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Projeto de Edificações

Sistemas de Combate a Incêndio


e Proteção Contra Surtos em Edificações

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Sistemas de Combate a Incêndio e
Proteção Contra Surtos em Edificações

• Introdução;
• Combustível;
• Comburente;
• Calor;
• Extinção do Fogo;
• Sistemas Ativos de Combate a Incêndio;
• Sistemas de Proteção Contra Surtos.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Conhecer os principais componentes do sistema de combate a incêndio e proteção contra
surto em edificações;
• Conhecer os sistemas ativos e passivos de combate a incêndio;
• Conhecer os sistemas de proteção contra surtos.
UNIDADE Sistemas de Combate a Incêndio
e Proteção Contra Surtos em Edificações

Introdução
Desde o início da civilização, o fogo foi fundamental para o desenvolvimento da
humanidade. O fogo foi utilizado, por exemplo, para clarear os ambientes, espantar
animais selvagens, preparar alimentos e forjar armas.

Porém, quando o fogo fica fora de controle, pode gerar o fenômeno do incêndio,
que é uma ameaça aos bens materiais e eventualmente à vida. Por isso, é importante
saber a origem dos incêndios e, no caso de sua ocorrência, como combatê-los de
forma eficaz e rápida.

Fogo é um fenômeno químico gerado na combustão. É um processo de reação


química que desprende calor e energia luminosa, que altera as características das
substâncias que são queimadas. O fogo é o resultado de um processo exotérmico de
oxidação (Figura 1).

CALOR
FOGO
GERA
(Processo de Reação Química)
ENERGIA LUMINOSA

Figura 1 – Fogo: processo de reação química

Um composto orgânico (por exemplo, gás de hidrocarbonetos, gasolina, madeira,


papel, plástico) é vulnerável à oxidação, quando em contato com uma substância
comburente, que tem como elemento constituinte de suas moléculas o oxigênio, (por
exemplo, cloro, flúor, oxigênio do ar atmosférico); de modo que ao atingirem a ener-
gia de ativação (temperatura de ignição) entram em combustão (Figura 2).

SUBSTÃNCIA COMBURENTE
ENERGIA DE ATIVAÇÃO
(cloro, flúor, oxigênio do ar
(faísca elétrica, chama, calor)
atmosférico)

COMBUSTÃO
(depende da temperatura de ignição)

COMPOSTO ORGÂNICO
(gás de hidrocarbonetos, gasolina,
madeira, papel, plástico)

Figura 2 – Processo de combustão

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O ponto de ignição, ou calor de ignição, é a temperatura em que os combustíveis
queimam, sem a presença de chama.

A energia para inflamar o combustível (energia de ativação) pode ser fornecida,


por exemplo, por uma faísca elétrica, chama ou calor. Quando iniciada a reação de
oxidação, denominada combustão ou queima, o calor que é desprendido pela rea-
ção química mantém o processo em atividade.

O fogo durará enquanto houver suprimento contínuo de combustível, de calor e


de um comburente (oxigênio).

O calor de ignição necessário para iniciar o fogo, geralmente é causado, por


exemplo, por fontes de calor como faíscas elétricas, fósforos acesos e raios atmos-
féricos. Na ausência de um dos componentes da combustão (composto orgânico,
substância comburente, energia de ativação) o fogo não se inicia, ou se estiver aceso
se apagará.

Então, para que ocorra o fogo são necessários três fatores (combustível, combu-
rente e calor) que simultaneamente reagirão entre si, denominados triângulo do
fogo (Figura 3)
EL

COM
TÍV

BU
BUS

REN
COM

TE

CALOR

Figura 3 – Componentes do triângulo do fogo

Alguns autores acrescentam um novo componente necessário à existência do


fogo, a chamada reação em cadeia. Com a inclusão da reação em cadeia no
triângulo do fogo surgiu um novo modelo para estudo do fogo, denominado
tetraedro do fogo.
COM
EL
TÍV

BU
S
BU

REN
M
CO

REAÇÃO
E

EM CADEIA
CALOR

Figura 4 – Componentes do tetraedro do fogo

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Assim, a reação em cadeia é uma sequência de reações que ocorrem durante


a combustão que origina o fogo. A combustão produz a sua própria energia de
ativação (calor), enquanto há comburente e combustível para queimar, dando conti-
nuidade à combustão.

Combustível
Combustíveis são todos os elementos que são susceptíveis à combustão, que for-
necem energia para o fogo e a sua propagação.

Os combustíveis podem ser, sólidos, líquidos e gasosos, veja alguns exemplo


(Figura 5):
• Sólidos: algodão, madeira, papel;
• Líquidos: álcool, gasolina, óleo diesel;
• Gasosos: acetileno, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), hidrogênio.

COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS TIPOS DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS


(algodão, madeira, COMBUSTÍVEIS (álcool, gasolina,
papel) óleo diesel)

COMBUSTÍVEIS GASOSOS
(acetileno, GLP, hidrogênio)

Figura 5 – Tipos de combustíveis em função do estado da matéria.

Os combustíveis líquidos possuem algumas características distintas, pois podem


ser (Figura 6):
• Voláteis: liberam vapores em temperatura ambiente como, por exemplo, o ál-
cool, a gasolina e o éter. Os vapores fazem com que os combustíveis voláteis
tenham maior grau de risco;
• Não voláteis: praticamente não liberam vapores como, por exemplo, a graxa
e as tintas.

COMBUSTÍVEIS COMBUSTÍVEIS
LÍQUIDOS VOLÁTEIS TIPOS DE
LÍQUIDOS NÃO VOLÁTEIS
(álcool, gasolina, éter) COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS (graxas, tintas)

Figura 6 – Tipos de combustíveis líquidos

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Comburente
Comburentes são todos os elementos que reagem quimicamente aos combustí-
veis, sendo capazes de fazê-los entrar em combustão.

O elemento comburente ativa o fogo, tornando possível a ocorrência das chamas.

O comburente mais comum é o gás oxigênio do ar atmosférico que, ao entrar em


contato com o combustível, gera uma reação química exotérmica.

Calor
O calor é a energia necessária ao desenvolvimento e à continuação da reação quí-
mica da combustão que gera o fogo. Assim, o calor faz o início do fogo, mantendo
e o propagando através do combustível.

As temperaturas características de cada tipo de combustível importante ao estudo


do fogo são as seguintes:
• Ponto de fulgor: é a temperatura mínima onde os combustíveis começam a li-
berar vapores inflamáveis. Nesta temperatura os vapores inflamáveis estão ainda
em quantidades insuficientes para manter a queima, ou as chamas;
• Ponto de combustão: é a temperatura onde a quantidade de vapores do com-
bustível já é suficiente para manter o processo da queima;
• Ponto de ignição: é a temperatura onde a quantidade de vapores inflamáveis
do elemento combustível tem intensidade suficiente para que pegue fogo, isto é,
entre em combustão só pelo contato com o oxigênio. É a temperatura a partir
da qual a velocidade em que a matéria libera gases é suficiente para manter a
combustão por, pelo menos, cinco segundos.

A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de ponto de ignição para determinados


elementos combustíveis:

Tabela 1 – Exemplos de ponto de ignição


Tipo Combustível Temperatura de ignição (ºC)
Madeira 280 a 500
Sólidos
Papel 218 a 246
Álcool 371
Líquidos Gasolina 246
Óleo diesel 210
Acetileno 305
Gasosos GLP 480
Hidrogênio 560

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Extinção do Fogo
Para extinguir a reação que conduz ao fogo é necessária a eliminação de um dos
componentes do triângulo do fogo.

Assim, é possível extinguir o fogo retirando-se o calor, por resfriamento (por


exemplo, lançando-se água, que faz com que o fogo perca calor); ou removendo-se
o oxigênio (por exemplo, abafando o fogo com cobertores ou utilizando gás carbô-
nico); ou mesmo retirando-se o elemento combustível (por exemplo, madeira, papel,
álcool, gasolina, gás).

Os produtos provenientes da combustão, principalmente vapor de água e gás


carbônico, estando em altas temperaturas devido ao calor desprendido pela reação
química, emitem luz visível.

A luz do fogo que é visível (chama) é o resultado de uma mistura de gases incan-
descentes que emitem energia.

A composição dos gases que se desprendem dos materiais combustíveis, assim


como a sua temperatura e quantidade do comburente determinam a cor da chama.

Na combustão da madeira ou de papel a chama é roxa, amarela ou alaranjada.


Na queima de gases de hidrocarbonetos tem-se chamas azuladas, e cores diferen-
ciadas ocorrem na queima de substâncias com elementos metálicos.

A cor do fogo é também usada para estimar a temperatura de autofornos indus-


triais, uma vez que a temperatura do fogo também varia de acordo com a cor da
chama. Deve-se considerar que há, então, vários fatores, entre os quais o tipo de
combustível e a temperatura do fogo, provocando determinada cor.

Ademais, deve-se ter cuidado com os combustíveis cuja cor da chama é invi-
sível ao olho humano, tal como acontece com o álcool em gel. Essa condição
pode causar queimaduras graves nas pessoas – por não identificarem as chamas
do combustível.

Assim, para a extinção do fogo, consequentemente de um incêndio, elimina-se


um dos componentes do triângulo do fogo: combustível, comburente ou calor

Eliminação do Combustível
A eliminação do combustível é feita através da cessação da entrada do combustível
no processo químico da combustão. Por exemplo, a eliminação do combustível pode
ser feita através de seu isolamento.

O isolamento de combustíveis sólidos pode ocorrer através de sua retirada do


local do incêndio. O isolamento de combustíveis fluidos (líquidos e gases) pode
ser feito através do fechamento de válvulas de dutos que conduzam o fluido que
está queimando.

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Eliminação do Comburente
A eliminação do comburente é outro método de extinção do incêndio. A intenção
é evitar o contato do combustível com o oxigênio, através de cobertura do combus-
tível para causar o abafamento da combustão.
O abafamento pode ocorrer, por exemplo, através da utilização de panos úmidos,
areia, pó químico seco ou de gás carbônico.

Eliminação do Calor
A eliminação do calor do processo de combustão através do resfriamento é uma
das principais soluções para o enfrentamento de incêndios.
O resfriamento é amplamente utilizado como combate de incêndios de combus-
tíveis que deixam resíduos sólidos, porque queimam na superfície e têm calor nas
partes internas, em profundidade, deixando cinzas.

Sistemas Ativos de Combate a Incêndio


A Norma Regulamentadora (NR) da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do
Ministério da Economia 23:2011 – proteção contra incêndios – sistematiza o fogo
nas seguintes classes (Figura 7):
• São os combustíveis compostos por materiais sólidos de fácil combustão. Quei-
mam em sua superfície e profundidade, deixando resíduos como, por exemplo,
fibras, madeira, papel e tecidos;
• São os combustíveis compostos por líquidos inflamáveis. Tais fluidos queimam
somente em sua superfície, não deixando resíduos como, por exemplo, gasolina,
graxas, óleos, tintas e vernizes;
• Nesta classe estão os combustíveis compostos por equipamentos elétricos
energizados como, por exemplo, motores, quadros de distribuição de energia
elétrica e transformadores;
• Tratam-se dos combustíveis compostos por elementos pirofóricos como, por
exemplo, magnésio, titânio e zircônio.

CLASSE A CLASSE B
(materiais sólidos) (líquidos inflamáveis)

CLASSES
DE FOGO

CLASSE D CLASSE C
(materiais pirofóricos) (materiais elétricos energizados)

Figura 7 – Classes de fogo


Fonte: Adaptado de NR 23:2011

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A proteção ativa de combate a incêndios corresponde às medidas de combate a


focos de incêndio.

A proteção ativa de combate a incêndios tem a intenção de atuar para extinguir o


fogo ou controlá-lo em sua origem.

Sistemas Ativos de Combate a Incêndios


Os sistemas ativos de combate a incêndios também são denominados sistemas
de proteção ativa contra incêndio. Tais sistemas são compostos por equipamentos
e medidas complementares, que têm como objetivo o combate imediato ao início de
incêndio. A extinção do fogo pode ocorrer de maneira automática ou não.
Alguns dos dispositivos desse sistema são alarmes de incêndio, extintores portáteis,
hidrantes e sprinklers, além do sistema de sinalização (iluminação de emergência,
rotas de fuga e saídas de emergência).
Os sistemas ativos de combate a incêndios devem ser aprovados pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado em que a edificação foi construída. Além disso, o Corpo
de Bombeiros fará vistoria da obra para fornecer o Auto de Vistoria do Corpo de
Bombeiros (AVCB) – sem tal documento a prefeitura não autoriza a liberação da
edificação para o seu uso.
Assim, os sistemas ativos de combate a incêndios são compostos de equipamentos
e instalações prediais, sem a utilização normal no dia a dia da edificação, sendo
somente acionados em caso de emergência.
O acionamento dos sistemas ativos pode ser realizado de forma manual ou auto-
mática. Os sistemas ativos de combate a incêndios devem ser complementares aos
sistemas passivos de combate a incêndios.
Entre os principais padrões de proteção ativa tem-se o Sistema de Detecção, alar-
me e Combate ao Incêndio (SDCI) e Sistema de Extinção manual e/ou automática
de incêndio (Figura 8).

Sistema de extinção
Sistema de detecção, SISTEMAS ATIVOS
manual e/ou
alarme e combate ao DE COMBATE
automática de
incêndio (SDCI) A INCÊNDIOS
incêndio

Figura 8 – Sistemas ativos de combate a incêndios

Sistema de Detecção, Alarme e Combate a Incêndio (SDCI)


O SDCI também é denominado Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio
(SDAI). É um sistema específico integrado de segurança, que atua de maneira plane-
jada, com a intenção de detectar os estágios iniciais de um incêndio.

Não pode ser estruturado isoladamente dos demais sistemas de segurança das
edificações.

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Esse sistema de segurança, além da detecção do incêndio, executa comandos de
alarme de incêndio, por meio de sinalização audiovisual, bem como atua no processo
de extinção das chamas de incêndios.

As ações de comando do SDCI podem ser executadas de forma manual ou


automaticamente.
Existem sistemas eletrônicos que realizam a atividade de supervisão e são capa-
zes de executar a distribuição de funções do SDCI como, por exemplo, monitorar,
controlar e utilizar, pela rede de informática, a interface gráfica para os usuários
das edificações.
A arquitetura desses sistemas eletrônicos, geralmente, é do tipo cliente-servidor,
com rede modular de sistemas operacionais padrão de redes e protocolos. É inte-
ressante que o sistema de supervisão seja integrado, por exemplo, por meio de uma
rede WAN – Wide Area Network –, que fará a ligação dos pontos desse sistema.

A operação e configuração remota pode acontecer utilizando a comunicação pa-


drão dial-up via modem. A conexão entre os diversos tipos de servidores pode ser
feita através de rede WAN ou LAN – Local Area Network.

Ademais, o SDCI é composto pelos sistemas de Iluminação e sinalização de emer-


gência e Controle de movimento de fumaça (Figura 9).

Sistema de iluminação SISTEMA DE DETECÇÃO, Sistema de controle


e sinalização de ALARME E COMBATE de movimento de
emergência AO INCÊNDIO (SDCI) fumaça

Figura 9 – Sistema de Detecção, Alarme e Combate ao Incêndio (SDCI)

Sistema de Iluminação e Sinalização de Emergência


O sistema de iluminação e sinalização de emergência das edificações é uma parte
do SDCI que complementa a viabilidade da saída dos ocupantes das edificações.
Para a colocação dos pontos de iluminação de emergência é importante observar
as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros de cada Estado, bem como as pres-
crições da Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) 10898:2013 – sistema de iluminação de emergência –,
que indica as distâncias máximas das instalações dos pontos de iluminação, a sua
colocação em mudanças de direção, bem como sobre as portas de saída. Os sistemas
de iluminação de emergência podem ser constituídos por blocos autônomos, centrais
de baterias, geradores ou mistos.

Sistema de Controle de Movimento de Fumaça


O sistema de controle de movimento de fumaça é um componente importante
do SDCI, porque a maioria das mortes que ocorrem em incêndios é causada pela
inalação de vapores tóxicos da fumaça.

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Trata-se, assim, de um sistema de proteção que inclui todos os métodos isolados


ou combinados, com a intenção de:
• Modificar o movimento da fumaça, de forma a facilitar a evacuação das pessoas
do interior das edificações;
• Diminuir o risco de inalação de gases ou partículas aquecidas, que são tóxicas
aos seres humanos;
• Facilitar a identificação do local do foco de incêndio e, consequentemente, o
seu combate.

Geralmente, o sistema de controle de movimento de fumaça está associado ao


sistema de detecção e alarme de incêndio.

Para a instalação e o projeto adequados das medidas de proteção ativas é neces-


sária a integração entre o projeto de arquitetura e os projetos de cada sistema de
segurança – e que sejam compatíveis entre si.

A intenção da compatibilização entre os diversos sistemas das edificações é a


de proporcionar o melhor desempenho das medidas de segurança contra incêndio
como um todo.

Sistema de Extinção Manual e/ou Automática de Incêndio


A extinção manual e/ou automática de incêndio pode ser feita por sistema básico
e fixo (Figura 10).

SISTEMA DE EXTINÇÃO
MANUAL E/OU
Sistema básico AUTOMÁTICA DE
Sistema fixo
INCÊNDIO

Figura 10 – Elementos do sistema de extinção manual e/ou automática de incêndio

Sistema Básico
São componentes do sistema básico do sistema de extinção manual e/ou automá-
tica de incêndio o sistema de extintores de incêndio portáteis:

Os extintores de incêndio portáteis compõem o sistema básico de segurança con-


tra incêndio das edificações, objetivando o combate ao fogo no princípio de incêndio
e possuindo as seguintes características:
• Portabilidade;
• Facilidade de uso, manejo e operação.

Os extintores de incêndio portáteis possuem agentes específicos para comba-


ter incêndios como, por exemplo, água, gás carbônico e pó químico seco. Para
cada tipo de material combustível existem agentes mais adequados para a extin-
ção do incêndio.

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Sistema Fixo
O sistema fixo do padrão básico do sistema de extinção manual e/ou automática de
incêndio é composto por chuveiros automáticos (sprinklers), hidrantes e mangotinhos.

Sistema de Chuveiros Automático


O chuveiro automático é um sistema fixo de combate a incêndio e funciona auto-
nomamente, sendo ativado por um foco de incêndio.

Assim que o chuveiro automático é acionado, libera água de forma a extinguir e


controlar o incêndio em seu estágio inicial.

Esse sistema, se comparado aos demais padrões de extinção de incêndio, apre-


senta o menor intervalo de tempo entre a detecção e o combate a incêndio. Dessa
forma ágil, evita a propagação do incêndio para os demais compartimentos da edifi-
cação, aumentando o tempo de fuga para os usuários.

A NR SIT 23:2011 indica as situações para a utilização dos extintores (Tabela 2):

Tabela 2 – Exemplos de extintores por classe de fogo


Classes de fogo
Tipo de extintor
A B C D
Água pressurizada ✓ Nunca Nunca Nunca
Espuma ✓ ✓ Nunca Nunca
Dióxido de Usar somente no Usar preferen- Usar preferen-
Nunca
carbono (CO2) início do incêndio cialmente cialmente
Pó químico
Pó químico seco Nunca ✓ ✓ especial para cada
tipo de material
Abafamento
Nunca ✓ Nunca ✓
por areia
Abafamento por limalha
Nunca Nunca Nunca ✓
de ferro fundido
Fonte: Adaptada da NR 23:2011

Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos


Trata-se de um sistema fixo de combate a incêndio, cujo objetivo é proteger pessoas
e patrimônio, realizando a extinção ou o controle do incêndio, em seu estágio inicial.

Funciona através de acionamento manual, liberando água pressurizada sobre


o foco de incêndio. Os hidrantes têm vazões compatíveis aos riscos dos locais
das edificações.

Sistemas Passivos de Combate a Incêndio


Igualmente denominados Sistemas de Proteção Passiva Contra Incêndio (SPPCI),
são utilizados para evitar que os incêndios se propaguem e haja tempo suficiente para

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que os ocupantes das edificações possam evacuar o local do incêndio com segurança,
bem como o Corpo de Bombeiros consiga resgatar as vítimas para combater o fogo.

A proteção passiva de combate a incêndios é composta por materiais e tecnologias


que aumentam o tempo de resistência contra a ação do fogo e as suas consequências,
oferecendo, dessa forma, mais proteção ao patrimônio e às pessoas.

Na proteção passiva são utilizados materiais que protegem as edificações do fogo


por mais tempo, através do emprego de produtos que selem passagens de fogo e
fumaça, tais como:
• Forros corta-fogo;
• Lajes e barreiras de cortina;
• Paredes especiais corta-fogo;
• Vidros resistentes ao fogo.
Ademais, as medidas de proteção passiva contra incêndio têm como objetivos:
• Aumentar o tempo de resistência das estruturas ao fogo;
• Reduzir a propagação de chamas e a emissão de fumaça nos materiais de
acabamento e revestimento;
• Promover a compartimentação vertical e horizontal, confinando o fogo em
determinado ambiente;
• Limitar os riscos das chamas, da fumaça e dos gases quentes;
• Limitar a radiação térmica de um incêndio.

Os sistemas de proteção passiva contra incêndios devem ser obrigatoriamente


aprovados em testes laboratoriais com certificação nacional, para assegurar as suas
propriedades e eficácia.

Os sistemas passivos de combate a incêndios podem ser realizados como vedação


ou compartimentação, e Proteção passiva em estruturas metálicas (Figura 11).

Vedação ou SISTEMAS PASSIVOS Proteção passiva em


DE COMBATE A
compartimentação INCÊNDIOS estrutura metálicas

Figura 11 – Sistemas passivos de combate a incêndios.

Vedação ou Compartimentação
É necessário realizar a vedação, ou compartimentação, vertical e horizontal de
shafts elétricos e hidrossanitários, porões, galerias de cabos, salas elétricas, além da
selagem de fachadas das edificações em pele de vidro.

As selagens de shafts – ou os selos corta-fogo – são feitas para complementar o


sistema de proteção contra incêndios.

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A selagem é aplicada simultaneamente com um conjunto de outros itens para
proporcionar esse tipo de segurança. É feita através de blocos de materiais isolantes,
cobertos com uma argamassa especial.

A função da selagem de shafts é a vedação de buracos e fendas para evitar a pro-


pagação de chamas, gases quentes e fumaça em caso de incêndio.

Para que o local esteja realmente seguro, todas as aberturas que existem em
fachadas e lajes, tais como painéis pré-moldados ou peles de vidro, precisam ser ve-
dados por selagem de shafts, com o objetivo de evitar ou retardar a propagação de
fumaça ou gases quentes, além do próprio fogo.

Proteção Passiva em Estruturas Metálicas


A proteção das estruturas metálicas é necessária, porque esses materiais, em
temperaturas elevadas (chegando a 550ºC), perdem a sua resistência, fazendo com
que haja colapso da estrutura.

Essa medida de proteção permite que tais estruturas resistam ao fogo por um
determinado período, que pode variar de 30 a 120 minutos – denominado Tempo
Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF).

Ademais, a proteção passiva pode ser feita através de pintura intumescente ou


argamassa projetada anti-chamas.

Pintura Intumescente
A pintura intumescente protege as estruturas metálicas de possível colapso em
situação de incêndio. Tem como objetivo aumentar o tempo de resistência da estru-
tura ao calor do fogo.

Essa pintura é feita com três camadas: primer, tinta intumescente e top
coat (acabamento).

As tintas intumescentes reagem ao entrar em contato com temperaturas superiores


a 200ºC, expandindo em mais de cinquenta vezes da sua espessura original, de
modo a criar uma camada isolante sobre o metal da estrutura.

Essa pintura assegura o atendimento das leis n.º 56.819/2011 e n.º 13.425/2017
e, no caso de construções no Estado de São Paulo, o atendimento à Instrução Téc-
nica n.º 8/2011 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

Argamassa Projetada Antichamas


A argamassa antichamas é um produto de baixo peso específico e não tóxico,
pré-misturado a seco de aglomerantes, agregados leves e aditivos, sendo projetado
diretamente na estrutura.
Essa argamassa não apresenta reação química após aplicação ou quando ex-
posta à ação do fogo. Possui razoável resistência mecânica e boa aderência em
superfícies metálicas.

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UNIDADE Sistemas de Combate a Incêndio
e Proteção Contra Surtos em Edificações

Depois de aplicada, a sua aparência é a do chapisco, podendo ser pintada ou


mantida em sua cor original (cinza claro). Não causa alergia ou irritabilidade aos usu-
ários das edificações, bem como não possibilita a geração de fungos, ou a fixação de
insetos em seu interior.
É aplicada com a utilização de bomba pressurizada, tipo rosca sem fim projetado,
diretamente na estrutura. Para isso, a estrutura deve estar limpa, isto é, isenta de
óleos e graxas ou qualquer outro componente que comprometa a sua aderência.
A espessura final da argamassa projetada varia de acordo com o TRRF e fator de
forma do perfil metálico. O fator de forma – ou massividade – do perfil metálico é o
perímetro do perfil exposto ao fogo em função de sua seção transversal.
A principal vantagem da argamassa projetada antichamas é a sua alta produtivi-
dade e o seu baixo custo.

Sistemas de Proteção Contra Surtos


Os sistemas de proteção contra surtos têm como objetivo proteger os dispositivos
elétricos e eletrônicos das edificações de surtos elétricos.
O surto elétrico é um fenômeno físico que vem de uma onda transitória de tensão
que pode provocar a redução da vida útil ou a queima de dispositivos elétricos e ele-
trônicos, com risco de iniciar incêndios (Figura 12).

Redução da vida útil de


componentes elétricos
e eletrônicos

ONDA TRANSITÓRIA SURTO Queima de dispositivos


DE TENSÃO ELÉTRICO elétricos e eletrônicos

Início de incêndios

Figura 12 – Surto elétrico

Os surtos elétricos podem acontecer, por exemplo, devido a descargas atmosféri-


cas (raios) que atingem a rede de distribuição de energia elétrica, partidas de grandes
motores (operações de liga e desliga de máquinas ou motores de elevador), ou mesmo
de pequenos motores como os de aparelhos de ar-condicionado ou máquinas de lavar, e
situações específicas que podem ocorrer nas instalações elétricas, tal como o religamen-
to do sistema de distribuição de energia elétrica por parte da empresa concessionária.

Os principais danos causados pelos surtos elétricos são os seguintes:


• Degradação de componentes elétricos e eletrônicos;
• Diminuição de vida útil dos equipamentos eletroeletrônicos;
• Queima instantânea dos equipamentos eletroeletrônicos.

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Os Dispositivos de Proteção contra Surtos elétricos (DPS) são equipamentos que
detectam sobretensões transitórias na rede elétrica. São importantes para a proteção
dos equipamentos elétricos e eletrônicos, evitando com que queimem.
Os DPS contêm um componente eletrônico básico denominado varistor, que é
um resistor elétrico. A sua atuação é rápida e depende da tensão para mudar o valor
de sua resistência, isto é, quanto maior a tensão, menor a oposição à passagem da
corrente elétrica; e quanto menor o valor da tensão, maior será a resistência.
Quando o surto acontece na rede elétrica a tensão é extremamente alta, ou seja, a
tensão tende ao infinito. Quando essa tensão passa pelo DPS, a resistência do varistor
tende a zero, oferecendo, assim, um caminho com menor oposição à passagem da cor-
rente elétrica, escoando toda essa energia pelo sistema de aterramento da edificação.
O DPS desvia o surto elétrico de maneira rápida ao sistema de aterramento, de
modo que o sistema de proteção dos disjuntores (dispositivos de desconexão) não é
acionado. Por isso, o DPS só funciona com o condutor fase conectado em um terminal
e o condutor terra conectado em outro.
Quando ocorre o surto elétrico o DPS é acionado, fechando um curto-circuito
entre os condutores fase e terra. Essa condição faz com que não ocorra danos aos
equipamentos ligados nas instalações elétricas das edificações.
O DPS tem vida útil, que se encerra quando o seu circuito interno já não consegue
realizar o fechamento entre fase e terra com alta velocidade.
O maior cuidado com a utilização do DPS ocorre quando esse dispositivo de
proteção queima e o curto entre fase e terra é permanente. Por isso, é necessário
instalar no circuito elétrico um dispositivo de desconexão.
Existem três classes de DPS, para sobretensões em locais específicos, com dispo-
sitivos de proteção contra surtos elétricos:
• Com capacidade para drenagem de correntes parciais de um raio, para áreas ur-
banas periféricas e rurais, que ficam expostas a descargas atmosféricas diretas;
• Que drenam correntes induzidas, em edificações, com efeitos indiretos de
descarga atmosférica;
• Que são instalados próximos a equipamentos ligados à rede elétrica, de dados
ou telefônica, para proteção fina.

A instalação do DPS deve atender às prescrições da NBR 5410:2008 – instala-


ções elétricas de baixa tensão.

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UNIDADE Sistemas de Combate a Incêndio
e Proteção Contra Surtos em Edificações

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Análise estrutural
KASSIMALI, A. Análise estrutural. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

 Leitura
NBR 6118: projeto de estruturas de concreto
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de
concreto – procedimentos. Rio de Janeiro, 2014.
https://bit.ly/3gijIlL
NBR 6122: projeto e execução de fundações
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: projeto e execução de
fundações. Rio de Janeiro, 2010.
https://bit.ly/2EjW8aX
NBR 6123: forças devidas ao vento em edificações
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: forças devidas ao vento
em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
https://bit.ly/3hgaoAb
NBR 6120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: cargas para o cálculo de
estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.
https://bit.ly/3j0e5va

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Referências
PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme
NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2016.

________. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2013.

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