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BACHARELADO EM DIREITO
ROTEIRO DE REVISÃO
DIREITO CIVIL: PESSOAS, BENS E FATOS JURÍDICOS
BRAGANÇA PAULISTA
2024
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
BACHARELADO EM DIREITO
ROTEIRO DE REVISÃO
DIREITO CIVIL: PESSOAS, BENS E FATOS JURÍDICOS
BRAGANÇA PAULISTA
2024
1. Explique os paradigmas do Código Civil, exemplificando-os.
Os paradigmas do código civil (2002) são três, sendo eles, a Eticidade, a Socialidade e a
Operabilidade.
A começar pela Eticidade, podemos dizer que é o princípio de boa-fé e justiça para ambas as
partes de uma relação, a qual estabelece que as relações civeis devem ser éticas entre si, não
favorecendo um ou outro sobre os demais, de outro modo, devendo-se citar aqui a expressão
‘pacta sunt servanda’, qual seja ‘pactos devem ser respeitados’ ou ‘o contrato faz lei entre as
partes’. Em suma, a eticidade visa a prevalência da igualdade de boa-fé das relações previstas
pelo CC/2002, tendo em pauta a garantia da dignidade da pessoa humana, da ética e bons
costumes, como dito no Art. 113, CC/2002:
“Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração.”
Como exemplo de socialidade no código civil atual, temos a garantia do poder familiar à
mulher em igualdade de condições ao poder familiar dados somente ao homem no CC/1916,
resultado da constitucionalização do CC, onde o Art. 5º, CF/88, diz: “Todos são iguais
perante a lei…”, inciso I: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição”. Tal artigo garante a modificação do CC/16, para o que diz o CC/2002, no
Art. 1631, CC/2022, que garante o poder familiar aos pais e não somente ao homem, como
dizia o CC predecessor ao atual vigente. O pátrio poder se estende à mulher com igual em
deveres e direitos.
Na Operabilidade, o direito deve ser criado para produzir efeitos e deve ter sua concretude
garantida. O código civil deve trazer em suas descrições feitos operáveis, com eticidade e
socialidade, de modo simples de operação. Operabilidade traz o sentido de que algo deva ser
facilmente aplicável, gerido e que tenha recursos acessíveis para a garantia de tal.
Deve-se citar aqui o exemplo do exercício do poder familiar para com os filhos e sua
educação. Estando os pais em situação favorável ou desfavorável de garantir educação de
qualidade aos filhos, como seria possível a garantia da educação como direito social trazidos
a CF/88, Tít. II, Cap. II, Art. 6º? O CC/2002, Art. 1634 diz que “Compete aos pais, quanto à
pessoa dos filhos menores: I – dirigir-lhes a criação e educação”, tendo a administração da
família em seu direito. Como faríamos para que isso fosse aplicável e de fácil concretude, se
o CC/2002 não trouxesse a Operabilidade destas garantias e deveres? Porém, o código traz
como se deve dar a concretude disso em seu Art. 1565, § 2º, dizendo que “O planejamento
familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais
e financeiros para o exercício desse direito”. De mesma forma, temos a garantia da
operabilidade do CC, pela CF/88, no Art. 205.: “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
A pessoa para ele é o ser em constante atualização, que produz e reproduz; que se desenvolve
e se relaciona, que se percebe quanto ao outro suas relações e realidades, como vimos dentro
do CC/2002. Teve influência de Hegel e Ihering, dentre outros.
Outro importante doutrinador é Tartuce (2018), que nos traz a visão da pessoa no contexto
do Direito Civil sendo entendida como um sujeito de direitos e deveres, dotado de
personalidade jurídica, dignidade e autonomia, cuja proteção e respeito são fundamentais
para a construção de uma sociedade justa e solidária. É um ser dotado de personalidade
prevista para a sua concepção com vida, assim como Reale, diz da pessoa como tendo apenas
uma expectativa de contração de personalidade, sendo o nascituro o cerne de evento futuro e
incerto.
Ele nos traz a visão de que a pessoa, nascida com vida e plena de suas capacidade e aquisição
de direitos e obrigações, deve ser considerada pessoa de fato, já que o nascituro não o é, se
sem vida; não é pessoa se nascido morto, sendo apenas natimorto.
Temos ainda Maria Helena Diniz (2002), que nos fala sobre a pessoa sendo, também, um
ente humano biologicamente gerado, nos dizendo “o nascituro têm resguardados,
normativamente, desde a concepção, os seus direitos, porque a partir dela passa a ter
existência e vida orgânica e biológica própria, independente da de sua mãe.” e “se nascer com
vida, ocasião em que será titular dos direitos patrimoniais, que se encontravam em estado
potencial, e do direito às indenizações por dano moral e patrimonial por ele sofrido” (Trechos
retirados dos slides da aula. In: Carvas, 2024).
Para Maria Helena Diniz, temos então, assim como para os outros, a pessoa sendo o ente
nascido com vida, que adquire personalidade, com aptidão/capacidade, ou não, de suas
faculdades de contração e execução de direitos e obrigações, sendo apto a se desenvolver e
avançar em sociedade, sendo cidadão.
Tratando ainda a temática da inteligência artificial e se ela seria ou não dotada de
personalidade. Tepedino (2020) associa a personalidade jurídica à capacidade de ser titular de
direitos e obrigações. Nesse sentido, a inteligência artificial (IA), por carecer atualmente de
autonomia, consciência e vontade próprias, não pode ser considerada uma pessoa no contexto
jurídico. Além disso, Tepedino destaca a autonomia da vontade como um dos pilares do
Direito Civil, indicando que a capacidade de agir com discernimento e intencionalidade é
essencial para o reconhecimento da personalidade jurídica. Como a IA opera com base em
algoritmos e instruções programadas por seres humanos, ela não possui a autonomia
necessária para ser sujeito de direitos e obrigações, necessitando de se responsabilizar a
personalidade de seu programador (entenda-se pessoa que dá as ordens de produção) como o
produtor dos conteúdos dados pela IA.
São as pessoas que não estão aptas ao exercício ou gozo de seus direitos. A
incapacidade pode ser absoluta ou relativa. São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos; os que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os que,
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. São relativamente incapazes
os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os
que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo; os pródigos, entre outros. Ver artigos 3º a 5º do Código
Civil.
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
A tomada de decisão apoiada é um instrumento criado por lei no Brasil para ajudar a
cumprir os ideais de máxima autonomia e independência da pessoa com deficiência. Por meio
dela, é garantida ao indivíduo nessa qualidade a proteção jurídica necessária para a prática
dos atos negociais e patrimoniais, sem restringir a sua capacidade civil.
CURATELA
Sendo assim, a diferença entre a curatela e a TDA reside no fato de que na primeira o
curatelado não toma suas próprias decisões e na segunda o apoiado tem essa autonomia, mas
é orientado por seus apoiadores.
Artigo 7º: Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois
anos após o término da guerra
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento. Entende-se assim que nos casos previstos neste artigo, a morte presumida será
declarada sem a decretação de ausência, desde que comprovado que a pessoa estivesse em
risco iminente de vida.
Diferente da morte real onde o médico declara a morte de uma pessoa com o corpo
presente e tal declaração será registrada em cartório, a morte presumida é quando uma pessoa
é declarada legalmente morta sem a confirmação verdadeira de seu óbito por meio de um
corpo identificado ou certidão de óbito. Isso ocorre quando há indícios suficientes de que a
pessoa relacionada desapareceu em circunstâncias que indicam a ocorrência da morte, mas
sem a comprovação de seu falecimento.
A emancipação é um ato jurídico que confere ao menor a capacidade civil plena, ou seja, a
habilidade de exercer sua vida civil sem a necessidade da representação dos pais ou
responsáveis legais. Para esse processo exige-se que o menor tenha pelo menos 16 (dezesseis)
anos completos. No Brasil acontece de algumas formas:
A) Voluntária: Ocorre quando os pais por meio de uma escritura pública, sob pena de
nulidade, registram em cartório a emancipação do menor. Assim, o menor adquire a
capacidade plena de exercer seus direitos e deveres da vida civil.
C) Judicial: Se estiver sob regime de tutela ou se houver conflito entre os pais recorre-se ao
poder judiciário para obter a emancipação. Nesse caso, um juiz analisa o pedido e pode
conceder a emancipação se considerar que o menor tem capacidade para gerir seus próprios
interesses.
No contexto jurídico, a comoriência é tratada como uma presunção legal de que cada
uma das pessoas envolvidas faleceu antes da outra. Isso é importante pois isso pode
influenciar diretamente na transferência de patrimônio e na sucessão hereditária. Quando não
é possível determinar quem faleceu primeiro, a legislação estabelece algumas regras.
Geralmente, presume-se que as pessoas envolvidas faleceram simultaneamente, e os bens são
distribuídos como se cada uma delas tivesse falecido antes da outra.
A comoriência é um conceito importante para o direito sucessório e para garantir a
justa distribuição dos bens aos herdeiros e pode ser relevante em casos de acidentes, desastres
naturais ou em situações em que diversas pessoas estão sujeitas à exposição do mesmo
perigo.
BIBLIOGRAFIA