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Estruturas Isostáticas

Material Teórico
Cálculo das Reações de Apoio

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Glauco Fabrício Bianchini

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Cálculo das Reações de Apoio

• Introdução;
• Cálculo das Reações em Vigas;
• Cálculo das Reações em Arcos;
• Cálculo das Reações em Pórticos;
• Cálculo das Reações em Grelhas;
• Cálculo das Reações em Treliças.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar o cálculo das reações nas diferentes estruturas, aprofundando o conceito de
equilíbrio de corpos rígidos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Introdução
Os vínculos restringem os graus de liberdade de movimento das estruturas, provo-
cando forças reativas conhecidas como reações de apoio. Nas estruturas isostáticas,
o número de vínculos é essencialmente o necessário para impedir o deslocamento
da estrutura. O conjunto de cargas aplicadas mais as reações de apoio formam um
sistema em equilíbrio onde não ocorre movimentações na vertical e horizontal e
rotações dos elementos (∑Fx = 0; ∑Fy = 0; ∑M = 0) (MACHADO JR, 1999).

As cargas atuantes aplicadas nas estruturas são concentradas ou distribuídas,


podendo ser classificadas em permanentes e acidentais.
• Cargas permanentes: atuam constantemente por toda a vida útil da estrutura,
consiste dos pesos dos vários membros estruturais e dos pesos de quaisquer
objetos que sejam permanentemente ligados à estrutura. Para edifícios, as car-
gas permanentes incluem os pesos dos pilares, das vigas e lajes, dos revesti-
mentos, das paredes etc. (HIBBELER, 2013);
• Cargas acidentais: também conhecidas como cargas variáveis, são aquelas
que podem ou não atuar na estrutura, podendo ser estáticas, como ação do
vento, empuxo de terra ou água, sobrecargas (cargas de construção, pessoas,
veículos); ou dinâmicas, como o efeito de frenagem ou aceleração de veículos,
variações de tráfegos e veículos, impactos laterais ou efeitos de tremores de
terra (HIBBELER, 2013).

Quadro 1 – Carregamentos distribuidos


Carregamento distribuído Força resultante

Uniforme

Figura 1 Figura 2

Triangular

Figura 3 Figura 4

Trapezoidal

Figura 5 Figura 6

8
Carregamento distribuído Força resultante

Qualquer

Figura 7 Figura 8
Fonte: Adaptado de Almeida, 2009

A combinação entre as cargas permanentes e acidentais determinam os esforços


que atuam na estrutura. Para isso, faz-se necessário o conhecimento prévio dos
pesos específicos dos materiais e equipamentos que serão utilizados nas estruturas.
O exemplo 1 traz um processo de cálculo para a determinação das ações atuantes
nas estruturas.

Exemplo 1: A viga do piso da Figura 9 é usada para suportar a largura de


1,80 m de uma laje de concreto armado (γc = 25 kN/m³), tendo uma espessura de
10 cm. A laje serve como uma porção do forro para o andar de baixo e, portanto,
sua parte de baixo é revestida com gesso (0,24 kN/m²). Além disso, uma parede de
bloco de concreto (16,50 kN/m³) de 2,40 m de altura e 30 cm de espessura está
assentada diretamente sobre a viga. Determine a carga por metro atuante, conside-
rando uma viga de 14x40 de concreto armado.

Quadro 2
Laje de concreto 25 (kN/m³) x 1,80 (m) x 0,10 (m) = 4,50 kN/m
Forro de gesso 0,24 (kN/m²) x 1,80 (m) = 0,43 kN/m
Parede de bloco 16,50 (kN/m³) x 2,40 (m) x 0,30 m = 11,88 kN/m
Viga 25 (kN/m³) x 0,14 (m) x 0,40 (m) = 1,40 kN/m
Carga total (P kN/m) = 18,21 kN/m

Figura 9 – Ilustração do esquema estático

Para o processo de determinação das reações, deve-se produzir o Diagrama


de Corpo Livre (DCL), representando as cargas atuantes e as reações originadas
pelas vinculações. Essas são incógnitas, que serão obtidas através de cálculo pela

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

aplicação­das condições de equilíbrio de uma estrutura. Quando as estruturas pos-


suírem vinculações internas (articulações), isolam-se os elementos estruturais, com
todas as forças aplicadas incluindo as incógnitas já calculadas, e para cada elemento
é aplicada a condição de equilíbrio.

Importante! Importante!

Convenção de sinais
Positivo
• Reações verticais que atuam de baixo para cima;
• Reações horizontais que atuam da esquerda para a direita;
• Giro no sentido horário.
Figura 10

Todas as medidas utilizadas nas representações das estruturas estão em metros.

Cálculo das Reações em Vigas


As estruturas apresentadas nesta unidade serão utilizadas nas próximas para determinação de seus
esforços internos (N, V e M).

Vigas biapoiadas
Carga concentrada
Seja a viga biapoiada da Figura 11 submetida a uma carga concentrada P, a­ tuante
a dois metros do apoio A.

Figura 11 – Viga biapoiada com carga concentrada

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O primeiro passo para início da resolução é a criação do Diagrama de Corpo
Livre (DCL – Figura 12) e, a partir das definições e nomenclaturas utilizadas para
as forças desconhecidas, aplica-se as equações de equilíbrio (∑Ma = 0; ∑Fy = 0;
∑Fx = 0) obtendo os valores das reações de apoio:

Figura 12 – DCL – Viga biapoiada com carga concentrada

∑Ma = 0

40.2 – Rvb.6 = 0 → Rvb = 13,33 kN

∑Fy = 0

Rva + 13,33 = 40 → Rva = 26,66 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Com carga uniformemente distribuída


Na Figura 13, está apresentada a estrutura e as cargas calculadas no Exemplo 1
com um valor determinado do vão (7 m).

Figura 13 – Viga biapoiada com carga uniformemente distribuída

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Para resolução da estrutura, há a necessidade de conversão de uma carga distri-


buída em uma carga concentrada, essa conversão ocorre através da multiplicação
da carga P pelo vão entre os apoios, nesse casso: Fr = 18,21 x 7 = 127,47 kN.
Na determinação do diagrama de corpo livre (Figura 14), já se aplica a carga con-
centrada no lugar da distribuída e a partir daí aplicam-se as equações de equilíbrio:

Figura 14 – DCL – Viga biapoiada com carga uniformemente distribuída

∑Ma = 0

127,47 . 3,5 – Rvb.7 = 0 → Rvb = 63,735 kN

∑Fy = 0

Rva + 63,74 = 127,47 → Rva = 63,735 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Note que pela simetria da estrutura e do carregamento, as reações Rva e


Rvb assumem valores idênticos.

Carga distribuída triangular


Considere a viga biapoiada da Figura 15, submetida a uma carga distribuída
triangular:

Figura 15 – Viga biapoiada com carga distribuída triangular

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O procedimento de cálculo é o mesmo utilizado para vigas com carga uniforme-
mente distribuída, calcula-se a força resultante (Fr = (60x6)/2 = 180kN), determina
o DCL (Figura 16) e aplica-se as equações de equilíbrio:

Figura 16 – DCL – Viga biapoiada com carga distribuída triangular

∑Ma = 0

127,47 . 3,5 – Rvb.7 = 0 → Rvb = 63,735 kN

∑Fy = 0

Rva + 63,74 = 127,47 → Rva = 63,735 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Carga momento
Quando ocorre a aplicação da carga momento, as reações de apoio tendem a ser
equivalentes a um binário, de mesma intensidade e sentidos contrários. Na Figura 17,
é apresentada uma estrutura submetida a carga momento.

Figura 17 – Viga biapoiada com carga momento

No processo de resolução da estrutura, desenvolve-se o DCL (Figura 18) e apli-


ca-se as equações de equilíbrio. Importante ressaltar que no processo de criação
do DCL e determinação das reações, os sentidos das reações podem ser adota-
dos aleatoriamente, depois, durante o processo de cálculo, verifica-se se os
sentidos adotados estão corretos. Essa confirmação ocorre quando o valor
da reação obtido no processo de cálculo é positivo, caso contrário, quando
o valor da reação obtido é negativo, indica-se que o sentido adotado para a
reação está invertido.

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Figura 18 – DCL – Viga biapoiada com carga momento

∑Ma = 0

18 – Rvb.6 = 0 → Rvb = 3,00 kN

∑Fy = 0

Rva + 3,00 = 0 → Rva = -3,00 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Durante o processo de resolução, observa-se que o cálculo da Rva levou a um


resultado negativo. Esse resultado indica que o sentido adotado arbitrariamente na
produção do DCL não foi correto. É necessário fazer a alteração do sentido da for-
ça de reação, situação corrigida na Figura 19 e destaca a região do apoio A.

Figura 19 – Novo DCL – Viga biapoiada com carga momento

Até o momento, as ações nas estruturas estão sendo aplicadas separada-


mente, e não ocorre a presença de cargas horizontais. Na vida real, todas es-
sas cargas ocorrem simultaneamente nos elementos estruturais, necessitando o
engenheiro calculista de habilidade para lidar com os diferentes tipos de carre-
gamentos. O Exemplo 2 traz um modelo de estrutura submetida a todos esses
carregamentos.

A determinação das ações atuantes nas estruturas é fundamental para o seu correto funcionamento.
Muitas vezes, esse procedimento se torna um processo de “futurologia”, necessitando o engenheiro
prever quais as cargas que atuarão na estrutura. Essa situação decorre da mudança de uso e ocupação
do ambiente, quando se muda a destinação da ocupação da edificação.

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Exemplo 2: Determine as reações de apoio na estrutura apresentada. As figuras
20 e 21 apresentam o esquema estático com as cargas e o DCL respectivamente.

Figura 20 – Viga biapoiada com Figura 21 – DCL – Viga biapoiada


diferentes cargas atuantes com diferentes cargas atuantes
∑Ma = 0

60 . 1,10 + 18 + 60,90 . 4,55 – Rvb . 6 = 0 → Rvb = 60,18 kN

∑Fy = 0

Rva + 60,18 – 60 – 60,90 = 0 → Rva = 60,72 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Vigas engastadas ou em balanço


Assim como nas vigas biapoiadas, o procedimento de cálculo é o mesmo, pro-
duz-se o DCL e aplica-se as equações de equilíbrio. A única diferença para as vigas
engastadas é a presença do momento no engaste como reação. As figuras 22 e 23
apresentam uma estrutura engastada e seu DCL com as mesmas cargas utilizadas
no exemplo 2.

Figura 22 – Viga engastada Figura 23 – DCL – Viga engastada

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

∑Ma = 0

– Ma + 60 . 1,10 + 18 + 60,90 . 4,55 = 0 → Ma = 361,09 kN.m

∑Fy = 0

Rva – 60 – 60,90 = 0 → Rva = 12,90 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Na estrutura apresentada, as cargas são as mesmas aplicadas no Exemplo 2,


porém, as vinculações são diferentes, ambas as estruturas são isostáticas, mas com
reações externas totalmente diferentes. Na prática, essas estruturas são nomeadas
como estruturas em balanço, muito utilizadas por arquitetos por sua estética.

Estruturas em balanço nem sempre precisam estar engastadas, podem estar


biapoiadas, deixando de possuir um momento como incógnita. As figuras 24 e 25
apresentam uma viga biapoiada em balanço e seu DCL respectivamente.

Figura 24 – Viga biapoiada com balanços

Figura 25 – DCL – Viga biapoiada com balanços

Para a resolução da estrutura, opta-se por dividir a estrutura em três trechos,


sendo os dois balanços e o vão central. Pela divisão da estrutura, dividiu-se a carga
uniformemente distribuída, separando o meio do vão do balanço, criando duas re-
sultantes Fr1 e Fr2. Nada impede que se adote a criação de somente uma força
resultante da carga, os resultados devem ser exatamente os mesmos.

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Resolver a estrutura utilizando somente uma força resultante para a carga uniformemente distribuída,
adotar o DCL a seguir:

Figura 26

Do diagrama de corpo livre, pode-se realizar a aplicação das equações de equilíbrio:

∑Ma = 0

–60 . 1,5 + 140 . 3,5 – Rvb . 7 + 30 . 7,75 = 0 → Rvb = 90,35 kN

∑Fy = 0

Rva + 90,35 – 60 – 140 – 30 = 0 → Rva = 139,65 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Vigas Gerber
As vigas gerber são associações de vigas com estabilidade própria e com outras
apoiadas sobre a primeira, que fornecem estabilidade ao conjunto. Para resolver a
estrutura, basta fazer sua decomposição nas vigas que a constituem, iniciando o
processo de resolução àquelas sem estabilidade própria e, após, as dotadas de es-
tabilidade própria, para as cargas que lhe estão diretamente aplicadas, acrescidas,
para essas últimas, das forças transmitidas pelas articulações (SUSSEKIND, 1981).
As figuras 27 e 28 fornecem um modelo de viga gerber carregada e seu DCL.

Figura 27 – Viga gerber Figura 28 – DCL – Viga gerber

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Note que na Figura 28, no DCL, há o surgimento das ações Rvb e Rhb que
representam a articulação. Como há o desmembramento da estrutura, parte-se do
princípio da 3ª Lei de Newton, que são ações com mesma intensidade, porém dire-
ções opostas. Inicia-se o processo de resolução da estrutura no trecho AB (instável)
e, posteriormente, faz-se a resolução do trecho BD (estável).

Trecho AB

∑Ma = 0

70 . 1,75 – Rvb . 3,5 = 0 → Rvb = 35 kN

∑Fy = 0

Rva + 35 – 70 = 0 → Rva = 35 kN

∑Fx = 0

Rha = Rhb = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Trecho BD

Com o esforço interno, cálculo Rvb e Rhb, inicia-se o processo de resolução do


segundo trecho incluindo esses esforços. Para início dos cálculos, adota-se fazer
a análise do somatório de momentos no ponto D.
∑Md = 0

– 35 . 3,5 – 20 . 3 + Rvc . 2,5 – 50 . 1,25 = 0 → Rvc = 98 kN

∑Fy = 0

98 + Rvd – 35 – 20 – 50 = 0 → Rvd = 7 kN

Esse processo de resolução pode ser aplicado para todas as Vigas Gerber
isostáticas com mais de uma articulação. Para resolução, aplica-se a divisão das
vigas e produção DCL para posteriormente utilizar as equações de equilíbrio nas
vigas separadas.

Cálculo das Reações em Arcos


Elementos ou barras com eixos curvos são denominados de arcos. A presença
dos elementos curvos não altera o processo de resolução visto anteriormente, a não
ser pelo fato dos sistemas locais das barras curvas terem os eixos x tangentes e os
eixos y perpendiculares aos eixos das barras (ALMEIDA, 2009). As figuras 29, 30,
31 e 32 apresentam alguns tipos de arcos.

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Figura 29 – Arco biapoiado Figura 30 – Arco tri-articulado – mod. 1

Figura 31 – Arco tri-articulado atirantado Figura 32 – Arco tri-articulado – mod. 2

Arco biapoiado
Considere a estrutura apresentada na Figura 33, trata-se de um arco biarticulado
submetido a um carregamento uniformemente distribuído. O processo de cálculo
adotado é o mesmo utilizado para a resolução das vigas.

Figura 33 – Arco biarticulado

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Assim como nas vigas, faz-se a produção do DCL (Figura 34), determinando a
Força resultante decorrente da carga distribuída, e inicia-se o processo de resolução.

Figura 34 – DCL – Arco biarticulado

∑Ma = 0

84 . 2 – Rvb . 4 = 0 → Rvb = 42 kN

∑Fy = 0

Rva + 42 – 84 = 0 → Rva = 42 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Arco tri-articulado
O arco tri-articulado é caracterizado pela presença da articulação. Seu processo
de resolução é o mesmo adotado para vigas Gerber, fazendo a separação dos ele-
mentos e aplicando as equações de equilíbrio. Nas figuras 35 e 36, apresentam-se
um modelo de arco tri-articulado e de sua decomposição através do DCL.

Figura 35 – Arco tri-articulado Figura 36 – DCL – Arco tri-articulado

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Para início da resolução, considera-se toda a estrutura fechada, analisando o
arco como um todo. Dessa forma, é possível obter todas as reações verticais:

∑Ma = 0

84 . 2 – Rvc . 4 = 0 → Rvc = 42 kN

∑Fy = 0

Rva + 42 – 84 = 0 → Rva = 42 kN

Determinadas as reações verticais, faz-se necessário determinar as reações hori-


zontais. Para a determinação das reações horizontais, aplica-se o ∑M no ponto B,
analisando um dos elementos isolados. Para essa resolução, será feita a análise do
elemento da esquerda (AB):

∑Mb = 0

–42.1 + Rva.2 – Rha.2 = 0

Como o valor de Rva foi obtido acima, têm-se:

–42.1 + 42.2 – Rha.2 = 0 → Rha = 21 kN

∑Fx = 0

21 – Rhc = 0 → Rhc = 21 kN

Arco tri-articulado atirantado


O arco tri-articulado atirantado surge da necessidade de estabilizar uma estrutura
hipoestática e deslocável através da utilização de um tirante. Sem a presença do
tirante, a estrutura não teria estabilidade, inviabilizando a sua utilização. No pro-
cesso de verificação geométrica da estrutura, o tirante entra na conta das barras
(b = 2.n + 3.c) como sendo uma barra. No processo de cálculo, ele é substituído por
duas forças (N) de mesma intensidade, porém, de sentidos opostos. As figuras 37 e
38 apresentam um arco tri-articulado atirantado carregado e seu DCL, substituindo
o tirante por duas forças de mesma intensidade, porém, de sentidos opostos.

Figura 37 – Arco tri-articulado atirantado Figura 38 – DCL – Arco tri-articulado atirantado

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Na Figura 38, o tirante é substituído pela força N (azul) que deverá ser incluída
no cálculo quando utilizadas as equações de equilíbrio. Para início da resolução,
considera-se toda a estrutura fechada, analisando o arco como um todo. Dessa
forma é possível obter todas as reações verticais:

∑Ma = 0

84 . 2 – Rvc . 4 = 0 → Rvc = 42 kN

∑Fy = 0

Rva + 42 – 84 = 0 → Rva = 42 kN

∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Para determinação da força N, aplica-se o ∑M no ponto B, analisando um


dos elementos isolados. Para essa resolução, será feita a análise do elemento da
esquerda (BC):
∑Mb = 0

N.1 + 42.1 – Rvc.2 = 0

Como o valor de Rvc foi obtido acima, têm-se:

N.1 + 42.1 – 42.2 = 0 → N = 42 kN

Repare que a complexidade das estruturas está aumentando, porém, o processo de resolução continua
o mesmo: aplicação das equações de equilíbrio (∑M = 0; ∑Fx = 0; ∑Fy = 0). Apesar de ser um processo
simples e muito bem definido, requer muita prática do aluno. A resolução de exercícios auxilia muito
no processo de aprendizagem, devendo o aluno consultar as referência bibliográficas e os materiais
complementares indicados para resolução de novos exercícios.

Cálculo das Reações em Pórticos


Pórticos são estruturas lineares, coplanares, unidos por nós rígidos, podendo
existir articulações entre eles. Trata-se de um quadro aberto, podendo ser con-
siderado uma única chapa. Necessita de três barras vinculares não concorrentes
para restringir os movimentos nos planos. O processo de cálculo continua sendo
o mesmo apresentado até o momento, havendo uma semelhança muito grande
com arcos (MACHADO JR., 1999). As figuras 39, 40, 41 e 42 apresentam alguns
modelos de pórticos.

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Figura 39 – Pórtico biapoiado – mod.1 Figura 40 – Pórtico tri-articulado

Figura 41 – Pórtico tri-articulado atirantado Figura 42 – Pórtico biapoiado – mod.2

Pórtico biapoiado
As figuras 39 e 42 apresentam pórticos biapoiados, porém com configurações
de quadros diferentes. Ambos são denominados pórticos simples, porém, o segun-
do apresenta um elemento inclinado. Devido a essa particularidade, opta-se pelo
seu detalhamento. As figuras 43 e 44 apresentam um pórtico solicitado por cargas
verticais e horizontais e seu DCL.

Cargas horizontais atuantes nas estruturas possuem origens distintas, uma das cargas ho-
rizontais atuantes na estrutura é decorrente da ação do vento. Até o momento, essa carga
horizontal não havia aparecido nas vigas, mas passará a aparecer com maior frequência
nos pórticos.
Para uma compreensão maior desse tipo de esforço, verificar o artigo publicado na revista
Techne, indicado em materiais complementares.

Em vigas protendidas, há presença de cargas horizontais.

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Figura 43 – Pórtico biapoiado Figura 44 – DCL – Pórtico biapoiado

Conforme especificado, o pórtico deve ser considerado uma única chapa, visto que
não possui nenhuma articulação e, portanto, deve ser resolvido considerando uma
estrutura única, fechada (ABCD). Aplicando-se as equações de equilíbrio, têm-se:

∑Ma = 0

100.4 – 50 . 1,5 – Rvd . 6 = 0 → Rvd = 54,16 kN

∑Fy = 0

Rva + 54,17 – 100 = 0 → Rva = 45,84 kN

∑Fx = 0

Rha – 50 = 0 → Rha = 50 kN

Pórtico tri-articulado
O pórtico tri-articulado é caracterizado pela presença da articulação. Assim
como nos arcos e vigas, sua resolução acontece através da análise geral da estrutu-
ra e depois da análise dos elementos isolados. As figuras 45 e 46 apresentam um
modelo de pórtico tri-articulado submetido a cargas verticais e horizontais e o DCL
da estrutura.

Figura 45 – Pórtico tri-articulado Figura 46 – DCL – Pórtico tri-articulado

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Inicia-se a resolução considerando o pórtico fechado, olhando para estrutura
ABCD.

∑Ma = 0

60 . 1.5 + 200 . 2 – Rvd . 4 = 0 → Rvd = 122,50 kN

∑Fy = 0

Rva + 122,50 – 200 = 0 Rva = 77,50 kN

Determinadas as reações verticais, faz-se necessário calcular as reações hori-


zontais. Para isso, olha-se para a estrutura aberta, considerando o elemento AB
e fazendo o somatório de momento no ponto B.
∑Mb = 0

–60 . 1,5 – Rha . 3 = 0 → Rha = – 30 kN

A presença do sinal negativo nos cálculos indica que o sentido adotado no


DCL para a Rha está errado, é necessário inverter o sentido da força, conforme
apresentado na Figura 47. Determinada uma reação horizontal, passa-se para o
cálculo da próxima, considerando novamente a estrutura fechada ABCD e apli-
cando o somatório de forças na horizontal.
∑Fx = 0

–30 + 60 – Rhd = 0 → Rhd = 30 kN

Figura 47 – DCL – Pórtico tri-articulado – Sentidos corretos das reações

Pórtico tri-articulado atirantado


A presença do tirante na estrutura torna o pórtico estável. Sem o tirante, o pórti-
co seria classificado como hipoestático e sem estabilidade. Assim como especificado
para arcos, no processo de verificação geométrica da estrutura, o tirante entra na
conta das barras (b = 2.n + 3.c) como sendo uma barra. No processo de cálculo,
ele é substituído por duas forças (N) de mesma intensidade, porém, de sentidos

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

opostos­. As figuras 48 e 49 apresentam um pórtico tri-articulado atirantado car-


regado e seu DCL, substituindo o tirante por duas forças de mesma intensidade,
porém, de sentidos opostos.

Figura 48 – Pórtico tri-articulado atirantado Figura 49 – DCL – Pórtico tri-articulado atirantando


O processo de resolução do pórtico se inicia fazendo a análise da estrutura com
ela fechada (ABCDE) e aplicando as equações de equilíbrio. A análise da estrutura
fechada resulta nos valores das reações.

∑Ma = 0

N . 1,50 + 150 . 2,50 – N . 1,50 – Rve . 5 = 0 → Rve = 75 kN


∑Fy = 0

Rva + 75 – 150 = 0 → Rva = 75 kN


∑Fx = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais na estrutura.


Determinada as reações, é possível calcular o valor de N, sendo obtido através
da análise do elemento ABC.
∑Mc = 0

Rva . 2,50 – N . 1,50 – 75 . 1,25 = 0


75 . 2,50 – N . 1,50 = 0 → N = 62,50 kN

Cálculo das Reações em Grelhas


As grelhas são estruturas planas submetidas a carregamentos que atuam perpen-
dicularmente ao plano da estrutura. As grelhas isostáticas são classificadas quanto
às condições de apoio em grelhas engastadas (Figura 51) e grelhas triapoiadas
(Figura 52). Durante o processo de cálculo das grelhas, uma nova incógnita surge
no processo de cálculo, que é a presença do momento torsor (ALMEIDA, 2009).

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O Momento Torsor representa a soma algébrica dos momentos gerados por cargas contidas ou que
possuam componentes no plano YZ, perpendicular ao eixo X. Produzindo esforço que tende a fazer
girar a seção em torno do eixo longitudinal, provocando tensões de cisalhamento.

Figura 50

Figura 51 – Grelha engastada Figura 52 – Grelha triapoiada

Grelha Engastada
São estruturas caracterizada pelo apa-
recimento do momento torsor (Figura 53).
Apesar disso, o procedimento de cálculo
das reações continua sendo o mesmo,
através da aplicação das equações de
equilíbrio. Note que para a determinação
do momento Ma, deve-se considerar não
mais um ponto, mas sim o alinhamento
da estrutura (eixo). Analisando os pontos
ADE, percebe-se que esses estão alinha-
dos e que todas as cargas que atuam nes-
se alinhamento não causam momento no
ponto A. Essa mesma análise deve ser
feita para o momento torsor, consideran-
do o alinhamento dos pontos AB. Figura 53 – DCL – Grelha engastada

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Cálculo da reação vertical:

∑Fy=0

Rva – 45 – 20 = 0 → Rva = 65 kN

Cálculo do momento no ponto A:

Ma = 45 . 1,50 = 67,50 kN.m

Cálculo do momento torsor no ponto A:

Ta = 45 . 3 + 20 . 5,50 = 245 kN.m

Grelha Tri-apoiada
Diferente do que ocorre na estrutura engastada, na estrutura tri-apoiada, as
reações que aparecem são somente as reações verticais e horizontais, de tal for-
ma que, devido ao carregamento perpendicular ao plano, não se tem a presença
de reações horizontais (nulas). A Figura 54 apresenta a grelha da Figura 52 em
seu DCL.

Figura 54 – DCL – Grelha tri-apoiada

Cálculo das reações verticais:

∑MeixoAB = 0

45 . 3 + 20 . 5,50 – Rve . 5,50 = 0 → Rve = 44,54 kN

∑MeixoADE = 0

45 . 1,50 – Rvb . 3 = 0 → Rvb = 22,50 kN

∑Fy = 0

Rva + 44,54 + 22,50 – 45 – 20 = 0 → Rva = – 2,04 kN

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A presença do sinal negativo indica que o sentido adotado para a força Rva no
DCL está errado, ela possui sentido contrário.

Cálculo das Reações em Treliças


As treliças são estruturas compostas de barras ou elementos retos, com orienta-
ções diversas, interligadas por nós. Podem ser estruturas planas ou espaciais – sen-
do esse o primeiro objeto de estudo desta disciplina. Os nós permitem as rotações
entre os elementos, e não há a presença de excentricidade. A Figura 55 apresenta
uma treliça muito utilizada em estrutura de cobertura – treliça howe.

Figura 55 – Treliça Howe

Para o procedimento de cálculo, produz-se o DCL e aplica-se as equações refe-


rentes às condições de equilíbrio. A Figura 56 apresenta o DCL.

Figura 56

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Aplicando as equações de equilíbrio:

∑Ma = 0

20 . 3 + 20 . 6 + 20 . 9 + 20 . 12 – Rvh . 12 = 0 → Rvh = 50 kN

∑Fy = 0

Rva + 50 – 20 . 5 = 0 → Rva = 50 kN

∑Fh = 0

Rha = 0 – não há presença de cargas horizontais atuando na estrutura.

Fechando o processo de cálculo das reações nas estruturas, passa-se agora


para a determinação dos esforços internos, produção dos diagramas de esforços
normais, cisalhantes e momentos fletores, objeto de estudo da próxima unidade.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Ação do vento para efeitos de cálculo de edificações
WAHRHAFTIG, A. de M.; BRASIL, R. M. L. R. F.; DA SILVA, M. A. Ação do vento
para efeitos de cálculo de edificações. Revista Téchne, n. 165, dez. 2010.
Mecânica vetorial para engenheiros: estática
BEER, F. P.; JOHNSTON JUNIOR, E. R. Mecânica vetorial para engenheiros:
estática. v. 1. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. (e-book)
Fundamentos de resistência dos materiais
PINHEIRO, A. C. F. B.; CRIVELARO, M. Fundamentos de resistência dos materiais.
Rio de Janeiro: LTC, 2016. (e-book)
Mecânica técnica e resistência dos materiais
MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. 19. ed. São Paulo:
Érica, 2012. (e-book)

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UNIDADE Cálculo das Reações de Apoio

Referências
ALMEIDA, M. C. F. de. Estruturas Isostáticas. São Paulo: Oficina de textos,
2009. (ebook).

HIBBELER, R. C. Análise das estruturas. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2013.

MACHADO JR., E. F. Introdução à isostática. São Carlos: EESC – USP, Projeto


Reenge, 1999.

SUSSEKIND, J. C. Curso de análise estrutural. v. 1. 6. ed. Porto Alegre-Rio de


Janeiro: Globo, 1981.

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