Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Obras
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e
na fiscalização? – Parte 2
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e
na fiscalização? – Parte 3
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos profissionais que atuam no preparo do instrumento convocatório, do contrato e
na fiscalização? – Parte 4
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 1
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 2
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 3
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? – Parte 1
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as diferenças entre um e outro? – Parte 2
Encerramento
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos
profissionais que atuam no preparo do instrumento
convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
É muito importante que os profissionais que atuam nessas áreas detenham um conhecimento básico de legislação relativa à
elaboração de editais. A preparação desse instrumento convocatório deve obedecer às inúmeras normativas, muitas em
constante atualização, devendo a sua redação ser correta e atualizada, visto que esse será o principal documento da relação
contratante/contratado, servindo de referência legal durante todo o período da contratação. O edital, como é o principal
elemento que solucionará impasses e esclarecerá dúvidas, se incorreto, perderá o seu propósito, inclusive dando oportunidade
para contestações judiciais, caso não esteja bem elaborado ou redigido de forma clara, coesa e obedecendo fielmente à
legislação vigente.
1.1.BRASIL.
Qual é o conhecimento básico necessário aos
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal, institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
profissionais
1993. que atuam no preparo do instrumento
convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 2
Recentemente, a Instrução Normativa (IN) n° 05, de 25 de maio de 2017, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (Seges/MP), determinou a obrigatoriedade do gerenciamento de riscos para as contratações públicas,
com a elaboração de mapas de riscos, juntados aos autos dos processos em algumas etapas da licitação, entre elas ao final da
elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico. 2 Já a Portaria n° 389, de 23 de agosto de 2017, do Ministério da Fazenda
(MF), determina que devam ser adotadas as minutas padronizadas da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) na
elaboração de instrumentos de contratação pública de serviços, como projetos ou execução de obras pelos órgãos do MF. Essa
determinação foi acatada com a edição da Portaria da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 2.363, de 6 de julho de 2017.
Outro aspecto importante é a observação ao Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012, que regulamenta o art. 3° da Lei nº 8.666, de
21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas
contratações realizadas pela Administração Pública Federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na
Administração Pública (Cisap), e ao Decreto nº 9.178, de 23 de outubro de 2017, que o atualiza. Complementa o mesmo tema a IN
da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MP) nº 01, de
19 de janeiro de 2010, que dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou
obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, e dá outras providências.
A Lei nº 8.666/1993 determina os elementos mínimos necessários à composição de um edital. No seu art. 40 estão as principais
exigências para a sua elaboração:
Preste muita atenção nos três pontos desse artigo (acima em negrito), os quais devem ter a sua total atenção como fiscal do
contrato.
O primeiro refere-se à previsão legal de que seja parte integrante do edital ao menos o Projeto Básico do objeto (no caso em
estudo, obras ou serviços de engenharia), com a relação completa dos seus elementos (pranchas de desenho, especificações
técnicas e tantos outros elementos necessários ao entendimento do objeto). Você encontrará um estudo mais aprofundado dessa
relação no tópico 1.1.2 e no Módulo 2.
O segundo ponto refere-se à necessidade de que conste do edital o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e custos
unitários.
Este orçamento é uma responsabilidade da Administração, e servirá como uma referência para o preço de venda que se deseja
para o objeto a ser contratado.
Isso não impede, no entanto, que as licitantes apresentem valores diferentes para os custos unitários em relação àqueles
demonstrados na planilha referencial da Administração, advindos de sistemas de custos de referência. Essa possibilidade deve
respeitar, porém, regras definidas nos diversos Acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema e determinações que
constarão do próprio edital.
O preço global da etapa não deverá ser excedido, ainda que os seu custos unitários formadores sejam
distribuídos de forma diferente, ou que sejam diferentes daqueles obtidos a partir dos sistemas de custos de
referência previstos no Decreto nº 7.983/2013, assunto que estudaremos no Módulo 3.
Já o art. 41 da Lei nº 8.666/1993 define que o edital é peça régia quando da licitação e
contratação dos serviços, ou seja, ele é a lei interna da licitação, documento que servirá ao
esclarecimento para quaisquer controvérsias que venham a ocorrer durante o período do contrato
e ao qual a Administração está vinculada:
A elaboração de editais, considerando-se todos os quesitos já discutidos até aqui, é tarefa complexa e que requer dedicação do
agente público. Por tal razão, é imprescindível a sua capacitação no seu desenvolvimento. Soma-se a isso o fato de que há
constantes atualizações na legislação afeta ao tema, que muitas vezes corrigem ou alteram preceitos anteriormente adotados,
seja pela edição de novas leis, seja por jurisprudência dos Tribunais Superiores ou outros órgãos de controle.
Sendo o edital a peça fundamental na relação contratual entre a Administração Pública e o contratado, dele faz parte a minuta do
contrato de prestação de serviços, conforme disposto no art. 40, inciso XVII, parágrafo 2º, item III da Lei nº 8.666/1993.
Contudo, uma análise detalhada da Gestão por Competências da RFB (no caso dos servidores desse órgão), apresentada na forma
de uma Cadeia de Valor, por meio do Mapa Estratégico da instituição, informa quais são as competências que se espera do
servidor, em níveis fundamental, gerencial (quando servidor ocupante de cargos de chefia) e específico.
A Gestão por Competências da RFB está vinculada à Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública
Federal (PNDP), que foi instituída pelo Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, sendo o referencial para a política de
capacitação do servidor.
1.1. Qual é o conhecimento básico necessário aos
profissionais que atuam no preparo do instrumento
convocatório, do contrato e na fiscalização? – Parte 4
Dentro das competências individuais específicas necessárias ao servidor, estruturadas de acordo com os processos de trabalho que
compõem a Cadeia de Valor da RFB, aquelas aplicadas aos servidores arquitetos, engenheiros, ou demais servidores que atuam na
Fiscalização de Projetos e Obras, são as relacionadas ao macroprocesso “Gestão de Materiais e Logística”, processo de trabalho
“Gerir Imóveis e Obras” (Portaria RFB n° 38, de 11 de janeiro de 2016), e são as listadas a seguir:
Manutenção da infraestrutura física da RFB – gerir a infraestrutura física da RFB, mantendo a adequação dos imóveis aos
padrões técnicos e à imagem institucional, de forma a conferir funcionalidade e segurança à consecução das atividades-fim;
Adequação da infraestrutura física – adequar a infraestrutura física da RFB, de acordo com os padrões técnicos e a imagem
institucional, propiciando um ambiente seguro e saudável aos servidores no desempenho de suas atividades;
Contratação de projetos, obras e serviços de engenharia – gerir os procedimentos necessários à contratação de projetos, obras e
serviços de engenharia, inclusive orçamentos, tendo em vista a gestão efetiva dos recursos disponíveis e o desempenho das
atividades-fim;
Fiscalização de projetos, obras e serviços de engenharia – fiscalizar minuciosamente a execução dos contratos e a realização de
projetos, obras e serviços de engenharia, primando pelo pleno cumprimento da especificação do objeto, das obrigações do
contratado e das orientações dos órgãos de controle e fiscalização.
Perceba que, das competências elencadas, os dois itens marcados devem ser observados com muito cuidado, pois invocam grande
responsabilidade do agente público. Ambos tratam da responsabilidade subsidiária que está vinculada ao servidor quando nomeado
fiscal do contrato, na figura de especialista (engenheiro ou arquiteto), e que será novamente tratada nos Módulos 2 e 4. O primeiro
está diretamente ligado à qualidade e à segurança do ambiente construído. O segundo, à observância das determinações e
jurisprudência dos órgãos de controle.
Note que a qualidade e a segurança do ambiente construído referem-se ao cuidado de se prever instalações que atendam às normas
técnicas ou normas legais intrinsicamente vinculadas ao desempenho, à funcionalidade, ao conforto, à acessibilidade e à segurança.
Como exemplo, podemos citar a necessária observação à legislação ambiental ou à legislação de incêndio. Nesse aspecto, o fiscal
do contrato com formação técnica é solidariamente responsável, caso não sejam cumpridas as normativas técnicas ou legais que
são vinculadas à construção, inclusive podendo vir a ser responsabilizado civil e criminalmente nesses casos.
Em relação aos órgãos superiores de controle, a não observância das suas normativas legais (acórdãos ou outras jurisprudências),
por parte do fiscal do contrato, poderá implicar a sua responsabilização, inclusive prevendo sanções.
Dessa forma, é de vital importância que o fiscal proceda com todo o rigor na atuação da sua fiscalização, devendo sempre fazer
constar nos autos do processo administrativo do contrato todos os seus atos relativos a tais quesitos, como exigências da
observância de tais normas e, o mais importante, o seu cumprimento.
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao
edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Já para a contratação de serviço de elaboração do Projeto Básico da obra ou edificação, farão parte de anexo do edital as diretrizes
e especificações
PEREIRA técnicas
JR., J. T.doPolíticas
projeto pretendido,
públicas nas
emlicitações
que estarão
e contratações
descritos todos
administrativas.
os requisitos (técnicos,
2. ed. Belo
de Horizonte:
prazos etc.)Fórum,
que deverão
ser atendidos.
2012.
Essas diretrizes devem ser dadas por profissional habilitado, do próprio quadro da Administração, ou contratado para tal, e
serão abordadas no Módulo 2.
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao
edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 2
Para a contratação de serviços de execução de obras, nos quais já se tenha o
Projeto Básico, estarão descritas em anexo ao edital as diretrizes para a elaboração
do Projeto Executivo concomitante à obra (previsão dada pelo art. 7º, parágrafo 1º,
da Lei nº 8.666/1993), e as providências que se espera da contratada quando da sua
execução. Obviamente, não será descrito nesta peça todo o roteiro técnico para a
execução da edificação ou obra viária ou de infraestrutura, visto que isso é tema do
projeto de construção civil (documentos técnicos) que dela fará parte. Nas
diretrizes para a elaboração do Projeto Executivo, complementar ao Projeto
Básico, estarão descritos os elementos que devem ser entregues à Administração
quando da execução ou finalização da obra (além do Projeto Executivo, os laudos,
o “as built” etc.), e as providências que devem ser tomadas pela contratada para a
execução do objeto (observância às normativas de sustentabilidade, à legislação
ambiental, ao cronograma de etapas, aos prazos etc.).
a)
b)
c)
d)
e)
f)
Justificativa no que se refere à alternativa escolhida, notadamente quanto à viabilidade técnica, econômica e ambiental do serviço;
Fornecimento de uma visão global do serviço e identificação de seus elementos constituintes de forma precisa;
Demonstração de que estão sendo adotadas soluções técnicas, quer para o conjunto, quer para suas partes, amparada por memórias
de cálculo e de acordo com critérios de projeto previamente estabelecidos, de modo a evitar e/ou minimizar reformulações e/ou
ajustes acentuados, durante a fase de execução;
Identificação e especificações dos tipos de serviços a serem executados, dos materiais e dos equipamentos a serem incorporados;
Definição das quantidades e dos custos dos serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e o porte do objeto, de
forma a ensejar a determinação do custo global;
Por certo essa condição remete àquela licitante toda e qualquer assunção de responsabilidade pelos serviços que serão prestados,
pelo preço ofertado e pela distribuição dos seus custos, inclusive para a eventual celebração de aditivos ao contrato, conforme será
estudado no Módulo 3.
1.2. O Termo de Referência (ou Projeto Básico, anexo ao
edital): os cuidados na sua elaboração – Parte 3
g)
h)
i)
j)
k)
l)
m)
n)
o)
p)
q)
r)
As regras sobre como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de
acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei nº 8.666/1993
(Acórdão nº 1.977/2013 – Plenário, TCU);
Observância das normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), de modo a abranger todos os
materiais, equipamentos e serviços previstos no projeto;
Se a referência de marca ou modelo for indispensável para a perfeita caracterização do componente do serviço, a especificação
deverá indicar as expressões “ou similar”, “ou equivalente” ou “de melhor qualidade”, definindo-se com clareza e precisão as
características e o desempenho técnico requerido pelo projeto, de modo a permitir a verificação e a comprovação da equivalência
com outros modelos e fabricantes;
As especificações técnicas deverão considerar as condições locais em relação ao clima e às técnicas a serem utilizadas;
As especificações de componentes conectados a redes de utilidade pública deverão adotar, rigorosamente, os padrões das
concessionárias;
As especificações serão elaboradas visando equilibrar economia e desempenho técnico, considerando custos de fornecimento e de
manutenção, porém sem prejuízo da vida útil do componente utilizado;
Características e condições do local de execução dos serviços, bem como de seu impacto ambiental, se houver, considerando-se os
seguintes requisitos: segurança, funcionalidade e adequação ao interesse público, possibilidade de emprego de mão de obra,
materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para execução, de modo a diminuir os custos de transporte, facilidade e
economia na execução, na conservação e na operação, sem prejuízo da durabilidade do serviço, adoção das normas técnicas de
saúde e de segurança do trabalho adequadas e infraestrutura de acesso;
Observância de critérios e parâmetros técnicos prescritos na norma NBR 9050/2015, relacionados à acessibilidade de pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida (Acórdão nº 853/2013 – Plenário, TCU);
Catálogo de projetos que devem ser elaborados pela contratada, durante a execução do serviço, retratando a forma exata como foi
cumprido o objeto contratado (“as built”);
A indicação de leis, decretos, regulamentos, portarias e demais atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais, bem
como normas técnicas aplicáveis ao objeto.
A expressão “pessoas portadoras de deficiência” , constante no item "p" da infografia acima, atualmente
está em desuso. O item apresenta o texto da lei. Essa expressão e as expressões correlatas “pessoa com
necessidades especiais” e “pessoa deficiente” não têm mais sido aceitas desde a assinatura, pelo Brasil, do
Tratado Internacional dos Direitos Humanos na Convenção de Nova Iorque sobre os direitos das pessoas com
deficiência, em 2007, e da edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015. Isso decorre do fato que a
primeira expressão, ao transmitir a ideia de portabilidade, pode levar à conclusão de que se pode abrir mão da
deficiência, configurando um eufemismo. Igualmente, a segunda e terceira expressões, equivocadamente,
transmitem a ideia de redução da capacidade das pessoas com deficiência. A deficiência se manifesta na relação
com o meio externo, mas jamais limita as habilidades das pessoas no desempenho de competências ordinárias.
a) Cronograma físico-financeiro;
e) Critério de aceitação do objeto e prazo para correções/substituições, quando em desacordo com as especificações exigidas;
i) Projeto Executivo.
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as
diferenças entre um e outro? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Nas seções de licitação, invariavelmente estão alocados servidores do órgão que apresentam experiência na gestão de contratos e
certames licitatórios, mas que normalmente são servidores com pouca ou nenhuma experiência na contratação de serviços
específicos de engenharia e arquitetura.
Salvo se o órgão dispor de seções especializadas nessas áreas, tais processos licitatórios são conduzidos pelas seções de licitação,
que não raras as vezes têm pouca familiaridade para conduzir temas tão específicos.
Para essa situação, a Lei n° 8.666/1993 prevê, no seu art. 67, a possibilidade de assessoramento técnico especializado:
No caso da RFB, há orientação no mesmo sentido, dada na Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011:
Art. 20. Caso seja necessário, a autoridade competente, mediante justificativa fundamentada, poderá autorizar a
contratação de profissional, empresa ou escritório técnico, especializados, para assessorar o representante da
Administração, assistindo-o e subsidiando-o com informações pertinentes a sua atribuição (BRASIL, 2011). 5
BRASIL. Receita Federal do Brasil. Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro de 2011. Brasília: RFB,
2011.
1.3. Fiscal de contrato e o profissional habilitado: quais as
diferenças entre um e outro? – Parte 2
Da análise da legislação citada é possível identificar a diferença entre o servidor fiscal de contrato e o servidor profissional
habilitado na área de engenharia ou arquitetura. O servidor fiscal de contrato, embora com experiência na sua gestão, não tem a
experiência nas áreas específicas, salvo se habilitado.
Como a realidade da maior parte dos órgãos da Administração Pública é ter as atividades de engenharia e arquitetura como áreas-
meio – e não finalísticas –, é natural que nos seus quadros não estejam presentes tais profissionais. Por conta disso, a legislação
traz explicitamente a possibilidade da contratação desses, como assessoria, conforme já mencionado, pelos comandos da Lei nº
8.666/1993, e, no caso da RFB, da Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de novembro
de 2011.
A presença desses profissionais nos quadros dos órgãos da Administração Pública, cujas
áreas de atuação finalística não sejam a arquitetura e a engenharia, é, no entanto,
recomendável. Isso se deve ao fato de que somente tais profissionais têm condições
técnicas de contratar, fiscalizar e receber serviços de projetos e obras e, muito embora se
possa dizer que essas atividades possam ser contratadas, na forma de assessoramento, a
vantagem de o órgão ter servidores nessas especialidades é muito grande. A razão é
simples: profissionais engenheiros ou arquitetos nos seus quadros, atuando nas áreas
específicas, trazem segurança técnica mesmo quando tais atividades são contratadas na
forma de assessoramento ou terceirizadas, visto que os servidores do quadro poderiam
atuar como revisores.
Nesta parte do Módulo 1, você será apresentado aos principais termos das áreas
de arquitetura e engenharia, cuja conceituação é necessária para o
desenvolvimento do trabalho do fiscal.
Já o Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop), por meio da sua Orientação Técnica n° 01/2006, assim define
Projeto Básico:
ABNT
IBRAOP
– ASSOCIAÇÃO
– INSTITUTO BRASILEIRO
BRASILEIRA DE
DE AUDITORIA
NORMAS TÉCNICAS.
DE OBRAS
ABNT
PÚBLICAS.
NBR 16636-1:2017
Orientação Técnica
– Elaboração
n° 01/2006.
e
desenvolvimento
Florianópolis: Ibraop,
de serviços
2006. técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes
e terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
1.4. Os conceitos específicos na área de fiscalização de
projetos e obras – Parte 2
E, por fim, o sistema Confea/Crea assim conceitua o termo “Projeto Executivo” na sua Decisão Normativa nº 106, de 17 de abril
de 2015:
Perceba que a variação na conceituação dos termos “Projeto Básico” e “Projeto Executivo”, conforme a legislação ou normativa
consultada – e também a adoção da Lei nº 8.666/1993 como referência principal aos atos licitatórios da Administração Pública –
tem causado muita confusão nas licitações dos órgãos públicos, em relação àquilo que se exigirá das licitantes e àquilo que o
contratado entenda devido. Se considerarmos ainda o “as built”, identificam-se três termos vinculados à documentação técnica que
deve ser gerada por ocasião do desenvolvimento do projeto ou da execução da obra.
Esse último, cujo conceito deriva da expressão da língua inglesa que significa “como construído”,
trata tão somente do registro da solução técnica efetivamente executada na obra. Conforme o Manual
de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – Indústria Imobiliária, da Associação
Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), “as built” é o jogo completo do projeto
arquitetônico e dos projetos das demais especialidades envolvidas, bem como dos pareceres de
consultorias, contendo todas as anotações de ajustes e/ou alterações ocorridas, devidamente assinadas
e assumidas pelos engenheiros e/ou arquitetos responsáveis pela obra, e será a base para a elaboração
do Manual do Proprietário, obrigatório conforme a ABNT NBR 14037: 2011 – Versão Corrigida:
2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações –
Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos.
Esses conceitos devem ser parte integrante do instrumento convocatório com clara e precisa conceituação, devendo estar presentes
no Termo
CONFEA
de Referência
– CONSELHO
ou Projeto
FEDERAL
Básico, anexo
DE ENGENHARIA
a esse. E AGRONOMIA. Decisão Normativa nº 106, de 17 de
abril de 2015. Conceitua o termo “Projeto” e define suas tipificações. Brasília: Confea, 2015.
Além do conhecimento dos conceitos anteriores, é importante o fiscal de contrato conhecer também os conceitos de retrofit,
compatibilização de projetos e etiquetagem das edificações, apresentados a seguir. Não se pretende encerrar este tema neste
módulo. Outros conceitos, igualmente importantes, serão definidos e apresentados ao longo do curso, conforme a sua aplicação.
QUALHARINI,
CROITOR,
ABNT – ASSOCIAÇÃO
E. P. E.
N.L.
A Retrofit
gestão
BRASILEIRA
de
de projetos
construções:
DE
aplicada
NORMAS
metodologia
à reabilitação
TÉCNICAS.
de avaliação.
de edifícios:
ABNT
In: ENCONTRO
NBR
estudo
15575-1:2013
da interface
NACIONAL –entre
Edificações
DE
projeto e obra.
TECNOLOGIA
2009.
habitacionais
Dissertação
– Desempenho
DO(Mestrado
AMBIENTEem
– Parte
Engenharia
CONSTRUÍDO,
1: Requisitos
de Construção
10.,
gerais.
2004,
Civil)
Rio
Sãode
–Paulo.
Escola
Janeiro:
Anais...
Politécnica
ABNT, São2013.
Paulo:
da Universidade
Antac, 2004.
de São Paulo,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
1.4 Os conceitos específicos na área de fiscalização de
projetos e obras – Parte 3
A compatibilização de projetos é a atividade de integrar os diferentes elementos do projeto, para que
todos tragam as mesmas informações. A coordenação de projetos, em um nível mais aprofundado,
busca a identificação de orientações conflitantes, que poderiam ordenar comandos contraditórios nas
pranchas de desenho ou outros documentos dos diversos projetos envolvidos na concepção de um
objeto. Assim, projetos elétricos, hidráulicos, estruturais e de arquitetura, por exemplo, devem trazer
coerência nas informações, referenciando-se em uma mesma base (plantas baixas, cortes, fachadas e
demais desenhos). Os trabalhos de compatibilização e coordenação dos projetos são complexos e
com alto grau de dificuldade, devendo ser feitos por profissional especializado (arquiteto ou
engenheiro), e requerem treinamento e experiência. Atualmente, esse trabalho vem sendo facilitado
com o uso de ferramentas BIM (Building Information Modelling – ou Modelagem da Informação da
Construção), tema que será tratado no Módulo 2.
Por fim, a etiquetagem das edificações, que teve o seu início por meio da Lei nº 10.295, promulgada
em 17 de outubro de 2001. Conhecida como Lei da Eficiência Energética, dispõe sobre a Política
Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e visa desenvolver, difundir e estimular a
eficiência energética no país. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro
de 2001, que determinou que:
Para tanto, por meio do decreto foi instituído, em 2003, o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética
(CGIEE), e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico para Melhoria da Eficiência Energética nas Edificações no país
(GT-Edificações), para regulamentar e elaborar procedimentos para avaliação da eficiência energética das edificações construídas
no Brasil, visando ao uso racional da energia elétrica. 13
A etiquetagem das edificações, no âmbito da Administração Pública Federal, é obrigatória para edificações novas ou que
recebam retrofit, com área superior a 500 m² ou cujo valor da obra seja maior que o equivalente ao Custo Unitário Básico da
Construção Civil (CUB Médio Brasil) aplicado a uma edificação de 500 m², conforme o art. 8º da IN nº 2, de 4 de junho de 2014,
da SLTI/MP.
BRASIL.
Mais informações
Decreto em:
nº 4.059,
<http://www.pbeedifica.com.br
de 19 de dezembro de 2001.
/etiquetagem>.
Regulamenta Acesso
a Lei nºem:
10.295,
24 ago.
de 17
2018.
de outubro de 2001, que
dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, 2001.
Encerramento