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RESPONSABILIDADE
MÓDULO: Introdução ao Direito Negocial
TEMA 01 – Teoria geral do direito civil:
Introdução ao Direito Civil Constitucional
• Do princípio da eticidade
1
BRASIL. Novo Código Civil: Exposição de Motivos e Texto Sancionado. 2005. Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70319/743415.pdf?sequence=2&isAllowed=y.
Acesso em: 27 mar. 2023.
condutas éticas e de boa-fé objetiva, ou seja, aquela relacionada a conduta de
lealdade das partes negociais, nos termos do artigo 113, caput, o qual preceitua: “Os
negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração” 2. Trata-se da função interpretativa da boa-fé objetiva.
No mesmo sentido, o artigo 187 do Código Civil determina: “Também comete
ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes” 3,
portanto o dispositivo prevê quais as sanções para a pessoa que violar a boa-fé no
exercício de um direito: ao praticar abuso de direito, assemelha-se a ilícito – função
de controle da boa-fé objetiva.
Do mesmo modo, o artigo 422 do Código Civil dispõe: “Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé”4, incentiva a eticidade, dispondo que a boa-fé deve
fazer parte da conclusão e da execução do contrato, trata-se da função de integração
da boa-fé objetiva. Acerca do artigo 113 do Código Civil, o dispositivo recebeu dois
novos parágrafos a partir da Lei da Liberdade Econômica – Lei 13.874/2019.
Importante repisar que o Código de Processo Civil de 2015, buscou prestigiar
a boa-fé, isto é, valorizando, principalmente a boa-fé objetiva, em diversos de seus
comandos. O artigo 5° do Código de Processo Civil de 2015, preceitua: “Aquele que
de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”5.
Na sequência, o artigo 6° do Código de Processo Civil de 2015, prescreve:
“Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”6. Com efeito, essa colaboração
também é imposta aos julgadores, vedando-se as decisões surpresas, posto que: “O
• Do princípio da socialidade
Família;
Contrato;
Propriedade;
Posse;
Responsabilidade Civil;
Empresa; e
Testamento.
• Princípio da operabilidade
10TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 11° ed. Rio de Janeiro: Forense; Método,
2021. p 104.
Portanto, fato, valor e norma serão indispensáveis para direcionar o caminho
a ser seguido para a aplicação do direito no caso concreto. Desse modo, dar-se-á o
preenchimento das cláusulas gerais, das janelas abertas. Através desse processo os
conceitos legais indeterminados recebem determinação jurídica, diante da atuação do
julgador, que deverá estar guiado pela equidade.
Em síntese, a linha filosófica, aberta por excelência, foi introduzida no Código
Civil de 2002. Veja-se o desenho da teoria tridimensional de Miguel Reale:
• Princípio da Isonomia
12 KIRSTE, Stephan. Introdução à filosofia do direito. Trad. Paula Nasser. Belo Horizonte: Fórum,
2013. p. 159.
13 KIRSTE, Stephan. Introdução à filosofia do direito. Trad. Paula Nasser. Belo Horizonte: Fórum,
2013. p. 159.
14 BRASIL. Código Civil. 2002. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 27 mar 2023.
15 BRASIL. Código Civil. 2002. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 27 mar 2023.
sua primeira parte a solidificação do princípio da igualdade stricto sensu, isto é, a lei
deve tratar de maneira igual os iguais, e na segunda parte, traz a baila o princípio da
especialidade – e de maneira desigual os desiguais. Trata-se da essência da
igualdade substancial.
Por fim, a propensão a ser reconhecida ao sistema jurídico é a procura e o
alcance de um equilíbrio pendular entre o público e o privado. Se de um lado, as
relações privadas vão sendo delineadas pelos limites determinados pelos princípios e
garantias constitucionais, limitando a autonomia privada em homenagem aos direitos
constitucionais, por outro lado, o Direito Público passa a identificar a autonomia
privada como um instrumento importante, fazendo concessões a liberdade de
autodeterminação, mesmo que no âmbito do interesse público.