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ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS

Acompanhamento E Fiscalização De Obras Públicas

A gestão de obras públicas profissional e moderna contempla uma série de processos – entre eles, a
fiscalização. De acordo com a Resolução nº 1010 do CONFEA, ela visa verificar se a execução da
obra ou serviço obedece às especificações e aos prazos estabelecidos. Para esse processo, é funda-
mental o papel do fiscal, responsável por acompanhar o processo no canteiro de obras, corrigir falhas
que possam ocorrer durante a execução e tomar as devidas providências em relação a isso. Além de
exigir conhecimento técnico na área, é dever desse profissional fazer uma fiscalização de obras públi-
cas eficiente – a partir do cronograma da obra e da execução físico e financeira do contrato – e, prin-
cipalmente, manter os registros sempre precisos e atualizados para fins de transparência e acompa-
nhamento.

No cenário brasileiro, ainda vemos alguns profissionais de fiscalização de obras públicas trabalhando
de forma analógica, apoiados em medições “de prancheta” – o que pode prejudicar a exatidão das
informações coletadas. Para tornar o processo mais preciso, rápido e transparente, existem tecnolo-
gias capazes de contribuir muito no processo. Neste artigo falaremos sobre a inserção da tecnologia
na fiscalização de obras públicas:

 As vantagens de trabalhar com uma plataforma especializada em gestão de obras públicas;

 Como deixa mais precisa a gestão financeira da obra;

 Como ela facilita o processo de fiscalização e pagamento;

 As contribuições do armazenamento digital dos documentos relacionadas à obra;

 E como essas tecnologias viabilizam, entre outras vantagens, a medição em tempo real e o uso de
imagens para report das obras.

Eficiência e agilidade são palavras-chave quando se relaciona o uso de tecnologia ao trabalho de fis-
calização de obras públicas. Fica muito mais fácil para o fiscal acompanhar e atualizar in loco e em
tempo real o andamento de uma obra, registrando as informações de forma padronizada e gerando
relatórios para atestar se há ou não a necessidade de ajustar cronograma, liberar novos recursos ou
de aditar serviços, por exemplo.

Como Soluções Digitais Auxiliam A Fiscalização De Obras Públicas

Antes de entrar nas ferramentas propriamente ditas, vale explicar como elas funcionam. É bem co-
mum ver profissionais trabalhando com plataformas genéricas, que ajudam no processo de fiscaliza-
ção – software de planilhas eletrônicas, por exemplo. Uma evolução disso seriam os sistemas especi-
alizados em gestão de obras públicas.

Estas ferramentas possibilitam que os gestores tenham uma visão global do andamento do projeto
em todos os seus aspectos: planejamento estratégico, cronograma, orçamento, fiscalização, presta-
ção de contas e transparência. Por serem focadas nessa atividade, contemplam todas as normas e
pré-requisitos fundamentais para o trabalho de um fiscal e demais profissionais do setor público.

Gestão Orçamentária Fica Mais Fácil

Um processo que ganha com plataformas especializadas é a gestão de dados financeiros. Essas pla-
taformas contribuem, em primeira instância, na composição de índice de preços das obras, com base
nas tabelas de referência, como mostramos no post “Entenda a composição de índice de preços de
obras públicas”. Com ferramentas de gestão de obras, as composições podem ser geradas pelo orça-
mentista e encaminhadas para licitação de forma automática. Nela, os participantes incluem seus pre-
ços e, após definição do vencedor do certame, gera-se a planilha da obra que será usada nas medi-
ções. Dessa forma, garante-se que nenhum serviço seja excluído ou alterado e que os preços unitá-
rios não sejam modificados indevidamente após as medições.

Além disso, o trabalho é realizado em apenas uma planilha, possibilitando a reutilização das informa-
ções cadastradas. Isso permite que os valores licitados sejam os mesmos que constam no orçamento
e garante que os valores unitários que constam na planilha estejam sempre de acordo com o que foi
contratado.

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Fiscalização, pagamento e acompanhamento de cronograma

Uma das contribuições diretas das ferramentas especializadas é o acompanhamento do cronograma


do projeto. Isso ajuda a combater diretamente um dos grandes problemas enfrentados em obras pú-
blicas: o atraso na conclusão dos trabalhos. Quando o fiscal consegue trabalhar com mais eficiência
e agilidade, é possível antecipar-se aos possíveis problemas que possam gerar o não-cumprimento
de prazos.

Apenas para exemplificar, a medição pode indicar que há necessidade de mais materiais ou serviços
para o andamento da obra. Ou seja, em vez de parar o trabalho porque acabou um determinado ma-
terial, o controle via ferramenta especializada ajuda a identificar isso de forma antecipada para que
novos quantitativos sejam providenciados por meio do aditamento de contrato.

Outro ponto positivo na relação da solução digital com a fiscalização de obras públicas está na in-
fluência que exerce na rotina de trabalho do fiscal. Pense em quanto tempo o fiscal leva entre uma
visita a uma obra e outra. Caso não use uma solução tecnológica para fazer in loco os registros da
fiscalização, imagine o quanto ele precisará se dedicar à elaboração dos laudos de cada obra visi-
tada.

Se é possível que todo o trabalho seja feito com o auxílio de uma ferramenta especializada, o ganho
de tempo favorece a rotina e aumenta as chances de que a obra seja realizada conforme o esperado
(gastos, materiais e prazos) e, por consequência, com os recursos públicos sendo bem aplicados.
Mesmo que algo fuja do planejado, é possível antecipar seu impacto e planejar a execução do projeto
fazendo-o andar o mais próximo possível do plano inicial. Ou seja, se houver atraso, a culpa não será
na demora do fiscal em executar seu serviço. Além disso, a agenda fica mais fácil de ser cumprida e
a produtividade tende a crescer consideravelmente. Isso tudo registrado e passível de acompanha-
mento – manter um histórico da fiscalização é essencial para um projeto de obra pública.

Por fim, o processo de fiscalização com ferramentas digitais traz benefícios no aspecto financeiro.
Isso porque o pagamento das empreiteiras e dos fornecedores ocorre em etapas, de acordo com os
avanços da obra. Com uma fiscalização mais precisa, o processo de acerto dos serviços fica mais
justo para todas as partes, seguindo o planejado no projeto inicial, respeitando as regras estabeleci-
das (como os percentuais mínimos de aditivos, por exemplo).

Gestão Da Informação E De Documentos

Um aspecto importantíssimo das ferramentas especializadas em gestão de obras públicas é o arma-


zenamento e compartilhamento dos documentos. Algumas documentações importantes, como notas
fiscais, orçamentos e o próprio projeto da empreitada, precisam estar em um local de fácil acesso. As
plataformas digitais viabilizam isso, facilitando a busca por alguma informação importante quando ne-
cessário.

São muitas as informações e medições realizadas, incluindo o projeto da obra como um todo, além
de especificações, memoriais, minutas, cronograma físico-financeiro, ordens de serviço e ART (Ano-
tações de Responsabilidade Técnica). Por tudo isso, agregar soluções que facilitem o trabalho do fis-
cal e integrem a gestão de obras públicas se tornou tão necessário.

A fiscalização de uma obra é definida na resolução nº 1010 do CONFEA (Conselho Federal de Enge-
nharia e Agronomia) como a atividade que envolve a inspeção e o controle técnicos sistemáticos de
obra ou serviço, com a finalidade de examinar ou verificar se sua execução obedece ao projeto e às
especificações e prazos estabelecidos. Já a lei nº 8.666/94, considera a fiscalização como um serviço
técnico profissional. O especialista responsável em devolver essas atividades é o fiscal de obras, que
deve obrigatoriamente possuir registro legal no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agrono-
mia) do estado onde a obra é executada.

O fiscal de obras e serviços públicos tem grande responsabilidade sobre si, pois a fiscalizaçãore-
veste-se de grande importância social, visto que os recursos públicos devem ser utilizados conforme
os princípios da economicidade, eficiência e eficácia. As principais funções do fiscal de obras são:
exigir da contratada o cumprimento integral de todas as suas obrigações contratuais, segundo o que
prescreveu o edital e a legislação em vigor, e também solicitar aditamentos contratuais de prazos,
acréscimos de quantitativos e novos serviços.

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Conheça Abaixo a Atuação do Fiscal de Obras Durante a Execução de um Projeto

No Início Da Obra

As premissas básicas para o exercício da fiscalização são o pleno conhecimento do contrato e do seu
objeto. Na etapa inicial, as principais responsabilidades do fiscal de obras são: obter cópia da docu-
mentação da obra e manter, no canteiro de serviço, um arquivo completo e atualizado com informa-
ções sobre projetos, especificações, memoriais, contrato, cronograma físico-financeiro, ordem de ser-
viço, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). Além disso, ele recolhe a ART de fiscalização,
certifica-se da existência do diário de obra, assina sua página de rosto e toma conhecimento da de-
signação do responsável técnico da contratada.

O fiscal de obras também tem a responsabilidade de analisar e aprovar o projeto das instalações pro-
visórias e canteiro de serviço

Desenvolvimento da Obra

O canteiro de serviços é o local onde se efetiva realmente a fiscalização de uma obra. As atividades
do fiscal de obras são periódicas até a conclusão do projeto. As visitas técnicas acontecem, principal-
mente, durante a execução dos serviços de maior responsabilidade. Nesta segunda etapa, as princi-
pais atribuições do fiscal de obras são: acompanhar todas as etapas de execução, elaborar medições
do andamento da obra, opinar sobre aditamentos contratuais e comunicar ao seu superior imediato,
por escrito, a ocorrência de circunstâncias que sujeitam a contratada a multa ou a rescisão contratual.

O fiscal de obras também acompanha o cronograma físico-financeiro e informa à contratada e ao seu


superior imediato as diferenças observadas no andamento das obras. Ele ainda elabora registros e
comunicações sobre o andamento dos serviços, esclarecimentos e providências necessárias ao cum-
primento do contrato. Ele também ajuda a solucionar incoerências, falhas e omissões eventualmente
constatadas nos desenhos e demais elementos de projeto e também as dúvidas e questões pertinen-
tes à obras em execução.

O fiscal de obra tem o poder de paralisar ou solicitar a restauração de qualquer serviço que não seja
executado em conformidade com projeto, norma técnica ou qualquer disposição oficial aplicável ao
objeto do contrato. Além disso, solicita a substituição de materiais e equipamentos que sejam consi-
derados defeituosos, inadequados ou inaplicáveis aos serviços e obras, e ainda, solicita a realização
de testes, exames, ensaios e quaisquer provas necessárias ao controle de qualidade dos serviços e
obras do contrato.

Por fim, no desenvolvimento do projeto, o fiscal de obras verifica e aprova a substituição de materiais,
equipamentos e serviços solicitados pela contratada; verifica e aprova os relatórios periódicos de exe-
cução dos serviços e obras; e solicita a substituição de qualquer funcionário da contratada que difi-
culte a ação da fiscalização ou cuja presença no local dos serviços e obras seja considerada prejudi-
cial ao andamento dos trabalhos.

Vale lembrar que toda comunicação entre o representante da contratada e o fiscal de obras serão
sempre por escrito, sem emendas ou rasuras, em duas vias, devendo o recebedor assinar e datar a
segunda via que será arquivada pelo fiscal. A inobservância e o desatendimento das determinações
do Fiscal quanto a perfeita execução da obra e, por conseguinte, do contrato, constituem motivos
para rescisão do contrato (Lei 8.666/93, art. 78, incisos VII e VIII), incluídos também o atraso injustifi-
cado e o abandono da obra.

Conclusão da Fiscalização

Ao final do projeto o fiscal de obras verifica se o conjunto de serviços está em perfeitas condições. Se
essa exigência for preenchida, a obra é recebida provisoriamente pela fiscalização, que lavrará o
Termo de Recebimento Provisório.

Na conclusão do projeto, o fiscal de obras ainda verifica e aprova os desenhos de como construído
(as built), elaborados pela contratada. O fiscal de obras também ajuda no arquivamento da documen-
tação da obra.

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Após decorridos até 90 dias do Termo de Recebimento Provisório, se os serviços de correção das
anormalidades, eventualmente verificadas, forem executados e aceitos pelo fiscal de obras, é lavrado
o Termo de Recebimento Definitivo.

Durante esse intervalo a contratada é responsável por manter as obras e serviços em perfeitas condi-
ções de funcionamento até ser lavrado o Termo de Recebimento Definitivo. Depois da emissão desse
documento, a contratada se torna responsável pela correção e segurança nos trabalhos de acordo
com a legislação vigente.

Os contratos administrativos celebrados pela Administração Pública para a realização de obras e ser-
viços de engenharia constituem um ponto bastante sensível. É frequente deparar com escândalos vei-
culados pela mídia a respeito dos processos de licitação e dos termos contratuais de obras públicas
superfaturadas e inacabadas, além das constantes irregularidades apontadas pelos órgãos de controle.

A Administração Pública requer em suas contratações que os processos sejam realizados com trans-
parência e isonomia, gerenciando o empreendimento de forma segura, com atendimento aos prazos e
custos previstos. Dentro dessa ótica, as contratações de obras e serviços de engenharia realizados
pelo poder público devem assegurar que tais condições sejam atendidas, com a finalidade de garantir
a supremacia do interesse público.

Para tanto, o ordenamento jurídico confere à Administração Pública “supraprincípios”, considerando


seu Regime Jurídico, prerrogativas indispensáveis à satisfação do interesse público. Essas prerrogati-
vas são poderes e atributos que possui no intuito de garantir o interesse público sobre o privado.

Porém, juntamente com as prerrogativas, a Administração Pública possui limites, o que impõe ao Poder
Público e a seus administradores deveres, de forma a coibir o abuso de poder e regendo as relações
com a impessoalidade necessária e atuação proba garantindo, assim, a indisponibilidade do interesse
público.

A Lei 8429/92 dispõe a relação das sanções e contém a descrição das condutas dos agentes públicos
que enriquecem, que causam danos ao patrimônio público e que violam os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade para com o Estado.

São princípios explícitos na Constituição Federal: a legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-


dade e eficiência.

O Poder Público, dessa forma, deve cumprir com fiel obediência a estes e outros princípios implícitos
que não estão elencados no rol do art. 37 da Constituição, a saber: o princípio da boa administração,
isonomia, do interesse público, da proporcionalidade, da finalidade, da motivação, entre tantos outros.
Deve o agente agir com zelo e honestidade no trato com o erário e a coisa pública.

Conforme lei de licitações e contratos é necessário nomear uma fiscalização, que é uma atividade
técnica exercida para verificar as conformidades das atividades com as exigências, normas e especifi-
cações aplicáveis. Um contrato mal gerido leva a prejuízos de imensuráveis dimensões não só para o
ente público, como para toda a coletividade.

Neste sentido, o exercício da função de fiscalização e gestão de obras e serviços de engenharia se


torna fundamental, exteriorizando uma das formas de exercício do poder de polícia, externando tam-
bém um dever do administrador público: nortear e instruir o contratado de forma a cumprir fielmente as
tarefas e prazos conforme estabelecido, resguardando o interesse público e garantindo a supremacia
do interesse público.

1.1 O Poder De Polícia E Outros Poderes Da Administração Pública

Os poderes que possui a Administração Pública são necessários para atingir o fim público e garantir a
supremacia do interesse público.

Dessa forma, para o adequado cumprimento das suas competências esses poderes são prerrogativas
ligadas a obrigações, se instrumentalizando para garantir o interesse público em poderes-deveres.

Os poderes podem ser classificados em poder vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar, regu-
lamentar e de polícia.

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O poder vinculado e o poder discricionário incide sobre um objeto determinado, exercendo a atuação
estatal com menor ou maior liberdade quanto ao mérito; poder hierárquico de acordo com a necessi-
dade de organização da Administração de modo a permitir a atuação regular e isonômica das entidades
públicas, delegando e avocando atividades; poder disciplinar aplicando sanções às pessoas que estão
submetidas à supremacia especial, ou seja, disciplinando as relações jurídicas entre o Estado e agen-
tes públicos, ou entre particulares que pactuam contratos administrativos, entre outros; poder regula-
mentar que edita atos gerais para complementar as leis e possibilitar a sua efetiva aplicação e o poder
de polícia, quando necessário se faz a contenção de direitos individuais em prol da coletividade.

Helly Lopes conceitua o poder de polícia como a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coleti-
vidade ou do próprio Estado. Explica o autor que poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que
dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual.

A definição do poder de polícia está estampada no art. 78 do Código Tributário Nacional:

“Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando


direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

Mazza acrescenta com a noção estrita de poder de polícia: “envolve atividades administrativas de fis-
calização e condicionamento da esfera privada de interesse, em favor da coletividade”.

O autor sintetiza, ainda, o poder de polícia nas atividades de limitar, fiscalizar e sancionar:

“É possível sintetizar o poder de polícia reduzindo-o em três atividades fundamentais: limitar, fiscalizar
e sancionar. Desse modo, sempre que a Administração Pública limita, fiscaliza ou sanciona particula-
res, em favor dos interesses da coletividade, estaremos diante de manifestação do poder de polícia”.

2 Contrato Administrativo

Regido pela Lei Federal n° 8.666/93, contrato administrativo é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, um acordo entre as partes pelo qual se adquire,
resguarda, transfere, modifica ou extingue direitos e obrigações. O art. 2º, parágrafo único, da Lei n°
8.666/93 define:

“Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo
e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.”

Formal, oneroso, comutativo e intuitu personae, são as características desse tipo de contrato. Formal:
deve ser escrito e nos termos previstos em lei; Oneroso: há respectiva remuneração relativa à contra-
prestação do objeto do contrato; Comutativo: estabelece proporcionalidade entre os direitos e deveres
dos contratantes; Intuitu personae: consiste na exigência da execução do objeto ser pelo próprio con-
tratado.

O contrato é um instrumento que, ao mesmo tempo, formaliza o poder e o dever do fiscal e gestor
público. Ao travar contratos administrativos a Administração, na gerência do interesse público, se utiliza
de algumas prerrogativas que lhe são próprias, pertencentes ao direito administrativo, distinguindo-os
dos contratos privados. São privilégios, vantagens contratuais exclusivas, não existindo nas relações
privadas entre particulares. Deve-se ressaltar que a busca em satisfazer o interesse público não deve
sacrificar os princípios superiores de justiça e equidade a que todo o Estado deve obedecer.

Tais prerrogativas são chamadas de cláusulas exorbitantes e decorrem da lei e de princípios, que re-
gem a atividade administrativa. São cláusulas que exorbitam ao direito privado, ou seja, que vão além
do que geralmente dispõem os contratos regidos pelo direito privado.

Sobre o assunto, Celso Antonio Bandeira de Mello aduz:

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“Em decorrência dos poderes que lhe assistem, a Administração fica autorizada –respeitado o objeto
do contrato– a determinar modificações nas prestações devidas pelo contratante em função das ne-
cessidades públicas, a acompanhar e fiscalizar continuamente a execução dele, a impor sanções esti-
puladas quando faltas do obrigado as ensejarem e a rescindir o contrato sponte propria se o interesse
público demandar.”

Frisa Marçal Justen Filho que as prerrogativas extraordinárias “são um instrumento para propiciar a
realização da função imposta ao Estado de realizar os direitos fundamentais dos cidadãos, sem supe-
rioridade intrínseca do Estado sobre o particular ou sobre a sociedade civil”. Discorre ainda sobre o
abuso: “...interesses que são indisponíveis, não autorizam o Estado à faculdades prepotentes, autori-
tárias.”

Destacam-se algumas cláusulas exorbitantes: a possibilidade de alteração e rescisão unilateral do con-


trato, no equilíbrio econômico-financeiro, na revisão de preços e tarifas, na impossibilidade de exceção
de contrato não cumprido, no controle do contrato e a aplicação de penalidades contratuais pela Admi-
nistração.

2.1 Contrato De Obras E Serviços De Engenharia

Como regra, obras e serviços de engenharia abarcam uma prestação de fazer. Para o bom desempe-
nho contratual de uma obra/serviço de engenharia, a administração pública depende de várias etapas
internas e externas da licitação, bem como contratuais e posteriores à contratação.

Vale ressaltar o conceito de Contrato de obra pública como o ajuste por meio do qual a Administração
seleciona uma empresa privada com a finalidade de realizar a construção, reforma ou ampliação de
imóvel destinado ao público ou ao serviço público, segundo Mazza.

Preliminar à licitação deve-se observar: o planejamento, estudo de viabilidade, projeto básico e execu-
tivo, orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos unitários,
necessidade de licença ambiental, previsão de recursos orçamentários, elaboração de edital, entre ou-
tros. Conforme Marçal: “Não poderá ser desencadeado um empreendimento sem serem cumpridas
todas as exigências prévias. Sequer poderá iniciar-se a licitação sem o cumprimento de tais requisitos,
que se inserem na fase interna da atividade administrativa”.

Conforme Súmula nº 261/2010 do TCU, acrescenta sobre a importância do projeto básico:

“Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração de projeto básico ade-
quado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os elementos descritos no art. 6º,
inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo prática ilegal a revisão de projeto básico
ou a elaboração de projeto executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de
natureza e propósito diversos”.

Aduz Marçal sobre projeto básico e projeto executivo:

“O projeto básico devera conter informações fundamentais que demonstram a viabilidade do empreen-
dimento examinado. O Projeto executivo determinará minuciosamente as condições de sua execução,
inclusive no tocante aos custos, o que permite avaliar a compatibilidade da contratação com o interesse
coletivo, com os recursos estatais disponíveis e com outras exigências relacionadas com o bem-co-
mum”.

Na licitação a Administração deve atentar para a publicação do edital nos prazos corretos, designação
de uma comissão de licitação competente, recebimento e julgamento das propostas válidas e todo o
correto e adequado procedimento licitatório.

Na fase contratual, fins evitar dificuldades hermenêuticas, é necessário um instrumento contratual claro,
coeso, uma fiscalização capacitada e competente para acompanhar obras e serviços até o seu recebi-
mento. Deve a Administração cingir de cuidados e precauções para atingir sucesso no empreendi-
mento.

Inicia-se com a assinatura do contrato, a expedição da Ordem de Serviço autorizando o início das
atividades e finaliza com o recebimento provisório e definitivo da obra/serviço pela fiscalização. Além

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do acompanhamento pós contratuais, verificando a necessidade de utilização ou devolução da garantia


e a adequada manutenção dos serviços.

Mazza diferencia obra de serviço:

“obras públicas podem ser remuneradas pela cobrança de contribuição de melhoria junto aos contribu-
intes, ao passo que a prestação de serviço público enseja a arrecadação de taxa. Na obra, existe um
predomínio do resultado final sobre a atividade, enquanto no serviço prepondera a atividade sobre o
resultado final. Assim, por exemplo, para a construção de uma ponte, é realizada a tarefa de construir,
mas o resultado final, isto é, a ponte construída, predomina sobre o processo de construção”.

Marçal acrescenta uma peculiaridade sobre esse tipo de contrato:

“Nesses casos, é comum a execução do contrato se prolongar no tempo. A natureza do contrato conduz
à especialidade do objeto, cuja execução se fará ao longo do prazo contratual. Isso produz o risco,
inclusive, de os custos se multiplicarem no curso do tempo, ultrapassando as previsões iniciais”.

2.2 Cláusulas Exorbitantes

Considerando o contrato como um instrumento de poder-dever do fiscal e gestor público, esses poderes
contratuais especiais, prerrogativas inerentes à atividade estatal, se materializam nas cláusulas exor-
bitantes.

Conceitua Mazza: “São prerrogativas decorrentes da supremacia do interesse público sobre o privado
e, por isso, são aplicáveis ainda que não escritas no instrumento contratual”.

Segundo Maria Sylvia Zanella de Pietro:

“São cláusulas exorbitantes aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em contrato cele-
brado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração) em relação
à outra; elas colocam a Administração em posição de supremacia sobre o contratado”.

De acordo com Helly Lopes Meirelles:

“Cláusulas exorbitantes são, pois, as que excedem do Direito Comum para consignar uma vantagem
ou uma restrição à Administração ou ao contratado. As cláusulas exorbitantes não seriam lícitas num
contrato privado, porque desigualariam as partes na execução do avençado; mas são absolutamente
válidas no contrato administrativo, uma vez que decorrem da lei ou dos princípios que regem a atividade
administrativa e visam a estabelecer prerrogativas em favor de uma das partes, para o perfeito atendi-
mento do interesse público, que se sobrepõe sempre aos interesses particulares. É, portanto a pre-
sença dessas cláusulas exorbitantes no contrato administrativo que lhe imprime o que os franceses
denominam la marque du Droit Public pois, como observa Laubadère: “C’est en effet la présence de
Telles clauses dans um contrat que est le critère par excellence son caractère administratif.”

A Lei 8666/93 especifica algumas dessas cláusulas, as principais estão dispostas no art. 58, e deter-
minam a possibilidade de alteração e rescisão unilateral do contrato, o equilíbrio econômico financeiro,
exigência de garantia a revisão dos preços e tarifas, a inoponibilidade da exceção do contrato não
cumprido e aplicação das penalidades contratuais pela Administração

Para a efetiva concretização dessas cláusulas, a Administração pública designa fiscal ou comissão de
fiscalização, bem como um gestor para cercar-se de que será atendida a supremacia do interesse
público sobre o privado, sendo esta uma cláusula exorbitante relevante prevista na Lei n. 8.666/93.

Assim, à gestão e à fiscalização compete controlar toda a execução contratual, o perfeito andamento
do contrato, ou seja, exercer o poder de polícia. Assim, ao Poder Público é permitido supervisionar,
intervir e acompanhar a execução do contrato para garantir o seu fiel cumprimento por parte do contra-
tado.

Ressalta-se que desse controle, possibilitando a gestão e fiscalização, cumpre à Administração verificar
se o contratado está agindo para o alcance da conclusão do objeto contratado.

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De modo geral, o poder-dever de efetuar o controle do contrato tem a função de garantir a exatidão das
atividades, orientando de maneira conveniente e impondo as modificações que o interesse público exi-
gir. A administração pública tem o dever de agir nos momentos oportunos e não se omitir, evitando
negligências quanto às irregularidades do contratado.

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