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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

BACHARELADO EM DIREITO

GABRIEL CAMARGO MARIANO


HARIANE RODRIGUES
MARIANA ZANESCO
MATHEUS PAIXÃO MARIANO

ROTEIRO DE REVISÃO
DIREITO CIVIL: PESSOAS, BENS E FATOS JURÍDICOS

BRAGANÇA PAULISTA
2024
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
BACHARELADO EM DIREITO

GABRIEL CAMARGO MARIANO (202425739)


HARIANE RODRIGUES (202418100)
MARIANA ZANESCO (202413366)
MATHEUS PAIXÃO MARIANO (202429407)

ROTEIRO DE REVISÃO
DIREITO CIVIL: PESSOAS, BENS E FATOS JURÍDICOS

Trabalho apresentado ao Professor Felipe Carvas,


como forma de revisar os conteúdos de sua avaliação
bimestral (N1) da disciplina de Direito Civil: Pessoas,
Bens e Fatos Jurídicos.

Orientador: Professor Felipe Carvas.

BRAGANÇA PAULISTA
2024
1. Explique os paradigmas do Código Civil, exemplificando-os.
Os paradigmas do código civil (2002) são três, sendo eles, a Eticidade, a Socialidade e a
Operabilidade.
A começar pela Eticidade, podemos dizer que é o princípio de boa-fé e justiça para ambas as
partes de uma relação, a qual estabelece que as relações civeis devem ser éticas entre si, não
favorecendo um ou outro sobre os demais, de outro modo, devendo-se citar aqui a expressão
‘pacta sunt servanda’, qual seja ‘pactos devem ser respeitados’ ou ‘o contrato faz lei entre as
partes’. Em suma, a eticidade visa a prevalência da igualdade de boa-fé das relações previstas
pelo CC/2002, tendo em pauta a garantia da dignidade da pessoa humana, da ética e bons
costumes, como dito no Art. 113, CC/2002:

“Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração.”

Como exemplo podemos citar a partilha de bens em caso de divorcio no casamento de


comunhão parcial de bens. Caso uma pessoa contraia casamento, tendo bens imóveis
anteriores à celebração, os valores referentes a este imóvel não podem ser comunicados na
partilha de bens se a união vier a ser rompida; venham a se divorciar. O código civil, em seu
Art. 1658, diz que se comunicam os bens que sobrevierem ao casal na constância do
casamento, excluindo-se os bens elencados pelo Art. 1659, que diz não ser comunicável os
bens que os cônjuges possuam ao casar. Na possibilidade de haver o divorcio e um dos
cônjuges requerer metade dos valores dos bens do outro, que já o eram de posse antes do
casamento, não se deve dar-lhe o direito de meeiro sobre os valores, porquanto se quebraria o
princípio de pacta sunt servanda, não sendo ética a partilha, tendo em vista a falta de justiça
e a boa-fé prevista neste negócio jurídico. Contrário seria com os alugueres, frutos dos bens
comuns, que entram na partilha, pelo Art. 1660.

Passando à Socialidade, temos o fator de prevalência dos valores coletivos sobre os


individuais, ou seja, a aplicabilidade do código civil deve se preocupar com a coletividade
sobre a individualidade; o código não deve garantir direitos individuais a um que não possam
ser aplicados a outros. Não se cria um artigo garantindo direitos e deveres a um cidadão, que
outro não deve cumprir ou requerer. O Código deve se preocupar com a função social de suas
normas, qual seja o já mencionado valor coletivo sobre a pessoa individual. Miguel Reale traz
a este código atual a nomenclatura do nós sobre o eu, diferente do código anterior que trazia
a garantia de poderes aos homens sobre outrem.

Como exemplo de socialidade no código civil atual, temos a garantia do poder familiar à
mulher em igualdade de condições ao poder familiar dados somente ao homem no CC/1916,
resultado da constitucionalização do CC, onde o Art. 5º, CF/88, diz: “Todos são iguais
perante a lei…”, inciso I: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição”. Tal artigo garante a modificação do CC/16, para o que diz o CC/2002, no
Art. 1631, CC/2022, que garante o poder familiar aos pais e não somente ao homem, como
dizia o CC predecessor ao atual vigente. O pátrio poder se estende à mulher com igual em
deveres e direitos.

Na Operabilidade, o direito deve ser criado para produzir efeitos e deve ter sua concretude
garantida. O código civil deve trazer em suas descrições feitos operáveis, com eticidade e
socialidade, de modo simples de operação. Operabilidade traz o sentido de que algo deva ser
facilmente aplicável, gerido e que tenha recursos acessíveis para a garantia de tal.

Deve-se citar aqui o exemplo do exercício do poder familiar para com os filhos e sua
educação. Estando os pais em situação favorável ou desfavorável de garantir educação de
qualidade aos filhos, como seria possível a garantia da educação como direito social trazidos
a CF/88, Tít. II, Cap. II, Art. 6º? O CC/2002, Art. 1634 diz que “Compete aos pais, quanto à
pessoa dos filhos menores: I – dirigir-lhes a criação e educação”, tendo a administração da
família em seu direito. Como faríamos para que isso fosse aplicável e de fácil concretude, se
o CC/2002 não trouxesse a Operabilidade destas garantias e deveres? Porém, o código traz
como se deve dar a concretude disso em seu Art. 1565, § 2º, dizendo que “O planejamento
familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais
e financeiros para o exercício desse direito”. De mesma forma, temos a garantia da
operabilidade do CC, pela CF/88, no Art. 205.: “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.

Em suma, deve-se dizer que a constitucionalização do código facilita em amplo aspecto a


concretude dos paradigmas que ele traz.

2. O que significa dizer que o Direito Civil foi constitucionalizado?


O código civil de 1916 trazia normativas ultrapassadas para a época contemporânea e deixava
a desejar quanto à igualdade trazida pela CF/88. O pátrio poder, por exemplo, era garantido
ao homem, delegando à mulher um papel secundário invisibilizado pela sociedade, não
atribuindo a ela um papel de administração da família, como o era para o homem. Contudo, a
constitucionalização do Código Civil nos trouxe um novo código em 2002, por Miguel Reale,
que trouxe as prerrogativas de igualdade de direitos e deveres para todos os membros da
sociedade. A mulher passa a ter direitos de gerir a família, tendo também deveres para com
ela. Tópicos como a legitimidade dos filhos, como ditos à época, espúrios, passam a ter
igualdade para com todos os filhos, independentemente de serem filhos de guarda unilateral
ou bilateral. A constitucionalização do código, portanto, é a realização da leitura do código
com um olhar constitucional, garantindo igualdade a todos os membros da sociedade, como é
dito no Art 5º, CF/88, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Se, com isso, todos são iguais,
independente de qualquer fator, todos têm as mesmas responsabilidades legais para os outros
e para com o estado, dando-se o mesmo com seus direitos. O casamento homoafetivo, a
propósito, foi instituído de legalidade (Res. 157/2013, CNJ), porquanto temos a igualdade
garantida pela constituição, mesmo que na própria haja dito que o casamento celebrar-se-á
em união de homem e mulher (Art. 226, §3º e §5º), não prevendo a homoafetividade. Pode-se
dizer inclusive que a própria constituição deve ser lida de modo a considerar algumas
normativas sobre outras, para que haja a igualdade garantida pela mesma, isto é, se é
garantida a igualdade para ambas as partes, sendo homem ou mulher, que haja então a leitura
constitucional da CF/88 com vistas pela mesma, no que tange o Art. 5º.

3. O que é pessoa para o Direito Civil? Responda à pergunta comparando as


definições de ao menos três doutrinadores. Por que a doutrina menciona que, ao
menos hoje, a inteligência artificial não pode ser considerada com personalidade
jurídica autônoma?
Compreendemos Pessoa para o direito civil através do Art. 1º, CC/2002, que diz que toda
pessoa é capaz de direitos e de deveres na ordem civil, ou seja, para o código a pessoa é
aquela que é capaz de exercer direitos e deveres dada a sua capacidade, que por sua vez
entendemos pela aptidão para a capacidade de direito, que é a possibilidade de ser sujeito de
direito; que não apresente impedimento do gozo de seus direitos, e aptidão para a capacidade
de fato, que é a habilidade de exercer os atos da vida civil. Esses elementos formam a
capacidade plena de uma pessoa de exercer sua cidadania nos termos da lei. Caso a pessoa
venha a ter algum impedimento do exercício de sua capacidade, não significa que deixa de
ser uma Pessoa, só passa a apresentar incapacidade do exercício da civilidade. O código ainda
traz a garantia dos direitos do nascituro, ou seja, podemos inferir e dizer que a pessoa para o
direito civil começa na concepção do ser (Art. 2º, CC/2002), mas somente da aquisição da
personalidade, do nascimento com vida, a pessoa será de fato dotada de personalidade.
Podemos ainda mencionar a doutrina, que nos traz suas concepções de Pessoa.
A começar por Miguel Reale, formulador do atual código civil, o direito civil fica bem claro à
visão do autor de nosso código. A pessoa para ele é a que é concebida, e que nasce com vida,
adotando personalidade e tendo, ou não, a capacidade do exercício da sua cidadania. Ele
ainda traz a fala de que a pessoa é
“o homem em sua concreta atualização (...) enquanto o eu toma consciência de si mesmo e
dos outros, na sociedade do nós (...)” (REALE, 1977, p. 196).

A pessoa para ele é o ser em constante atualização, que produz e reproduz; que se desenvolve
e se relaciona, que se percebe quanto ao outro suas relações e realidades, como vimos dentro
do CC/2002. Teve influência de Hegel e Ihering, dentre outros.
Outro importante doutrinador é Tartuce (2018), que nos traz a visão da pessoa no contexto
do Direito Civil sendo entendida como um sujeito de direitos e deveres, dotado de
personalidade jurídica, dignidade e autonomia, cuja proteção e respeito são fundamentais
para a construção de uma sociedade justa e solidária. É um ser dotado de personalidade
prevista para a sua concepção com vida, assim como Reale, diz da pessoa como tendo apenas
uma expectativa de contração de personalidade, sendo o nascituro o cerne de evento futuro e
incerto.
Ele nos traz a visão de que a pessoa, nascida com vida e plena de suas capacidade e aquisição
de direitos e obrigações, deve ser considerada pessoa de fato, já que o nascituro não o é, se
sem vida; não é pessoa se nascido morto, sendo apenas natimorto.
Temos ainda Maria Helena Diniz (2002), que nos fala sobre a pessoa sendo, também, um
ente humano biologicamente gerado, nos dizendo “o nascituro têm resguardados,
normativamente, desde a concepção, os seus direitos, porque a partir dela passa a ter
existência e vida orgânica e biológica própria, independente da de sua mãe.” e “se nascer com
vida, ocasião em que será titular dos direitos patrimoniais, que se encontravam em estado
potencial, e do direito às indenizações por dano moral e patrimonial por ele sofrido” (Trechos
retirados dos slides da aula. In: Carvas, 2024).
Para Maria Helena Diniz, temos então, assim como para os outros, a pessoa sendo o ente
nascido com vida, que adquire personalidade, com aptidão/capacidade, ou não, de suas
faculdades de contração e execução de direitos e obrigações, sendo apto a se desenvolver e
avançar em sociedade, sendo cidadão.
Tratando ainda a temática da inteligência artificial e se ela seria ou não dotada de
personalidade. Tepedino (2020) associa a personalidade jurídica à capacidade de ser titular de
direitos e obrigações. Nesse sentido, a inteligência artificial (IA), por carecer atualmente de
autonomia, consciência e vontade próprias, não pode ser considerada uma pessoa no contexto
jurídico. Além disso, Tepedino destaca a autonomia da vontade como um dos pilares do
Direito Civil, indicando que a capacidade de agir com discernimento e intencionalidade é
essencial para o reconhecimento da personalidade jurídica. Como a IA opera com base em
algoritmos e instruções programadas por seres humanos, ela não possui a autonomia
necessária para ser sujeito de direitos e obrigações, necessitando de se responsabilizar a
personalidade de seu programador (entenda-se pessoa que dá as ordens de produção) como o
produtor dos conteúdos dados pela IA.

4. Quais as teorias acerca dos direitos do nascituro? Deem exemplos práticos de


aplicação de cada teoria a alguma situação concreta ou hipotética.
As Teorias sobre dos direitos do Nascituro São:
TEORIA NATALISTA: Essa teoria fala que a personalidade só é atribuída quando o feto
nasce com vida, isso significa que o nascituro não é considerado um indivíduo perante a lei,
portanto não possui seus direitos legais e proteção. Um exemplo prático seria um casal
grávido sofre um acidente de carro fatal antes do nascimento do bebê. De acordo com a teoria
natalista, o nascituro não tem personalidade jurídica, então ele não teria direito à indenização
por danos materiais decorrentes do acidente.
TEORIA CONCEPCIONISTA: Essa é a teoria mais aceita nos meios jurídicos, a teoria
reconhece a personalidade e os direitos do nascituro dessa concepção. isso implica que ele
tem direitos fundamentais. Um exemplo: Durante a gestação, a mãe sofre uma agressão que
resulta na morte do feto. De acordo com a teoria concepcionista, o agressor seria
responsabilizado não apenas pelo crime contra a gestante, mas também pelo homicídio do
nascituro, pois seus direitos são reconhecidos desde a concepção.
TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL: Segundo a teoria, os direitos do
nascituro estão sob condição suspensiva, ou seja, sua eficácia está subordinada a um que
ocorrera ou não, como o nascimento com vida. Por exemplo, um casal decide fazer um
testamento deixando parte de seus bens para o nascituro. Segundo a teoria da personalidade
condicional, o nascituro só teria direito à herança se nascesse com vida. Se isso não ocorrer,
os bens seriam distribuídos de acordo com as disposições do testamento para outros herdeiros
válidos.

5. O que é capacidade civil? Quando se inicia a capacidade? Diferencie capacidade


de direito e de fato e explique o significado da capacidade plena;
A capacidade civil é a capacidade legal de um indivíduo exercer direitos e deveres.
Comumente, a capacidade civil tem início quando uma pessoa atinge a maioridade legal, que
pode variar de acordo com cada país, mas geralmente é aos 18 anos, entretanto, em alguns
casos, como casamento ou emancipação, a capacidade civil pode ser adquirida antes da
maioridade.
CAPACIDADE DE DIREITO: Á capacidade legal de uma pessoa exercer direitos e
deveres, independentemente de sua capacidade mental ou física. É atribuída automaticamente
a todos os indivíduos que atingem a maioridade legal.
CAPACIDADE DE FATO: A capacidade real de uma pessoa exercer seus direitos e deveres
na prática, levando em consideração sua capacidade mental ou física. Pode ser limitada por
incapacidade mental, entre outros fatores.
CAPACIDADE PLENA: Significa que uma pessoa tem tanto a capacidade de direito quanto
a capacidade de fato. Ela está totalmente habilitada legalmente para exercer todos os seus
direitos e assumir seus deveres com sociedade, sem restrições ou limitações. Isso geralmente
ocorre quando alguém atinge a maioridade e não está sujeito a nenhuma incapacidade legal
ou restrição específica.

6. Quem são os relativamente incapazes? Quem são os absolutamente incapazes?


Quais as modificações que o Estatuto da Pessoa com Deficiência trouxe ao
conceito de incapacidade?
RELATIVAMENTE INCAPAZES

São as pessoas que não estão aptas ao exercício ou gozo de seus direitos. A
incapacidade pode ser absoluta ou relativa. São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos; os que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os que,
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. São relativamente incapazes
os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os
que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo; os pródigos, entre outros. Ver artigos 3º a 5º do Código
Civil.

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES

A partir da entrada em vigor da Lei 13.146/2015, que ratifica a Convenção das


Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, somente são consideradas
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
anos", afirmou. A partir da nova lei, as pessoas enfermas, os deficientes mentais e os
excepcionais com desenvolvimento mental incompleto, deixam de ser incapazes,
permanecendo no rol dos absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos.

7. Explique as semelhanças e diferenças entre a Tomada de Decisão Apoiada e a


Ação de Curatela;
TOMADA DE DECISÃO APOIADA

A tomada de decisão apoiada é um instrumento criado por lei no Brasil para ajudar a
cumprir os ideais de máxima autonomia e independência da pessoa com deficiência. Por meio
dela, é garantida ao indivíduo nessa qualidade a proteção jurídica necessária para a prática
dos atos negociais e patrimoniais, sem restringir a sua capacidade civil.

CURATELA

A curatela é um mecanismo de proteção para aqueles que, mesmo maiores de idade,


não possuem capacidade de reger os atos da própria vida. “Ela é o encargo imposto de uma
pessoa natural, para cuidar e proteger uma pessoa maior de idade que não pode se auto
determinar patrimonialmente por conta de uma incapacidade.” (JUSBRASIL, 2017).

Sendo assim, a diferença entre a curatela e a TDA reside no fato de que na primeira o
curatelado não toma suas próprias decisões e na segunda o apoiado tem essa autonomia, mas
é orientado por seus apoiadores.

8. Explique o conceito de domicílio da pessoa natural, abordando a distinção entre


domicílio voluntário, necessário e contratual;
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL
O conceito de domicílio da pessoa natural refere-se ao local onde uma pessoa
estabelece sua residência com ânimo definitivo, ou seja, onde tem intenção de fixar sua
moradia de forma permanente ou por tempo indeterminado. O domicílio da pessoa natural
pode ser estabelecido de três formas principais:
DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO
Este tipo de domicílio é estabelecido pela vontade própria da pessoa, de forma livre e
espontânea. Geralmente, corresponde ao local onde a pessoa tem sua residência habitual e
ânimo definitivo de permanecer. É o local escolhido por ela como sua moradia principal,
mesmo que seja temporária, desde que haja a intenção de permanecer ali por tempo
indeterminado. O domicílio voluntário pode ser mudado a qualquer momento, desde que haja
a intenção real de estabelecer residência em outro local.
DOMICÍLIO NECESSÁRIO
Este tipo de domicílio é determinado pela lei independente da vontade da pessoa.
Essas são situações em que a legislação estabelece um local como domicílio mesmo que a
pessoa não tenha uma residência habitual. Por exemplo, o domicílio de um menor não
emancipado é o mesmo de seus pais ou responsáveis legais ou um agente militar onde seu
domicílio será considerado no quartel ou área que atua. Além disso, o domicílio de uma
pessoa desaparecida se mantém no último local de sua residência ou na falta desta, no local
de sua última residência conhecida. O domicílio necessário também pode ser aplicado para
pessoas em situações de rua, detentos, entre outros casos específicos.
DOMICÍLIO CONTRATUAL
Domicílio contratual é estabelecido por meio de contrato ou acordo entre as partes.
Normalmente ocorre em contratos de locação, compra e venda de imóveis ou contratos de
trabalho. Quando ambas as partes pactuam um domicílio para cumprimento de obrigações
contratuais, este passa a ser considerado o domicílio das partes para questões relacionadas à
execução do contrato.

9. Quando ocorre e quais as consequências da extinção da pessoa natural?


EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
O fim da pessoa natural ocorre no momento do falecimento, ou seja, quando a pessoa
morre. É importante ressaltar que, juridicamente, a morte é o evento que encerra a existência
da pessoa como sujeito de direitos e obrigações. Assim, com o falecimento, ocorre o fim da
pessoa natural e todas as suas relações jurídicas são extintas. Por exemplo, quando uma
pessoa falece e é comprovado por meio da certidão de óbito, ocorre a extinção de
punibilidade nos processos penais em que ela seja parte, mesmo que o processo se encontre
em andamento ou haja a condenação a pessoa não poderá ser penalizada pois sua morte
extingue as possibilidades da aplicação da pena e da continuidade do processo. Além disso, é
importante destacar que o falecimento de uma pessoa pode acarretar obrigações legais para
seus familiares, como a realização do funeral e o cumprimento de eventuais disposições
testamentárias deixadas pelo falecido. O encerramento das relações jurídicas da pessoa
falecida também pode afetar contratos, acordos e outras obrigações que ela possuía em vida,
exigindo ações específicas por parte de seus herdeiros ou representantes legais para resolver
essas questões.

10. Exemplifique a morte presumida sem declaração de ausência e a morte


presumida com declaração de ausência; Explique a emancipação; Explique a
comoriência.
MORTE PRESUMIDA SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA

Na primeira hipótese é declarada ausente a pessoa que desapareceu de seu domicílio


sem deixar vestígios de seu destino. Nesse caso, o ausente simplesmente some e seus
familiares não sabem dizer ou provar se ele estava em risco iminente de vida. Após um
tempo, é decretada a ausência dessa pessoa, com a nomeação de um curador para os seus
bens. Pois mesmo que esteja ausente, seus bens precisam de supervisão e cuidados. Após a
nomeação do curador para a sucessão provisória dos bens, deve-se esperar pelo menos 10
(dez) anos para a abertura da sucessão definitiva e declaração da morte presumida.

Já na segunda hipótese, o art. 7º do Código Civil Brasileiro traz as possibilidades da


morte presumida sem a decretação de ausência:

Artigo 7º: Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois
anos após o término da guerra

A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento. Entende-se assim que nos casos previstos neste artigo, a morte presumida será
declarada sem a decretação de ausência, desde que comprovado que a pessoa estivesse em
risco iminente de vida.

MORTE PRESUMIDA COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA

Diferente da morte real onde o médico declara a morte de uma pessoa com o corpo
presente e tal declaração será registrada em cartório, a morte presumida é quando uma pessoa
é declarada legalmente morta sem a confirmação verdadeira de seu óbito por meio de um
corpo identificado ou certidão de óbito. Isso ocorre quando há indícios suficientes de que a
pessoa relacionada desapareceu em circunstâncias que indicam a ocorrência da morte, mas
sem a comprovação de seu falecimento.

Geralmente a morte presumida é declarada após um certo período de ausência


prolongada sem qualquer notícia da pessoa desaparecida. Após esse tempo os familiares do
indivíduo podem requerer judicialmente a Declaração de morte presumida. Esse período varia
de país para país, é costume que seja considerado alguns anos, porém no Brasil a declaração
pode ser solicitada até mesmo por um certo período de meses.

A declaração de morte presumida tem efeitos jurídicos similares aos da morte


comprovada, como a abertura da sucessão e da partilha de bens. No entanto, diferente da
morte comprovada, essas ações estão sujeitas a serem revertidas com o ressurgimento da
pessoa.

A declaração de ausência é um processo legal composto por algumas fases: curatela


dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão definitiva. Antes de traçar um paralelo
do instituto no antigo e no atual diploma legal é importante distinguir, de forma breve, alguns
conceitos pertencentes à parte geral do Direito Civil.

EMANCIPAÇÃO (ART. 5º, CC)

A emancipação é um ato jurídico que confere ao menor a capacidade civil plena, ou seja, a
habilidade de exercer sua vida civil sem a necessidade da representação dos pais ou
responsáveis legais. Para esse processo exige-se que o menor tenha pelo menos 16 (dezesseis)
anos completos. No Brasil acontece de algumas formas:

A) Voluntária: Ocorre quando os pais por meio de uma escritura pública, sob pena de
nulidade, registram em cartório a emancipação do menor. Assim, o menor adquire a
capacidade plena de exercer seus direitos e deveres da vida civil.

B) Legal: A emancipação legal é prevista em lei sem a necessidade de um ato jurídico


específico, como por meio do Casamento, o exercício em emprego público, colação de grau
em curso superior e pelo exercício do emprego, desde que em função deles, o menor com 16
anos tenha economia própria.

C) Judicial: Se estiver sob regime de tutela ou se houver conflito entre os pais recorre-se ao
poder judiciário para obter a emancipação. Nesse caso, um juiz analisa o pedido e pode
conceder a emancipação se considerar que o menor tem capacidade para gerir seus próprios
interesses.

COMORIÊNCIA (ART. 8º, CC)

A comoriência, também conhecida como morte simultânea, ocorre quando duas ou


mais pessoas falecem em um mesmo evento ou em um curto intervalo de tempo, tornando
impossível determinar a ordem exata das mortes.

No contexto jurídico, a comoriência é tratada como uma presunção legal de que cada
uma das pessoas envolvidas faleceu antes da outra. Isso é importante pois isso pode
influenciar diretamente na transferência de patrimônio e na sucessão hereditária. Quando não
é possível determinar quem faleceu primeiro, a legislação estabelece algumas regras.
Geralmente, presume-se que as pessoas envolvidas faleceram simultaneamente, e os bens são
distribuídos como se cada uma delas tivesse falecido antes da outra.
A comoriência é um conceito importante para o direito sucessório e para garantir a
justa distribuição dos bens aos herdeiros e pode ser relevante em casos de acidentes, desastres
naturais ou em situações em que diversas pessoas estão sujeitas à exposição do mesmo
perigo.
BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil.


CARVAS, Felipe. Das Pessoas: Direito Civil: Das Pessoas Bens e Fatos Jurídicos. Bragança
Paulista. USF. 26 fev. 2024. Aula com Apresentação de Slides do Canvas. 76 slides. color.
Professor Felipe Carvas. Disponível em:
https://campusdigital.usf.edu.br/content/enforced/28233-GR04464BP-N-GR-0220241/DC%2
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TEPEDINO, Gustavo; SILVA, Rodrigo da Guia. O Direito Civil na era da inteligência
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https://arquivos-trilhante-sp.s3.sa-east-1.amazonaws.com/documentos/ebooks/f8c3f7fadec48
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