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Assuntos ilustrativos*
Coordenador
Caio Souza
Sumário
SIMULADO PRÁTICO-DISCURSIVO...................................................................................................3
PARECER.....................................................................................................................................................3
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................21
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................27
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................42
E-BOOK ...............................................................................................................................................53
VIDEOAULAS......................................................................................................................................68
2
SIMULADO PRÁTICO-DISCURSIVO
PARECER
3
a) Para viabilização dos empreendimentos, quais os instrumentos contratuais recomendados
e quais os requisitos necessários para a formalização destes instrumentos contratuais?
b) O Estado, para atrair investidores ao empreendimento, pode promover vinculação de
receitas como forma de conceder garantia contratual de adimplemento ou prever a
antecipação do pagamento ao contratado? Tais investidores podem obter a assunção do
controle ou a administração do empreendimento, mesmo não mantendo vínculo societário
direto com o contratado?
c) O Estado pode se valer da contratação integrada durante o processo de contratação?
Conceitue o instituto, diferencie da Empreitada integral e fundamente sua resposta.
COMENTÁRIOS
4
Parecer nº ____
Interessado (ou consulente): _____
Assunto: ______
5
Exemplo de ementa sobre a situação hipotética:
LETRA A
6
Obs.: Parte da doutrina critica o termo “Parceria”, por tratar-se de contrato e, como tal, os
interesses são divergentes, contrapostos, e não comuns como o nome faz crer.
O fundamento legal para a utilização desse modelo gerencial é a Lei 11.079/04, tendo
como base constitucional o art. 22, XXVII, que define como competência privativa da União legislar
sobre normas gerais em matéria de licitações e contratos, tendo essas regras aplicação de
âmbito nacional, devendo ser observadas pelos demais entes (ADI 3.670, rel. min. Sepúlveda
Pertence, julgamento em 2-4-2007, Plenário, DJ de 18-5-2007).
Observem que o instituto da PPP é definido pelo art. 2º, da Lei 11.079/04, como contrato
administrativo de concessão:
7
Na Concessão patrocinada o parceiro privado é remunerado através de tarifa
cobrada dos usuários e adicionalmente teremos a figura da contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado.
Obs.: Dúvidas poderiam surgir sobre a possibilidade de utilização da concessão de serviço público
precedida de obra pública, nos termos do 2º da Lei nº 8.987/1995, que assim conceitua o instituto:
Art. 2º (...) III – concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção,
total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse
público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por
sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.
No entanto, o enunciado da questão é claro no sentido de que o projeto prevê a cobrança de tarifa
8
dos usuários, porém que esse montante arrecadado NÃO é suficiente para garantir o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
É cediço que a Lei nº 8.987/1995, no art. 11, prevê a possibilidade de OUTRAS FONTES
provenientes de RECEITAS ALTERNATIVAS, mas observem, tais fontes visam FAVORECER A
MODICIDADE DAS TARIFAS. Ou seja, não há como se inferir a possibilidade, no caso em tela,
de fontes alternativas de tal monta que compensem o desequilíbrio econômico-financeiro do
contrato na questão em tela. Portanto, a sugestão viável para o caso em questão é a PPP na
modalidade Concessão Patrocinada.
Por sua vez, conforme assevera o art. 190 da Constituição Federal, a Saúde é direito de
todos e dever do Estado. Desse modo, verificamos que a Administração Pública será a usuária
indireta da prestação de serviços de saúde que envolve o Projeto B, e que envolve, também, a
execução de obra pública.
Como vimos, tais serviços serão remunerados exclusivamente pelo parceiro púbico
através de contraprestação pecuniária paga pelo Poder Público. Resta, portanto,
caracterizado a modalidade de Concessão Administrativa nos moldes do art. 2º, § 2º da Lei
11.079/04, confira:
9
contrato, observância das cláusulas essenciais e facultativas e a constituição de sociedade
de propósito específico, conforme apontaremos adiante.
De início, cabe apontar os requisitos exigidos pela Lei 11.079/04 no art. 2º, § 4º, dispondo
da seguinte forma:
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de
equipamentos ou a execução de obra pública.
Ou seja, nos termos do supracitado art. 5º, inciso I, o período máximo estabelecido em 35
anos deve ser observado.
Por outro lado, para formalização do contrato de PPP se faz necessário a observância das
diretrizes elencadas pelo art. 4º da Lei, confira:
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados
incumbidos da sua execução;
10
Diante de tais diretrizes podemos elencar os requisitos formais para as concessões
vislumbradas pelo ente público:
a) Procedimento Licitatório (arts. 10 a 12 da lei):
- Para instauração do certame exige-se autorização da autoridade competente embasada em
estudo técnico que demonstre a conveniência e a oportunidade da contratação e demonstre que o
impacto das despesas não prejudicará os resultados fiscais. (Art. 4º, IV da Lei);
Obs.: Segundo interpretação da doutrina, a sua constituição deve ocorrer após a realização da
licitação e antes da celebração do contrato.
A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia aberta, com
valores mobiliários admitidos a negociação no mercado. (§2º) e deverá obedecer a padrões de
governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas,
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conforme regulamento (§3º). Ademais, é vedado à Administração Pública ser titular da maioria do
capital votante das sociedades de que trata este Capítulo (§4º). Por outro lado, essa vedação não
se aplica à eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico
por instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos
de financiamento (5º§).
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato
do príncipe e álea econômica extraordinária;
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes e compatíveis com
os ônus e riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e 5º do art. 56 da Lei no 8.666, de 21
de junho de 1993, e, no que se refere às concessões patrocinadas, o disposto no inciso XV do art.
18 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter os pagamentos
ao parceiro privado, no valor necessário para reparar as irregularidades eventualmente detectadas;
LETRA B
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terão condições de executar, de forma rápida e eficiente, as garantias que lhes serão oferecidas,
de maneira a se ressarcirem dos prejuízos que tal inadimplência certamente lhes causará.
Tais garantias estão listadas no artigo 8º da Lei das PPPs sendo elas:
III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas
pelo Poder Público;
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam
controladas pelo Poder Público;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade;
Obs.: Celso Antônio Bandeira de Mello tece duras críticas ao dispositivo legal, confira:
“Há grosseira inconstitucionalidade na previsão do art. 8º, I, segundo a qual obrigações
pecuniárias da Administração resultantes da parceria poderiam ser garantidas por vinculação de
receitas. Conforme foi flagrado pelo prof. Harada, a proibição de vinculação de receitas residente
no art. 167, IV, da Constituição, só pode ser excepcionada nos casos que especifica, consoante
ali mesmo está previsto e estampado de maneira exuberantemente clara. A única remissão que
nele se faz ao tema de prestação de garantias concerne a operações de créditos por antecipação
de receita, ou a pagamento de créditos da União (§ 4º do mesmo artigo) Além disto, na primeira
hipótese, sempre conforme observado pelo citado jurista, a prestação de garantias suposta
naquele dispositivo nem ao menos tem o mesmo sentido que lhe é próprio no direito privado. Sua
finalidade não é garantir algum credor, mas “preservar o equilíbrio entre o montante do
empréstimo público (dívida pública) e o valor da receita antecipada”, para prevenção de
13
desequilíbrio orçamentário. Na segunda hipótese está claríssimo que o que entra em pauta são
débitos de Estados ou Municípios para com a União.
Em suma: receita pública jamais pode ser vinculada à garantia de créditos de particular, sob pena
de escandalosa inconstitucionalidade.”
Ainda no bojo das ferramentas que possibilitam maior estímulo aos investidores, encontra-
se a possibilidade de assunção do controle ou a administração do empreendimento pelos
investidores, mesmo não tendo eles vínculo societário direto com o contratado.
Tal possibilidade foi inserida na Lei 11.079/04 pela Lei 13.097/2015, sendo elencada como
cláusula facultativa nos contratos de parceria, confira:
III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por extinção antecipada
do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantidores de
parcerias público-privadas.
É importante frisar que o parceiro público fixará o prazo da administração temporária. Por
sua vez, a administração temporária autorizada pelo poder concedente não acarretará
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responsabilidade aos financiadores e garantidores em relação à tributação, encargos, ônus,
sanções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o poder concedente ou
empregados, conforme o art. 5-A da Lei de PPP.
LETRA C
Art. 8º. Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes
regimes:
IV - empreitada integral; ou
V - contratação integrada.
Dos cinco regimes de execução, apenas a contratação integrada não está prevista na Lei
n. 8.666/93, o que torna relevante sua abordagem. É importante ressaltar as distinções entre a
contratação integrada e os outros regimes de execução, especialmente a empreitada integral.
A Empreitada integral é definida pelo art. 6º, VIII, “e”, da Lei 8.666/93, consistindo na
contratação da integralidade de um empreendimento, compreendendo todas as etapas das obras,
serviços e instalações necessárias, inclusive projeto executivo, sob inteira responsabilidade da
contratada até a sua entrega ao contratante em condições de ocupação. No entanto, na
empreitada integral, a elaboração do projeto básico é feita pelo contratante.
15
Por sua vez na contratação integrada o projeto básico é elaborado pelo contratado,
logo é conferida uma maior autonomia ao particular na contratação integrada.
O STF, por decisão liminar nos autos do Mandado de Segurança 33.889-STF, tendo
como relator o ministro Luís Roberto Barroso, determinou a suspensão da eficácia de
dispositivos da 13.190/2015 até posterior deliberação.
1 HEINEN, Juliano. Regime diferenciado de contratações: lei nº 12.462/2011. Porto Alegre: Livraria do Advogado
Editora, 2015, p. 58
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Assim, foi impetrado o mencionado mandado de segurança 33.889 no Supremo Tribunal
Federal com o objetivo de impedir que esses “contrabandos legislativos” fossem sancionados e
que o entendimento do STF quanto à inclusão de matérias estranhas à redação original das MPs
prevalecesse na hipótese.
Como resposta ao MS, antes mesmo da sanção presidencial da lei nº 13.190/15, o ministro
Luís Roberto Barroso concedeu liminar no seguinte sentido:
“para suspender o trâmite do Projeto de Lei de Conversão nº 17/2015, exceto naquilo que
corresponde ao acréscimo dos incisos VI e VII ao art. 1º da Lei nº 12.462/2011. Caso sancionado o
projeto em pontos diversos daqueles excepcionados acima, fica a eficácia de tais
dispositivos suspensa até posterior deliberação”.
Desse modo, até decisão em sentido contrário do STF, o regime de Contratação Integrada
(Art. 9º, da Lei 12.462/2011), não poderá ser utilizado para obras e serviços de engenharia,
relacionados a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraestrutura logística, no caso
em tela o Projeto A, tendo em vista que os dispositivos inseridos pela Lei nº 13.190/15 estão com
eficácia suspensa.
17
ESPELHO DE CORREÇÃO
PARECER
Quesitos avaliados Nota Comentários
Aspectos microestruturais (adequação ao -
número de linhas, coesão, coerência,
ortografia, morfossintaxe e propriedade
vocabular); – 0,0 a 2,0;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E
ORGANIZAÇÃO
Cabeçalho, ementa, conclusão e organização
da fundamentação em tópicos;
– 0,0 a 5,0;
- LETRA A -
(1) Instrumento Contratual do Projeto A
(Metrô): Parceria público-privada (PPP) por
Contrato Administrativo de Concessão na
modalidade Concessão Patrocinada (Art. 2º, §
1º, da Lei 11.079/2004);
(2) Instrumento Contratual do Projeto B
(Hospital: Bata Branca ou Bata Cinza):
Parceria público-privada (PPP) por Contrato
Administrativo de Concessão na modalidade
Concessão Administrativa (Art. 2º, § 2º, da Lei
11.079/2004;
(3) Requisitos necessários para a contratação:
Licitação na modalidade concorrência (art. 10);
Criação prévia de Sociedade de propósito
específico (art. 9º); Contrato de PPP,
atendendo as cláusulas necessárias do art. 23,
da Lei 8.987/95 e 5º, da Lei 11.079/2004); -
0,0 a 1,0;
– 0,0 a 21,0 (cada item 7,0)
– LETRA B
(1) Possibilidade de concessão de garantia,
18
PARECER
Quesitos avaliados Nota Comentários
nos termos do art. 8º, da Lei 11.079/2004,
incluindo a vinculação de receitas, observado
o disposto no inciso IV, art. 167 da CF/88;
(2) Vedada antecipação de pagamento nos
termos do art. 7º da Lei 11.079/2004;
(3) Possibilidade de previsão contratual de
assunção temporária do empreendimento
pelos investidores para promover sua
reestruturação financeira e assegurar a
continuidade da prestação dos serviços (Art.
5º, § 2º, inciso I, da Lei 11.079/2004;
– 0,0 a 21,0 (cada item 7,0)
– LETRA C
(1) A Contratação Integrada consiste no
regime de execução contratual previsto para
as obras e serviços de engenharia na qual a
contratada é responsável tanto pela
elaboração do projeto básico, quanto do
executivo, bem como pela execução e entrega
da obra acabada, pronta para funcionar (Art.
9º, § 1º da Lei 12.462/2011);
(2) A contratação integrada é uma ‘espécie de
empreitada integral’, com a diferença de que,
na primeira, o Poder Público não se incumbe
de fazer o projeto básico. Na empreitada
integral, este documento compete ao ente
estatal ou será objeto de licitação específica,
sendo imprescindível sua confecção;
(3) Aplicável nas contratações no âmbito do
RDC (Art. 9º, da Lei 12.462/2011), na qual
estão incluídos: obras e serviços de
engenharia no âmbito do Sistema Único de
Saúde - SUS (art. 1º, inciso V, da mencionada
19
PARECER
Quesitos avaliados Nota Comentários
Lei) e obras e serviços de engenharia,
relacionadas a melhorias na mobilidade
urbana ou ampliação de infraestrutura logística
(art. 1º, inciso VIII, da mencionada Lei);
– 0,0 a 21,0 (cada item 7,0)
NOTA
20
QUESTÃO 1
Acerca dos direitos sociais, elabore um texto dissertativo que aborde os seguintes pontos:
COMENTÁRIOS
Os direitos individuais, em sua grande maioria, são direitos de defesa do indivíduo em face
do Estado. Exigem do Estado uma abstenção, uma não interferência. Já os direitos sociais são
direitos prestacionais, ou seja, exigem do Estado uma atitude positiva, prestações materiais ou
jurídicas.
21
As prestações materiais exigem recursos financeiros para serem implementadas,
interferindo diretamente no orçamento estatal. Isso porque cada decisão “alocativa” de recursos é
também uma decisão “desalocativa”, ou seja, se o Poder Judiciário condena o Estado a custear
um determinado tratamento, o Estado vai ter que alocar um recurso de outro lugar, vez que o
orçamento da saúde é limitado.
22
Por outro lado, surgiu a teoria do mínimo existencial, segundo a qual, para que se possa
usufruir dos direitos de liberdade (direitos individuais), antes se faz necessária a implementação e
a garantia de um piso mínimo de direitos. Esses direitos protegidos voltam-se para o atendimento
e a concretização das necessidades básicas de um ser humano. Tais garantias de condições
materiais básicas de vida, para alguns doutrinadores, seriam diretamente relacionadas à saúde e
à autonomia individual (o que, reflexamente, faria referência, também, a alimentação, educação,
vestuário, moradia etc.). Para outros doutrinadores, o mínimo existencial indicaria um conteúdo
relativo, que não poderia ser definido a priori, sem que fosse levada em consideração uma
situação concreta e específica2.
Nesse sentido, surge a teoria dos limites dos limites, no âmbito dos direitos fundamentais,
balizando a atuação do legislador quando este restringe direitos fundamentais.
2 FERNANDES. Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Editora Juspodivm, 2015.
3 Apud FERNANDES. Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Editora Juspodivm, 2015.
23
Assim, à luz das considerações formuladas em linhas pretéritas, deveria o candidato, para
obter a pontuação integral do item “a”, abordar os conceitos das teorias indicadas,
correlacionando-as aos Poderes da República, da seguinte maneira4:
4 LENZA, Pedro. Curso de Direito Constitucional Esquematizado. 21ª Edição. Saraiva: 2017.
5 Op. Cit.
6 O “princípio da proibição do retrocesso” não deve e nem pode ser visto como um impedimento para modificações
(legislativas) no âmbito dos direitos fundamentais, porém a revogação de normas que disciplinam direitos
24
Nesses termos, segundo o citado Autor7, o princípio da proibição do retrocesso social
possui conteúdos negativo e positivo.
ESPELHO DE CORREÇÃO
fundamentais sociais deve ser acompanhada de medidas alternativas que tenham a capacidade de compensar
eventuais perdas”. (FERNANDES. Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Editora
Juspodivm, 2015).
7 Op. Cit.
25
Quesitos avaliados Nota Comentários
mínimo existencial.
- definição dos institutos;
- correlação com os poderes da República
– 0,0 a 4,5
- Definição do instituto;
– 0,0 a 4,5.
NOTA
26
QUESTÃO 2
O Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais ajuizou, no TJ/MG, ação direta
de inconstitucionalidade em face de lei municipal, de iniciativa da Câmara Municipal de Belo
Horizonte, que previa o pagamento de 13º (décimo terceiro) salário, do terço de férias e de verba
de representação ao Prefeito e ao Vice-Prefeito do ente municipal.
O TJ/MG julgou procedente a ADI estadual sob o fundamento de que a referida lei
municipal ofendeu o §4º do art. 39 da CF/88, pois o Prefeito e o Vice-Prefeito são remunerados
por meio de subsídio, em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.
COMENTÁRIOS
27
abordagem de casos fáticos que tenham pertinência com o ente político para o qual se presta o
concurso.
Por esse motivo, o aluno deve ficar atento principalmente à jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal que envolve discussão de constitucionalidade de leis municipais. Isso revela a
importância de revisar o tema pelos materiais do Dizer o Direito ou pelo próprio site do Supremo
Tribunal Federal, por meio da ferramenta “A Constituição e o Supremo”
(http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/), verificando especialmente a jurisprudência tocante aos
artigos 22, 24 e 30 da CF.
Sobre o tema, as provas discursivas ilustram situações fáticas que exigem conhecimento
das matérias cujo processo legislativo deve ser começado pelo Chefe do Poder Executivo. Por
exemplo, é comum cobrar do candidato a identificação de inconstitucionalidade de propostas de
lei, de iniciativa parlamentar, que versam sobre servidores públicos e sobre aumento de
atribuições de órgãos públicos.
28
Explica-se.
O aluno deve responder que não há qualquer inconstitucionalidade formal na lei municipal.
É o que se depreende basicamente do art. 29, caput e inciso V, da CF/88. Senão vejamos.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
(...)
Ou seja: a fixação dos subsídios dos agentes políticos do Poder Executivo Municipal
(prefeito, vice-prefeito e secretários) se dá mediante lei municipal de iniciativa da Câmara
Municipal. Nessa esteira, entende o STF. Confira:
Os subsídios do prefeito e do vice-prefeito devem ser fixados, de forma clara e invariável, mediante
lei de iniciativa da Câmara Municipal. Não cabe a tomada de empréstimo do que percebido, em
termos de remuneração – gênero –, por integrante da Assembleia Legislativa. Inteligência do
disposto no art. 29, V, da CF. [RE 434.278, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-6-2012, 1ª T, DJE de 28-6-
2012.]
Já assentou a Suprema Corte que a norma do art. 29, V, da CF, é autoaplicável. O subsídio do
prefeito é fixado pela Câmara Municipal até o final da legislatura para vigorar na subsequente. [RE
204.889, rel. min. Menezes Direito, j. 26-2-2008, 1ª T, DJE de 16-5-2008.]
(IN)CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL
29
Essa retribuição mensal do servidor é constituída por uma parcela única, sendo vedados
aditamentos ou acréscimos de qualquer espécie (art. 39, §4º, da CF/88). Veja-se:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº
2.135-4)
(...)
Esclarece a autora, ainda, que, “para os servidores públicos que recebem remuneração
na modalidade subsídio, o pagamento dessas verbas previstas no art. 39, §3º, da CF, deve ser feito
fora da soma da parcela única. Assim como as verbas indenizatórias, as garantias sociais não devem
ser incorporadas no cálculo do subsídio.
Na mesma esteira, é o que entende Celso Antônio Bandeira de Mello: “ao se tratar de
limite remuneratório dos servidores públicos, o dispositivo no art. 39, §4º, tem que ser entendido com
certos temperamentos, não se podendo admitir que os remunerados por subsídio, isto é, por parcela
única, fiquem privados de certas garantias constitucionais que lhes resultam do §3º do mesmo artigo,
combinados com diversos incisos do art. 7º, a que ele se reporta. Por esta razão, quando for o caso,
30
haverão de lhes ser aditados tais acréscimos, deixando, em tais hipóteses, de ser única a parcela
que os retribuirá”.
Em recente decisão (01/02/2017), sob a sistemática da repercussão geral, o Supremo
Tribunal Federal fixou a seguinte tese:
O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias
e décimo terceiro salário.
STF. Plenário. Rel. originário Min. Marco Aurélio, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 01/02/2017 (repercussão geral).
Logo, a lei municipal, ao permitir o pagamento de terço de férias, 13º salário e verba de
representação teria violado o regime do subsídio e afrontado o art. 39, § 4º da CF/88.
A questão chegou até o STF por meio de recurso extraordinário contra a decisão do TJ.
31
Segundo o Min. Luís Roberto Barroso, o regime de subsídio é incompatível apenas com o
pagamento de outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que não é o caso do décimo
terceiro e das férias, que são verbas pagas a todos os trabalhadores e servidores, com periodicidade
anual.
A Constituição Federal prevê, em seu art. 39, § 3º, que os servidores públicos gozam de
terço de férias e 13º salário, não sendo vedado o seu pagamento de forma cumulada com o subsídio.
Os agentes políticos, como é o caso dos Prefeitos e Vice-Prefeitos, não devem ter um
tratamento melhor, mas também não podem ter uma situação pior do que a dos demais trabalhadores.
Se todos os trabalhadores em geral têm direito a um terço de férias e têm direito a décimo terceiro
salário, não se mostra razoável que isso seja retirado da espécie de servidores públicos (Prefeitos e
Vice-Prefeitos).
VERBA DE
TERÇO DE FÉRIAS 13º SALÁRIO
REPRESENTAÇÃO
32
Para abordar os tópicos obrigatórios, deve o candidato tecer considerações levando em
conta o seguinte:
LETRA A
Por sua vez, um dos pressupostos de existência do processo é a capacidade de ser parte,
sendo que, em regra, pode ser parte qualquer sujeito que tenha personalidade jurídica (pessoa física
ou pessoa jurídica). Entretanto, existem alguns sujeitos que podem ser parte independentemente de
não possuírem personalidade jurídica. É o que chamamos de personalidade judiciária.
A Câmara Municipal possui natureza jurídica de órgão público. Apesar de não possuir
personalidade jurídica, esse órgão goza de personalidade judiciária. Contudo, frise-se que essa
personalidade judiciária não é ampla. Isto é: não é dada a possibilidade de a Câmara Municipal
atuar em juízo em qualquer caso.
Rafael Oliveira (Curso de Direito Administrativo, 3. Ed., 2015) demonstra quais os casos
em que os órgãos públicos terão, excepcionalmente, capacidade processual:
É exatamente, com esteio nessa última exceção, que o Superior Tribunal de Justiça editou
a Súmula 525. Confira:
33
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.
Caiu em prova!
Embora não tenham personalidade jurídica própria, os órgãos públicos titulares de prerrogativas e
atribuições emanadas de suas funções públicas — como, por exemplo, as câmaras de vereadores,
os tribunais de contas e o MP — têm personalidade judiciária e, por conseguinte, capacidade ativa
de ser parte em mandado de segurança para defender suas atribuições constitucionais e legais.
CERTO
Dito isso, percebe-se que o enunciado relata situação em que a Câmara Municipal de Belo
Horizonte ajuíza reclamação constitucional com o intuito de combater o reconhecimento da
inconstitucionalidade de lei de sua iniciativa, sob o argumento de que o TJ/MG teria usurpado a
competência da Corte Suprema. O órgão legislativo, portanto, atua em juízo em defesa de suas
prerrogativas institucionais, qual seja a defesa de sua atividade legiferante. (Vide Rcl 15.997RS;
Rcl 9443/SP; Rcl 16.757/PR; Rcl 7396/MG).
1. A orientação desta Corte pacificou-se no sentido de que "a Câmara de Vereadores não
possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo
demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais" (Súmula 525/STJ). Esse
34
mesmo entendimento é aplicável, mutatis mutandis, em relação à Câmara Legislativa do
Distrito Federal, pois, no caso, a discussão abrange a incidência de contribuição
previdenciária destinada a regime próprio de previdência, ou seja, trata-se de tema que não
guarda relação com as funções institucionais do mencionado órgão distrital.
LETRA B
Por outro lado, o aluno deve concluir pela improcedência da reclamação apresentada
pela Câmara Municipal de Belo Horizonte/MG.
Somente poderá ser objetado em controle abstrato estadual lei ou atos normativos
estaduais e municipais, cuja constitucionalidade deverá ser apreciada pelos TJs.
35
No controle concentrado de constitucionalidade estadual, deve-se invocar como
parâmetro de constitucionalidade a Constituição Estadual, no caso dos Estados-membros; e a Lei
Orgânica do DF, no caso desse ente.
De modo geral, não cabe RExt para o STF da decisão do TJ local em controle abstrato
de constitucionalidade, já que a Suprema Corte é a intérprete máxima das leis em face da
CF/88 e não da CE.
Contudo, excepcionalmente, pode ocorrer de o parâmetro estadual ser mera repetição do
texto federal, em razão da compulsoriedade da reprodução (normas de reprodução obrigatória).
Nesse caso, é fácil intuir que, se a lei estadual ou municipal viola a CE, por consequência, viola
também a CF/88.
O RExt, nessa hipótese, foi idealizado apenas para que o STF pudesse analisar a
contenda constitucional, sem a necessidade de se ajuizar nova ação. Assim, seu julgamento
produzirá os mesmos efeitos que o julgamento de uma ADI: erga omnes, vinculantes e ex tunc,
que poderão, naturalmente, ser modulados. Cuida-se, portanto, de situação em que o RExt instaura
controle abstrato de constitucionalidade no STF, sendo falsa a afirmação de que sua utilização
se limita ao controle difuso.
Em resumo:
➢ Regra: não cabe RExt contra decisão do TJ em controle abstrato de
constitucionalidade;
36
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de
normas de reprodução obrigatória pelos estados.
STF. RE 650898-RS, Plenário. Rel. originário Min. Marco Aurélio, Rel. para acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 01/02/2017 (repercussão geral).
Quando o TJ julga uma ADI contra lei estadual ou municipal, ele poderá declará-la
inconstitucional sob o argumento de que viola um dispositivo da Constituição Federal?
Em regra, não. Isso porque, como vimos acima, o parâmetro da ADI proposta perante o TJ
é a Constituição Estadual (e não a Constituição Federal).
Assim, em regra, na ADI estadual, o TJ irá analisar se a lei ou ato normativo atacado viola
ou não a Constituição Estadual. Este é o parâmetro da ação. O TJ não pode examinar se o ato
impugnado ofende a Constituição Federal. O STF, em reiteradas oportunidades, já decidiu sobre o
tema:
37
como o próprio nome indica, devem ser repetidos nas Constituições Estaduais.
Não existe um artigo da Constituição Federal que diga quais são as normas de reprodução
obrigatória. Isso foi uma "construção" da jurisprudência do STF, ou seja, em diversos julgados o
Tribunal foi mencionando quais as normas seriam de reprodução obrigatória.
38
As normas de observância obrigatória são diferenciadas em três espécies. Os princípios
constitucionais sensíveis representam a essência da organização constitucional da federação brasileira
e estabelecem limites à autonomia organizatória dos Estados-membros (CF, art. 34, VII). Os princípios
constitucionais extensíveis consagram normas organizatórias para a União que se estendem aos
Estados, por previsão constitucional expressa (CF, arts. 28 e 75) ou implícita (CF, art. 58, § 3.°; arts. 59
e ss.). Os princípios constitucionais estabelecidos restringem a capacidade organizatória dos Estados
federados por meio de limitações expressas (CF, art. 37) ou implícitas (CF, art. 21)." (NOVELINO,
Marcelo. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Juspdodivm, 2015, p. 82).
Resumindo:
· Em regra, quando os Tribunais de Justiça exercem controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais deverão examinar a validade dessas leis à luz da Constituição
Estadual.
· Exceção: os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal,
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.
Portanto, o aluno deve salientar que o TJ/MG, no caso, não usurpou a competência do
Supremo Tribunal Federal. Isso porque os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetros normas da Constituição Federal,
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória (a exemplos daquelas que tratam de
servidores públicos, o que compreende o regime de subsídio previsto no art. 39, §4º, da CF/88).
39
ESPELHO DE CORREÇÃO
LETRA A
Capacidade processual da Câmara
Municipal:
1. Personalidade jurídica x personalidade
judiciária dos órgãos públicos
2. Defesa, no caso, das prerrogativas
institucionais da Câmara (proteção de sua
atividade legiferante) – Súmula STJ
40
Quesitos avaliados Nota Comentários
LETRA B
1. Improcedência da reclamação
2. Não usurpação da competência do STF:
possibilidade do TJ exercer controle abstrato
de constitucionalidade de lei municipal
utilizando como parâmetro norma da CF/88,
desde que se trate de normas de reprodução
obrigatória pelos estados (entendimento
STF)
3. Enquadramento da norma constitucional
concernente ao regime remuneratório de
subsídio na categoria de normas de
reprodução obrigatória pelos estados (art. 39,
§4º, da CF/88).
- 0,0 – 3,0 (cada item 1,0)
NOTA
41
QUESTÃO 3
No dia 01/02/2022, João levou sua esposa, Maria, ao hospital público do Estado do Mato
Grosso do Sul visando socorrer um determinado problema de saúde que a perturbava. Após uma
longa demora para o atendimento, cumulada com um erro de procedimento, o estado de saúde de
Maria agravou e ela teve que amputar uma perna.
Após o evento, o casal resolveu ingressar com uma ação de indenização por dano material
e moral em face do Estado do Mato Grosso do Sul com base no art. 22 do Código de Defesa do
Consumidor:
Com base nas informações supra, atenda o que for pedido abaixo:
COMENTÁRIOS
42
Serviço público em um sentido SUBJETIVO (ou ORGÂNICO) é sinônimo de administração
pública em sentido FORMAL. A expressão “serviço público” não se refere a qualquer atividade
específica, e sim ao conjunto de órgãos e entidades que desenvolvem atividades
administrativas as mais variadas, ou seja, a todo o aparelhamento administrativo do estado.
1) é uma atividade MATERIAL: significa que o serviço público é uma tarefa exercida no
plano concreto pelo Estado, e não simplesmente uma atividade normativa ou intelectual. Desse
modo, está equivocado considerar as funções legislativa, jurisdicional e política como serviços
públicos em sentido técnico porque aquelas tarefas são essencialmente intelectuais, faltando-lhes
a materialidade necessária para configurar um serviço público;
8 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 6ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2016.
43
4) sob REGIME DE DIREITO PÚBLICO: os serviços públicos têm toda a sua disciplina
normativa baseada nos princípios e regras do Direito Administrativo.
44
Destaca-se, inicialmente, que a prestação dos serviços públicos, segundo a legislação
vigente, encontra-se submetida ao CDC. Nesse sentido, o art. 7.º da Lei 8.987/1995, que enumera
os direitos e obrigações dos usuários, consagra, expressamente, a aplicação da Lei 8.078/1990
aos serviços públicos, vide:
Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos e
obrigações dos usuários:
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços,
quando for o caso, observadas as normas do poder concedente. (Redação dada pela Lei nº 9.648,
de 1998)
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais
lhes são prestados os serviços.
Da mesma forma, o CDC faz referência aos serviços públicos (arts. 4.º, VII, 6.º, X, e 22):
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº
9.008, de 21.3.1995)
[…]
[…]
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
45
Há controvérsias, no entanto, sobre a AMPLITUDE DA APLICAÇÃO DO CDC aos
serviços públicos, pois o art. 3.º, § 2.º, do CDC exige a REMUNERAÇÃO DO SERVIÇO, prestado
por fornecedor público ou privado, para qualificação da relação de consumo, sendo certo que os
serviços públicos podem ser remunerados ou não. A remuneração dos serviços públicos, quando
instituída pelo Poder Público, depende da espécie de serviço:
2.º entendimento (tese INTERMEDIÁRIA): o CDC deve ser aplicado aos serviços públicos
uti singuli, que são remunerados INDIVIDUALMENTE pelos usuários-consumidores (taxa ou
tarifa), em conformidade com o art. 3.º, § 2.º, do CDC, excluídos, portanto, os serviços públicos uti
universi. Nesse sentido: Cláudia Lima Marques e Dinorá Adelaide Musetti Grotti.
Ainda segundo o referido autor, o art. 3.º, § 2.º, do CDC exige a REMUNERAÇÃO DO
SERVIÇO e, nesse caso, estariam excluídos do conceito legal os serviços uti universi ou
gerais que não são remunerados individualmente pelo usuário.
Dessa forma, os serviços públicos que não envolvem remuneração específica do usuário,
pois são custeados por IMPOSTOS (ex.: escolas e hospitais públicos), estão excluídos do CDC.
9 OLIVIERA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 3.ed., Editória Método, 2015
46
É O CASO PRÁTICO DA QUESTÃO EM APREÇO! Sem adentrar no mérito ou não de
receber indenização pelo evento danoso, o que a questão exige é possibilidade de aplicar ou não
o CDC no caso de prestação de serviço público de saúde. Como vimos acima, não cabe pois o
serviço prestado pelo Hospital Público do Estado do Mato Grosso do Sul é GERAL, é dizer,
prestado à coletividade de forma universal e remunerado por IMPOSTOS.
Em um caso similar, o STJ decidiu ser inaplicável o CDC aos serviços de saúde
prestados por hospitais públicos, tendo em vista a ausência de remuneração específica.
ESPELHO DE CORREÇÃO
47
Quesitos avaliados Nota Comentários
A QUESTÃO EXIGIA 4
CARACTERÍSITCAS. Pontuar 0,5 por
cada acerto, somando o total de 2,0
– 0,0 a 2,0;
b) Diferença:
– 0,0 a 1,5;
48
Quesitos avaliados Nota Comentários
0,0 a 3,0;
49
Quesitos avaliados Nota Comentários
- 0,0 a 3,0;
NOTA
50
CORREÇÃO INDIVIDUALIZADA
51
52
E-BOOK
SUMÁRIO
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL............................................................. 55
53
B) DECISÕES MANIPULADORAS (MANIPULATIVAS OU ADITIVAS) ...........................................
6. MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS....................................................................................................
7. TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS ............................................................................................
8. A PLURALIZAÇÃO DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO ....................................................
9. INTEGRAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA..................................
10. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................
A) PREÂMBULO ................................................................................................................................
B) ADCT..............................................................................................................................................
54
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Idealizado por Ernst Forsthoff, define que a interpretação da Constituição não se distingue
da dos demais atos normativos primários e, por isso, para se interpretar o sentido da lei
constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação (interpretação sistemática,
histórica, lógica e gramatical). Em suma: lei e CF se equivalem do ponto de vista hermenêutico
– “Tese da Identidade”.
Crítica10: Os elementos tradicionais, embora importantes para a interpretação constitucional, são
insuficientes para a resolução dos casos de maior complexidade, não podendo ser olvidado que
as reflexões feitas por Savigny tiveram por base institutos jurídicos próprios do direito privado. A
Constituição, em tantos dos seus dispositivos, assume o feitio de um ordenamento-marco,
estipulando parâmetros e procedimentos para a ação política concretizadora.
B) MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO
Elaborado por Theodor Viehweg11, tem como ponto de partida a compreensão prévia do
problema. A Constituição não abrange todas as situações constantes na realidade social. Assim,
este método busca conceder à Constituição um caráter aberto de interpretação, buscando
adaptar o texto constitucional ao problema concreto. O compromisso central do intérprete consiste
em encontrar a melhor solução para o problema apresentado. O intérprete verifica os diversos
topoi (pontos de vista) a respeito daquele problema, analisando-os a fim de obter a solução
normativa adequada ao caso. Não existem respostas corretas ou verdadeiras, mas sim
argumentos que se impõem pela força do convencimento. Assim, o “método da tópica” toma a
Constituição como um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve
escolher aquele que seja mais adequado para a promoção de uma solução justa ao caso concreto
que analisa. O foco, para o método, é o problema, servindo as normas constitucionais de catálogo
de múltiplos e variados princípios, onde se busca argumento para o desate adequado de uma
questão prática.
Memorize: parte-se do “problema” para criar a norma aplicável (método indutivo).
55
Daniel Sarmento12 ressalta que a solução do problema apresentado se torna o objetivo
central do intérprete, cujo compromisso com o sistema jurídico deixa de ser absoluto. “Dentre os
topoi podem figurar elementos heterogêneos como o texto normativo, princípios morais, tradições
compartilhadas etc.”.
A tópica “pura”13 considera o sistema jurídico como um topos entre os demais a serem
ponderados pelo intérprete da norma diante de um problema concreto. Segundo Luiz Roberto
Barroso: “A tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico
deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca de coerência interna para o
sistema”.
Crítica14: Corre-se o risco de o método resultar em casuísmos e insegurança jurídica uma vez que
a coerência do sistema jurídico não é prioridade, sendo, no máximo, um topos a ser
(des)considerado, maculando inclusive a força normativa da Constituição. Além disso, alerta-se
para a falta de compromisso do intérprete com a jurisprudência formada àquele respeito, o que
compromete a coerência do sistema judicial.
C) MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR
Para Konrad Hesse, o teor da norma jurídica só se completa (se concretiza) mediante o
ato interpretativo, que deve considerar tanto o texto constitucional quanto a realidade em que será
aplicada a norma. Para tanto, o intérprete se vale de suas pré-compreensões sobre o tema
(aspecto subjetivo da interpretação) e atua como “mediador” entre a norma e a situação concreta,
para obter o” sentido da norma”.
12 Daniel Sarmento. Direito Constitucional: Teoria, história e métodos de trabalho. Ed Fórum, 2012.
13 Segundo Daniel Sarmento, “é como ‘tópica pura’ que Hesse denomina a metodologia jurídica de Viehweg. Cf.
HESSE, Konrad. Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha, p. 65. Na obra de Hesse,
bem como na de Friedrich Müller, a tópica sofrerá certas correções de ordem normativa; será, portanto, uma tópica
mitigada.”
14 Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 2017.
56
O movimento de releitura do mesmo texto, que tem como “pano de fundo” a realidade
social (aspecto objetivo da interpretação), e promove uma relação entre texto e contexto, até que
o intérprete chegue a uma compreensão da norma adequada e possa aplicá-la ao fato concreto, é
denominado “Círculo hermenêutico”.
D) MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE
Criado por Friedrich Muller, parte-se da ideia de não haver identidade entre a norma
jurídica e o texto (“programa normativo”). O fenômeno normativo vai, portanto, além do texto
normativo, que é apenas a “ponta do iceberg” (o exemplo é do próprio autor). A interpretação se
inicia no texto (programa normativo), perpassa a realidade social (chamada pelo autor de “domínio
normativo”) e termina na norma aplicável (todo o “iceberg” existente).
A estrutura de uma norma resulta da conjunção entre o programa normativo, que é texto
positivado (a forma pela qual a norma se expressa), e o domínio normativo, que representa a
porção da realidade social sobre a qual a norma incide.
A norma constitucional é conformada não só pela atividade legislativa, mas também pela
jurisdicional e pela administrativa. O intérprete deve identificar o conteúdo da norma constitucional
mediante a análise de sua concretização normativa em todos os níveis na realidade social.
Servimo-nos, nesse ponto, da lição de Luiz Roberto Barroso15 (grifo nosso): A norma
jurídica resulta da conjugação do programa normativo com o âmbito normativo. O programa
normativo consiste nas possibilidades de sentido do texto, estabelecidas de acordo com os
recursos tradicionais da interpretação jurídica. Já o âmbito normativo se identifica com a parcela
da realidade social dentro da qual se coloca o problema a resolver, de onde o intérprete extrairá
os componentes fáticos e axiológicos que irão influenciar sua decisão. Este é o espaço da
57
argumentação tópica, da busca da melhor solução para o caso concreto, tendo como limite
as possibilidades contidas no programa normativo. Esse modelo metodológico procura
harmonizar o pensamento tópico-problemático com o primado da norma.
(...)
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método hermenêutico-
concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de
pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico.
CERTO
(TJ/MG 2017) O método hermenêutico-concretizador de interpretação constitucional caracteriza-
se pela praticidade na busca da solução dos problemas, na medida em que considera a
Constituição como uma lei comum, em que a solução exegética prioriza elementos objetivos de
interpretação e se opera a partir do caso concreto em subsunção ao texto positivado.
ERRADO
(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método hermenêutico-concretizador; cuja teorização fundamental
é devida a K. Hesse, realça os seguintes pressupostos da tarefa interpretativa: (1) subjetivos, em
razão de que o intérprete desempenha um papel criador na obtenção do sentido do texto
constitucional, (2) objetivos, isto é, o contexto, atuando o intérprete como operador de mediações
entre o texto e a situação em que se aplica e (3) relação entre texto e contexto com a mediação
criadora do intérprete.
CERTO
(TJ/SP 2016) Acerca da hermenêutica constitucional, é possível afirmar que para determinado
método de interpretação, a realidade normada e os dispositivos constitucionais situam-se tão
próximos que o caso concreto é regulamentado quando se dá a implementação fática do
comando, ocasião, por exemplo, em que o juiz aplica a lei ao caso. A normatividade, a que se
refere o método, não se esgota no texto, como se afirma tradicionalmente, mas vai se exaurir nas
situações concretas e até no direito consuetudinário, considerando também os textos doutrinários,
já que o texto legal seria apenas uma das fontes iniciais de trabalho. Para este método não há
diferença entre interpretação e aplicação. A interpretação não se esgota na delimitação do
significado e do alcance da norma, mas inclui, também, sua aplicação. Esse método é
denominado normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método normativo-estruturante ou concretista aquele em que o intérprete
58
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(PGR 2015) Para a “teoria estruturante", de Friedrich Muller, e possível o raciocínio orientado para
o problema, desde que não ultrapasse o texto da norma.
CERTO
(TJ/SP 2017) Leia o texto a seguir.
“(…) arranca da ideia de que a leitura de um texto normativo se inicia pela pré-compreensão do
seu sentido através do intérprete. A interpretação da constituição também não foge a esse
processo: é uma compreensão de sentido, um preenchimento de sentido juridicamente criador,
em que o intérprete efectua uma atividade prático normativa, concretizando a norma a partir de
uma situação histórica concreta. No fundo esse método vem realçar e iluminar vários
pressupostos da atividade interpretativa: (1) os pressupostos subjetivos, dado que o intérprete
desempenha um papel criador (pré-compreensão) na tarefa de obtenção de sentido do texto
constitucional: (2) os pressupostos objectivos, isto é, o contexto, actuando o intérprete como
operador de mediações entre o texto e a situação a que se aplica: (3) relação entre o texto e o
contexto com a mediação criadora do intérprete, transformando a interpretação em ‘movimento de
ir e vir’ (círculo hermenêutico). (…) se orienta não por um pensamento axiomático mas para um
pensamento problematicamente orientado.” Da leitura do texto do constitucionalista J.J. Gomes
Canotilho, conclui-se que o autor se refere a que método de interpretação constitucional
hermenêutico-concretizador.
CERTO
(FCC DPE/SP 2015) No processo de concretização das normas constitucionais de Konrad Hesse,
a tópica é pura16, ou seja, o intérprete só pode utilizar na tarefa de concretização aqueles pontos
de vista relacionados ao problema. Ao mesmo tempo, o intérprete está obrigado a incluir na
interação do ciclo hermenêutico, composto pelo programa normativo (análise dos elementos
linguísticos) e pelo âmbito normativo (análise da realidade concreta), os elementos de
concretização que lhe ministram a norma constitucional e as diretrizes contidas na Constituição.
ERRADO
(CESPE AGU 2010) O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela praticidade na
busca da solução dos problemas, já que parte de um problema concreto para a norma.
16 "O método concretizador “permanece no meio-termo, entre a tópica desvinculada da norma e a vinculação clássica da
interpretação, pois não admite a superioridade do problema sobre a norma, mas também não se prende cegamente
ao texto legal. A concretização não admite uma livre escolha de topoi, tomando a Constituição escrita como
fronteira para o intérprete (BONAVIDES, 2000, p. 557)."
59
ERRADO
(CESPE TJ/PI 2013) O método hermenêutico-concretizador parte do pressuposto de que a
interpretação constitucional é concretização, entendida como uma norma preexistente na qual o
caso concreto é individualizado.
CERTO
(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método tópico-problemático parte das seguintes premissas: (1)
caráter prático da interpretação constitucional; (2) caráter aberto, fragmentário ou indeterminado
60
da lei constitucional e (3) preferência pela discussão do problema em virtude da abertura das
normas constitucionais que não permitam qualquer dedução subsuntiva a partir delas mesmo.
CERTO
(MPE/BA 2015)
“A relevância dos problemas envolvidos na interpretação da Constituição tem motivado a proposta
de métodos a serem seguidos nesta tarefa. Todos eles tomam a Constituição como um conjunto
de normas jurídicas, como uma lei, que se destina a decidir casos concretos. Ocorre que nem
todo o problema concreto acha um desate direto e imediato num claro dispositivo da Constituição,
exigindo que se descubra ou se crie uma solução, segundo um método que norteie a tarefa. (…)”.
(MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 9
ed., IDP, 2014, p.91)
Levando-se em consideração a doutrina dos autores acima, bem como a caracterização dos
Métodos de Interpretação da Constituição, é possível AFIRMAR que o método jurídico-
estruturante:
Enfatiza que a norma não se confunde com o seu texto (programa normativo), mas tem a
sua estrutura composta, também, pelo trecho da realidade social em que incide (o domínio
normativo), sendo esse elemento indispensável para a extração do significado da norma.
(DPE/BA 2014) Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método normativo-
estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo-se os
demais Poderes federais.
ERRADO
(MPE/RN 2009) “Desde o momento da elaboração do texto até o instante de sua aplicação, a
norma é determinada histórica e socialmente. Logo, quando o jurista cogita dos elementos e
situações do mundo da vida sobre os quais recai determinada norma, não se refere a um tema
metajurídico. A norma é composta pela história, pela cultura e pelas demais características da
sociedade no âmbito da qual se aplica.
O texto normativo - diz Muller - é uma fração da norma, aquela parte absorvida pela linguagem
jurídica, porém não é a norma, pois a norma jurídica não se reduz à linguagem jurídica. A norma
congrega todos os elementos que compõem o âmbito normativo (elementos e situações do mundo
da vida sobre os quais recai determinada norma).
61
Além disso, os textos normativos são formulados tendo em vista determinado estado da realidade
social (que eles pretendem reforçar ou modificar); este estado da realidade social geralmente não
aparece no texto da norma.
O texto é abstrato e geral (isto é, sem referência a motivos e contexto real). Mas o aspecto da
realidade referida pela norma constitui conjuntamente seu sentido (esse sentido não pode, a partir
daí, ser perseguido apartado da realidade a ser regulamentada). A realidade é tanto parte da
norma quanto o texto; na norma, estão presentes inúmeros elementos do mundo da vida.”
Eros Roberto Grau. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 3.ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005, p. 74-5 (com adaptações).
O método de interpretação constitucional tratado pelo autor no trecho de texto acima é o método
normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método tópico problemático aquele em que o intérprete se vale de suas
pré-compreensões valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema pois o
conteúdo da norma somente é alcançado a partir de sua interpretação concretizada a, dotada de
cárter criativo que emana do exegeta.
ERRADO
(A definição se amolda perfeitamente ao método hermenêutico-concretizador).
(...)
62
FICHAS DE JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência selecionada foi retirada do BUSCADOR DO DIZER O DIREITO com a devida autorização
do professor Márcio André. Para acessar este conteúdo online, acesse
www.buscadordodizerodireito.com.br, utilizando os seguintes filtros de categoria e subcategoria do
menu jurisprudência: “Direito Tributário” | “Temas Diversos” e “Outros Temas”.
2021
63
• Prescrição da cobrança de créditos tributários devidos por contribuinte excluído do
REFIS: REFIS é um programa de parcelamento de tributos federais. O pedido de
parcelamento interrompe o prazo prescricional, por constituir reconhecimento inequívoco do
débito (art. 174, parágrafo único, IV, do CTN). Por outro lado, a exclusão do contribuinte do
programa de parcelamento gera a possibilidade imediata de cobrança do crédito
confessado. A partir do momento que o Fisco exclui formalmente o contribuinte do
programa de parcelamento surge a pretensão de cobrança dos valores devidos. Em outras
palavras, a exclusão do programa configura o marco inicial para a exigibilidade plena e
imediata da totalidade do crédito que foi objeto do parcelamento e ainda não pago. Nesse
instante começa a correr o prazo prescricional de 5 anos para a União cobrar o débito.
Mesmo que o contribuinte, após ser excluído do REFIS, continue a realizar mensalmente o
pagamento das parcelas de forma voluntária e extemporâneo, tal fato não tem o condão de
estender a interrupção do prazo prescricional e nem configurar ato de reconhecimento do
débito (confissão de dívida). Assim, não interrompe o prazo prescricional o fato de o
contribuinte, após ser formalmente excluído do REFIS, continuar efetuando, por mera
liberalidade, o pagamento mensal das parcelas do débito tributário. STJ. 2ª Turma. REsp
1493115-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/9/2015 (Info 570). Qual é
o marco temporal para a retomada do curso do prazo prescricional? O prazo prescricional
tem início automaticamente com a exclusão do REFIS ou esse prazo se inicia com a
intimação do contribuinte de que ele foi excluído do programa? O prazo só se inicia com a
intimação. O descumprimento das obrigações decorrentes do parcelamento autoriza a
exclusão do contribuinte do programa e a exigibilidade do crédito tributário. Contudo, essa
exigibilidade não se dá de forma automática pelo inadimplemento no pagamento das
parcelas, visto que a legislação exige a abertura de procedimento administrativo, com
notificação do devedor acerca de sua exclusão do programa, na forma prevista no § 2º do
art. 5º da Lei nº 9.964/2000. Assim, não obstante a inadimplência do devedor, enquanto
não houver a sua exclusão do favor legal, mediante o devido processo administrativo, o
parcelamento permanece ativo, e, por conseguinte, o prazo prescricional continua
suspenso, somente sendo retomado após a exclusão formal do contribuinte do programa.
STJ. 1ª Seção. AgInt nos EREsp 1724961/RS, Rel. Min. Manoel Erhardt (desembargador
convocado do TRF-5ª Região), julgado em 18/05/2021.
64
2020
• É inconstitucional, por afronta ao art. 146, III, b, da CF, a expressão ’ou parcelados
sem garantia’ constante do parágrafo único do art. 73, da Lei nº 9.430/96, incluído
pela Lei nº 12.844/13, na medida em que retira os efeitos da suspensão da
exigibilidade do crédito tributário prevista no CTN: É inconstitucional, por afronta ao art.
146, III, b, da CF, a expressão ’ou parcelados sem garantia’ constante do parágrafo único
do art. 73, da Lei nº 9.430/96, incluído pela Lei nº 12.844/13, na medida em que retira os
efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário prevista no CTN. Em síntese, não
é possível que uma lei ordinária condicione a suspensão do crédito tributário à
apresentação de garantia do valor objeto de parcelamento, por não haver previsão na lei
complementar, como ensina o art. 146, III, b da CF. STF. Plenário. RE 917285, Rel. Min
Dias Toffoli, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 874).
65
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/06/2019 (Info 652). STJ. 1ª Turma. AgInt-
REsp 1.612.784-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 11/02/2020.
2019
• O termo inicial para fins de multa e juros moratórios que decorrem da não exportação
de produtos que foram isentos do recolhimento de tributos em razão do Drawback-
suspensão é a data em que se encerra a condição suspensiva: No regime especial
Drawback-suspensão, o termo inicial para fins de multa e juros moratórios será o 31º dia do
inadimplemento do compromisso de exportar, ou seja, quando escoado o prazo da
suspensão. Antes disso, o contribuinte não está em mora, em razão do seu prazo de graça.
Assim, somente a partir do 31º dia ocorre a mora do contribuinte em razão do
descumprimento da norma tributária a qual determina o pagamento do tributo no regime
especial até 30 dias da imposição de exportar. Ex: empresa importou peças e tinha 1 ano
para exportar as máquinas fabricadas com essa matéria-prima. Depois que esgotado o
prazo de 1 ano, se a empresa não tiver exportado as máquinas, terá 30 dias para pagar o
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imposto de importação que estava suspenso. Enquanto não esgotado esse prazo, não há
mora (não são devidos juros nem multa). STJ. 1ª Turma. REsp 1310141-PR, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/02/2019 (Info 643).
(...)
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VIDEOAULAS
AULA 01
DIREITO TRIBUTÁRIO: limitações constitucionais ao poder de tributar
AULA 02
DIREITO PENAL: teoria do crime
AULA 03
DIREITO CONSTITUCIONAL: teoria dos direitos fundamentais
AULA 04
DIREITO ADMINISTRATIVO: dispensa de licitação
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