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REGISTRO CIVIL

DE PESSOAS
NATURAIS
E O REGISTRO
EMPRESARIAL

Gabriel Bonesi Ferreira


Registro civil das
pessoas naturais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reproduzir as noções gerais sobre a pessoa natural.


 Interpretar as características da publicidade e o procedimento registral.
 Explicar a aquisição e os direitos de personalidade.

Introdução
Um dos principais ramos do Direito Registral é o registro de pessoas
naturais, no qual são registrados os principais atos da vida pessoal de
todas as pessoas que integram a sociedade. O registro de pessoas naturais
inclui, por exemplo, os registros de nascimento, casamentos, óbitos e
muitos outros relevantes e que têm relação direita com a personalidade
e identidade dos indivíduos.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais noções e conceitos da
pessoa natural, que é o sujeito sobre quem se realizam os registros no
âmbito dos registros civis de pessoas naturais. Você também vai ler sobre
as características da publicidade registral e os procedimentos registrais.
Por fim, você verá os direitos da personalidade, suas características e o
processo de aquisição desses direitos.

1 Noções gerais sobre a pessoa natural


O termo “pessoa”, de modo amplo, não se destina apenas às pessoas naturais.
O termo, no sentido jurídico, designa qualquer sujeito de direito para o qual
são atribuídos direitos e deveres em relações jurídicas. Assim, de modo amplo,
o termo pessoa designa tanto o ser humano quanto uma organização humana,
a exemplo de empresas, fundações, entre outros, considerados sujeitos de
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direito. Já a personalidade diz respeito ao atributo ou à qualidade de pessoa,


de ser sujeito em relações jurídicas (LOUREIRO, 2017). Existem, portanto,
dois tipos de pessoas: a pessoa natural e a pessoa jurídica.

A pessoa jurídica é uma realidade social criada pelo Direito. São organizações humanas
criadas para determinadas necessidades e finalidades. O Direito dá realidade ou per-
sonalidade a esses tipos de organizações, tornando-as sujeitos de direito, e, tal como
as pessoas naturais, é possível atribuir-lhes direitos e deveres.

Avaliar o conceito de pessoa natural é essencial para compreender os


conteúdos relacionados a registro civil. A pessoa natural é, basicamente, todo
ser humano, independentemente de credo, raça, gênero ou idade. A igualdade
civil é um dos princípios constitucionais que decorre, entre outros dispositivos,
do inciso III do art. 1º da Constituição Federal (BRASIL, 1988), que elenca
a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República e do
Estado Democrático de Direito. O Código Civil (BRASIL, 2002, documento
on-line) adota, em diversos artigos, a expressão “pessoa natural”, que decorre
do art. 1º: “Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
Assim, além de a pessoa natural ser uma pessoa humana individualmente
considerada, é também dotada de direitos e deveres, “[...] de modo que a ‘pessoa
natural’ é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações”
(DINIZ, 2012, p. 162).
A igualdade perante a lei não significa a identidade entre todas as pessoas;
ou seja, existem atributos e aspectos pessoais que distinguem e são usados na
identificação, o que também produz efeitos de direito. O estado da pessoa é
diferenciado especialmente pelo nome, domicílio e Estado. O estado da pessoa
exprime qualidades consideradas permanentes por Loureiro (2017):

 nome;
 filiação;
 sexo designado no nascimento;
 casamento;
 nacionalidade.
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O estado da pessoa não é apenas um de seus aspectos, mas todos conside-


rados em seu conjunto, o que determina condição legal da pessoa. Por isso,
“[...] pode-se afirmar que o estado da pessoa é o conjunto das qualidades de
um indivíduo que a lei toma em consideração para daí estabelecer certos
efeitos jurídicos” (LOUREIRO, 2017, p. 130). As situações ou os estados da
pessoa tutelados pelo Direito são claramente as coletivamente relevantes da
qual decorrem direitos, obrigações, deveres, entre outros.
Assim, as situações subjetivas autônomas, como a filiação, são relevantes
para as obrigações de cuidado, herança, entre outros, o que é tutelado pelo
Direito, ao contrário, por exemplo, do credo religioso, que não é tutelado por
não ter efeito jurídico relevante em razão da garantia da igualdade formal
das pessoas de liberdade religiosa. É possível dividir, assim, o estado civil
em (LOUREIRO, 2017):

 estado pessoal em sentido estrito;


 estado civil e estado família;
 estado patológico.

O estado pessoal não é único, mas está relacionado a diversos elementos


do estado da pessoa que a vinculam ao Estado. Historicamente, os elemen-
tos considerados são de diversas naturezas, como a relação da pessoa com
determinados grupos familiares, laços de sangue, local de nascimento, entre
outros, que definem o estado político de cada pessoa.
Nas sociedades contemporâneas, a situação do grupo familiar e os laços de
sangue perderam sua relevância, especialmente se considerarmos o ordena-
mento jurídico brasileiro. Na atualidade, o estado das pessoas está relacionado
a certas características pessoais, relevantes ao Direito e ao Estado.
Segundo Loureiro (2017), as características pessoais que definem o estado
da pessoa podem ser de ordem:

 fisiológica, a exemplo da idade;


 física;
 psíquica, quando se consideram alterações das faculdades mentais ou
corporais.

Podem, ainda, ser características como a expressão da personalidade por


meio do nome e gênero ou ainda as condições que são fonte de direito e deveres
em razão da desigualdade, a exemplo do tratamento diferenciado e protetivo
de idosos.
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Desse modo, o estado pessoal indica a posição jurídica da pessoa natural,


que definirá seu conjunto de direitos e deveres, desde o nascimento até o
falecimento. O nascimento vincula uma pessoa a um estado, a vínculos de
filiação, bem como a vincula a determinados direitos e deveres.
Os direitos da pessoa natural, ao menos no ordenamento jurídico brasi-
leiro, vinculam a pessoa, não surgem por opção ou podem ser abdicados,
decorrem do próprio nascimento e da condição de ter nascido brasileiro.
Os direitos da pessoa são extensivos a estrangeiros e brasileiros naturaliza-
dos. Contudo, o estado da pessoa se altera durante a sua vida, seja por atos
voluntários ou não, a exemplo da maioridade e do casamento. A mudança
do estado civil pode, inclusive, ter origem em fatos de terceiros. O estado
de uma pessoa pode ser influenciado pela atividade profissional ou produ-
tiva que desenvolve, ou seja, a profissão ou o ofício desenvolvido por uma
pessoa define também seu estado civil, uma vez que se inclui no âmbito de
sua personalidade.
Desse modo, o estado da pessoa é determinado por diversos fatores com
relevância jurídica. São fatos que determinam os indivíduos como seres hu-
manos únicos e diferenciados e não apenas como sujeitos de direito genérico.
Tais características determinaram as tutelas jurídicas específicas, com isso,
podemos concluir que “[...] é justamente através do conceito de estado que o
ordenamento individualiza e identifica a posição jurídica da pessoa (conjunto
de direitos, deveres, poderes, entre outros) em um dado momento de sua
existência” (LOUREIRO, 2017, p. 132).
Os dois principais elementos do estado são a nacionalidade e a família,
que historicamente são fatores determinantes no registro civil de pessoas
naturais. Na Antiguidade, o local de nascimento definia, de modo contundente,
o estado civil da pessoa. Um exemplo é o cidadão que podia votar na Grécia
antiga, o qual era necessariamente grego e homem livre.
No mundo, ainda existe bastante diferenciação entre os sujeitos nacionais e
estrangeiros no que tange à aquisição de direitos; porém, no Brasil, a aquisição
de direitos é bastante similar entre brasileiros e estrangeiros, a exemplo da
possibilidade de utilização do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo por
estrangeiros não residentes. Contudo, existem exceções, como, por exemplo,
no exercício de direitos políticos, uma vez que há vedação para estrangeiros
e naturalizados exercerem alguns cargos e funções públicas.
O nascimento é um marco de vinculação de um indivíduo a uma nacionali-
dade e a uma nação. A aquisição de direitos é determinada a essa vinculação,
uma vez que a pessoa natural passa a ter os direitos específicos provenientes
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do ordenamento jurídico ao qual sua nacionalidade se vincula. A aquisição


de direitos nos países do mundo é distinta para nacionais e estrangeiros, por
isso, a aquisição de direitos está sempre vinculada à condição de nacional ou
estrangeiro.
Os critérios que determinam a nacionalidade são distintos em diferentes
países do mundo. Assim, a nacionalidade pode ser determinada pelo local
de nascimento ( jus soli) ou pela nacionalidade dos pais ( jus sanguinis).
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) adota ambos os critérios, conforme
incisos I e II do art. 12. Desse modo, é brasileiro toda pessoa que nasce no
território nacional ou mesmo que tenha nascido em país estrangeiro, mas que
seja filho ou filha de pai ou mãe brasileira.
No mundo, alguns países — como Argentina, Uruguai e Estados Unidos
— também definem a nacionalidade de acordo com o local de nascimento, ou
seja, quem nasce dentro do território nacional desses Estados é considerado de
sua nacionalidade. De modo inverso, outros países — como Itália, Portugal,
Japão e Alemanha — adotam o jus sanguinis; isto é, somente são nacionais
aqueles cujo pai ou mãe forem também nacionais desses Estados, observadas
as particularidades específicas de cada país.
O estado familiar é definido pela posição ou lócus de uma pessoa em rela-
ção a um determinado grupo familiar, o que tem reflexos na situação jurídica
dessa pessoa como parte da comunidade. Essa posição pode ser, por exemplo,
pai, mãe, casado, solteiro, divorciado, entre outros. O estado familiar tem
relevância para o Direito, uma vez que é fonte também de direitos e deveres.
Essas relações podem ser de natureza moral, a exemplo do poder parental,
que gera a obrigação de cuidado dos filhos e das filhas, ao mesmo tempo que
dá a pais e mães o direito de escolher o modo de educação ética dos filhos e
filhas. Essas relações podem também ser de natureza pecuniária, a exemplo
dos reflexos da relação de parentesco no direito de sucessão ou nos regimes
de bens dos casamentos. Desse modo, o grau de parentesco possui reflexos
evidentes nas relações jurídicas.
Por fim, o estado patológico diz respeito a eventuais deficiências físicas
ou mentais. A pessoa com deficiência é definida pelo art. 2º do Estatuto da
Pessoa com Deficiência (EPD), que preceitua:

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de


longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
(BRASIL, 2015, documento on-line).
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O estado patológico influencia a atividade dos notários e registradores,


uma vez que o EPD determina que os notários e registradores não podem criar
óbices ao solicitante com deficiência, inclusive reconhecendo as capacidades
legais plenas, garantido a acessibilidade (art. 83 do EPD), sob pena de cometer
o crime de discriminação de pessoa em razão de sua deficiência, tipificado
no art. 88 do EPD (BRASIL, 2015).
O EPD (BRASIL, 2015) garante, ainda, que mesmo a pessoa relativamente
incapaz para a prática de atos da vida civil em razão da deficiência metal possa
realizar atos relacionados à sua personalidade, como casar-se, exercer a guarda
de filhos, entre outros, conforme art. 6º do mesmo estatuto.

As leis relativas ao estado das pessoas possuem a natureza de ordem pública; isto é,
não podem ser derrogadas pela vontade das partes. Em razão de serem de ordem
pública, o Estado cria mecanismos de proteção e tutela da pessoa, o que se dá pela
constatação e publicidade do estado civil.

2 Características da publicidade
e procedimento registral
O registro civil de pessoas naturais diz respeito à pessoa física e natural.
O registrador civil de pessoas naturais deve realizar o registro e dar publicidade
aos fatos e negócios jurídicos que ocorrem na vida de uma pessoa desde seu
nascimento até a sua morte. Porém, não se trata do registro de qualquer fato,
mas de fatos e negócios jurídicos que interessam à sociedade. Entre os fatos e
atos que identificam e dão proteção à pessoa natural, tanto na sua vida jurídica
quanto social, são registrados:

 estado civil ou de família da pessoa natural;


 registro do nome;
 filiação;
 idade;
 capacidade para os atos da vida civil;
 casamento ou divórcio.
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O registro é uma forma de o Estado tutelar e proteger a personalidade da


pessoa natural, que provém de seu estado pessoal, ou seja, o registro serve
também para a proteção do estado pessoal da pessoa natural.
O estado pessoal é o conjunto de características relevantes ao Direito que
definem o estado de um indivíduo. Porém, a situação jurídica de cada pessoa
deve se tornar pública para que adquira relevância do ponto de vista legal.
Para tanto, foram criados sistemas de registros civis que registram os atos de
estado civil, que é a constatação do estado da pessoa.
O registro civil serve para que os indivíduos façam prova de sua situação
jurídica pessoal e estabeleçam seus direitos e deveres. Serve também para o
Estado dar publicidade desses atos que servem à coletividade, uma vez que
seus efeitos estão além da realidade do indivíduo. Os atos do estado civil são
escritos e possuem fé pública, podendo fazer prova frente a todos.
Para a efetividade dos atos civis, é necessária a publicidade jurídica, o que
permite que qualquer interessado conheça o estado das pessoas. A publicidade
possui os seguintes aspectos:

 cognoscibilidade — garante a possibilidade de conhecer; não se trata


de uma publicação que dá conhecimento a todos, mas de dar a possi-
bilidade de conhecer;
 atividade — a publicidade deixa à disposição de qualquer interessado
um determinado fato jurídico, ficando acessível e à disposição;
 publicidade — é produzida por uma declaração emitida por um órgão
competente.

A publicidade registral objetiva o atingimento de efeitos jurídicos próprios.


O primeiro efeito da publicidade registral é “[...] a oponibilidade erga omnes
dos fatos e situações jurídicas inscritos no livro próprio” (LOUREURO, 2017,
p. 140). No caso do registro civil de pessoas naturais, a publicidade garante o
efeito probatório. Esses registros civis são as únicas provas, por exemplo, do
nascimento, da filiação, do casamento e do óbito e são provas pré-constituídas
do estado das pessoas. Assim, possuem oponibilidade erga omnes porque se
trata de um direito real sobre um fato, cabendo a todos respeitar tal direito.
O segundo efeito é a presunção de veracidade do registro. Assim, a publi-
cidade garante aos interessados a presunção da veracidade do registro oficial.
Em terceiro, na fé pública registral, os atos do estado civil fazem prova plena
dos fatos ocorridos na presença do oficial registrador, por ele constatados e
registrados no assento, o que somente pode ser alterado ou anulado por sentença
judicial com trânsito em julgado mediante comprovação.
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A publicidade do registro civil de pessoas naturais é formal; isto é, qualquer


pessoa pode ter acesso às informações dos registros sem a necessidade de
informar o motivo ou interesse no pedido, conforme art. 17 da Lei nº. 6.015,
de 31 de dezembro de 1973 (BRASIL, 1973), que dispõe sobre os registros
públicos. Qualquer um pode, por exemplo, requer e obter junto ao registrador
civil a certidão de nascimento, de casamento ou de óbito de terceiros, sem
informar os motivos ou a finalidade desse requerimento.
Essa publicidade é realizada por meio de certidões, nas quais os registrado-
res emitem cópias fiéis e autenticadas das informações constantes formalmente
nos livros e registros oficiais, que devem ser emitidas pelos oficiais do registro
(art. 16 da Lei nº. 6.015/1973) (BRASIL, 1973). Apesar da possibilidade de
qualquer pessoa requer certidões, alguns dados são protegidos pelo direito
à privacidade, como a averbação de mudança de nome para adequação ao
gênero, a alteração de nome por programa de proteção à testemunha, entre
outras situações.
Nesses casos, as certidões somente podem ser emitidas a pedido do
próprio registrando ou por ordem judicial. A publicidade é indireta por-
que o interessado não tem acesso efetivamente ao livro ou documento
oficial, mas à certidão emitida pelo registrador, na qual devem constar
as informações solicitadas pelo interessado e outras informações que o
registrador julgue importante e que podem influenciar a situação jurídica
constante na certidão.
A publicidade é o que se objetiva com os registros. Para atingir a finalidade
dos registros, é necessária a observância de uma série de procedimentos
registrais que garantam a autenticidade dos atos, garantam a conservação
dos registros e possibilitem a correlação entre atos no caso de registros de
pessoas naturais, a exemplo da averbação de divórcio, que deve ser realizada
junto ao registro do casamento.
Desse modo, existe o registro em si e outros assentos acessórios, que são
redigidos junto ao registro e são chamadas de averbações e anotações, que
complementam o registro principal em razão de alguma modificação de estado.
Por exemplo, quando alguém se casa, é realizado o registro de casamento;
caso ocorra o divórcio, o registro de casamento deve ser averbado, isto é,
deve ser acrescida ao registro a ocorrência do divórcio. Isso vale também,
por exemplo, para mudança de nome, alteração do registro de paternidade
em razão de adoção, entre outras situações.
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Os procedimentos registrais precisam, desse modo, assegurar uma lógica


temporal dos eventos. Seguindo o mesmo exemplo dado, não seria coerente
anotar o divórcio sem a ocorrência prévia do casamento. Em relação ao registro
civil de pessoas naturais, existem quatro tipos de assentos:

 registro;
 transcrição;
 averbação;
 anotação.

Segundo Loureiro (2017), o registro e a transcrição são assentos dos fatos ou


atos principais, isto é, redigem os principais fatos da existência da pessoa, sobre
os quais poderá haver averbações ou anotações, que serão redigidas à margem
do assento dos registros ou das transcrições. As hipóteses de transcrições no
registro de pessoas naturais são bem limitadas quando comparadas aos registros.
As transcrições são cabíveis nas hipóteses de transcrição literal de de-
claração ou de título, por isso, são utilizadas, no registro civil de pessoas
naturais, apenas para a transcrição de assentos de nascimento, casamento
e óbito realizados no exterior, que devem ser transcritos por registradores
nacionais para que produzam seus efeitos no Brasil.
Desse modo, quando uma criança nasce em outro país, a sua certidão de
nascimento estrangeira deve ser transcrita pelo registrador civil para que tenha
efeitos no território nacional. Como o nome já indica, trata-se de uma mera
transcrição ou cópia das informações do documento de origem estrangeira.
Já o registro são assentos com os principais dados da vida de uma pessoa.
São também declarações e títulos a serem transcritos, ou seja, são os registros
e assentos originários de fatos relevantes e que, por isso, são levados à publi-
cidade. No registro civil de pessoas naturais, são registrados:

 nascimentos;
 casamentos;
 óbitos;
 contratos de uniões estáveis;
 emancipações;
 interdições;
 óbitos;
 sentenças declaratórias de ausência e morte presumida;
 sentença que constituir adoção de menores de 18 anos;
 opções de nacionalidade.
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Desse modo, os registros de pessoas naturais são responsáveis pelos re-


gistros dos principais fatos da vida de uma pessoa e todos têm relevância
a ponto de se tornarem públicos. Considerando a natureza dos registros, a
maioria tem natureza declaratória e probatória, ou seja, apenas declaram fatos
jurídicos ocorridos. Porém, os registros podem ainda ter a natureza consti-
tutiva de direitos, isto é, para que alguns direitos sejam constituídos, devem
ser inscritos, como é o caso de casamento, divórcio, emancipação, opção de
nacionalidade, entre outros.
Como mencionado, as averbações e anotações são assentos acessórios
redigidos à margem do assento principal. As averbações são modificações do
teor do registro. Qualquer que seja a alteração do estado da pessoa, o registro
civil não pode ser simplesmente apagado, por isso, ocorrem as averbações, nas
quais se redige no registro alguma alteração do estado da pessoa, de um estado
anterior para outro posterior. Entre as averbações, podemos citar a averbação
de divórcio ou a separação judicial, que são inscritas à margem do registro de
casamento. Como causa e consequência, uma pessoa que se casa jamais volta
a ter o estado civil de solteira, mas de separado(a) ou divorciado(a) até que,
se for o caso, contraia novo matrimônio. O documento comprobatório de seu
estado civil será a sua certidão de casamento com as averbações.
Por sua vez, as anotações são registros remissivos a outros atos da vida civil,
registradas em outros livros. A finalidade da remissão é interligar registros,
o que garante a informação atualizada sobre o estado da pessoa.
Os novos registros e as averbações devem ser anotados nos registros
anteriores com remissões recíprocas. Caso os oficiais de registro sejam de
serventias distintas, o registrador que realizou o novo registro ou averbação
deve comunicar o oficial registrador anterior. Como exemplo, podemos citar
uma pessoa divorciada que se casa novamente. Nesse caso, o registro do novo
casamento deve ser anotado na certidão de casamento com averbação anterior
e, em ambos os registros de casamento, constarão remissões recíprocas.

Os livros de registro são obrigatórios e devem ser mantidos eternamente pelas ser-
ventias, cabendo ao registrador a sua manutenção e conservação, inclusive devendo
repassá-los a novo registrador quando findar a sua delegação. Os registradores devem,
inclusive, buscar meios de conservação dos livros por meio de cópias de segurança,
digitalizações e microfilmagens de dados físicos.
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A Lei nº. 11.977, de 7 de julho de 2009 (BRASIL, 2009), entre outros temas,
trata do registro eletrônico. A forma dos livros está, na prática, passando do meio
analógico/físico para o meio digital. Por força do art. 37 da Lei nº. 11.977/2009,
todos os registros praticados a partir da Lei nº. 6.015/1973 devem ser inseridos em
sistema eletrônico. Com isso, na prática, as serventias estão mantendo sistemas
eletrônicos de registro sem manter os livros em formato de papel.

A Lei nº. 11.977/2009 (BRASIL, 2009), arts. 37 a 45, trata dos registros eletrônicos. Apesar
de mesmo antes da referida lei já haver armazenamentos eletrônicos de dados, a lei
os tornou obrigatórios, gerando uma evolução dos serviços registrais. Os registros
eletrônicos certamente dão maior eficiência e qualidade à coletividade, visto que
podem ser mais facilmente acessados armazenados. Para saber mais, acesse:

https://qrgo.page.link/41uNx

Com base no apresentado, verificamos as principais características da pu-


blicidade dos registros e as suas finalidades, assim como alguns dos principais
procedimentos registrais do ordenamento jurídico brasileiro.

3 Direito da personalidade: aquisição,


conceito e características
A personalidade natural tem um início e um fim. O fim da personalidade
natural claramente é o falecimento da pessoa natural. Em relação ao início
da personalidade, as diversas legislações do mundo fixam momentos e cir-
cunstâncias distintas.
Conforme Diniz (2012), as diversas legislações pelo mundo apontam
momentos distintos de aquisição da personalidade, como o nascimento, a
viabilidade à vida do recém-nascido, o recém-nascido ter figura humana, o
momento da concepção, entre outras variáveis. O Código Civil (BRASIL,
2002, documento on-line) dispõe em seu art. 2º: “Art. 2º A personalidade
civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro”.
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Assim, do próprio diploma legal, podemos abstrair as concepções do Direito


brasileiro sobre o início da personalidade. Apesar de o Código Civil (BRASIL,
2002) reconhecer os direitos do nascituro desde a concepção, não é a concepção
que marca o início da personalidade. O nascituro possui direito, ainda que não
tenha personalidade. Entre esses direitos, estão (DINIZ, 2012, p. 221-222):

 direito à integridade física;


 direito à vida;
 direito de ser contemplado por adoção;
 direito à adequada assistência pré-natal;
 direito de ser reconhecido como filho ou filha.

O art. 2º do Código Civil (BRASIL, 2002) é claro sobre a personalidade civil


começar com o nascimento com vida. Assim, outros condicionantes — como o
tempo de vida ou a forma humana — não são considerados. Por isso, de maneira
sucinta, basta que o recém-nascido nasça com vida para que adquira personalidade
civil e consequentemente direitos, ainda que sobreviva por apenas um instante.
Desse modo, o nascimento com vida tem como principal consequência
jurídica o início da personalidade, ou seja, a qualidade de pessoa tem seu
início a partir do nascimento com vida. Assim, “[...] somente se reconhecem
direitos do nascituro na medida em que isto é necessário para a proteção de
seus interesses após o nascimento. Se ele nascer morto (natimorto), é como
se nunca tivesse existido” (LOUREIRO, 2017, p. 162).
Apesar de o Direito brasileiro não expressar literalmente que o natimorto,
para efeitos legais, é considerado como se nunca tivesse existido, no Direito
comparado, o Código Civil e Comercial argentino traz em seu art. 74: “Art. 74
Se [as crianças] morrerem antes de serem completamente separadas do ventre
da mãe, será considerado como se nunca houvessem existido” (ARGENTINA,
2015, documento on-line, tradução nossa).

A partir do que estabelece o Código Civil, todo indivíduo, por ocasião de seu nascimento
com vida, adquire personalidade jurídica, com direitos e, consequentemente, direitos civis.
A personalidade jurídica somente cessa com o a morte. A personalidade jurídica somente
se extingue com o falecimento; assim, mesmo a ausência ou interdição não extinguem
ou suspendem a personalidade. Mesmo o interdito permanece sendo um sujeito de
direito, mas seus direitos serão exercidos somente por meio de seu representante legal.
Registro civil das pessoas naturais 13

Tanto o art. 29, I, da Lei nº. 6.015/1973 quanto o art. 9º, I, do Código Civil
estabelecem que todos os nascimentos devem ser registrados, não fazendo qual-
quer distinção para aqueles que nascem com vida ou não (BRASIL, 1973; 2002).
Caso haja nascimento com vida, ele deve ser inscrito no Livro A (art. 33, I,
da Lei nº. 6.015/1973); caso venha a falecer, o assento de óbito deve ser lavrado
no Livro C (art. 33, IV, da Lei nº. 6.015/1973) (BRASIL, 1973). Nesse caso,
inclusive, deve constar o nome do registrando, uma vez que basta o nascimento
com vida para adquirir a personalidade, tornando-se sujeito de direitos. No
caso do nascimento sem vida, é apenas realizado o registro do natimorto no
Livro C Auxiliar (art. 33, V, da Lei nº. 6.015/1973).

A questão do nascimento com vida ou não de uma criança na aquisição de persona-


lidade pode parecer irrelevante, mas o nascimento com vida importa a aquisição de
direitos. Diniz (2012) apresenta o seguinte exemplo: imaginemos um casal, recentemente
casado sob o regime de separação de bens. O homem então falece, deixando os pais
vivos e a viúva grávida.
Se o filho do casal nascer morto, não adquire personalidade jurídica, então não teria
direito a receber a herança do pai, que seria transmitida aos pais paternos, nos termos
da legislação vigente. Porém, se a criança nascer viva, teria o direito à herança; caso
falecesse logo após o nascimento, a herança seria transmitida da criança à sua mãe,
de modo que os avós paternos não teriam mais o direito à herança de seu filho. Esse
exemplo mostra como a aquisição de personalidade pode ter efeitos diretamente
relevantes sobre outros direitos patrimoniais e sucessórios.

Loureiro (2017) aponta que não se pode confundir os conceitos de perso-


nalidade e capacidade. A personalidade é a qualidade inerente à condição de
pessoa e é a qualidade jurídica reconhecida a todo ser humano que nasce com
vida para o caso da pessoa natural. A personalidade é também reconhecida
a algumas organizações humanas, quando lhes é conferida a personalidade
jurídica, como sociedade, fundações, empresas, associações, entre outras.
Já a capacidade é o atributo de realizar os atos da vida civil por si só. Por
isso, mesmo as pessoas absoluta ou relativamente incapazes são dotadas de
personalidade jurídica, por isso, são dotadas de direitos e deveres. Contudo,
não podem exercer sozinhos os atos da vida civil, de modo que os absoluta-
mente incapazes devem ser representados pelos seus representantes legais, e
os relativamente incapazes devem ser assistidos por seus representantes legais.
14 Registro civil das pessoas naturais

O Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002, documento no-line) consagra


que a capacidade é sempre presumida, o que se denota a partir dos arts. 1º e
5º do Código Civil, que estabelecem respectivamente: “Art. 1º Toda pessoa
é capaz de direitos e deveres na ordem civil; [...] Art. 5º A menoridade cessa
aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil”. Isso inclui, inclusive, as pessoas com deficiências, de
modo que o EPD, além de excluir a doença mental como causa de incapacidade
absoluta, trouxe, entre outros dispositivos, a assertiva contida em seu art. 83
(BRASIL, 2015), que expressamente determina que os notários e registradores
não podem criar óbice à prestação de serviços à pessoa com deficiência, de-
vendo, inclusive, sempre reconhecer as suas capacidades legais plenas. Assim,
a incapacidade é sempre exceção que deve ser comprovada de modo evidente
e completo, por isso, algumas características — como a idade avançada ou
mesmo o fato de ser portador de doença metal —, por si só, não são causas
de incapacidade absoluta ou relativa.
O Código Civil (BRASIL, 2002) dedica seu Capítulo II do Título I, Livro
I, aos direitos da personalidade. Os caracteres ou elementos pessoais, em seu
conjunto, constituem a personalidade de uma pessoa natural. Desse modo,
todos os aspectos que constituem a identidade de cada indivíduo são aspectos
de sua personalidade.
Os direitos da personalidade são historicamente reconhecidos, segundo
a doutrina, a partir da Declaração dos Direitos do Homem de 1789, e são
também reflexos da Declaração de Direitos Humanos de 1948, das Nações
Unidas. No Brasil, têm seu fundamento constitucional no inciso X do art. 5º
da Constituição Federal (BRASIL, 1998, documento on-line), que estabelece:
“Art. 5º [...] X — são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação”.
Os direitos da personalidade se relacionam à pessoa humana tomada em si,
à sua personalidade em si mesma, e estão relacionados ao direito ao corpo, ao
nome, à integridade física, à imagem, à palavra, à intimidade, à honra, à apa-
rência e a quaisquer outros direitos que se relacionem a aspectos constitutivos
da própria identidade. Dessa forma, são direitos ligados ao indivíduo na forma
de direitos subjetivos essenciais. O art. 11 do Código Civil (BRASIL, 2002,
documento on-line) estabelece o seguinte sobre os direitos da personalidade:
“Art. 11 Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária”.
Registro civil das pessoas naturais 15

Assim, a legislação traz três características do direito da personalidade:

1. Intransmissibilidade — significa que pertence a cada pessoa, assim,


são direitos subjetivos próprios e não podem ser transferidos a outrem.
2. Irrenunciabilidade — ao nascer, a pessoa passa a ser detentora dos
direitos da personalidade, o que significa que não podem ser renuncia-
dos, isto é, não se pode declarar que não deseja mais ser titular desses
direitos.
3. Indisponibilidade — são direitos gozados na forma pela qual são
constituídos, assim, não se pode dispor sobre eles.

A doutrina apresenta também outras características dos direitos da per-


sonalidade para além daqueles expressamente transcritos em lei, entre eles,
podemos citar as seguintes características (LOUREIRO, 2017):

 Inatos — são assegurados aos seres humanos desde a sua origem.


 Vitalícios — são direitos que perduram durante toda a vida da pessoa
e, em geral, extinguem-se apenas com a sua morte. Contudo, alguns
direitos certamente podem perdurar mesmo após a morte e são transfe-
ridos aos herdeiros de seu titular, em especial, em relação aos direitos
de imagem, de intimidade e à honra. Nos termos do art. 12, caput, e seu
parágrafo único do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line),
os direitos podem ser defendidos: “Art. 12 [...] Parágrafo único. Em se
tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta,
ou colateral até o quarto grau”.
 Necessários — devem estar presentes durante toda a vida do ser humano,
assim, não se pode perdê-los ou renunciá-los em nenhum momento
da vida.
 Essenciais — são indispensáveis durante toda a vida do ser humano,
assim, são direitos fundamentais e básicos para uma existência digna
e livre.
 Extrapatrimoniais — a eles não se pode atribuir um valor monetário, o
que não quer dizer que não podem ser passíveis de reparação econômica
em caso de dano ou como medida para cessar ou impedir a violação
desses direitos.
 Indisponíveis e intangíveis — não podem ser alienados e são intrans-
feríveis enquanto a pessoa estiver viva. Contudo, tal regra possui a
exceção em casos em que é possível o transplante de órgãos ou tecidos,
16 Registro civil das pessoas naturais

de maneira gratuita, de pessoas vivas a outras, desde que não represente


prejuízos à integridade física do doador (parágrafo único do art. 13 do
Código Civil) (BRASIL, 2002).
 Absolutos — possuem oponibilidade erga omnes, isto é, são direitos
reais, cabendo a todos respeitá-los, mas não ilimitados, uma vez que
encontram seus limites nos direitos alheios.

Vimos aqui a origem e o início dos direitos da personalidade e suas princi-


pais características. Tais direitos importam especialmente ao direito registral
de pessoas naturais, pois o registro irá, em grande medida, materializar alguns
desses direitos, como é o caso do direito ao nome.

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áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380,
de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de
1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 8 jul. 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11977.htm. Acesso
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Registro civil das pessoas naturais 17

BRASIL. Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União,
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DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 29. ed. São Paulo:
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LOUREURO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 8. ed. Salvador: Editora JusPODIVM,
2017.

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