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-Apresentação ;
Filosofia do direito :
Filosofia do estado :
Metodologia :
Todos nós temos uma pré-compreensão do direito , esta que vai ser construída ao longo do
tempo.
Vamos ter aqui uma certa prevalência da jurisprudência da valoração esta que é a tese
dominante , esta defende que o direito deve ter uma dimensão axiológica valorativa e deve
corresponder a esta evidência partilhada pela comunidade.
“TODO O DIREITO TEM ESCOLHAS” – isto relaciona com as questões colocadas anteriormente
Se concluirmos que a norma é injusta até onde o magistrado pode ir ? , ou será que não há
direito injusto? etc…..
!! Estas 3 perguntas vão se aplicar a todos os autores que vão ser lecionados durante as
aulas !!
A filosofia do direito é uma área da filosofia que pretende dar uma visão conjunto e não uma
visão parcelar , ou seja , é uma disciplina que olha para o futuro.
Pensar o direito e discutir o direito é mais complexo do que ser propriamente um conhecedor
do direito.
Pretende-se igualmente uma visão mais ampla/global e não uma visão redutora não só do
direito mas também da realidade.
Colocadas estas 3 questões vamos nos preocupar com a validade do direito positivado , ou seja
, vamos questionar-nos sobre o fundamento da obrigatoriedade da norma jurídica e ainda
vamos perguntar se o homem pode expor ou não livremente do conteúdo do direito e se há
limites e caso sim , quais são estes limites e de onde vêm.
Vamos aqui discutir o que deve ser e o que não deve ser o direito. Nós vamos colocar estas
questões a filósofos e correntes jurídicas ao longo do tempo.
Vamos também discutir como é que o estado surgiu tal como nós o vemos hoje e como é que
alguns princípios fundamentais do estado de direito foram construídos.
A filosofia do direito discute qual é o direito justo e qual é que é o direito correto. Vamos estar
no campo da filosofia e não no campo do direito.
A dogmática jurídica atua apenas dentro do campo do direito positivado , a atitude da filosofia
do direito está para além deste direito positivado.
Este valor ou desvalor do conteúdo da norma jurídica vai apelar para algo que está fora deste
direito positivado.
As questões transistemáticas que vamos aqui colocar implicam uma pré compreensão , ou seja
, à aqui um pré juízo sobre o direito.
Sabendo nós que a filosofia do direito tem uma perspetiva diferente da dogmática jurídica
levanta-se aqui um outro problema o que significa que vamos discutir os conteúdos não os
deixando para a politica , vamos analisar os problemas fundamentais.
Entre estas duas (filosofia do direito e dogmática jurídica) há uma relação de alteridade e
não de conflito.
Temos uma norma jurídica que do ponto de vista desta tese se traduz apenas na sua estrutura
formal , mas a norma jurídica só por si não é nada. A norma jurídica só começa a dizer alguma
coisa quando se tem um caso concreto a aplicar.
Teoria da legislação :
Esta só surge depois da segunda guerra mundial , antes disso não era necessária porque
vivíamos sobre o domínio do direito natural (por exemplo , idade média , grécia antiga , parte
da idade moderna etc…) a partir do qual se iria deduzir o direito positivo , ou seja , enquanto
houve direito natural o direito positivo só é valido enquanto estiver de acordo com o direito
natural.
O direito positivado derivava do direito natural. Quando o direito natural termina (sendo este
proveniente da vontade de deus , do homem , da razão , da ordem natural das coisas etc…)
/quando é afastado , quando caímos no positivismo também a teoria da legislação não era
necessária porque o positivismo não discute os conteúdos logo também não faria sentido.
A teoria da legislação que está depois do jus naturalismo e do jus positivismo vai ter que
abordar 2 problemas :
Olhar para o caso concreto e deixar o método bárbaro que é aquele que pela
subsunção do caso concreto à norma jurídica e aplicação da estatuição sem outra
interpretação. Neste dialogo entre o caso concreto e a norma jurídica haverá uma
tensão dialética para que esta ultima dê uma solução ao caso concreto. Isto implica
saber fazer perguntas ao caso concreto.
O segundo problema tem haver com a elaboração da norma jurídico , como é que o
legislador elabora uma norma jurídica? O problema é colocar os casos concretos como
uma hipótese , colocar em abstrato estes casos e agora elaborar uma norma jurídica. O
legislador vai ter que colocar em abstrato estas diversas hipóteses de vida e vai regular
, mas em que sentido/qual vai ser a sua referência? Alguns países ainda proíbem , por
exemplo , o divórcio , outros o aborto , o que está em causa? Está em causa a ideia de
direito , o legislador vai ter que ter uma tensão dialética entre a multiplicidade dos
casos que coloca em abstrato e relacionar essas hipóteses da vida com uma ideia de
direito , haverá aqui uma tensão dialética entre a ideia de direito e esses casos
concretos colocados em abstrato , esta ideia de direito está antes do legislador , o
legislador não pode ser o criador do direito , este faz a norma jurídica mas não cria
direito propriamente dito , ou seja , ele é produtor de legislador/de normas jurídicas
mas não é o criador , pois o criador à de estar na ideia de direito que são evidências
partilhadas na comunidade que vão acabar por criar o direito. O que confere validade
ao direito não é a força mas a sua conformidade com as evidências partilhadas pela
comunidade jurídica e é este exercício que o legislador vai ter que fazer. Será que o
legislador conhece a ideia de direito? Quando uma proposta legislativa provoca
reações negativas na comunidade é porque algo não está bem. Esta ideia de direito
implica interrogar a sociedade em que estamos inseridos.
O homem pode dispor livremente do direito ou não pode dispor livremente do direito? Se a
resposta é não vamos ter que dizer quais são os limites. Antes do séc XVII a.c. isto não era
problema porque o homem vivia entregue ao mundo do oculto/aos poderes do oculto e não
tinha uma compreensão racional do mundo.
Haverá algo de indisponível nestas leis/no direito/na natureza? Não é por acaso que se fala
da ordem natural das coisas que seria algo de indisponível/do justo natural.
Imaginemos que o parlamento em vez de andar a discutir a eutanásia ia mais longe e admitia a
mutação genética humana de forma a melhorar geneticamente o ser humano. Será que o
legislador tem a liberdade de decidir disto/de permitir a melhoria genética humana/de
permitir que os pais possam decidir que o seu filho vai nascer com capacidades naturais para
a matemática , para a música , com aumento da força física etc…. , ou haverá algo de
indisponível que não possa fazer?
Comparação da deusa da justiça grega com a deusa da justiça romana? A deusa grega estava
de olhos abertos o que significa abstração/normas gerais e abstratas e a deusa romana de
olhos vendados o que significa que é como um individual que não tenha outras capacidades
mas que tem um ouvido muito apurado de forma a ouvir o caso concreto , ou seja , ouvir as
partes sendo o mais importante a justiça do caso concreto , enquanto que a deusa grega
procura a aplicação do que é geral abstrata.
A deusa grega tem uma espada o que implica a aplicação da lei mesmo que esta seja injusta. A
deusa romana não tem espada porque o importante não é executar o direito mas realizar a
justiça no caso concreto , ou seja , não é pela força que se realiza o direito , por isso é que na
lei romana o magistrado poderia afastar a lei , enquanto que na Grécia os magistrados
aplicavam a lei.
A deusa grega tem uma balança de dois pratos o que é uma confeção democrática , em roma
temos uma balança com dois pratos mas com um fiel.
A filosofia do direito discute qual é o direito justo/o direito que é considerado correto.
Vamos estar no campo da filosofia e não no campo do direito , ou seja , a dogmática jurídica
atua apenas dentro do campo do direito positivado (conjunto concreto de normas jurídicas,
construído de forma cultural, tem validade por determinado tempo e base territorial) , a
atitude da filosofia do direito está para além deste direito positivado.
Filosofia do direito é o campo de investigação filosófica que tem por objeto o direito , esta tem
o intuito de obter decisões mais justas , por meio de reflexões e questionamentos tudo isto em
busca da verdade real e processual visando aplicá-las no mundo jurídico.
O campo da ciência jurídica , ele próprio é um campo da abstração , o objeto dele é o direito
positivado e não só , mas ele prende-se sempre por um conjunto de âncoras/correntes que
nos escravizam o pensamento e são esses conceitos pré-assumidos que se chamam de dogma.
O campo da ciência jurídica discute como se resolve uma situação , qual a técnica jurídica ,
qual a forma da norma , qual o regime etc… , ou seja , a ciência jurídica ela própria é restrita
pelo dogma , ou seja , a norma é a norma , e caso não se adapte à norma ele é
automaticamente ilícito.
O próprio sistema normativo da qualificação jurídica não é nem mais nem menos do que uma
“ratoeira” onde os factos entram.
Não é a norma jurídica nem é o pensamento jurídico-dogmático que é quem estuda e informa
a criação normativa , quer legislativa quer jurisprudencial , portanto , a filosofia. A própria
ciência jurídica é ancorada por dogmas pré existentes e pré assumidas no momento em que
estudamos o direito positivo e a própria ciência jurídica.
A filosofia do direito transcende a ciência jurídica , logo , se está para além do direito positivo
está para além da própria ciência jurídica.
É entre estes dois níveis que estão os princípios , estes que podem ser positivos ou mais
próximos da dogmática.
A filosofia do direito discute qual é que é o direito justo. O caso de o direito ser a finalidade de
si próprio entramos aqui numa espécie de circulo vicioso. Se o direito não for justo não é
direito , ou seja , são normas positivas , isto aqui é uma compreensão recente.
A principal forma de determinar o direito justo/se a norma que se está a aplicar é a norma
correta. Precisamos de meios processuais adjetivos ao próprio direito substantivo que segura a
efetivação propriamente dita do direito (a cada direito corresponde uma ação).
Como é que o meio que determina que o direito é justo , é ele também justo? No limite , teoria
pura do direito , ou seja , tem que respeitar a constituição. Se for um meio não formal
(filosófico) é diferente.
Sócrates , Platão e Aristóteles estão os 3 relacionados para aquilo que nos interessa , sendo
certo que cada um desenvolve o seu pensamento.
Sócrates :
Começando por Sócrates , aqui temos uma conceção racionalista , uma crença na razão
humana , que em alguns aspetos vai diferir de outros autores. Este tem uma crença no estado
e na lei , o homem deve obedecer às leis do estado ainda que estas sejam injustas.
Isto porque se as leis injustas forem desobedecidas isto poderia causar uma desobediência
generalizada.
O estado provem da ordem natural das coisas , ou seja , nenhum destes autores o estado
provem da vontade dos homens , mas é sim uma conceção naturalista do estado e não
contratualista como vamos encontrar numa outra corrente.
O homem não pode viver fora do estado , só se compreende o homem dentro do estado , em
suma , o homem é subordinado ao estado.
Viver fora do estado significava para Sócrates , viver fora da lei. O homem deve obediência à
lei e só pode ser entendido dentro do estado. Temos aqui uma tendência de uma certa
conceção autoritária do estado.
Platão :
Este contrapõe o mundo sensível (das formas) ao mundo suprassensível (das ideias) , este
dualismo bem presente na “teoria da caverna” , isto vai influenciar o pensamento de
Agostinho no inicio da idade média séc. IV ao séc. XII.
Quanto ao estado e ao direito temos a mesma compreensão que Sócrates em que o homem
deve obedecer à lei e o homem só pode ser compreendido dentro do estado.
Em Platão desenvolve-se um pouco mais este pensamento. Para Platão o estado é uma
unidade perfeita e cada um tem um papel a desempenhar , em que uns nasceram para ser
livres , outros para ser escravos , uns nasceram para servir outros para ser servidos etc… , ou
seja , cada um tem a sua função , uns de governar , outros de defender , outros de nutrir etc….
e ao estado compete preparar cada um para a sua função.
Temos uma visão totalitária do estado , no sentido que o homem pertence a este , aqui
quando falamos de um estado totalitário é no sentido de que o estado absorve toda a vida do
cidadão.
Em Platão o individuo vive para o estado e dentro do estado , o que significa que , não há
direitos da pessoa humana contra o estado , a nossa compreensão de quando falamos de
direitos do homem , são direitos muitas vezes afirmados contra o estado , estes surgiram para
proteger o homem contra o estado , ora aqui não há direitos humanos contra o estado pois o
homem nunca existe fora deste.
Aqui quer o direito quer o estado são meios para se realizar o bem comum para o homem
atingir todo o seu desenvolvimento , ou seja , o homem é feliz dentro do estado.
O fim ultimo do homem e da humanidade é alcançar a felicidade e através da razão este irá
alcançar a virtude que é um caminho para a felicidade.
O homem deve procurar através da razão a virtude , sendo a maior virtude que o homem pode
alcançar , a justiça. A justiça há de ser o conteúdo das leis , pois estas devem ser justas , o que
significa que chegamos ao ponto de discutir o que é que é a justiça.
O homem é um animal politico que só se entende dentro do estado e não fora deste , mas é
um homem subordinado à lei esta que deve ser justa , correspondendo a justiça à igualdade.
Introduz também o conceito de equidade este que se prende com a realização concreta do
direito , isto é , a aplicação da lei ao caso concreto deve permitir que este se aplique com
alguma maleabilidade e não de forma rigorosa e rígida.
Quanto ao estado , este tem uma conceção naturalista , este é uma obra da natureza e não do
homem , portanto não resulta da vontade do homem.´
O homem só atinge o seu pleno desenvolvimento dentro desse estado. Temos novamente
uma conceção autoritária e totalitária do estado.
O conceito de liberdade individual foi inventado tendo em vista limitar o poder do estado para
com os cidadãos.
Aqui na Grécia Antiga não há liberdade individual , e cada um tem a sua função dentro do
estado.
Se não há direitos da pessoa humana contra o estado , significa igualmente que a liberdade
não limita a ação politica do estado.
O estado não tem qualquer limite à sua ação , intervêm quando achar que deve intervir
Quando perguntamos a estes autores se a lei é justa estes dizem que é , pois determinar se
esta é justa ou não significa verificar se estas normas estão de acordo com o direito natural.
Em Sócrates , Platão e Aristóteles o direito natural provinha da ordem natural das coisas
donde deriva a própria ideia do estado , onde cada um tem a sua função.
Sofistas :
Além desta conceção de Sócrates , Platão e Aristóteles , os Sofistas defendiam uma outra
ordem de direito natural. Para estes , o direito natural não provinha da ordem natural das
coisas , mas sim da ordem natural humana. Estes diziam que quando o homem nasce estes são
todos iguais , o que significa então , que para os Sofistas haveria leis injustas enquanto que nos
autores referidos anteriormente raramente a lei era injusta.
Os Sofistas apelavam que se a lei era injusta esta deveria ser desobedecida
Céticos :
Os céticos diziam que não há direito natural , forma os primeiros positivistas , porque estes
afirmavam que não há nada na natureza que seja justo. O que existe é um poder arbitrário de
que o detém.
Esta era uma das épocas mais “ricas” do pensamento grego , a época helenística e
ficamos por este , porque a época seguinte vai ser muito diferente , pois vamos entrar
numa época imperialista , primeiro com Alexandre “O Grande” e depois com o
imperialismo Romano e , na religião , com o Cristianismo , quando passamos das
cidades estado gregas para o Império Romano. O surgimento dos grandes impérios vai
por em causa a compreensão que a Grécia tinha do politico e da compreensão do
cidadão para com o estado. O cidadão que participava dizia que , quando surge esta
época imperialista o papel do cidadão é diverso , pois temos o cidadão perante o
império ao invés de perante ao estado e tudo aquilo que foi a conceção politica grega
deixa de fazer sentido , pelo que , vamos ter agora um cidadão , não da cidade , mas
sim do “universo” e isso vai levantar outros problemas que iremos abordar mais
adiante ;
Os epicuristas (séc. III A.C. , a conceção naturalista de estado já está aqui presente ,
aquilo que vamos desenvolver na época moderna sobre o contrato social já estava
aqui nesta corrente dos epicuristas. Epicuro dizia que o estado provem de uma
convenção/acordo entre os homens , todo este direito provem deste acordo e não da
natureza. Este afirmava que nada que provinha da natureza era justo , temos aqui
uma visão positivista , mas , acima de tudo , a conceção contratualista do estado já
estava consagrada na Grécia Antiga com os epicuristas) ;
No que toca aos céticos , estes autores vêm dizer que todo o conhecimento é relativo ,
nada é absoluto , estes olharam para a história e disseram que o direito não foi sempre
o mesmo pois variou ao longo do tempo , o que é justo depende do tempo , do local
onde estamos etc…. , ou seja , tudo resulta aqui do homem e da sua conceção e não da
ordem natural das coisas. Tivemos momentos racionalistas e idealistas onde se vai
dizer que a razão é capaz de alcançar a verdade coisa que com os céticos discordam ;
Olhando para o mundo grego antigo temos lá tudo desde diversos modelos de
organização do estado , correntes etc… , ou seja , aquilo que muitas vezes afirmamos
como sendo moderno na verdade já existia na Grécia Antiga. Há , todavia , um
fenómeno novo este que vai ser o cristianismo ;
Além desta influencia grega , o que importa sublinhar é que Roma nunca ficou presa à
lei , ao menos durante a época clássica , o magistrado não estava preso à lei
O cristianismo :
Existem aqui um conjunto de factos relevantes que marcaram a história do ocidente da europa
continental , o primeiro facto prende-se não só com o nascimento de cristo e o papel que teve
no oriente e o seu desenvolvimento como religião , filosofia etc… , o que importa aqui
sublinhar como factos são os seguintes :
Quando o imperador Constantino no Séc. III muda a capital do império Romano de Roma para
Constantinopla (Istambul) , isto é relevante porque o imperador vai para o oriente.
O imperador Constantino vai para o oriente e muda a capital para Constantinopla (atualmente
Istambul). Qual é a importância deste evento :
O imperador vai para o oriente , logo , quem fica em Roma e vai tentar ocupar o
espaço do poder politico que se move para o oriente , aqui será a igreja que vai
entender que tem um espaço para se desenvolver no ocidente ;
O imperador Constantino vai ter outro ato relevante , este vai-se converter ao
cristianismo , ou seja , este percebeu que o cristianismo se estava a desenvolver de
forma significativa e devido a tal converteu-se a este em vez de os perseguir , tudo isto
de forma a facilitar o controlo ;
A invasão dos povos bárbaros no ocidente , estes trazem consigo diversas línguas ,
diversas culturas , direito não escrito , mas têm uma ideia de território e de
nacionalidade ao contrário do império romano que tinha vocação universalista. Estes
povos bárbaros trazem uma ideia de território , nação e de particularismo , coisa que a
igreja católica teve alguma dificuldade em lidar pois a sua vocação era universalista ;
Isto implicava um dialogo com a filosofia grega , esta conversão do cristianismo numa filosofia
e numa teologia tem 3 fases :
Será com o apóstolo São Paulo que se começa a haver uma transição do Cristianismo para uma
filosofia :
Santo Agostinho :
Santo Agostinho nasceu do outro lado do mediterrâneo mas veio para o ocidente , ele morre
em 430.
Este assiste à queda do império romano do ocidente este que estava decadente e corrupto e
os povos bárbaros estavam a invadir
Santo Agostinho olha em sua volta e vê um mundo corrupto e o homem corrompido e devido
a tal tem uma visão negativa.
Quanto ao estado este tem uma conceção pessimista de estado este que deveria ser
substituído pela igreja , e é aqui que nos separamos do pensamento grego , pois este considera
que o estado deveria ser substituído para igreja.
Quanto ao direito em São Agostinho , para este , o direito serve para regular as relações entre
os homens , mas , o direito , as relações entre os homens devem assentar no amor a deus.
O amor é um ato da vontade e não o ato da razão , logo , isto implica um ato de entrega/de
vontade , de voluntarismo e não de racionalismo. Significa isto que , a justiça irá também
resultar de um ato de vontade , ou seja , a justiça é um ato de vontade de Deus , o que é justo
e o que não é justo há de depender do que Deus quiser , isto é chamado o voluntarismo
agostiniano , o decisionismo é uma decisão do que quiser fazer , deus não obedece/está
sujeito a nenhuma regra e norma.
Justo é o que deus quiser , o que significa que o direito criado pelos homens é consoante o que
deus quiser (o que a igreja quiser).
Este é um direito que provem da vontade de deus , este não obedece a normas , logo não tem
conteúdo pois é um ato de vontade.
A igreja tem uma vocação universalista e estes povos bárbaros têm uma visão particularista.
Vai haver aqui algo que se vai traduzir num compromisso entre a igreja e os povos germânicos
que entretanto se vão estabilizando.
A igreja aceita os seus particularismos , os seus territórios , a sua ideia de nação , mas estes
têm que se converter ao cristianismo e subordinar-se à igreja , estes vão-se tornar profundos
católicos , como se vê nas cruzadas.
A igreja conseguiu a sua conversão ao cristianismo , a outra ideia foi a de o estado ficar
subordinado à igreja , sendo o ponto alto , a coroação do imperador Carlos Magno pelo Papa
Leão III , onde vemos o papa de pé , o imperador ajoelhado e o papa poe-lhe a coroa na cabeça
, ou seja , o poder espiritual está acima de todos os outros nomeadamente o poder temporal ,
a igreja está acima do estado.
Depois do século XIX , depois da morte de Carlos Magno as coisas complicam. Genericamente
a igreja consegue a supremacia e depois no séc. XV o estado começa a demonstrar alguma
superioridade.
Até ao séc. XIV podemos dizer que a igreja estava a cima do estado.
Século XII , este é o período da escolástica onde só se aprendia nos mosteiros , na igreja ,
praticamente apenas os membros do clérigo sabiam ler. Uma das razões para o atraso na
aprendizagem deveu-se à igreja católica , ao contrário do que aconteceu no séc. XV na europa
central devido aos movimentos protestantes.
Em seguida , vem São Tomás de Aquino.
A idade média :
21/03/2023 – Aula T
Temos aqui um acentuado otimismo , este que é marcado pela influência aristotélica , desde
logo na visão racionalista , naturalista de Aristóteles e na compreensão do homem como um
“animal politico”.
Nesta época estamos a assistir à formação dos estados. Estado , nacionalidade , línguas
nacionais etc…) , ou seja , está a preparar o estado moderno.
Em S. Agostinho justo era o que deus quisesse e o que ele queria. Para S. Tomás de Aquino
justo será também aquilo que deus quiser , mas este não vai poder parar de querer o justo , ou
seja , temos aqui uma visão racionalista e não voluntarista.
Vamos ter aqui o chamado racionalismo e intelectualismo o que significa que Deus está sujeito
a regras.
No plano do direito natural teremos aqui na mesma um direito metafisico , mas este provem
agora da razão de deus e não da vontade de deus.
No ponto de vista do papel do estado temos também uma visão diferente à de S. Agostinho.
Agora , o estado tem um papel fundamental , este tem uma visão otimista do estado. O
homem é um animal social , o estado é uma realidade incontornável e tem um papel
fundamental para organizar e unificar os Homens , em S. Tomás de Aquino é indiscutível a
importância que o estado tem. Este é uma forma que concede organização à matéria , sendo a
matéria os indivíduos.
Com esta visão otimista do estado pergunta-se qual a relação entre o estado e a Igreja.
A Igreja continua a estar acima do estado , o estado tem fins nobres e uteis para o Homem ,
sendo estes fins materiais , mas os fins espirituais correspondem à Igreja , seno os fins
espirituais superiores a estes últimos , logo , o estado continua aqui subordinado à Igreja.
Temos na idade média uma compreensão do estado completamente diversa da Grécia Antiga ,
pois nesta temos um estado que resulta da natureza das coisas , aqui , na idade média temos
uma visão do estado muito pessimista , mas de todo modo , um estado subordinado à Igreja ,
provindo o direito natural da razão de Deus.
Este fim da idade média que vai ser marcado com a queda do império romano do oriente , vai
implicar um sobressalto no ocidente. É o fim da idade média , é o desenvolvimento das
universidades , da ciência , do conhecimento , o período dos descobrimentos. Temos um
homem novo.
Vamos ter a renascença , o regresso aos clássicos , vão voltar a estudar o mundo greco-
romano.
22/03/2023 – Aula T
O Homem vai estar no centro do conhecimento , até aqui tínhamos uma concessão teocêntrica
da vida , agora vai-se valorizar o homem pois é este que compreende o mundo.
É uma época de consolidação das fronteiras dos estados (não inteiramente) numa parte
significativa , a afirmação das línguas nacionais (espirito nacionalista) , há um desenvolvimento
das figuras dos banqueiros , do capitalismo etc… Existe aqui também uma espécie de
independência em relação à Igreja.
Começa-se a afirmar a liberdade num plano jurídico. Até ao final da idade média seguia-se a
opinião dos autores mais consagrados , mas a partir de agora há uma liberdade de
interpretação dos textos líricos.
Só se consegue ser livre quando se é culto , ou seja , tem que se saber muito para ser livre.
Conhecer a opinião dos outros é o ponto de partida , e em seguida vou formar a minha opinião
, ou seja , vou ser critico.
A filosofia do estado :
Maquiavel : “O príncipe”
A maioria dos filósofos preferiram ignorar a obra de Maquiavel. Foi um autor que causou
demasiado escândalo para o tempo.
Este tem um modo de pensar inteiramente novo , o que causa uma rotunda extremamente
profunda com os ideais da idade média. Representa uma mentalidade nova , a verdadeira
mentalidade da renascença.
Não há nenhuma ideia de ética , politica , de estado , moral , de direito natural , ou seja , não
nenhuma ideia de nada. Ele não é um pensador abstrato mas sim um pensador existencialista.
Não há aqui nenhum espirito sistemático na sua obra.
Nesta época a Itália era uma Itália dividida , ainda em guerra com os franceses e os espanhóis.
Vivia uma época de instabilidade politica e Maquiavel sonhava com uma Itália forte , ao estilo
do império Romano com a organização , disciplina e até o modelo republicano que Roma teve.
Para além desta visão pessimista da natureza humana , uma concessão individualista do
Homem e um certo fatalismo. Salvo as situações de estado de necessidade o Homem tem
todas estas características.
Maquiavel dizia que deveria existir um príncipe que pela sua grandeza iria colocar ordem na
sociedade , pelos individuais fatalistas e individualista será necessário que este seja dotado de
virtude o que significa capacidade para comandar/contribuir para a riqueza do estado , ou
seja , um homem que seja capaz de gerir e contribuir para o estado , isto de forma ao Homem
sair do estado de necessidade , ou evitar cair neste.
Não há nada que limita a ação do príncipe , não está limitado por qualquer ideia moral ou ética
, politica ou até mesmo de direito natural. Para realizar este fim todos os meios devem ser
considerados – “os fins justificam os meios”. Este não tem qualquer limite na sua ação.
A razão do estado que Maquiavel utiliza não é dele , é um conceito que remonta à Grécia
antiga , significa que o estado pode estar acima do direito , ou seja , a ação do estado não está
subordinada tudo isto de forma a que se permita alcançar os fins de riqueza e grandeza do
estado.
Maquiavel está muito próximo da idade Média , não deixa de no seu pessimismo em relação à
natureza humana podemos ver alguma influência crista sobre o pessimismo.
É uma obra que autonomizou o politico , ou seja , autonomia do estado fase à Igreja ,
face à ética e face à moral. Este pensamento é perturbador para a época.
Excesso de originalidade , principalmente para o seu tempo , a europa era cristã e cria
continuar a ser cristã , ainda defendia o direito natural e queria continuar a defender ,
ou seja , o escândalo foi em demasia e a obra de Maquiavel ficou mais ou menos
esquecida ;
Jean Bodin :
Este quer a mesma coisa que Maquiavel , quer uma França forte/um poder central forte.
Este tem um pensamento teórico mais desenvolvido , o seu ponto de partida é o direito , não
diz que o direito está acima do estado.
Ao desenvolver esta ideia de soberania este foi buscar à politica romana , este olhou para o
seu tempo e viu que algo estava a acontecer , tínhamos tido até aqui a supremacia da Igreja
sobre o estado. Era um estado que abaixo de si tinha o feudalismo , entre nós há uma
expressão de D. João I que quando chegou ao poder disse o seguinte : “Eu sou rei de Portugal ,
mas na verdade sou o rei das estradas de Portugal” , isto porque acima dele tinha o papa e
abaixo dele os nobres , estes últimos que aplicavam o direito , quem cobrava os impostos era a
Igreja , o próprio monarca para entrar em alguns locais tinha que ter autorização do nobre
local , ou seja , no fundo este não tinha poder sobre nada.
Jean Bodin , vendo esta realidade em França , viu também que a Igreja estava a perder a sua
influência e o feudalismo estava em decadência , e desenvolveu o conceito de soberania , esta
que consistia na ideia de que o estado não tinha nada acima de si.
O conceito de Jean Bodin é o seguinte : A soberania consiste na ideia de que o estado não tem
nada acima , nem abaixo de si.
Nos dias de hoje não somos um estado soberano , porque acima de nós temos , por exemplo ,
a União Europeia (e os seus respetivos órgãos) , e abaixo de nós temos a família Espirito Santo
(BANCO).
Qual foi o primeiro momento em que os estados perderam soberania? Quando fizeram
acordo sobre os pesos e medidas (sistema métrico e sistema imperial)
Jean Bodin olhou para o seu tempo e viu que a Igreja estava a perder a sua influência.
Sobre a soberania este escreveu que a soberania é o poder que acima de si , não admite
outro exceto o de Deus.
Ele entrega o poder soberano a um rei ou a um príncipe , ainda não há distinção entre o estado
e o rei.
Este não era um absolutista , apesar de a sua obra inda hoje ser lida como se este fosse um
defensor do absolutismo ele está muito longe de o ser , pois este estabelece diversos limites
aos poderes soberanos do príncipe :
Claramente que Jean Bodin ainda está influenciado pelo pensamento cristão da idade média ,
portanto , ainda estamos aqui muito próximos da idade média com este autor.
Quais as diferenças entre Bodin e Maquiavel? Maquiavel não tinha direito natural nem ética.
Ambos querem um estado forte , mas têm visões e formas diferentes de alcançar este
objetivo.
-Apresentação PowerPoint
28/03/2023 – Aula T
Hugo Grotius :
Estamos na Holanda , numa ambiente mais virado para o estudo. É um olhar já para o futuro ,
este é um humanista , tem formação cristã e isso vai influenciar o seu pensamento jurídico-
penal.
É um pensador do tipo moderno em que a liberdade individual é uma das suas principais
preocupações tal como a vertente humanista.
Este seu lado humanista levou-o a defender uma humanização da guerra. Está sujeito a um
direito proveniente da razão humana.
Este verificou que a sua época poderia ficar marcada por uma característica da independência
dos estados e também soberania , ele previu esse futuro.
Os estados não tinham direito nenhum acima de si que os vinculassem , e devido a isto ,
Grotius preocupou-se com a criação deste direito.
Este pretendia criar um direito superior a cada estado/a cada povo , ou seja , este pretendia
criar o direito internacional público , foi neste ponto que Grotius foi verdadeiramente
inovador.
Hugo Grotius , para além do tema referido anteriormente , também debate sobre a origem do
estado , e da sociedade dentro do estado. Grotius continua a defender que o homem é um
animal politico , ou seja , vive em sociedade.
Para este o estado tem uma finalidade a cumprir , mas não deixa de ser relevante que o ponto
de partida para a construção do estado , embora não esteja inteiramente desenvolvido , é o
individuo sendo este que constrói os factos.
O poder em Grotius reside e provem do povo. O que não é claro é como é que há esta
transição do poder , do povo para o estado.
Admite que o poder se transfira para o estado e não mais regresse ao povo.
O autor não explica se esta transferência do poder do povo para o estado. Esta visão de que o
poder se transfere e não regressar mais ao povo significa que não é democrata , é mais
absolutista.
Para Grotius importava mais a ordem e a segurança do que a justiça e a democracia , o que
significa que , não haveria aqui limites à atuação do soberano , mas sendo ele um jurista de
formação cristã , humanista , não vai cair neste erro de não admitir limites ao governo , admite
um direito natural que ele chama de direito divino e das gentes , parece ser um direito natural
metafisico religioso.
Ao dizer que o soberano está subordinado a um direito natural , superior/divino , ainda temos
um estado subordinado ao direito , que na verdade não vamos perder com os autores que
vamos analisar.
Está aqui presente também uma certa ideia de direito , ainda não se percebe bem o que é , ele
diz que é o direito que antecede toda a vontade humana e divina e cuja validade é
independente dela.
Todos os autores entendem que Grotius está na origem do direito natural racionalista.
Thomas Hobbes :
Estamos num ambiente diverso , chegamos ao séc.XVII logo é preciso ter em conta o que se
passava em Inglaterra e as alterações que estamos a ter.
Qual o contributo desta visão materialista , empirista , matemática etc…? O ponto de partida
será agora , sempre o individuo. Este tipo de conceções vai ter como consequência , que a
visão da sociedade vai ter como pressuposto o problema do relojoeiro , este que tem que
desmontar o relógio , para o reparar e , consequentemente , o voltar a montar , isto vai
acontecer à sociedade.
Para construir o estado admitimos que existiu um estado de natureza (anterior ao estado
social) , este que , em Hobbes , é dominado por um homem feroz e isto iria causar a
autodestruição do mesmo , dai a necessidade de transitar para um estado social através do
contrato social.
Se temos aqui uma visão pessimista da natureza humana , se o homem transita do estado de
natureza para o estado social , então vamos ter que ter no estado social um estado forte ,
interventivo e totalitário no sentido em que este intervêm em todas as esferas da vida da
pessoa e é isto que vamos ter em Hobbes.
O poder transita do povo para o estado (nunca mais volta ao povo) através do contrato social ,
de modo a que o estado tenha todo o poder. Através do contrato social o homem aliena todo
o poder ao estado , ou seja , o povo aliena toda a soberania para o estado.
Para Hobbes era indiferente relativamente ao facto de o poder se transmitir para uma
monarquia ou para o estado.
Sendo esta a conceção de Hobbes , não podemos esquecer que este é um jusnaturalista ,
defensor do direito natural. Este direito natural provem da razão humana , é aqui que o autor
diz que o direito natural se reduz a um direito de autoconservação da espécie humana e
apenas isso.
É o direito natural que vai limitar a ação do estado. O estado é totalitário e absolutista , mas
este tem um dever de proteger o cidadão e a si próprio.
Hobbes nasce numa Inglaterra ameaçada pela armada invencível , este vive o período em que
esta armada ameaçava invadir a Inglaterra podendo este evento ter influencia na obra do
autor.
Não existe distinção entre o “povo” e o “príncipe” (o poder apenas pode estar num
deles e não em ambos) ;
Relação entre o direito e o estado (começamos a ter uma outra visão de que o direito
é construído pelo estado , igualmente a distinção entre igreja e estado deixa de ter
sentido porque a igreja está agora subordinada ao estado)
Foi a conceção cientifica e matemática que levou a esta obra e que Hobbes utilizou.
Relativamente à sua visão totalitária do estado , talvez isso tenha derivado de circunstancias
ocasionais , mas há um aspeto que a critica sublinha , que é que Hobbes era um liberal ,
burgues , defensor de um estado mínimo , dos direitos do homem , e então se ele defendia
tudo isto , como é que escreveu esta obra? Há quem diga que ele era um totalitário
individualista , há quem diga que se equivocou , outros dizem que se ele tivesse vivido mais
alguns anos nunca teria escrito esta obra (revolução inglesa).
Temos aqui todo um germinar do liberalismo inglês que se vai confirmar com John Locke.
Entramos agora no séc. XVIII , pós revolução inglesa. Impõe-se aqui uma nota sobre o
iluminismo.
O séc. XVIII é o século da razão , do racionalismo , do iluminismo , é também um século
que assenta em algumas guerras religiosas , já os estados estão estabelecidos no novo
mundo ;
Desenvolvimento do naturalismo (o homem já não pertence a dois mundos , este é
como todos os outros seres apensa natural) ;
Época do desenvolvimento da ciência ;
Época da afirmação e da importância do estado ;
Acredita-se que a razão é capaz de alcançar a certeza , vai-se tentar romper de vez
com o argumento da autoridade , com o domínio da opinião , agora é uma razão critica
construída a partir do homem ;
Esta visão a partir da razão estará contra o romantismo (na Alemanha) ;
Apesar de tudo , esta é uma época absolutista , ou seja , na teoria já se afirmava a
liberdade individual , ideia esta que ainda não tinha chegado à prática politica ;
Vai-se dizer que há uma esfera de direito que nunca transita para o estado. Há uma
esfera de direitos naturais , originários e individuais que o homem não perde ao
transitar do estado de natureza para o estado social. É isto que se vai agora afirmar ,
uma esfera de direitos que se opõe ao estado. O problema vai estar no âmbito do
“tamanho” desta esfera. Se esta esfera terminar ficaremos com um estado totalitário ;
O iluminismo traz um conjunto de direitos individuais , naturais e originários que são o
limite à intervenção do estado. Quanto maior for esta esfera menor é a intervenção do
estado ;
Quem vai aplicar melhor estes ideais vai ser John Locke ;
John Locke :
Quanto à origem das ideias não podemos dizer que este é um empirista puro. Há uma tensão
dialética entre as sensações (sentidos) e a reflecção , ou seja , há aqui traços de
intelectualismo. Esta tensão entre os momentos empiristas e intelectualista vão estar
presentes na sua obra.
Tal como Hobbes , o autor decompõe a sociedade e chega ao individuo (o seu elemento mais
pequeno) , mas este tem uma visão diferente do individuo , tem uma visão otimista da
natureza humana. O autor diz-nos que no estado de natureza o homem era livre , e que estes
transitaram para o estado social porque pode ser desconfortável o estado de natureza.
Quer em Hobbes quer em Locke , o homem transita do estado de natureza para o estado social
por razões egoístas , estamos muito longe das visões gregas do estado.
Temos aqui um contrato social através do qual o homem transita de estado de natureza para o
estado social. Há um fim útil do estado para manter as liberdades individuais , mas ao
contrário de Hobbes , aqui há uma esfera de direitos que não se transmite , ou seja , o
individuo mantem na sua esfera um conjunto de direitos inalienáveis , o que significa que no
estado de natureza já existia direito (só Kant vai resolver este problema , na visão Kantiana
há direitos que são anteriores ao estado).
Em Locke vamos ter um estado liberal , mínimo e limitado devido à esfera de direitos que o
individuo não transmitiu para o estado.
O homem apenas transfere o mínimo possível para o estado. O fim do estado é apenas
garantir paz , segurança e o bem estar do povo. (estado mínimo).
Jean-Jacques Rousseau :
Ele diz que cada vez mais estamos a sofrer de doenças do foro psiquiátrico e não se
sabe porque , este diz que advém do facto de nos já não olharmos tradicionalmente
com as lentes da ??... , não olhamos para outro como parte o que pode criar um
problema ;
Hoje em dia somos globais , não interessa de onde viemos , isto não é uma critica à
questão da emigração , mas sim uma critica à nossa forma de ver outros elementos
das nossas vidas ;
Ele diz que a nossa sociedade tornou-se numa sociedade positiva ;
A sociedade em que o ser humano se pautava pelo receio da doença , da prisão , do
manicómio passou a ser uma sociedade de positivos/de coisas boas o que significa que
este diz que nós passamos a ser turistas , tudo é prazer , já não temos uma sociedade
que existe para disciplinar o homem , mas sim uma que produz para o homem de
forma a satisfazer as suas necessidades ;
Nesta sociedade o “empresário” somos nós próprios , isto do ponto de vista da
“industria do eu/de nós próprios” ;
Nos ocupamo-nos com o “eu” do ponto de vista dos nossos projetos ;
Naquilo que é o nosso próprio projeto , quando que por alguma razão não podemos ,
existe um paradoxo , o que significa que nos deixamos de identificar com nós
próprios ;
O próprio verbo “dever” tem uma carga negativa , pois esta sociedade é caracterizada
pelo verbo “poder” o que representa o seu caracter positivo ;
Encontramos aqui aquilo que é uma contraposição natural do que nos tem vindo a ser
ensinado pela sociedade ;
As doenças de foro psiquiátrico advém daquilo que é uma disforia com os princípios
que nos foram ensinados ;
Ligado com isto está a questão do “tédio profundo” , todos estes problemas advêm do
excesso de positividade , a pessoa deixa de se identificar com a sociedade e não sente
prazer em nada ;
Nos estamos habituados a um “bombardeamento” intenso de informação , o que
influencia a nossa forma de lidar com o tédio ;
A solução aqui é a vida ativa e a pedagogia da visão. Tudo se resume ao pensamento. A
questão da ação é determinante.
O ponto do livro é que nós sofremos muitas vezes de depressões e de outras doenças
do foro psicológico , porque sendo bombardeado por informação e por vivermos numa
sociedade que quer que todas as nossas necessidades sejam satisfeitas , pode chegar a
um ponto em que algo quebra e que consequentemente cause com que nós não nos
identifiquemos com a mesma ;
A ideia aqui é o parar para contemplar , pensar e talvez criar ;
11/04/2023 – Aula T
Rompe com a tese da opinião comum/dos outros pois faltava a liberdade de critica e de
interpretação dos textos jurídicos.
O método escolástico será substituído pelo método histórico-critico , isto é , vai-se estudar
determinadas fontes , como por exemplo , o direito romano mas com uma visão critica destes
mesmos factos.
A visão critica é aqui filtrada pela razão de forma a que faça sentido na época moderna.
Isto não significa que se tenha abandonado totalmente as visões mais tradicionalistas.
Cuidado com a escrita – escola importante. Liberdade critica – para o ser , tem de ser culto.
Juristas cultos , não eram entendidos uns pelos outros. Esta escola não se conseguiu impor.
Ora , é também neste enquadramento que surge aqui a PE que surge outra corrente. Esta é
uma escola que continua a olhar para o passado. Opõe-se à corrente da França , da Alemanha
e da Holanda. Continuadora do pensamento jus naturalista medieval – projeta-se no domínio
da gente. Esta escola peninsular defendia o “mar fechado”.
No domínio da filosofia do direito esta escola vem a defender que a soberania provem do povo
, mas o poder soberano é dado por deus ao povo , e este transfere o poder ao monarca através
por um contrato e caso o monarca não cumpra este pode ser destituído.
A posição desta escola peninsular quanto ao direito natural , esta vem a defender/continua o
pensamento medieval. Estes chegaram à conclusão que o direito natural provinha da razão
humana aproximando-se assim da escola racionalista do direito natural que já dominava há 2
seculos na Alemanha e na Holanda.
A escola jus racionalista surge na Alemanha , Inglaterra e Alemanha , Hugo Grotius foi o
propulsor/fundador desta escola. Esta afasta todas as ideias “medievais” , há uma afirmação
da razão. O direito natural provem da razão humana e não de deus.
Este direito natural racionalista vai ter um papel importante , porque primeiro vai afirmar a
razão , o homem vai acreditar na sua razão , mas acredita tanto que chega ao ponto de que
através da razão pensa que pode alcançar a certeza , que consegue construir um sistema
jurídico que assenta em normas gerais e abstratas , uma razão que consegue sistematizar o
ordenamento jurídico. É esta crença na razão que vai tornar possível que esta sistema jurídico
seja completo/perfeito , e por isso , fechado , estamos aqui , devido a tal , a caminhar para
uma das características do positivismo.
Vamos ter aqui um problema , pois vamos dizer que o direito natural provem da razão humana
, e este será assente num conjunto de princípios dotados de validade interna e universal , ou
seja , um direito natural fora da história. Mais do que esta critica , vai surgir um problema mais
delicado do que este , que é , este direito natural provem da razão humana , mas diz também
que o direito positivado também provem da razão humana. A função do direito natural é
conferir validade ao direito positivo , ou seja , este será válido se estiver em concordância com
o direito natural.
A razão não vai entrar em contradição com si própria , ou seja , esta escola vai acabar por
concluir que não há direito natural , mas apenas direito positivo. Este foi o fim do direito
natural , ou seja , estamos a “abrir a porta” ao positivismo jurídico.
Jean-Jacques Rousseau :
Esta é uma das obras mais importantes do pensamento jurídico de todos os tempos. É uma
obra cheia de contradições , é uma utopia e é uma obra que Kant dizia que se tinha de ler duas
vezes e tentar abstrair do modo como está escrita.
Não se sabe ao certo o que é a vontade geral. Apesar de tal , o sentido da vontade geral é que
é frequente haver diferenças entre esta e a vontade de todos.
A vontade da maioria é uma soma de vontades individuais tal como a vontade unanime ,
nenhuma destas é a vontade geral.
A vontade geral aparece com mais de um sentido nesta obra , o que é comum pois esta está
cheia de contradições.
A vontade geral não se confunde com a vontade unanime nem com a vontade da maioria , pois
ambas estas não passam de uma soma de vontades individuais , mas isso não significa que
esteja de acordo com a vontade geral pois esta releva do interesse comum.
Se John Locke foi um ponto de chegada a Inglaterra , Rosseau é o ponto de partida , se John
Locke estava , depois da revolução inglesa , religiosa , depois do parlamentarismo , Rosseau
está antes de qualquer revolução democrática.
Rosseau quer o mesmo que Hobbes , Locke etc… , este queria um estado forte mas não o
estado absolutista francês.
Rosseau tem uma França absolutista , mas decadente , e os franceses , puseram-se a pensar
influenciados pelos ingleses , em particular Locke. Estes começaram a pensar mais em
abstrato. A separação de poderes , os direitos humanos e entre outros.
O ponto de partida de Rosseau é o individuo , ele tem uma conceção individualista , mas é um
individualismo concreto , inserido na história. Ele olha para a realidade concreta da vida , por
isso não está ainda no frio racionalismo do seu tempo.
Tem uma conceção positiva e otimista da natureza humana (o homem é bom por natureza que
o corrompeu foi a sociedade).
Rosseau é um crente em deus , é um homem religioso dai que alguns digam que a sua vontade
geral é algo de metafisico , apesar de não ser , é algo mais utópico.
A sua compreensão de deus é diferente da medieval , tem uma visão generosa de deus.
“Tudo está bem quando sai das mãos do AUTOR das coisas”
“O Homem nasceu livre (estado natureza) , como é que ele há de permanecer livre (estado
social) ?”
O estado nasce numa convenção entre os Homens , o homem celebra um contrato (contrato
social).
O homem vivia num estado de natureza onde era livre e igual , mas mesmo assim há
inconvenientes neste estado de natureza e o homem pretende transitar para um estado social
(através do contrato social).
Esta primeira parte é a parte em que o autor tem por principio o individuo e a sua respetiva
vontade individual.
Nesta transição do estado de natureza para o estado social o homem vai ter que renunciar a
uma parte dessa liberdade , mas não toda , há uma esfera de direitos irrenunciáveis. Há uma
parte que o homem perde nesta transição , de todo modo , o facto de se viver em sociedade
vai implicar alguma limitação dos seus direitos.
Ao transitar para o estado social o homem iria perder alguns dos seus direitos.
Este agora pergunta se não é possível uma forma de associação em que o homem não
obedeça apenas a si mesmo de forma a permanecer livre como era antes. Vai aqui introduzir o
conceito de vontade geral. Este conceito , ao ser introduzido , entramos nas grandes
contradições desta obra. A vontade da coletividade não é a vontade da maioria , nem é a
vontade unanime , pois ambas resultam do interesse particular , a geral resulta do interesse
comum. O autor vai defender o seguinte , continua a contrapor o estado de natureza ao
estado social , mas diz que na transição de um estado para o outro , o homem aliena todos os
seus direitos a todos os outros , uma alienação total de todos os seus direitos a favor da
comunidade , isto é a negação do que ele tinha dita atrás.
“Cada um dando a todos , não se dá a nenhuma pessoa , ganhamos o equivalente a tudo que
perdemos”
Isto significa que os direitos do estado de natureza se convertem em direitos civis. O homem
só pode viver dentro da comunidade , a liberdade não é uma liberdade individual mas sim uma
liberdade politica , é uma visão totalitária.
Aquilo que eram os direitos naturais transformam-se em direitos civis , em liberdade politica
que só é compreensível dentro do estado.
“Ser livre agora é obedecer à vontade geral e mesmo quando a vontade geral usa a força
para obrigar um individuo que recusa a cumprir as regras da comunidade significa que esta
está a obriga-lo a ser livre”
A comunidade está apenas a obriga-lo/a força-lo a ser livre , a liberdade só existe dentro da
comunidade. Com esta visão o autor diz-nos que o homem continua a obedecer apenas a si
mesmo e a manter a sua liberdade , esta que agora é uma liberdade dentro da comunidade.
Será que a liberdade só existe dentro do estado , ou a liberdade que nós temos é contra o
estado?
A expressão “vontade geral” , na obra do autor aparece com grande significado. Umas vezes
aparece como soberano , como estado , como cidade , como potencia etc… , e o objetivo é
saber quem é o representante desta vontade geral.
Rosseau queria uma França forte , mas não o modelo de Hobbes (monarquia absolutista) , mas
também não queria o parlamentarismo inglês.
O povo inglês pensa que é livre , mas ele só é livre no dia das eleições do parlamento , ele
achava que este era um modelo/estado fraco , ele queria um outro modelo , dai introduzir esta
compreensão da vontade geral.
Ele levantou se há limites à vontade geral , este diz que há , porque esta exigia que um
individuo transferisse todos os seus direitos para a comunidade , mas esta apenas vai exigir os
que forem necessários e úteis aos interesses da comunidade.
A origem de todo o direito está na vontade geral , mas esta é aqui a vontade da maioria
representada no parlamento , logo , para o direito a vontade geral é , na verdade , a vontade
da maioria.
Rosseau dá-nos uma conceção formal da justiça e não uma conceção material , ele não discute
o conteúdo das normas jurídicas , só apresenta uma forma.
Este ignora qualquer critério material , nunca discutiu o conteúdo das normas jurídicas.
O ponto de partida da obra foi o individuo , foi democrítico , mas o ponto de chegada é a
comunidade , é uma visão totalitária. Ele partiu dos direitos do individuo mas chegou aos
direitos da comunidade. Ele partiu de um homem que era independente da comunidade e
chegou a um homem que só existe dentro da comunidade.
Ele partiu do principio que o homem mantem uma esfera de direitos alienáveis a favor da
comunidade. Este aliena todos os seus direitos à comunidade.
Rosseau apresenta no fim da sua obra uma democracia totalitária , caiu numa utopia pois esta
não é realizável.
A liberdade só existe agora no estado , é uma liberdade politica dentro do estado. Entre o
individuo e a comunidade há uma síntese. Estamos longe de Locke , também não estamos
numa monarquia absolutista de Hobbes , Rosseau consegue um estado forte mas acaba por
cair num modelo totalitário não realizável sendo esta obra uma das principais causas da
revolução francesa.
Psicopolitica :
Temas :
A crise da liberdade ;
O poder inteligente (e o Big Brother Amável) ;
O topo e a serpente ;
Biopolítica ;
A cura como homicídio ;
O capitalismo da emoção ;
A ludificação ;
Para além do sujeito ;
Idiotismo ;
19/04/2023 – Aula T
O humanitarismo :
Em relação ao conteúdo do direito penal vai-se retirar deste a influência religiosa e este só
deve intervir onde for estritamente necessário.
Isto prende-se com o contrato social , ou seja , o homem só transfere para o estado aquilo que
for necessário.
Relativamente ao tipo de pena , até aqui existiam vários tipos de penas , nomeadamente as
corporais , a liberdade é o valor fundamental dai que a pena rainha deste humanitarismo é a
pena de prisão , abandona-se aqui as penas corporais.
Quanto à finalidade das penas defende-se quer a prevenção especial , ao invés da prevenção
geral.
O principio de que não há crime sem lei , o principio da não interpretação extensiva no direito
penal , tudo isto vem do humanitarismo.
Esta corrente , séc. XVIII na Alemanha continua a estudar o direito romano , mas também os
direitos nacionais.
Immanuel Kant :
Kant é um dos grandes “monstros” da filosofia , pois a sua obra é particularmente vasta e
importante na vertente da filosofia.
O primeiro ponto a sublinhar é que , ao contrário dos filósofos até aqui que colocavam o
objeto no centro do conhecimento e o sujeito em volta desse mesmo objeto , Kant faz o
contrário , coloca o sujeito no centro do conhecimento.
Se o ponto de partida é o sujeito e a sua razão , a razão que é aqui entendida como um
elemento à priori , vai tentar compreender a matéria , ou seja , o mundo sensível , há um olhar
do sujeito para o mundo sensível e para os fenómenos. É através desses dados da experiência ,
o nosso conhecimento é sempre relativo/limitado inserido num tempo e num espaço , o
conhecimento é relativo duplamente porque é relativo ao sujeito (que vai conhecer a matéria ,
os fenómenos que resultam da experiência) e por outro lado , é um sujeito inserido num certo
tempo e num certo espaço. O conhecimento será diverso.
Kant afasta a metafisica na sua totalidade , pois tudo parte do sujeito e da razão para conhecer
os fenómenos. (critica da razão pura)
Critica da razão prática – a parte da obra sobre esta critica é de particular importância , nesta
não estamos no domínio da ética , estamos no domínio do dever ser , enquanto que na critica
da razão pura estamos no domínio do ser , aqui estamos no domínio do poder ser , esta
contraposição é fundamental , mas há que perceber que em Kant há um conjunto de
elementos tomados à priori , por um lado , tal como na critica da razão pura há aqui um
elemento à priori que para esta é um dever ser , o homem age de forma a realizar o bem.
Este dever de realizar o bem tem uma série de pressupostos , o homem só pode realizar o
bem se :
For livre (a liberdade moral é um pressuposto para que o homem possa realizar o
bem , este dever de realizar o bem e a liberdade como pressuposto vai ser essencial
para percebermos a sua visão e compreensão do direito e do estado) ;
Para Kant , para o homem ser livre à outro pressuposto :
Imortalidade da alma (esta própria implica outro pressuposto) :
Existência de deus ;
Na critica da razão prática o pensamento de Kant sobre o direito e o estado , estamos aqui no
domínio das ideias (que o autor não inseriu na história) e a obra deste está sempre a ser
revisitada e reinterpretada).
Kant começa por utilizar os mesmos conceitos e referências que vimos em Hobbes , Locke e
Rosseau , designadamente utiliza a contraposição estado-natureza , estado-social , direito
natural , direito positivo e entre outros.
Dá-nos uma certa ideia de o que é o individuo. Regressa ao conceito de vontade geral e do
governo legitimo de Rosseau.
Toda esta terminologia não tem nada de novo em si , Kant veio conceder um conteúdo muito
diverso.
O direito natural em Kant é um direito natural que não tem conteúdo , é um direito natural
racional assente numa certa ideia de direito , mas não é uma compreensão/ideia constitutiva ,
nada nos diz do conteúdo , é uma ideia regulativa/principio orientador do que deve ser o
conteúdo do direito.
Kant nunca nos diz qual é o conteúdo do direito , dá apenas esta ideia regulativa/critério para
o conteúdo do direito. Esta ideia regulativa é que o direito é um meio/instrumento , não é um
fim em si mesmo , é um instrumento para permitir que o homem realize a liberdade em si
mesmo e na sua relação com os outros. Este é todo o direito natural de Kant é uma ideia
regulativa.
A função do direito é permitir ao homem , em primeiro lugar , adquirir a liberdade. Não deixa
de haver aqui uma relação entre o direito natural racional e a ética. Kant distingue a ética do
direito. O direito é algo que é exterior , que pretende ao mundo sensível e é coercível.
Para Kant a liberdade é o critério do direito. O direito é um instrumento para o homem realizar
a liberdade.
Para além do direito natural há o direito positivo. Kant diz-nos quais são as condições que o
direito deve obedecer , isto é , qual é a finalidade do direito. A finalidade do direito é realizar a
liberdade e o autor faz uma contraposição entre a moral , a ética e o direito , cada um deve
agir no plano ético de forma a que a sua liberdade seja compatível com a liberdade dos outros.
No plano do direito , o homem deverá externamente agir de forma a que o seu arbítrio se
possa harmonizar com a liberdade dos outros. A liberdade em Kant não sofre nenhuma
restrição , esta é um valor absoluto , o que sofre restrição é o arbítrio , isto é , um homem que
mata outro , isso não é liberdade , é arbítrio.
Esta harmonização na relação com os outros não implica uma restrição da liberdade mas a
restrição do arbítrio.
Qual é a compreensão que Kant tem do homem? O homem em Kant não é um meio , mas é
um fim de si mesmo.
O direito tem por função garantir que as diferentes liberdades de cada um possam coexistir de
forma a que cada um realize a sua liberdade na sua relação com os outros.
As restrições que cada um pode vir a sofrer são restrições ao seu arbítrio e não à sua liberdade.
A finalidade do direito é permitir a maior liberdade a cada um na sua relação com os outros.
Contraposição estado natureza e estado social – Kant olhava para o estado natureza como um
estado jurídico (ninguém o tinha feito até aqui , de forma clara) , o que Kant quer aqui dizer é
que o direito (apesar de não ser todo) existe antes do estado. Estes são direitos que existem
antes do estado , pois onde há razão há direito , onde está o homem tem que haver direito.
No estado de natureza falta o direito público , a função de garantia que o estado social tem. É
uma distinção entre direito privado e direito público , justiça comutativa e justiça judiciária ,
logo , para Kant o direito subjetivo existe antes do estado e fora deste.
Quanto à sua compreensão do contrato social , nos autores anteriores tinha por fundamento
a realização de interesses individualistas era sempre um conveniência em termos egoísticos ,
não é isto que temos em Kant , para este o contrato social assenta numa ideia regulativa , ou
seja , a transição do estado de natureza para o estado social é imposto pela própria razão
humana e por isso é uma ideia regulativa porque é apenas uma orientação , não há aqui
conteúdo , a razão impõe esta transição do estado de natureza para o estado social.
Quanto à vontade geral , esta que corresponde ao interesse da comunidade que não coincide
com a soma de vontades individuais (vontade da maioria e vontade unanime) , em Kant esta
tem outro sentido , a vontade geral significa simplesmente que para o homem poder realizar a
liberdade , ou ter um meio para realizar a liberdade é imperativo que haja uma razão
legisladora. Aqui esta vontade geral é um ideia em que a razão (universal – todos os homens
são dotados desta) é legisladora , impõe esta regulação mas nunca dita o seu conteúdo
propriamente dito.
Podemos ter 2 visões , que a sua obra está no domínio das ideias pois este nunca inseriu as
suas ideias na história , mas na verdade , na prática a sua obra vai ser utilizada para impor os
regimes individualistas liberais.
Por outro lado , não podemos esquecer que ele colocou o sujeito no centro , e ao fazer isto é
uma perspetiva subjetivista. O direito é um direito natural racional e portanto estamos no
domínio das ideias , da abstração.
Existe na obra de Kant uma lacuna , estamos no domínio das ideias e portanto faltou aqui
inserir as ideias na história , apresentar um modelo concreto de aplicação da sua obra.
Do ideal Kantiano fica a conceção do homem como um fim em si mesmo e não como um meio.
O séc. XIX em termos de filosofia do direito e do estado merece ser dividido em 2 partes.
Este movimento do romantismo proteja-se em diversas artes. Este romantismo vai estar na
base de duas correntes :
A escola histórica do direito vai dizer que a fonte é o costume , esta escola é tributária do
romantismo , e é por esta razão que na Alemanha o primeiro código civil só entre em vigor em
1900.
Na segunda parte do séc. XIX regressa em toda a força o iluminismo , o racionalismo , as ideias
da revolução francesa e estamos em plena revolução industrial , mas , tudo isto vai permitir o
positivismo , esta influencia vai surgir nomeadamente devido ao racionalismo.
O costume não é fonte de direito , porque para o positivismo fonte de direito é a lei. Para o
positivismo a fonte de direito é a lei porque
O costume é incerto , contrário à razão. Por isso , só a lei é fonte de direito (positivismo).
O positivismo vai também dizer que a lei deve ser interpretada de acordo com o sentido que
esta tinha no momento em que foi feita (interpretação histórica , ao invés de atualista)
A interpretação atualista implicaria que o magistrado pudesse criar direito , para respeitar a
vontade de Rosseau este tem que aplicar a lei de acordo com o sentido que esta tinha quando
foi criada , caso não o fizesse estaria a desviar-se da “vontade geral” referida por Rosseau.
A revolução industrial ocorreu de forma mais acentuada na Inglaterra , isto porque , por um
lado , o regime era mais liberal , e por outro , porque a revolução industrial foi na Inglaterra e
não em outro pais qualquer por uma razão que não tem sido muito explorada , a principal
razão que pode ser assentada aqui é o facto da falta de mão de obra , isto não era problema na
Inglaterra porque esta já tinha um sistema social/familiar mais desenvolvido.
O idealismo :
Depois de terem morrido , Kant e Hegel , a interpretação que fizeram deu origem a duas
correntes diferentes que ainda hoje se debatem e tiveram uma importância histórica no séc.
XX.
Estas obras vêm influenciar o pensamento não só do séc. XIX , mas também do séc. XX.
Ambos os autores têm paradigmas diversos , Kant apresenta um ideal muito mais liberal ,
direitos originários , naturais , indisponíveis das pessoas , isto continua com Kant. Toda esta
visão liberal está presente nos seguidores de Kant , mas , por outro lado , os seguidores de
Hegel apresenta um paradigma , pois estes preferem a prevalência dos valores comunitários.
Estes dois paradigmas ainda hoje têm representação por toda a europa , ora mais , ora menos
acentuado , um é a herança de Kant , o outro a de Hegel.
Um dos grandes pensadores do séc. XX foi Karl Marx , este é aluno de Edward ???? , que é um
seguidor de Hegel.
Marx vai ser um continuador das correntes comunitaristas e o seu pensamento vai estar na
origem da revolução de 1917 na Rússia (comunista) , e vai ser o pensamento deste que vai
estar na base.
Em Kant , há uma natureza autónoma e absoluta do “eu” , em Hegel este não é o caso , neste
temos o chamado idealismo absoluto.
Hegel deu origem a orientações de natureza totalitárias , Kant deu origem a orientações
democráticas liberais.
Para o teste :
Enquanto em Kant estamos apenas no plano das ideias , Hegel tentou integrar as ideias na
história :
“Todo o real é racional e todo o racional é real”
Temos uma fusão entre as ideias e a realidade concreta. É uma síntese do impossível , de uma
orientação também metafisica mas concebe este que vai para além de Kant.
Já não temos as liberdades individuais que vimos em Kant. Todo aquele dualismo de Kant
entre sujeito e objeto aqui desaparece.
No primeiro momento há uma imagem que é transmitida por Hegel e que beneficia o seu
pensamento , que tudo nos leva ao mesmo , ou seja , o sujeito saindo do todo (da sociedade)
poderia começar a ter a consciência de si mesmo , e o outro seria algo exterior a si.
Esta integração do sujeito no todo é uma filosofia da totalidade tem uma proximidade com o
pensamento grego , ou seja , o homem não pode ser entendido fora do estado , apenas dentro
deste (não há liberdades contra o estado , há o sujeito integrado no estado e só ai se pode
compreender , dai estas ideias de Hegel tenham influenciado o pensamento de Marx que está
na base dos regimes socialistas , ou seja , este estado de Hegel é totalitário no sentido grego
de que o homem não se pode compreender fora do estado , este funde-se na generalidade e
não faz sentido essa visão individualista.
Este positivismo que foge de qualquer metafisica olhando para o mundo sensível e concreto.
Tudo é visto como tendo uma causa e um efeito , uma conceção mecanicista do próprio
mundo. Olhamos apenas para os próprios factos o que deu origem a outras correntes. Todas
elas olham para o concreto , para o individuo.
A única fonte de direito só pode ser a lei (não o costume , jurisprudência ou doutrina).
O costume não é aqui fonte de direito porque tem uma certa incerteza , não é racional. O
racionalismo volta após a morte de Hegel. Este positivismo jurídico é chamada de formalismo
lógico inserido numa técnica jurídica. A vontade geral é a fonte de todo direito.
Ninguém seria injusto consigo próprio , os representantes do parlamento não seriam injustos
consigo próprio.
A razão era capaz de construir normas jurídicas completas e fechadas. Não há lacunas porque
tudo resulta de uma crença na razão , está lá tudo o sistema é completo e fechado , e caso algo
lá não esteja é porque tal coisa não era jurídica/estava fora do campo do direito.
Nem todas as leis são sempre justas , o que é que o magistrado deve fazer se a lei for injusta. O
magistrado tem um papel fundamental na realização do direito , é a ele que compete realizar o
direito , não ao legislador porque este apenas a aplica em abstrato.
O romantismo alemão :
A escola histórica do direito. A fonte de todo o direito é o espirito do povo (realidade um tanto
metafisica). Esta escola cria-se contrapor ao pensamento francês. Não há códigos perfeitos ,
direitos completos , não faz sentido qualquer codificação , que a lei seja a principal fonte de
direito.
A partir dessa recolha de costumes deveriam ser elaborados conceitos jurídicos. Esta escola
histórica acabou por se dedicar mais ao elemento cientifico do que ao elemento histórico
propriamente dito.
Esta vertente romanista da escola histórica vai prevalecer sobre a sua vertente germanista.
Estamos a transitar para o séc. XX.
Slavoj Zizek
16/05/2023 – Aula T/P
John Locke :
23/05/2023 – Aula
A autonomia do direito :
Não nos referimos à autonomia disciplinar nem à autonomia do direito/jurídica. O que nos
referimos aqui é uma outra autonomia , autonomia substantiva/axiológica do direito.
O direito é muito marcado pelo principio da territorialidade. É muito marcado por um direito
estadual , o direito quando estamos perante a elaboração das normas jurídicas.
O direito é moldado de acordo com os seus interesses. Os estados são fracos , e quando se diz
que o estado é fraco perante estas organizações também fica em causa o seu poder
legislativo/autonomia para fazer escolhas no campo do direito.
Cidadania que deriva de todo um conjunto de valores da revolução francesa , a verdade é que
estas revoluções no ocidente tecerem um conjunto de valores , nomeadamente o da igualdade
e o da liberdade.
O que vivemos hoje no séc. XXI é uma cidadania diferenciada , isto é , a facilidade de
comunicação , os fluxos migratórios transculturais.
Apesar das diferenças havia um todo de conjuntos que eram idênticos (igualdade liberdade ,
modelo politico).
Uma sociedade integradora significa que não temos agora um único ponto referencial , temos
uma pluralidade de universalismos , de valores , de referências valorativas. A nossa identidade
constrói-se na relação com o outro.
Se o outro mudou e partilha outros valores , o meu eu também se vai construir de forma
diversa o que coloca um problema de igualdade complexa.
Como é que vamos respeitar esta igualdade complexa? Este é um desafio para o direito. A
cidadania não é mais universalista , é diferenciada. Serão todas as diferenças aceitáveis , ou
não serão? Até onde vão as mudanças? Tem que se respeitar no mínimo o limite da dignidade
humana.
A sociedade de risco :
Não tem haver com os nossos riscos do dia-a-dia , pois estes sempre existiram.
O que interessa aqui é o risco na perspetiva de uma sociedade dos nossos dias , que está a
perder os vínculos , as suas referencias valorativas/centralidade. Estamos a perder o “casulo
protetor”.
Se olharmos para a evolução do século , uma sociedade que não tinha riscos era a sociedade
do eterno retorno (que está muito presente em todas as religiões) , há um ciclo que se repete ,
tudo volta ao inicio.
Qual é a vantagem de termos este eterno retorno (repetição constante)? Traz segurança e
previsibilidade para as pessoas (o dia de amanha não vai ser muito diferente do dia de hoje). É
a nossa auto compreensão nesta sociedade de risco , o homem descobriu a sua finitude , um
dia tudo termina. O Homem que descobre a sua finitude procura prolongar a juventude , a
idade o mais possível
Nos anos 50 , 60 e 70 se o elemento da família perdia o emprego isto não era problema , pois
a família era grande e todos queriam sempre fazer alguma coisa , acomodava-se com
facilidade quem ficava sem emprego , mas nos dias de hoje se um dos elementos da família
perder o emprego poderá ser um problema , nós perdemos estes vínculos no sentido de
comunidade este que está cada vez mais isolado , estamos a afastar o outro.
Passamos do eterno retorno para uma época que houve um desenvolvimento , hoje em dia ,
não há uma continuidade , a vida é tracejada sem uma linha continua.
Esta que deriva das conexões fáceis dos dias de hoje levou a que perdêssemos a noção de
tempo e de espaço e logo vai-se redefinir o que é o ser , a nossa compreensão de nós próprios
altera-se , bem como a ideia de exclusão.
Esta sociedade de rede implicou que tenhamos alterado a verdade. Não só se altera a nossa
identidade como aquilo que é a verdade social.
Tudo que deriva desta convivência em rede. Boa parte das manifestações no ocidente
convocadas nas redes sociais desparecem pois falta um sentido de “nós”.
A sociedade em rede não tem um sentido de “nós” , não há vínculos/laços , é cada um por si ,
mas isto não significa que as redes não possam potenciar estas manifestações.
Esta sociedade em rede não criou o sentido “nós” , esta é uma sociedade fragmentada , cada
um está por si ainda que em contacto com os outros.
O estado tem vindo a perder poderes , um dos principais momentos em que o estado perde
poderes é no acordo dos pesos e das medidas , para tal foi preciso um acordo em que os
estados abdicaram da sua soberania para definir como é que se media e pesava , desde ai
temos tido muitos acordos que vêm retirar soberania ao estado , nomeadamente , por
exemplo , a União Europeia.
Desde a queda do estado absolutista francês os estados têm vindo a perder soberania para
organizações internacionais.
Os estados foram perdendo soberania em diversos domínios , não só para “cima” , mas
também para “baixo”.
Perderam poderes para “baixo” , nas autarquias , nas regiões/comunidades autónomas etc…
Quanto mais se quer afirmar um modelo , vão ressurgir estes movimentos (até populares em
alguns casos) , isto são elementos típicos da globalização.
Temos um estado fraco , mas o estado ser forte ou ser fraco não preocupa muito ,
principalmente se tiver maus governantes é preferível que seja fraco. O estado ser fraco ainda
conseguimos viver com isso , agora ter uma sociedade civil , fraca , ignorante é grave.
A responsabilidade governamental :
Temos um estado fraco , uma sociedade civil fraca , e uma responsabilização governamental
fraca. Devia-se ter no mínimo uma sociedade civil e uma responsabilização governamental
forte.
Esta é a sociedade da informação , mas na verdade o que é que nos deixam saber? O controlo
da informação e o acesso à mesma é um pressuposto da liberdade , mas a informação que nós
temos hoje está feudalizada à escala global.
Aquilo que podemos chamar de terrorismo. O que importa aqui é fazer uma reflexão para a
qual não há uma resposta fácil.
Há um livro de uma autora que compara o terramoto de lisboa de 1755 com os campos de
concentração da 2º guerra mundial. O que há de comum entre estes 3 acontecimentos
históricos? No dia 1 de novembro (dia santo) ter acontecido esta catástrofe teve uma grande
influência , o que se veio dizer era que isto era um castigo de Deus devido ao homem estar a
tentar entender o mundo através da sua racionalização. O problema está no mal , o mal do
pensamento da época , mas ali foi um mal natural , é fácil hoje em dia perceber. Agora , como
percebemos a crueldade humana na 2º guerra mundial (ex: campos de concentração)? O
Homem tem dificuldade em “usar a razão de forma racional” (usar a razão em conformidade
com aquilo que deve ser a humanidade) , o homem não deve pensar só em si próprio mas sim
o outro , ainda hoje não se consegue perceber como é que foi possível o mal do pensamento
do Homem durante a 2º guerra mundial.
Como outros pensadores ingleses , Locke está num momento em que o empirismo domina , e
com base no empirismo o autor desenvolve a sua teoria que parte do individuo (elemento
mais pequeno da sociedade) e a partir dai constrói um modelo da sociedade democrática.
Só que , neste autor existe uma certa tensão entre a sua dimensão empirista e a sua dimensão
intelectualista. A certa altura este começa a questionar-se sobre a vontade da maioria , vai
dizer que esta vontade não pode estar em contradição com o direito natural , mas , mais do
que isso , é quando ele sublinha que a vontade da maioria não tem de responder à vontade do
povo.
Este levanta uma possível divergência entre a vontade da maioria e a vontade do povo. Era
nesta contraposição entre a vontade da maioria e a do povo e entre o intelectualismo que
Rosseau vai desenvolver e introduzir o conceito de vontade geral.
1 grupo com 3 perguntas de resposta sucinta , 2 grupo com 2 perguntas e 3 grupo com vários
textos para desenvolver podendo escolher um dos textos.
O autor afirma que esta é uma sociedade de indivíduos exaustos , deprimidos e isolados que
dificilmente se organizam para fazer uma revolta , não há nenhum sentido de comunidade.
É também uma sociedade que leva à exploração do Homem pelo próprio Homem. As empresas
da vanguarda trabalham por objetivos , o que leva a uma exploração , já não é o trabalho
tradicional de entrada e de saída o que permite que se desligue do trabalho , pelo contrário , a
sociedade digital/tecnológica não se preocupam que o trabalhador esteja no local certo à hora
certa , estes apenas se importam com o cumprimento de objetivos por parte dos seus
trabalhadores , isto causa , evidentemente um aumento do horário do trabalho.
Uma sociedade da transparência tudo mostra , só que isto é feito com um objetivo de
exploração.
Temos um “controlo amigável” , ou seja , nem nos apercebemos que estamos a ser
monitorizados.
A questão das lifetime variables (juntando diversos elementos é possível traçar o perfil de
cada um de nós , o que leva à nossa classificação).
Esta classificação , que server para diversos fins , está a ser trabalhada sistematicamente por
algoritmos.
Capitalismo da tolerância que vai impondo o seu modelo , mas absorve estas diferenças ao
mesmo tempo.
Este modo de pensar económico influencia o politico , é um modelo que tem tido
consequências negativas daquilo que temos visto no papel do estado , porque tudo isto se
conjuga , é apenas mais uma perspetiva de uma sociedade fraca , de um estado fraco etc… , e
em que o estado público tende a ser cada vez menor.
Quando falamos atrás das funções do estado conjuga-se com outra perspetiva.
Esta é também a sociedade da positividade , onde se espera sempre mais de nós e que se diga
sim a tudo. Dificuldade em dizer que não.
A inteligência artificial :
A china tem duas cidades já inteiramente controladas , ou seja o cidadão está 24h/7 sob
vigilância e a policia consegue capturar cada cidadão num espaço de 12 a 17 minutos.
Cada cidadão tem um cartão com pontos positivos ou negativos , ou seja , a vantagem aqui é
que quem quando precisar de ir a um hospital se tiver pontos positivos este será atendido
preferencialmente sob quem tem menos pontos. Todo este sistema é controlado/gerido por
uma inteligência artificial.
3 ou 4 perguntas de resposta sucinta
2 perguntas de desenvolvimento