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POMPEO SCOLA, CEO da Cyclos Agritech: Brasil mantém o protagonismo das exportações
“Enxergar o Matopiba trará vantagens para o Brasil" e pode avançar com pesquisa e descarbonização
R$24,00
EXEMPLAR DE ASSINANTE
195
DO ANO DO ANO
MARCOS RICARDO
MOLINA MUSSA
MARFRIG E BRF RAÍZEN
-
19
ANO
-
2024
FEVEREIRO/MARÇO
-
RURAL
DINHEIRO
INOVAÇÃO
RUY CUNHA
LAVORO
GESTÃO PÚBLICA LIDERANÇA
BERNARDO SETORIAL
FABIANI PATRICIA
TERRAMAGNA AUDI
UNICA
LÍDERES DO AGRO
2024
INÊS 249
INÊS 249
INÊS 249
06 Porteira Aberta
FUNDADOR
DOMINGO ALZUGARAY
(1932 - 2017)
EDITORA Produtores de biocombustíveis celebram a
CATIA ALZUGARAY aprovação do projeto 'Combustível do Futuro'
PRESIDENTE EXECUTIVO
12 Entrevista
CACO ALZUGARAY
POMPEO SCOLA,
DIRETOR EDITORIAL PRESIDENTE DA CYCLOS AGRITECH
CARLOS JOSÉ MARQUES
DIRETOR DE NÚCLEO
CELSO MASSON Agroeconomia
TEXTO
Editores: Allan Ravagnani, Angelo Verotti e Sérgio Vieira
POMPEO SCOLA 16 COMMODITIES AGRÍCOLAS
Colaboradores: Hugo Cilo, Iara Siqueira, Paula Cristina e Victória Ribeiro O Brasil mantém o protagonismo entre os
ARTE principais exportadores do mundo no setor
Diretor: Paulo Roberto Aloe
FOTOGRAFIA
Pesquisa: Marco Ankosqui Líderes do Agro 2024
TRATAMENTO DE IMAGENS: A2A Soluções (colaborador).
DINHEIRO RURAL ON-LINE
22 RICARDO MUSSA
EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman À frente da gigante Raízen, executivo fala do
WEBDESIGN: Alinne Nascimento Souza orgulho em comandar a companhia que
APOIO ADMINISTRATIVO contribui na descarbonização do mundo
Gerente: Maria Amélia Scarcello.
Assistente: Cláudio Monteiro
26 MARCOS MOLINA
MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA Fundador da Marfrig dirige conglomerado que
Diretor: Edgardo A. Zabala
exporta para 140 países e conta com mais de
CENTRAL DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE: 30 mil funcionários após comprar 40% da BRF
(11) 3618-4566 de 2a a 6a feira das 9h às 20h30. RICARDO MUSSA, RAÍZEN
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Executiva com passagem por governo e grandes
empresas encara desafio de chefiar a UNICA
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36 ROBERTO RODRIGUES
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Biografia do ex-ministro da Agricultura revela o
ROBERTO RODRIGUES trabalho do pioneiro na promoção do agro
Dinheiro Rural (ISSN1807–3700) é uma publicação da Três Editorial Ltda .
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tidos nos artigos assinados.
38 BASF
Alemã investe 15 milhões de euros para
Comercialização e Distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda, Rua expandir sua capacidade produtiva no Brasil
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Impressão: Grafilar Lar Anália Franco de São Manoel, Rua Coronel Simões, 779, 44 NEOMAQ TRAMONTINI
Centro - São Manoel - SP - CEP 18650-000 Gigantes se unem para produzir maquinário
46 BRIDGESTONE
PAULO MATHIAS, DA BASF Fabricante japonesa trabalha de olho no agro
4
28 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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saídas para
EXEMPLAR DE ASSINANTE
atenuar o
RURAL
NOV/DEZ 2023 – ANO 18– Nº 194
VENDA PROIBIDA
aquecimento
global, o Brasil
sofre com
NO IPAD
de secas e chuvas
que prejudicam
as safras e
elevam a conta
dos prejuízos a
E ON-LINE: mundo deve a pessoas assim o lugar de destaque que merecidamente ocupa.
R$ 100 bilhões
desde 2021. Quais
as soluções para
o grande desafio
dos produtores?
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 5
INÊS 249
LUCIANA BRITO ARAUJO
P O R T E I R A A B E R TA
6 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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POR SÉRGIO VIEIRA
SUSTENTABILIDADE
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P O R T E I R A A B E R TA
QUALIDADE RECONHECIDA
NÚMERO
ERA O NÚMERO DE MULHERES NA ÁREA
36%
COMERCIAL DA MOSAIC FERTILIZANTES NO FIM
DE 2023, O QUE REPRESENTOU UM AVANÇO DE
9% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR. A META
DA EMPRESA É DE, ATÉ 2030, TER 30% DE
MULHERES EM CARGOS DE LIDERANÇA. "JÁ
DEMOS UM GRANDE PASSO E SEGUIMOS
NESSE PROPÓSITO", DISSE LUCIANA LANDGRAF,
GERENTE SÊNIOR DE RH DA MOSAIC.
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INÊS 249
Para o executivo à
frente da aceleradora
de startups voltadas
para o agronegócio
em partes dos estados
do Maranhão,
Tocantins, Piauí e
Bahia, aumentar a
produtividade na
região é um desafio
que exige
investimentos
privados e uma
política publica com
visão estratégica
“ENXERGAR A
MACROGEOGRAFIA
DO MATOPIBA
TRARÁ VANTAGENS
PARA O BRASIL”
POR CELSO MASSON
ALAN TEIXEIRA
12 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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N
para FMC [multinacional que fornece soluções para diver-
a história de vida do executivo paulista sos setores agrícolas], buscando oportunidade de inovação.
Pompeo Scola, o empreendedorismo, o E foi então que o pessoal da empresa comentou com os pro-
campo e a tecnologia se combinam. dutores daqui de Luís Eduardo Magalhães que, caso eles
Depois de ter exercido o cargo de vice-presi- precisassem de um consultor na área de inovação, eu seria
uma pessoa indicada para atendê-los. Recebi uma ligação
dente da plataforma Buscapé, dedicada a de alguns produtores daqui, que estavam reunidos em uma
comparar preços no comércio eletrônico, ele sala. Eles me contaram um pouco do que faziam e o que
se mudou há quatro anos para o município do buscavam. Eu não conhecia a região do Matopiba. Eles que-
oeste baiano Luís Eduardo Magalhães. O moti- riam um estudo para adquirir startups. Eu expliquei que
vo: liderar a uma aceleradora de startups para àquela época não havia startup do agro pronta, que era pre-
ciso construí-las. Então desenhei essa estrutura da fundo
o agronegócio na região do Matopiba (acrôni- de aceleração. Captamos pelo menos metade dos recursos
mo para os estados do Maranhão, Tocatins, aqui com os produtores rurais e alguns empresários que já
Piauí e Bahia). “Vim para cá justamente para atuam com a gente, e assim começamos a fazer aceleração
poder ter acesso aos clientes”, afirmou, ao das startups selecionadas.
explicar o modelo de negócio da Cyklo
De que forma funciona o fundo de aceleração?
Agritech. “Empresas de São Paulo e de outros Os valores são pequenos porque a startup nessa fase precisa
lugares do Brasil, assim como de outros paí- de pouco dinheiro. Ela consome R$ 250 mil por ano. No pri-
ses, como Israel, por exemplo, vieram para cá meiro fundo, a Cyklo distribuiu R$ 5 milhões, em dez proje-
acelerar seus projetos de agronegócio”, disse. tos, para dois anos. Agora, no segundo fundo, estamos cap-
tando R$ 10 milhões para rodar quatro anos. Esse recurso
Segundo ele, é importante saber que uma vem de produtores e investidores [empresas e pessoas físi-
startup, na fase de aceleração, atravessa um cas], sem nenhuma participação do Estado. É dinheiro pri-
período no qual ou ela cresce ou ela morre. E, vado, da cadeia do agronegócio. Mas é também venture
felizmente, no caso das 35 empresas que capital [capital de risco]. Cada investidor entra com R$ 400
receberam recursos da Cyklo, 60% já estão mil, divididos em uma parcela inicial de R$ 40 mil e 48
mensais de R$ 7,5 mil.
faturando, em resultados que variam de R$
300 mil até R$ 20 milhões por ano. Em Existe um perfil de investidor?
dezembro passado, a Cyklo lançou um segun- São produtores e empresários, gente que produz sementeira,
do edital, que prevê cotas de investimentos soluções biológicas e orgânicas... é a população do agro.
Além disso, entram fundos de investimentos brasileiros e
individuais de R$ 400 mil em 12 novos proje- do exterior que mexem com agronegócio. Muita gente coloca
tos, que receberão R$ 250 mil cada um. um dinheirinho ali para ficar por perto, para ver o que as
Scola falou à RURAL sobre a importância de startups estão criando e participar do resultado delas
estimular a inovação no campo a partir do depois, seja como cliente ou até por meio de aquisições, se
capital de risco. fizer sentido para o negócio.
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INÊS 249
E N T R E V I S T A
POMPEO SCOLA
ciente, essa startup cresceu muito rápido. E agora um gran- das para o clima?
de fundo apresentou uma proposta de compra com múltiplo No Brasil há cerca de 1,5 mil startups do agro em vários
de faturamento bem alto, algo entre R$ 60 e R$ 70 milhões. estágios diferentes, talvez 500 estejam na fase de pré-acele-
ração. Um terço já está na outra ponta, formalizado, com
Por que tanto? clientes. E algumas estão no meio do caminho, ainda pro-
Um dos motivos é que o Brasil pegou a bandeira sustentabi- curando o seu espaço. Evidentemente muitas estão buscan-
lidade e essa empresa é sustentável. Ela ajuda a restaurar a do soluções ligadas à economia de baixo carbono, que
terra sem mexer com química, trabalhando produtos natu- podem ter efeito sobre o clima no longo prazo, minimizando
rais orgânicos e minerais que estão na natureza. Existem o efeito dessa química que não é sustentável. O que tem que
muitas empresas hoje desenvolvendo soluções desse tipo, ser feito na sustentabilidade é uma pauta de transição. O
mas não oferecem as mesmas fórmulas. Porque ela teve a mundo não vai exigir metas que sejam impossíveis de cum-
ideia de usar parcelas de propriedades rurais para fazer prir sem quebrar alguma cadeia importante como essa do
testes, laboratórios in loco. E criou referências muito alimento.
legais. Está no Brasil inteiro.
Qual o maior desafio de ter uma aceleradora que atua em
Algum outro caso de sucesso similar? uma região geográfica da qual fazem parte quatro estados,
Vou falar de outra que tem um crescimento não tão arrojado com legislações distintas?
financeiramente mas que conseguiu uma patente mundial. Até alguns anos atrás o Matopiba era só um conceito. Mas à
Ela desenvolveu uma tecnologia de tratamento da semente medida em que ele foi amadurecendo, surgiram iniciativas
para conseguir dar maior produtividade a partir da aplica- para representar os interesses dos produtores da região. Por
ção de gás carbônico de forma controlada. Uma solução que exemplo, há fazendas que se estendem do Tocantins ao
ensina a semente a trabalhar com o metabolismo muito mais Maranhão, e o período de vazio sanitário é diferente em
lento. Quando ela vai para o solo e encontra água e nutrien- cada estado. Então, muitas vezes, o agricultor não podia
tes, ela desperta, e a produtividade aumenta 12%. Essa start plantar um lugar em um período, mesmo a fazenda atraves-
up nasceu de uma monografia sobre o efeito do gás na terra. sando o perímetro geográfico. Como o bioma é parecido,
O autor é de Londrina (PR) e não encontrou investidores por então a gente ficava com uma divisão burra, que não consi-
lá. Trouxe para cá e conseguimos viabilizar. derava características do ambiente.
Quais são as perspectivas para este ano, com o segundo Como está agora?
edital? O Matopiba representa 73 milhões de hectares. Um terço
Aqui nós estamos a poucos quilômetros de Brasília, antão a disso já foi plantado. Há quatro ou cinco anos começou um
gente acaba tendo uma boa interlocução com o governo projeto para transformar isso tudo em uma comunidade
federal e também com as prefeituras, que estão muito conec- geopolítica, sem necessariamente virar um estado. Existe
tadas ao agronegócio. O governo federal tem uma oportuni- um projeto em Brasília, há três anos, que já passou por
dade de criar políticas que interferem inclusive no âmbito várias etapas de referendo, para legalizar e formalizar essa
das exportações. Já os governos estaduais ajudam na infra- geografia chamada Matopiba. Seria como a Sudene, uma
estrutura da inovação. Eles podem ajudar através de incen- superintendência desses quatro estados para endereçar
tivos ou diminuição de tributos. Eu diria que pelo menos adaptações na pauta do Mapa [Ministério da Agricultura e
cinco estados no Brasil são influenciadores positivos nessa Pecuária], da Embrapa, da vigilância sanitária. Isso é
dinâmica do agronegócio. estratégico para lidar com as vantagens que o Brasil pode
ter se enxergar essa macrogeografia. Embora ainda não
Como é a cooperação da aceleradora com o ambiente aca- exista essa estrutura, o pessoal se refere ao Matopiba como
dêmico? região – e considera Luís Eduardo Magalhães sua capital.
No ambiente acadêmico a gente encontra informação,
tempo disponível e interesse tanto do professor quanto do A troca de governo federal trouxe algum impacto para a
aluno. A gente chegou aqui e já fez parcerias. Uma delas região?
possibilitou fazer 200 mil fotografias de um inseto. Eles têm Toda vez que há uma troca de governo, independentemente
laboratórios de química, física e biologia onde é possível de partido, há um trabalho de reiniciar o diálogo. Essa
reter o inseto de uma maneira segura, sem infectar a região. comunicação será muito importante agora em 2024, porque
A academia consegue aportar inteligência e criar algo prá- a movimentação demora um tempo. Este é um ano de ter
tico para entregar à sociedade. muitas reuniões com os atores públicos que estão ligados à
agricultura e a pecuária para que eles possam entender
As mudanças climáticas afetaram o agro brasileiro forte- esse projeto. Na prática, ele vai fazer uma diferença impor-
mente em 2023. Existe alguma startup com soluções volta- tante para o País.
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INÊS 249
AGROECONOMIA
Commodities
agrícolas:
Brasil
mantém o
protagonismo
entre os
exportadores
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A
inda que o Carnaval, o futebol, as praias e a Floresta Amazônica
tenham contribuído para construir a imagem do Brasil no exte-
rior (para o bem ou para o mal) hoje o País é reconhecido mun-
dialmente por ser uma potência inquestionável do agronegócio.
E quando se fala em commodities agrícolas, somos destaque no
quesito exportação. Com a liderança na produção de diversos
itens alimentícios, além de fontes de energia e fibras originárias da lavou-
ra, Brasil se tornou não só celeiro, mas também o supermercado do mundo.
Em 2023, a demanda externa atingiu recordes históricos, com ênfase nos
setores de petróleo, milho, farelo de soja, carne bovina e de frango, confor-
me relatório divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 17
INÊS 249
AGROECONOMIA
De acordo com a
pasta, as exportações
brasileiras somaram
US$ 339,7 bilhões,
crescimento de 1,7%
em relação a 2022,
superando o recorde
anterior que havia sido
de US$ 334,1 bilhões.
Já o saldo comercial
também foi inédito,
somando 98,8 bilhões
de dólares — maior
número já registrado
na série histórica com
início em 1989 — o que
significa um aumento ALÉM DAS COMMODITIES, A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
de 60,6% em relação ao ano anterior
(61,5 bilhões).
DO BRASIL PODE EXPORTAR UMA GRANDE VARIEDADE
DE PRODUTOS PROCESSADOS DE VALOR AGREGADO
SOJA O relatório da Secex aponta
que o setor agropecuário respondeu
por 24% das exportações brasileiras, das commodities. Para o analista de Já os preços globais impactam
somando US$ 81,5 bilhões em 2023, grãos e oleaginosas da hEDGEpoint em especial as margens ao produtor.
com crescimento de 9% na compa- Global Markets, Pedro Schicchi, a “Vivemos hoje um ciclo de preços
ração com o ano anterior. Entre os vantagem brasileira está nas “exten- menores que os vistos anteriormen-
itens do setor agrícola com maior sas áreas agrícolas, clima propício te. Isso reduz o incentivo para que
participação nas remessas para o e riqueza em recursos naturais que os produtores continuem crescendo
exterior o destaque vai para a soja, conferem ao país uma posição estra- áreas cultivadas. É preciso ter em
com 15,6% do total. A posição do tégica no fornecimento global”. Mas conta que estamos inseridos em um
cereal no ranking fica bem acima do apesar de os ventos parecerem favo- mercado cíclico, que tem seus altos
segundo colocado, que corresponde ráveis para o Brasil, vários fatores e baixos”, afirmou Schicchi. Ele
à soma de óleos brutos de petróleo e podem impactar diretamente o boom acredita, contudo, que a exporta-
minerais betuminosos crus (12,52%); das commodities. Um exemplo claro ção de commodities traz benefícios
e quase o dobro de todo o minério de disso, segundo Schicchi, é o fenôme- substanciais para o Brasil, incluindo
ferro exportado (8,98%). no climático El Niño, que impactou incremento na receita em moeda es-
Na visão de especialistas, apoiar negativamente a produção de soja trangeira, fortalecimento da balança
a balança comercial nas commodities brasileira, devido às altas tempe- comercial, geração de empregos e
pode ser um risco para a economia raturas, e baixo volume de chuvas. investimentos em infraestrutura.
brasileira. Isso porque, apesar das “O clima, como sempre, continuará “Essa dinâmica contribui para o de-
condições favoráveis, há uma forte sendo uma fonte de incerteza que senvolvimento econômico, a redução
dependência de fatores ligados ao traz volatilidade e risco para esse da pobreza e o avanço de regiões
clima e aos preços internacionais mercado”, disse o especialista. agrícolas”.
OS CAMPEÕES
DA EXPORTAÇÃO Soja, Milho Açúcares
Entre os dez itens pelos quais o Brasil mesmo em grão
mais recebe divisas do exterior, seis triturada de cana
derivam do agronegócio 12.124.887.247 11.528.128.887
51.233.503.003
Produto/Valor FOB (US$)
18 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
A
primeira dica para o em-
visão global de mercado na tomada Brasil tem um grande potencial em
presário/produtor que quer
de decisão”. energias renováveis, tendo assinado
Se foi boa em 2023, a produção acordos internacionais significativos exportar é se capacitar. O
e a exportação de commodities quanto a essa agenda, como o Acordo governo brasileiro oferece progra-
deve seguir aumentando neste ano. de Paris, se comprometendo a am- mas de capacitação a exportação
Segundo a coordenadora do curso pliar a redução de emissões em 50% excelentes, como o Peiex e o Exporta
de pós-graduação em Negócios até 2030 e alcançar emissões líquidas SP. O primeiro é Programa de Quali-
Internacionais e Comércio Exterior neutras até 2050”, disse. ficação para Exportação oferecido
da Fundação Escola de Comércio pela Apex-Brasil, que prepara as
Álvares Penteado (Fecap), Sabrina PESQUISA Os especialistas de- empresas para que possam iniciar
Della Santa Navarrete, a deman- fendem que o Brasil pode assumir o processo de exportação de seus
da mundial por alimentos também a dianteira do mercado verde, e produtos e serviços de forma
deverá continuar crescendo uma assim, mostrar para seus parceiros planejada.
vez que as projeções populacionais comerciais e para os investidores O mesmo ocorre com o Progra-
apontam que a população mundial um alinhamento com a Agenda 2030. ma Paulista de Capacitação para
deve atingir 10 bilhões de pessoas Para isso, cabe ao País avançar no Exportações, Exporta SP, da Agência
em 2050. Além das commodities, campo da pesquisa. Setores ligados Paulista de Promoção de Investi-
a indústria de alimentos do Brasil à tecnologia e inovação e a demanda mentos e Competitividade (Invest
pode exportar uma grande varieda- global por soluções que empreguem SP). No programa, além das aulas
de de produtos processados de valor inteligência artificial e tecnologias com especialistas em comércio in-
agregado, aproveitando sua repu- limpas devem seguir aumentando. ternacional os empresários de micro,
tação de grande produtor agrícola. O Brasil desempenha um papel pequenas e médias empresas ainda
“A preocupação crescente do Brasil significativo no comércio interna-
tem a possibilidade de participar de
com a sustentabilidade ambiental e cional. Tem presença relevante em
mentorias individuais para criar o
a responsabilidade social também várias áreas comerciais, atuando
plano de exportação.
demonstra aos stakeholders [grupo principalmente na exportação de
de interesse] cada vez mais preo- commodities agrícolas como soja, O Sebrae também possui diver-
cupados com questões ambientais açúcar, proteína animal e café. sas iniciativas gratuitas para ajudar
e sociais, que o Brasil tem adotado Entre os maiores consumidores a fomentar a exportação. Para as
práticas agrícolas mais sustentáveis de produtos brasileiros está a China, empresas que já exportam e querem
e que as empresas brasileiras têm principal parceiro comercial do expandir sua presença no mercado
incluído a agenda ESG em suas Brasil, seguida dos Estados Unidos, externo, a dica é entrar em contato
estratégias de negócio buscando Argentina, Holanda e México. com a Associação Comercial que
representa o setor e verificar a agen-
da de projetos setoriais da Apex-
-Brasil. Os projetos setoriais visam
a promoção da indústria brasileira
Bagaços Café não no mercado internacional por meio
Carnes de serviços de promoção comercial,
e outros resíduos desossadas de torrado, não
sólidos da extração descafeinado, como por exemplo, o fomento à
bovino, congeladas
do óleo de soja em grão participação em feiras internacio-
7.641.257.640 nais, rodadas de negócio e missões
7.827.536.889 6.538.053.689
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DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 19
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NESS IT WILL
frequently occur that
pleasures have to be
repudiated and
annoyances acce-
pholds in th
RICARDO MUSSA
Executivo da Raízen
é responsável por
direcionar a empresa
na rota sustentável
a partir da cana
44 DINHEIRO RURAL/192-MAIO/JUNHO-2023
INÊS 249
O ENGENHEIRO QUE
DÁ A DIREÇÃO PARA A
GIGANTE DE ENERGIA
No comando da Raízen desde abril de 2020, Ricardo Mussa diz ter
enorme orgulho em contribuir com o processo de descarbonização
do planeta, a partir de investimentos no etanol de segunda geração
POR SÉRGIO VIEIRA
R
icardo Mussa está à frente de E2G. No trimestre, os aportes chegaram a R$
uma jornada de transforma- 3 bilhões. Por ano, passam de R$ 12 bilhões.
ção. O executivo, formado em “A gente já vendeu a produção de nove
Engenheira de Produção na plantas da Raízen que nem foram construídas
Politécnica da Universidade de ainda. E com preços garantidos. Por isso esses
São Paulo (USP), comanda des- grandes investimentos”, disse. Nesse ano
de abril de 2020 a gigante do setor de energia deverão estar em operação mais três plantas.
Raízen, que registrou receita líquida de R$ Duas estão em fase final e outras duas até ou-
58,5 bilhões no terceiro trimestre do ano tubro. “A Raízen é a única empresa do mundo
safra 2023-2024. Ele sabe com muita clareza que tem etanol de segunda geração em larga
do tamanho de sua responsabilidade e de sua escala. Era um sonho que virou realidade.” As
missão para contribuir no processo de transi- outras cinco virão em sequência, na equação
ção da mudança de matriz energética em um de duas por ano.
caminho de descarbonização, liderado pelo Com 35 unidades de produção em opera-
desenvolvimento do etanol segunda geração ção, a companhia de energia tem uma quanti-
(E2G). “São quatro anos de muito trabalho. dade de biomassa suficiente para construir 20
Tenho muito orgulho da nossa jornada. Uma plantas fabris. E com a própria cana a Raízen
sensação de estar fazendo o que é certo”, gera energia para suas fábricas. “Nossas
disse o executivo, eleito como empreendedor usinas não precisam de energia externa. A
do ano na premiação LÍDERES DO AGRO gente usa 70% do bagaço da cana para rodar
2024. “Poucas vezes tive a oportunidade de as fábricas. Isso mostra o potencial grande em
estar em um lugar em que a gente pode fazer aproveitar o excedente de energia elétrica e
a diferença para a sociedade.” produzir ainda mais o etanol de segunda gera-
Para ele, a consistência no trabalho e a ção.” Visionário, Mussa enxerga aí um grande
retomada da produtividade agrícola explicam caminho para o crescimento do agronegócio
em parte o resultado reportado no início de brasileiro em relação a mercados globais. “É
fevereiro sobre o terceiro trimestre safra uma maneira muito inteligente de a gente
23-24, com lucro líquido de R$ 754 milhões. exportar, de forma indireta, energia elétrica.”
“O destaque aqui é que essa jornada não Fato é que a cana-de-açúcar faz um im-
terminou. Esse número não é surpresa. Nossa portante trabalho em transformar a energia
prioridade é justamente a produtividade, me- solar em biomassa. Com um hectare de soja é
lhoria das margens e investimentos no etanol possível alcançar 3,5 toneladas de biomassa.
de segunda geração”, afirmou Mussa. O de milho faz 11 toneladas. No caso da cana,
Nesse sentido, a companhia avança no esse número chega a 90 toneladas. A questão
pacote de investimentos para ampliação de é que, durante muitos anos, só um terço desse
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RESULTADO
Com aumento da
produção de cana, a produto era de fato utilizado. Raízen nos últimos anos nesse segmento.
companhia fechou Bagaço e as folhas eram dei- Para Mussa, a transição energética no
terceiro trimestre da xados de lado. “Mais recente- Brasil vai acontecer de diversas maneiras.
safra com receita de mente a Raízen desenvolveu “O grande vencedor hoje é o carro hídrico a
R$ 58,5 bilhões uma tecnologia para pegar etanol, que une a eficiência do motor elétrico
esse bagaço e transformar em com a vantagem do etanol. Esse é o modelo
etanol, mas não o do carro, mas mais indicado hoje para o mercado brasileiro”,
sim a partir da biomassa. Com isso, a gente disse. “Estou vendo hoje muitas indústrias de
passou a ter nova fonte de etanol”, afirmou. outros setores buscando a descarbonização. E
“Com tecnologia, a gente aumenta em 50% o etanol é uma fonte renovável e barata. E a
nossa produção de etanol sem precisar de um gente faz tudo isso porque o agro brasileiro é
pé de cana a mais.” muito competitivo.”
Isso também soluciona um problema que, Com isso, não é difícil de imaginar o prota-
de certa forma, existia em outros mercados gonismo da gigante Raízen nesse mundo em
no mundo, que era de não aceitar combustível transformação. “São as poucas as empresas
de produtos que poderiam competir com a que têm escala, tecnologia e vontade dos
alimentação. Explicando melhor: no caso da acionistas. Temos investidos em iniciativas
primeira geração do etanol, a visão de alguns que fazem a diferença. Temos mais florestas
países era de que a produção do biocombus- sob gestão da nossa do que tem a Holanda em
tível estava tirando espaço do açúcar, por florestas em todo seu território, por exemplo”,
exemplo. No caso da segunda geração, ele é afirmou. Também é inevitável a comparação.
produzido com um resíduo, o que o transfor- “O que a Tesla fez em 10 ou 11 anos com a
ma em biocombustível avançado e com grande eletrificação de seus carros, a gente faz em
valor agregado. Isso explica o crescimento da quatro ou cinco meses. Esse é o tamanho da
24 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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PROTAGONISMO
A companhia é a
única no mundo a
produzir etanol de
nossa contribuição. Raízen está do lado segunda geração em
da solução.” larga escala
Nesse sentido, a empresa firmou
parceria com a BYD para impulsionar a
mobilidade elétrica no Brasil. O acordo entre
as companhias inclui construção de hubs de
recarga elétrica na rede Shell Recharge e
oferta de energia renovável para as conces-
sionárias da marca chinesa. “A gente vê um
papel importante de eletrificação de frota,
principalmente com motoristas de aplicativos.
Há espaço para todo mundo. A BYD é uma
grande vencedora, uma empresa com muita
capacidade no mercado de carros elétricos. E
eles enxergaram a Raízen como uma vencedo-
ra e pronta para atender seus clientes.”
A Raízen é licenciada da marca Shell e
com uma rede de quase oito mil postos no
Brasil, Argentina e Paraguai. E a Shell não
poderia ter melhor vitrine: desde 2022 ela
fornece etanol de segunda geração para os gar nesse cenário.” E aí que entra o equilíbrio
carros da Ferrari na Fórmula 1. “Eu brinco de um líder no momento de tomar as decisões.
que se serve para a Ferrari serve para seu Com mais preparo, fica menos difícil transitar
carro também”, disse. A partir do ano que na tempestade. “O Ayrton Senna dizia: ‘quan-
vem, Lewis Hamilton vai poder chegar a essa to mais eu treino, mais sorte eu tenho’. Eu
conclusão com sua nova equipe. penso um pouco assim também”, disse.
De volta ao agro, Mussa reconhece que Para o executivo, o bom momento do
os impactos das mudanças climáticas são um agronegócio brasileiro, e da Raízen, está
desafio extra para a cadeia produtiva, em que diretamente ligado à capacidade das pessoas
pese o fato de que a cana-de-açúçar seja bem no País. “Estamos no lugar certo, que é o
mais resiliente do que muitas outras culturas. Brasil, com a planta certa, que é a cana, e com
“No mundo inteiro, os extremos estão mais a empresa correta. Não podemos perder essa
claros. Isso traz volatilidade de preços e de oportunidade”, disse. “Quanto mais a gente
produtividade. Mas hoje entendo que as em- produzir, mais a gente ajuda o mundo a se
presas estão mais bem preparadas para nave- descarbonizar.” E com o executivo correto.
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 25
INÊS 249
NESS IT WILL
frequently occur that
pleasures have to be
repudiated and
annoyances acce-
pholds in th
MARCOS MOLINA
fundador da Marfrig
e controlador da BRF
44 DINHEIRO RURAL/192-MAIO/JUNHO-2023
INÊS 249
PRODUTOS DE
QUALIDADE, RESPEITO
AO MEIO AMBIENTE E
LUCRO SUSTENTÁVEL
Fundador de uma das companhias líderes em carne bovina com mais de 30 mil
colaboradores, Marcos Molina criou um portfólio multiproteína completo ao
adquirir o controle da BRF. Hoje suas operações atendem a mais 140 países com
marcas fortes e reconhecidas. Entenda sua visão de negócio
POR CELSO MASSON
A
receita líquida de R$ 35,6 na commodity proteína bovina, com 16 pontos
bilhões no terceiro trimestre de percentuais acima do segundo colocado. Parte “MARFRIG E
2023 é apenas uma das dimen- desse resultado se deve a iniciativas como o BRF ESTÃO
sões que revelam o gigantismo novo ciclo do Programa Verde+, anunciado
da Marfrig. Maior fabricante durante a COP 28, no qual a empresa inves- ORIENTADAS
mundial de hambúrgueres, ela tirá R$ 100 milhões em frentes como restau-
emprega mais de 30 mil colaboradores em ração ecológica, agropecuária regenerativa e A OPERAREM
31 unidades produtivas nas Américas do Sul melhoria genética do rebanho. DE FORMA
e do Norte. Reconhecida pela qualidade de Só pelas atividades que exerce à fren-
seus produtos, ela é também um modelo de te dessa companhia, seu fundador, Marcos CADA VEZ MAIS
excelência por sua atuação sustentável, com Molina, merece um lugar de destaque como
projetos pioneiros para a preservação do meio lidero do agronegócio brasileiro. Porém, a
EFICIENTE,
ambiente e dos recursos naturais – um com- Marfrig não é a única companhia à qual ele RENTÁVEL E
promisso que tem dado à companhia posições se dedica. Em setembro do ano passado, o
de destaque no setor em que atua. A mais empresário elevou para 40,9% sua partici- SUSTENTÁVEL,
recente prova disso foi o resultado obtido na pação o controle acionário da BRF, que tem
edição de 2023 do Forest 500, ranking global no portfólio marcas como Sadia, Perdigão e
PROMOVENDO
de combate ao desmatamento. A lista, divul- Qualy, entre outras. Em entrevista exclusiva GERAÇÃO
gada no final de fevereiro, analisa dados de à DINHEIRO RURAL, Molina elencou as
350 empresas e de 150 instituições financeiras principais realizações das duas empresas e DE VALOR
que atuam em cadeias de abastecimento com a forma como se complementam. “Marfrig e
risco de desmatamento, caso do couro, óleo de BRF estão orientadas a operarem de forma
PARA TODOS
palma, soja, gado, madeira, papel e celulose. cada vez mais eficiente, rentável e sustentá- OS NOSSOS
Para compor a lista, anualmente a organização vel, promovendo geração de valor para todos
ambiental britânica Global Canopy verifica se os nossos parceiros”, afirmou. “Cada um dos PARCEIROS”
as companhias abordam os riscos de desma- negócios tem suas características específicas,
tamento por meio de suas políticas, compro- mas podemos afirmar que todos eles estão
missos assumidos e medidas contra o desma- caminhando nessa mesma direção”.
tamento. A Marfrig foi a única companhia que Como gestor, ele tem reforçado o foco
avançou 10 pontos percentuais nos últimos estratégico da Marfrig em produtos de maior
dois ciclos da lista e obteve a melhor avaliação valor agregado, em linha com os investi-
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 27
INÊS 249
BRF
Em 2023, a empresa
captou R$ 5,4 bilhões
no follow-on liderado
por Marfrig e Salic, um
dos maiores fundos mentos realizados na BRF. “Con- similar à nossa. Com o balanço consolidado, a
soberanos do mundo centramos nossos recursos nos estrutura de capital da Marfrig passou a ser
complexos industriais com maior uma das melhores da indústria. Esse mesmo
escala, eficiência e custo competitivo foco em eficiência foi levado para a BRF por
que estão interligados às plantas de meio do programa BRF+. A iniciativa impul-
processados e produtoras de marcas líderes”, sionou a empresa a atingir níveis históricos
disse Molina. Com esse movimento, as duas de performance em muitos dos indicadores
companhias reforçam sua presença global com definidos como prioritários e estabeleceu um
um portfólio multiproteína completo, chegan- novo patamar de eficiência para 2024. Somen-
do a mais de 140 países com marcas fortes e te no terceiro trimestre de 2023, a companhia
reconhecidas pela qualidade. Segundo Molina, capturou R$ 677 milhões, superando a meta
é importante pontuar que Marfrig e BRF são estabelecida para o período.
operações independentes que têm buscado As melhorias operacionais obtidas por
compartilhamento de melhores práticas entre este modelo de gestão permitiram que
si. “O objetivo é sempre buscar os melhores ambas as empresas terminassem o terceiro
padrões e otimizar a operação. Além disso, trimestre de 2023 com indicadores positivos
as empresas têm buscado oportunidades que de geração de caixa. “Ao mesmo tempo,
gerem valor para ambas.” investimos no resgate de grandes campanhas
Em 2023, BRF e Marfrig fizeram dois das marcas de consumo da BRF, valorizando
dos maiores aumentos de capital do mercado ainda mais esses ativos. Estamos colhendo
brasileiro, totalizando mais de R$ 7,5 bilhões. os resultados de um trabalho com foco em
A BRF captou R$ 5,4 bilhões no follow-on disciplina e, principalmente, excelência na
liderado pela Marfrig e pela Salic, um dos execução”, afirmou o executivo.
maiores fundos soberanos do mundo. Esse Para este ano, as perspectivas são po-
movimento permitiu uma melhora signi- sitivas. No mercado interno, o consumo de
ficativa da alavancagem da companhia, ao carne bovina cresceu mais de 10% em 2023 em
mesmo tempo em que atraímos um investidor comparação a 2022. “Acreditamos que a ten-
estratégico, com visão de longo prazo muito dência de crescimento deverá permanecer em
28 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
2024. Além disso, o nosso time tem trabalhado gia de negócio e uma governança sólida so-
na abertura de novos mercados, bem como bre o tema, com comitês dedicados em ambas
potencializando a nossa atuação em mercados as empresas com a participação de membros
importantes como Estados Unidos, por meio do conselho e membros independentes. “As
dos canais de vendas da National Beef, Méxi- duas companhias possuem modelos de gestão
co, Singapura, Malásia entre outros”, afirmou. com foco nos pilares de redução de emissões,
“Para as proteínas de frango e suínos, espe- controle de origem, recursos naturais, bem-
ramos a evolução contínua nos preços dos -estar animal, economia circular e responsa-
produtos in natura no mercado interno, e uma bilidade social”, afirmou Molina.
melhora cada vez mais acentuada em proces-
sados, categoria onde a BRF é líder no Bra- FOCO NA INCLUSÃO Esse modelo de
sil”. Ainda no mercado interno, a expectativa governança e gestão permitiu que as duas
para a carne de frango é de aumento no consu- empresas estivessem listadas nos principais
mo per capita com melhora de preços, o que se índices da B3, o ISE e o ICO2, além de obter
apresenta como uma excelente oportunidade destaques nos principais rankings e índices
para uma empresa com marcas preferidas e globais de sustentabilidade. A Marfrig acaba
uma base de mais de 290 mil clientes. de receber a nota máxima (classificação
Segundo Molina, as exportações também A) para mudanças climáticas na avaliação
sinalizam potencial de crescimento, tanto para do CDP (Carbon Disclosure Project, que
frango quanto para suínos, com retomada da inclui apenas 11 empresas brasileiras). “Isso
demanda e melhora no preço. Na ponta dos é resultado do nosso forte compromisso e
custos, o ciclo do gado permanece positivo, entregas efetivas em mais de três anos do
o que deverá favorecer a disponibilidade de Programa Verde+”, disse Molina.
animais para o abate. “Observamos também “Seguiremos investindo nessa agenda com
queda no custo médio dos grãos, evidenciada a expectativa de resultados consistentes,
nos três primeiros trimestres de 2023, e esse potencializando impactos positivos ao longo
movimento deve beneficiar, sobretudo, a ope- das nossas cadeias de valor com
ração de BRF”, disse. foco na inclusão produtiva,
Esse otimismo poderia ser frustrado caso desenvolvimento socioeco-
BRF e Marfrig não tivessem investido em nômico e geração de valor MARFRIG
sustentabilidade como parte da sua estraté- compartilhado”. Entre os resultados
do Programa Verde+,
acaba de receber
classificação A para
mudanças climáticas
do Carbon Disclosure
Project (CDP)
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 29
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PATRICIA AUDI
A dirigente està à
frente da campanha
Vai de Etanol, para
estimular o consumo
do combustível verde
44 DINHEIRO RURAL/192-MAIO/JUNHO-2023
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A EXECUTIVA QUE
SABE O CAMINHO
DA DEFESA DO ETANOL
Com larga experiência nas três esferas do setor público e da iniciativa
privada, Patricia Audi ocupa a função de diretora-executiva da Unica,
entidade que atua para ampliar a fatia do setor na matriz energética
POR SÉRGIO VIEIRA
A
experiência em cargos de bilidade no banco Santander.
lideranças em todas as esferas Com esse currículo, ela reconhece que
do poder público tem sido um saber exatamente o caminho das discussões
facilitador para Patricia Audi em Brasília facilita as discussões sobre as
no momento de defesa dos políticas públicas do setor. “Ajuda bastan-
interesses do setor sucroalcoo- te. As grandes soluções para o mundo são
leiro no Brasil. Diretora-executiva da União coordenadas, que precisam de esforços não só
da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bionergia do governo, mas também da sociedade civil
(Unica) desde outubro de 2023, a executiva já organizada e do setor produtivo”, afirmou.
tem feito a diferença no setor, a ponto de inte- Responsável por 16% da matriz energética
grar a lista de Líderes do Agro 2024. “A gente do Brasil, o setor tem buscado ampliar sua
trata de gás à açúcar, mas o etanol tem sido participação no País e se colocar como uma
muito importante nesse momento de transi- opção para atender à demanda global. “Para
ção energética”, disse Patricia. “A gente vive suprir etanol para o mundo, nós estamos
um momento de emergência climática, aliado preparados. O País está atento à perspectiva
à insegurança de como o mundo vai cumprir mundial da mudança da matriz. E aí é impor-
seus compromissos.” tante contar com todas as rotas ecológicas”,
Patricia foi secretária do Conselho de afirmou. Para ela, o Plano de Transição Eco-
Desenvolvimento Econômico e Social da Pre- lógica, anunciado recentemente pelo governo
sidência da República, entre 2016 e 2018, na federal, é um caminho para a ampliação de
gestão de Michel Temer. Também foi secretá- investimentos estrangeiros justamente nessa
ria de Gestão, do Ministério do Planejamento; transição de energia. “A administração tem
secretária de Transparência e Prevenção da dado sinais claros de que essa é uma das prin-
Corrupção, da Controladoria Geral da União cipais opções das rotas tecnológicas do País, e
(CGU). Na esfera municipal, foi secretária de que considera o etanol.”
Planejamento, Gestão e Controle da Prefeitu- Recentemente, a Unica lançou recente-
ra de Niterói (RJ). mente o programa Vai de Etanol, justamente
Ocupou também a função de superinten- para incentivar o consumo do combustível
dente do Plano Rio Sem Miséria, no governo verde. “De uma maneira, geral, os brasileiros
do Rio de Janeiro. Atuou no Instituto Nacio- conhecem muito pouco sobre os benefícios
nal do Seguro Social (INSS), Ministério dos do etanol”, disse. “É importante saber que,
Direitos Humanos e outros postos estraté- ao encher o tanque com esse combustível, é
gicos no governo federal. Antes de chegar possível emitir menos 90% de gases de efeito
à Unica, Patricia era CEO da RenovaBR, estufa, e ainda pagando menos. Precisamos
entidade destinada à formação política supra- mostrar isso para a população.” E tudo isso
partidária. Antes, liderou a área de sustenta- sob a liderança de Patricia.
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CARLOS FÁVARO
Antes de assumir o
MAPA, o senador
presidiu o Aprosoja, e
foi vice-governador
do Mato Grosso
FOTO: ISTOCK
44 DINHEIRO RURAL/192-MAIO/JUNHO-2023
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A COLHEITA RECORDE
DE CARLOS FÁVARO
Ministro da Agricultura e Pecuária fez o que parecia impossível:
aproximou o governo Lula do mais bolsonarista dos setores
produtivos e provou que, quando a semente é bem regada, os
resultados não diferem partidos políticos
PAULA CRISTINA
C
arlos Fávaro é uma daquelas de recursos do Plano Safra. A orientação do
personalidades agregadoras. presidente Lula é que o valor seja maior em “OS
Não era difícil vê-lo no Senado 2024”, afirmou o ministro da Agricultura.
federal conversando com parla- Ao aliar recursos para o financiamento RESULTADOS
mentares de todos os partidos, e suporte para o crescimento dos empresá- ESTÃO AÍ.
fazendo parte de comissões e rios do ramo, Fávaro diz que a palavra de
ouvindo prós e contras dos mais variados as- ordem este ano é percorrer o Brasil para se TIVEMOS O
suntos. Esta também era a postura durante aproximar dos produtores. “Sabemos que
seus períodos à frente do Aprosoja Brasil e teremos dificuldades na produção, que os MAIOR PLANO
enquanto foi vice-governador do Mato Gros- preços da commodities estarão mais achata- SAFRA DA
so, entre 2015 e 2018. Talvez por isso, em dos e queremos estar próximos e dialogando
sua terceira gestão, Lula tenha colocado o para minimizar os efeitos negativos e criar HISTÓRIA E
senador para desatar um dos mais complexos as condições para obtermos novos recordes”,
nós da diplomacia republicana: o agronegó- afirmou.
VAMOS BATER
cio. E o resultado foi melhor (e mais rápido) Nessa empreitada, disse o ministro, O RECORDE
do que o esperado. Em um ano, Fávaro alguns aliados têm sido fundamentais. “O
acumulou uma série de recordes. O Plano BNDES do [Aloízio] Mercadante e a Fazen- DE NOVO ESTE
Safra de R$ 364,2 bilhões, a abertura de 78 da de [Fernando] Haddad são essenciais. Nos
novos mercados exportadores, 39 novos paí- tornamos um trio imbatível.” Exemplos des-
ANO.
ses na balança comercial, US$ 166,49 bilhões sa convergência de interesses foi a criação QUEREMOS SER
exportados. Tudo isso enquanto mediava de novas linhas de crédito com lastro dolari-
qualquer resquício de tensão oriunda da zado, simplificação para o acesso ao crédito e JULGADOS POR
menor abertura que o governo atual poderia garantias, além da facilitação e ampliação dos
ter com o agronegócio. “Após as eleições nós recursos para cooperativas. “Tudo isso nos
RESULTADOS,
vivíamos clima de hostilidade, em especial levou a uma adesão recorde ano passado dos NÃO POR
com esse setor. Não tivemos um período de empresários pelos recursos do Plano Safra.
convergência, e sim espaço para trabalhar. Mesmo com a Selic ainda alta, conseguimos POLÍTICA”
E os resultados estão aí. Vão nos julgar por oferecer condições de financiamento extre-
nossos resultados, não por política”, disse o mamente atraentes”, disse Fávaro.
ministro À DINHEIRO RURAL. Ao gabaritar na lista de ações para o
Em 2024 o ritmo parece não ter diminu- desenvolvimento do agronegócio brasileiro,
ído. O Ministério da Agricultura e Agrope- o ministro se tornou o destaque de Gestão
cuária (Mapa) já abriu 24 novos mercados, Pública no ranking de Líderes do Agro 2024,
trabalha em um acordo comercial com países da DINHEIRO RURAL. E não poderia ser
da África e busca alternativas para dar sus- diferente. Quando abriu diálogo dentro e
tentação aos empresários do setor que quei- fora do País, Fávaro mostrou com números o
ram embarcar suas mercadorias. “Tudo isso que sempre tentou provar em sua vida públi-
com o plano de, novamente, bater o recorde ca: quem fala semeia. Quem escuta, colhe.
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RUY CUNHA
Inovação e excelente
percepção de merca-
do abriram os cami-
nhos para o empre-
sário paulistano
44 DINHEIRO RURAL/192-MAIO/JUNHO-2023
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UM CEO
OFF-ROAD
Ex-engenheiro da GM, Ruy Cunha trocou o mercado
automobilístico para acelerar no agronegócio. À frente da
Lavoro, maior distribuidora de insumos agrícolas da América
Latina, ele multiplica resultados e transforma a empresa em
um hub de serviços para o campo
HUGO CILO
Q
uando passou pela catraca Desde o início de suas operações, em 2017, a
da Lavoro pela primeira vez, empresa completou 24 aquisições, tornando- “QUANDO
em 2018, o executivo paulis- -se a líder em distribuição de insumos no
tano Ruy Cunha parecia um Brasil e Colômbia em um curto período. SE APLICA A
estranho no ninho. Recruta- Além disso, o grupo segue fortalecendo suas AGRICULTURA
do pela maior distribuidora marcas próprias de agroquímicos, fertili-
de insumos agrícolas da América Latina zantes foliares e biológicos. A Lavoro conta DE PRECISÃO,
para a área de business development, ele com mais de 215 distribuidoras no Brasil,
era um dos poucos na companhia que tinha na Colômbia e no Uruguai, e mais de mil O BRASIL É
pouca experiência com o barro no pé. En- representantes técnicos de vendas. IMBATÍVEL
genheiro da General Motors (GM) durante Mas o pulo do gato da gestão de Cunha
sete anos, diretor da americana Booz Allen na Lavoro foi a transformação da empresa. NO MUNDO”
Hamilton por outros cinco anos e executi- Em vez de uma distribuidora de insumos
vo da fabricante de máquinas AGCO por agrícolas, a companhia se tornou um hub
outros sete anos, Cunha estava decidido a de serviços voltados ao agronegócio. Essa
cultivar uma nova trajetória para sua car- estratégia, segundo Cunha, se deu em três
reira. Pela primeira vez, foco passou a ser etapas. A primeira, consolidar a Lavoro em
agroquímicos, fertilizantes e sementes. “O uma megadistribuidora por meio de cres-
cenário era desafiador para mim. Por isso cimento orgânico e aquisições. A segunda,
mesmo, aceitei o desafio de atuar em uma expandir o uso de novas tecnologias para
área com potencial gigantesco no Brasil”, oferecer, principalmente, serviços finan-
afirmou Cunha. ceiros. Em parceria com Banco do Brasil e
A decisão, a julgar pelo desempenho BTG, por exemplo, a Lavoro começou a ofe-
da companhia, foi acertada. Sob comando recer seguro agrícola para seus clientes. A
de Cunha, a Lavoro virou uma máquina de terceira, e última, investir na oferta de alta
resultados. Na liderança absoluta do setor tecnologia. Entre eles estão testes de solo
de distribuição de insumos agrícolas do de última geração, mapeamento do DNA do
Brasil, a Lavoro teve uma receita de R$ 7,7 solo e testes imediatos de solo, com inova-
bilhões durante o ano safra de 2022, o maior ções trazidas da Alemanha. “Para sermos
faturamento de sua história. A cobertura mais assertivos na proposta de valor para
da empresa abrange cerca de 60 milhões de nossos clientes, o uso de tecnologia é funda-
hectares em toda a América Latina. mental”, disse Cunha. “Quando se aplica a
A expansão por meio de M&A sempre agricultura de precisão, o Brasil é imbatível
esteve na estratégia de negócios da Lavoro. no mundo”, afirmou.
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 35
INÊS 249
HOMENAGEM
RETRATO DO AGRO
Além dos cargos públicos que
ocupou, Rodrigues é membro da
Academia Nacional de Agricultura,
professor emérito e coordenador
do Centro de Agronegócios da
Fundação Getúlio Vargas (FGV)
e presidiu a Aliança Cooperativa
Internacional
A
trajetória da agropecuária
brasileira, uma das mais
trabalho, sua personalidade e o alcance
de suas realizações e teses, ao ter o Agricultura
avançadas do mundo, é rica
em personagens, homens e
privilégio de escrever sua biografia:
Roberto Rodrigues – O Semeador –
Roberto Rodrigues
mulheres, que contribuíram
para o seu desenvolvimento, seja
Quem planta colhe (Editora Disrup
Talks). Ele nasceu no interior de São
revela o trabalho de
trabalhando a terra e/ou propondo Paulo, filho de agrônomo brilhante, um pioneiro na
e realizando políticas públicas, nas pesquisador de citricultura e idealiza-
entidades de classe, no Parlamento dor de uma das maiores e mais moder- promoção do moderno
ou no governo. Um dos grandes pro- nas usinas de açúcar e álcool do Brasil,
tagonistas dessa história é Roberto a São Martinho, e de uma senhora re- agronegócio brasileiro
Rodrigues, uma das pessoas que
mais promoveram o progresso do
finada, amante das artes e apreciadora
da beleza. Assim ele cresceu, habitan- e da segurança
setor, sua modernização, ganhos de
produtividade e foco na produção so-
do com equilíbrio dois universos: o da
técnica e o da imaginação.
alimentar global
cial e ambientalmente sustentável. Formado agrônomo na reconhecida
Já o conhecia bem, mas pude Escola Superior de Agricultura Luiz
entender e saber mais sobre o seu de Queiroz (Esalq), da Universidade POR RICARDO VIVEIROS*
36 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 37
INÊS 249
AGRONEGÓCIOS
Basf
mira inves
GIGANTE DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
tim
APORTA 15 MILHÕES DE EUROS
PARA AUMENTAR A CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO EM GUARANTIGUETÁ E
EM LABORATÓRIO NO MATO GROSSO
POR SÉRGIO VIEIRA
38 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
TECNOLOGIA
Principal centro produtivo
da América Latina, planta
de Guaratinguetá vai
produzir novos itens à
base de revysol
mentos no Brasil
O
s desafios para o produtor tio em função desse clima. A gente milhões de euros no Brasil em novas
brasileiro, em que pese todo percebeu o impacto disso para a estruturas, justamente para proteção
o tamanho da nossa safra e indústria do agronegócio no Brasil”, de cultivos e de sementes. Os recur-
os resultados recordes da disse Paulo Celso Mathias, diretor de sos foram direcionados para o aumen-
agricultura no País, não têm operações e supply chain de soluções to de 45% da capacidade de produção
sido fáceis de ser transpor- para agricultura da Basf na América da planta em Guaratinguetá (SP), que
tados. Primeiro veio a pandemia da Latina. recebeu 13 milhões, e o restante para
Covid-19, com a necessidade do iso- A gigante global do setor de a implementação do laboratório de
lamento social e os enormes gargalos defensivos agrícolas enxerga esses análise de sementes de algodão em
logísticos daquele período. Depois cenários de travessia e tem buscado Primavera do Leste (MT).
veio a intensificação das mudanças alternativas para facilitar a vida do O Brasil tem recebido aportes
climáticas e os enormes impactos nas agricultor, oferecendo novas tecnolo- importantes da matriz, dada sua
lavouras, que ainda estão entre as gias e soluções ainda mais rentáveis. relevância no resultado da companhia
preocupações do setor. “O agricultor Nesse sentido, a companhia concluiu no setor agrícola. Em 2022, a divi-
teve que adequar o timming no plan- um ciclo de investimentos de 15 são de soluções para agricultura da
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 39
INÊS 249
AGRONEGÓCIOS
40 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
“
gases de efeito estufa. Na unidade de
Guaratinguetá, as iniciativas adota-
das nesse ciclo de investimentos, que
começou no segundo semestre de Nós temos o
2022 e chegou ao fim na metade do
ano passado, garantiram redução de
compromisso
15% no consumo de água da unida- de melhorar
de, além da diminuição de emissão as ações
em mais de 650 toneladas de CO² no
processo produtivo. sustentáveis
“A gente trouxe tecnologias mais nas etapas de
modernas, que impactam muito produção”
menos o meio ambiente. Nós temos
o compromisso de melhorar nossas PAULO MATHIAS
ações de sustentabilidade em todas DIRETOR DE
as etapas de produção, inclusive nos OPERAÇÕES E
processos mais antigos”, afirmou o SUPLLY CHAIN
diretor da Basf. A divisão de soluções
para a agricultura da companhia tem
como meta, até 2030, redução de 30% alcançou a diminuição de 24 mil tone- ao ano a parcela de soluções susten-
de CO² por tonelada de cultivo produ- ladas de CO² equivalente por ano. O táveis, fazendo com que o portfólio da
zido para ajudar os agricultores a se objetivo principal é de zerar global- empresa seja cada vez mais voltada
tornarem mais eficientes em carbono mente as emissões líquidas de dióxido para iniciativas que tragam soluções
e garantir ainda mais resiliência em de carbono até 2050. Também há o tecnológicas e ambientais. “Esse é um
relação às mudanças climáticas. foco na redução de 25% no consumo caminho sem retorno. Cada vez mais
De uma forma, a companhia de metros cúbicos de água captada queremos lançar produtos que aten-
planeja reduzir em 25% as emissões por tonelada produzida na América dam a essa expectativa do produtor
mundiais de gases de efeito estufa do Sul. e que possa gerar em um resultado
até 2030. Na América do Sul, a Basf A Basf planeja aumentar em 7% ambiental ainda melhor. O Brasil é
muito eficiente nessa questão e temos
condições de avançar nessa trilha”,
A DIVISÃO DE SOLUÇÕES PARA A AGRICULTURA DA disse Mathias.
BASF GEROU VENDAS DE 10,3 BILHÕES DE EUROS.
A AMÉRICA LATINA REPRESENTA 20% DO TOTAL,
SENDO O BRASIL O PRINCIPAL MERCADO NA REGIÃO
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 41
INÊS 249
AGRONEGÓCIOS
A CONSOLIDAÇÃO DA
executivo atribui os bons resulta-
dos a três fatores: investimentos
na expansão da infraestrutura e na
BOA SAFRA
capacidade produtiva da Boa Safra;
a capilaridade e a capacidade de a
empresa se aproximar do produtor
rural e entregar uma semente de
qualidade; e o fato de o insumo da
companhia ser a base primordial para
Líder na produção de sementes de soja fatura R$ 2 bilhões e se começar a produção.
A Boa Safra ocupa a liderança na
expande portfólio para milho, trigo, além de outras culturas produção de sementes de soja no País
e apresenta constante crescimento
POR ANGELO VEROTTI do volume de vendas de big bags.
Em 2023, houve aumento de 83 mil
A
Boa Safra tem muito a come- foram conquistados mesmo em um big bags, indo para 99 mil big bags já
morar. Líder na produção de período atípico. Um ano difícil para vendidos, ampliando em 19% nossas
sementes de soja no Brasil, a o cenário agrícola por causa princi- vendas, em linha com o aumento da
empresa criada pelos irmãos palmente do clima e das oscilações capacidade instalada. "Para a safra
Marino e Camila Colpo, em da soja", afirmou Marino, CEO. "Mas 2023/24, a previsão aponta para uma
2009, celebrou importantes conquis- seguimos inovando para atender a colheita de 162 milhões de toneladas
tas no ano passado. Além de aquisi- necessidade do cliente e cumprir o de soja em grãos, com uma área
ção de concorrente, de diversificação plano de crescimento". Camila presi- estimada de 45,1 milhões de hectares
de portfólio e aumento de capacidade, de o Conselho Deliberativo. e uma produtividade média de 3.586
a companhia goiana viu a receita Além da receita operacional de kg/ha."
alcançar aproximadamente R$ 2 R$ 1,92 bilhão, no mesmo período A atuação se estendeu à cultura
bilhões nos 12 meses encerrados em a Boa Safra reportou lucro líquido do milho. A Boa Safra acredita que
setembro, mesmo diante de ambiente de R$ 224,7 milhões e de R$ 115,6 é a segunda agricultura mais repre-
desafiador. "Os resultados deste ano milhões no terceiro trimestre. O sentativa do Brasil e uma das que
42 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
INÊS 249
“
mais crescem, atualmente, no País. atuação da Boa Safra. disse o CEO. A empresa tam-
"Por isso, em 2022 investimos R$ O primeiro deles bém ampliou outros centros
35 milhões na aquisição da Bestway foi inaugurado em de distribuição e unidades de
e, no ano passado, realizou investi- Balsas, no Maranhão, beneficiamento. Os investi-
mento na casa de R$ 45 milhões", com 11 mil m² e ca- Seguimos mentos desde o IPO de 2021
afirmou o executivo. "Nossos dados pacidade de estoque inovando chegam a R$ 500 milhões e
financeiros divulgados referentes aos de até 20 mil big bags permitiram ampliar a capaci-
três primeiros trimestres de 2023 (de aproximadamen-
para dade da empresa de três para
mostram que a carteira de pedidos te 1 mil kg cada) em atender os nove plantas e alcançar um
fecha o 3T23 com R$ 506 milhões posições refrigera- nossos crescimento robusto de mais
contra R$ 464 milhões no 3T22, das. Em dezembro, a de 30% ao ano. "Meu pai dizia
sendo que, desses, R$19 milhões Boa Safra inaugurou clientes e que uma grande empresa
estão voltados a sementes de milho o em Paraíso (TO). cumprir o era aquela que chegava na
e R$ 487 milhões a sementes de soja, Ao todo são 9.375 plano para Bolsa de Valores. Isso, então,
totalizando uma variação positiva de m² preparados para se tornou meu objetivo. Em
9%". Sorgo, forrageira, trigo e feijão atender os produto- o distingui 2021, a Boa Safra realizou um
ainda conquistam espaço no portfólio res do Tocantins e IPO e se tornou a segunda
MARINO COLPO
da empresa. região. maior produtora de sementes
CEO DA
Como parte do processo de Na visão de de soja do Brasil."
BOA SAFRA
incremento dos negócios, a empresa Colpo, as inaugura- Mesmo com todos os
investiu na ampliação de sua opera- ções simbolizam o desafios, a empresa mantém
ção, com a potencial aquisição de 45% comprometimento da companhia com planos de expansão e crescimento
do capital social da DaSoja Semente, a excelência das sementes, desde a de acordo com o previsto no IPO.
empresa de Tocantins com foco nos produção nas unidades de beneficia- Em janeiro, a companhia anunciou a
mercados do Maranhão, Tocantins, mento até a entrega aos clientes. "Os expansão de portfólio para atender o
Piauí, Bahia e Pará. Outro passo novos centros de distribuição nos Sul do País. Um sinal de que limites
importante foi a inauguração de dois aproximam ainda mais dos produto- estaduais não existem no plano de
centros de distribuição que reforça- res rurais, que desejamos atender conquistar as principais regiões do
ram a presença local e expandiram a com todo o cuidado que merecem", agro brasileiro.
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 43
INÊS 249
AGRONEGÓCIOS
Uma parceria
multifuncional
Com expertise na Europa, italiana Neomach se une à brasileira Tramontini para
produção de maquinários com diversas funções em variados segmentos
POR ANGELO VEROTTI
C
om mais de meio século de ex- na chegada dos multifuncionais a in- permite ao motorista ter total contro-
periência industrial no norte serção da empresa brasileira em um le de cada operação, além de realizar
de Pádua, na Itália, a Neoma- contexto de inovação e tendência. “O movimentos com extrema precisão.
ch chega ao mercado brasilei- mercado desta máquina está apenas “Ela é capaz de atuar como carre-
ro com a missão de implantar começando no Brasil", afirmou o exe- gadeira, capinadeira, empilhadeira,
a cultura dos multifuncionais, um cutivo. "Estamos sempre em busca escavadeira, numa simples troca de
segmento que cresceu rapidamen- de parcerias que ofereçam ao merca- implemento que leva menos de um
te na Europa ao substituir vários do nacional produtos já consolidados minuto”, ressalta Tramontini.
equipamentos tradicionais em ramos em outras partes do mundo, que Segundo Leandro Botelho,
como indústria, agricultura, jardina- tragam tecnologia, conforto, segu- supervisor comercial da Tramontini,
gem, construção civil, infraestrutura rança e principalmente que ofereçam além da X30, novo produto já está a
e manutenção urbana, por exemplo. soluções diferenciadas. Estes pro- caminho, inicialmente para o mercado
A empresa tem forte atuação em dutos acabam, por si só, se tornando europeu. Trata-se da X40, também
países como Alemanha, Bélgica, Ho- criadores da própria demanda.” desenvolvida pela Neomach, "uma
landa, Dinamarca e França, além de A expectativa é que a parceria máquina mais robusta, mais forte
outros pontos do Velho Continente, gere crescimento e novas oportu- e com maior potência", afirmou o
e agora direciona o foco ao mercado nidades para a Neomach e para a executivo. "A produção no momen-
da América do Sul. Tramontini, além de outras empresas to é exclusivamente de máquinas
O pontapé inicial no projeto foi a do mercado de bens e serviços que funcionais, mas existe a possibilidade
parceria com a Tramontini Máqui- se beneficiarão da tecnologia decor- futuramente de se estender a outros
nas. Com quase quatro décadas dedi- rente dessa colaboração. O primeiro produtos."
cadas à fabricação de implementos e equipamento multifuncional apresen- Em um primeiro momento os
máquinas, a companhia de Venâncio tado ao mercado nacional é a Nova produtos serão fabricados na Itália
Aires será a representante exclusiva X30, que, por meio de um joystick, e a representação no Brasil será
da bandeira europeia no Brasil. exclusiva da Tramontini. "Como
"Neomach e Tramontini trarão é um mercado que nós estamos
o conceito de máquina multifun- avaliando e é o nosso primei-
cional compacta aos brasileiros ro ano de lançamento temos a
e também a chance para muitos expectativa de vender de 150 a
operadores de todos os setores 200 unidades da X30." Na visão
de executar tarefas a 360 graus de Botelho, a nova máquina
sem necessitar de um arsenal de pode trocar o trabalho manual e
equipamentos", disse Conrado auxiliar na mecanização dos pro-
de Vita, diretor de Vendas e cessos. "Ela chega para ocupar
Marketing da Neomach. "Uma o mercado dos compactos, locais
máquina para todos os desafios onde o equipamento grande não
do dia a dia de cada cliente." tem acesso", disse. "Queremos
Leonardo Tramontini, MULTIFUNCIONAL Máquina é capaz de atuar apresentá-la ao mercado. É um
diretor da Tramontini, enxerga como carregadeira, empilhadeira e mais funções produto ainda desconhecido."
44 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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NESS IT WILL
frequently occur that
pleasures have to be
repudiated and
annoyances acce-
pholds in th
“
Neomach e Tramontini vão
trazer conceito de máquina
funcional compacta”
CONRADO DE VITA
DIRETOR DE VENDAS E MARKETING
Estamos sempre em busca
de parcerias que tragam“
tecnologia e conforto”
LEONARDO TRAMONTINI
DIRETOR DA TRAMONTINI
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AGRONEGÓCIOS
FABRICANTE JAPONESA
DE PNEUS BUSCA DRIBLAR
DESAFIOS SETORIAIS DE OLHO NO
CRESCIMENTO DO AGRO
POR ANGELO VEROTTI
46 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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D
iversificação de portfólio e tura [florestal]”, disse ção para revendas multi-
expansão de área de atuação Marino. “Oferecemos marcas, em Pernambuco,
têm sido estratégias ado- produtos para tratores e Distrito Federal, Rio de
tadas por empresas não só colheitadeiras, com parti- Janeiro, Paraná e São
“
para diversificar os negócios, cipação significativa nas Paulo. “E para garantir
mas para ampliar a receita. maiores montadoras de a agilidade no abasteci-
E a Bridgestone não quer andar em equipamentos agrícolas, mento da rede oficial de
círculo. Por isso tem apostado na força entregando tecnologia e revendedores, temos o
do agronegócio brasileiro para ganhar inovação e colaborando centro de distribuição
mercado diante da forte concorrência com o crescimento do Ecopia, em Mauá.”
dos produtos importados no seg- setor.”
mento de pneus, principalmente de O portfólio de pneus O Brasil é o BALANÇO Apesar da
passeio e de carga. Uma medida que inclui construções diago- celeiro do aposta no segmento, a
visa garantir as vendas e evitar nova nal e radial, o que amplia Bridgestone mantém a
onda de demissões de colaboradores: as opções oferecidas
mundo. E cautela. No ano passado,
foram 400 no ano passado. “O Brasil aos produtores rurais, isso nós o setor de pneumáticos
é um país agricultor, é o celeiro do conforme suas necessi- Vemos pelo teve impactos negativos
mundo”, afirmou à RURAL Vicente dades específicas. São devido às mudanças cli-
Marino, presidente da Bridgestone mais de 200 produtos. “O volume de máticas e ao aumento da
para a América do Sul. “E isso nós pneu Radial é ideal para produção” entrada de produtos im-
vemos pelo volume de produção, pela tratores e colheitadeiras portados da Ásia, soma-
VICENTE
quantidade de terrenos cultivados e em operações de alta e dos à queda nas vendas
MARINO
pela quantidade de áreas que ainda altíssima potência.” A de equipamentos agrí-
PRESIDENTE DA
não estão sendo utilizadas para a operação da empresa no colas e quebra da safra.
BRIDGESTONE
agricultura.” setor não se restringe às As vendas de pneus para
Segundo o executivo, a fabri- demandas de maquiná- AMÉRICA SUL o setor recuaram 21,5%
cante é reconhecida por fornecer os rio agrícola, mas a toda na comparação a 2022,
melhores pneus e soluções agrícolas uma gama de aplicações com quedas significativas
do mercado brasileiro, por meio da comerciais, como o trans- tanto no mercado para
linha Firestone. “Temos um portfó- porte pesado e a reposição de pneus montadoras quanto para reposição,
lio completo de produtos para para frotas de caminhões. de 28,3% e 15,2%, respectivamente.
os diferentes maquinários Os pneus agrícolas são fabrica- Na comparação com o ano de 2021, a
e cultivos: soja, milho, dos na planta da empresa em Santo queda acumulada é de 31,3%, em que
trigo, algodão, arroz e André, de onde sai todo o portfólio 41,2% se deram nas vendas de pneus
silvicul- comercial, o que inclui caminhões e para montadoras e 20,6% nas vendas
caminhonetes. Já os produtos para reposição.
para veículos de passeio O Brasil representa 70% do
são produzidos no polo faturamento da Bridgestone na
de Camaçari, na América do Sul, região responsável
Bahia – a Bridges- por 5% da receita global que, em 2022,
tone possui ainda chegou a US$ 27 bilhões – no ano
duas unidades passado foram wUS$ 28,5 bilhões,
IMPACTO de banda de mas o porcentual referente à região
País representa rodagem, em não foi divulgada. Mas a concorrên-
70% da receita Campinas e Ma- cia dos importados, que já dividem
da empresa na fra (SC), além a preferência do consumidor com as
América do Sul, de um campo multinacionais que produzem no País,
região que tem de provas em preocupa. Historicamente, o mercado
5% do total São Pedro (SP). pneumático mantinha de 75% a 80%
Os itens são de produção nacional e uns 20% a 25%
comercializados de importados. Mas esse balanço hoje
“do Oiapoque ao está quase em 50% e 50%. Um desafio
Chuí”, além de a gigante proporcional ao de um setor
marca ter cinco gran- que ainda tem muito a se desenvolver
des centros de distribui- no Brasil.
DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024 47
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AGROFINANÇAS
Um seguro para
cuidar
da lavoura
reação é em cadeia: o agronegócio brasileiro tem sido
que estão sujeitas. “Os efeitos do El ápice de ocorrência foi na arrecadou foi menor do que
Niño e La Niña têm sido severos, safra 2021/2022, com even- foi indenizado”, disse Neto.
porque desencadeiam chuvas tos em todos os períodos A perda, naquele período,
em excesso, alterações na do ano. Nesse período, a foi da ordem de 110%. Ou
temperatura, secas e gente pôde demonstrar o seja: dos 100 que se arre-
“
geadas”, disse Joaquim apoio que o seguro garante cadou, foi necessário pagar
Neto, presidente da ao agronegócio brasileiro”, 110. Na safra seguinte,
comissão de seguro afirmou Neto. “Não ima- esse descompasso chegou a
rural da Federa- ginávamos, que na safra 140%, um grande problema
ção Nacional de atual, o El Nino viesse tão para as companhias. Isso
Seguros Gerais forte. Mas houve aumento para um universo R$ 6,2
(FenSeg). de aviso de sinistro, princi- Os efeitos bilhões coletados e R$ 8,8
A indeniza- palmente em Goiás, Mato do El Niño bilhões pagos pelas segu-
ção a partir do seguro Grosso, Mato Grosso do radoras para os agriculto-
agrícola é um atenuante para quem Sul e Paraná.” e La Niña res. O reflexo, inevitável,
vê de perto os efeitos do clima na Por região, o maior nú- têm sido é o aumento do valor do
conta final da colheita. Mas o número mero de registros ocorreu seguro.
de quem segura a lavoura é assus- no Sul, com 27.923 casos.
severos, Uma saída, segundo o
tadoramente preocupante. Somente Com 8.960 cadastros nas com chuvas executivo da FenSeg, seria
15% da área plantada no Brasil é companhias de seguro, o e geadas” uma maior subvenção do
efetivamente segurada. E isso vem Sudeste vem logo atrás governo federal na con-
JOAQUIM NETO
diminuindo nas últimas safras. “É em relação a eventos tratação do seguro. “Isso
PRESIDENTE DA
bem possível que hoje a gente esteja climáticos nas plantações. seria financeiramente mais
COMISSÃO DE
perto de 10%”, afirmou. O Centro-Oeste ficou com viável para o governo do
SEGURO RURAL
Segundo dados do Registro Na- 5.051 registros, provoca- que renegociar dívidas dos
cional de Sinistros (RNS) das, nesta ordem, por seca, DA FENSEG agricultores e ampará-los
Rural, ferramenta chuva excessiva e geada. de outra forma”, disse. Na
desenvolvida Norte e Nordeste tiveram poucos safra passada, dos R$ 8,8 bilhões
pela Confede- casos de sinistros, com 129 e 12 solici- pagos pelas companhias, a União
ração Nacional tações, respectivamente. garantiu aporte de R$ 1 bilhão. “Nos
das Segurado- A tendência, segundo o dirigente últimos anos, esse recurso federal
ras (CNSeg), os da FenSeg, é de um aumento signifi- tem diminuído. E isso é muito preo-
eventos de seca, cativo de casos de sinistros do seguro cupante. Fato é que precisa mudar a
granizo e geada agrícola no Brasil. Mas há a preocu- cultura do agricultor, para que olhe
foram responsáveis pação de que se essa conta não feche. com atenção a questão do seguro.
por 87% dos sinistros “Na safra de 2021/2022, houve prejuí- Não dá para ter uma visão assisten-
de seguro agrícola entre zo para as seguradoras, já que o se cialista.”
abril de 2012 e novembro
de 2023, considerando o regis-
tro de oito seguradoras no País.
No período registrado, a seca
foi a principal ocorrência, 72.293
sinistros, seguida por granizo (com
30.509), geada (19.896), chuva
excessiva (11.012) e tromba d’água
(2.282), entre os principais fatores de
acionamento do seguro.
Ainda que os dados reflitam o pe-
ríodo de quase 11 anos, é fato que nos
últimos anos os impactos na agricul-
tura e, por consequência, o aciona-
mento dos canais de seguro tem sido
maiores nos últimos anos. “De cinco
anos para cá, os impactos têm sido
mais frequentes e mais severos. O
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INÊS 249
ESTILO NO CAMPO
OS BRASILEIROS
entre os melhores
azeites do mundo
Com quase uma centena de prêmios internacionais em
apenas quatro safras, Azeite Sabiá entra pela segunda vez
no top 10 do concurso espanhol Evooleum, enquanto a
gaúcha Prosperato celebra dez anos com uma edição
especial limitada de apenas 100 unidades numeradas
POR CELSO MASSON
S
e ainda falta tradição no em Santo Antônio do Pinhal (SP), na tradicional do setor. Na avaliação dos
cultivo de oliveiras no Brasil, Serra da Mantiqueira, já acumulam especialistas, a brasileira desbancou
o que
POR ANDRÉ sobra é qualidade. Em
SOLLITTO 96 prêmios internacionais. duas das mais tradicionais compa-
apenas uma década, produto- Agora, pelo segundo ano conse- nhias italianas: Marfuga, fundada em
res das regiões Sul e Sudeste cutivo, um dos rótulos da marca foi 1817, e Frantoi Cutrera, de 1906. A
foram capazes de estabelecer uma premiado entre os 10 Melhores Azei- coroação elevou o Brasil ao mais alto
forte reputação no cenário inter- tes do Mundo no Evooleum Awards, patamar de qualidade na produção
nacional, conquistando prêmios de um dos mais respeitados concursos global de azeite extravigem. Um
prestigio e superando até países com da olivicultura, além de ter sido feito que consagra a vocação nacio-
séculos de história na olivicultura. eleito o melhor na categoria blends nal para a excelência no setor, com
O mais recente reconhecimento foi (quando há mais de um cultivar na uma nova geração de produtores
conferido no dia 16 de janeiro à mar- composição). A conquista se soma a dedicados a extrair o melhor que as
ca de origem paulista Azeite Sabiá, outra igualmente importante, anun- oliveiras podem oferecer.
criada pelo casal Bia Pereira e Bob ciada em setembro do ano passado: o A reportagem da DINHEIRO
Costa. Com apenas quatro safras co- titulo de Empresa do Ano no con- RURAL visitou a fazenda onde nas-
mercializadas, os azeites produzidos curso italiano Lodo, o mais antigo e ceu o Azeite Sabiá no início da safra
50 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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ESTILO NO CAMPO
é preciso que decorram no máximo 4 dali. Em 2022, Bia e Bob adquiriram – esse, envazado em garrafas de 250
horas até a seleção e prensagem na uma propriedade bem maior no muni- ml e 500 ml. Todos à venda em lojas
Mori-Tem, máquina italiana de última cípio gaúcho de Encruzilhada do Sul. especializadas e no site da marca.
geração que extrai o azeite com toda Lá, onde o clima é favorável à produ-
a temperatura controlada – e com ção em larga escala, o casal construiu ORIGENS
um moedor que corta as azeitonas ao um dos mais modernos lagares do No mesmo Rio Grande do Sul
invés de esmagá-las. mundo, com equipamentos desenvol- onde o Azeite Sabiá pretende crescer,
São detalhes que fazem a diferen- vidos sob medida pelo papa do setor, a marca Prosperato comemora dez
ça e que contribuem para o excelente Giorgio Mori. Nas duas fazendas são anos lançando um rótulo especial, o
resultado final, tão apreciado por cultivadas as variedades Arbequina Prosperato Origens: Campanha Gaú-
especialistas. Um exemplo é a ita- e Arbosana, de origem espanhola, cha. Criado pelo diretor e mestre de
liana Maria Paola Gabusi, diretora e Koroneiki, da Grécia, e Coratina, lagar da empresa, Rafael Marchetti,
líder do painel sensorial do concurso da Itália. Elas dão origem a azeites ele combina duas variedades: a gre-
Leone d'Oro Internacional, que veio monovarietais (com frutos de apenas gha Koroneiki e a espanhola Picual.
ao Brasil especialmente para conhe- uma variedade) e ao Blend de Terroir A escolha foi feita cuidadosamente a
cer as instala- partir das melhores parcelas de pro-
ções do Sabiá e dução da safra 2023 de seus olivais
descobrir como
um país de fora
do Mediterrâneo Uma edição de nesta região, para criar seu azeite de
mais alta gama, que leva a assinatura
de Marchetti no rótulo. Diferente de
PROSPERATO
atinge níveis seu Blend tradicional, que é feito com
de qualidade a mescla de azeitonas de diferentes
internacional. variedades antes do processo de
para colecionar
Evidentemen- extração, o rótulo comemorativo é
te, o papel do resultado de um processo minucioso:
mestre lagareiro apenas os melhores lotes de azei-
é fundamental tonas de cada variedade são
para a extração selecionados, têm seus azeites
de um bom azeite. extraídos separadamente,
No caso do Sabiá, para então, serem combinados
quem exerce a de forma cuidadosa, em pro-
função é o agrôno- porções únicas. “Esse método,
mo Emanuel De chamado de Assemblage, nos
Costa, diretor de permitiu criar um azeite que
Produção e Trans- equilibra perfeitamente as
formação, sócio da notas amendoadas da Koro-
marca e um dos neiki com o aroma marcante
mestres lagareiros de frutas da Picual, gerando
mais qualificados um sabor até então pouco
do País. explorado no mundo do azeite,
Embora nasci- por conta das distintas origens
do na Mantiqueira, destas duas variedades”, disse
o Sabiá alçou voos Marchetti. Serão produzidas
para bem longe apenas 100
unidades nu-
RAFAEL meradas de
MARCHETTI 500 ml cada,
O mestre de embaladas
lagar que em caixas de
assina o rótulo madeira de
especial e as oliveira
oliveiras onde (R$ 208,42
ele é produzido cada). Um
(acima) item voltado
para colecio-
nadores.
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Sua
Ranger
por
assinatura
CHEGADA DA NOVA GERAÇÃO DA PICAPE ELEVOU AS VENDAS EM 42,4% E FEZ DOBRAR O NÚMERO DE
CLIENTES DO SERVIÇO FORD GO. OBJETIVO DA MARCA É EXPANDIR A PLATAFORMA ESTE ANO
POR CELSO MASSON financiado. Isso porque basta pagar um terço dos contratos. “A assinatura
uma mensalidade fixa. O serviço de é um mercado que vem crescendo e
A
Ford Ranger foi a picape assinaturas Ford Go oferece cinco 2024 será o ano de consolidação do
média que mais cresceu em versões da Ranger: XLS 2.0, XLS 3.0 Ford Go. É a modalidade de aluguel
vendas no Brasil em 2023, V6, XLT 3.0 V6, Limited e Limited que mais cresce no Brasil e temos
com um avanço de 42,4% nas +. As mensalidades partem de R$ potencial para atender muito mais
vendas. E aumentou também 5.641, caso do plano com direito clientes com o nosso portfólio”, disse
a sua participação na plataforma de a rodar 1 mil km e duração de 36 Coelho.
carros por assinatura da marca, Ford meses. De acordo com a necessidade
Go, dobrando o número de contratos do cliente, é possível optar por planos TOPO DE LINHA
no período. Além disso, o serviço de 12, 18, 24 ou 30 meses, com limite Dependendo da versão, a Ran-
tem contribuído para atrair um novo de rodagem de até 3 mil km por ger pode vir com motor turbodiesel
perfil de clientes para a linha, mais mês. Outra vantagem é não ter de se 2.0 ou 3.0 V6. No que diz respeito à
urbano. Segundo o supervisor de Mo- preocupar com nenhuma burocracia, tecnologia embarcada, ela traz o que
bilidade e Novos Negócios da Ford, caso do IPVA, documentação, seguro há de mais avançado. Vem de série
Victor Coelho, tradicionalmente o pú- ou a negociação do usado. O custo de com sete airbags, multimídia SYNC
blico que compra a Ranger é formado manutenção também está incluído no 4 com conexão sem fio para Android
por pessoas ligadas ao agronegócio. pacote. Auto e Apple CarPlay, sistema de
Mas na plataforma Ford Go ocorre o Isso tudo explica a crescente conectividade FordPass Connect
oposto, com mais de 70% de assinan- adesão de mais clientes ao modelo, e painel de instrumentos digital
tes sendo moradores das capitais. lançado pela Ford em meados de configurável de 8” ou 12,4”. A versão
“São administradores de empresa, 2021. Desde então, a montadora vem topo de linha traz piloto automático
executivos, clientes na faixa de 30 a ampliando a oferta de planos e mode- adaptativo com stop & go, monitora-
50 anos que moram na cidade ou na los, que incluem também o Territory mento de ponto cego com cobertura
praia e escolheram a Ranger como (SUV que acaba de ser totalmente de reboque, assistente autônomo
veículo pessoal, usando as vantagens renovado), as picapes Maverick FX4 de frenagem e alerta de tráfego
da assinatura”, afirmou. e Hybrid, o Bronco Sport e a van cruzado em marcha a ré, assistente
Para o cliente, a principal van- Transit. Com uma carteira contra- de manobras evasivas, assistente
tagem da assinatura é poder estar tada de 200 veículos, o objetivo da de permanência e centralização em
sempre de carro novo sem imobilizar montadora para este ano é dobrar faixa, assistente de cruzamentos e
o valor da compra, seja à vista ou volume. A Ranger responde hoje por câmeras 360°.
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AGRONEGÓCIOS
Levitare, S
abor adocicado, viscosidade única
e tonalidade branca devido à au-
sência de caroteno são algumas das
características do leite de búfala.
a líder em
Pouco consumido in natura, ele se
destaca por proporcionar uma experiência
sensorial marcante quando utilizado na
produção de laticínios – especialmente em
queijos. Com menor teor de colesterol e
o dobro de ácido linoleico em relação aos
laticínios
similares feitos com leite de vaca, os lati-
cínios produzidos à base de leite de búfala
são bem mais leves e frescos, como é o
caso da muçarela e da burrata, extrema-
mente apreciados na gastronomia, sobre-
de búfalas
tudo a de inspiração mediterrânea.
No Brasil, onde o rebanho de búfalos
atinge a expressiva marca de 1,8 milhão
de animais, a Levitare se destaca como
líder em São Paulo, respondendo hoje por
25% da produção total. A empresa sur-
Com 40 mil litros de leite giu quase por acaso em Sete Barras,
no Vale do Ribeira, região sul do es-
processados diariamente, tado. É lá que ficam as instalações
empresa criada no Vale do Ribeira da Levitare, onde diariamente
são processados mais de 40
responde por 25% da produção mil litros de leite prove-
paulista – e prevê crescimento nientes de 500 búfalas,
250 delas em fase de
expressivo para 2024 reprodução.
POR CELSO MASSON
54 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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NO CERRADO
Plantações de café da Daterra estão
situadas na cidade mineira de Patrocínio,
região considerada ideal para o cultivo
WENDERSON ARAUJO
SÃO PAULO AINDA RESPONDE POR 60% DAS VENDAS
E HÁ MUITAS REGIÕES QUE NÃO TÊM POR HÁBITO óssea, nervosa e muscular. No caso
dos produtos com a marca Levitare,
CONSUMIR DERIVADOS DO LEITE DE BÚFULA a menor presença de sódio, potássio
e cloro na composição reforça o apelo
Fundador e CEO da Levitare, cidade de Santos, que encomendou 80 para quem busca uma dieta equilibra-
o descendente de libaneses Jorge quilos de muçarela por semana. “Era da e saudável. Assim como o sabor,
Nakid se tornou criador de búfalos toda a nossa produção, então decidi- essas características ajudaram a am-
devido a um programa de incentivo mos aumentá-la, comprando leite dos pliar o hábito de consumo, e a Levita-
lançado décadas atrás pelo governo nossos vizinhos”. Hoje, a Levitare re passou a fornecer não apenas para
paulista. Antes de ser empresário, ele atua em colaboração com cerca de restaurantes e pequenos mercados
queria ser jogador de futebol. Como a 300 fornecedores, que fornecem a como também para grandes redes.
carreira profissional não decolou, de- maior parte dos 40 mil litros de leite Conforme a empresa crescia,
cidiu trabalhar na propriedade rural de búfafa processados diariamente no porém, uma escolha precisou ser feita:
da família. “Nós morávamos na fazen- laticínio. “A partir de 2004, quando dedicar mais atenção ao rebanho ou
da e comprávamos leite de caixinha. obtivemos o selo de inspeção federal às vendas? A primeira decisão de
Um absurdo. Até que um vizinho dei- (SIF), passamos a desenvolver novos Nakid foi abandonar a criação de
xou umas dez vaquinhas no produtos, como requeijão animais, concentrando-se no laticínio
nosso pasto”, disse Nakid. e Minas padrão.” e na distribuição dos produtos. “Há
Com aquele pequeno reba- cinco anos, porém, adquirimos outra
nho, que produzia até 100 MENOS LACTOSE propriedade para trabalhar com a me-
litros de leite por dia, ele O crescimento pro- lhoria genética dos animais”, afirmou.
e os pais passaram a fazer gressivo da Levitare A ideia é aumentar a produtividade,
queijos, primeiro frescal e acompanhou o despertar que no caso da búfala é muito baixa.
depois gouda, que vendiam do mercado consumidor Na visão de Nakid, sua empresa não
“
em feiras na região. “Era para uma dieta mais oferece apenas produtos, mas sim
um negócio artesanal, bem saudável, além de atender uma experiência única que harmoniza
pequeno”, afirmou. a demanda por pessoas sabor excepcional e compromisso com
A mudança para o reba- intolerantes à lactose. a saúde. Em 2023, a Levitare cresceu
nho bufalino ocorreu quan- Comparado com o de 23% comparado a 2022.
do a Secretaria Estadual de vaca, o leite de búfala é Para este ano, a expectativa está
Agricultura de São Paulo Esperamos menos alérgico e oferece acima de 23%, enquanto a previsão de
iniciou um trabalho para crescimento outros benefícios à saúde alta do PIB é de 2%. “Esperamos um
disseminar a criação desses humana devido à presença crescimento bem expressivo, consoli-
animais no Vale do Ribeira.
expressivo, de imunoglobulinas, liso- dando nossa posição de destaque no
“Eles forneciam dez búfalas consolidando zimas e lactoperoxidases mercado de derivados do leite de bú-
e um macho. Depois de nossa posição – elementos fundamen- fala”, disse o CEO da Levitare. Hoje,
sete anos, nós tínhamos de tais para a defesa contra São Paulo responde por cerca de 60%
devolver 14. Fiz a inscrição de destaque no antígenos e bactérias, das vendas da empresa. “Há muitas
no programa e começamos mercado” além de possuírem função regiões do País que ainda não têm
a usar o leite de búfala para digestiva. Com elevados tanta cultura de consumir laticínios de
produzir queijo”, disse JORGE NAKID teores de magnésio, cálcio búfala. Mas quando o pessoal experi-
Nakid. O produto chamou a FUNDADOR E CEO e fósforo, ele também menta, acaba gostando. O potencial de
atenção de uma pizzaria na DA LEVITARE contribui para a saúde crescimento ainda é muito grande.”
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SUSTENTABILIDADE
Empresa vai
desenvolver in loco
fertilizantes
organominerais a
partir do biogás
gerado pela parceira.
Investimento chega a
R$ 30 milhões
financiado via
emissão de Certificado
de Recebíveis do
Agronegócio
POR ANGELO VEROTTI
AGRION INICIA
PROJETO INOVADOR
EM USINA DE CANA
A
Agrion Fertilizantes é uma com projeto inovador em Minas assumidos integralmente pela
empresa dedicada à pesqui- Gerais. A companhia inaugurou a Agrion e financiados com a emissão
sa e ao desenvolvimento de sua primeira fábrica de fertilizantes de Certificados de Recebíveis do
fertilizantes organomine- organominerais, com capacidade Agronegócio (CRAs). O volume irá
rais e biológicos produzidos de produzir até 60 mil toneladas permitirá adubar mais de 100 mil
a partir de resíduos da cana-de- por ano. A iniciativa é resultado hectares de terras. “Somos a única
-açúcar. E, desde novembro, está de investimento de R$ 30 milhões, empresa do mundo que faz isso
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“
Bioenergética da A proposta é
Aroeira, situada no desenvolver
município mineiro dois projetos
de Tupaciguara. A por ano, de
fábrica será instala- preferência
da ao lado da usina com usinas
Aroeira, parceira no fornecimento Somos a que moem
de insumos orgânicos, residuais do anualmente,
processo industrial (torta de filtro, única no mínimo,
vinhaça e energia). Com a matéria- empresa do 1,5 milhão de
-prima, a Agrion adiciona o trio de mundo que toneladas de
fertilizantes NPK e cria mais de cana. "Te-
400 formulações, divididas em cinco faz isso nho resíduos
linhas de produtos. “Temos um dentro de suficientes e
contrato de dez anos com a Aroei- normalmente
ra, renováveis por mais dez. Assim, uma fábrica sobra também
conseguimos acesso aos insumos e de cana-de- para a usina."
a usina tem prioridade no fertili- açúcar” A estimati-
zante, na formulação mais adequa- va, de acordo
ERNANI JUDICE
da”, afirmou o executivo. com o executi-
CEO DA AGRION
Segundo Judice, a usina tem 40 vo, é que cada
mil hectares plantados com cana. fábrica fature
O fertilizante não consumido pela liberação gradual, feito a partir de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões
usina será comercializado com de matéria orgânica proveniente por ano, mas com um ramp-up de
fornecedores da unidade e outros da filtragem do caldo de cana – a três anos para que a operação atin-
produtores dentro de um raio de chamada torta de filtro -, que será ja plena capacidade. Cada operação
200 quilômetros, de onde virá a responsável pela produção de cerca tem em média 35 colaboradores e
maior parte dos recursos para de 30 mil toneladas por ano. Outros fica ativa no ano seguinte ao início
monetizar o projeto. O modelo de tipos de adubos serão produzi- da implantação da fábrica.
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E N S A I O
ARTE E NATUREZA
EM PROL DE AÇÕES
SOCIOAMBIENTAIS
Criado há dez anos por Mario Barila,
Projeto Água Vida já financiou ações de
reflorestamento em Minas Gerais e irá
comercializar imagens da Amazônia para
apoiar as iniciativas de ONGs, entidades
ambientais, comunidades e instituições
P
ara o fotógrafo e ambientalista Mario Barila, a Por meio do seu Projeto Água Vida, criado em 2014,
fotografia é uma poderosa ferramenta em prol Barila vem apoiando ações relevantes com os recur-
das causas socioambientais. É através de sua sos arrecadados por meio da venda das fotografias e
câmera que ele registra fotos impressionantes doações de parceiros. O projeto já financiou ações como
da natureza ameaçada pelo homem, espécies em o reflorestamento das áreas desmatadas Mariana e Bru-
extinção, a realidade das comunidades locais, madinho (MG), a região amazônica do Pará, Fernando
assim como a luta pela preservação da vida e do planeta. de Noronha, Ilha do Mel e Niterói (RJ) e, mais recen-
Economista de formação, Barila começou a se dedi- temente, na Área de Proteção Ambiental do Sauim-de-
car à fotografia na adolescência. Estudou com o renoma- -Coleira, em Manaus (AM).
do fotógrafo Araquém Alcântara, famoso por retratar Os interessados em conhecer mais sobre as atividades
a fauna e flora brasileira. Após se aposentar, resolveu do Projeto Água Vida e contribuir com as ações de Mário
usar a fora das imagens que capta para apoiar causas Barila podem acessar o blog do fotógrafo no https://ma-
ecológicas e sociais. riobarila.com.br/ ou a página no Instagram/@barila.
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BIOMAS
DO BRASIL
SERRAS,
FLORESTAS,
RIOS, PLANTAS
E ANIMAIS
APARECEM EM
DESTAQUE NO
TRABALHO DO
FOTÓGRAFO
QUE FEZ DO
MEIO
AMBIENTE
UMA CAUSA
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OPINIÃO
Agronegócio brasileiro
precisa se adaptar à nova
POR JOÃO ALEIXO*
realidade do mercado
O
mundo viveu mudanças profundas a partir de meados de conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia),
março de 2020 devido à pandemia (Covid-19). Naquele principalmente as de soja e milho. Segundo a Companhia Nacional
momento muitas atividades simplesmente paralisaram por de Abastecimento (Conab), na temporada atual, os produtores
tempo indeterminado, negócios tiveram que mudar sua direção, rurais devem colher em torno de 299,8 milhões de toneladas de
algumas demandas reprimidas, enfim o mundo virou de cabeça grãos, 6% inferior ao volume colhido no período anterior.
para baixo. O campo não parou, afinal mesmo trancados em casa o Com essa nova realidade estamos passando por uma fase de
consumo de alimentos não diminuiu. Deste modo, o agronegócio depressão do mercado, algo que tende a se reacomodar a médio
se adaptou e só avançou. Nas safras seguintes (2020/21 e 2021/22) prazo e este ano será de ajuste. Se analisarmos o mercado no últi-
bateu recordes de produção e produtividade atingindo cifras e mo ano, a queda de preço da soja oscilou entre 20% e 25%, o que é
valorização até então jamais imagináveis. uma consequência dos níveis de estoque global. Apesar da uma
No início de 2022, a invasão da Ucrânia pela Rússia passou a leve diminuição da safra brasileira, o estoque mundial tem supe-
afetar a produção agrícola mundial, e no Brasil não foi diferente. rávit quase 15 milhões de toneladas, valor superior aos dois últi-
Isso porque os brasileiros são os maiores importadores de ferti- mos anos devido ao aumento de área plantada dos EUA e da pro-
lizantes no mundo. Mais de 85% desses insumos usados na agri- dução maior na Argentina, que volta ao nível normal após uma de
cultura brasileira vêm do exterior, de acordo com balanço da suas piores secas em 2023. Este ano estamos falando no preço da
Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). A maior soja a R$ 100, ou seja, até 25% a menos de capital no bolso do pro-
parte, da Rússia, que é o maior exportador mundial de NPK — dutor que gira toda essa engrenagem.
fertilizantes nitrogenados (N), fosfatados (P) e os de potássio Um fato podemos afirmar: vai faltar dinheiro no campo. Em
(K). Para ter uma ideia, em 2021, o Brasil importou 41,6 milhões uma estimativa conservadora, cerca de US$ 4 bilhões, que preci-
de toneladas de adubos ou fertilizantes químicos, um investi- sam ser financiados de alguma maneira. A indústria, que é um
mento de US$ 15,1 bilhões. Desse total, 23,3% vieram da Rússia, importante financiador do agro brasileiro, teve um ano muito
pelos dados do Comex Stat. Isso corresponde a mais de 9 ruim em 2023 e ter a responsabilidade de cobrir a falta de capital
milhões de toneladas do insumo. no campo será um desafio. Somando o aumento de recuperações
Outro ponto importante que afetou o bolso do produtor foi a judiciais de produtores, esse subsídio estará ainda mais direciona-
crise energética na China e o aumento dos fretes marítimos devi- do para grupos financeiramente saudáveis.
do a demandas altas após a pandemia e consequentemente falta
de contêineres e de embarcações para transporte. Com a elevação NOVAS OPORTUNIDADES Posto todo esse cenário, temos
dos custos de produção, a balança comercial brasileira entrou em que analisar também que até mesmo momentos de baixa geram
desequilíbrio e o ano passado marcou essa nova mudança de cená- oportunidade. Acredito que este ano as traders e as cooperativas
rio, que muitos chamaram de volta à realidade. O grande proble- bem estruturadas vão jogar bem e sairão vencedoras. Além de
ma é que muitos players na cadeia tomaram a alta dos preços serem um braço importante de financiamento do agro, elas têm
como realidade devido aos resultados dos dois anos anteriores — uma oportunidade de alianças mais estratégicas com a indústria
e 2023 foi um choque para muitos. de insumos, incrementando assim a margem operacional de uma
A indústria de químicos, por exemplo, passou um ano muito operação de commodities.
duro, provavelmente o período mais difícil da última década. Também penso que é o momento para o produtor e a indústria
Quando passamos a viver um momento em que os preços altos e olharem para o mercado de capitais. Hoje, nesse mercado, apenas
as margens absolutas se tornam interessante, há a tendência de em torno de 3% corresponder a operações estruturadas do agro,
fecharmos os olhos para a realidade, fazendo incrementos em portanto, o potencial é grande. Quem for nessa direção pode
estrutura que nem sempre são sustentáveis. A indústria estava encontrar capital com custo mais interessante, mas principalmen-
surfando em uma rentabilidade decorrente de fatores externos te uma estrutura visando ao longo prazo e não somente a safra.
pontuais e não sistêmicos. Mas há um momento em que a reali- Naturalmente que os números de recuperações judiciais, que
dade chega, e de fato ela veio. devem aumentar em 2024, fazem com que o investidor do merca-
Iniciamos 2024 com expectativa de redução da safra, pois varia- do de capital fique mais longe do agro.
ções climáticas afetaram negativamente as lavouras nas principais
regiões produtoras, como no Centro-Oeste, Sudeste e na área *João Aleixo é CEO Global da DVA Agro
60 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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+
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AGROTECNOLOGIA
LAÇOS
DIGITAIS
Desenvolvida pelo Grupo SWA,
plataforma liga pequenos
produtores ao mercado como
forma de fortalecer a cultura do
campo e empoderar agricultores
POR VICTÓRIA RIBEIRO
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F
ilho de pequenos produtores, Leandro Scala- Dessa forma, o governo consegue ter a compreensão
brin decidiu sair de Medianeras, no interior sobre os lugares que necessitam de soluções como
do Paraná, aos 17 anos para estudar tecnolo- estufas e irrigação”.
gia. Ainda na universidade, fundou o Grupo Se todos os agricultores familiares do Brasil for-
SWA, empresa responsável por desenvolver massem um país, seria o oitavo maior produtor de ali-
soluções tecnológicas para os setores de edu- mentos do mundo. O dado está no Anuário Estatístico
cação e cooperativas de crédito. Passados dez anos da Agricultura Familiar 2023, divulgado pela Confede-
de história, a companhia, que faturou R$ 12 milhões ração Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores
em 2023, agora mira em uma nova ramificação: o e Agricultoras Familiares (Contag), em parceria com o
agronegócio. Inspirado na vivência dos seus pais e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
na percepção sobre a falha na comunicação entre as Socioeconômicos (Dieese). Segundo a pesquisa, as pro-
partes envolvidas no comércio de
alimentos, Scalabrin desenvolveu NÃO É NECESSÁRIO SER GIGANTE PARA ALCANÇAR
a Laços do Agro, plataforma que
liga pequenos produtores a coo- BONS RESULTADOS EM TERMOS DE QUALIDADE
perativas agrícolas e ao mercado.
A solução, disponível desde abril do ano passado, já priedades de agricultura familiar somam 3,9 milhões
alcançou mais de 50 cidades e 700 produtores. Para no país, representando 77% de todos os estabeleci-
2024, a intenção é alcançar os R$3 milhões em fatura- mentos agrícolas. Já em relação à área ocupada, elas
mento. “Buscamos proporcionar uma venda garanti- representam 23% do total, o equivalente a 80,8 milhões
da e empoderar os pequenos produtores, inserindo-os de hectares. Para se ter uma ideia, isso é quase toda
em mercados maiores. Queremos mostrar que não é a área do Mato Grosso. Segundo Scalabrin, o projeto
necessário ser gigante para ter segurança na lavoura foi julgado por envolver uma classe “com baixo po-
e alcançar bons resultados”, afirmou Leandro Scala- der aquisitivo”, mas para ele, os números refletem a
brin, CEO do Grupo SWA à DINHEIRO RUR. relevância do setor e o potencial do negócio. “Envol-
Segundo o executivo, a plataforma funciona da ver esses pequenos produtores com a tecnologia não
seguinte maneira: as empresas compartilham suas contribui só com uma alimentação de qualidade, mas
demandas previamente e os agricultores interessa- também com a economia como um todo, inclusive com a
dos manifestam o interesse em produzir. “A partir diminuição da desigualdade de renda”, disse ele.
disso, nós organizamos a produção do pequeno
produtor, determinando o dia que ele precisa iniciar o DADOS PRECISOS Dentre os principais desafios
cultivo com base no ciclo de cada cultura”, disse Sca- referentes à plataforma, Scalabrin cita a ausência de
labrin. Através desse sistema, ele diz que é possível conectividade e a falta de familiaridade com o mun-
diminuir a perda de produção e equalizar o mercado, do tecnológico. Como estratégia para driblar esses
mitigando o excesso de um produto e a escassez de problemas e garantir um uso claro intuitivo de acordo
outros. Esse tipo de conexão entre a oferta e de- com o possível repertório dos usuários, o layout teve
manda também contribui com outros dois grandes como inspiração o Whatsapp, rede social mais usada no
benefícios: a segurança alimentar e a elaboração de país, com cerca de 147,2 milhões de usuários segundo
políticas públicas. Além dos envolvidos diretos na dados do Statista. Além disso, o aplicativo funciona
plataforma, a Laços do Agro inclui a participação de no modo offline, possibilitando que parte das funções
nutricionistas, que avaliam a diversidade de alimen- sejam operacionalizadas sem a necessidade de cone-
tos que estão sendo direcionados ao mercado, repas- xão com a internet. Através dessa estrutura, o plano,
sando as informações para as empresas compradoras. segundo Scalabrin, é alcançar 200 cooperativas e mais
Quando se trata do poder público, 20 mil produtores ainda em 2024.
o envolvimento acontece por Além disso, ele ressalta o empenho
meio do monitoramento das sazo- em aprimorar os painéis de
nalidades. “É possível identificar indicadores para auxiliar go-
regiões onde produtores perdem vernos no desenvolvimento de
produção por chuva de granizo políticas públicas voltadas para
ou escassez hídrica, por exemplo. a agricultura familiar. “Com da-
dos mais precisos e abrangentes,
ORIGEM E DESTINO poderemos fornecer informações
Leandro Scalabrin com os pais e a relevantes e atualizadas, permi-
tela do aplicativo: meta de ter 20 tindo que os governos tomem
mil clientes ainda em 2024 decisões mais assertivas”.
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C A M P O D I G I TA L
LAURA
AGTECHS
MALÀGE:
engenheira O NOVO PAPEL DO ENGENHEIRO
agrônoma e
especialista na AGRÔNOMO NA ERA DIGITAL
agtech SIMA
No ambiente dinâmico do agronegócio moderno, a função do
engenheiro agrônomo como consultor está em constante evolu-
ção, impulsionada principalmente pelo progresso tecnológico e
pela ampla disponibilidade de informações acessíveis. Em um
contexto onde a inovação tecnológica ocorre rapidamente, é
crucial que os profissionais busquem continuamente aprimorar
suas habilidades técnicas. A
segurança também é fundamen-
tal na interação entre o agrôno-
mo e o produtor.
Ao empregar dados confiáveis e
atualizados da propriedade, o
engenheiro embasa suas deci-
sões em evidências sólidas, o
que fortalece a relação com a
consultoria oferecida. A evolução
tecnológica abre novas perspec-
tivas para aprimorar a consulto-
ria agronômica. Ferramentas modernas, como a da agtech SIMA
(Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola), representam
um exemplo concreto dessa inovação. Ela se baseia em infor-
mações precisas e confiáveis, utilizando recursos avançados de
monitoramento em tempo real e análise de dados georreferen-
ciados. Com isso, oferecem um serviço de alta qualidade,
abrangendo desde o planejamento do plantio até o acompa-
nhamento pós-colheita.
A evolução na era digital demanda uma abordagem mais profis-
sional e voltada para as necessidades do cliente, onde a credi-
bilidade é estabelecida com base em informações sólidas e em
uma comunicação transparente. Ao adotar as inovações tecno-
lógicas e aprimorar as habilidades interpessoais, os consultores
estão capacitados para liderar a transformação do setor agríco-
la em direção a uma maior eficiência e sustentabilidade.
ROBÓTICA
STARTUP PARANAENSE cia artificial e sensoriamento por meio de
câmeras de profundidade e visão compu-
LANÇA ROBÔ PARA tacional. Pode ser chamado e enviado
AGROINDÚSTRIAS para qualquer ponto de uma indústria,
seja por controle manual ou através de
O Robios Cargo, da Human Robotics, é integração de sistema, permitindo o
um robô de transporte de carga com monitoramento em tempo real de seu
capacidade de interação fabricado no trajeto. Globalmente, as projeções indi-
Brasil. Ele conversa e sorri para os huma- cam que o mercado de robótica crescerá
nos, enquanto torna o transporte de car- de US$ 25 bilhões em 2021 para até
gas seguro e rápido, principalmente em US$ 260 bilhões em 2030, segundo a
ambientes fabris. Foi criado em Curitiba empresa de consultoria BCG (Boston
pela Human e é equipado com inteligên- Consulting Group).
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NÚMERO
HIDROPONIA desperdício alimentar ocorre na cadeia
A TECNOLOGIA QUE produtiva. Empenhada em mudar esse
REDUZ O DESPERDÍCIO
O Brasil está entre os dez países que mais
cenário, a Verdureira aposta em tecnolo-
gia em todos os seus processos para
diminuir o desperdício de seus alimentos
até a chegada às prateleiras dos mais de
58
startups
descartam alimentos. Um estudo da 350 supermercados parceiros de São
MindMiners revelou que mais de 90% do Paulo, Campinas e Regiões
Metropolitanas. No último ano, a DE TODAS AS REGIÕES DO
Verdureira implementou a hidroponia BRASIL ESTÃO CONECTADAS
“floating” em suas fazendas, sendo a pri-
POR MEIO DA COCRIAGRO,
meira agroindústria a aplicar a técnica
em grande escala no Brasil. Fundada há HUB DE INOVAÇÃO CRIADO
29 anos em São Roque (SP), a menos EM LONDRINA (PR) QUE ATUA
de 60 km da capital paulista, a produção FORTEMENTE NA INTEGRAÇÃO
da Verdureira chega aos mercados em DE CONHECIMENTO ENTRE
até 24 horas após a colheita. Em 2023, INSTITUTOS DE PESQUISA,
a empresa recebeu aporte de R$ 10,3 COOPERATIVAS E EMPRESAS
milhões da Baraúna Investimentos.
DO AGRONEGÓCIO NACIONAL.
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ARTIGO POR DÉCIO LUIZ GAZZONI, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja
membro do Conselho Científico Agro Sustentável e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica
E
stima-se que o PIB do agronegócio tenha superado em eixos. Um é o incremento da produtividade de forma sustentável
2023 o valor de R$ 2,62 trilhões, ou um quarto do PIB do e com ganhos de rentabilidade, seguindo rigorosamente as reco-
Brasil. Trata-se da soma, em valores monetários, de mendações técnicas e valendo-se de tecnologias que permitem
todos os produtos e serviços gerados pela agricultura brasileira. ganhos de produtividade e que ainda são pouco exploradas, como
Ele é medido pela ótica do Valor Adicionado total do setor na irrigação ou polinização. Outro, a intensificação do uso do solo,
economia e avaliado a preços de mercado, considerando os que pode ser obtido pela sequência de colheitas em um mesmo
impostos indiretos menos os subsídios. Além disso, é dividido em ciclo agrícola (safra, safrinhas) e com sistemas que integrem
quatro segmentos: insumos, primários (agropecuária), agroin- lavouras, pecuária e florestas. Por fim, se for necessário expan-
dústria (de bases agrícola e pecuária) e agrosserviços. dir a área, observar esta sequência: recuperação de áreas degra-
O Brasil dispõe de um apreciável mercado consumidor das; ocupação agrícola de áreas liberadas de pastagens; abertura
doméstico e é um dos grandes protagonistas do mercado inter- de novas áreas.
nacional de produtos agrícolas, exportando para mais de 200 paí- Lembrando sempre da máxima milenar: “À mulher de César
ses. A exportação permite aos alimentos brasileiros chegar às não basta ser honesta, precisa parecer honesta”. Tão importante
mesas de mais de 800 milhões de cidadãos do mundo. quanto utilizar sistemas de produção sustentáveis, importa a
Para elaborar um modelo matemático que permitisse vis- percepção do resto do mundo de que eles são sustentáveis. Cada
lumbrar a evolução do PIB do agronegócio nas próximas déca- árvore derrubada necessita de uma explicação e uma justificati-
das, elencamos alguns requisitos. Em dois deles pouco podemos va, portanto deve sempre ser a última opção, do ponto de vista
interferir: demanda firme; bons preços e câmbio favorável. A da imagem de sustentabilidade perante o mundo.
demanda é função de fatores demográficos e econômicos em
escala global, sujeita ao crescimento da população e incremento 2034/2043 Para prever quando dobraremos o PIB do agro,
da renda per capita. Preço é função direta da relação oferta/ traçamos quatro cenários, considerando a evolução do mercado
demanda e do custo de produção, sendo o câmbio influenciado doméstico e internacional. O primeiro cenário é manutenção do
por uma série de eventos, prioritariamente, porém não exclusi- status quo atual, continuando a proceder como no passado recen-
vamente, de domínio econômico. Porém, em outros dez quesitos, te. Os cenários pessimista, provável e otimista indicam diferentes
o Brasil pode operar para que sejam favoráveis: 1) Oferta sólida; graus de apropriação e transformação de vantagens comparati-
2) Competitividade; vas em competitivas e de eliminação dos gargalos que impedem a
3) Atender exigências dos clientes; 4) Utilizar a tecnologia mais expressão do potencial do agronegócio brasileiro (custo Brasil).
adequada; 5) Produzir de forma sustentável; 6) Agregar valor; Mantendo-se o ritmo de atividade atual, projetamos que será pos-
7) Reduzir o custo Brasil; 8) Diversificar produtos e mercados; sível dobrar o PIB do agronegócio em 2044. No cenário pessimis-
9) Executar uma diplomacia comercial agressiva; e 10) Investir ta, fazendo um pouco de esforço, podemos duplica-lo em 2039.
fortemente em marketing e comunicação. Mas em um cenário provável, em que o Brasil dinamize suas
cadeias produtivas, resolva parte de seus gargalos e potencialize
EXIGÊNCIAS Sem demanda firme e uma tendência clara de parcela ponderável das suas vantagens comparativas, poderá
longo prazo, os sinais que chegam às cadeias produtivas são duplicar pela primeira vez em 2037 e duplicar novamente em
tênues. E o mercado precisa entender o sinal que vem do lado da 2048. Se fizermos o dever de casa, podemos dobrar o PIB em 2034
oferta, demonstrando que pode produzir o adicional requerido de e duplicá-lo novamente em 2043. Tais projeções só serão atingidas
forma competitiva e sustentável. O que mudará nos anos vindou- com geração e adoção de tecnologia no estado da arte. O que pres-
ros é a maior exigência dos consumidores por sustentabilidade, supõe investimentos elevados e continuados nas instituições de
no que tange à segurança e inocuidade dos alimentos. Uma deri- pesquisa, para dispormos sempre de tecnologia de ponta e sus-
vada é a exigência de sustentabilidade ambiental e social, pois tentável, a baixos custos, que garanta competitividade.
pertencem a um mesmo conjunto reivindicatório, em especial Não vislumbramos outro segmento da economia brasileira
baixas emissões de gases de efeito estufa e atendimento de cláu- que possa ser o grande protagonista nas próximas décadas, além
sulas sociais. Essas exigências passarão a compor as certificações do agronegócio. E está em nossas mãos alavancar o desenvolvi-
privadas dos importadores e estarão na agenda de legislações mento nacional, lastreado na impulsão do agronegócio. Eis aí um
nacionais e do comércio global. objetivo nacional permanente.
66 DINHEIRO RURAL/195-FEVEREIRO/MARÇO-2024
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