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Fiscalização

de obras
Nº de Módulos: 11
Carga Horária: 60h
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“Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que
não possa ensinar.”
Esopo

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
Índice
1 - Introdução à Engenharia de Serviços ........................................................... 3
2 - Organização da Contratação - Organização e Revisão do Projecto .................... 7
2.1 Organização dum projecto ................................................................................... 8
2.2 Revisão / Estudo de Projecto (na óptica da fiscalização)........................................... 9
3 - Organização da Contratação - Organização do Concurso, Selecção e Contrato . 12
3.1 Processo de Concurso ........................................................................................ 13
4 - Fiscalização da Empreitada - Noções Gerais ................................................ 19
4.1 Áreas funcionais ............................................................................................... 19
4.2 Agentes da fiscalização ...................................................................................... 20
4.3 Organização da Equipa de fiscalização ................................................................. 21
4.4 Matriz de atribuições da fiscalização .................................................................... 26
5 - Área Funcional de Conformidade ............................................................... 27
5.1 Procedimentos ao abrigo da área funcional conformidade ...................................... 28
5.2 Reuniões de preparação de obra ......................................................................... 28
5.3 Rotinas de inspecção dos trabalhos ..................................................................... 30
5.3 Ensaios de recepção .......................................................................................... 36
5.4 Recepção de Materiais ....................................................................................... 38
5.5 Autorização de Tarefas ...................................................................................... 38
5.6 Pedido de Alterações ......................................................................................... 38
5.7 Não conformidades ........................................................................................... 38
6 - Área Funcional Economia .......................................................................... 40
6.1 Conta da Empreitada ......................................................................................... 40
6.2 Autos de medição ............................................................................................. 44
6.3 Facturação ....................................................................................................... 46
7- Área Funcional Planeamento ...................................................................... 50
7.1 Controlo do Plano de Trabalhos .......................................................................... 51 2
7.2 Balizamentos periódicos - controlo de consumos ................................................... 53
7.3 Previsão de prazos ............................................................................................ 54
7.4 Multas por atraso .............................................................................................. 55
8 - Área Funcional Informação/Projecto ........................................................... 56
8.1 Arquivos de Obra .............................................................................................. 56
8.2 Arquivo de Projecto ........................................................................................... 57
8.3 Reuniões.......................................................................................................... 57
8.4 Gestão de Assuntos ........................................................................................... 63
9 - Área Funcional Licenciamento/Contrato ...................................................... 68
9.1 Cumprimento de actos da Contratação (Contrato, Assinatura, Aditamentos, Resolução)68
9.2 Cumprimento de actos do Licenciamento ............................................................. 68
9.3 Cumprimento de actos legais da Empreitada ........................................................ 68
10 - Área Funcional Segurança....................................................................... 69
10.1 Verificação da contratação da segurança ............................................................ 69
10.2 Acompanhamento da implementação da segurança ............................................. 69
11 - Área Funcional Qualidade ....................................................................... 70
11.1 Qualidade dos serviços de fiscalização ............................................................... 70
11.2 Qualidade dos trabalhos de obra ....................................................................... 70
12 – Terraplagem ......................................................................................... 71
12.1 Caracterização do Serviço de Terraplanagem ...................................................... 71
12.2 Actividades Preliminares à Execução da Terraplanagem ....................................... 73
12.3 Abertura e melhoria de caminhos de serviço ....................................................... 73
12.4 Desmatamento, destocamento e limpeza ........................................................... 74

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1 - Introdução à Engenharia de Serviços
A engenharia de serviços define-se como sendo todo o conjunto de metodologias
destinadas a optimizar a relação entre entidades intervenientes numa prestação de
serviços.

As entidades são:
(Quem encomenda o serviço )
(Quem executa os serviços )
(Quem é objecto dos serviços )

Exemplo :
Se durante uma aula o docente solicitar a um aluno que vá executar 30 cópias dum
problema para distribuir pela turma, o "adjudicante" é o docente, o "adjuducatário" o
aluno e o "destinatário" é a turma.

As metodologias de optimização duma prestação de serviços baseiam-se na


subdivisão dessa prestação em áreas funcionais ou prestativas que se destinam a
clarificar e enquadrar a relação entre entidades. A engenharia de serviços reparte-se
pelas seguintes áreas:
- Definição do articulado do serviço
- Procedimentos e clausulado 3
- Quem e como paga ou se paga
- Forma e autenticação do registo
- Calendário da prestação

Cada uma das áreas referidas define-se por meio de:


(lista sequencial e global de todos os passos necessários à
execução duma determinada tarefa)
(condicionalismos - prazos, limites, custos - à execução duma
tarefa)

E estes podem ser esquematizados por meio de

-list)

Exemplo :

Verificou-se a queda duma viga após descofragem motivada por não ter sido colocada
a armadura prevista em projecto. Nos contratos correntes de fiscalização a equipa de
fiscalização não tem a responsabilidade de pagar os danos. Embora tivesse a
obrigação de verificar o ferro e, pressupostamente, não o tenha feito de forma eficaz,
nunca pode ser responsabilizada por uma falha tecnológica da responsabilidade do
empreiteiro. À fiscalização poderia (se estipulado contratualmente) ser aplicada uma
multa por não ter sido implementado ou efectuado o procedimento de controlo de
ferro.
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Neste caso:
- A PRESTAÇÃO da fiscalização era a de implementar metodologias de controlo
de colocação de ferro em obra no âmbito da conformidade;
- A RESPONSABILIDADE limitava-se à realização de procedimentos de controlo
- O CUSTO definiria uma multa
- A INFORMAÇÃO deveria ter um registo completo das rotinas efectuadas pela
fiscalização demonstrando que aquela viga não foi controlada ou, caso tenha
sido controlada, permitiria livrar a fiscalização de responsabilidades
- O PRAZO, caso tivesse sido previsto um, poderia permitir a necessária
revisão da ficha de controlo de betonagens e teria permitido a detecção do erro
antes da descofragem.

Em prestação de serviços de fiscalização/coordenação de obras há basicamente duas


entidades:

Quem é a entidade prestadora? Entidade independente do Projectista e do


Empreiteiro, contratado pelo Dono de Obra

Quem é a entidade ordenante ? Dono-de-Obra (neste caso coincide com o 4


Destinatário)

EMPREEENDIMENTO

As entidades intervenientes num empreendimento são :


-de-Obra

Uma empreitada de construção é basicamente uma relação entre o Dono-de-Obra,


Empreiteiro, Projectista e Entidades Licenciadoras na qual a Fiscalização tem o
objectivo facilitar e clarificar essa relação. Funciona como o lubrificante num motor...

Exemplo de intervenção da fiscalização

Prevê-se uma betonagem para as 17 horas


Às 10 horas detecta-se, numa inspecção aleatória, que a armadura duma viga não é

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idêntica à de uma outra viga semelhante do mesmo piso e, além disso, a sentimento
parece ser muito pouco (viga de 6 metros com 2 ɸ6 como armadura de tracção)

Forma de actuação:
1º - Alertar o encarregado (preferencialmente em particular e fora do local. Só em
caso de perigo de segurança iminente ou de erro irreversível é que se actua no
local directamente com o operário)
2º - Verificar os elementos de projecto (admita-se que confirmavam a armadura
observada em obra)
3º - Dar nota das dúvidas ao projectista de estruturas que no âmbito da assistência
técnica à obra deve estar disponível para resolver a questão. (telefonar e enviar
fax)
4º - Proceder conforme indicações do projectista.

São 16 horas e é necessária uma decisão uma vez que o projectista não está
contactável nem tem ninguém que o substitua. Como se vai actuar?

- Betona-se como está pois se correr mal a culpa é do projectista ?


- Pára-se a betonagem até se resolver o problema ?
- Faz-se igual à outra viga ?
- Como o director da fiscalização é Eng.º Civil refazem-se os cálculos e coloca-se a
armadura daí resultante ?
5
Como se trata duma situação grave (porque coloca em causa a segurança da obra) e
irreversível (uma vez que depois de betonada a reparação implica custos) mas cuja
solução não parece muito complicada a forma mais adequada de agir é a fiscalização,
no âmbito da sua consultoria técnica, voltar a estudar a situação e caso seja possível,
especificar a nova armadura a colocar dando indicações para assim se proceder.

Às 17 horas, em cima da betonagem, o projectista acaba por contactar a obra e


esclarecer que afinal a armadura está bem porque ...( justificação insondável no
domínio da engenharia estrutural ).

Como se actua?
- Tentar convencer o projectista que está enganado?
- Retira-se o ferro extra já colocado?
- Deixa-se ficar porque "ferro a mais não faz mal"? Quem vai pagar estes
custos?

A solução mais adequada é informar o projectista da solução já decidida e colher a


respectiva aprovação ainda que este considere ser "ferro em excesso" e em seguida
dar ordem para betonar.
Os custos decorrentes desta situação são da responsabilidade do Dono-de-Obra uma
vez que resultam da aplicação de procedimentos contratuais de fiscalização. Este tipo
de consequências deve estar prevista no clausulado do contrato entre o D.O. e a
Fiscalização.

A alteração da solução sem consulta ou tentativa de consulta do projectista tornaria a

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fiscalização responsável pelos seus actos e como tal responsável pelo pagamento dos
custos do ferro extra

Como consequência deste exemplo podem-se referir alguns corolários da actuação da


fiscalização / coordenação de obra:
- Promover a revisão do projecto
- Actuar sempre por antecipação preparando a obra ou motivando a preparação desta
com tempo
- Registar todas as informações dadas e recebidas. Usar o fax. "que é a sigla de
auxiliar de fiscalização ao contrário"
- Estipular contratualmente atribuições e responsabilidades da fiscalização
- Realizar todas as intervenções em obra segundo procedimentos tipo, se possível
aprovados pelo D.O.
- Recorrer a "check list" ou "punch-list- lista de falhas habituais LFH" para controlo de
obra pois funcionam como organizadores e auxiliares de memória em obra.
- Dar evidência de todas as acções da fiscalização, recorrendo a fotografias, fichas
assinadas, etc.

Os actores de fiscalização têm pendente sob si mesmos uma necessidade absoluta de


uma conduta absolutamente irrepreensível no domínio ético e deontológico de forma
a que nunca possam ser postas em causa as suas atitudes. Se a fiscalização funciona
como um mecanismo de controlo das actividades de outros (empreiteiro, projectista e
dono-de-obra ) quem controla a própria fiscalização? 6
De facto a posição de árbitro que a fiscalização é muitas vezes chamada a assumir
obriga a que sejam respeitados os mais elementares princípios de conduta
profissional.
Esta atitude deve não só ser seguida no âmbito estrito de um determinado contrato
mas ser seguida como norma geral de conduta. Não é possível conseguir granjear
atributos neste domínio se para fora se transmite uma imagem contrária.

Seguem-se algumas regras elementares:


blemas sem qualquer omissão mesmo que
desfavoráveis à fiscalização

limitar esta defesa ao plano técnico

interveniente, principalmente da própria fiscalização

fundamentadas, ou então faze-las acompanhar das respectivas ressalvas


uações"

conformidade

membro

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2 - Organização da Contratação - Organização e
Revisão do Projecto
EMPREENDIMENTO DA CONSTRUÇÃO

A fiscalização lida com o empreendimento fundamentalmente em fase de


CONSTRUÇÃO.

Contudo a sua iniciativa deve ser ampliada à fase terminal do projecto no sentido de
verificar se este reúne as condições necessárias para garantir uma boa obra.

A actividade de COORDENAÇÃO ou GESTÃO do projecto sai fora do âmbito desta


disciplina.

Assim, contrariamente ao que é corrente ao nível da construção, a fiscalização deve


iniciar a sua intervenção ANTES da início da obra, preferencialmente antes da
contratação, justamente aquando da organização dos elementos de projecto para
realização da contratação.

Motivos para iniciar a intervenção na fase final de projecto:


- Elaborar uma revisão de projecto ( na óptica da fiscalização ) em simultâneo com
o estudo do projecto numa altura em que ainda é possível introduzir eventuais
alterações no projecto
- Apoio à fase de procura e selecção/concurso
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- Apoio na licenciamento e no diálogo com entidades licenciadoras

Motivos para ampliar a prestação à fase de garantias entre a recepção provisória e


definitiva:
- Acompanhamento do fecho de tarefas pendentes no auto de recepção provisória
- Apoio às reclamações do utente e à educação para a utilização pois a fiscalização
é quem melhor deve conhecer o edifício
- Salvaguarda da imagem e intervenção da fiscalização aquando de eventuais
reclamações em fase de utilização.

2.1 Organização dum projecto

Um projecto é organizado por especialidades e cada especialidade por peças escritas


e desenhadas

As especialidades envolvidas num projecto dum edifício de habitação podem ser as


seguintes ( o tipo de edifício dita a eventual necessidade de mais ou menos
especialidades):

Fria
Quente
agem
Efluentes (esgotos)
Pluviais
Freáticas

Abastecimento de Energia Eléctrica


Iluminação
Aquecimento

Intercomunicações
Telefones
TV

ecânicas
Elevadores
Ventilação forçada
Condicionamento térmico

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Peças escritas:
(para cada uma das especialidades)
(descrição da solução e respectivas
condicionantes)

(da especialidade e não do contrato)

Gerais (materiais e tecnologias)


Particulares (características deste projecto)
Mapa de medições

(notas para o coordenador de segurança)

Peças desenhadas:
(para cada uma das especialidades) 9

Dos elementos apresentados verifica-se que um projecto, na fase de execução, é um


conjunto complexo de elementos técnicos indispensáveis à completa definição da
obra e executar.

É impossível garantir um bom desenvolvimento dos trabalhos se o projecto permitir


diversas interpretações ou, mais grave ainda, se for omisso relativamente a soluções,
materiais ou tecnologias.

De notar que estudos vários sobre patologia da construção atribuem como causa de
cerca de 50% dos defeitos de construção erros ou omissões de projecto. E estes erros
ou omissões são em cerca de 50% resultantes de falta de pormenorização ou
especificação incompleta.

2.2 Revisão / Estudo de Projecto (na óptica da fiscalização)

A revisão do projecto define-se como um conjunto de metodologias tendentes a


eliminar ERROS, OMISSÕES e INCOMPATIBILIDADES do conjunto de peças do
projecto.

Em termos absolutos não compete à fiscalização assumir-se como REVISORA do


projecto. Essa actividade reveste-se de elevada especialização sendo correntemente

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assumida por uma equipa revisora constituída por especialistas das diferentes áreas.
Essa revisão equaciona desde os objectivos do programa às soluções propostas em
projecto pondo em causa os critérios e métodos de dimensionamento. Tal actividade
sai fora do âmbito desta disciplina bem como da actividade corrente de
fiscalização/coordenação de obra.

Contudo, dentro das actividades da fiscalização/coordenação de obra, revela-se muito


eficaz proceder a um estudo e preparação de projecto com o propósito de objectivar a
apresentação de propostas em concurso e posteriormente facilitar a execução da
obra.

Sugere-se pois o seguinte faseamento da intervenção no projecto após a conclusão


do projecto de execução, ou seja após a intervenção no domínio da gestão de
projectos:

Metodologia de revisão/verificação do projecto:

Trata-se duma metodologia que deve ser adaptada à dimensão do projecto em causa
simplificando os passos que se apresentam.
10
As disponibilidades de tempo e contratuais determinam também a forma e exaustão
com que esta revisão deverá ser feita

1º - Revisão de objectivos do projecto (ordem de análise)


Programa (verificar se são cumpridos os objectivos do programa.)
Elementos do Projecto ( verificar se são apresentadas as peças escritas e
desenhadas esperadas)
Custos (análise percentual por capítulos do orçamento ou por "ratios" )
Prazos ( análise dos valores previstos e definição de rendimentos unitários )

Esta análise pode motivar alteração de soluções e/ou materiais e a consequente


reformulação do projecto

2º - Confrontar "condições técnicas" com "listagem de tarefas" (do orçamento) em


cada uma das especialidades

3º - Confrontar "condições técnicas" com "peças desenhadas" em cada especialidade

4º - Rastreio de erros e omissões entre especialidades (ordem de análise)


- Estrutura vs. Arquitectura
- Instalações vs. Arquitectura
- Ductos

5º - Revisão de medições (ordem de análise caso não seja feita uma revisão global)
- Tarefas cujo custo global é maior
- Tarefas cuja probabilidade de gerarem trabalhos a mais e maior
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- Tarefas mais difíceis de garantir o preço

Este procedimento concorre para se identificarem muitos erros e omissões pelo


que deve ser efectuado por uma equipa de medição diferente da de projecto.
Trata-se de uma das mais eficazes formas de detectar omissões de projecto pois
um projecto, ao ser remedido é detalhadamente analisado quer na sua definição
(permitindo identificar zonas omissas) que na sua coerência (permitindo identificar
incompatibilidades). Em muitas situações é a única acção desenvolvida

6º - Revisão de cálculos (ordem de análise)


Estruturas
Geotecnia
Especialidades
Trata-se dum procedimento claramente fora do âmbito corrente da
fiscalização/coordenação de obra, mas que por vezes, efectuado de forma aleatória
ou em situações pontuais, pode antever e resolver problemas de obra.
Uma revisão global só se justifica em determinados tipos de projecto e mesmo
nestes a ser elaborada por uma equipa diferente da de fiscalização/coordenação de
obra, quando muito coordenada por esta. Para que fique claro, trata-se duma
revisão de cálculos efectuada para além da que normalmente se pressupõe ser
feita por iniciativa do próprio projectista.

11
Matriz de soluções

Uma das formas de controlar e rever o projecto é elaborar uma matriz de soluções
que materialize e evidencie que cada solução construtiva (geralmente ao nível dos
acabamentos) está coerentemente definida nos diferentes elementos de projecto.
Consubstancia as etapas 2º 3ª e 4ª antes referidas e é geralmente elaborada como
um documento de evidência.

Exemplo:

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3 - Organização da Contratação - Organização
do Concurso, Selecção e Contrato
A selecção de empreiteiro para execução duma dada obra depende
fundamentalmente de se tratar duma obra pública ou particular
Em obras públicas a contratação obedece em geral a um concurso que pode ter as
seguintes formas:
- Público;
- Limitado com ou sem negociação;
- Ajuste directo;

Todas estas formas estão devidamente regulamentadas no Novo Regime Jurídico de


empreitadas de Obras Públicas e respectiva legislação complementar.

Em obras particulares a contratação é livre podendo assumir qualquer forma que não
contradiga o código civil artigos 1207º a 1230º sobre empreitadas

12

Contudo, para obras particulares recorre-se muitas vezes a uma metodologia próxima
da prevista para obras públicas tirando justamente partido da matéria estabelecida
pelo referido Regime Jurídico.

A metodologia que se segue procura de foram introdutória apresentar a situação


corrente em empreendimentos habitacionais, industriais ou de comércio de média
dimensão ( 1M€ ) promovidos por particulares.

Faseamento das acções:

empresa

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3.1 Processo de Concurso

A existência dum projecto (conjunto de peças escritas e desenhadas) não permite só


por si apoiar um concurso entre diversas empresas, é necessário elaborar
documentos onde fique claro quais as regras do respectivo concurso e formas de
selecção.

Assim define-se Processo de Concurso como sendo todo o conjunto de documentos


que permitem a elaboração dum concurso de empreitadas. Consta dos seguintes
documentos:

es Jurídicas do Contrato

Projecto

Conforme referido antes, constituído por peças escritas e desenhadas e organizado


por especialidades.

Programa do Concurso

Documento onde se definem todas as regras e formas de procedimento do concurso.


13
É constituído pelos seguintes elementos

1- Designação da empreitada e tipo de concurso


Preço Global
Série de Preços
Percentagem

2- Resumo do empreendimento que se põe a concurso

3- Mapa de Tarefas e Quantidades para orçamentação


Junção e uniformização de todas as medições num único documento que todos
os concorrentes devem respeitar. Não devem ser admitidas alterações a este
mapa

4- Preço base e Prazo


Serve para orientação dos concorrentes e em obras públicas para definir
regras legais quanto à necessidade de vistos do T.C.

5- Identificação do Dono-de-Obra e /ou Promotor

6- Calendário do concurso
Data limite para resposta à carta convite
Data limite para apresentação da Proposta
Data para abertura das propostas
Data para início de negociações ou dispensa de concurso
Data prevista para Adjudicação
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7- Condições Jurídicas do concurso
Regras de abertura das propostas
Prazos para reclamação dos actos do concurso
Regras de selecção
Condições de aceitação de propostas condicionadas ou variantes
Minuta do contrato e respectiva cláusula de aceitação
Comarca competente em caso de litígio

8- Norma a que deve obedecer a proposta de preço

9- Lista da documentação que instrui a proposta


Documentos de habilitação
Capacidade Legal da Empresa
Identificação de quem tem poderes para representar a empresa
Registo de Matrícula na Conservatória
Idoneidade da Empresa
Declaração em como pagou os Impostos nos últimos anos
Declaração em como não tem dívidas para com o Estado
Declaração em com o não tem dívidas à Segurança Social
Capacidade produtiva / técnica
Alvará para a competente classe e tipo de obra
Curriculum vitae da empresa em obras semelhantes 14
C.V. dos técnicos destacados para a obra
Plano de estaleiro
Declaração de visita ao local e observação das condições
Plano de Trabalhos
Declaração de subempreiteiros a usar em caso de selecção
Capacidade Financeira
Declarações bancárias de capacidade financeira
Balanço e Demonstração de Resultados dos últimos anos
Documentos justificativos da proposta
Mapa de medições e respectivos preços unitários que serviram
de base à determinação do valor da proposta

Preços unitários para mão-de-obra e equipamento


Cronograma financeiro
Percentagem para trabalhos por administração
Documento reportando a reclamação por Erros e Omissões do projecto

Condições Jurídicas do Contrato

Documento onde se estabelecem todas as relações entre o Dono-de-Obra e o


empreiteiro a quem for adjudicada a Obra.

Estabelece em formato de articulado a seguinte matéria

1- Regime da empreitada e condições de execução

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2- Forma do contrato
3- Execução da empreitada
consignação da obra
plano de trabalhos
execução dos trabalhos
materiais
fiscalização
agentes
funções
modos de actuação
ordens
suspensão dos trabalhos
incumprimento do contrato

4- Pagamentos
prazos
forma
mora

5- Recepção e Liquidação da obra


recepção provisória
recepção definitiva
prazo de garantia 15

6- Rescisão do contrato

7- Contencioso

3.2 - Planeamento da acções do concurso


(Concurso de obra particular por convite)

Regras fundamentais para assegurar o êxito dum concurso


- Manter o sigilo de quais os empreiteiros em concurso
- Motivar o máximo número de concorrentes
- Garantir rigorosas condições de participação igualitária a todos os empreiteiros
- Evitar a posição de privilégio resultante de que tem uma obra para adjudicar ( é
bom ter sempre em mente que também tem que se motivar um empreiteiro com boa
capacidade técnica e bom preço ...)

A PROCURA é um conjunto de acções cujo objectivo é identificar empreiteiros que


evidenciem as seguintes três qualidades:
- Motivação/Interesse/Necessidade
- capacidade
- disponibilidade

É sabido que quando se apresenta uma proposta num concurso o valore dessa
proposta sobe inversamente á motivação.

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O gráfico que se segue procura identificar o conceito:

Sequência de acções:

1-
Envio de carta convite a empreiteiros possivelmente interessados e com
demonstração prévia de capacidade.
Critérios de procura
Envolvidos em obras semelhantes em conclusão
Sediados na zona
Conhecimento particular
16
Anúncio ( a evitar )
Fixar prazo para resposta de interesse em adquirir o Processo de Concurso que
normalmente é pago ( o pagamento prévio é normalmente demonstrativo do
interesse em concorrer )

2-
Em função do número de respostas à carta convite proceder à elaboração do número
de cópias do processo até à data fixada para serem levantados ou, em alternativa,
dar indicação para se dirigirem a uma casa onde se encontram os originais para
reprodução, munidos de autorização para adquirirem cópia.
Estabelecer prazo para esclarecimento de dúvidas sobre o projecto ou o programa de
concurso. (normalmente o primeiro terço do prazo do concurso). Qualquer dúvida
deve ser formulada por escrito sendo a respectiva resposta processada da mesma
maneira a TODOS os envolvidos no concurso

3-
Recepção das propostas até à data limite previamente estabelecida

4-
Abertura das propostas preferencialmente em acto privado ( só é possível em obras
particulares ) mas testemunhado por várias pessoas. Elaborar acta dos respectivos
resultados onde conste:
Quais as empresas admitidas
Quais as empresas rejeitadas e respectivo motivo
Seriação por preço das empresas admitidas
Quem testemunha o acto
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5-
Análise de propostas
Metodologia de análise de propostas
Verificação da documentação fornecida e elaboração de mapa síntese
Solicitação de documentos omissos ( só é possível em obras particulares )
Verificação do orçamento ( são frequentes erros de dactilografia ou de reprodução
das medições e omissões de preços por falta de tempo na elaboração de propostas
que alteram a lógica do preço global e podem eliminar empresas interessantes )
Mapa comparativo dos diferentes orçamentos ( comparação feita por capítulos ou
artigos dos preços das diferentes propostas apresentadas) .
Resulta um conjunto de informações sobre cada artigo ou capítulo da seguinte
natureza:
- Preço na média das propostas
- Preço especialmente baixo ( possivelmente não foi bem interpretado o
projecto)
- Preço muito elevado ( possivelmente não foi correctamente interpretado o
projecto)
Avaliação da capacidade técnica dos concorrentes
- Pelos documentos fornecidos
- Pela visita a obras semelhantes
- Pela análise da disponibilidade em termos de produção
17
6-
Negociação
(em obras particulares)
Convidar os concorrentes com as propostas mais interessantes em termos técnicos e
económicos e dispensar os restantes, mantendo sempre o sigilo entre eles.

Consta das seguintes etapas:


A
Ronda de negociações com o objectivo de se proceder à confirmação ou alteração
dos preços de artigos ou capítulos especialmente baixos ou altos, ou para serem
fornecidos preços omissos no orçamento. Nesta fase mantém-se ainda a mesma
base da proposta inicial não havendo qualquer desconto nem alteração de
soluções, apenas clarificação de dados. Resultam contudo novos valores globais
para as propostas que forem alteradas pelo que se refaz a seriação dos
concorrentes

B
Estudo da estrutura de custos do orçamento e confirmação ou alteração das
soluções pelo Dono-de-Obra. Em caso de alteração de soluções ( normalmente com
o objectivo de baixar o preço da obra) pedido de preço a TODOS os empreiteiros só
para essas alterações. Para tal deves ser elaborado um aditamento ao concurso
preparado pelo projectista respectivo e que é distribuído pelos concorrentes para
orçamentação dentro dum prazo combinado.(é desejável que todas as alterações
sejam feitas de uma única vez pois corre-se o risco de prolongar muito o processo
de negociações)

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Após a apresentação de novos preços e respectiva análise refaz-se a seriação dos
concorrentes

C
Ronda de negociações no sentido de abrir aos empreiteiros a possibilidade de
sugerirem alterações ou variantes que não contrariem o espírito técnico e
arquitectónico da obra mas que concorram para uma redução de preço. ( por
exemplo, deixar que determinado empreiteiro proponha tintas diferentes das
especificadas mas que tecnicamente sejam equivalentes, desde que daí resulte
num menor custo da obra supostamente por esse concorrente ter melhores
condições com o fornecedor desta alternativa)
Todas as alternativas devem ser aprovadas pelos projectistas da respectiva
especialidade Nova seriação de concorrentes

D
Negociação económica e financeira
(normalmente da responsabilidade do Dono-de-Obra)
Fase de estudo de condições de pagamento eventuais adiantamentos ou regime de
revisão de preços
Fase de descontos ( só aqui é que se começam a fase descontos )
Nota importante :
Este faseamento obriga a demonstração de capacidade técnica e empenho das
empresas, contudo representa também um custo que as pode desmotivar afastando 18
por desinteresse destas empresas interessantes. Salienta-se que o sigilo só é
quebrado no final com a comunicação de adjudicação a uma dada empresa. ( por
vezes usa-se a comunicação a todas as empresas da intenção de adjudicação a uma
dada empresa, facto que motiva ainda mais um desconto de eventuais empresas
perdedoras )

7-
Adjudicação

Acto que significa que foi concluída a fase negocial e é determinado empreiteiro que
irá fazer a empreitada

8-
Assinatura do Contrato

Conforme minuta e condições definidas no Programa do Concurso pelo que não há


praticamente nada a negociar.

9-
Consignação

Acto que significa que o empreiteiro a quem foi adjudicada a obra tem autorização
para tomar posse do terreno e iniciar a obra. É a partir desta data que se começa a
contar o prazo de obra

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4 - Fiscalização da Empreitada - Noções Gerais

4.1 Áreas funcionais

A fiscalização duma empreitada de construção é uma prestação de serviços que se


reparte pelas seguintes sete áreas funcionais:

Conformidade (procura garantir que a execução da obra é idêntica ao


previsto em projecto)
Economia (trata das questões relacionadas com custos e facturação)
Planeamento (trata de questões relacionadas com prazos)
Informação/Projecto (condução e registo de toda a informação)
Licenciamento/Contrato (condução, registo e implementação de actos
administrativos)
Segurança (motivar a implementação do plano de segurança)
Qualidade (implementar mecanismos de garantia da qualidade)

Refira-se contudo que embora estas áreas funcionais (AF) sejam subdivididas da
forma apresentada existem profundas dependências entre elas. Na realidade a AF
Conformidade não é mais do que um dos métodos de Garantia da Qualidade e a AF
19
Informação no sentido lato poderia englobar todas as outras.

O grafo que se segue procura dar uma imagem da inter-relação entre AF

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4.2 Agentes da fiscalização

A fiscalização e coordenação de obra são exercidas por agentes da fiscalização em


representação ou nomeados pelo Dono-de-Obra.

Conforme a dimensão e natureza e volume dos trabalhos assim é definida uma


equipa de fiscalização onde se individualizam os seguintes desempenhos:

Director/Coordenador ( Representar e responder pela fiscalização, definir formas


de actuação e promover controlo interno da equipa )
( Garantir o desempenho estabelecido
contratualmente - entre a fiscalização e o D.O. - na respectiva AF)
( Realização de tarefas de frente de obra )
( Tarefas em gabinete)
( Funções específicas como por exemplo topografia, medições,
desenho, ensaios, etc.)
( Funções de assessoria ao nível das respectivas especialidades,
Electrotecnia, Estruturas, Mecânica, Comunicações, Ventilação, Geotecnia, ...)

Obviamente que em muitas situações os diferentes desempenhos podem ser


atribuídos à mesma pessoa, tal só depende das funções estabelecidas
contratualmente e da dimensão do empreendimento. ( Uma das equipas correntes em 20
Construção Civil e que se pode observar em empreendimentos médios de Habitação é
tipicamente constituída por um fiscal residente e um Engenheiro Civil a tempo parcial.
As funções de especialidade são, se necessárias, garantidas pontualmente por um
especialista avençado )

Forma de afectação dos elementos da equipa

Relação com a empreitada - RE


- Durante toda a obra
- Em fases contínuas
- Pontual

Afectação à equipa – AE (Indexação)


- a 100%
- temporária ou percentual ( tipicamente a múltiplos de 10% que corresponde
a meio dia por semana )
- em assessoria a pedido
- em assessoria avençado

Afectação à obra – AO (Taxa de permanência)


- residente ( designação utilizada para permanência a 100%)
- permanência percentual ( tipicamente a múltiplos de 10% que corresponde a
meio dia por semana )
- em visita

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Exemplo

Um especialista de electrotecnia pode integrar-se na equipa de fiscalização em fases


contínuas -durante os trabalhos da especialidade- sob a forma de visita -não prevê
portanto idas regulares à obra- como assessor a pedido
Já um fiscal de carpintaria pode integrar-se numa equipa de fiscalização em fases
contínuas -durante os trabalhos de carpintaria- sob a forma de permanência
percentual -prevê portanto idas regulares à obra- como colaborador temporário

4.3 Organização da Equipa de fiscalização

Ordem interna de serviço

A comunicação interna duma equipa de fiscalização deve ser objecto dum


procedimento padrão de forma a permitir que a informação a comunicar fique sempre
correctamente salvaguardada e possa, em caso de dúvida, ser evidenciada.

Para além das reuniões da equipa de fiscalização onde os assuntos mais importantes
são objecto de acta é corrente existir um documento escrito para validar a informação
tem o nome de "ordem de serviço" ou "folha de ordens" ou "nota de informação
interna" ou " notificação interna"
21

Destina-se fundamentalmente a assuntos mais importantes:


- Ordens disciplinares (repreensões e chamadas de atenção)
- Alterações de horário
- Pedido de atenção especial sobre determinado assunto (acompanhamento de
determinada tarefa da obra)
- Serviços no exterior (não previstos nas funções do receptor da mensagem)

Não se usa para funções do âmbito corrente de cada um dos membros da


fiscalização

Tem os seguintes CAMPOS:


IDENTIFICAÇÃO
- Firma
- Obra
- Local
- Emissor
- Destinatário
DATA/HORA
ASSUNTO
- (pode ter uma "check-box" para os assuntos mais frequentes)
AUTENTICAÇÃO
Organização das equipas

Apresentam-se quatro tipos de organograma funcional de fiscalização correspondendo


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às seguintes categorias de obras.

Tipo Categoria de Obra


I Pequeno armazém ou edifício sem pisos nem compartimentação
Obras de instalação de especialidades de pequeno volume
Valor Global inferior a 0,5M€
II Edifícios correntes, Escolas secundárias, Pontes e viadutos até 40m Estradas
nacionais, Redes de distribuição de água
Valor Global inferior a 5M€
III Edifícios com programas especiais ou Parques habitacionais
Hotéis, Igrejas Teatros, Escolas Universitárias
Edifícios Industriais
Valor Global inferior a 25M€
IV Intervenções Urbanas construídas de Grande dimensão e intenso ritmo de
obra
Grandes centros Comerciais ou Industriais
Infra-estruturas de Transporte
Pontes de Grande Vão, Barragens

Nota: A descrição feita destina-se apenas a dar uma ideia tipo das empreitadas e
equipas de fiscalização padrão ou previsíveis em termos médios. Qualquer
empreitada de categoria inferior decorrendo a elevado ritmo ou com âmbito de
controlo alargado a todas as áreas funcionais obriga, obviamente, a equipas de tipo 22
superior, eventualmente constituídas de forma diferente das que se pretendem
apresentar.

TIPO I

Com elevado apoio de sede central

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TIPO II

Com algum apoio de cede central principalmente a nível administrativo. Neste tipo a
equipa de obra tem já autonomia plena em termos de Direcção e Coordenação
embora normalmente com um quadro deslocado em percentagem.

23

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TIPO III

Reduz-se muito o apoio de sede central podendo mesmo não existir. Em sede central
realizam-se apenas tarefas administrativas de controlo do contrato de fiscalização
(facturas, etc.) e eventuais processamentos automáticos para controlo de
planeamento e financeiro. Verifica-se assim o aparecimento em obra dum núcleo
administrativo destinado principalmente para secretariado, embora podendo não o
ser a 100%

A direcção coordenação não é normalmente feita a 100%

Surge já individualizado um responsável por áreas funcionais (Eng.º Civil) a quem


compete a coordenação no terreno dos fiscais de frente

24

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TIPO IV

Não tem apoio de cede central ou é muito reduzido apenas para tarefas
administrativas de controlo do contrato de fiscalização (facturas, etc.). Verifica-se
assim o aparecimento em obra dum núcleo administrativo completo a 100%.

A direcção coordenação é normalmente feita a 100%

Surge já individualizado um responsável por áreas funcionais (Eng.º Civil) a quem


compete a coordenação no terreno dos fiscais de frente

25

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4.4 Matriz de atribuições da fiscalização

Um dos documentos habitualmente incluído no caderno de encargos dos serviços de


fiscalização é uma denominada matriz de atribuições ou matriz de procedimentos que
pretende repartir as atribuições decorrentes das Áreas Funcionais pelos elementos da
equipa

Exemplo

26

Esta matriz pode ter uma outra versão alternativa, mais detalhada. em que cada área
funcional tem os respectivos procedimentos detalhados, e mais ainda esclarece a
existência de assessoria técnica, acompanhamento em fase de garantia, etc.

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5 - Área Funcional de Conformidade
Objectivos:

1 - Implementar mecanismos destinados a "garantir" a igualdade (conformidade)


entre o projecto e a obra.
2 - Garantir que a totalidade do projecto foi executada

A garantia referida apenas decorre da implementação dos mecanismos aprovados


contratualmente com a fiscalização, ou seja, do tipo e extensão das rotinas de
inspecção, dos ensaios, da cobertura (percentagem de obra efectivamente
controlada), etc.

É muito importante clarificar que:

Quem tem que garantir e ser responsável pela conformidade da obra é o empreiteiro.
Esta garantia decorre até ao prazo contratado (5 anos em OP).

Exemplo:
Caso o projecto contenha soluções com as quais o empreiteiro não concorde e que
ainda assim o projectista entenda manter, o empreiteiro deve excluir essas soluções
27
da garantia de obra para desta forma se inibir de responsabilidades.

Exemplo:
Caso se detecte um erro numa tarefa cuja fiscalização claramente devia acompanhar
(classe de betão por exemplo) quem é responsável por esse erro é o empreiteiro e é
ele que deve assumir os encargos da respectiva reparação. Contudo, à fiscalização
pode ser aplicada uma penalização (multa) por não ter implementado correctamente
os referidos mecanismos a que contratualmente estava obrigada A matriz de
atribuições é um documento importante para clarificar quais mecanismos estão
contratados.

A actividade de conformidade decorre não apenas na fase de execução duma obra,


mas, preferencialmente deve ser possível desenvolvê-la em outras fases posteriores e
anteriores. O próprio esforço/concentração a desenvolver deve ser maior em fases
anteriores à execução.

Comentário:
É em parte devido a esta constatação que é desejável que os serviços de fiscalização
sejam contratados com início na revisão de projecto

O gráfico que se segue procura ilustrar o conceito referido. Na base da pirâmide as


fases mais recuadas (projecto) a necessitarem maior esforço de conformidade
(eliminação de erros, omissões, incoerências, etc), no topo da pirâmide a última fase
(recepção) que deve, ao contrário do que é habitual, necessitar dum pequeno esforço,
funcionando quase como que uma formalização, em vez de uma confirmação.

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5.1 Procedimentos ao abrigo da área funcional conformidade

Reuniões de preparação de obra


Rotinas de inspecção dos trabalhos
Ensaios de desempenho e recepção

28

5.2 Reuniões de preparação de obra

Conjunto e reuniões prévias ao desenvolvimento da obra destinadas a antever quais


as metodologias necessárias implementar pelos intervenientes na obra.

Os intervenientes são os seguintes:


Fiscalização
Empreiteiro
Dono-de-Obra ( a convite se necessário )
Projectista ( a convite se necessário )

São reuniões convocadas com antecedência relativamente à data em que se prevê


realizar os trabalhos aí abordados. A antecedência típica é cerca de um mês.

Realizam-se segundo uma das seguintes metodologias:


- Periódicas, tipicamente mensalmente
- Por Arte, com antecedência sobre o início de cada uma das artes,
tipicamente antes de "movimentação de terras" "fundações" "estrutura"
toscos" " impermeabilizações", etc.

A agenda destas reuniões é a seguinte:

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1. Revisão dos elementos de projecto

2. Esclarecimento de eventuais dúvidas

3. Apresentação por parte do empreiteiro das tecnologias a utilizar identificando


materiais( fornecedores e datas de entrega), mão de obra ( identificando tarefeiros se
existirem ), equipamentos (identificando datas de entrada em obra e fornecedor em
caso de equipamentos alugados).

4. Identificação da sequência de tarefas e respectivos locais de execução.

5. Aprovação da fiscalização para as tecnologias apresentadas

6. Confirmação de prazos (datas de início e fim previstos ). Tarefas que as antecedem


e que terão de estar concluídas.

7. Confirmação de condições orçamentais.

8. Apresentação por parte da fiscalização de quais os meios de controlo a incidir sobre


essas tarefas:
- Ensaios
29
- Autorizações de início
- Licenças especiais
- etc.

Na sequência destas reuniões são passíveis de ter lugar as seguintes acções da


fiscalização:
- Pedidos de esclarecimento ao Dono de Obra e/ou Projectista
- Contactos no exterior com fornecedores/tarefeiros/ subempreiteiros para
confirmação/reforço de prazos, fornecimentos e informações dadas pelo
empreiteiro.
- Preparação/Actualização de lista de tarefas em início
- Actualização/Alteração do Plano de Trabalhos

Comentário:
A vantagem destas reuniões é impedir que em cima dos acontecimentos haja
necessidade de resolver questões que com antecedência são simples.
Mais ainda são uma excelente forma de pressionar o empreiteiro a preparar obra e
disso ir dando conhecimento à fiscalização.
Os contactos no exterior, mais do que servirem para confirmar informações, servem
para clarificar muitas vezes na fonte determinados aspectos tecnológicos.

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5.3 Rotinas de inspecção dos trabalhos

É talvez o aspecto mais conhecido da Gestão Técnica dum empreendimento, aquele


que mais se identifica com uma actividade de fiscalização. Embora sendo importante,
não é seguramente o único aspecto a considerar, e a menos que desenvolvido
conjuntamente com as restantes áreas funcionais, deixaria de ser eficaz.

O princípio das rotinas de inspecção dos trabalhos é o de confirmar a conformidade


através duma observação visual credenciada do decorrer dos trabalhos.

Comentário:

Ressalve-se contudo que não há mais garantia de conformidade numa tarefa


observada em permanência do que numa observada sistematicamente ou
aleatoriamente. A garantia de conformidade depende fundamentalmente da atitude
de quem constrói, mais do que da quantidade de pares de olhos que observam a
tarefa. Um acompanhamento a 100% induz uma percepção de policiamento que
contradiz os princípios fundamentais da Gestão Técnica de servir como que um
lubrificante da equipa do empreendimento.

Para um planeamento correcto das rotinas de inspecção devem ser tidos em atenção 30
os seguintes aspectos:
- conhecer em cada dia quais as tarefas em execução
- classificar essas tarefas por ordem de importância

5.3.1 - Mapa de equipas produtivas

Trata-se dum documento elaborado pela fiscalização destinado a inventaria em cada


dia quais as tarefas em execução. Destina-se não só a apoiar a conformidade mas é
sobretudo um documento do domínio a área funcional informação.

É comum em cada dia, logo pela manhã a fiscalização conjuntamente com o


encarregado do empreiteiro preencher o mapa de equipas produtivas. Desta forma
obtém-se logo uma imagem do que se passa em toda a obra:
o que se está a fazer
que tarefas pararam
o que era para começar e não começou
as tarefas que diminuíram ou aumentaram de carga de pessoal

Saliente-se a importância deste procedimento para garantir que em fase de obra


tanto a equipa da fiscalização como também o encarregado da obra estão “dentro” do
evoluir da mesma.

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Deve ainda notar-se a grande importância deste mapa no âmbito da área funcional
planeamento, justamente para detectar ritmos de tarefas e eventuais atrasos (ou
avanços) de forma prematura e assim poderem ser avaliadas as respectivas
consequências.

Este mapa pode ter a forma de tabela conforme se apresenta de seguida:

31

5.3.2 - Natureza das tarefas

Quanto à natureza da importância para a equipa de fiscalização as tarefas duma obra


podem ser classificadas da seguinte forma:
Tarefas chave
Tarefas em início
Tarefas alteradas
Tarefas correntes

Tarefas chave - Ou tarefas irreversíveis, são tarefas que pela sua dificuldade em
sofrerem alterações devem ser acompanhadas com maior cuidado. Numa obra
corrente de habitação com estrutura em betão armado podem ser as seguintes:

1 – Implantações
2 – Fundações
3 – Dimensões estruturais (cofragem)
4 – Armadura (diâmetros e traçado dos varões)
5 - Classe de betão
6 – Implantação Ductos
7 – Primeiras fiadas (alvenarias)
8 – Traçados (passagem de tubagem) das instalações
9 - Impermeabilizações

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Tarefas em início - A fase de arranque duma tarefa é aquela que merece sempre
maior necessidade de apoio da fiscalização com o objectivo de esclarecer dúvidas
verificar o cumprimento do acordado nas reuniões de preparação e comprovar as
tecnologias. Uma vez terminada a fase de arranque assume-se que o esforço de
conformidade deve ser menor

Tarefas alteradas - Para prever uma eventual falha de comunicação, mesmo que a
alteração esteja convenientemente registada e que seja do conhecimento do
empreiteiro, ainda assim é necessário acompanhar a alteração como o objectivo de
verificar se de facto a informação foi convenientemente transmitida à equipa de
frente de obra e se a solução alterada é de facto exequível.

Tarefas correntes - Tarefas que já foram objecto de esforço de acompanhamento


detalhado no arranque e que se encontram em desenvolvimento. São objecto de um
controlo normalmente aleatório.

No que diz respeito à cobertura/acompanhamento das tarefas é possível identificar os


seguintes tipos:
32

5.3.3 - Fichas de controlo de conformidade

Os procedimentos de inspecção assentam num princípio de conformidade de


informações:
confirma-se a informação que é oriunda do projecto com a que por observação é
oriunda da obra
Para facilitar as acções de conformidade é habitual dotar as equipas de fiscalização
dum documento síntese que é utilizado para orientar e sistematizar os procedimentos
do fiscal de conformidade, designa-se por ficha de controlo de conformidade - FCC

O objectivo é num único documento ter concentrada a informação de projecto, um


"punch-list", um fluxograma e um relatório de conformidade que evidencie a presença
da fiscalização nessa tarefa.
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Assim uma FCC integra:
- Lista de falhas frequentes - LFF
- Lista de verificação corrente - LVC

Uma ficha é organizada por CAMPOS dotados dum título, a REFERÊNCIA e


preenchidos por um conteúdo, a MATÉRIA.

Materializam-se por meio de quadros ou grafos de preenchimento por descarga ou


por extenso

Exemplo:
Campo data dum documento

Referência: DATA
Matéria: 23 DE DEZEMBRO DE 2000

Exemplo:
Materialização dum campo por descarga
33

Exemplo:
Materialização dum campo por extenso:

A informação contida numa ficha de conformidade subdivide-se em campos principais


que são os seguintes:

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34

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Organização de fichas de controlo de conformidade

A subdivisão de FCC numa dada empreitada deve ser uma tarefa a cargo do RAF
respectivo. Deve obedecer a um plano segundo o qual sejam identificadas as FCC
necessárias para controlo duma dada tarefa. Designa-se por PLANO DE
CONFORMIDADE.

O plano de conformidade não é mais do que um organograma relacional onde se


estabelecem as relações entre FCC. Por exemplo para controlo de Obra de Betão
Armado podemos ter o seguinte plano:

35

Normalmente utiliza-se uma estratégia que permita a utilização de fichas de umas


obras para outras havendo apenas a necessidade de as adaptar normalmente no
campo "objecto".

Para tal seguem-se os seguintes princípios:

Elaborar fichas tão detalhadas quanto possível e abrangendo o menor


número de tarefas possível. ( Por exemplo não elaborar uma ficha para
conformidade de betão armado mas sim criar várias fichas para recepção de
betão, de aço, controlo de cofragem, controlo de aplicação de aço, betonagem,
etc.)

Permitir que a materialização dos campos posibilite a sua universalidade.


(Por exemplo elaborar uma base que pode ser reproduzida em fotocópia e em
seguida actualiza-la para cada obra )

A preparação de fichas deve ser feita pelo fiscal pois permite garantir que

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este tem um completo conhecimento do projecto. (São particularmente
importantes os campos de "elementos de projecto" pois obrigam a um claro
estudo do mesmo)

Cada ficha deve permitir controlar uma tarefa nos vários locais em que
esta se desenrola. (Por exemplo ter um pequeno corte esquemático do edifício
para permitir evidenciar por descarga o piso/apartamento da tarefa)

A preparação remota destas fichas deve ter lugar após a revisão/estudo do


projecto.

36
5.3 Ensaios de recepção
Os ensaios de recepção ou de desempenho de uma dada empreitada devem decorrer
no final e destinam-se a avaliar a operacionalidade das soluções.

Não se destinam e confirmar características de materiais mas sim das soluções.

Exemplos:

- Desempenho de uma porta ou janela


- Desempenho de um sistema de aquecimento
- Desempenho de abastecimento de água
- Desempenho de circuitos eléctricos
- Desempenho de telecomunicações
- Desempenho acústico (ensaios de prévia certificação)

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37

Note-se que estes ensaios de desempenho representam a quarta vez que


determinada solução é analisada pela fiscalização. A primeira ocorre a propósito da
revisão de projecto, a segunda aquando da reunião de preparação de obra “-1”, a
terceira a propósito das acções de conformidade e esta, de recepção, é a quarta vez.

Refira-se contudo que embora sendo a quarta vez que determinada solução é
analisada tal não significa que é “controlada” quatro vezes pois mesmo os ensaios de
desempenho podem não ser globais, isto é não são aplicados a todas as soluções da
obra. Como se prevê deverá existir também um plano de ensaios de recepção que
valorize os aspectos mais marcantes do desempenho duma dada obra.

Por exemplo, tratando-se duma habitação com comércio no R/C é forçoso proceder-se
a um ensaio acústico para garantir o isolamento necessário.

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5.4 Recepção de Materiais

AUTO DE ENSAIO DE DESEMPENHO


FISCALIZAÇÃO
Identificação da Empreitada: Ref.ª:
Identificação do Empreiteiro:
VI:01:1012:06/07
Dispositivo a ensaiar: Validação Data
Porta corrente de quartos e salas
Solução idêntica à de projecto
Espessura da junta em todo o contorno uniforme e com
cerca de 2mm
Abertura manual
Abertura com chave
Fecho manual
Fecho com chave
Anilhas em carga
Espera de abertura
Três chaves
38

5.5 Autorização de Tarefas

5.6 Pedido de Alterações

5.7 Não conformidades

A constatação de tarefas que não estão a decorrer de acordo com o previsto em


projecto são objecto do seguinte procedimento:

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6 - Área Funcional Economia
Trata das questões relacionadas com custos e facturação e integra todos os
procedimentos relacionados com o registo e tratamento da informação.

“Compete à fiscalização saber em cada momento o que foi pago, o que falta pagar,
em quanto se prevê exceder as previsões e a que correspondem os pagamentos
efectuados”

“Compete ainda à fiscalização identificar o momento em que está tudo pago e a


empreitada saldada”

O documento central nesta área funcional é o ORÇAMENTO CONTRATUAL que numa


empreitada por preço global ou por série de preços assume a forma dum quadro com
a seguinte informação:

40

Procedimentos ao abrigo da área funcional economia

6.1 Conta da Empreitada

Definição: É um conjunto de informações que reporta periodicamente (em princípio


mensalmente) todo o conjunto de despesas duma empreitada.

Este conjunto de despesas é subdividido em contas de despesa:


- Trabalhos contratuais (previstos no orçamento contratual)
- Trabalhos a mais (de natureza idêntica à dos contratuais mas realizados em
quantidade ou local diferente)
- Trabalhos a menos (trabalhos contratuais não realizados)

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- Trabalhos não previstos “extra” (de natureza diferente dos contratuais)
- Multas
- Prémios
- Adiantamentos
- Revisão de preços

O registo de cada conta pode ser feito em folhas do seguinte tipo:

Trabalhos contratuais (mês X)

Trabalhos a mais (mês X)

41

Trabalhos a menos

Notar que os trabalhos a manos, como não são executados, não teriam necessidade
de ser deduzidos (sinal menos) à conta da empreitada.
Na realidade sempre que se identifica um trabalho a menos (tarefa ou parte duma
tarefa que não se realiza por opção do dono-de-obra), para que conste dos registos e
para que no final da obra todas as contas fiquem fechadas (a 100%) , este trabalho
deve simultaneamente ser descarregado com trabalho contratual executado e como
trabalho a menos. Ou seja entra e sai deixando registos dessa saída. No fecho de
41/87 01-07-2011 v1
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contas, a conta de trabalhos contratuais deve estar saldada – todas as tarefas a
100% - e a conta de trabalhos a menos com registo da totalidade dos trabalhos não
executados. De outra forma não saberíamos se o facto duma dada tarefa não estar a
100% significava que “ainda não estava completa” ou “que já não se fazia mais”...

Trabalhos não previstos “extra”

São motivo de reuniões e troca de informação consumindo muito tempo de


fiscalização, pois o empreiteiro está numa posição privilegiada para incluir uma
margem confortável nos seus preços pois não é simples contratar outro empreiteiro
para essa tarefa específica dadas as dificuldades de estaleiro e obra.

Para facilitar esta situação é habitual:

- Salvaguardar a possibilidade de entrada de outro empreiteiro em obra (designado 42


pelo Dono-de-Obra) obrigando-se o empreiteiro geral a disponibilizar mediante
quantias previamente acordadas os meios de estaleiro (grua, água, energia, acessos,
etc.) ( só é possível em obras particulares);
- Acordar aquando da adjudicação preços unitários de referência para as diversas
categorias de Mão-de-Obra, Equipamento e uma percentagem sobre preços de
fornecedor para materiais. (sendo assim, face a um trabalho extra só é necessário
acordar quantidades pois os preços de referência estão acordados).

Multas

Todas as multas devem ser precedidas duma “notificação por escrito” dando ao
empreiteiro um prazo para alegações, pelo que normalmente são aplicadas no mês
seguinte àquele em que são contabilizadas.
“As multas por atraso de conclusão da obra não são um fim do Dono-de-Obra, que vê

42/87 01-07-2011 v1
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nisso uma forma de se ver ressarcido dos atrasos, mas, um – incentivo – para
pressionar o empreiteiro a cumprir os prazos. Como tal nem sempre as multas no fim
do prazo são eficazes pois, por muito que o empreiteiro queira evitá-las, no final dum
prazo já não há nada a fazer se não empenhar-se em concluir a obra, mas com
atrasos. Uma forma de tornar as multas mais eficazes é aplicar multas reversíveis
em prazos intermédios – normalmente em tarefas marco, ou seja que balizam bem a
obra – [ fundações , betão armado, toscos, fecho da obra ]. O não cumprimento dum
desses prazos leva a que seja aplicada uma multa que é devolvida se for cumprido
um dos prazos seguintes”

Prémios

Adiantamentos

43

As condições de resolução do adiantamento (desconto do valor adiantado ao


empreiteiro) podem, em obras particulares, ser acordadas livremente. Por exemplo:
- Proporcionalmente à facturação restante, ou seja, desconta-se em cada
factura vindoura uma percentagem igual à definida pelo valor do
adiantamento sobre os trabalhos em falta à data da concessão do
adiantamento;
- De uma forma única num determinado acto ou momento, por exemplo
aquando do fornecimento do equipamento a que se destinou o adiantamento;
- Em percentagem fixa nos meses seguinte ao do adiantamento, por exemplo
10% ao mês durante os dez meses seguintes.

Revisão de Preços

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
A revisão de preços, que é um mecanismo de garantia dos preços do empreiteiro à
data da “abertura das propostas” é objecto em obras públicas duma metodologia
específica cujo âmbito não cabe neste documento, mas que se traduz num saldo
mensal (devedor ou credor) portanto de sinal positivo (a pagar ao empreiteiro) ou
negativo a receber do empreiteiro.

Auto de Fecho de Contas

A conta da empreitada encerra com um documento formal de fecho de contas que de


um modo formal estabelece terem sido saldadas todas as contas no âmbito da
empreitada. Designa-se por Auto de Fecho de Contas e é assinado pelo empreiteiro,
pelo dono-de-obra e pela fiscalização estabelece o seguinte:
- Identifica as partes, a empreitada a data
- Refere estarem terminados todos os trabalhos e a recepção provisória feita
- Refere estarem saldadas todas as contas ao abrigo do contrato da empreitada . 44
Deve referir explicitamente a natureza das contas como antes exposto.
- Refere por declaração do Empreiteiro não ter dívidas a fornecedores, tarefeiros,
subempreiteiros ou outros que possam alegar direitos sobre fornecimentos daquela
obra.
- Aprova a Conta da Empreitada que se deve anexar
- Vai assinado pelas partes identificadas.

6.2 Autos de medição

A remuneração duma empreitada pode ser feita segundo três tipos


- Avaliações periódicas (mensais) dos trabalhos efectuados
- Avaliações associadas ao término de tarefas marco (fim das betonagens, etc)
- Percentualmente como decurso do tempo

O acto de obra mediante o qual se avaliam as quantidades de trabalho efectuadas


designa-se por Auto de Medição. Tem como objectivo servir de base à avaliação dos
trabalhos efectuados e ao cálculo de valores a facturar.

O acto de obra para elaboração dos autos compete em geral ao empreiteiro mas é
desejável que seja feito em conjunto com a fiscalização para se ganhar tempo na sua
aprovação. Sugere-se o seguinte fluxograma:

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
A aprovação de autos deve ser um direito e dever da fiscalização salvaguardado
contratualmente com o dono-de-obra. Esta garantia contratual é a FUNDAMENTAL em
todo o articulado do contrato com o dono-de-obra pois permite ser usada como
45
argumento de “força” para salvaguarda da qualidade de obra. Efectivamente sempre
que esgotados os meios correntes se verifique que um empreiteiro não cumpre com
os requisitos de qualidade definidos em projecto é-lhe anunciado que essa tarefa
decorre sob a sua responsabilidade NÃO SENDO ACEITE PELA FISCALIZAÇÃO PARA
AVALIAÇÃO e portanto para facturação. Sugere-se sempre prudência e contenção na
utilização destes argumentos.

Basicamente existem duas técnicas para quantificar os trabalhos efectuados para


facturação:

- Avaliar a totalidade dos trabalhos efectuados e obter os trabalhos efectuados nesse


mês fazendo a diferença para o mês anterior;
- Avaliar a partir duma marca ou registo do mês anterior

Esta avaliação deve ser feita de dois modos:

- Por medição das quantidades (Empreitadas por série de preços)


- Por percentagem (Empreitadas por preço global)

O acto de obra deve ser apoiado num documento que permita dispor da informação
necessária aquando da elaboração do Auto Conjunto. Esse documento designa-se
habitualmente por Folha de Auto.

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Esta folha deve ser preparada com antecedência de forma a que contenha apenas as
tarefas que efectivamente estiveram activas no mês em causa. Estas tarefas podem
ser obtidas o Mapa de Equipas Produtivas.

6.3 Facturação

O acto de emitir facturas é da responsabilidade do Empreiteiro após aprovação do


respectivo montantes. O valor a facturar não é mais do que o saldo da conta da
empreitada de cada mês, ou seja:

Factura Mensal = TC + TM +Tm + TE + M + P + A + R

46

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Sendo:
TC – Trabalhos Contratuais
TM – Trabalhos a Mais
Tm – Trabalhos a menos ( devem entrar com sinal negativo )
TE – Trabalhos Extra
M – Multas ( devem entrar com sinal negativo )
P – Prémios
A – Saldo da conta de adiantamento (com sinal + ou – conforme seja a pagar
ou a receber)
R – Saldo da conta de revisão de preços (com sinal + ou – conforme seja a
pagar ou a receber)

Regras de facturação
O acto de facturar, e pagar, uma dada tarefa acaba por ser como que uma pré
recepção e aceitação da tarefa devendo por isso merecer a melhor atenção.

É habitual uma estratégia de SUBFACTURAÇÃO estabelecida por parte do Dono-de


Obra enquanto que o empreiteiro tem naturalmente uma tendência de
SOBREFACTURAÇÃO estes objectivos antagónicos fazem com que a elaboração de
autos e o cálculo de valore a facturar se tornem por vezes um qauebra cabeças em
obra

Deverão ser combinadas com o empreiteiro regras de facturação das tarefas de modo 47
que este possa organizar a sua produção no sentido de facturar mensalmente as
respectivas actividades efectivamente feitas.

Regras:
- Só devem ser facturadas tarefas concluídas (ou seja que esgotem a definição
do mapa de tarefas e quantidades – por exemplo, dum artigo de pintura global
dum edifício, devem-se os pisos já concluídos, mas não aqueles em que ainda
só esta “dada” a primeira demão mesmo que só se facture uma percentagem
desse valor)
- Devem ser facturados os fornecimentos (notar que a noção de fornecimento
não implica estarem tarefas concluídas – por exemplo é aceitável facturar uma
percentagem do valor da tarefa de colocação e fornecimento de portas desde
que estas estejam depositadas em obra, essa percentagem deve ser
ligeiramente inferior ao valor das portas par precaver eventuais danos de
montagem ou armazenamento que as vão desvalorizar)
- É aceitável uma pequena sobrefacturação desde que a tarefa esteja na
iminência de ficar concluída – por exemplo facturar uma betonagem que no
acto de obra ainda está no início, etc..

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6.4 Previsão de custos

Uma das duas informações mais importantes que o dono-de-obra frequentemente


solicita à fiscalização é a previsão do custo total do empreendimento. (a outra é a
previsão de prazos).

É óbvio que uma previsão de custos só pode assentar em informações existentes e


nunca numa estimativa a sentimento ou por palpite...

Tomando apenas como exemplo a previsão baseada nas contas de trabalhos


contratuais TC, a mais TM, a menos Tm e extra TE é possível identificar três estados
de conhecimento de custos futuros:
- Aprovados (no caso dos TC não é mais do que o cronograma financeiro, mas
temos de considerar que pode haver TM,m,E já aprovados cuja repercussão se
prolonga por vários meses. (incerteza destes trabalhos não é nenhuma)
- Em aprovação (são trabalhos cuja necessidade de se executarem não está
em causa mas não foi ainda possível acordar preço)
- Suspeitos (embora não tenha sido formalizada a sua necessidade a
fiscalização já dispõem de informação de que serão necessários – informação
dos fiscais de obra, de conversas informais, da revisão de projecto ou da
preparação de obra) apresentam valores com maior incerteza
48
É habitual organizar estas previsões num quadro:

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6.5 Controlo Orçamental

O Controlo orçamental trata fundamentalmente de fazer uma comparação entre


previsões e facturação real identificando desvios. Deve ser feito em colaboração com
a avaliação da produção e coma elaboração de autos.

Em síntese baseia-se na elaboração de mapas comparativos e no comentário dos


desvios integrando as informações dos Autos, Facturação e Previsão de Custos

49

Notar que um dos descritores de produção é o TRABALHOS PRODUZIDOS ou seja a


soma de todos os trabalhos reais realizados e serve para identificar DESVIOS se o
subtrairmos aos trabalhos contratuais previstos (CRONOGRAMA FINANCEIRO)

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7- Área Funcional Planeamento
Trata de questões relacionadas com prazos e encerra um conjunto de procedimentos
destinados a conhecer controlar e prever a evolução da obra no tempo. No âmbito
desta área a fiscalização deve conhecer em cada momento o estado das tarefas:
- Em execução (avançada, atrasada, em dia)
- Não iniciada
- Suspensa
- Executada

O documento central em todo este processo é o plano de trabalhos. Embora existam


vários métodos para elaborar e calcular um plano de trabalhos (CPM, PERT, ROY –
tarefas nos nós PROJECT - , LOB – linhas de equilíbrio, etc) é sempre habitual
expressar o resultado final desse plano através dum diagrama de Gantt ou GRÁFICO
DE BARRAS.

50

Procedimentos ao abrigo da área funcional planeamento

- controlo de consumos

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7.1 Controlo do Plano de Trabalhos

O controlo do plano de trabalhos passa por efectuar um conjunto de tarefas de


aceitação, revisão e acompanhamento.

Plano inicial

É habitual elaborar-se para concurso um plano numa escala desadequada ao controlo


de obra. Efectivamente essa escala é suficiente para um compromisso de contrato
mas não para acompanhar a obra nos seus detalhes entre tarefas e sus repartição por
diferentes locais e frentes de trabalho. Assim solicita-se um plano inicial de obra que
não é mais do que uma espécie de zoom sobre as barras das principais tarefas.

Este plano de obras deve ter uma escala de tempo no mínimo à semana e identificar
o percurso de cada equipa produtiva em obra. Este detalhe não é necessário para um
horizonte temporal total podendo incidir apenas sobre os primeiros meses de obra, e
à medida que esta for avançando ir detalhando o plano.

51

Acompanhamento do desenvolvimento de tarefas

Para as tarefas com maior expressão no tempo total de duração da obra – ou seja as
tarefas com maior duração do caminho crítico é recomendável fazer um controlo do
desenvolvimento da tarefa ao longo do tempo para ir fazendo previsões de conclusão
e verificar se esta irá cumprir o prazo programado. É sempre mais útil evidenciar um
atraso numa fase inicial da tarefa – em que se podem tomar medidas para recuperar
– do que constatar o facto apenas no final. Para se efectuara este acompanhamento

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procede-se ao cálculo do rendimento da tarefa observando o rácio da quantidade de
trabalho realizado sobre a quantidade de. Mão-de-obra produtiva utilizada.

Um documento fundamental para obter parte desta informação é o mapa de equipas


produtivas!

Um diagrama de linhas de equilíbrio permite-nos visualizar este conceito e o modo de


fazer previsões:

52

Revisão de Planos e Aprovação

Um plano de trabalho deve sempre ser visto como um documento guia para
optimização e previsão do desenvolvimento duma obra mas não pode ser considerado
infalível nas suas previsões. Um obra não é mais do que um conjunto de tarefas com
necessidade de grande coordenação entre elas que muitas vezes é difícil de
conseguir, gerando por isso atrasos e alteração do plano previsto. Surge assim a
necessidade de periodicamente solicitar ao empreiteiro a revisão do plano de
trabalhos. Justifica-se este pedido sempre que, pelo menos:
- se verifiquem atrasos superior a 25% do tempo decorrido desde que se
iniciou o último plano;
- esteja alterado o caminho crítico;
- tenham sido introduzidas novas tarefas extra com influência no caminho
crítico.

Compete à fiscalização solicitar formalmente a revisão do plano e ao empreiteiro


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executa-la no tempo aprovado.

A apresentação dum novo plano prevê a necessidade duma aprovação formal. Para
tal devem ser observados os seguintes aspectos:
- Foram alterados os motivos da reformulação
- O plano está actual
- Enquadra-se nos prazos contratados
- Apresenta rendimentos razoáveis ou é conseguido um ganho de tempo à
custa de aumento de rendimentos
- Tem conflitos tecnológicos ( por exemplo montar alvenarias num piso que
ainda em escoras de cofragem)

7.2 Balizamentos periódicos - controlo de consumos

O Balizamento não é mais do que um balanço de produção efectuado em intervalos


de tempo iguais em que se compara o estado previsto como real de forma a avaliar o
estado de avanço e atraso das tarefas.

53

Verifica-se no balizamento B1 que as tarefas T1 e a T5 se encontram atrasadas. No


balizamento B2 verifica-se que a tarefa T1 não recuperou o atraso embora esteja
quase completa, tendo mesmo dado lugar ao arranque da tarefa T2 mas que se
encontra atrasada. As tarefas T6 e T6 também se encontram atrasadas.

Podemos traduzir um balizamento por meio dum quadro. Por exemplo para B1:

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Uma outra forma de fazer um balanço das tarefas é por meio do controlo do consumo
de materiais ou de mão-de-obra prevista para essa tarefa ou para a obra na
totalidade. É habitual designar estes quadros de controlo de consumos como
MATRIZES DE CONSUMO.

54

Verifica-se que o atraso observado em B1 e em B2 tem tradução no consumo de


cimento que se encontra abaixo do previsto. Este tipo de “matrizes” pode apresentar-
se sob a forma de gráfico.

7.3 Previsão de prazos


No ponto anterior limitamo-nos a referir % da tarefa identificando desvios que não
nos permitem identificar atrasos ou avanços.

Estes avanços ou atrasos duma tarefa podem-se avaliar-se em termos de tempo (de
calendário) decorrido ou em termos de produção (quantidade) realizada e é
frequente assistir-se a alguma confusão neste domínio! Efectivamente o ter decorrido
50% do tempo previsto não quer dizer que tenha sido executado 50% da produção e
muito menos que faltam outros 50% para concluir...!

Vejamos os seguintes casos de possíveis situações duma mesma tarefa avaliada


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decorridos 50% do tempo de calendário que lhe estava atribuído:

Considere-se; T = tempo decorrido, P = produção efectuada e F = Percentagem de


tarefa em falta

55
As percentagens em falta a partir do momento do balizamento são:

(ver representação da seta a tracejado no grafo)

7.4 Multas por atraso

A contabilização de multas e prémios relacionadas com prazos é uma das funções da


AF Planeamento dado ser neste âmbito que se detém informação sobre previsões e
estado das tarefas.
Na realidade não se trata mais do que recolher dados contratuais e ir contabilizando
os avanços ou atrasos nos termos estabelecidos.
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8 - Área Funcional Informação/Projecto
O objectivo fundamental é garantir a condução e registo de toda a informação
relacionada com a obra. Tudo o que se passa em obra é informação e como tal a
fiscalização deve ser conhecedora

“A fiscalização deve ser como um “mau carteiro” relativamente à informação que


circula entre os intervenientes pois além de “transportar” e endereçar a informação
toma conhecimento e regista-a”

Fluxograma para circulação da informação, onde se evidencia a posição central da


fiscalização a “cortar” todos os fluxos entre intervenientes e com indicação dos fluxos
naturais que devem ser evitados.

56

Procedimentos ao abrigo da área funcional Informação Projecto

8.1 Arquivos de Obra

Trata-se duma função típica de secretariado cujo objectivo é permitir o acesso rápido
e pesquisa de informação.
Estão disponíveis no mercado sistemas informáticos que permitem arquivo
electrónico, os quais, uma vez classificada essa informação disponibilizam a
possibilidade de pesquisa por qualificada ou seja, por assunto, por intervenientes, por
palavras-chave, por data, etc.... Estes sistemas, embora recentes no mercado, são
incontornáveis em empreendimentos de grande dimensão.

ARQUIVO DE OBRA – ARQUIVO ADMINISTRATIVO

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- Correspondência (recebida, enviada) por intervenientes
- Fax (recebidos, enviados) por interveniente
- Mails (recebidos, enviados) por intervenientes
- Folhas de Assunto
- Diário da Fiscalização
- Relatórios Mensais
- Actas de reunião

ARQUIVO DE OBRA – ARQUIVO TÉCNICO


- Catálogos técnicos
- Documentos de Homologação
- Ensaios (resultados, especificações)
- Normas de Construção
- Legislação da Construção

8.2 Arquivo de Projecto

Local onde é possível consultar e actualizar o projecto do edifício bem como outra
informação que lhe diga respeito em geral esboços e documentos descritores de 57
soluções variantes ainda não consubstanciados em versão de projecto.
Compete à fiscalização ser conhecedora do projecto, no fundo da informação nele
contida, e promover o seu endereçamento a quem se destina (DO. EMP, PROJ,...)
ARQUIVO DE PROJECTO
- Projecto contratado (versão que faz parte do contrato)
- Projecto executado (versão contendo todas as variante e aditamentos entretanto
decididos em obra)

Embora não seja habitual incumbir a Fiscalização da elaboração das “telas finais” ou
“as build” (“projecto” final conforme construído) no mínimo é responsável por colher
informação para rever as “telas finais” elaboradas pelo empreiteiro.

8.3 Reuniões

A circulação de informação em obra necessita dum momento no qual de um modo


formal seja possível reunir opiniões de diversos interlocutores para dar resposta ás
questões que implicam diálogo e intercâmbio de ideias. Além disso é boa prática
reunir informação dispersa trocada em diversos locais e por vezes sem a presença de
todos os interessados.

Esse momento é a REUNIÃO DE OBRA.


Todos os assuntos importantes, mesmo que já resolvidos, devem ser levados à

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reunião de obra para conhecimento dos restantes interveniente e para registo
Um dos aspectos incontornáveis duma reunião de obra é o facto da informação aí
veiculada ser registada de modo a evidenciar-se o conhecimento de todos os
intervenientes.

TIPOS DE REUNIÃO
- ORDINÁRIAS
o Obra (semanal) [ presenças: FISC. EMP. PROJ (DO) ]
o Preparação (-1) (mensal) [ presenças: FISC EMP. (PROJ) (DO)]
o Projecto (mensal) [ presenças: FISC PROJ (DO)]
o Coordenação [ presenças: FISC DO ]

- EXTRAORDINÁRIAS
o Preços [ presenças: FISC EMP. (DO)]
o Autos [ presenças: FISC EMP]
o Etc.

Para que uma reunião possa ser útil e constituir evidência dos assuntos aí tratados é
necessário que se sigam os seguintes procedimentos:

58

A visita de obra previamente à reunião destina-se apenas a observar aspectos que


possam vir a ser necessários para esclarecer

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A sequência de assuntos numa reunião de obra deve ser feita segundo grupos de
temas afins e não de forma mais ou menos aleatória. Além disso, dentro de cada
grupo, deve-se poder identificar o estado de desenvolvimento de cada assunto

Condução dos trabalhos:

a) Identificação dos presentes (torna-se mais importante nas primeiras reuniões ou


quando estão presentes substitutos ou convidados para determinado assunto – a
presença de convidados que podem ser assessores, especialistas, fornecedores, etc,
normalmente só se verifica aquando dos assuntos que lhes dizem respeito
abandonam a reunião depois de tratados -) Devem ser identificados pelo nome, pela
empresa e pela hora de chegada e saída bem como uma sigla que facilite a referência
no texto.

59

b) Elaboração de acta com o objectivo de obter evidência dos assuntos tratados.


Notar que uma das vantagens duma reunião é poder ser possível obter a opinião de
muitos intervenientes de forma a ter todas as perspectivas rapidamente tomar-se
uma decisão. Essa decisão deve ser registada para clarificação de todos os presentes.

Uma das técnicas de elaboração de actas é aquela em que apenas se registam


decisões, omitindo-se o conteúdo da troca de opiniões e argumentação prévia. Esta
técnica alivia muito o trabalho de registo de acta mesmo que algum dos
intervenientes declare expressamente que pretende ver registadas a sua
argumentação.
Deve sempre registar-se qual ou quais dos presentes aprovaram ou rejeitaram
determinada decisão. Na omissão entende-se que todos o fizeram.
O conteúdo duma acta deve ser sempre lido em voz alta, preferencialmente após a
escrita.

c) Abordagem e condução de assuntos


A menos que seja esse o objectivo, não é desejável levar assuntos a uma reunião
com o objectivo de auscultar a opinião dos presentes. Normalmente assim perde-se
muito mais tempo pois numa situação destas em vez de se estar a convergir para
uma solução permite-se ainda divergir em todas as direcções que os presentes
pretendam. Este “brain storming” não leva em geral a lado nenhum...
Os assuntos devem estar previamente tratados levando-os à reunião para
conhecimento e aprovação duma entre as várias soluções (se as houver).

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
Por exemplo:
“O Dono de Obra pretende questionar se a cor exterior do edifico é a mais adequada”
Este assunto deve ser previamente tratado da seguinte forma:
- Colher a opinião do Dono-de-Obra identificando as suas dúvidas que
poderiam ser – porque é que não é igual à do edifício do lado? gosta mais da
cor azul... e quer uma tinta mais barata para ver se reduz o custo.
- Colher a opinião do Arquitecto identificando as suas alternativas que
poderiam ser – manter a mesma cor pois é a mais adequada ou alterar para
outra muito parecida
- Colher a opinião do Empreiteiro identificando as suas tendências e
condicionantes que poderiam ser – qualquer alteração obrigaria a indemniá-lo
pois já tinha em obra a tinta prevista, fora isso pinta com quqlquer cor mas
demora sempre duas semanas a fazer e ter disponjível nova encomenda
- A Fiscalização entende que para ver este assunto melhor esclarecido é
necessário colher catálogos de cores e preço de empreiteiro para
indemnizações e para a nova tinta.

Em reunião de obra bastaria ser a Fiscalização colocar aos presentes uma síntese das
suas próprias condicionantes e opções de forma a obter decisões definitivas para este
assunto”.

Divergência 60
Outros dos aspectos mais importantes da condução de assuntos é procurar evitar que
durante uma argumentação e troca de opiniões se saia assunto em questão porque a
meio da argumentação apareceu outro. A fiscalização deve registar esse assunto novo
para que se aborde mais tarde, mas deve sempre forçar para que se termine o
assunto em questão

Tempo excessivo
Sempre que o tempo de argumentação e troca de opiniões em torno duma questão
começo a ser excessivo, uma das técnicas de evoluir nessa questão é registar uma
síntese em acta e fazê-la aprovar pelos presentes, de modo a ir estabelecendo bases
que permitam chegar a uma decisão.

Aceitação virtual
Outra técnica de condução de reuniões, particularmente importante quando as partes
não ultrapassam um determinado ponto que permitiria chegar a um acordo, é fazer
assumir pelos presentes uma aceitação virtual do ponto de vista de uma das partes e
seguir na discussão verificando se é de facto esse o único ponto de desacordo ou se
há mais.

Por exemplo:
“O projectista de acústica entende que o material de revestimento duma parede não
pode ser alterado como pretende o Dono-de-Obra para colocar um outro revestimento
mais barato mas que não tem características técnicas ensaiadas. Assumindo que o

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projectista de acústica aceita a alteração, é possível prosseguir colhendo opiniões da
arquitectura e do empreiteiro no sentido de se verificar se lhes é indiferente tal troca.
Poder-se-ia chegar à conclusão que tanto o empreiteiro, por questões de prazo, como
o arquitecto por questões estéticas inviabilizam tal alteração e então o assunto
encaminha-se para uma solução no sentido do pretendido pela acústica. Se, caso
contrário, ambos viabilizam a alternativa e a questão volta a centrar-se na acústica,
agora sim, merece o esforço de se encontrar uma solução: porventura avançar para a
execução de ensaios, admitindo que são viáveis em termos de custo e prazo.”

Pontos chave
Uma outra técnica para obter consenso é identificar claramente quais são os aspectos
que identificam o desacordo (listando-os) e impedir que se assumam posições de não
aceitação em geral tipo “não concordo” sem mais argumentos. Essa lista contém
pontos-chave a serem analisados para se atingir um eventual acordo

Identificação de responsáveis e de prazos


Sempre que uma dada decisão passa pela acção de algum dos intervenientes é
sempre necessário identificar bem que é responsável por essa acção e em que prazo
a deve ter efectivada.

d) Autenticação da acta
A melhor técnica é sempre conseguir escrever e duplicar a acta no local da reunião de 61
forma a conseguir-se a aprovação e posterior cópia após rubricada pelos presentes.
Muitas vezes ( na generalidade) elabora-se apenas um rascunho com notas que
depois é dactilografado e enviados para aprovação. Mesmo nestes casos sempre que
possível deve-se colher a rubrica dos presentes no próprio rascunho e distribuir
cópias do mesmo. A utilização de papel químico ou folhas de cópia é uma boa técnica
para a elaboração do rascunho pois evita a necessidade de tirar uma cópia em obra.

A utilização de gravador para elaboração de acta é uma excelente técnica mas obriga
a ter em atenção o seguinte :
- No início é necessário identificar os presentes, devendo para tal cada um
dizer o seu nome e empresa em voz alta.
- Gravar toda a reunião e depois fazer a síntese para a acta ouvindo TODA a
reunião é impraticável. Em geral só se faz gravação integral para eventual
futura audição em caso de necessidade.
- Só se grava efectivamente o conteúdo da acta, interrompendo-se a reunião
(silêncio) e falando-se para o «gravador». Se algum dos presentes tiver
objecções deve-o dizer em voz alta.
- Se houver imagens ou documentos a anexar á acta devem descrever-se os
documentos em voz alta e autentica-los com a rubrica dos presentes

ASSUNTOS DUMA ACTA (para condução dos trabalhos)


1 – Gestão (aprovação de actas, contrato, licenças, etc)
2 – Técnicos (questões das diferentes especialidades do projecto e da obra)
Assuntos Novos

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Assuntos Pendentes
Assuntos Aprovados
3 – Económicos (AF Economia)
4 – Planeamento (AF Planeamento)
5 – Segurança (AF Segurança)

A técnica de se recorrer à subdivisão dos assuntos em NOVOS, PENDENTES e


APROVADOS contribui para uma maior eficácia das reuniões. Assim os assuntos
pendentes, normalmente os primeiros a serem abordados dentro de cada assunto
podem ser previamente listados e verificados os avanços que comprometiam o seu
estado de pendente. Caso se resolvam passam para aprovados.
Note-se que um assunto novo tem sempre um duplo registo, na sua condição de novo
e na condição decorrente do desenvolvimento que sofreu nessa reunião passando
para pendente ou aprovado conforme o caso.

Exemplo de folha de acta:

62

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8.4 Gestão de Assuntos

(Folha de Assuntos, Diário,


Um dos principais aspectos da actividade da fiscalização prende-se com o registo
acompanhamento e motivação da resolução dum sem número de situações que
genericamente se enquadram na designação de assuntos (alterações de obra, falhas
de segurança repetidas, pedidos de preço ao empreiteiro, resolução de aspectos
legais ao nível do licenciamento, tarefas com alguma extensão a executar pela
fiscalização, etc.)

Embora seja sempre possível utilizar a memória como condutora destes assuntos é,
no mínimo prudente, recorrer a um registo e codificação destes assuntos para se
evitarem situações de esquecimento e de interpretação errada de situações que
futuramente podem ser dramáticas.

Por exemplo:

Aquando da licença de obra verificou-se a exigência camarária de alterar a direcção


de entrega de efluentes líquidos, embora tal decisão não tenha condicionado a
licença. A resolução deste problema no início da obra não levanta qualquer dificuldade
63
pois basta solicitar dados sobre cota de entrega aos serviços municipais e após
resposta solicitar ao projectista que proceda ás devidas correcções dispondo até de
algum tempo pois a obra está em escavações e betonagem de fundações, muito antes
de se iniciarem valas e colocação de tubagem. Um esquecimento será dramático...!!!
Uma folha de assunto permite ter este registo com dados da sua evolução até ficar
resolvido. Mesmo um esquecimento pontual certamente será relembrado com uma
consulta metódica de assuntos “em aberto”.

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Folha de assunto

A folha de assunto não é mais do que um documento interno da fiscalização, até


pessoal dos fiscais, do RAF ou do Director no qual se registam dados e evolução dos
diferentes assuntos em desenvolvimento a cargo da fiscalização.

Todos os assuntos devem ter uma codificação para melhor referência e percepção

AREA:nn:OBRA:dd/mm

AREA – código da área do projecto, por exemplo FUND para fundações ou PINT para
pinturas
nn – número sequencial para cada área
OBRA – código numérico da obra, atribuído pela fiscalização
dd –dia de calendário em que se iniciou o assunto
mm – mês em que se iniciou o assunto

64

Hoje em dia existe “software” que dá apoio ao preenchimento de fichas deste tipo,
mesmo a partir de estações remotas tipo PDA ou telemóvel utilizando SMS. As
potencialidades são obviamente muitas e inequivocamente superiores às
disponibilizadas por um sistema manual tipo “memorando”.

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
Diário da Fiscalização

Um outro documento interno para consumo pela equipa de fiscalização é o Diário da


Fiscalização. Trata-se dum documento elaborado com o objectivo de registar as
principais ocorrência de cada dia de obra. É em geral preenchido pelos fiscais de obra
no final do dia. Pode ter a seguinte folha tipo

65

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
Nota Escrita (Folha de Ordens) (Nota de Informação) (Ordem de Obra)

Documento de obra utilizado para informação que se pretende evidenciada a sua


recepção. É usada para questões de toda a natureza mas que possam assumir
alguma importância. Em primeira instância a informação é verbal.

66

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Relatório Mensal

O Relatório Mensal não é mais do que uma síntese de todos os restantes registos de
informação de modo a converter-se num documento para o Dono-de-Obra. Tem a
seguinte organização:

1. Introdução
2. Período a que diz respeito
3. Assuntos Pendentes
4. Análise de Ocorrências
4.1 Gestão do Empreendimento
4.2 Projecto (Ass. Técnicos)
4.3 Produção (Ass. de tecnologia do empreiteiro)
4.4 Qualidade
4.5 Segurança
5. Análise de prazos
5.1 Comentário Geral
5.2 Previsão de conclusão (Balizamento, Prazo anterior, Prazo actual)
6. Análise económica (resumo da situação)
6.1 Autos aprovados no mês
6.2 Balanço global à data
7. Relação de anexos
67
7.1 Controlo de prazos
7.2 Controlo de meios do empreiteiro
7.3 Controlo económico
7.4 Controlo de qualidade
7.5 Controlo da Segurança
7.6 Registo fotográfico

Um dos aspectos habitual a incluir no relatório é um registo fotográfico dos principais


momentos da construção. Esse registo deve ser estrategicamente elaborado de modo
a pode evidenciar determinados aspectos da construção principalmente os que ficam
ocultos. É também importante com registo para elaboração de “telas finais”

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
9 - Área Funcional Licenciamento/Contrato
Relaciona-se com o cumprimento, condução, registo e implementação de actos
administrativos

Procedimentos ao abrigo da área funcional Licenciamento/Contrato

Resolução)

Fiscalização Municipal, Livro de Obra, Vistorias Finais, Licença de utilização )


os legais da Empreitada (Adjudicação, Consignação,
Autos de multa, Autos de suspensão, Recepção Provisória, Auto de Fecho de
contas, Recepção Definitiva)

9.1 Cumprimento de actos da Contratação (Contrato,


Assinatura, Aditamentos, Resolução)
68
Prende-se com a promoção e garantia de efectivação dos seguintes actos
relacionado com o contrato:
Assinatura
Aditamentos
Resolução (Amigável ou Litigiosa)

9.2 Cumprimento de actos do Licenciamento


Licença de Obra,
Visitas e Fiscalização Municipal,
Livro de Obra,
Vistorias Finais,
Licença de utilização

9.3 Cumprimento de actos legais da Empreitada

Ao abrigo deste procedimento devem ficar satisfeitas os seguintes actos:


Adjudicação,
Consignação,
Autos de multa, prémio, inquérito e suspensão
Recepção Provisória,
Auto de Fecho de contas,
Recepção Definitiva
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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
10 - Área Funcional Segurança
Tem como objectivo motivar e observar a implementação do plano de segurança uma
vez que à fiscalização não lhe é atribuído nenhum papel na legislação nacional de
segurança.
Contudo não deixa por isso de ser uma das funções da fiscalização assumir em adição
aos restantes actores da segurança um papel de reforço e verificação da acção
destes.

Procedimentos ao abrigo da área funcional Segurança

contratação da segurança

10.1 Verificação da contratação da segurança

Não é mais do que proceder a uma verificação de todos os elementos de segurança:


69
Compilação técnica
Plano de Segurança e Saúde
Coordenador de Segurança e Saúde
Informação ao IDICT

10.2 Acompanhamento da implementação da segurança

Reparte-se por duas acções:


REGISTO: Actos de segurança, falhas (não conformidades), acidentes
ALERTAS: Em situações que embora não previstas no PSS possam vir a tornar-
se perigosas.

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
11 - Área Funcional Qualidade
Trata-se duma área envolvente de toda as restantes que tem como objectivo
implementar mecanismos de garantia da qualidade

Procedimentos ao abrigo da área funcional Qualidade

materiais, Adequação de Mão-de-Obra e Equipamento, Aprovação de


tecnologias, etc)

11.1 Qualidade dos serviços de fiscalização

É de todo importante que os serviços de fiscalização disponham de mecanismos de


gestão da qualidade uma vez que para garantir qualidade de algo é necessário tê-la
internamente.
O referencial proposto pelas ISO9002/96 é o objectivo a seguir para se conseguir
uma CERTIFICAÇÃO no sistema nacional da qualidade. 70

Em síntese tal referencial define:


Identificação clara dos requisitos do cliente
Definição de processos e de procedimentos
Formação de quadros
Atendimento ao cliente
Reclamações
Auto pesquisa de não conformidades (dos serviços)
Plano de medidas preventivas para evitar não conformidades
Um outro referencial é o disponibilizado pelo LNEC ao atribuir alvará de gestor da
qualidade.

11.2 Qualidade dos trabalhos de obra

Reserva-se para a AF Qualidade o conjunto de procedimentos de GARANTIA da


qualidade que obrigam a alguma especialização e fogem do que um fiscal de frente
habitualmente faz.

A ideia da garantia da qualidade é considerar a obra como um sistema e controlar as


entradas nesse sistema. Traduz-se na prática por algumas acções da seguinte
natureza:

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Recepção de materiais
Certificação da Mão-de-Obra
Recepção de equipamentos Equipamento

Aprovação de tecnologias, por meio de ensaios um pouco mais complexos:


- Controlo topográficos
- Medição de teores de humidade
- Medição de empenos de paredes antes de pinturas
- Avaliação da resistência à compressão por meio dum esclerómetro
- Avaliação de espessuras de películas de tinta ( sobre metal e madeira)
- Monitorização de pressão de redes hidráulicas
- Redes terra
- Polarização e continuidade dos circuitos eléctricos
- Caudais de ventilação em condutas
- ...

Coordenar ensaios executados por laboratórios exteriores:


- Seleccionar
- Definir características do ensaio
- Acompanhar e coordenar datas e condições de obra
- Analisar resultados 71

12 – Terraplagem

12.1 Caracterização do Serviço de Terraplanagem

O serviço de terraplenagem tem como objectivo a conformação do relevo terrestre


para implantação de obras de engenharia, tais como açudes, canais de navegação,
canais de irrigação, rodovias, ferrovias, aeroportos, pátios industriais, edificações,
barragens e plataformas diversas.
A literatura técnica brasileira de engenharia carece de uniformização normativa, não
existindo uma definição de terraplenagem de consenso, cada autor definindo
terraplenagem do modo que julga mais conveniente. Alerta-se, portanto, que a
definição aqui adoptada não tem validade de norma.

Definição:
Terraplenagem é a técnica de engenharia de escavação e movimentação de solos e
rochas. O termo técnico mais usualmente adotado para terraplenagem em rocha é
desmonte de rocha.

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O serviço de terraplenagem compreende quatro etapas:
. escavação;
. carregamento;
. transporte;
. espalhamento.
Alguns autores incluem, logo após a etapa de transporte, a etapa de descarga.
Consideramos, porém, que a etapa de descarga não é significativa, estando incluída
na etapa transporte, visto que todo equipamento de transporte provém a descarga do
material. Outros autores e especificações incluem, ainda, a compactação de aterros
como uma quinta etapa do serviço de terraplenagem. Entendemos, no entanto, que a
compactação de aterros é um serviço à pane do serviço de terraplenagem, existindo
três fortes justificativas para apoiar este ponto de vista:

. todo serviço de terraplenagem sempre contém as quatro etapas citadas acima;


. nem todo material escavado em terraplenagem é destinado à confecção de aterro,
podendo ser descartado como bota-fora;
. os equipamentos de compactação de aterros são de natureza diferente dos
equipamentos de terraplenagem. 72

Na conformação do relevo terrestre o serviço de terraplenagem sempre contém duas


actividades características: escavação de material em um determinado local e
espalhamento deste material em local distinto do primeiro. Pode-se ter duas
condições para cada uma destas actividades. Para melhor compreensão, a análise a
seguir terá por base a construção de uma plataforma:

. a região a ser escavada está contida na região da plataforma, sendo que as cotas do
terreno natural estão acima das cotas de projecto da plataforma, caracterizando
regiões em cortes, ou simplesmente cortes;
. a região a ser escavada está fora da região da plataforma, sendo que o material
escavado virá de locais externos denominados empréstimos;
. a região onde o material escavado será espalhado está contida na região da
plataforma, sendo que as cotas do terreno natural estão abaixo das cotas de projeto
da plataforma, caracterizando regiões de aterro, ou simplesmente aterros;
. a região onde o material (ou par:te do material) escavado será espalhado é externa
à região da plataforma, caracterizando região de bota-fora, ou simplesmente bota-
fora.

72/87 01-07-2011 v1
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Em uma obra pode-se ter as quatro condições citadas acima. Casos típicos são os de
terraplenagens em rodovias e ferrovias, cujos projectos de terraplenagem são
constituídos por uma sucessão de cortes e aterros; o aproveitamento de eventuais
sobras de cortes para aterros distantes com falta de material pode ser anti-
econômico, devido às grandes distâncias de transporte do material escavado,
havendo a necessidade de definir bota-foras e empréstimos laterais.

12.2 Actividades Preliminares à Execução da Terraplanagem

A técnica de execução da terraplenagem é a mesma, independente do tipo de obra de


engenharia a ser executada. O desenvolvimento destas notas de aula terá como base
a terraplenagem em rodovias e ferrovias.
Para a execução do serviço de terraplenagem é necessário que algumas etapas
anteriores sejam cumpridas:

. Abertura e melhoria de caminhos de serviço;


. Desmatamento, destocamento e limpeza;
73
. Implantação de bueiros de grota.

As actividades preliminares são executadas em sequência ao longo do trecho, vindo


em seguida a execução da terraplenagem. Tem-se, portanto, várias frentes de serviço
simultâneas, cada uma executando uma tarefa especifica.

12.3 Abertura e melhoria de caminhos de serviço

No caso de terraplenagem para implantação de obras rodoviárias e ferroviárias é


necessária a abertura e melhoria de caminhos de serviços, visando garantir o acesso
seguro dos equipamentos aos diversos cortes e aterros. Utiliza-se, normalmente, os
caminhos rurais existentes, executando melhorias nestes caminhos, tais como
reforços e reformas mata-burros e pontilhões, e melhorias na plataforma. A partir dos
caminhos rurais existentes implantam-se trechos de acesso direto aos locais de obra.

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12.4 Desmatamento, destocamento e limpeza

Estando definido o traçado de uma rodovia ou ferrovia haverá a desapropriação de


uma área em torno do eixo do traçado, denominada faixa de domínio, com largura de
acordo com as normas. Como exemplo, em rodovias de classe I ou especial, em
região montanhosa, a largura total da faixa de domínio será de 80m, sendo 40 m à
direita e à esquerda do eixo.
Após a locação do eixo e a marcação dos limites da faixa de domínio, o primeiro
serviço a ser executado será o de desmatamento, destoca e limpeza.
O serviço de desmatamento consiste na retirada de toda a vegetação existente na
faixa de domínio, utilizando-se tractores de esteira e moto-serras. Após o
desmatamento, é necessário o arrancamento dos tocos de árvores. A última etapa, a
de limpeza, consiste na retirada de toda a camada de terra vegetal, em média de 50
em de espessura, a qual é depositada em leiras nas extremidades da faixa de
domínio, a cerca de 3 m da cerca. Os serviços de desmatamento e de limpeza são
pagos por m2, cabendo ao empreiteiro fazer o orçamento de acordo com a natureza
da vegetação e a dificuldade oferecida para o desmatamento.
O serviço de destoca é pago por unidade, em função do diâmetro do toco. 74

12.5 Implantação de bueiros de grota

Em rodovias e ferrovias existem dois tipos de bueiros: os de greide e os de grota.


Os bueiros de greide são executados em trechos longos de seção transversal em corte
ou mista, para permitir o esgotamento de águas de trechos das sarjetas, as quais não
podem ser muito longas. O bueiro de greide é sempre executado após o serviço de
terraplenagem estar concluído.
Os bueiros de grota são executados nos talvegues sob os aterros, visando permitir o
esgotamento de águas. São bueiros que devem ser construídos antes da execução
dos aterros.

12.6 Classificação dos Materiais Escavados

Os materiais escavados em terraplenagem são classificados em função da dificuldade


de escavação. Não existe uma uniformização de classificação, sendo que na mais
usual os materiais são classificados em três categorias.

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• Material de 1º categoria (nesta categoria tem-se dois tipos de materiais):
- Materiais escaváveis pela lâmina de um tractor de esteira. Estão nesta categoria os
solos normais, de predominância argilosa, siltosa ou arenosa, e pedregulhos e
pedras;
- Os matacões (blocos de rocha) de até 1m3, que possam ser facilmente carregados e
transportados.
• Material de 2º categoria (nesta categoria tem-se três tipos de materiais)
- Materiais que necessitam do uso do escarificador de um tractor de esteira para sua
escavação, podendo, eventualmente, ser necessário o uso de explosivos. Estão nesta
categoria os solos sedimentares em processo adiantado de rochificação e as rochas
em processo adiantado de deterioração.
- blocos de rocha com volume superior aI m3, que necessitam de fragmentação com
explosivos para permitir o carregamento e o transporte.
- rochas brandas ou rochas alteradas, que necessitam do uso esporádico de explosivo
para o seu desmonte.
• Material de 3º categoria
- Rochas sãs e duras, que necessitam do uso contínuo de explosivos para serem
escavadas. 75

A classificação dos materiais de terraplenagem não é tarefa fácil, ocorrendo


frequentemente os três materiais em um mesmo corte, com horizontes que não são
muito bem definidos. Os materiais de 2ºcategoria são o de maior dificuldade de
classificação. Por exemplo: percentagem do volume de blocos de rocha, pois os
mesmos estarão contidos em material de 1º categoria; localização do horizonte entre
rocha alterada, que necessitam do uso esporádico de explosivos, e rocha sã, que
necessita do uso contínuo de explosivo.

12.7 Empolamento de Material Escavado

Se considerarmos uma determinada massa de solo natural, de volume natural Vn,


esta massa de solo apresentará um aumento de volume, ou empolamento, após o
solo ser escavado, com um volume solto Vs maior do que Vn. A mesma massa de solo
apresentará, após compactada, um volume compactado Vc menor do que Vn. Em
média, o volume solto é 25% maior do que o volume no terreno natural, e o volume
compactado é 15% menor. A massa específica aparente seca natural (γn) será,
portanto, maior do que a massa específica aparente seca solta (γs) e menor do que a

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massa específica aparente seca compactada (γc). No estudo do empolamento de
solos trabalha-se com três relações.
• A primeira das relações, denominada empolamento (ep), traduz a relação entre o
volume solto e o volume natural, sendo dado por:

• A segunda das relações, denominada percentagem (ou taxa) de empolamento


[p(%)], nos dá a taxa de aumento, em percentagem, do volume solto em relação ao
volume natural, sendo dada por:

p(%) = (ep - 1) 100

• A terceira delas, denominada fator de empolamento (φ), traduz a relação de


redução da massa 76

específica aparente seca ao se escavar o material, com valor sempre menor do que 1,
(φ) sendo dado por:

Valores típicos de φ, p(%) e ep

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Exercício:
O custo de escavação de um solo comum seco é de R$10,00/m3 no corte. Se em um
pequeno serviço foi contratado prevendo-se o pagamento do mesmo através do
controle de volume por número de viagens de caminhões, qual será o valor referente
ao custo de escavação por viagem na composição de preço, sabendo-se que:
ep= 1,25
Capacidade do caminhão: 6,0 m3

Resolução:
o custo de escavação é obtido no corte, logo:
Vs = 6,0 m3
ep= Vs/Vn => Vn = 6,0/1,25 = 4,8 m³
Custo = 4,8 m3 x R$10,00/m3 = R$ 48,00 por viagem

Forma de Pagamento:
O serviço de terraplenagem é pago em duas parcelas distintas: 77
1ª parcela: escavação, carregamento e espalhamento (m³)
2ª parcela: transporte (momento de transporte em m³ x km)

A primeira parcela é fixa para cada tipode material escavado, cobrindo as etapas de
escavação, carregamento e espalhamemo. Como os volumes natural, solto e
compactado são diferentes, é necessário definir em que local será pago o volume de
escavação e de transporte. A medição do volume solto, no veículo de transporte, não
é uma medição confiável, pois depende de anotações, nem sempre confiáveis,
de operários apontadores de viagem. A medição no aterro também não é confiável,
pois nem todo o material de corte será utilizado em um aterro, sendo que o material
de bota-fora não é compactado, não apresentando, portanto, uma massa específica
aparente seca uniforme em todo o bota-fora. A única medição de volume escavado
confiável ao longo do tempo é a medição no corte, pois as seções transversais do
terreno natural e dos cortes ficam arquivadas, podendo o cálculo de volume ser
realizado a qualquer tempo. Portanto, o volume de terraplenagem é sempre
computado no corte.
O pagamento da segunda parcela independe do tipo de material escavado, mas é
variável em função da

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02 Manual 2 de Fiscalização de Obras_v1
distância à qual o material é transportado. A unidade de pagamento do transporte é
denominada momento de transporte (Mt), sendo dada em m³ x km. O preço unitário
de transporte é composto para o momento de transporte unitário, ou seja, 1 m³
transportado a 1 km. Para o pagamento do transporte calcula-se o momento de
transporte total. O estudo da distância média de transporte será visto em seção
posterior.
Como o volume é sempre computado no corte, cabe ao executor do serviço compor
seu preço adequadamente, levando em conta o fato de que o material escavado,
quando solto, terá um volume maior do que o volume no corte. Portanto, o volume
real carregado, transportado, espalhado e a ser computado será sempre maior que o
volume efetivamente pago no corte.

12.8 Equipamentos e equipes de terraplanagem em solo

Equipamentos de terraplenagem

78
Como vimos anteriormente, o serviço de terraplenagem compreende quatro etapas.
Para cada uma das etapas existe um equipamento projectado para executá-la.
. Escavação - tractor de esteira (TE);
. Carregamento - pá carregadeira (PC);
. Transporte - caminhão basculante (CB);
. Espalhamento - moto nivelador (MN).

A parte principal de um trator de esteira é a lâmina escavadora. Esta é contituída por


uma base, e por lâminas de corte e cantos de lâmina trocáveis. A esteira metálica
permite o uso do TE em quase todos os tipos de terrenos.

78/87 01-07-2011 v1
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A pá carregadeira é projetada única e exclusivamente para o carregamento, não
sendo aconselhado o seu uso para outros fins.

79
A motoniveladora é projectada para espalhamento do material descarregado e para
acabamento, por raspagem, de superfícies.

O motoscraper (MS) é projectado para executar as quatro etapas do serviço de


terraplenagem. O MS é constituído basicamente por um cavalo-mecânico tracionador
e por uma caçamba (scraper) capaz de executar a escavação, o auto-carregamento, o
transporte e o espalhamento do material escavado.

79/87 01-07-2011 v1
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O moto-scraper (MS) comum não tem tração suficiente para iniciar a escavação,
sendo necessário o auxílio de um TE sem lâmina, denominado pusher (empurrador),
empurrando o MS no início da escavação. Rapidamente o MS atinge sua velocidade
normal de escavação, ficando o pusher liberado para auxiliar no início de escavação
do próximo MS. O MS faz o empalhamento em movimento, simplesmente deixando o
material cair. Como a superfície formada é muito irregular, é necessário o auxílio de 80

uma motoniveladora (MN) executando o acabamento superficial do material


espalhado, garantindo uma superfície regular para o tráfego dos MS.

12.9 Equipes de terraplanagem


Os equipamentos de terraplenagem são agrupados em equipes de trabalho de acordo
com a distância de transporte (DT).
• DT ≤ 50 m
Equipe: Tator de Esteiras – TE

Em DT ≤ 50 m, caso típico de terraplenagem em seção mista, a praça de trabalho é


muito pequena. O trator de esteira trabalha sozinho, executando todas as quatro
etapas da terraplenagem. O TE trabalha com a esteira inclinada. A escavação é
executada longitudinalmente, deixando uma leira lateral. O TE faz marcha-ré e passa
a escavar mais à direita. Desse modo, o transporte é feito por arrasto lateral
• 50 m < DT ≤ 2000 m
Equipe: MSs
TE (pusher)
MN (acabamento do material espalhado)

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Os moto-scrapers têm melhor rendimento até distâncias máximas de 2.000 m (DT ~
2000 m). Deve ser previsto um número adequado de pushers, de modo que não haja
paralisação de nenhum MS por falta de empurrador.
• DT > 2000 m
Equipe: TE (escavação) PC (carregamento)
CB (transporte) MN (espalhamento)

Em DT > 2000 m o maior rendimento é obtido por equipes constituídas pelos quatro
equipamentos relacionados acima, com cada um desses equipamentos executando
suas tarefas especializadas.

12.10 Seções transversais típicas


Em terraplenagem pode-se ter três tipos de seções transversais após a execução do
serviço:
. seção em corte pleno, ou em corte;
. seção em aterro pleno, ou em aterro;
. seção mista, com parte da seção em corte e parte em aterro.
81

Uma seção transversal em rodovias e ferrovias é caracterizada pela sua plataforma,


elemento principal, e pelas linhas de talude, ou simplesmente taludes, de corte ou de
aterro.

Seção transversal em corte

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Seção transversal em aterro

Seção transversal mista

82

Elemento principal:
. plataforma.

Elementos secundários:
. taludes de corte ou de aterro;

A plataforma de terraplenagem é caracterizada por:


. cota do eixo;
. largura total da plataforma;
. largura de cada semi-plataforma, à direita e à esquerda do eixo;
. declividade de cada semi-plataforma (valor típico = 3%).

Os taludes de corte são caracterizados por:


. declividade do talude (dado como relação entre cateto vertical e cateto horizontal -
valor típico =
1: 1)
. topo do talude (interseção do talude com o terreno natural);
. pé do talude (interseção do talude com a plataforma).

82/87 01-07-2011 v1
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Os taludes de aterro são caracterizados por:
. declividade do talude (dado como relação entre cateto verticale cateto horizontal -
valor típico =
2:3);
. topo do talude (interseção do talude com a plataforma);
. pé do talude (interseção do talude com o terreno natural).

83

12.11 Plataformas típicas de terraplanagem

Acima das plataformas de terraplenagem de rodovias e ferrovias são construídas as


superestruturas rodoviárias e ferroviárias, respectivamente. A espessura destas
superestruturas são variáveis em função do carregamento e da resistência do solo. A
seguir, serão dados exemplos de plataformas típicas de terraplenagem rodoviárias,
com espessura de superestrutura de 0,80 m.
A platafonna de projeto, ou plataforma acabada, de uma rodovia pavimentada típica
apresenta, como na figura 4, os seguintes elementos:
. duas faixas de tráfego, uma para cada sentido, com largura de 3,50m;
. duas faixas de acostamento, com largura de 2,0 m;
. duas sarjetas, com largura de 1,0 m.

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As larguras das plataformas de terraplenagem são diferentes para corte e aterro.
Veremos, a seguir, que a diferença nas larguras das plataformas é devido a
diferenças nas sarjetas de corte e de aterro, e à influência da espessura do
pavimento.

12.11 Plataformas típicas de terraplanagem em corte


84

Na seção transversal em corte, parte da sarjeta está apoiada directamente no talude


ele corte. Sendo assim, para o cálculo da largura da plataforma de terraplenagem
tem-se de subtrair a largura correspondente a esta parte da sarjeta: na figura 5 foi
considerado que esta parte da sarjeta tem 0,40 m e que o pavimento tem a
espessura de 0,80 m. Estando o pavimento apoiado lateralmente no talude de corte,
pela figura vê-se que deverá ser subtraído de cada semi-plataforma 0,40 m de parte
da sarjeta e 0,80 m para acomodar o pavimento. A largura total da plataforma de
terraplenagem em corte pelo exemplo será:

13,0 m - (2 x 0,40 m) - (2 x 0,80 m) = 10,60 m

Portanto a largura da plataforma de terraplenagem em corte é sempre menor que a


largura que a largura da plataforma de projecto.

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12.12 Plataformas típicas de terraplenagem em aterro

Na seção transversal em aterro, parte da sarjeta é constituída de meio-fio, sem apoio


directo, devendo ser colocada uma leira de solo socado para prover este apoio. Para o
cálculo da largura da plataforma de terraplenagem do exemplo da figura 6, será 85

considerado que a leira tem 0,30 m em sua base, com espessura de pavimento de
0,80 m, sendo a declividade do talude de aterro de 2:3.
Estando o pavimento apoiado sobre o aterro, e considerando que a declividade do
talude é de 2:3, pela figura vê-se que deverá ser acrescentado 1,20 m a cada semi-
plataforma para prover o apoio do talude do pavimento.
A largura total da plataforma de terraplenagem em aterro do exemplo será:

13,0 m +(2 x 0,30 m) + (2 x 1,20 m) = 16,0 m


Portanto, a largura da plataforma de terraplenagem em aterro é sempre maior que a
largura da plataforma de projecto.

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No caso de seção transversal mista a plataforma de terraplenagem será assimétrica.
No exemplo estudado, a largura da semi-plataforma de corte será de 5,30 m e a
largura da semi-plataforma de aterro de 8,0 m, com largura total da plataforma de
terraplenagem de 13,30 m. Alerta-se que o eixo da plataforma de terraplenagem
estará deslocado para o lado do corte. Como exercício, recomenda-se determinar
graficamente as características da plataforma mista.

86

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