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CURSO CONTEÚDOS PGE

PROF. ANDRÉ PEDROSA

PASSO A PASSO NA
ELABORAÇÃO DO
PARECER JURÍDICO

São José dos Pinhais, 2021


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André Pedrosa

PARECER
JURÍDICO

O
lá, pessoal! Esse documento está sendo elaborado com muito cuidado para
servir de embasamento quando vocês forem fazer as provas discursivas de
Procuradorias, principalmente para os colegas que ainda não atuam na área
e consequentemente não tiveram a oportunidade de fazer um parecer jurídico.

Vamos iniciar tratando do conceito de parecer jurídico. De acordo com o


Professor Rafael Oliveira, trata-se de um ato administrativo que emite a opinião da
Administração Pública. Vejamos:

Os pareceres são atos administrativos que expressam a opinião


do agente público sobre determinada questão fática, técnica ou
jurídica (ex.: parecer elaborado pelo Procurador do Estado
relacionado ao processo de licitação; parecer técnico
apresentado em processo de licenciamento ambiental).

Em princípio, os pareceres não vinculam a decisão administrativa


a ser proferida pela autoridade competente no caso concreto.
Todavia, a legislação aponta casos em que o parecer será dotado
de força normativa (parecer normativo) e vinculante para toda a
Administração Pública (ex.: parecer elaborado pelo Advogado-
Geral da União e aprovado pelo Presidente da República, vincula a

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Administração Pública Federal, na forma do art. 40, § 1.º, da Lei


Complementar 73/1993).

A doutrina costuma apontar três espécies de pareceres: a)


facultativo: é o parecer que não é exigido por lei para formulação
da decisão administrativa e, uma vez elaborado, não vincula a
autoridade competente;

b) obrigatório: é o parecer que deve ser necessariamente


elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o
parecer de forma motivada; e

c) vinculante: é o parecer que deve ser obrigatoriamente


elaborado, cujo teor vincula a autoridade administrativa que tem o
dever de acatá-lo.

Desta forma, na prova vai vir um caso onde você precisa elaborar um parecer,
seja em questões de licitação ou demais questões, para orientar a Administração
Pública, como em questões de natureza ambiental ou legislativa.

Muitas provas já cobraram parecer jurídico na peça processual, como, por


exemplo, na PGM-MANAUS (2018 - CESPE). Então vamos verificar como fazer, caso
venha a ser cobrado em sua prova, pois pode te ajudar muito!

Imagine agora que chegou a sua prova. Você deverá ler a questão objeto de
parecer com muita calma. Anote todas as datas que possivelmente estejam presentes
no enunciado, tente fazer um brainstorm (anotações) na folha de resposta e repita a
leitura por três vezes, para não deixar passar nada.

Ótimo! Agora você leu e precisa partir para a ação, afinal não temos o dia todo…

Vamos agora mostrar passo a passo, inclusive com auxílio de Parecer da AGU
para exemplificar, lembrando que todos os documentos da AGU são públicos e

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disponibilizados pela internet, via site institucional. Em geral, um parecer precisa


seguir a seguinte estruturação (Retirado da banca Vunesp):

Estrutura formal

O candidato deve produzir parecer, que, do ponto de vista


formal, deve conter a estrutura inerente a esse tipo de

manifestação, notadamente:

a) indicação do órgão consulente;

b) assunto;

c) ementa com a síntese da manifestação;

d) fundamentação;

e) conclusão com caráter opinativo.

A Advocacia-Geral da União possui um manual de boas práticas consultivas, que


podem ser utilizados também como parâmetro. Como fundamental em um parecer
jurídico, o órgão entende:

É importante que o Parecer contenha os seguintes elementos:

a) Ementa;

b) Relatório;

c) Regra jurídica e sua explicação;

d) Análise (adequação da regra ao caso) e

e) Conclusão, com observância da recomendação da BPC no 2.

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O passo número um é colocar o número do Parecer (como você não sabe, não
invente números, para não marcar a prova). Coloque Parecer XX/2021, por exemplo.
Essa parte deve ser centralizada na página, logo na primeira linha da folha de
respostas. Vejamos o exemplo da AGU:

PARECER n. 00000/2020

Após esse passo, temos que identificar quem está fazendo a consulta, se existe
processo administrativo (Se a questão não mencionar número, coloque XX/2021), bem
como o assunto a que se refere o parecer (exemplo: Licenciamento Ambiental). Essa
parte costuma vir mais na parte esquerda da página. Vejamos como a AGU faz:

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 0000.00000/2019-00


INTERESSADOS: P. M. H. e Outros.
ASSUNTO: Natureza Jurídica…

Veja como a CESPE aceitou esses dois pontos na Prova da PGM-BH:

Cabeçalho – “Parecer n.o 1/2017”

Também será aceito “Parecer n.o 01/2017” ou “Parecer n.o X/2017”.

Após essa etapa, temos que fazer a ementa, que nada mais é do que indicar os
tópicos abordados no parecer. Desta forma, se for, por exemplo, parecer sobre direito
ambiental, assunto licenciamento ambiental, ficaria mais ou menos assim:

DIREITO AMBIENTAL. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. ITEMX. POSSIBILIDADE.

Vale ressaltar que a CESPE recomenda que seja colocada a ementa à direita da
página, conforme cobrado na PGM-BH e PGE/SE. Vejamos como a banca instrui:

Ementa, à direita. Texto meramente exemplificativo.

EMENTA: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E


TERRITORIAL URBANA. LEI MUNICIPAL N.o X/1995. ALÍQUOTAS
PROGRESSIVAS EM RAZÃO DO TAMANHO DO IMÓVEL.

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INCONSTITUCIONALIDADE. PROGRESSIVIDADE NO TEMPO.


FUNÇÃO SOCIAL. POSSIBILIDADE.

Sobre o tema, a AGU possui o seguinte enunciado:

No interesse das necessidades de tratamento e resgate da


informação consultiva institucional, devem ser envidados esforços
para que os assuntos das manifestações jurídicas e as ementas
dos pareceres correspondam à síntese da matéria analisada.

Certo, depois da ementa, vamos ao que interessa, começar a brincadeirinha.


Agora é a vez de fazer um relatório, que é uma pequena descrição da situação,
contextualizando o caso. Não gaste muitas linhas, em geral não pontua muito essa
parte.

Após concluir o relatório, geralmente se utilizam algumas frases do tipo: Antes de


propor a alteração, o Excelentíssimo Senhor Prefeito formulou consulta a esta
Procuradoria (Espelho da PGM-Londrina) ou ainda É o relatório. Passa-se à análise
(PGM-BH) ou ainda É o sucinto relatório (AGU).

Veja que este ponto varia conforme o autor do parecer, cada um utiliza de uma
maneira, não tem regra fixa para isso. Eu acho interessante verificar as provas
anteriores da banca para seguir o modelo da mesma.

Agora é parte da fundamentação ou do direito, onde o candidato vai discorrer


sobre os institutos que estão sendo cobrados na prova. Recomendo que você divida o
parecer em tópicos, para facilitar a correção do examinador e demonstrar mais
conhecimento e clareza.

Exemplo: Parecer sobre licença ambiental

II - Dos fundamentos jurídicos:

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II.I: Necessidade de licença ambiental: (…).


II.II: Necessidade de prévia audiência pública: (….).
II.III: Do órgão competente para realizar o licenciamento ambiental: (…).

Inclusive algumas bancas, como a vunesp e a CESPE trazem no espelho dos


pareceres a divisão em tópicos, indicando ser a maneira mais correta de elaborar o
parecer. Vejamos como a CESPE tratou do tema na PGM-BH:

3 Análise

3.1 Conceito da progressividade de IPTU


3.2 Possibilidade de aplicação do princípio da progressividade do IPTU em razão do
tamanho do imóvel
3.3 Progressividade do IPTU no tempo e requisitos para a sua aplicação, se
juridicamente possível…

Claro, você pode discorrer, se desejar, sem fazer essa divisão, mas não é
recomendado. Por fim, temos a conclusão do Parecer, onde o candidato deve
mencionar (se a questão não falar nada sobre parecer vinculante), que o mesmo é
meramente enunciativo, ou seja, não vincula a autoridade competente.

Bem como é recomendado que a conclusão seja também estruturada em


tópicos. Vejamos como a CESPE colocou no espelho de BH:

4 CONCLUSÃO DO PARECER

4.1 Conclusão acerca da progressividade de alíquotas

* A lei que tenha criado a alíquota progressiva antes da EC n.o 29/2000 é


inconstitucional, uma vez que a referida emenda constitucional tem efeitos ex nunc,
não podendo a Lei Municipal n.o X/1995 ser repristinada pela referida emenda. Assim,
é necessária a edição de nova legislação.

* De toda forma, mesmo após a EC n.o 29/2000, é inconstitucional a criação de


alíquotas progressivas em razão da área construída do imóvel, elemento esse que não
guarda perfeita identidade com o valor do bem. Logo, as alíquotas devem ser

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estipuladas em razão do valor do imóvel, não da área construída, devendo haver a


adaptação do texto legal para os fatos geradores futuros.

A conclusão dividida em tópicos ajuda na hora da correção do examinador. No


entanto, algumas bancas também indicam fazer uma conclusão mais simples. A banca
UEL, da PGM-Londrina considerou da seguinte maneira:

Em virtude do exposto, conclui-se que o projeto de vinculação do reajuste da


remuneração dos servidores públicos municipais a índice federal de correção
monetária é inconstitucional.

Sem mais no momento. É o parecer.

Salvo Melhor Juízo.

O importante mesmo é fazer a conclusão de maneira mais breve e indicar que o


mesmo é meramente opinativo, ou seja, não vincula a autoridade (via de regra). No
manual da AGU, temos o seguinte enunciado sobre o tema:

As manifestações consultivas devem ser redigidas de forma clara, com


especial cuidado à conclusão, a ser apartada da fundamentação e
conter exposição especificada das orientações e recomendações
formuladas, utilizando-se tópicos para cada encaminhamento
proposto, a fim de permitir à autoridade pública consulente sua fácil
compreensão e atendimento.

Para finalizar, temos o fechamento, que é colocar o local, a data e quem fez o
parecer. Cuidado para não identificar a peça! É recomendado que o aluno faça de
maneira genérica, por exemplo:

É o parecer. Salvo Melhor Juízo.

Local, data…
Procurador do Município ou do Estado
Matrícula …

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Espero que tenha ajudado. Quaisquer dúvida estamos à disposição para


responder no e-mail conteudospge@gmail.com.

Atenciosamente,
Prof. André Pedrosa

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