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Obras de Engenharia
Conteudista/s
Athos Andre do Amaral Rocha (Conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – Noções prévias de fiscalização de projetos e obras
Unidade 1 - Introdução............................................................................................ 6
Unidade 2 - O Termo de Referência (ou Projeto Básico,
anexo ao Edital): os cuidados na elaboração...................................................... 12
Unidade 3 – O fiscal de contrato e o profissional habilitado:
as diferenças entre um e outro............................................................................. 18
Unidade 4 - Os conceitos específicos na área de Fiscalização
de Projetos e Obras................................................................................................ 20
Glossário................................................................................................................ 148
O regime jurídico para tais contratos, conforme a Lei n° 14.133/202,1 Art. 95, inciso
II, confere à Administração Pública a prerrogativa de modificá-los unilateralmente
para a melhor adequação às finalidades do interesse público, respeitados os direitos
do contratado de acordo com o Art. 104, inciso I.
Figura 2 – Atualização
Figura 3 – Edital
Por outro lado, uma análise detalhada da Gestão por Competências da Receita
Federal do Brasil - RFB (no caso dos servidores desse órgão), apresentadas na forma
de uma Cadeia de Valor, através do Mapa Estratégico da instituição, informa quais
são as competências que se espera do servidor, em níveis fundamental, gerencial
(quando servidor ocupante de cargos de chefia) e específico.
Perceba que, das competências elencadas, os itens marcados devem ser observados
com muito cuidado, pois invocam grande responsabilidade do agente público já
que tratam da responsabilidade subsidiária que está vinculada ao servidor quando
nomeado fiscal do contrato, na figura de especialista (engenheiro ou arquiteto) e
que será novamente tratada nos módulos 2 e 4. Eles estão diretamente ligados à
qualidade e segurança do ambiente construído.
Em relação aos órgãos superiores de controle, a não observância das suas normativas
legais (Acórdãos ou outras jurisprudências) por parte do fiscal do contrato, poderá
implicar na sua responsabilização, inclusive sanções são previstas nesses casos.
Dessa forma, é de vital importância que o fiscal proceda com todo o rigor na
atuação da sua fiscalização, devendo sempre fazer constar nos autos do processo
administrativo do contrato todas os seus atos relativos a tais quesitos, como
exigências da observância de tais normas e, o mais importante, o seu cumprimento.
d) requisitos da contratação;
j) adequação orçamentária.
Por certo, essa condição remete àquela licitante toda e qualquer assunção de
responsabilidade pelos serviços que serão prestados e pelo preço ofertado e
distribuição dos seus custos, inclusive para a eventual celebração de aditivos ao
contrato, conforme será estudado no módulo 3.
Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da contratação poderá ter
caráter sigiloso sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e
das demais informações necessárias para a elaboração das propostas, e, nesse
caso:
I – o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e externo; ...
Perceba que o orçamento sigiloso deve ser justificado (ou seja, pode ser futuramente
analisado o seu mérito, em auditoria, podendo vir a ser julgado improcedente) e
deve divulgar obrigatoriamente os seus quantitativos.
A autoridade sempre deve se atentar para que a soma dos prazos de execução, de
medição, de fiscalização e para realização de correções na obra não ultrapasse o
prazo de vigência contratual.
Para essa situação, a Lei nº 14.133/2021 prevê, no seu Art. 117, a possibilidade de
assessoramento técnico especializado:
Nesta unidade do módulo 1 você será apresentado aos principais termos das áreas
de Arquitetura e Engenharia, cuja conceituação é necessária para o desenvolvimento
do trabalho do fiscal.
3.95
projeto executivo
(PE)
etapa destinada à concepção e à representação final das informações técnicas
dos projetos arquitetônicos, urbanísticos e de seus elementos, instalações e
3.99
Projeto completo de edificação
(PECE)
etapa dedicada à finalização da compatibilização dos projetos executivos, e ao
detalhamento das definições construtivas que envolve o conjunto de desenhos,
memoriais, memórias de cálculo e demais informações técnicas das especialidades
totalmente compatibilizadas e aprovadas pelo cliente, e necessários à licitação, à
contratação e à completa execução de obra de edificação
Esse último, cujo conceito deriva da expressão da língua inglesa que significa “como
construído”, trata tão somente do registro da solução técnica efetivamente executada
na obra. Conforme o Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e
Urbanismo – Indústria Imobiliária, da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios
de Arquitetura), “as built” é o jogo completo do projeto arquitetônico e dos projetos
das demais especialidades envolvidas, bem como dos pareceres de consultorias,
contendo todas as anotações de ajustes e/ou alterações ocorridas, devidamente
assinadas e assumidas pelos engenheiros e/ou arquitetos responsáveis pela obra
e será a base para a elaboração do Manual do Proprietário, obrigatório conforme
a ABNT NBR 14037: 2011 – Versão Corrigida: 2014 - Diretrizes para elaboração
de manuais de uso, operação e manutenção das edificações — Requisitos para
elaboração e apresentação dos conteúdos.
Esses conceitos devem ser parte integrante do instrumento convocatório com clara
e precisa conceituação, devendo estar presentes no termo de referência ou projeto
Note que o retrofit não se limita apenas a dar uma cara nova ao edifício, como é
comumente entendido, mas conceder-lhe renovação, necessariamente elevando o
seu desempenho.
Por fim, a etiquetagem das edificações, que teve o seu início através da Lei nº 10.295,
promulgada em 17 de outubro de 2001. Conhecida como Lei da Eficiência Energética,
dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e visa
desenvolver, difundir e estimular a eficiência Energética no País.
Para tanto, por meio do Decreto, foi instituído o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis
de Eficiência Energética - CGIEE e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico
para Melhoria da Eficiência Energética nas Edificações no País (GT-Edificações), para
regulamentar e elaborar procedimentos para avaliação da eficiência energética das
edificações construídas no Brasil, visando o uso racional da energia elétrica.
SÍNTESE DO MÓDULO
Nesse módulo 1, você foi apresentado aos principais conceitos relacionados à
fiscalização de projetos e obras de engenharia. Buscou-se explorá-los de forma
que seus significados sejam de fácil compreensão para aqueles(as) alunos(as)/
servidores(as) que não têm habilitação técnica específica nas áreas de engenharia ou
arquitetura, mas que, dentro das suas áreas de atuação, trabalhem vinculados a tais
atividades. Apresentou-se um panorama dos requisitos mínimos necessários para
profissionais com essa atuação e se fez uma distinção entre os conceitos de fiscal do
contrato, fiscal administrativo e profissional habilitado, com suas responsabilidades
e deveres. Esse módulo o preparou para os módulos seguintes, onde tais conceitos
serão aprofundados e exemplificados.
2 Projeto de Edificações
Unidade 1 - O que é o projeto de edificações e
como contratá-lo?
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da
obra devem atender aos princípios da racionalidade, economicidade, funcionalidade
e desempenho.
Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha de soluções
que determinem o melhor funcionamento do objeto construído, muito além da sua
concepção ou construção. No projeto é que são definidos os conceitos e técnicas que
garantirão a permanência da construção, principalmente no quesito manutenção.
Figura 9 – Projeto
Figura 10 – Atualização
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, forma de ordenação dos espaços,
morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem que
se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da
edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice
de compacidade ou da forma do edifício.
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas
externas de um edifício em zona litorânea. Certamente toma-se aqui a condição
extrema e até mesmo inadmissível, visto que nas condições atmosféricas daqueles
ambientes, jamais se optaria pela escolha de elementos ferrosos para tal uso.
A escolha correta nesse caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura
por anodização ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições
ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da arquitetura e engenharia,
a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas
em edificações de ambientes litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos
(mal) especificados trazendo aquela condição (especificação de esquadrias de ferro
naqueles ambientes).
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente
são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações (ou de outras
obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando
da elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e
do custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
3. Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa qualidade têm alto
custo.
Ainda que o conceito de um bom projeto seja de difícil definição, visto tratar-se de
percepção subjetiva para a qual contribuem diversas variáveis e referências, pode-
se delimitar os requisitos mínimos que devem ser atendidos para que o resultado
seja adequado aos objetivos da Administração Pública.
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo
e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa
resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas
definidas pela Contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do
arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Essa condição foi trazida em destaque pela Lei nº 14.133/2021, na alínea “c”, inciso
XXIII, do Art. 6°, que estabelece o conceito de Termo de referência:
• Inovação tecnológica.
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto
ao seu significado é o memorial justificativo. Alerte-se para o fato de que esse
documento é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o
projeto. Nele estará contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas
determinadas soluções e decisões de projeto, o porquê se utilizou determinados
materiais, traçados, dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O
memorial justificativo é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
+ 1 - Localização
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação
ou intervenção urbanística) e a forma como o objeto relaciona-se com ele,
indicando as soluções adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação,
regime de ventos, etc.;
+ 2 - Programa de necessidades
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada
solução para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que contenha
um auditório, a explicação das razões pelas quais determinada forma foi
adotada para tal auditório, a configuração da plateia, etc.;
Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção
urbanística);
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação,
ordenamento, integração, hierarquia, etc.;
+ 3 - Volumetria
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar
principalmente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando
procedimentos que foram adotados, tais como subtrações, adições,
composição de cheios e vazios, luz e sombras, texturas e materiais, linhas
predominantes, etc.;
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu
preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos, obras e também
para serviços continuados. Devido ao serviço de projeto ter a sua mensuração de
forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar referenciais criteriosos para a formação
do seu preço. Deve-se considerar que para um mesmo objeto pode haver sensíveis
diferenças de preços em função da escala, área de edificação considerada, etc.
O Auditor do TCU, André Mendes (MENDES, 2013) faz uma comparação entre um
serviço notadamente comum de engenharia, a impermeabilização de uma laje de
uma edificação e um serviço de projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar
de um responsável técnico, ou seja, configurar-se como um serviço intelectual, não
poderia ser classificado como serviço comum. Além disso, em um projeto, tomando-
se como exemplo um projeto de arquitetura, não é possível definir objetivamente
sua forma, aparência e características arquitetônicas finais, confirmando a
impossibilidade de seu enquadramento como serviço comum.
...se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma empresa
ou profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empresa, dotada
com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso ‘estudos e projetos’
podem ser caracterizados como ‘comuns’. Caso contrário, se a similaridade dos
produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o objeto é incomum.
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do CAU/BR,
conselho profissional dos arquitetos e urbanistas e suas recentes ações quanto à
adoção do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul se posicionou sobre o tema e tem
alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de impugnação impetradas
contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.
• http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-
contratacao-de-servicos-de-arquitetura-e-urbanismo
• http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-
impugnacao-de-pregao-em-campo-bom
• http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos autorais trazia
no seu conceito original a proteção aos editores, o que na Inglaterra foi chamado de
copyright. Essa condição, fomentada pela então recente invenção da imprensa, tinha
por objetivo garantir àqueles editores e livreiros a remuneração dos altos custos
de impressão aos quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito
comuns nos primórdios da imprensa) ou outras informações adicionais.
Figura 30 – Copyright
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares da
Revolução Francesa, em oposição à condição protetiva inglesa, o que se chamou
droit d’auteur. Essa condição trazia outra inovação, a divisão dos direitos em direitos
patrimoniais e direitos morais, concedendo ao autor não só a proteção sobre a sua
autoria, como também à propriedade da sua obra. DUARTE (2009)
Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que revoga
a lei de 1973 sobre o tema e que está em vigor atualmente, com recente alteração
pela Lei nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão coletiva dos direitos
autorais, as duas regulamentadas pelo Decreto nº 9.574, de 22 de novembro de
2018.
Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem
o seu consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.
Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária,
artística ou científica.
Permitida pela Lei nº 14.133/2021, no seu Art. 6º, inciso XXVI, essa condição prevê
a possibilidade de complementação do projeto básico através do chamado projeto
executivo, que pode vir a transfigurar o objeto original, o que caracterizaria uma
clara afronta ao direito autoral.
a) levantamento topográfico;
b) sondagens;
c) projeto arquitetônico;
e) projeto de fundações;
f) projeto estrutural;
Figura 31 - Documentos
Perceba que as ações dos agentes públicos devem, portanto, estar sempre
amparadas em normativas legais que as legitimem. Essa condição estende-se às
ações de contratação e recebimento de um objeto, aqui especificamente tratado o
projeto. A mesma observação aos critérios legais que deve ter o gestor de contrato
quando da elaboração dos editais de contratação deve ser aplicada quando do
recebimento do projeto e da sua consequente revisão e aceitação.
Durante muito tempo, a representação gráfica teve por objetivo apenas o registro
dos objetos. A partir do século XV, iniciou-se a transformação da forma comunicativa,
incorporando ações criteriosas de análise qualitativa do objeto representado
através da riqueza de elementos dos instrumentos da sua representação. Essa
mudança deu-se através de Fillipo Brunelleschi, arquiteto italiano da Renascença, e
a potencialidade comunicativa dos seus desenhos e esboços. Ao vencer o concurso
para o projeto da cúpula da catedral Santa Maria Del Fiore em Florença, Brunelleschi
utilizou instrumentos de representação gráfica que mostravam notável compreensão
do funcionamento estrutural da cúpula e a criteriosa análise do sistema construtivo
através da representação figurada, conforme figura a seguir.
Perceba, portanto, caro aluno, que muito mais do que uma forma simplificada de
registro das intenções de projeto, a representação gráfica tem importante função
por ser a ação a principal responsável pela comunicação e pelo consequente
entendimento da ideia a ser transmitida. Projetos, muitas vezes simplificada e
depreciativamente chamados de meros “desenhos”, especialmente por leigos, são,
na verdade, complexas ações de desenvolvimento e manifestação das intenções e
ideias do seu autor, podendo condicionar o sucesso ou o fracasso do seu objeto.
Este curso não tem por objetivo acalorar a polêmica sobre as competências
privativas ou compartilhadas de tais profissionais, mas é importante esclarecer a
necessária atuação do responsável pelo projeto, seja ele arquiteto ou engenheiro,
na sua coordenação. Afinal, a coordenação do projeto garantirá a sua qualidade e
somente o seu criador, que o concebe, tem condições plenas de tomada de decisões
Dada a ideia acima, conclui-se que o profissional legítimo para a ação de coordenação
do projeto deve efetivamente ser o seu criador. Comumente confundida com
gerenciamento de projetos, a coordenação representa atividade inerente ao
processo criativo e não pode ser delegada. Enquanto o gerenciamento atua no
controle de prazos e processos, promovendo a intermediação entre os profissionais
ou atividades envolvidas na elaboração de um projeto, a coordenação promove a
integração do projeto, é inata do seu processo e exclusiva do seu agente.
3.36
coordenação de projetos
atividade técnica, realizada por profissional habilitado, voltada a coordenar e
efetuar análise crítica das interfaces dos projetos das diversas especialidades
voltadas a uma construção e assessorar a gestão do empreendedor e as demandas
dos profissionais envolvidos na realização da obra, de modo a alcançar a
eficácia e à melhoria da eficiência nesses processos e projetos, gerenciando as
áreas de conhecimento, escopo, custo, qualidade, aquisições, recursos humanos,
comunicações, riscos, tempo e partes interessadas em sua total compatibilização.
Figura 36 – Arquiteto
Nos dois casos, os únicos profissionais que têm plenas condições de darem as
melhores soluções globais e integradas para o produto final são os responsáveis
pela sua concepção, pois somente eles detêm com clareza a ideia formal sobre o
objeto desenvolvido.
Erros dessa ordem são muito comuns nos projetos da construção civil, em função da
falibilidade do procedimento de composição de desenhos pelo método atualmente
adotado, o uso de softwares de CAD (Computer Aided Design – ou Projeto Assistido
por Computador). A necessidade de geração dos seus diversos elementos em
momentos distintos muitas vezes possibilita esse desencontro de informações. As
novas tecnologias, especialmente o conceito BIM (Building Information Modeling
– ou Modelagem da informação da Construção), trazem alto grau de precisão na
produção integrada dos diversos desenhos de um projeto, assunto que será tratado
na unidade 11.
Como você já pôde ver em unidades anteriores, o projeto de uma edificação envolve
um grande número de disciplinas de acordo com as instalações específicas que
serão necessárias no edifício. Como também já destacado, esses projetos devem
guardar estreita e coerente relação entre si.
• Projeto de Arquitetura;
• Projeto de Elevadores;
• Projeto de Esquadrias;
Naturalmente, a interação dos projetos faz com que tal lógica seja contrariada em
casos específicos. Pode-se citar, como exemplo, a necessidade de dimensionamento,
no projeto elétrico, dos pontos de força que alimentarão as máquinas climatizadoras
ou ventiladoras, informação advinda do projeto de ar condicionado e ventilação.
Certamente, nesse caso específico, a melhor fonte de informação é realmente
aquele projeto de instalações de ar-condicionado, visto que o projeto de arquitetura
não apresenta, e tampouco propõe-se a apresentar, tal informação.
Essa condição traz ao desenho técnico a necessidade de extremo cuidado para que
não sejam esquecidas as modificações do objeto em todos os planos onde essa
ocorrerá. Falhas na execução dessa técnica trazem infidelidade ao desenho e, na
atividade de projeto, pode causar grandes prejuízos à interpretação do desenho,
distorcendo o entendimento do objeto representado.
Ainda assim, a tecnologia BIM deverá muito em breve ser dominante no processo
de projeto, dados as enormes vantagens por ela oferecidas. Um projeto elaborado
dentro dessa plataforma apresenta grande fidelidade e coordenação entre os seus
Nos últimos anos, a tecnologia BIM vem se tornando obrigatória nos projetos das
edificações públicas de alguns países. Você sabia que entre esses estão França,
Inglaterra, Alemanha, Suécia, Noruega, Estados Unidos e, recentemente, a Espanha?
Pois saiba que no Brasil essa obrigatoriedade poderá em breve vir a ser adotada. Na
edição de 05 de junho de 2017 do Diário Oficial da União, a Presidência da República
editou decreto que instituiu a criação do Comitê Estratégico de Implementação do
BIM. Nesse decreto, uma das atribuições do comitê era a de “propor, no âmbito do
Governo Federal, a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, as suas diretrizes e a
estratégia de atuação” (Art. 3º, item I). Em 17 de maio de 2018, foi editado o Decreto
nº 9.377, que institui a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information
Modeling e que revoga o Decreto de 5 de junho de 2017.
SÍNTESE
Nesse módulo 2, foi abordado o projeto de edificações com seus temas vinculados.
Ainda que muitos conceitos sejam específicos da área, nos quais engenheiros e
arquitetos têm pleno domínio, a abordagem buscou esclarecer, de forma didática
para os leigos, os conhecimentos inseridos nesses conceitos. Uma das ênfases deste
módulo foi o peso e a importância que tem um projeto bem desenvolvido para a
execução da obra, sendo diretamente responsável pela otimização do seu custo,
sua durabilidade, seu desempenho e o regime de manutenção durante a sua vida
útil.
3 Planilha Orçamentária
Um dos itens que integram o pacote de projeto, o orçamento para a execução da obra,
após a quantificação dos seus materiais e serviços, é o elemento que possibilitará a
formação do preço de venda do objeto. A quantificação, ou seja, a mensuração dos
insumos e serviços do projeto é uma das responsabilidades do projetista.
Ambas as normas foram substituídas pelo conjunto de normas ABNT NBR 16636.
A norma técnica ABNT NBR 16636-1:2017 - Elaboração e desenvolvimento de
serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos - Parte 1:
3.40
elaboração de orçamento
Atividade que envolve o levantamento de custos, de forma sistematizada, de
todos os elementos inerentes ao projeto e à execução de determinado objeto de
construção.
Esse fato ocorre pela tendência que temos de que, finalizado o projeto, a
responsabilidade pelo seu orçamento seja do orçamentista, elaborado de forma
distante e dissociado do seu projetista, muitas vezes contratado pela construtora,
somente no momento prévio à execução da obra.
As avaliações expeditas podem ser feitas com base em custos históricos, índices,
gráficos, estudos de ordens de grandeza, correlações ou comparação com projetos
similares. Podem, por exemplo, ser utilizados índices específicos conhecidos no
mercado, a exemplo do Custo Unitário Básico – CUB, para avaliação expedida do
custo de construção de edificações. O CUB é o custo por unidade de área construída
para alguns tipos de projetos padronizados estabelecidos pela ABNT NBR
12721:2006 Versão Corrigida 2:2007 - Avaliação de custos unitários de construção
para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios
A sua função é servir de base para a licitação da obra, podendo também ser uma
ferramenta para o controle de custos de implantação do empreendimento. Eventuais
aditivos de contrato, quando da execução da obra deverão sempre pautar-se nesse
tipo de orçamento (Portaria SEGECEX nº 33 - TCU – p. 30).
As regras para os orçamentos das obras públicas eram dadas pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias, anualmente, até o ano de 2013. Na ocasião da edição de cada
uma daquelas leis, eram definidos os critérios que deveriam ser obedecidos pela
Administração Pública na sua elaboração. Excetuados os serviços e obras de
infraestrutura e transporte, ponto comum entre tais leis era a adoção das tabelas
do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil),
mantidas pela Caixa Econômica Federal, através de pesquisa de preços no mercado
feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a observação de
extração de medianas para os custos apontados naquelas tabelas.
Esse último item não deve constar do edital, e nem ser disponibilizado às licitantes,
servindo apenas de instrumento de consulta da Administração para o momento da
fase externa da licitação, quando da análise dos orçamentos apresentados pelas
proponentes. As cotações de mercado deverão ser feitas para aqueles itens que não
constam das tabelas de referência oficiais (SINAPI, SICRO, ORSE/SE, NOVACAP/DF,
SEINFRA/CE, etc.), legalmente aceitas para as composições de custos dos orçamentos
da Administração, e têm de ser apresentadas com, no mínimo, três cotações para
cada item. (Acórdão nº 1.266/2011 – TCU – Plenário ).
Veja que uma das formas de pesquisa de preços é a pesquisa direta com fornecedores,
previsão confirmada pelo Acórdão TCU 713/2019 – Plenário.
Perceba que tal artigo está citado no tópico 84 do Acórdão TCU 2401/2022 e coaduna-
se tanto com o inciso III quanto com o inciso IV do Art. 5º da IN n° 73/2020, citada,
por vinculação, na IN SEGES/ME nº 98, de 26 de dezembro de 2022.
IV - Taxa de lucro.
PV = CD (1 + %BDI)
onde:
O Acórdão nº 2452/2017 – TCU – Plenário informa que uma taxa de BDI acima do limite
referencial da Administração Pública não representa, por si só, superfaturamento,
desde que o preço contratado (preço de venda) esteja compatível com o preço de
mercado.
Por essa razão, deve-se ter muito cuidado quando do seu lançamento na composição
do BDI. Além de ter variação de alíquota conforme o município, ainda pode haver
variação da incidência da alíquota. Alguns municípios têm, na sua legislação, a
previsão de incidência da alíquota sobre todo o orçamento (material e mão de obra
previstos na planilha orçamentária). Outros, no entanto, fazem incidir tal alíquota
somente sobre a mão de obra, isentando sua incidência sobre materiais.
Nesses casos, para efeitos de facilitação do cálculo do BDI e para que não se
incorra em erro ou descuido no percentual do ISS a ser considerado - o que poderia
configurar o enriquecimento da contratada, exigindo eventualmente a revisão de
contrato -, é feito cálculo de uma alíquota proporcional do ISS, que, considerada
somente sobre a mão de obra, pode ser lançada diretamente na planilha do BDI que
será aplicado a todos os itens da planilha orçamentária.
VMO (sem BDI) = soma dos valores da mão de obra sem a incidência
do BDI;
SÍNTESE
Nesse módulo 3, destacou-se exclusivamente a elaboração de planilhas
orçamentárias, devido à sua importância dentro do processo licitatório. Tratou-
se inicialmente do orçamento de referência da Administração para a contratação
das suas obras, cuja forma de elaboração é definida em Decreto da Presidência
da República. Para os estudos preliminares de uma obra, foi feita a distinção entre
os possíveis tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado), a forma de
composição do preço (preço de venda) de uma obra e a formação do BDI (Benefícios
e Despesas Indiretas), com a particularidade de correta definição do percentual do
ISS (Imposto Sobre Serviços) nele incidente. Esses conceitos também servirão de
base para a discussão da forma e possibilidades de eventual concessão de aditivos
de obra, um dos temas a serem discutidos no próximo módulo.
4 Obra
Unidade 1 - A obra: as primeiras providências
para um bom resultado
A habilitação em uma licitação está regrada pela Lei 14.133/2021 no seu Capítulo
VI. Um dos seus itens, bastante importante em uma licitação de obra, refere-se à
qualificação técnica Art. 67.
Essa exigência é um dos aspectos que geralmente trazem dúvidas aos servidores
responsáveis pela elaboração do edital, quanto à capacitação técnico-profissional
e à capacidade técnico-operacional. Embora não exista na Lei nª 14.133/2021
abordagem comparativa entre essas duas exigências, recente jurisprudência do
Tribunal de Contas da União debateu esse entendimento.
8. Por isso, sou de opinião que a interpretação mais adequada do art. 30, § 1º,
inc. I, in fine, da Lei nº 8.666/93, é a de que é possível, e até mesmo imprescindível
à garantia do cumprimento da obrigação, delimitar as características que devem
estar presentes na experiência anterior a ser comprovada pelas licitantes –
compatíveis com o objeto pactuado –, aí se inserindo a exigência de quantitativos
mínimos concernentes ao objeto que se pretende contratar. (Voto da relatora
Ana Arraes).
Perceba que, no voto acima, a delimitação das características que devem estar
presentes na experiência anterior a ser comprovada configura-se de extrema
importância para que se atinja o objetivo da exigência de qualificação técnica. Esse
procedimento evita a possibilidade de comprovação de qualificação por parte da
licitante por experiência não exigida no edital, ou mesmo por apresentação de
experiência insuficiente.
A Lei n° 14.133/2021 estabelece, por regra, que as obras devem ser licitadas com a
existência de um projeto executivo.
• o circuito de validação;
• os prazos a respeitar;
• os modos de validação.
A assessoria à fiscalização, nesses casos, teria resposta adequada para cada uma
das atividades, ao contar nos seus quadros com profissionais com capacitações
específicas para cada fim. Assim, engenheiros mecânicos, eletricistas, estruturais,
além de contadores e profissionais de segurança do trabalho dariam o suporte
ao fiscal do contrato. Obviamente tal previsão deve sempre constar do edital da
licitação que contratará a assessoria.
Todo e qualquer ato do servidor público deve ser motivado e sobre ele responde
civil, penal e administrativamente.
Note que a função de fiscal de contrato exercida por servidor com habilitação legal nas
áreas específicas (arquitetura ou engenharia) é complexa e com responsabilidades
bem abrangentes.
Como fiscal, o profissional deve ter o controle da qualidade do serviço prestado (ou
do objeto recebido), avaliando, por exemplo, a correta especificação dos materiais
empregados em uma obra ou a correta aplicação de norma técnica balizadora de
um projeto.
Para o primeiro caso, deve-se atentar para que as especificações dadas no projeto
confiram com as especificações dos materiais aplicados na obra. Muitas vezes, por
questão de economia, e em alguns casos por má-fé, a contratada oferta insumo de
qualidade inferior àquele definido no projeto, iniciativa que, além de ferir a relação
contratual estabelecida, pode condenar a durabilidade ou o desempenho do objeto
construído.
O não atendimento às normativas legais pode ensejar ações judiciais, movidas por
aqueles que presumirem ter seus direitos ofendidos, passíveis de indenizações no
caso de condenação da ré. Isso porque, em relação às normas técnicas, desde o
advento do Código de Defesa do Consumidor, essas passaram a ter força de lei,
embora não tenham tal caráter jurídico.
Uma das questões mais importantes a serem observadas pelo fiscal de uma
obra é a característica técnica dos materiais empregados na sua execução. Essas
características devem estar perfeitamente definidas no seu projeto, especialmente
no seu Caderno de Encargos.
Pelas razões descritas, a aceitação dos materiais pelo fiscal da obra deve ser feita
somente após criteriosa análise que traga a certeza do correto atendimento às
especificações do projetista.
O mercado da construção civil traz uma variedade de alternativas para a maioria dos
insumos de obra. Como em qualquer outra atividade econômica, esses materiais
podem apresentar grande qualidade, a partir de marcas consagradas ou de técnicas
de fabricação certificadas, como podem ter qualidade baixa, a partir de métodos não
normatizados de fabricação, ou mesmo pelo emprego de insumos inadequados.
Para que sejam atendidas essas questões, o fiscal e a contratada devem ter claro
conceito quanto à similaridade dos materiais. Esse critério de similaridade deve
estar precisamente definido no edital de contratação da obra para que seja possível
a legitimidade na sua cobrança quando da sua execução. Tem-se dessa condição a
similaridade por semelhança e a similaridade por equivalência.
Um dos itens que pode ser o definidor de questões controversas é a garantia oferecida
pelo fabricante. Uma torneira com acionamento por pressão que apresente todos os
requisitos da marca docol®, com acionamento por sistema pressmatic®, apresentada
como referência no edital, mas que não ofereça a mesma garantia dada por
aquele fabricante, será considerado um insumo “similar-semelhante”, por interferir
diretamente no desempenho daquele material, e terá a necessária compensação
financeira através de termo aditivo.
É o caso das grandes obras. A adoção desse regime tornaria a ação do fiscal
extremamente onerosa, exigindo a sua presença (ou a da sua assessoria) quase
que ininterruptamente na obra, dedicando boa parte do seu tempo à aferição
de quantidades (mapeamento, controles, registros, etc.). Essa condição não traz
vantagem à Administração, fazendo com que o fiscal deixe de dedicar-se a questões
mais importantes envolvidas na execução do contrato.
O critério de medição, para esse regime, será pelo percentual de cada serviço
integrante das subetapas, etapas e parcelas, e que formarão o preço da fase,
devendo tal critério estar claramente previsto no edital.
Essa é uma das questões discutidas nas cortes de julgamento de contas. O Acórdão
1977/2013 – TCU – Plenário lança luz sobre tal tema, trazendo já na sua abertura o
entendimento de que “o empreiteiro não teria o direito a solicitar aditivos contratuais
de quantidades nos casos de quantitativos subestimados por erros que pudessem ter sido
detectados ainda durante o processo licitatório (Acórdão 1977/2013 – TCU – Plenário.
p. 5).
O mesmo acórdão, no entanto, faz uma ressalva de que “como regra geral, mas
sempre de modo justificado, admite-se aditivo em contratos regidos por qualquer regime
de execução contratual, haja vista que a Lei 8.666/1993 não fez nenhuma distinção ou
ressalva sobre o assunto” (Acórdão 1977/2013 – TCU – Plenário. p. 5).
Art. 133. Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada ou semi-
integrada, é vedada a alteração dos valores contratuais, exceto nos seguintes
casos: ...
Veja que ambos os dispositivos legais não impedem a alteração dos preços
contratuais, mesmo no regime de empreitada por preço global.
Essa regra consolida, portanto, a forma correta do cálculo do limite para aditivos,
definindo que as supressões não devem ser consideradas no cálculo do limite de
25%, no caso de uma obra.
A curva ABC ganha esse nome porque divide-se nas faixas, A, B e C, onde a faixa A,
com 20% dos itens de uma amostra, representa 80% do seu valor ou importância.
Abaixo a representação gráfica de uma curva ABC:
Lembre que no módulo 1 deste curso, na unidade 4, foi feita a conceituação de projeto
básico e projeto executivo, indicando as suas diferenças e particularidades à luz da
legislação de licitações, normas técnicas e resoluções dos conselhos profissionais
relacionados ao tema.
Essa, ao menos, era a condição esperada para tal iniciativa. O que se observa, no
entanto, não é isso. Em grande parte dos processos licitatórios, os projetos básicos
apresentados são elementos deficientes, com informações incompletas e com
grande falta de definições técnicas, muito embora a determinação da lei de licitações
de que o projeto básico seja “conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível
de precisão adequado para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de
obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado tratamento do
impacto ambiental do empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e
a definição dos métodos e do prazo de execução (...)”.
Para que se evitem situações como essas, algumas ações, já enfatizadas ao longo
desse curso, podem ser tomadas:
A Lei nº 14.133/2021 buscou atender ao item 4 da lista acima, embora ainda tenha
deixado a possibilidade de o projeto executivo ser elaborado após a licitação, pelo
seu vencedor, no caso dos regimes de contratação semi-integrada ou integrada. É
necessário, no entanto, mais do que isso. Deve-se tomar consciência, pela sociedade
como um todo, da importância dos profissionais de projeto para o avanço da
construção civil e para o desenvolvimento da nação.
Na execução de uma obra da construção civil, seja ela uma edificação, obra
viária ou obra de infraestrutura, é situação comum, quando da sua execução, a
complementação de partes do projeto. As razões mais comuns para isso são as
situações imprevistas que requeiram a troca da solução definida pelo projetista,
ou o seu detalhamento. Como exemplo, pode-se citar a identificação de rocha no
subsolo de uma escavação para fundações, obrigando à troca do seu tipo. Em outros
casos, pode-se citar a alteração na legislação e normativas técnicas que exijam a
alteração de partes do projeto no momento da execução da obra.
Pode-se perceber que esses são casos especiais em que não há como apresentar
as soluções definitivas previamente a obra por uma simples razão: o impedimento
legal de especificação de marcas no momento da licitação para que o procedimento
não resulte em restrição à competitividade no certame licitatório.
Por essa razão, o registro em “as built” deve ser feito ao longo de todo o período
da obra, para cada uma das atividades, desde a primeira movimentação de
terra, desde que haja, logicamente, alterações em relação ao que fora previsto
no projeto. O registro em “as built” então, nada mais é do que um processo
normal de geração de documentação durante a obra, para o qual deve ser
dada a mesma atenção que tem o controle da documentação de projeto.
Instrumentos para esse controle já foram descritos na unidade 2 deste módulo.
Adotando-se tal prática, o profissional residente consegue ter o controle total das
alterações, em tempo real, sem depender da (falível) memória do mestre de obras,
da instaladora ou mesmo da sua e chegará ao final da obra com a fiel documentação
de registro das alterações. Essa documentação, somada ao necessário Manual de
uso e operação, cuja apresentação é obrigatória pelo executor, conforme determina
a ABNT NBR 14037:2014 para o caso de edificações, garante a completa e confiável
fonte de consultas futuras para o usuário quando das necessárias manutenções ao
longo da vida útil da edificação.
BRASIL. Lei nº 12.853, de 14 de agosto de 2013. Altera os arts. 5º, 68, 97, 98, 99 e
100, acrescenta arts. 98-A, 98-B, 98-C, 99-A, 99-B, 100-A, 100-B e 109-A e revoga o art.
BRASIL. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8666cons.htm . Acesso em: 03 mar. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Nota Técnica n° 3/2009 – SCI. Brasília: STF, 2009.
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BRASIL. Tribunal de Contas da União. Revista do TCU . Brasília, v. 32, n. 88, abr./jun.
2001.
BRASIL. ABNT NBR 14037: 2011 – Versão Corrigida: 2014 - Diretrizes para elaboração
de manuais de uso, operação e manutenção das edificações — Requisitos para
elaboração e apresentação dos conteúdos.
PMI – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK. 5th ed. Philadelphia: PMI, 2013.
p. 176.
SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM.
Durability of concrete structures. Proceedings of the International Workshop
held in Copenhagen, on 18-20 May 1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by
Steen Rostam).
Quintessência
Segundo Houaiss, o que há de mais refinado, de mais
5 (ou Quinta-
precioso.
essência)