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Estruturas Isostáticas

Material Teórico
Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Glauco Fabrício Bianchini

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Esforços Internos nas Estruturas
– Parte 2

• Diagramas em Pórticos;
• Diagramas em Grelhas;
• Diagramas em Treliças – Utilizando o Método dos Nós;
• Diagramas em Treliças – Utilizando Corte de Ritter;
• Considerações Finais.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar os esforços internos que estão atuando nas estruturas e suas implicações no
comportamento estrutural;
• Indicar as seções mais críticas nas estruturas quando submetidas a diferentes carrega-
mentos e induzir a análise dos sistemas de estruturas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Diagramas em Pórticos
Pórticos planos são estruturas lineares, coplanares, com presença de cargas
ativas/reativas e com elementos unidos por nós rígidos (pórticos biapoiados), po-
dendo existir articulações entre eles (pórticos triarticulados). Trata-se de um quadro
aberto, podendo ser considerado uma única chapa sem a presença de articulações.
Necessita de três barras vinculares não concorrentes para restringir os movimentos
no plano e se tornar estáveis (MACHADO JR., 1999).

O processo de determinação dos diagramas de esforços solicitantes segue o


mesmo raciocínio feito para as vigas. Utiliza-se o método das seções de corte em
diferentes pontos das estruturas, sempre lembrando-se de que, durante a produção
dos diagramas, as cargas aplicadas determinam o seu formato, conforme descrito
a seguir:
• Cargas concentradas geram:
»» Esforços normais – Diagramas lineares e horizontais;
»» Esforços cisalhantes – Diagramas lineares e horizontais;
»» Momento – Diagrama linear e inclinado.
• Cargas uniformemente distribuídas geram:
»» Esforços normais – Diagramas lineares e inclinados;
»» Esforços cisalhantes – Diagramas lineares e inclinados;
»» Momento – Diagrama parabólico.

Continuando com a lógica, os pórticos apresentados nas unidades anteriores


para o cálculo das reações serão estudados neste Capítulo, para a produção dos
diagramas de esforços.

Como a primeira parte de cálculo já foi desenvolvida nas unidades anteriores,


nesta Unidade, segue-se direto para o traçado dos diagramas, não se preocupando
com o cálculo das reações.

Pórtico biapoiado
Dado o pórtico biapoiado (Figura 1) com um elemento inclinado (AB), uma carga
vertical, uniformemente distribuída, e uma carga concentrada horizontal, divide-se
a estrutura em cinco seções de análise para o traçado dos diagramas.

Inicialmente, são analisadas as seções de corte e, posteriormente, são compilados


os dados de cálculo na produção dos diagramas.

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Figura 1 – Pórtico biapoiado
Fonte: Acervo do conteudista

Respeitando a 3° Lei de Newton, a partir da análise das seções, criam-se dois


elementos, um a esquerda e outro a direita.

Para o procedimento de cálculo, pode-se escolher tanto o elemento da esquerda


quanto o elemento da direita.

Quando as estruturas estão seccionadas, opta-se por escolher o elemento que


possua um processo de resolução mais simples, ou seja, num tempo, pode-se esco-
lher o elemento da esquerda e, no outro, o elemento da direita.

Todos os procedimentos de cálculo seguem como base as equações de equilíbrio


(ΣM = 0; ΣFx = 0; ΣFy = 0).

Seção S1 – Elemento inclinado AB (meio)


Para análise da estrutura na seção S1, opta-se por avaliar o elemento da esquerda.

Esse elemento possui uma análise mais simples do que o elemento da direita.

A Figura 2 apresenta o elemento seccionado com as cargas ativas e reativas


e, na sequência, as reações horizontais e verticais decompostas no alinhamento
da estrutura.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Figura 2 – Pórtico biapoiado – Seção de análise S1


Fonte: Acervo do conteudista

Com a estrutura seccionada, com as forças reativas decompostas, torna-se pos-


sível calcular os valores de Ms1, Vs1 e Ns1.

Cálculo Ms1
Para o cálculo do momento, fica mais fácil utilizar as reações verticais e horizon-
tais antes da decomposição no eixo da estrutura.

ΣMs1 = 0

45,83. 1,0 – 50. 1,5 + Ms1 = 0 → Ms1 = 29,17 kN.m

Cálculo Vs1
Como o efeito de cisalhamento acontece quando a força é perpendicular ao eixo
da estrutura, esse procedimento de cálculo deve ser feito com as cargas reativas
decompostas nos eixos da estrutura.

ΣFy = 0 – eixo rotacionado

25,43 + Vs1 – 41,59 = 0 → Vs1 = 16,16 kN

Cálculo Ns1
Como esse cálculo está baseado no esforço normal da estrutura, esse proce-
dimento de cálculo deve ser feito com as cargas reativas decompostas nos eixos
da estrutura.

ΣFx = 0 – eixo rotacionado.

38,13 + 27,74 – Ns1 = 0 → Ns1 = 65,87

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Seção S2 – Elemento inclinado AB
A sequência de análise para determinação dos esforços na seção S2 é a mesma
utilizada na seção S1.

A Figura 3 apresenta a seção de análise S2:

Figura 3 – Pórtico biapoiado – Seção de análise S2


Fonte: Acervo do conteudista

Com a estrutura seccionada, com as forças reativas decompostas, torna-se pos-


sível calcular os valores de Ms2, Vs2 e Ns2.

Cálculo do momento Ms2


ΣMs2 = 0

45,83 . 2,0 – 50 . 3 + Ms2 = 0 → Ms2 = 58,34 kN.m

Cálculo do Vs2
Como no trecho em análise, não há presença de cargas solicitantes, o valor da
cortante se mantém constante, permanecendo o valor calculado para S1.

ΣFy = 0 – eixo rotacionado

25,43 + Vs2 – 41,59 = 0 → Vs2 = 16,16 kN

Cálculo do Ns2
Assim como descrito para a cortante, não ocorre a variação do esforço normal
devido à ausência de cargas no trecho.

ΣFx = 0 – eixo rotacionado

38,13 + 27,74 – Ns2 = 0 → Ns2 = 65,87 kN

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Seção S3
O próximo ponto de análise é a seção S3 aplicada no meio do elemento BC.
Nesse processo de análise, será feito o estudo pela seção da direita, separando o
pórtico e criando os esforços (Figura 4).

Figura 4 – Pórtico biapoiado – Seção de análise S4


Fonte: Acervo do conteudista

Cálculo do momento Ms3


ΣMs3 = 0

50 . 1,0 + 50 . 1,5 – Ms3 – 54,16 . 2 = 0 → Ms3 = 16,68 kN.m

Cálculo do Vs3
Para a determinação de Vs3, aplica-se a equação de equilíbrio referente as car-
gas verticais:

ΣFy = 0

54,16 + Vs3 – 50 = 0 → Vs3 = –4.16 kN

A presença do sinal negativo implica que a escolha do sentido do vetor Vs3 foi
errônea, sendo necessário inverter o seu sentido, ficando orientado para baixo e
não para cima.

Cálculo do Ns3
Para a determinação de Ns3, aplica-se a equação de equilíbrio referente as car-
gas horizontais.

ΣFx = 0

–50 – Ns3 = 0 → Ns3 = –50 kN

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A presença do sinal negativo implica que a escolha do sentido do vetor Ns3 foi
errônea, sendo necessário inverter o seu sentido, ficando orientado para direita e
não para esquerda.

Seção S4
Para a análise da seção S4, será estudada a seção de corte a direita de S4, res-
tando apenas o trecho CD para análise, devido à sua simplicidade.

A Figura 5 apresenta o trecho.

Figura 5 – Pórtico biapoiado – Seção de análise S4


Fonte: Acervo do conteudista

Cálculo do momento Ms4


ΣMs4 = 0

50 . 1,5 – Ms4 = 0 → Ms4 = 75,00 kN.m

Cálculo do Vs4
Para a determinação de Vs4, aplica-se a equação de equilíbrio referente às car-
gas horizontais, devido à posição vertical da estrutura:

ΣFx = 0

−50 + Vs4 = 0 → Vs4 = 50 kN

Cálculo do Ns4
Para a determinação de Ns4, aplica-se a equação de equilíbrio referente às car-
gas verticais, devido à posição vertical da estrutura:

ΣFy = 0

54,16 – Ns4 = 0 → Ns4 = 54,16 kN

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Seção S5
Da mesma forma que foi feito para a seção S4, será feito para seção S5. A aná-
lise continua sendo pelo elemento mais simples, conforme a Figura 6:

Figura 6 – Pórtico biapoiado – Seção de análise S5


Fonte: Acervo do conteudista

Cálculo do momento Ms4


ΣMs5 = 0

Ms5 = nulo – Para a estrutura em análise, não forças que gerem momento na
seção S5.

Cálculo do Vs5
Mesmo processo apresentado para a seção S4, porém sem nenhuma carga
transversal no elemento.

ΣFx = 0

Vs5 = 0 kN – Não presença de cargas transversais ao elemento de análise.

Cálculo do Ns5
Para a determinação de Ns5, aplica-se a equação de equilíbrio referente às car-
gas verticais, devido à posição vertical da estrutura:

ΣFy = 0

54,16 – Ns5 = 0 → Ns5 = 54,16 kN

Analisadas todas as seções e calculados todos os esforços, torna-se possível a


determinação de seus diagramas.

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A Figura 7 apresenta os diagramas de esforços solicitantes para o Pórtico biapoiado.

Figura 7 – Pórtico biapoiado – Diagramas de esforços solicitantes


Fonte: Acervo do conteudista

Nesse processo de produção dos diagramas, repare que, mesmo não tendo cal-
culado o valor da cortante à direita das seções S2 e S4, elas são determinadas pelas
próprias reações de apoio dos pórticos.

Para os diagramas de momento, para garantir a continuidade dos esforços, o


momento de 58,34 kN.m e 75 kN.m acontecem tanto à direita quanto à esquerda
da seção de análise, ou seja, no final, o somatório de todas as ações nas estruturas
resulta em zero.
Cálculo dos esforços internos à direita da seção S2.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista

ΣMs2 = 0

100 . 2 + 50 . 1.50 – 54,16 . 4 – Ms2 = 0 → Ms2 = 58,36 kN.m

ΣFy = 0

Vs2 + 54,16 – 100 = 0 → Vs2 = 45,84 kN

ΣFx = 0

Ns2 – 50 = 0 → Ns2 = 50 kN

Sugestão
Fazer o cálculo dos esforços internos à esquerda da seção S4, seguindo o
mesmo raciocínio do destaque.

Pergunta
No Pórtico biapoiado apresentado, onde a cortante é nula e qual o valor do
momento máximo?

Esse momento máximo acontece no meio do vão (resposta no final da Unidade).

Pórtico triarticulado
O pórtico triarticulado é caracterizado pela presença da articulação. Nessa situ-
ação, a articulação converte uma estrutura hiperestática numa estrutura isostática,
devido à liberação de um vínculo interno – a rotação interna (ALMEIDA, 2009).

Para exemplificação dos cálculos dos esforços internos, a Figura 9 apresenta um


pórtico triarticulado com carregamentos verticais e horizontais.

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Figura 9 – Pórtico tri – articulado
Fonte: Acervo do conteudista

O pórtico apresentado já possui a primeira seção definida por meio da articu-


lação, ou seja, a primeira seção de análise S1 está exatamente sobre a rótula e as
seções S2 e S3 estão definidas no ponto de aplicação da carga de 200 kN e no
ponto C, respectivamente.

Seção S1
A seção S1 já está separada e detalhada na Figura 9, porém a Figura 10 apre-
senta a seção analisada por meio do elemento da esquerda.

Conforme pode ser verificado no detalhamento, a seção está submetida a uma


compressão de 77,50 kN, a uma cortante de 30 kN em S1 e um momento máximo
p ⋅ l ² 20 ⋅ 3²
no meio vão de = = 22,50 kN ⋅ m .
8 8
No ponto A e na articulação, os momentos são nulos.

Figura 10 – Pórtico tri-articulado – Seção de análise S1


Fonte: Acervo do conteudista

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Seção S2
Para análise da seção S2, utiliza-se o elemento da direita, devido à sua simplici-
dade das ações atuantes e reativas (Figura 11).

Figura 11 – Pórtico tri-articulado – Seção de análise S2


Fonte: Acervo do conteudista

Aplicando-se as equações de equilíbrio, têm-se:

ΣMs2 = 0

–122,50 . 2 + 30 . 3 + Ms2 = 0 → Ms2 = 155,00 kN.m

ΣFy = 0

122,50 – Vs2 = 0 → Vs2 = 122,50 kN

ΣFx = 0

Ns2 – 30 = 0 → Ns2 = 30 kN

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Seção S3
Assim como feito para seção S2, será feito para a seção S3. A análise da estru-
tura será feita pelo elemento da direita (Figura 12).

Figura 12 – Pórtico triarticulado – Seção de análise S3


Fonte: Acervo do conteudista

Aplicando-se as equações de equilíbrio, têm-se:

ΣMs3 = 0

30 . 3 – Ms3 = 0 → Ms3 = 90 kN.m

ΣFx = 0

–30 + Vs3 = 0 → Vs3 = 30 kN

ΣFy = 0

–Ns3 + 122,50 = 0 → Ns3 = 122,50 kN

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Calculados os esforços internos nas seções indicadas, pode-se proceder com a


produção dos diagramas de esforços solicitantes.

A Figura 13 apresenta os diagramas de esforços:

Figura 13 – Pórtico triarticulado – Diagramas de esforços solicitantes


Fonte: Acervo do conteudista

Importante salientar que, na presença da articulação, o momento nesse ponto é


nulo, ou seja, há a possibilidade de giro entre os elementos.

Pórtico triarticulado atirantado


Pórticos triarticulado com presença de apoio móvel torna a estrutura instável.

Para conferir a estabilidade da estrutura, há a necessidade de acréscimo de mais


um elemento estrutural, uma barra para absorção de esforços de tração para esta-
bilizar a estrutura.

A Figura 14 apresenta um pórtico triarticulado atirantando e seus esforços soli-


citantes e reativos.

Para produção dos diagramas, dois pontos de análises são necessários, sendo
feita a determinação de S1 no ponto B e S2 no ponto D.

Os demais pontos podem ser facilmente analisados devido à simplicidade das


reações e à ausência de cargas laterais na estrutura.

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Figura 14 – Pórtico tri-articulado atirantado
Fonte: Acervo do conteudista

Para a realização da análise da seção S1, será verificado o elemento à esquerda


e para a realização da análise da seção S2, será verificado o elemento à direita
(Figura 15).

Figura 15 – Pórtico triarticulado atirantado – Seções de análises S1 e S2


Fonte: Acervo do conteudista

Aplicando-se as equações de equilíbrio e sabendo que o tirante se encontra exa-


tamente no meio dos elementos verticais:

Tabela 1
Seção S1 Seção S2
ΣMs1 = 0 ΣMs2 = 0
–62,50 . 1,50 + Ms1 = 0 +62,50 . 1,50 – Ms2 = 0
Ms1 = 93,75 kN.m Ms2 = 93,75 kN.m
ΣFx=0 ΣFx=0
62,50 + Vs1 = 0 –62,50 - Vs2 = 0
Vs1 = -62,50 kN (inverte sentido do vetor) Vs2 = -62,50 kN (inverte sentido do vetor)
ΣFy = 0 ΣFy = 0
75 – Ns1 = 0 75 – Ns2 = 0
Ns1 = 75 kN Ns2 = 75 kN

Conhecidos os esforços nas seções selecionadas, pode-se iniciar a produção dos


diagramas de esforços.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

A Figura 16 apresenta os diagramas:

Figura 16 – Pórtico triarticulado atirantado – Diagrama de esforços solicitantes


Fonte: Acervo do conteudista

Para estruturas em arco, ocorre o mesmo procedimento de cálculo, visto até o momento.
Explor

No link a seguir, está apresentado o procedimento de cálculo detalhado para determinação


dos esforços internos em arcos: http://bit.ly/2EwCGVA.

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Diagramas em Grelhas
As grelhas são estruturas planas submetidas a carregamentos que atuam perpen-
dicularmente ao plano da estrutura. As grelhas isostáticas são classificadas quanto
às condições de apoio em: grelhas engastadas e grelhas triapoiadas. Diferente do
que ocorre em vigas, pórticos e arcos, as grelhas não estão submetidas a esforços
axiais, porém, possuem esforços de torção (ALMEIDA, 2009).

Como se trata de uma estrutura plana e espacial é necessária uma adaptação na


convenção de sinais. Essa adaptação surge pela ausência de esforços axiais (nor-
mais) e pelo surgimento do momento torçor (T).

A Figura 17 apresenta a convenção de sinais adotada para o cálculo dos esforços


solicitantes em grelhas.

Figura 17 – Convenção de sinais para grelhas


Fonte: MACHADO JR. 1999

Grelhas engastadas
O procedimento de cálculo para determinação dos esforços solicitantes segue o
mesmo procedimento do apresentado até o momento. Para grelhas, serão feitos
cortes nos pontos nomeados das estruturas.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

A Figura 18 apresenta uma grelha engastada com as seções de cortes e reações


previamente calculadas:

Figura 18 – Grelha Engastada


Fonte: MACHADO JR. 1999

Seção S1 – Trecho DE
Feita a seção, no processo de análise, busca-se o elemento mais simples para a
realização dos cálculos. O elemento com o menor número de ações está à direita
da seção, analisando o elemento DE (Figura 19).

Figura 19 – Grelha engastada – Seção de análise S1


Fonte: Acervo do conteudista

Para atender as condições de equilíbrio:

Ms1 = 50 kN.m

Ts1 = 0 kN.m – Não ocorrem forças aplicadas fora do eixo da estrutura.

Vs1 = 20 kN.

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Seção S2 – Trecho CDE
Para análise da seção S2, opta-se por analisar o elemento da direita, o trecho
CDE (Figura 20).

Figura 20 – Grelha engastada – Seção de análise S2


Fonte: Acervo do conteudista

Para atender às condições de equilíbrio:

ΣMs2 = 0

–Ms2 + 45 . 1,50 + 20 . 3 = 0 → Ms2 = 127,50 kN

ΣTs2 = 0

Ts2 + 20 . 2.50 = 0 → Ts2 = - 50 kN.m

Necessário fazer a inversão de sentido do vetor Ts2 devido ao sinal negativo de


seu resultado, ou seja, o sentido arbitrado foi errôneo:

ΣFy = 0

Vs2 – 45 – 20 = 0 → Vs2 = 65 kN

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Seção S3 – Trecho BCDE


Nesse trecho, opta-se por continuar analisando o elemento da direita para
determinação dos esforços (Figura 21).

Figura 21 – Grelha engastada – Seção de análise S3


Fonte: Acervo do conteudista

ΣMs3 = 0

–Ms3 + 45 . 3 + 20 . 5.5 = 0 → Ms3 = 245 kN.m

ΣTs3 = 0

–Ts3 + 45 . 1,50 + 20 . 3 = 0 → Ts3 = 127,50 kN.m

ΣFy = 0

Vs3 – 45 – 20 = 0 → Vs3 = 65 kN

Determinados os pontos de análise, passa-se para a produção dos diagramas de


esforços (Figuras 22 a 24).

Figura 22 – Grelha engastada – Diagrama de esforço cortante


Fonte: MACHADO JR. 1999

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Figura 23 – Grelha engastada – Diagrama Momento torçor
Fonte: MACHADO JR. 1999

Figura 24 – Grelha engastada – Diagrama Momento Fletor


Fonte: MACHADO JR. 1999

Importante! Importante!

Devido à presença do momento torçor, ocorre a descontinuidade do diagrama de momento.

Grelha triapoioada
Diferente do que ocorre na estrutura engastada, na estrutura triapoiada as re-
ações que aparecem são somente as reações verticais e horizontais, de tal forma
que, devido ao carregamento perpendicular ao plano, não se tem a presença de
reações horizontais (nulas).

O procedimento de produção dos diagramas segue o mesmo processo das gre-


lhas engastadas.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

A Figura 25 apresenta uma grelha triapoiada com suas reações já calculadas.

Figura 25 – Grelha Triapoiada


Fonte: MACHADO JR. 1999

Seção S1 – trecho DE
A Figura 26 apresenta a seção de análise S1.

Figura 26 – Grelha triapoiada – Seção de análise S1


Fonte: Acervo do conteudista

Para atender as condições de equilíbrio:

ΣMs1 = 0

Ms1 + 20 . 2,50 – 44,54 . 2,50 = 0 → Ms1 = 61,35 kN.m

Ts1 = 0 kN.m – Não ocorrem forças aplicadas fora do eixo da estrutura.

ΣFy = 0

Vs1 + 44,54 – 20 = 0 → Vs1 = –24,54 kN

Inverter o sentido da força.

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Seção S2 – Trecho CDE
A Figura 27 apresenta a seção de análise S2.

Figura 27 – Grelha triapoiada – Seção de análise S2


Fonte: Acervo do conteudista

ΣMs2 = 0
+Ms2 + 45 . 1,50 + 20 . 3 – 45,54 . 3 = 0 → Ms2 = 9,12 kN
ΣTs2 = 0
–Ts2 + 20 . 2.50 – 44,54 . 2.5 = 0 → Ts2 = –61,35 kN.m

Necessário fazer a inversão de sentido do vetor Ts2 devido ao sinal negativo de


seu resultado, ou seja, o sentido arbitrado foi errôneo.
ΣFy = 0
Vs2 – 45 – 20 + 44,54 = 0 → Vs2 = 20,46 kN

Seção S3 – Trecho BCDE


A Figura 28 apresenta a seção de análise S3.

Figura 28 – Grelha triapoiada – Seção de análise S3


Fonte: Acervo do conteudista

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Aplicando-se as equações de equilíbrio:

ΣMs3 = 0

–Ms3 + 45 . 3 + 20 . 5.5 – 44,54 . 5.5 = 0 → Ms3 = 0,03 kN.m

ΣTs3 = 0

–Ts3 + 45 . 1,50 + 20 . 3 – 44,54 . 3 = 0 → Ts3 = –6,12 kN.m

ΣFy = 0

Vs3 – 45 – 20 + 44,54 = 0 → Vs3 = 20,46 kN

Determinados os pontos de análise, passa-se para a produção dos diagramas de


esforços (Figuras 29 a 31).

Figura 29 – Grelha triapoiada – Diagrama de esforços cortantes


Fonte: MACHADO JR. 1999

Figura 30 – Grelha triapoiada – Diagrama Momento Torçor


Fonte: MACHADO JR. 1999

Figura 31 – Grelha triapoiada – Diagrama Momento fletor


Fonte: MACHADO JR. 1999

30
Explor
No Youtube, Canal do Sr. Evandro Paulo Folleto, existem várias videoaulas sobre determina-
ção dos esforços internos em estruturas planas. No link a seguir, está descrita a determinação
dos esforços solicitantes em grelhas, bem como o link do canal.
Esforços solicitantes em grelhas: https://youtu.be/giuosq3DkNw.
Acesso o canal: http://bit.ly/2wgDcCH.

Diagramas em Treliças –
Utilizando o Método dos Nós
As treliças são estruturas compostas de barras ou elementos retos, com orienta-
ções diversas, interligados por nós.

Os nós permitem as rotações entre os elementos e não há presença de excentri-


cidade. Diferentemente do que ocorre com as grelhas, nas treliças estão presentes
somente os esforços axiais. Não há presença de esforços cisalhantes e momentos
(MACHADO JR. 1999).

Ainda de acordo com o autor, os nós das treliças podem ser formados por duas
ou mais barras, nas quais os esforços internos podem ser determinados sem o es-
tabelecimento das respectivas equações de equilíbrio. Esses nós são denominados
nós característicos e podem ser de dois tipos:
• Quando um nó é formado pela união de duas únicas barras, não ocorrendo
força externa aplicada, os esforços nas barras são nulos;
• Quando um nó é formado pela união de três barras, com duas delas colinea-
res, os esforços internos nessas duas últimas são iguais em valor e sinal, com
esforço nulo na terceira barra, desde que não haja ocorrência de força externa
aplicada no nó.

A Figura 32 apresenta uma grelha com seus nós característicos e suas reações
calculadas. Para o procedimento de cálculo, deve-se analisar cada nó da estrutura
e determinar os esforços solicitantes nas barras.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Figura 32 – Treliça biapoida


Fonte: Acervo do conteudista

De acordo com o item B, as barras CB e GF apresentam esforços internos nulos.


As demais barras deverão ter seus esforços calculados.

Utilizando o método dos nós, analisam-se todos os nós da treliça, aplicando as


equações de equilíbrio relativas ao somatório de forças na horizontal e na vertical.

Para início do processo de cálculo, as barras da treliça serão seccionadas e inse-


ridos esforços internos de tração, nomeados conforme os nós que pertencem.

Caso os cálculos determinem que os esforços são de compressão, inverte-se o


sentido dos vetores.
• Nó A = Nó H (determinação possível pela simetria da estrutura).

Na Figura 33, apresenta-se a seção de análise no Nó A.

Figura 33 – Treliça biapoiada – Nó A


Fonte: Acervo do conteudista

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ΣFx = 0

Nab. Cos 16,70° + Nac = 0

ΣFy = 0

50 – 20 + Nab. sen 16,70° = 0 → Nab = –104,40 kN

Portanto:

Nac = 100 kN

Pela descrição do item A, os esforços internos nas barras CE e EG são iguais aos
das barras AC e GH.
• Nó B = Nó F (determinação possível pela simetria da estrutura).

Na Figura 34, apresenta-se a seção de análise no Nó B.

Figura 34 – Treliça biapoaida – Nó B


Fonte: Acervo do conteudista

ΣFx = 0

104,40 . sen73,30° + Nbe . sen73,30 + Nbd . sen73,30 = 0

100 + 0,96.Nbe + 0,96.Nbd = 0

ΣFy = 0

104,40 . cos73,30° + Nbd . cos73,30° - Nbe . cos73,30° – 20 = 0

10 + Nbd.0,28 – Nbe.0,28 = 0

Resolvendo o sistema:

Nbd = -69,93 kN

Nbe = -34,21 kN
• Nó D

33
33
UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Na Figura 35, apresenta-se a seção de análise no Nó D.

Figura 35 – Treliça biapoiada – Nó D


Fonte: Acervo do conteudista

ΣFy = 0

–20 + 2 . (69,93 . cos73,30°) – Nde = 0

Nde = 20 kN

Calculados os esforços em todas as barras, produz-se o diagrama de esforços


normais para a treliça. Esse diagrama pode ser reproduzido de duas maneiras, por
meio do método tradicional aprendido até aqui (Figura 36) ou por meio da indica-
ção dos esforços nas barras (Figura 37).

Figura 36 – Treliça biapoiada – Diagrama de esforços – Tradicional


Fonte: Acervo do conteudista

Figura 37 – Treliça biapoiada – Diagrama de esforços – Simplificado


Fonte: Acervo do conteudista

34
Diagramas em Treliças –
Utilizando Corte de Ritter
Por volta de 1860, o engenheiro alemão A. Ritter, mostrou que, por meio de
equações seletivas de equilíbrio de momentos pode-se obter os esforços solicitantes
em determinadas barras, sem a necessidade de recorrer às condições de equilíbrio
dos nós. O método é baseado no equilíbrio entre as partes de uma treliça, separada
por um corte imaginário que a atravesse totalmente (MACHADO JR., 1999).

Ainda de acordo com o autor, o método é apropriado para treliças que possam
ser cortadas por meio de três barras, duas a duas concorrentes.

Dessa forma, a força em uma das barras pode ser determinada por meio da
equação de momento, com apenas uma incógnita, formulada em relação ao ponto
comum das outras duas barras. Como exemplo do cálculo, a Figura 38 apresenta
uma seção de corte e seu cálculo.

As premissas definidas nos itens A e B do cap. 3 referentes aos nós característi-


cos continuam valendo.

Figura 38 – Treliça biapoiada – Corte de Ritter


Fonte: Acervo do conteudista

Para a realização dos cálculos e a aplicação do método, a treliça será separada


e analisada (Figura 39), à esquerda, a seção de análise, e à direita, a seção descon-
siderada em linha tracejada.

Figura 39 – Treliça biapoiada – Corte de Ritter – Detalhada


Fonte: Acervo do conteudista

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Aplicando o somatório de momentos no ponto B, determina-se o esforço na


barra Nce.

ΣMB= 0

50 . 3 – 20 . 3 – Nce . 0,90 = 0 → Nce = 100 kN

Aplicando o somatório de momentos no ponto E, determina-se o esforço na


barra Nbd.

Para a determinação desse momento, faz-se necessário o cálculo da distância d


apresentada na Figura 39 – d = 1,72 m.

ΣME = 0

50 . 6 – 20 . 6 – 20 . 3 + Nbd . 1,72 = 0 → Nbd = - 69,90 kN

Por meio da aplicação de cortes, torna-se possível a determinação dos esforços


axiais nas barras da treliça.

Caso haja a necessidade de análise de uma barra específica, o método desenvolvido


pelo engenheiro A. Ritter se faz muito útil e rápido.

Talvez você encontre variações nos cálculos feitos aqui.


Essa diferença ocorre pelas aproximações adotadas
nos cálculos utilizando seno e cosseno, causando pe-
quenas diferenças de valores que não comprometem
a resolução do exercício.

Considerações Finais
Estruturas constituídas por vigas, pórticos e arcos possuem os mesmos esforços
solicitantes e o mesmo procedimento de cálculo. As estruturas de grelhas possuem
momento torçor e não possuem esforços axiais, e as treliças possuem somente
esforços axiais.

Durante o processo de análise das estruturas, a definição do número de cortes


e seções definem o detalhamento dos resultados, maiores número de cortes, resul-
tados mais refinados.
Diagramas de vigas inclinadas com cargas uniformemente distribuídas.

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1ª. situação
Viga inclinada com carregamento distribuído perpendicular ao eixo da viga.

Figura 40
Fonte: LINDENBERG NETO, 2006

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

2ª. situação
Viga inclinada com carregamento distribuído vertical e inclinado.

Figura 41
Fonte: LINDENBERG NETO, 2006

Resposta da pergunta
Considerando o ponto como a origem do sistema de cotas, a distância onde
a cortante é nula ocorre na cota 3,83 m e o valor do momento máximo é
–16,30 kN.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Estruturas isostáticas
LEGGERINI, M. R. C.; KALIL, S. B. Estruturas isostáticas. Rio Grando de Sul:
PUCRS, 2010.
Mecânica vetorial para engenheiros: estática
BEER, F. P.; JOHNSTON JUNIOR, E. R. Mecânica vetorial para engenheiros:
estática. 9.ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. v. 1. (e-Book)
Fundamentos de resistência dos materiais
PINHEIRO, A. C. F. B.; CRIVELARO, M. Fundamentos de resistência dos materiais.
Rio de Janeiro: LTC, 2016. (e-Book)
Análise de estruturas
MARTHA, L. F. Análise de estruturas. Conceitos e métodos básico. 2.ed. Elsevier. 2010.

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UNIDADE Esforços Internos nas Estruturas – Parte 2

Referências
ALMEIDA, M. C. F de. Estruturas Isostáticas. São Paulo: Oficina de textos, 2009. (e-Book)

LINDENBERG NETO, H. Introdução à mecânica das estruturas. Edisciplinas –


Material didático. São Paulo USP, 2006.

MACHADO JR., E. F. Introdução à isostática. São Carlos: EESC/USP-Projeto


Reenge, 1999.

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