sucessão é aberta e os bens são entregues aos curadores definitivos – Os
herdeiros, que atuam na qualidade de curadores.
 Cessa com o artigo 112º

Morte Presumida- Artigo 114º e seguintes

 Não é necessário a precedência de curadorias (Artigo 114º/3)


 Pressupostos do artigo 114º/1: 10 anos sem notícias, 5 anos se o ausente tiver
mais de 80 anos (Critério da esperança média de vida) ou for menor.
 Considera-se que a personalidade jurídica cessou.
 Há abertura de sucessão (nos termos gerais) e são distribuídos os bens aos
herdeiros – Quem tem legitimidade para tal.
 O vínculo do casamento não se extingue- Artigo 116º

 Se não houver novo, considera-se que o casamento se manteve para sempre.


 Se o ausente voltar e tiver havido novo casamento, considera-se o primeiro
dissolvido por divórcio à data da morte presumida.

Morte presumida dá-se o direito de propriedade. Na curadoria definitiva dá-se o poder


de administrar os bens. (Situação jurídica complexa do direito de propriedade que tem
situações jurídicas mais simples como os poderes de administração)

Incapacidades- Artigo 122º e seguintes


Situações excecionais em que as pessoas singulares, não têm o discernimento
necessário à adequação das situações jurídicas – pode ter incapacidade se ser titular
de uma situação jurídica (incapacidade de gozo) ou então não a pode exercer de forma
pessoal e livre (incapacidade de exercício).

Incapacidade Acidental – Momentânea

Incapacidade Estável – Permanente ou duradoura

 Objetivo de proteger os incapazes através de meios estabelecidos para


que sejam praticados os atos que eles não podem praticar.
 Castro Mendes: Meio de suprimento - Institutos jurídicos previstos na
lei que permitem a prática dos atos que o incapaz, pelo facto de o ser,
não pode praticar livre e pessoalmente.

Poder Paternal: Suprime a incapacidade por menoridade.

Tutela: Suprime a incapacidade por menoridade quando não há poder paternal ou


para suprir a incapacidade por interdição.
Curatela: Suprime a incapacidade por inabilitação.

Forma de suprimento – Modos de atuação para suprimir as incapacidades:

Representação Legal: Ação em nome do incapaz como sendo ele a praticar, com
efeitos na esfera jurídica deste.

Assistência: Atos praticados pelo próprio incapaz, mas coadjuvado por um curador –
comum na inabilitação.

Incapacidade por Menoridade- Devido a uma menor ponderação.

Artigo 122º - Delimitação formal da situação da menoridade: No dia em que se faz 18


anos não há alterações significativas que sejam indício de maior consciência.

O sistema jurídico é sensível e admite patamares intermédios de capacidade a


menores de 18 anos tendo em conta as situações e para certos efeitos jurídicos.
A ordem jurídica reconhece a aptidão natural das pessoas, independentemente da
aquisição da sua capacidade plena – O código valoriza esta aptidão para os atos
decorrentes da vida normal do menor. Por exemplo: Maria, 15 anos, vai comprar o
jornal ao pai; Rodrigo, 11 anos, vai à papelaria comprar cromos.
Reconhece-se uma evolução com a idade: aos 7 anos cessa a inimputabilidade, aos 14
pode ser ouvido pelo juiz para decidir sobre o poder paternal, aos 16 pode casar, cessa
inimputabilidade penal e adquire capacidade de trabalhar – podendo administrar os
bens que obtenha com o próprio trabalho.

Artigo 123º do CC - Incapacidade genérica de exercício: Não pode praticar atos


pessoal e livremente. Em certas situações há́ incapacidade de gozo.

Exceções à incapacidade genérica de gozo são as do artigo 127º:

a) Atos de administração e disposição de bens adquiridos pelo trabalho – a partir dos


16 anos, se o menor já pode trabalhar, naturalmente pode administrar os bens do seu
trabalho. Conjuga-se com normas do Código de Trabalho (Artigo 68 do CT) que permite
que os progenitores se oponham a auferir diretamente a remuneração.

b) São válidos os negócios jurídicos decorrentes da vida do menor, que estejam ao seu
alcance, e que impliquem despesas de pequena importância – Capacidade natural (=
aptidão natural) – o menor consegue perceber o que está a fazer, progressivamente
com a idade tem essa consciência – fórmula legal elástica, dependente da maturidade
e apurada casuisticamente.

 Professora regente Maria do Rosário Palma Ramalho: (Visão relativa) O


conceito de vida corrente e de pequena importância são conceitos jurídicos
indeterminados que dependem do jovem em questão. Por exemplo- Um bem
de pequena importância é diferente para um menor rico e para um menor
pobre.

c) Negócios relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido autorizado a
exercer – interpretação atualizada de prestação de serviços. Há autorizações
diferentes conforme a idade.

 Em a) falava-se de dispor os rendimentos, aqui fala-se de praticar atos no


âmbito de certa profissão, conjugada com o Nº2. Por exemplo: Um menor
empregado numa loja, os atos de venda são válidos

O aborto envolve diversas questões civis- Os direitos civis como a se envolver e a


nascer- os diretos colidem, o direito da nascitude com eventuais direitos da mãe- o
direito à vida, à saúde e o direito à disponibilidade do próprio corpo, tem
propriedade sobre o próprio corpo.
Artigo 124º - Como se suprime a incapacidade dos menores

• Poder Paternal: Este poder-dever é atribuído automaticamente com o nascimento


do menor. Quem tem o poder paternal (Artigo 1901º) difere conforme os pais sejam
ou não casados e cabe aos dois, normalmente – se um pai agir, presume-se que tem o
consentimento do outro.

• Tutela: quando os poderes-deveres são exercidos incorretamente (inibição) ou


quando faltam os progenitores. Podem estar apenas impedidos relativamente a
direitos patrimoniais – quando não é exercido no interesse dos filhos (Por exemplo:
Prodigalidade dos pais). Nomeia-se um tutor que tem os mesmos deveres que o poder
paternal e é uma forma de representação legal.

Artigo 125º - Atos praticados pelos menores no âmbito da sua incapacidade

• Os negócios jurídicos são anuláveis – de forma a proteger o menor, que pode não ter
consciência do que está a fazer.

a) Os progenitores podem pedir a anulação – prazo de 1 ano, a contar da data que se


teve conhecimento do negócio (Se o negócio não estiver concluído aplica-se o artigo
287º/2)

b) O próprio menor pode pedir a anulação – prazo de 1 ano a partir da maioridade ou


emancipação. Se os pais não pedirem a nulidade, o menor tem este outro prazo. Se
morrer e deixar herdeiros, eles podem pedir nulidade desde que o menor morra antes
de atingir os 19.

O menor não pode fazer-se passar por maior, isso seria agir com dolo (Artigo 126º) o
que não levaria à nulidade do negócio. Nem ninguém podia requerer esta anulação.

Oliveira Ascensão, Pires de Lima, Antunes Varela e a professora regente Maria do


Rosário Palma Ramalho: Os pais podem, mas os herdeiros não. - Herdam a situação
jurídica e por isso os herdeiros não podem requerer a anulação desde ato ou negócio

Menezes Cordeiro e PPV: Se os herdeiros não podem os pais também não podem
requerer a anulação desde ato ou negócio

A incapacidade cessa ao atingir a maioridade (Artigo 129º), a maioridade está presente


no artigo 122º, e atinge os plenos efeitos (Artigo 130º).

Segundo o artigo 131º, pode não cessar o poder paternal quando, para sua proteção
desse menor que se torna maior se instituir o instituto da interdição ou da inabilitação.
Pode não cessar se o futuro maior ter alguma incapacidade mental como é o caso da
paralisia cerebral ou outro tipo de condição, passando assim a maior acompanhado
(Artigo 138º)

Emancipação – Possibilidade do menor ser equiparado, para diversos efeitos, ao facto


de ser maior e pode ocorrer pelo casamento (Artigo 132º). Não pode ter idade inferior
a dezasseis anos de acordo com o artigo 1601º/a) do CC.

Casamento menores- Artigo 1649º do CC

• O menor passa a ser Menor Emancipado – Mas os pais têm de dar autorização para o
casamento (Artigo 133º)

Valor dos atos jurídicos e cessação da incapacidade/Valor dos atos jurídicos pelo
menor e a sua incapacidade- Os atos jurídicos destes são pautados pela invalidade,
ou seja, não produzem efeitos jurídicos

Anulabilidade- Mais corrente- Presente no artigo 125º no âmbito da anulabilidade dos


atos dos menores e artigo 287 em geral acerca da relação ao negócio jurídico

Nulidade- Menos habitual- Presente no artigo 286º

Quem pode requerer a anulabilidade do ato/negócio jurídico praticado? Quem tem


legitimidade para proceder à anulação?

- Pode ser o representante legal do menor que é quem supre a capacidade do menor,
os herdeiros e o próprio menor caso este não tenha agido com dolo. Se agiu com dolo
não poder requerer à anulabilidade do negócio nos termos do artigo 126º

O prazo não conta a partir da prática do ato e sim a partir do conhecimento do ato,
tem assim o prazo de 1 ano

Dolo- Artigo 253- Ocorro quando é utilizado um artifície para enganar a outra parte

Maior acompanhado (Artigo 138º e seguintes)

Apenas a quem é maior, mas incapaz de governar as suas pessoas ou bens, devido a
deficiência incapacitante.
Artigo 138- Remete para a impossibilidade de exercer pessoal, livre e conscientemente
os seus direitos e cumprir os seus deveres por razões diversas razões. Constituem
assim medidas de acompanhamento para pessoas que se encontram impossibilitadas
de exercer a sua capacidade de exercício. Nas diversas razões existem: Saúde - Tem de
ser problema de saúde gravíssimo; Deficiência- Apenas aquela que impossibilite a
regulação da sua vida e dos seus bens; Comportamento- Alcoolismo, droga e todos
estes tipos de comportamentos

Estes são conceitos indeterminados e são demasiados vagos- Os conceitos que foram
atribuídos a cada um é a preferência da professora regente Maria do Rosário Palma
Ramalho

Artigo 139º - Suprimento da incapacidade: Equiparados a menores com incapacidade


genérica de exercício, havendo representação legal.

Este artigo 139º do CC- O que é necessário para se ser maior acompanhado- Tem de
haver um processo e consequentemente uma decisão judicial, é proposto no termo
dos artigos 141º Nº1. Este requerimento pode ser proposto pelo próprio incapacitado
ou mediante autorização por parte do Ministério Público, para ser promovida esta
autorização tem de ser feita nos termos do artigo 141 Nº2.

Podem ser decretadas medidas de emergência enquanto a ação esta a decorrer à luz
do artigo 139 Nº2 do CC. Contudo, esta ação urgente é dificilíssima de obter apesar
nos últimos tempos ter se tornado mais acessível

Artigo 143º - Quem exerce a tutela dos incapazes? Quem pode escolher o
acompanhante? A resposta a esta questão está no artigo 143º do CC. O acompanhante
tem de ser maior e é escolhido pelo acompanhado ou pelo seu representante legal

O tutor não tem de ser necessariamente a pessoa que requer a regime de maior
acompanhado (Antiga interdição) pode ser que o próprio acompanhado proceda ao
requerimento para passar a ser um maior acompanhado

Artigo 145º- Este suprimento depende do tribunal, o acompanhamento limita-se ao


necessário e o tribunal identifica este conceito, pode atribuir todas as alíneas do
145º/2

Artigo 149º- Cessação da medida do acompanhamento dá-se em caso de decisão


judicial que reconheça a cessação ou modificação das causas que o justificaram, ocorre
de 5 em 5 anos
No nosso sistema atual a incapacidade varia de acordo com o caso concreto.

O regime é bondoso e não realista na medida em que a escolha de se é um maior


acompanhado e qual é o seu acompanhante depende da própria autorização do
próprio acompanhado. Podem existir vários acompanhantes para diversas funções
conforme está previsto no artigo 143º/Nº3

Nos restantes atos práticos aplica-se analogamente o regime da menoridade.

A interdição/o regime de maior acompanhado tem uma grande estabilidade, mas a lei
coloca a possibilidade de ser levantada segundo o artigo 151º.

Inabilitação (Artigo 152º e seguintes)

Pressupostos comuns ao regime de maior acompanhado, porém são menos graves –


Se bem que são de caráter permanente. Pode ser também com base em fundamentos
específicos como a prodigalidade (Dissipação de bens – um prodígio é incapaz de gerir
o património) e o abuso de bebidas alcoólicas ou estupefacientes.

O curador – A curatela é o meio de suprimento – assiste o incapaz na prática do ato,


mas não o substitui. Apenas são necessários para certos atos (Artigo 153º) vinculados à
autorização. A lei remete para o regime da interdição – Logo, a inabilitação remete
duplamente para o regime da menoridade. O regime de maior acompanhado pode ser
levantada ao fim de 5 anos.

Regime de menores acompanhados lei 49 de 2018- Deixa de haver de interdição

Pessoas coletivas em geral

A personalidade coletiva- Pessoa jurídica- “Tal como a física, também a chamada


pessoa jurídica mais não é do que a expressão unitária para um complexo de normas,
isto é, para uma ordem jurídica que regulará o comportamento de uma multiplicidade
de homens” (Kelsen)

Personalidade coletiva- Regime jurídico-positivo enquanto centro de imputação de


situações jurídicas.
Principais classificações das pessoas coletivas e os seus critérios de avaliação

 Sociedades comerciais- Dentro destas sociedades anónimas, que


aperfeiçoaram as regras de funcionamento interno das pessoas coletivas

 Sociedades civis- Estas sociedades são de base contratual, mais precisamente


do contrato de sociedade

 Associações- Estas são de cariz institucional, são coletividades ao serviço de fins


que transcendem os interesses dos associados, mas que repousam neles

Tipologias- Ordem as diversas identidades em função das suas características mais


relevantes e significativas

Classificação de Pessoas Coletivas Públicas e Privadas:

Debate Doutrinário/Divergência doutrinária:

Teoria do fim ou do interesse protegido: As pessoas coletivas públicas prosseguiriam


fins ou interesse públicos, e as pessoas coletivas fins ou interesses privados. – Tese
defendida pelo professor Diogo Freitas do Amaral

Contudo, é possível prosseguir interesses públicos com técnicas e entidades


indiscutivelmente privadas, assim como é possível que entes públicos (regidos por
direito público) defendam interesses públicos.

Teoria da titularidade de poderes de autoridade: As pessoas coletivas públicas teriam


ius imperii, podendo praticar atos de autoridade, só discutíveis a posteriori, enquanto
as privadas se moveriam no âmbito igualitário do Direito Privado. - Tese defendida
pelo professor Luís da Cunha Gonçalves

É uma distinção um pouco básica, para além de existirem pessoas coletivas públicas
que apenas recorrem ao direito privado e pessoas coletivas privadas investidas de
poderes de autoridade.
Teoria da integração: As pessoas coletivas públicas iriam integrar-se na organização do
Estado, contrário das privadas- Tese defendida pelo professor Castro Mendes

Apesar de ser metodologicamente mais avançada, o processo das nacionalizações


impede que todas as integrações sejam, então coerentes, pois a inserção na
organização do Estado corresponde a uma realidade importante e com consequências

Teoria da iniciativa: As pessoas coletivas públicas seriam criadas pelo Estado,


enquanto as privadas proviriam da iniciativa privada - Defendido pelo professor Diogo
Freitas do Amaral como critério a ter em conta

Mas, o Estado cria com frequência sociedades anónimas

Teoria do regime: As pessoas coletivas públicas subordinar-se-iam a um regime


específico que incluiria a sua sujeição geral ao Direito Público, a competência dos
tribunais administrativos, um estatuto tributário específico e um regime particular das
relações de trabalho. – Defendido pelo professor Carvalho de Fernandes

Contudo, ocorre a multiplicação de híbridos e a tendência atual para remeter certos


entes públicos para o foro comum, para a tributação geral e para o contrato individual
de trabalho.

Teorias negativistas ou agnósticas: Perante a complexidade do tema, recusam-se a


tomar uma posição ou declaram inviável fazer uma distinção – Defendido pelo
professor Armando Marques

Distinção do professor Menezes Cordeiro

 Pessoas coletivas privadas: Regem-se pelo Direito Civil ou Comercial,


assumindo a forma de sociedades comerciais, cooperativas, associações,
fundações, sociedades civis, entre outros

 Pessoas coletivas públicas: Podem se reger em parte, ou totalmente, pelo


direito privado, como empresas públicas.
Pessoas coletivas de utilidade pública: Prosseguem fins de interesse público que
deveriam, ou poderiam, ser cometidos ao Estado

Pessoas coletivas nacionais, estrangeiras, internacionais e comunitárias:

 Pessoas coletivas nacionais: Têm a sua sede principal e efetiva em território


português (Artigo 33º/1). Não obstante de poderem ter outras sedes, que não
correspondam à principal e efetiva, em Portugal, sedes que não podem opor a
terceiros a sujeição de uma lei diferente da portuguesa.

 Pessoas coletivas estrangeiras: Não têm a sua sede principal e efetiva em


território português (Artigo 33º/1).

 Pessoas coletivas internacionais: Retiram a sua personalidade de fontes


internacionais como tratados ou convenções internacionais, estando
vocacionadas para atuar em diversos Estados, sendo aplicável o seu estatuto e
o Direito Internacional Comum. Também são chamadas de “organizações
internacionais"

 Pessoas coletivas comunitárias: Retiram a sua personalidade de fontes do


Direito Europeu, como da UE e do Banco Central Europeu

Pessoas coletivas associativas e fundacionais: Distinção de Savigny

 Pessoa coletiva associativa: O seu substrato é constituído por uma agremiação


de pessoas que juntam os seus esforços para um objetivo comum (Artigo 167º)

 Pessoa coletiva fundacional: O seu substrato redunda num valor ou acervo de


bens que potenciará a atuação da pessoa considerada (Artigo 185º e seguintes)

Qual o desenvolvimento do conceito de personalidade coletiva? Quais os elementos


do conceito de pessoa coletiva? Quais as suas classificações? Como surge, funciona e
atua?
- Exploração da situação em que a pessoa coletiva é utilizada para fins não descritos
– ma utilização da personalidade coletiva

Pessoas morais/jurídicas - Não são físicas ou biológicas, mas são autónomas -


Conjunto de pessoas que se juntam para um fim - Existência jurídica, apesar de não
terem imagem física

- Ficção - Realidade que não tem existência física (Savigny)

- Coletividade tem existência física - Interesse coletivo

- Valorização dos interesses coletivos - Tem raiz cultural, razão económica, ontológica

 Não são uma ficção, são uma realidade cultural (Jhering)


 Organismo social - Explicava forma como vai atuar e os seus órgãos
 Património vocacionado para um objetivo

1 - Equiparação entre pessoa coletiva e singular

2 - Pessoa coletiva tem autonomia a cada um dos seus membros

 - Realidade que transcende o conjunto das pessoas que a criaram


 - Não é uma soma de interesses, mas sim interesses para o que foi criado

Substrato social do ente coletivo

- Realidade social que justifica a existência da pessoa coletiva

- Elemento pessoal

 - Grupo de pessoas ou associados que integram a pessoa coletiva


 - Preponderante - Associativa ou corporativa (Associativa é sempre)
 - Sociedades civis simples ou em nome coletivo
 - Consequência - se desaparecerem os sócios a pessoa coletiva também
desaparece artigo 182º/1/d)

- Elemento patrimonial

 - Pessoa coletiva tem património atribuído - Unidade de negócio


 - Preponderante (mais importante que pessoal) - Pessoa coletiva de base
fundacional ou de capitais
 - Direito pessoal existe sempre - São criados por alguém físico - Mas tem menos
importância
 - Lei muito rígida nos termos patrimoniais

- Elemento teleológico/finalista

 - Pessoas coletivas têm um fim, um objetivo e devem seguir apenas isso- Artigo
160°

- Fins diversos:

 Objetivo lucrativo (Artigo 157°) - Sociedades civis ou comerciais


 Objetivo privado, legítimo, mas não lucrativo - Associação em sentido estrito
 Objetivo não lucrativo, mas de relevo social - Fundação

- Limites - Contrariedade à lei - Nulidade

 Associações sem personalidade jurídica, coisa que se pode prolongar no tempo


 Comissões especiais - coisa em especial, tempo finito

- Ato de reconhecimento

 Reconhecimento normativo - automático, regular - Associações, sociedades-


através de escritura pública, hoje já em dia é mais fácil
 Reconhecimento do ato- Reconhecimento individualizado - Fundações - Ato
administrativo específico que determina a sua constituição - Verificação do
interesse social pela entidade administrativa (Artigo 188°) - Pode ser negado

- Pessoas coletivas

 Pessoas coletivas nacionais ou estrangeiras - Sede efetiva


 Pessoas coletivas de direito público ou privado - Critério substancial - Interesse
maioritário- Pessoas coletivas comuns ou especiais - Regem-se pelo código civil
(comuns) ou por outros meios (especiais)
 Pessoas coletivas de base fundacional ou associativa
 Pessoas coletivas com fins lucrativos (Sociedades e empresas públicas) ou não
lucrativas
Pessoas coletivas só se podem reger por estas regras - para constituir é necessário
seguir um dos modelos pré-fixados - Princípio da tipicidade

- Sociedades de responsabilidade ilimitada - Sociedades de pessoas - Pessoas em


primeiro lugar

- Sociedades de responsabilidade limitada - Património social em primeiro lugar

- Sociedades civis - Forma civil (pura)

- Forma comercial (Limitam a responsabilidade ao património)

- Agrupamentos complementares de empresas e cooperativas

- Reconhecimento do ente como ente jurisdicional

 Disposições particulares das sociedades


 Disposições particulares das associações – Artigo 167º
 Disposições particulares das fundações

Aspeto central para aquisição de personalidade

Órgãos (Artigo 162º):

 Tronco comum – Artigo 171º


 Tipo de órgão comuns a ambas as espécies - Estatutos da pessoa coletiva
(Artigo 162º)
 Órgão colegial de administração (Colegial em sentido de grupo e modo de
funcionamento do grupo) - Coletivo, composto por várias pessoas singulares -
Designação de direção (Permite resolver problemas de divergências de opiniões
- Deliberação – Órgão competente)
 Fiscalização - Plural ou singular

Associações

- Surge terceiro órgão para reunião das associações - Assembleia geral – Artigo 172º e
173º

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