Você está na página 1de 3

A1- NEGÓCIOS E CONTRATOS JURÍDICOS

1)Com base nos debates desenvolvidos durante a Unidade Curricular de Negócios


e Contratos Jurídicos, notadamente, sobre as relações jurídicas obrigacionais,
inspirados nos textos base acima, responda:
 

a)Tradicionalmente, o direito obrigacional é constituído de dois elementos


essenciais: o débito e a responsabilidade. Com base na doutrina, defina esses
elementos (7,5)
De acordo com a teoria dualista das obrigações, o vínculo jurídico define-se por
dois elementos fundamentais: o débito e a responsabilidade. O débito refere-se ao dever
imposto sobre o devedor de que deve-se cumprir uma obrigação na forma e prazo aos
quais foram pactuados. A responsabilidade caracteriza-se como o direito do credor de
exigir, judicialmente, o adimplemento da obrigação. Destarte, é submetido ao princípio
da responsabilidade patrimonial do devedor, conforme dispõe o art. 391 do Código
Civil: Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

b)De acordo com o art. 391 do Código Civil de 2002 e art. 591 do Código de
Processo Civil de 2015, a responsabilidade pelo inadimplemento se dá com os bens
presentes e futuros do devedor. Quais os limites de tal responsabilização? (7,5)
A condição adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro é de que os bens do
devedor responderão por suas dívidas. Dessa fora, móveis e imóveis do indivíduo
estão suscetíveis à execução civil, respeitando, contudo, os bens impenhoráveis e os
bens não sujeitos à execução. Tendo isso em vista, no artigo 591 do CPC enuncia o
seguinte trecho: “(...) Assim, ficam sujeitos à execução os bens (art. 592):  I - do
sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou
obrigação reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando
em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios,
reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com
ônus real em fraude de execução”. Entretanto, não são todos os bens do devedor que
estarão sujeitos à penhora ou execução civi: “Não estão sujeitos à execução os bens
que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis” (art. 648). Por isso, o CPC, em
seu art. 649, teve o cuidado de elencar coisas do executado que são “absolutamente
impenhoráveis, que, em respeito à dignidade humana, visa garantir a sobrevivência
digna do endividado, preservando sua saúde e bem-estar (CF, art. 1º, III).

c)Os institutos do direito obrigacional tiveram forte influência dos sistemas


jurídicos romano-germânicos, marcados por um paradigma liberal individualista e
patrimonialista, que inclusive, foi o pano de fundo do Código Civil de 1916.  No
contexto do atual Código Civil de 2002, as relações privadas passam por um
processo de constitucionalização, protagonizado pelos princípios da função social
do contrato e boa fé objetiva. Com base nisso, construa uma abordagem
histórica/jurídica do processo de constitucionalização do Direito Civil no âmbito
das relações jurídicas. (15,0)

Konrad Hesse criou a teoria do princípio da força normativa da constituição, na


qual defende a importância de haver a necessidade da aproximação entre a Constituição
e a realidade político-social na qual a mesma está inserida. Visando o êxito dessa
aproximação, a participação de todos os membros da sociedade é imprescindível.
A constitucionalização do direito civil brasileiro seguiu com eficácia,
observando-se sua forte presença na jurisprudência e na doutrina. Aos estudiosos do
direto civil, coube o incentivo da aproximação entre código civil e Constituição. A
constitucionalização ocorreu com o vigor da Constituição de 1988, a qual abordou
matérias de cunho mais particular, as quais eram tratadas única e exclusivamente no
código civil. Assim, a fim de interpretar as normas do CC, deve-se considerar os
princípios constitucionais.
Contudo, a partir da chegada da nova Constituição, surgiu a seguinte alteração
no âmbito civil: o patrimônio particular saiu do centro das relações civis, perdendo
espaço para a pessoa humana. Assim, torna-se prioridade a dignidade da pessoa
humana, sobrepondo-se, então, aos patrimônios pessoais.
A expressão direito civil constitucional é o direito civil como um todo. O direito
civil constitucional estabeleceu novos preceitos para a definição de ordem pública,
interpretando o direito civil a luz da Constituição, com o intuito de beneficiar os valores
não-patrimoniais, bem como a dignidade da pessoa humana e os direitos sociais.
No Supremo Tribunal Federal vigorou o entendimento da tese da revogação das
normas infraconstitucionais anteriores à Constituição, as quais são incompatíveis com
seus princípios e normas. Os princípios da Constituição constituem os direitos de
igualdade de gênero e igualdade entre cônjuges. Destarte, no direito de família, todas as
normas que estabeleceram direitos e deverem desiguais entre os cônjuges estão
revogados. (PESSOA, 2004).
Alguns doutrinadores discordavam do avanço que caracterizava a
constitucionalização, tendo em vista que os pensamentos dos mesmos era de que o
direito civil seria diminuído ao longo do tempo, até ser dominado pelo direito
constitucional. Contudo, ao longo do tempo, essa visão foi desfeita, tendo em vista que
a constitucionalização visa agregar ainda mais o próprio direito civil. Destarte, ainda
que a Constituição ocupe o centro do nosso ordenamento jurídico, a essência do direito
civil foi mantida.

 
 

Você também pode gostar