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A personalidade jurídica e o registro civil são conceitos

interdependentes, já que o registro civil é requisito necessário para


comprovação de existência de personalidade jurídica.

Notadamente, os registros públicos têm o condão de dar publicidade,


autenticidade, segurança e eficácia ao ato jurídico, nos termos do regime dos
serviços registrais da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, no art. 1.º.

Dito isso, é necessário salientar que a personalidade jurídica do sujeito é


inerente a própria capacidade de existir do mesmo, uma vez que, o Código
Civil diz, no art. 1º: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
Afirma que a pessoa natural se caracteriza como um sujeito portador da
capacidade de exercer direitos e obrigações. No art. 2º, refere-se à
personalidade civil: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”.

Por isso, extrai-se que o simples fato do ser humano nascer com vida já
o torna sujeito dotado de personalidade, capaz de ser portador de direitos. A
personalidade consiste na condição natural para portar direitos e contrair
obrigações que cada ser humano dispõe nas suas mais diversas formas de se
relacionar com outras pessoas.

No entanto, o Código Civil, estabelece o início da personalidade jurídica,


que se dá através do nascimento com vida e, o término que de acordo com o
art. 6: ‘’A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.” Com a morte, a pessoa natural tem o fim jurídico, com
consequências no mundo das relações interpessoais: dissolve-se a sociedade
conjugal, encerram-se as relações de parentesco, sucessão hereditária,
rescisão de contratos eventualmente firmados pelo de cujus, dentre outras. .

Inobstante, quando se chega ao registro civil que, é uma espécie de


solenidade para declaração da personalidade jurídica, encontramos um
conceito mais amplo que é comumente difundido como o ato de atribuir
identidade social ao indivíduo. Por conseguinte, o registro civil é a
comprovação do nascimento com vida e, mais do que isso, é a partir do mesmo
que o nascimento com vida passa a gerar efeitos no mundo jurídico.
O registro de nascimento destaca-se como o primeiro ato civil da pessoa
natural, por meio do qual adquire um nome e passa a ter visibilidade na vida
pública. Desse modo, pode exercer os seus direitos civis, políticos, econômicos
e sociais. Funciona, ainda, como pré-requisito para que a pessoa possa obter a
documentação básica, e com ela poder se cadastrar nos programas sociais,
matricular-se na escola etc.

Para além do diálogo no campo jurídico, a personalidade jurídica


combinada com o registro civil tem o condão de garantir a cidadania e o direito
a dignidade da pessoa humana. O registro civil, mais que um ato solene, é o
meio que o Estado tem de reconhecer, regular e criar políticas públicas que
visem garantir a efetividade dos direitos fundamentais direcionados a
população.

Todavia, o Estado falha em não garantir que todas as pessoas tenham


acesso ao registro civil e, consequentemente, estas pessoas passam a serem
invisibilizadas socialmente e juridicamente. Esta situação desencadeia e
escancara uma realidade onde o registro civil e o Estado não são acessíveis
como deveriam ser e ocasionam o aumento da desigualdade social e a
diminuição da proteção constitucional em áreas que o reconhecimento da
existência é um abismo entre a humanidade e a sub-humanidade.

Assim, em como todo ato jurídico, o registro civil deve estar pautado nos
princípios da legalidade e da eticidade. O princípio da legalidade requer a
observância de todos os requisitos previstos na lei para a formalização do ato
e, o princípio da eticidade requer a observância da boa-fé, da equidade e dos
demais critérios éticos para fundamentar a existência do negócio jurídico.

Diante o exposto, é imperioso afirmar que apesar da personalidade


jurídica existir sem o registro civil, ela depende do mesmo para sua
formalização no campo jurídico. Sendo assim, o registro civil é fundamental,
pois a existência da pessoa natural está atrelada ao seu nascimento, mas o
registro civil de nascimento confere-lhe reconhecimento legal e social. Por isso,
todo nascimento precisa ser registrado, considerados também os casos de
natimorto e morte durante ou logo após o parto.

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