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A gestão de obras públicas profissional e moderna contempla uma série de processos – entre eles, a
fiscalização. De acordo com a Resolução nº 1010 do CONFEA, ela visa verificar se a execução da
obra ou serviço obedece às especificações e aos prazos estabelecidos. Para esse processo, é funda-
mental o papel do fiscal, responsável por acompanhar o processo no canteiro de obras, corrigir falhas
que possam ocorrer durante a execução e tomar as devidas providências em relação a isso. Além de
exigir conhecimento técnico na área, é dever desse profissional fazer uma fiscalização de obras públi-
cas eficiente – a partir do cronograma da obra e da execução físico e financeira do contrato – e, prin-
cipalmente, manter os registros sempre precisos e atualizados para fins de transparência e acompa-
nhamento.
No cenário brasileiro, ainda vemos alguns profissionais de fiscalização de obras públicas trabalhando
de forma analógica, apoiados em medições “de prancheta” – o que pode prejudicar a exatidão das
informações coletadas. Para tornar o processo mais preciso, rápido e transparente, existem tecnolo-
gias capazes de contribuir muito no processo. Neste artigo falaremos sobre a inserção da tecnologia
na fiscalização de obras públicas:
E como essas tecnologias viabilizam, entre outras vantagens, a medição em tempo real e o uso de
imagens para report das obras.
Eficiência e agilidade são palavras-chave quando se relaciona o uso de tecnologia ao trabalho de fis-
calização de obras públicas. Fica muito mais fácil para o fiscal acompanhar e atualizar in loco e em
tempo real o andamento de uma obra, registrando as informações de forma padronizada e gerando
relatórios para atestar se há ou não a necessidade de ajustar cronograma, liberar novos recursos ou
de aditar serviços, por exemplo.
Antes de entrar nas ferramentas propriamente ditas, vale explicar como elas funcionam. É bem co-
mum ver profissionais trabalhando com plataformas genéricas, que ajudam no processo de fiscaliza-
ção – software de planilhas eletrônicas, por exemplo. Uma evolução disso seriam os sistemas especi-
alizados em gestão de obras públicas.
Estas ferramentas possibilitam que os gestores tenham uma visão global do andamento do projeto
em todos os seus aspectos: planejamento estratégico, cronograma, orçamento, fiscalização, presta-
ção de contas e transparência. Por serem focadas nessa atividade, contemplam todas as normas e
pré-requisitos fundamentais para o trabalho de um fiscal e demais profissionais do setor público.
Um processo que ganha com plataformas especializadas é a gestão de dados financeiros. Essas pla-
taformas contribuem, em primeira instância, na composição de índice de preços das obras, com base
nas tabelas de referência, como mostramos no post “Entenda a composição de índice de preços de
obras públicas”. Com ferramentas de gestão de obras, as composições podem ser geradas pelo orça-
mentista e encaminhadas para licitação de forma automática. Nela, os participantes incluem seus pre-
ços e, após definição do vencedor do certame, gera-se a planilha da obra que será usada nas medi-
ções. Dessa forma, garante-se que nenhum serviço seja excluído ou alterado e que os preços unitá-
rios não sejam modificados indevidamente após as medições.
Além disso, o trabalho é realizado em apenas uma planilha, possibilitando a reutilização das informa-
ções cadastradas. Isso permite que os valores licitados sejam os mesmos que constam no orçamento
e garante que os valores unitários que constam na planilha estejam sempre de acordo com o que foi
contratado.
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Apenas para exemplificar, a medição pode indicar que há necessidade de mais materiais ou serviços
para o andamento da obra. Ou seja, em vez de parar o trabalho porque acabou um determinado ma-
terial, o controle via ferramenta especializada ajuda a identificar isso de forma antecipada para que
novos quantitativos sejam providenciados por meio do aditamento de contrato.
Outro ponto positivo na relação da solução digital com a fiscalização de obras públicas está na in-
fluência que exerce na rotina de trabalho do fiscal. Pense em quanto tempo o fiscal leva entre uma
visita a uma obra e outra. Caso não use uma solução tecnológica para fazer in loco os registros da
fiscalização, imagine o quanto ele precisará se dedicar à elaboração dos laudos de cada obra visi-
tada.
Se é possível que todo o trabalho seja feito com o auxílio de uma ferramenta especializada, o ganho
de tempo favorece a rotina e aumenta as chances de que a obra seja realizada conforme o esperado
(gastos, materiais e prazos) e, por consequência, com os recursos públicos sendo bem aplicados.
Mesmo que algo fuja do planejado, é possível antecipar seu impacto e planejar a execução do projeto
fazendo-o andar o mais próximo possível do plano inicial. Ou seja, se houver atraso, a culpa não será
na demora do fiscal em executar seu serviço. Além disso, a agenda fica mais fácil de ser cumprida e
a produtividade tende a crescer consideravelmente. Isso tudo registrado e passível de acompanha-
mento – manter um histórico da fiscalização é essencial para um projeto de obra pública.
Por fim, o processo de fiscalização com ferramentas digitais traz benefícios no aspecto financeiro.
Isso porque o pagamento das empreiteiras e dos fornecedores ocorre em etapas, de acordo com os
avanços da obra. Com uma fiscalização mais precisa, o processo de acerto dos serviços fica mais
justo para todas as partes, seguindo o planejado no projeto inicial, respeitando as regras estabeleci-
das (como os percentuais mínimos de aditivos, por exemplo).
São muitas as informações e medições realizadas, incluindo o projeto da obra como um todo, além
de especificações, memoriais, minutas, cronograma físico-financeiro, ordens de serviço e ART (Ano-
tações de Responsabilidade Técnica). Por tudo isso, agregar soluções que facilitem o trabalho do fis-
cal e integrem a gestão de obras públicas se tornou tão necessário.
A fiscalização de uma obra é definida na resolução nº 1010 do CONFEA (Conselho Federal de Enge-
nharia e Agronomia) como a atividade que envolve a inspeção e o controle técnicos sistemáticos de
obra ou serviço, com a finalidade de examinar ou verificar se sua execução obedece ao projeto e às
especificações e prazos estabelecidos. Já a lei nº 8.666/94, considera a fiscalização como um serviço
técnico profissional. O especialista responsável em devolver essas atividades é o fiscal de obras, que
deve obrigatoriamente possuir registro legal no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agrono-
mia) do estado onde a obra é executada.
O fiscal de obras e serviços públicos tem grande responsabilidade sobre si, pois a fiscalizaçãore-
veste-se de grande importância social, visto que os recursos públicos devem ser utilizados conforme
os princípios da economicidade, eficiência e eficácia. As principais funções do fiscal de obras são:
exigir da contratada o cumprimento integral de todas as suas obrigações contratuais, segundo o que
prescreveu o edital e a legislação em vigor, e também solicitar aditamentos contratuais de prazos,
acréscimos de quantitativos e novos serviços.
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No Início Da Obra
As premissas básicas para o exercício da fiscalização são o pleno conhecimento do contrato e do seu
objeto. Na etapa inicial, as principais responsabilidades do fiscal de obras são: obter cópia da docu-
mentação da obra e manter, no canteiro de serviço, um arquivo completo e atualizado com informa-
ções sobre projetos, especificações, memoriais, contrato, cronograma físico-financeiro, ordem de ser-
viço, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). Além disso, ele recolhe a ART de fiscalização,
certifica-se da existência do diário de obra, assina sua página de rosto e toma conhecimento da de-
signação do responsável técnico da contratada.
O fiscal de obras também tem a responsabilidade de analisar e aprovar o projeto das instalações pro-
visórias e canteiro de serviço
Desenvolvimento da Obra
O canteiro de serviços é o local onde se efetiva realmente a fiscalização de uma obra. As atividades
do fiscal de obras são periódicas até a conclusão do projeto. As visitas técnicas acontecem, principal-
mente, durante a execução dos serviços de maior responsabilidade. Nesta segunda etapa, as princi-
pais atribuições do fiscal de obras são: acompanhar todas as etapas de execução, elaborar medições
do andamento da obra, opinar sobre aditamentos contratuais e comunicar ao seu superior imediato,
por escrito, a ocorrência de circunstâncias que sujeitam a contratada a multa ou a rescisão contratual.
O fiscal de obra tem o poder de paralisar ou solicitar a restauração de qualquer serviço que não seja
executado em conformidade com projeto, norma técnica ou qualquer disposição oficial aplicável ao
objeto do contrato. Além disso, solicita a substituição de materiais e equipamentos que sejam consi-
derados defeituosos, inadequados ou inaplicáveis aos serviços e obras, e ainda, solicita a realização
de testes, exames, ensaios e quaisquer provas necessárias ao controle de qualidade dos serviços e
obras do contrato.
Por fim, no desenvolvimento do projeto, o fiscal de obras verifica e aprova a substituição de materiais,
equipamentos e serviços solicitados pela contratada; verifica e aprova os relatórios periódicos de exe-
cução dos serviços e obras; e solicita a substituição de qualquer funcionário da contratada que difi-
culte a ação da fiscalização ou cuja presença no local dos serviços e obras seja considerada prejudi-
cial ao andamento dos trabalhos.
Vale lembrar que toda comunicação entre o representante da contratada e o fiscal de obras serão
sempre por escrito, sem emendas ou rasuras, em duas vias, devendo o recebedor assinar e datar a
segunda via que será arquivada pelo fiscal. A inobservância e o desatendimento das determinações
do Fiscal quanto a perfeita execução da obra e, por conseguinte, do contrato, constituem motivos
para rescisão do contrato (Lei 8.666/93, art. 78, incisos VII e VIII), incluídos também o atraso injustifi-
cado e o abandono da obra.
Conclusão da Fiscalização
Ao final do projeto o fiscal de obras verifica se o conjunto de serviços está em perfeitas condições. Se
essa exigência for preenchida, a obra é recebida provisoriamente pela fiscalização, que lavrará o
Termo de Recebimento Provisório.
Na conclusão do projeto, o fiscal de obras ainda verifica e aprova os desenhos de como construído
(as built), elaborados pela contratada. O fiscal de obras também ajuda no arquivamento da documen-
tação da obra.
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Após decorridos até 90 dias do Termo de Recebimento Provisório, se os serviços de correção das
anormalidades, eventualmente verificadas, forem executados e aceitos pelo fiscal de obras, é lavrado
o Termo de Recebimento Definitivo.
Durante esse intervalo a contratada é responsável por manter as obras e serviços em perfeitas condi-
ções de funcionamento até ser lavrado o Termo de Recebimento Definitivo. Depois da emissão desse
documento, a contratada se torna responsável pela correção e segurança nos trabalhos de acordo
com a legislação vigente.
Os contratos administrativos celebrados pela Administração Pública para a realização de obras e ser-
viços de engenharia constituem um ponto bastante sensível. É frequente deparar com escândalos vei-
culados pela mídia a respeito dos processos de licitação e dos termos contratuais de obras públicas
superfaturadas e inacabadas, além das constantes irregularidades apontadas pelos órgãos de controle.
A Administração Pública requer em suas contratações que os processos sejam realizados com trans-
parência e isonomia, gerenciando o empreendimento de forma segura, com atendimento aos prazos e
custos previstos. Dentro dessa ótica, as contratações de obras e serviços de engenharia realizados
pelo poder público devem assegurar que tais condições sejam atendidas, com a finalidade de garantir
a supremacia do interesse público.
Porém, juntamente com as prerrogativas, a Administração Pública possui limites, o que impõe ao Poder
Público e a seus administradores deveres, de forma a coibir o abuso de poder e regendo as relações
com a impessoalidade necessária e atuação proba garantindo, assim, a indisponibilidade do interesse
público.
A Lei 8429/92 dispõe a relação das sanções e contém a descrição das condutas dos agentes públicos
que enriquecem, que causam danos ao patrimônio público e que violam os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade para com o Estado.
O Poder Público, dessa forma, deve cumprir com fiel obediência a estes e outros princípios implícitos
que não estão elencados no rol do art. 37 da Constituição, a saber: o princípio da boa administração,
isonomia, do interesse público, da proporcionalidade, da finalidade, da motivação, entre tantos outros.
Deve o agente agir com zelo e honestidade no trato com o erário e a coisa pública.
Conforme lei de licitações e contratos é necessário nomear uma fiscalização, que é uma atividade
técnica exercida para verificar as conformidades das atividades com as exigências, normas e especifi-
cações aplicáveis. Um contrato mal gerido leva a prejuízos de imensuráveis dimensões não só para o
ente público, como para toda a coletividade.
Os poderes que possui a Administração Pública são necessários para atingir o fim público e garantir a
supremacia do interesse público.
Dessa forma, para o adequado cumprimento das suas competências esses poderes são prerrogativas
ligadas a obrigações, se instrumentalizando para garantir o interesse público em poderes-deveres.
Os poderes podem ser classificados em poder vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar, regu-
lamentar e de polícia.
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O poder vinculado e o poder discricionário incide sobre um objeto determinado, exercendo a atuação
estatal com menor ou maior liberdade quanto ao mérito; poder hierárquico de acordo com a necessi-
dade de organização da Administração de modo a permitir a atuação regular e isonômica das entidades
públicas, delegando e avocando atividades; poder disciplinar aplicando sanções às pessoas que estão
submetidas à supremacia especial, ou seja, disciplinando as relações jurídicas entre o Estado e agen-
tes públicos, ou entre particulares que pactuam contratos administrativos, entre outros; poder regula-
mentar que edita atos gerais para complementar as leis e possibilitar a sua efetiva aplicação e o poder
de polícia, quando necessário se faz a contenção de direitos individuais em prol da coletividade.
Helly Lopes conceitua o poder de polícia como a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coleti-
vidade ou do próprio Estado. Explica o autor que poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que
dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual.
Mazza acrescenta com a noção estrita de poder de polícia: “envolve atividades administrativas de fis-
calização e condicionamento da esfera privada de interesse, em favor da coletividade”.
O autor sintetiza, ainda, o poder de polícia nas atividades de limitar, fiscalizar e sancionar:
“É possível sintetizar o poder de polícia reduzindo-o em três atividades fundamentais: limitar, fiscalizar
e sancionar. Desse modo, sempre que a Administração Pública limita, fiscaliza ou sanciona particula-
res, em favor dos interesses da coletividade, estaremos diante de manifestação do poder de polícia”.
2 Contrato Administrativo
Regido pela Lei Federal n° 8.666/93, contrato administrativo é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, um acordo entre as partes pelo qual se adquire,
resguarda, transfere, modifica ou extingue direitos e obrigações. O art. 2º, parágrafo único, da Lei n°
8.666/93 define:
“Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo
e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.”
Formal, oneroso, comutativo e intuitu personae, são as características desse tipo de contrato. Formal:
deve ser escrito e nos termos previstos em lei; Oneroso: há respectiva remuneração relativa à contra-
prestação do objeto do contrato; Comutativo: estabelece proporcionalidade entre os direitos e deveres
dos contratantes; Intuitu personae: consiste na exigência da execução do objeto ser pelo próprio con-
tratado.
O contrato é um instrumento que, ao mesmo tempo, formaliza o poder e o dever do fiscal e gestor
público. Ao travar contratos administrativos a Administração, na gerência do interesse público, se utiliza
de algumas prerrogativas que lhe são próprias, pertencentes ao direito administrativo, distinguindo-os
dos contratos privados. São privilégios, vantagens contratuais exclusivas, não existindo nas relações
privadas entre particulares. Deve-se ressaltar que a busca em satisfazer o interesse público não deve
sacrificar os princípios superiores de justiça e equidade a que todo o Estado deve obedecer.
Tais prerrogativas são chamadas de cláusulas exorbitantes e decorrem da lei e de princípios, que re-
gem a atividade administrativa. São cláusulas que exorbitam ao direito privado, ou seja, que vão além
do que geralmente dispõem os contratos regidos pelo direito privado.
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“Em decorrência dos poderes que lhe assistem, a Administração fica autorizada –respeitado o objeto
do contrato– a determinar modificações nas prestações devidas pelo contratante em função das ne-
cessidades públicas, a acompanhar e fiscalizar continuamente a execução dele, a impor sanções esti-
puladas quando faltas do obrigado as ensejarem e a rescindir o contrato sponte propria se o interesse
público demandar.”
Frisa Marçal Justen Filho que as prerrogativas extraordinárias “são um instrumento para propiciar a
realização da função imposta ao Estado de realizar os direitos fundamentais dos cidadãos, sem supe-
rioridade intrínseca do Estado sobre o particular ou sobre a sociedade civil”. Discorre ainda sobre o
abuso: “...interesses que são indisponíveis, não autorizam o Estado à faculdades prepotentes, autori-
tárias.”
Como regra, obras e serviços de engenharia abarcam uma prestação de fazer. Para o bom desempe-
nho contratual de uma obra/serviço de engenharia, a administração pública depende de várias etapas
internas e externas da licitação, bem como contratuais e posteriores à contratação.
Vale ressaltar o conceito de Contrato de obra pública como o ajuste por meio do qual a Administração
seleciona uma empresa privada com a finalidade de realizar a construção, reforma ou ampliação de
imóvel destinado ao público ou ao serviço público, segundo Mazza.
Preliminar à licitação deve-se observar: o planejamento, estudo de viabilidade, projeto básico e execu-
tivo, orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos unitários,
necessidade de licença ambiental, previsão de recursos orçamentários, elaboração de edital, entre ou-
tros. Conforme Marçal: “Não poderá ser desencadeado um empreendimento sem serem cumpridas
todas as exigências prévias. Sequer poderá iniciar-se a licitação sem o cumprimento de tais requisitos,
que se inserem na fase interna da atividade administrativa”.
“Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração de projeto básico ade-
quado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos os elementos descritos no art. 6º,
inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo prática ilegal a revisão de projeto básico
ou a elaboração de projeto executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de
natureza e propósito diversos”.
“O projeto básico devera conter informações fundamentais que demonstram a viabilidade do empreen-
dimento examinado. O Projeto executivo determinará minuciosamente as condições de sua execução,
inclusive no tocante aos custos, o que permite avaliar a compatibilidade da contratação com o interesse
coletivo, com os recursos estatais disponíveis e com outras exigências relacionadas com o bem-co-
mum”.
Na licitação a Administração deve atentar para a publicação do edital nos prazos corretos, designação
de uma comissão de licitação competente, recebimento e julgamento das propostas válidas e todo o
correto e adequado procedimento licitatório.
Na fase contratual, fins evitar dificuldades hermenêuticas, é necessário um instrumento contratual claro,
coeso, uma fiscalização capacitada e competente para acompanhar obras e serviços até o seu recebi-
mento. Deve a Administração cingir de cuidados e precauções para atingir sucesso no empreendi-
mento.
Inicia-se com a assinatura do contrato, a expedição da Ordem de Serviço autorizando o início das
atividades e finaliza com o recebimento provisório e definitivo da obra/serviço pela fiscalização. Além
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“obras públicas podem ser remuneradas pela cobrança de contribuição de melhoria junto aos contribu-
intes, ao passo que a prestação de serviço público enseja a arrecadação de taxa. Na obra, existe um
predomínio do resultado final sobre a atividade, enquanto no serviço prepondera a atividade sobre o
resultado final. Assim, por exemplo, para a construção de uma ponte, é realizada a tarefa de construir,
mas o resultado final, isto é, a ponte construída, predomina sobre o processo de construção”.
“Nesses casos, é comum a execução do contrato se prolongar no tempo. A natureza do contrato conduz
à especialidade do objeto, cuja execução se fará ao longo do prazo contratual. Isso produz o risco,
inclusive, de os custos se multiplicarem no curso do tempo, ultrapassando as previsões iniciais”.
Considerando o contrato como um instrumento de poder-dever do fiscal e gestor público, esses poderes
contratuais especiais, prerrogativas inerentes à atividade estatal, se materializam nas cláusulas exor-
bitantes.
Conceitua Mazza: “São prerrogativas decorrentes da supremacia do interesse público sobre o privado
e, por isso, são aplicáveis ainda que não escritas no instrumento contratual”.
“São cláusulas exorbitantes aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em contrato cele-
brado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração) em relação
à outra; elas colocam a Administração em posição de supremacia sobre o contratado”.
“Cláusulas exorbitantes são, pois, as que excedem do Direito Comum para consignar uma vantagem
ou uma restrição à Administração ou ao contratado. As cláusulas exorbitantes não seriam lícitas num
contrato privado, porque desigualariam as partes na execução do avençado; mas são absolutamente
válidas no contrato administrativo, uma vez que decorrem da lei ou dos princípios que regem a atividade
administrativa e visam a estabelecer prerrogativas em favor de uma das partes, para o perfeito atendi-
mento do interesse público, que se sobrepõe sempre aos interesses particulares. É, portanto a pre-
sença dessas cláusulas exorbitantes no contrato administrativo que lhe imprime o que os franceses
denominam la marque du Droit Public pois, como observa Laubadère: “C’est en effet la présence de
Telles clauses dans um contrat que est le critère par excellence son caractère administratif.”
A Lei 8666/93 especifica algumas dessas cláusulas, as principais estão dispostas no art. 58, e deter-
minam a possibilidade de alteração e rescisão unilateral do contrato, o equilíbrio econômico financeiro,
exigência de garantia a revisão dos preços e tarifas, a inoponibilidade da exceção do contrato não
cumprido e aplicação das penalidades contratuais pela Administração
Para a efetiva concretização dessas cláusulas, a Administração pública designa fiscal ou comissão de
fiscalização, bem como um gestor para cercar-se de que será atendida a supremacia do interesse
público sobre o privado, sendo esta uma cláusula exorbitante relevante prevista na Lei n. 8.666/93.
Assim, à gestão e à fiscalização compete controlar toda a execução contratual, o perfeito andamento
do contrato, ou seja, exercer o poder de polícia. Assim, ao Poder Público é permitido supervisionar,
intervir e acompanhar a execução do contrato para garantir o seu fiel cumprimento por parte do contra-
tado.
Ressalta-se que desse controle, possibilitando a gestão e fiscalização, cumpre à Administração verificar
se o contratado está agindo para o alcance da conclusão do objeto contratado.
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De modo geral, o poder-dever de efetuar o controle do contrato tem a função de garantir a exatidão das
atividades, orientando de maneira conveniente e impondo as modificações que o interesse público exi-
gir. A administração pública tem o dever de agir nos momentos oportunos e não se omitir, evitando
negligências quanto às irregularidades do contratado.
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