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Especialização - Construção Civil – Gestão, Tecnologia e Sustentabilidade (mar.2011/mar.

2012)

A LINHA DE BALANÇO COMO FERRAMENTA NA


COMPARAÇÃO DE DIFERENTES OPÇÕES DE
PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO PARA UMA OBRA
DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

Mariana Boucinha da Silva


Arquiteta e Urbanista, Unisinos Porto Alegre - Av. Dom Pedro II, 861 5°andar
Porto Alegre, RS, Brasil CEP 90550-142
boucinha@terra.com.br

Jeferson Ost Patzlaff - Orientador


Mestre em Engenharia Civil, Unisinos- Av. Unisinos, 950 – Cristo Rei
São Leopoldo - RS, Brasil CEP 93022-000
jpatzlaff@brturbo.com.br

Resumo Abstract
Atualmente, muitas são as técnicas conhecidas para Nowadays , there are many known techniques for planning
se planejar uma obra. Neste artigo, buscou-se a project. In this study, we sought to develop the line of
desenvolver a linha de balanço como ferramenta de balance as a tool for long-term planning. Furthermore, we
planejamento de longo prazo. Além disso, procurou-se tried to use the reduction of cycle times as the object for
utilizar a redução dos tempos de ciclo como objeto analysis of a work, using the line of balance with the
para análise de uma obra, utilizando a linha de principles of lean construction more appropriate to the
balanço juntamente com os princípios da construção construction technique. The Line of Balance method lets
enxuta mais apropriados à técnica construtiva. O you to define how many units can be completed in a
método da linha de balanço permite definir quantas certain time. It can allow the study of reusing teams ,
unidades podem ser concluídas em um determinado improve the planning team, to avoid interruptions of the
tempo. Ela pode permitir o estudo de work of a team work, improving productivity, reducing or
reaproveitamento de equipes , melhorar a zeroing out the inventory and goods in process and
programação de equipes, evitar interrupções do improving the possibilities for implementation of group
trabalho de uma equipe de obra, melhorando sua work in a work. In this case, the function of planning is to
produtividade, minimizando ou zerando os estoques e serve as a tool to manage and control throughout the
produtos em processo e melhorando as possibilidades implementation phase of the work, using the timeline to
de implantação do trabalho em grupo em uma obra. mark the periods of work. A number of continuous
Neste caso, a função do planejamento é servir de repetitions in the execution of services proposed by the
ferramenta que gerencie e controle toda a fase de line of balance technique provides an improvement in the
execução da obra, utilizando o cronograma para specialization of hand labor, the learning effect, efficiency
balizar os prazos da obra. Um número de repetições and as a consequence of the latter improves the
contínuo na execução de serviços proposto pela motivation for the team increases productivity as soon as
técnica de linha de balanço proporciona uma melhoria possible. The results of the implementation of the
na especialização da mão-de-obra, no efeito principles of lean construction in scheduling it may be
aprendizagem, eficiência e, como conseqüência desse concluded that with the binding of some services to be
último, melhora a motivação, pois a equipe aumenta a performed by the same team to a particular package of
produtividade o mais rápido possível. Q uanto aos paper, there was a reduction in cycle time of the basic

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A linha de balanço como ferramenta de planejamento de longo prazo para uma obra de múltiplos pavimentos de Porto
Alegre/RS
Mariana Boucinha da Silva

resultados da aplicação dos princípios da construção unit, and consequently, a reduction in cycle time of
enxuta na programação, pode-se concluir que com a execution of the building. With this reduction, it is
redução de tempo de ciclo de alguns serviços a serem concluded that the trend is that it has less work in
executados por uma mesma equipe para um progress and the learning effect is better utilized, in
determinado pacote de trabalho, houve uma redução addition, possible errors can be solved in the first few
no tempo de ciclo da unidade básica e, batches of basic units.
conseqüentemente, uma redução no tempo de ciclo
de execução do edifício. Com essa redução, conclui-se
que a tendência é de que se tenha menos trabalho em
progresso e o efeito aprendizagem é mais bem
aproveitado; além disso, possíveis erros em cada
pacote de trabalho podem ser solucionados logo nos
primeiros lotes de unidades básicas.

Palavras-chave: linha de balanço, planejamento e Key words: line of balance, production planning and
c ontrole da produção, c onstrução enxuta. controll, lean construction.

1. Introdução

O artigo do engenheiro civil Sérgio L uiz Kemmer, intitulado “Análise de diferentes tempos de ciclo na

formulação de planos de ataque de edifícios de múltiplos pavimentos ”, publicado no ENTAC 2008 e advindo

de uma dissertação de mestrado de mes mo título, no ano de 2006, foi o grande e maior motivador da

escolha do tema des te artigo, requisito indis pensável à aprovação no Curs o de Pós Graduação em

Cons trução Civil – Ges tão, Tecnologia e Sustentabilidade, pela Unisinos Porto Alegre. A motivação inicial

para esta pesquisa foi o aprendizado e a real confecção das linhas de balanço e o planejamento de longo

prazo de uma obra.

De acordo com M attos (2010), todos nós vivemos hoje em um mundo de globalização de mercado, com

novas tec nologias surgindo a cada momento e a competitividade das empresas sempre aumentando. Na

construção c ivil não é diferente. Atualmente, es ta é uma das áreas que mais têm sofrido mudanças . Is to

porque as empresas construtoras , em busca de manter seus luc ros , reduzir os c ustos e manter os prazos

es tipulados , estão aderindo, cada vez mais , aos s istemas de planejamento e controle. D o contrário, seria

c ada vez mais difícil manter-se no mercado c om indicadores positivos.

Esta questão pode ser observada no estudo de Kemmer, pois as linhas de balanço mos tram claramente o

rítmo, tempos de ciclos , o tempo de atravessamento e o tempo total de exec ução da obra estudada. A

dissertação do autor faz um comparativo entre tempos de ciclo longos e c urtos , serviços subindo ou

descendo e, por fim, com ou sem reaproveitamento de equipes . N o pres ente artigo pretende-se mos trar a

linha de balanço c omo foi realizada e executada a obra de estudo de caso e, a partir des ta linha de balanço,

propor uma nova linha de balanço, com o tempo de c iclo reduzido, como fez Kemmer. Assim, pretende-se

mostrar que com pequenas alterações de planejamento, é possível obter alteraç ões s ignificativas no tempo

total de obra e em s ua entrega final.

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2. Objetivos e Métodos

O objetivo des te trabalho foi a utilização da linha de balanço c omo ferramenta para a comparação de

planejamento de longo prazo, para uma obra de múltiplos pavimentos , na c idade de Porto Alegre/RS. Foram

confeccionadas duas linhas de balanço, com diferentes planos de ataques . Posteriormente, foram verificadas

e diagnosticadas as diferenças entre uma e outra.

Neste raciocínio, a pesquisa delimitou o “pavimento tipo” coma a unidade básica de repetição. Após es ta

definição, foram desc ritas as atividades programadas e s uas precedências - os c hamados pacotes de

trabalho e suas respectivas durações . O s pacotes de trabalho foram definidos de acordo c om a exec ução

efetivamente utilizada na obra à época. P orém, como não há indicadores de tempos e equipes registrados na

construtora, foram utilizadas , para a montagem dos pacotes , as composições do PLEO - Planilha E letrônica

de O rç amento, desenvolvida pela empresa Franarim, de Porto Alegre. P ara c omposições não previstas no

PLEO , foram utilizados como parâmetro a experiência de engenheiros e o TCPO - Tabelas de Composições de

P reços para O rçamentos, da editora PINI.

3. Processo de Planejamento e Controle da Produção

O termo Construção Enxuta vem sendo usado, des de 1993, pelo I nternational Group for Lean Construction,

referindo-se à aplicação de táticas do s istema de Produção E nxuta no setor da construção civil. A produção

enxuta pode ser entendida como um termo genérico para definir o Sistema Toyota de Produção, que se

bas eia no Total Quality Management e Jus t in Time (I SATTO, 2 000).

A produção enxuta, s egundo Koskela (2000 ) tem s uas raízes na indús tria automotiva japonesa. Es te tipo de

es tabelecimento tem por objetivo a redução do tempo de c iclo de produção, a redução do tempo de espera e,

por fim, uma entrega mais rápida do produto ao cliente, pois ao invés de uma série de processos em

andamento, o ambiente c onta apenas com as equipes encarregadas de seus pacotes de trabalho,

geralmente agrupados em pequenos lotes de produção. A construção enxuta busca otimizar as atividades

de conversão e minimizar (ou até mesmo zerar) as atividades de fluxo que não agregam valor ao produto

final. A c ons trução enxuta tem três pontos princ ipais : a entrega do produto, a maximização do valor e a

redução de des perdício. Desta maneira consegue-se utilizar ao máximo os recursos disponíveis , eliminar a

mão de obra oc iosa e, por fim, melhorar a organização do processo de execução das construções.

Para melhorar o processo de exec ução das cons truções , reduzir o tempo das atividades que não agregam

valor pode ser considerado o princípio mais importante da construção enxuta. Pois é a partir desta redução

de atividades que não agregam valor que s e ganha em efic iência de cada um dos processos de produção

(FO RMO SO 2005). P ara que o princípio da redução das atividades que não agregam valor seja alcançado

deve-se, em primeiro lugar, se traçar o fluxo do processo e identificar cada uma das atividades do mesmo. A

partir das atividades lançadas é que s e pode ajustá-las ou, até mesmo, eliminá-las.

Ainda na questão das construções , a exec ução, por exemplo, da es trutura de um prédio, que é c ompos ta

por montagem de formas , modelagem das armaduras, a c onc retagem propriamente dita, a cura do c onc reto,

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a des forma e, por fim, o reescoramento, pode ser entendida c omo uma etapa de um processo de produção.

Cada fase ou etapa deste processo pode ser entendido c omo subprocesso. Portanto, para que se reduza o

c us to total deste processo “estrutura”, deve-se reduzir, também, o valor individual de c ada subprocesso.

Portanto, em função das condições determinadas anteriormente, o Planejamento e Controle da Produção

(PCP) entra em c enário c om uma importância muito grande, pois é com ele que se alcançam os principais

objetivos da N ova Filosofia de P rodução (N FP) ou, C onstrução E nxuta.

Segundo LAUFER e TUCKER (1987) apud BERNARDES (2011), o processo de planejamento e controle da

produção pode ser representado em dois eixos básic os: horizontal e vertical. A es fera horizontal refere-se às

etapas de planejamento propriamente dito, c omo, por exemplo, o PCP, c oleta de informações , preparação

de planos e difusão destes e, a vertical, refere-se aos níveis gerenciais de uma organização.

3.1. Linha de Balanço

A linha de balanç o (L B) é entendida por uma técnica utilizada para se representar graficamente, em um

sistema cartesiano, os planos de ataque definidos para determinado empreendimento (KEMMER, 2008). Sua

leitura facilita a análise de fluxo dos processos desenvolvidos em uma obra. Além disso, por ser um gráfico

de fácil c ompreensão, pode-s e entender que quanto maior for s ua inclinação, mais rápido será o ritmo de

trabalho a s er executado.

A linha de balanço foi mais difundida na Europa, em obras lineares , c omo estradas e pontes . N o entanto,

atualmente, vem s endo c ada vez mais utilizada, também, em edifíc ios de múltiplos pavimentos. Sendo, a

unidade usualmente escolhida para s er repetida “n” vezes é o “pavimento tipo”. Neste c aso, o número de

unidades em que se repete o pavimento é entendido como o ritmo. A linha de balanço pressupõe,

inicialmente, que haja somente um ritmo na execução de determinada obra, pois des ta forma eliminam-se

as atividades que não agregam valor e os desperdícios (MENDES J R; H EINECK, apud MATTOS, 2 010).

Se, por exemplo, para determinada atividade de um pacote de trabalho, for dimensionada s omente uma

equipe para a atividade, o ritmo deste pacote é o mes mo tempo da duração do pacote, ou s eja, o ritmo

natural de trabalho. D esta maneira, os pacotes antecessores e predecessores , s e forem dimens ionados de

mes ma forma, terão cada um o seu próprio ritmo e, c onsequentemente, ao longo da exec ução da obra,

haverá trabalhadores executando seus pacotes de trabalho em todos (ou quase todos) os pavimentos . Tal

fato não deve ser entendido como problema, uma vez que a obra tem um prazo longo de exec ução

(M E NDES J R; H EINECK, apud MATTOS, 2 010).

Para H eineck (1996 ) a linha de balanço é a mais adequada forma para o planejamento de prédios de

pavimentos repetitivos , pois leva em consideração algumas variáveis como, por exemplo, lotes de produção

e tempo de c iclo. O tempo de cic lo de um pacote é o tempo necessário para a c ompleta execução de

determinado pacote. Ele é considerado a base para a melhoria da nova filosofia de produção e é

determinado pelas c aracterístic as dos equipamentos e peças e pela configuração do pacote, ou seja, pela

aloc ação de operários nos postos de trabalho.

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Segundo Mendes J r. (1998), o método da linha de balanço permite definir quantas unidades estarão

concluídas num determinado tempo, permite o estudo de reaproveitamento de equipes , melhora a

programação de equipes , evita interrupções do trabalho de uma equipe melhorando s ua produtividade,

minimiza os estoques e produtos em processo e melhora as possibilidades de implantação do trabalho em

grupo.

A redução dos tempos de c iclo de um determinado pacote seria a diminuição do período para que um lote ou

pacote atravesse todo o processo. N o presente trabalho, a redução de ciclo se dará em 50% nos pacotes de

alvenaria + reves timento c erâmico de parede, revestimento c erâmico de pisos e, pintura 01 . Foram

escolhidos estes pacotes , pois ao analisar a primeira linha de balanço, referente à exec ução da obra, sem

“intervenç ões ”, estes são os pac otes mais longos e que diminuem o ritmo (inclinação) da linha de balanço. A

redução de tempo de ciclo nestes pacotes terá um resultado no tempo de atravessamento final do projeto.

Entende-se, neste caso, como tempo de atravessamento, o período total de acontecimento de determinado

pac ote de trabalho.

Figura 1: Grafico de linhas de balanço.(fonte: , Carl V. (1997, p. 51).

O ritmo de exec ução de cada atividade pode ser prefixado ou então calculado em função do consumo de

energia que cada atividade demanda, da produtividade da mão- de- obra e da composição das equipes para a

exec ução.

Na c onduta de gestão de muitas empres as , atualmente, a linha de balanço é capaz de ilustrar os ritmos e as

sequenc ias de produção de diversos pacotes de trabalho. E la pode s imular e ilustrar com efic ácia, rapidez e

precisão diferentes alternativas para a execução de uma determinada atividade. A lém disso, a partir de s ua

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leitura é possível determinar alterações de rítmo e ordem de execução de pac otes de trabalho e,

c ons equentemente, no rítmo e prazos da obra.

A L inha de Balanço pode retratar diversas s ituações c onforme mostrado nas figuras a s eguir:

Figura 2: Choque com célula precedente, interrupção do fluxo. (fonte: Ferraz, José; Nascimento, Kilson; Romano, Willy.
2005, p5. Disponível em construtoracastelobranco.com.br/filesupload/tpub12_22bf162339bd97c83eeb488312db410.pdf

Figura 3: Fluxo contínuo, células com ritmos diferentes. (fonte: Ferraz, José; Nascimento, Kilson; Romano, Willy. 2005,
p5. Disponível em www.construtoracastelobranco.com.br/filesupload/tpub12_22bf162339bd97c83eeb488312db410.pdf

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Figura 4:Fluxo contínuo, células com reaproveitamento de mão de obra ou ligação fim-início. (fonte: Ferraz, José;
Nascimento, Kilson; Romano, Willy. 2005, p5. Disponível em
www.construtoracastelobranco.com.br/filesupload/tpub12_22bf162339bd97c83eeb488312db410.pdf

Figura 5: Fluxo contínuo, células com sentidos alternados. (fonte: Ferraz, José; Nascimento, Kilson; Romano, Willy. 2005,
p5. Disponível em www.construtoracastelobranco.com.br/filesupload/tpub12_22bf162339bd97c83eeb488312db410.pdf

3.2. Mont agem da Linha de Balanço

Para se estabelec er o rítmo da execução dos pacotes de trabalho, na linha de balanço pode-se utilizar

valores pré fixados em tabelas e softwares com índices de produtividade de mão de obra para a c ompos ição

das equipes e dos pacotes de execução.

D e ac ordo c om M endes J r. (1 998), os passos da metodologia da linha de balanço podem ser descritos c omo:

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a) Determinação e escolha da unidade básica que será repetida diversas vezes . A unidade básica, em

uma edificação, pode se apartamentos , fachadas ou, c omo mais comumente utilizado, o pavimento

tipo.

b) Escolha e agrupamento das atividades que serão realizadas . Neste momento definem-se os pacotes

de trabalho.

c ) Montagem do plano de ataque, entendido c omo o seqüenciamento de cada um dos pacotes de

trabalho.

d) A partir de índices obtidos em s oftwares , tabelas ou referências de experiênc ia, define-se o número

de func ionários a s er locado em c ada equipe e a duração de c ada pacote

e) E s tipulado o rítmo da execução de c ada pacote

f) Desenho da linha de balanço, tendo o c uidado para evitar c ruzamentos de atividades, como os

des critos anteriormente, na figura 3 .

3.3. Estudo de Caso

O empreendimento do estudo de caso foi uma edificação residenc ial de alto padrão, na c idade de Porto

Alegre-RS, c om área construída de 6 .023 ,55 m². A obra teve início em 02 /2009 e conclusão em 03 /2011 , ou

s eja, um tempo de obra de 2 5 meses.

O edifício estudado é composto pelos pavimentos térreo, pavimento intermediário (garagens) e oito

pavimentos tipo, com quatro apartamentos por pavimento, totalizando trinta e duas unidades habitacionais

de 115 m² de área privativa cada. Cada apartamento constitui-se de varanda integrada à sala de

es tar/jantar, c ozinha, área de serviço, WC de serviço, dois dormitórios , banheiro s ocial, s uíte más ter com

clos et.

O prédio tem 76 vagas de garagem e área de lazer composta de salão de festas com c hurrasqueira,

brinquedoteca, piscina c om raia e s ala de ginástica c om banheiros e vestiários.

A edific ação foi construída com a utilização de técnica de conc reto armado (pilares , vigas , lajes planas

moldadas in loco), vedação externa em alvenaria de bloc os de conc reto e paredes internas de blocos

cerâmicos . É importante salientar que a construtora ofereceu aos clientes a opção de flexibilidade de layout

das unidades, c om opção de c ozinha estendida c om fogão em ilha ou, gabinete e c ozinha reduzida.

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Figura 6: Planta baixa do pavimento tipo (fonte: morador do local, 2012).

3.4. A definição e a sequência dos pacotes de trabalho

O acompanhamento da obra deu-se em caráter informal, pois foi feito a partir do momento da compra de

um imóvel no referido prédio em es tudo. E m funç ão des te acompanhamento, buscou-se à memória a ordem

de c ada um dos pacotes de trabalho. E , partir do s eqüenciamento dos pac otes de trabalho, lançou-se o

desenho da linha de balanço. A seguir, a montagem e c ompos ição de cada um dos pacotes , organizados em

funç ão dos quantitativos identificados através do projeto da edificação.

PACOTE DE TRABALHO - 01 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 01 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
ESTRUTURA
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
C AR PINTEIRO 12 22
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
FERR EIRO 3 22
Pilares - Forma (C onfe cção, desmoldante , montagem e de sfo rma) AUXILIAR DE FERREIRO 2 22
1.1 Pilares - Armadura (con fecção, co lo cação de espaçad ores e montagem) P EDREIRO 2 22
Pilares - Co ncre to (lançamento , ad ensamento , regularização fin al, cura) SERVENTE 9 22
Vigas - Forma (Con fecção, de smoldan te, montage m e d esfo rma)
1.2 Vigas - Armadur a (moldagem, co lo cação espaçad ores e montagem) DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 22 DIAS
Vigas - C oncreto (lan çamen to, aden samen to e cu ra)
Lajes - Fo rma (desmoldante , pain éis, esco ras, for mas, nivelame nto assoalh o e desforma)
1.3 Lajes - Armadu ra (moldagem, colocação espaçadore s e montage m)
Lajes - C oncreto (lan çamen to, aden samen to, regu larização, gastalhos, ferros cabelos e cura)

PACOTE DE TRABALHO - 02 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 02 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
ALVENARIA
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P EDREIRO 12 15
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 23 15
2.1 Marcação C AP INTEIRO 11 15
2.2 1ª fiad a com a lo cação de tod as as abert uras de p ortas e cantos de pare de FERR EIRO 8 15
2.3 Ch apisco AULILIAR FERR EIRO 7 15
2.4 Elevação de p arede s com b lo cos cerâmicos
2.5 Vergas / cont ra vergas nas p ortas e jane las DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 15 DIAS
2.6 Cinta aé rea d as sacadas

PACOTE DE TRABALHO - 03 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 03 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
REGULARIZAÇ ÃO
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P EDREIRO 3 4
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 2 4
3.1 Re gularização d e b ase - áreas não mo lh adas (cerâmica)
3.2 Camada de re gularização - áreas molhadas (ce râmica) DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 4 DIAS

PACOTE DE TRABALHO - 04 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 04 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
IMPERMEABILIZAÇ ÃO
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P EDREIRO 1 3
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 1 3
4.1 Primer + manta asfáltica
4.2 Teste com água DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 3 DIAS
4.3 Pro teção mecânica

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PACOTE DE TRABALHO - 05 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 05 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
ALVENAR IA + CERÂMIC A DE P AREDE
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P EDREIRO 10 10
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 12 10
5.1 Re boco inte rno (áreas mo lh adas e não molhadas) - massa ú nica AZULEJISTA 2 10
5.2 Co lo cação das ce râmicas - parede s das áre a molhadas - azulejo com argamasa colante in d.
5.3 Re ju ntament o das áreas molhadas DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 10
5.4 Caixas d e p assage m e cone xão das tub ulaçõe s e lé tricas
5.5 Ban cadas e p eitoris d e gran ito
5.6 Ch apim de gr an ito em sacad as

PACOTE DE TRABALHO - 06 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 06 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
C ERÂMIC AS DE P ISOS
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
LADRILHISTA 3 13
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 2 13
6.1 Re gularização d e b ase pisos das áreas molhadas
6.2 Assentame nto d a ce râmica de piso s - uso de argamassa colante in dustrializadas DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 13 DIAS
6.3 Soleiras e file tes do box
6.4 Assentame nto d e p orcelan ato - p iso
6.5 Re ju nte

PACOTE DE TRABALHO - 07 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 07 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
ESQUADRIAS
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
C AR PINTEIRO 4 5
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
P EDREIRO 1 5
7.1 Co lo cação esquad rias de alu mínio - porta d a sacada e jan elas do apartamen to SERVENTE 3 5
7.2 Inst alação do ch umbado r e gu arda corpo das sacadas
7.3 Co lo cação esquad rias de madeira - p ortas DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 5 DIAS

PACOTE DE TRABALHO - 08 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 08 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
GESSO
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
GESSEIRO 4 5
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS

8.1 Forro de gesso DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 5 DIAS


8.2 Ro dateto

PACOTE DE TRABALHO - 09 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 09 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
P IN TURA INTERNA 01
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P INTOR 6 15
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVNTE 5 15
9.1 Massa co rrida em parede se tetos
9.2 Fun do b ranco n as esqu ad rias de madeira DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 15 DIAS
9.3 Lixamen to das pare des
9.4 1ª demão em pare des e tetos

PACOTE DE TRABALHO - 10 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 10 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
LOUÇ AS E METAIS / TOMADAS E INTERRUPTOR ES
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
INSTALADO R HIDR AULICO 3 5
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
AUX. INSTALADOR HIDRAULICO 3 5
10.1 Inst alação de lo uças e metais INSTALADO R ELETR IC O 2 5
10.2 Inst alação de tomadas e int errup tores AUX. INSTALADOR ELETRICO 2 5

DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 5 DIAS

PACOTE DE TRABALHO - 11 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 11 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
P IN TURA INTERNA 02
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
P INTOR 7 5
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 4 5
11.1 Pintu ra por tas inte rnas
11.2 2ª e 3ª demão em p arede s e teto s DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 5 DIAS

PACOTE DE TRABALHO - 12 PR EVISTO (A P AR TIR DO PRO GR AMA P LEO + p esq uisa)


PCT - 12 CO MPOSIÇÃO DA EQUIPE
LIMPEZA
FUNÇÃO Q UANTIDADE DIAS TR AB ALHADOS
FAXINEIR O 4 5
ITEM DESC RIÇÃO DOS SERVIÇ OS
SERVENTE 4 5
12.1 Limpe za d os pavime ntos tipo - área p rivativa
12.2 Limpe za d os pavime ntos tipo - área comum DURAÇÃO TOTAL DO PACOTE 5 DIAS

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A elaboração dos pacotes foi realizada a partir do uso de técnicas de programação, como a linha de balanço,

no qual s ão especific adas informações a respeito do inicio e fim das atividades , bem como a duração

máxima necessária para execução do empreendimento.

A figura a s eguir mostra a seqüência de precedências dos pac otes de trabalho escolhidos e definidos para a

obra em ques tão.

Figura 7: Sequência de execução dos pacotes de trabalho – o plano de ataque. (fonte: o autor, 2012).

O sequenciamento de atividades/etapas anteriormente exposto delimitou o plano de ataque avaliado no

presente trabalho. Com base neste plano de ataque foram propos tas duas linhas de balanço. A primeira

delas foi denominada de “tempo de ciclo longo”, c om os tempos determinados nos pacotes acima. J á a

segunda linha de balanço, chamada de “tempo de ciclo curto”, c ontém os mesmos pacotes e o mes mo

seqüenc iamento da primeira linha de balanç o. Porém, na segunda linha de balanço, em três pac otes de

trabalho – os mais longos – há a redução do tempo de c iclo em 5 0% do tempo.

3.5. A empresa

A obra estudada foi executada por uma empresa de pequeno porte, com atuação no mercado de construção

e incorporação há dezenove anos e c om his tórico de diversas obras entregues . Somando-se o total

construído, em metros quadrados , chega-se a um valor de, aproximadamente, 20 .000 ,00m². T rata-se de

uma empresa familiar, no qual o proprietário é o engenheiro civil res ponsável pela execução da obra. E le é

quem faz os orçamentos , o c ontrole do cronograma e do andamento financeiro da obra. Sua esposa é quem

assumiu a função de diretora da empresa e é a pessoa que acompanha (sem título de responsabilidade

perante o CREA , mas a título de proprietária da obra) a obra diariamente, juntamente com o engenheiro e o

mestre de obras , de confiança da família. A diretora encarrega-se das funções financeiras , c ontratuais ,

contábeis e adminis trativas. O marketing foi terceirizado, assim como corretores que atuam somente nes ta

obra.

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A filha de ambos é a arquiteta respons ável pelo projeto arquitetônico e, por fim, uma s ecretaria é quem faz

os pagamentos de contas , serviços bancários e atendimento telefônic o. Todos os projetos complementares

foram c onfeccionados por uma empresa terceirizada.

É importante registrar que a empresa tem equipe de mão-de-obra própria para a exec ução das atividades

no canteiro de obras. Conforme o entendimento da empres a este é um ponto importante para a eficiência da

execuç ão da obra, uma vez que faz-se o reaproveitamento de equipes , não somente em diferentes pac otes

de trabalho, mas também em diferentes obras , de forma que se tem um numero de repetições de

determinada função ainda maior. Fala-se, neste caso, em eficiência, diferentemente de eficácia. E ficaz, em

sua grande maioria, todas as obras acabam sendo. Isto porque todas elas acabam por finalizar-se, com

maior ou menor prazo e com maior ou menor qualidade. Já eficiência, entende-se por ser efic az, porém com

qualidade agregada ao trabalho. E , c omo já menc ionado anteriormente, quanto maior o numero de

repetições de determinada atividade, há uma tendência de que maior seja a eficiência da pessoa que a

exec uta.

Conforme pes quisa, não foram realizados planejamentos de c urto, médio ou longo prazo, propriamente ditos

na obra realizada pela empresa. O cronograma foi definido de acordo com obras anteriores e, a partir dele,

se estipulou uma data target de finalização da obra. Ter uma data de entrega da obra em tempo exato é de

suma importânc ia, uma vez que se faz necessário a utilizaç ão de orçamentos , c ustos , organização de mão

de obra e, além de tudo, porque, como o empreendimento trata-se de uma incorporação, entende-se que há

a venda de imóveis ainda na planta e que nec essitam de prazos a serem cumpridos e postos em contrato.

De uma forma geral, o mestre de obras era a pessoa que administrava a obra, bem como quem

determinava, quantificava e fazia os pedidos de materiais necessários para o s eu andamento.

É necessário s alientar que a construtora trabalha c om reaproveitamento de equipes e a conseqüente

fidelização das mes mas . O u seja, os func ionários trabalham com mais de uma funç ão e, em todas as obras

da empresa. Es te fato é um importante indicador de qualidade, pois os funcionários obtêm maior experiência

c om o pas sar do tempo.

3.6. O Planejamento e Controle da Produção (PCP) da empresa

O Planejamento e Controle da Produção da empresa responsável pela edific ação objeto desse estudo pode

ser c onsiderado como totalmente informal. Segundo Mattos (2010), a informalidade no planejamento reside

no habito de ac har que o planejamento são as ordens trans mitidas pelo engenheiro de campo à s eus

mestres de obra. P roc edendo-se assim, perde-se o conceito s istêmico de planejamento, c om a visão de

longo prazo s endo obstruída pelo imediatismo das atividades de curto prazo.

O cronograma era estimado pela experiência do engenheiro proprietário em obras anteriores e nos

orçamentos realizados para a compra dos materiais . Nota-se que não foram utilizados para o planejamento

ferramentas como os índices de produtividade homens-hora tidos em diversos locais como livros e, até

mes mo, internet. E ra utilizada apenas uma tabela de Excel c om disc riminação e ordem bás ica das tarefas ,

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datas programadas e número de func ionários necessário. Assim, o engenheiro diariamente passava as

ordens e quantidades de materiais e equipes ao mestre de obras , presente na empresa des de a primeira

obra executada pela c ons trutora. O mestre, por sua vez, designava as equipes res ponsáveis por cada

atividade e as alocava em seus postos. Nota-se, nes te cas o, que pode haver problemas de c omunic ação

entre o engenheiro e o mestre, pois nem sempre o que o engenheiro fala é compreendido pelo mes tre. Is to

gera retrabalho e necessidade de rearranjo c onstante do c ronograma.

3.7. A montagem das Linhas de balanço

A seguir, as duas linhas de balanço preparadas para o es tudo de caso em questão. A primeira delas

(es querda) retrata a maneira c omo foi realizada a obra: com tempos de ciclos longos e serviços s empre

subindo, ou seja, s erviços sempre sendo executados dos pavimentos mais baixos para os mais altos . A

segunda linha de balanç o (direita) constitui-s e numa alternativa de como poderia ter ocorrido a execução da

obra: c om tempos de ciclos curtos e, subindo. C omo já mencionado anteriormente, nota-se que foram

alterados somente os pacotes alvenaria + reves timento cerâmico de paredes , revestimento cerâmico de

pis os e pintura 01.

Nas linhas de balanço abaixo é possível observar que as atividades antecessoras e predecessoras umas às

outras têm ritmos diferentes . Es te ritmo diferenciado oc asiona uma programação de atividades não paralela,

ou s eja, há serviço sendo executado em mais de um pavimento ao mes mo tempo, o que, em termos

prátic os, não s erá problema s e a obra tiver um prazo longo de execução (MENDES J R; H EINECK, 1 998).

A grande vantagem do uso do método da L inha de Balanç o é a rápida visualização do tempo existente entre

duas atividades em uma mesma unidade, ou o tempo de atravessamento de uma unidade para outra.

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DIAS
500
dias

250 dias
OPERÁRIOS

001 dia
90

60

01
30

Figura 8: Número de funcionários alocados na obra – opção com “tempos de ciclo longos”

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DIAS
500
dias

250 dias
OPERÁRIOS

001 dia
90

01
60

30

Figura 9: Número de funcionários alocados na obra – opção com “tempos de ciclo curtos”

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4. Resultados e Discussão

Após a escolha das atividades e a formulação do plano de ataque principal, tal qual foi executado pela

empresa res ponsável pela obra, foi lanç ada a linha de balanço principal. E m decorrência desta linha de

balanço foi lançada uma s egunda linha de balanço, c om tempo de c iclos c urtos para determinados pacotes.

Ao analisar os resultados , c hegou-se a c onclus ão que para todos os três pacotes , o tempo de ciclo foi

reduzido a, aproximadamente, 50% do tempo do pac ote original. Com es ta tática, chega-se a um ritmo de

trabalho bem mais acelerado, visto que os segmentos de reta na linha de balanço estão todos mais

inclinados em relação à linha anterior. A lém disso, obtêm-se um tempo menor e, consequentemente, um

tempo total de obra reduzido.

Pode-se perceber na linha de balanço, também, que com a redução do tempo de cic lo nos três pacotes pré-

determinados , o número de funcionários aloc ados na obra ao mes mo tempo aumentou. Portanto, se o

objetivo for finalizar a obra em menor prazo, esta se mostra uma alternativa válida. E ntretanto, a escolha

deste aumento do número de funcionários depende do tipo de s istema de gestão adotado pela empresa,

pois neste caso, é necessário um maior cuidado no gerenciamento da execução da obra, uma vez que o

numero de operários é maior na obra. Além disso, atualmente, para s e ter um número elevado de

func ionários em uma obra, é preciso c ertificar-se que há a dis ponibilidade de mão de obra no mercado, pois

em função do aquecimento do setor da construção c ivil, em algumas localidades , há uma carência de mão

de obra es pecializada.

Ao observar a figura 9 , percebe-se que não há uma linearidade no número de funcionários na obra. No iníc io

da obra, por exemplo, têm-se somente o pacote de es truturas sendo executado e, com 28 funcionários

compondo o pacote. N o 250° dia, porém, têm-se um aumento para 65 funcionários , realizando os pac otes

de es trutura, alvenaria e regularização.

Esta grande oscilação do número de func ionários pode ser c onsiderada uma boa escolha se a empresa tiver

mais de uma obra em execução ao mesmo tempo, pois como já citado anteriormente, a empresa trabalha

om reaproveitamento de equipes . O s funcionários são contratados pela construtora e, não terceirizados ,

como oc orre com freqüência em outras empresas . Desta maneira é possível fazer o deslocamento e manejo

de equipes de uma obra para outra, s em que haja funcionários ociosos.

Já ao observar a figura 10 , tem-se uma oscilação no número de operários ainda maior do que na figura 9 . A

alternativa de redução de tempos de ciclo exigiu, neste caso, um maior número de funcionários alocados na

obra. E s ta opção é valida para s e ter um prazo de entrega menor da obra.

Na s egunda linha de balanço, é importante considerar, também, que o aumento de equipes para cada

atividade proporciona um aumento na produtividade das mesmas , pois os lotes em que elas atuam são

s imilares e c om repetições c onstantes. A ssim, o entendimento do s erviço torna-se cada vez maior e melhor.

Neste caso, há um aumento da eficácia e eficiência, pois além do ciclo de trabalho ser c ompletado, é

realizado com o efeito aprendizado e maior entendimento, agregando maior valor e qualidade ao produto

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final. A dis ponibilidade de rec ursos também deve s er levada em c onsideração, uma vez que a escolha do

plano de ataque é feita levando em c onsideração os recursos disponíveis em c aixa.

Portanto, é possível afirmar que, no planejamento do controle da produção, não há uma alternativa correta

ou imperativa a ser seguida, pois o ato de planejar depende de uma série de carac terísticas partic ulares de

cada empreendimento e de cada empresa. Q uestões como a região em que o terreno es tá inserido são

importantes , uma vez que condições climáticas , aquec imento do mercado imobiliários local e a

disponibilidade de mão de obra es pecializada podem determinar uma das variáveis de mais importância, o

tempo total e a entrega da obra.

5. Conclusão

O presente estudo realizado buscou, em primeiro lugar, a realização e o preparo de uma linha de balanço

para uma obra em Porto Alegre, c omo tema principal de um artigo para a c oncessão do título em

Espec ialista em Construção C ivil, pela universidade U nisinos . Inicialmente foram montados todos os pac otes

de trabalho realizados e, após , o plano de ataque foi montado. A partir desse momento, foi possível

desenhar a linha de balanç o, da obra em estudo, tal qual foi executada. D iante disso, procurou-se propor

um novo plano de ataque, uma alternativa ao plano original, baseando-se na redução do tempo de ciclo dos

três maiores e mais longos pacotes de trabalho para a execução da obra – alvenaria + revestimento

c erâmico de parede, pintura interna 0 1 e revestimento c erâmico de pisos.

Ao comparar ambos os planos de ataque, delimitados nas linhas de balanço, percebeu-se que a redução dos

três pacotes reduziu o tempo de atravessamento de cada um e, consequentemente, o tempo total de obra.

Porém, observou-se, também, que a redução do tempo de ciclo aumentou o numero de equipes e de

func ionários alocados à obra em determinados dias . Com esta atitude, os ciclos se repetiram mais vezes e,

com mais equipes . T al fato que poderia, de alguma forma, aumentar a eficácia da exec ução do trabalho.

Entretanto, para o alcance desta eficácia, s eria necessário aumentar o controle e rigidez em relação a

qualidade do trabalho executado por c ada um dor func ionários.

A linearidade do número de func ionários na obra seria, talvez, melhor. Isto porque o número de operários

seria constante e o controle deles , por parte dos ges tores , s eria facilitado. Esta linearidade também balizaria

a produção total diária em obra e, provavelmente, o dispêndio de verbas para a c ompra de materiais .

Entretanto, em função de outras necessidades , tais como tempo de finalização de um determinado pacote

de trabalho, por exemplo, no pres ente estudo, dá-se o escalonamento do número de funcionários.

Enfim, é possível afirmar que a diminuição do tempo de c iclo de cada pacote aumentaria a produção total na

obra, em função de um maior numero de equipes e func ionários realizando s uas atividades determinadas na

obra.

Pode–se observar que a linha de balanço mostra o ritmo imposta para a exec ução de cada um dos pacotes

de trabalho que se repetira ao longo da obra. O ritmo da execução pode s er considerado uma variável em

funç ão do tempo de atravessamento de cada pacote e do tempo de duração da obra ou, então, em função

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de dados de ritmos estabelec idos por taxas de produtividade adotadas pelo s etor do planejamento das

empresas . Porém, é importante ressaltar que em ambas as situações s upracitadas , não é devidamente

c ons iderada a variação de produtividade ao longo de todo o tempo de atravessamento da obra.

De forma complementar aos demais aspectos , pode-se afirmar e verificar c om grande fac ilidade a eficiênc ia

e eficácia da linha de balanço como planejamento e controle da produção em obras da cons trução civil, em

edifícios de pavimentos repetitivos , pois fac ilita o gerenciamento da obra pela forma visual c omo é

representada, provocando fácil interpretação do planejamento da obra. A linha de balanço c onfere

trans parência e fácil leitura nas diversas opç ões de caminhos que podem ser determinados e seguidos para

o planejamento de longo prazo.

Por fim, c omo rec omendaç ões para trabalhos futuros , propõe-se uma nova alternativa de plano de ataque e

propos ta de linha de balanço, c om ritmo de execução de todos os pacotes mais linearmente disposto.

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