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NOÇÕES DE ACESSIBILIDADE

Noções de Acessibilidade

Usabilidade, Padrões web e Experiência do Usuário (UX)

O que é Experiência do Usuário?

Experiência do Usuário (UX, de User Experience) é um tema bastante subjetivo. É difícil de maneira
objetiva e direta dizer como desenhar uma experiência do usuário, mas é possível aprendermos
como desenhar um produto, serviço ou ambiente que proporcione uma experiência satisfatória para
alguém que os use, identificando todos os aspectos da interação do usuário com esse produto (ou
serviço ou ambiente).

Experiência do Usuário Como uma pessoa se sente ao usar um produto. Ou mais formalmente, de
acordo com a definição dada pela ISO 9241-210, são as respostas e percepções de uma pessoa re-
sultantes do uso de um produto, sistema ou serviço.

Como disciplina, é uma palavra guarda-chuva que tem relação com os princípios de Design Centrado
no Usuário (UCD), Design de Interação (IxD) e Usabilidade, todos vistos ao longo dos capítulos. É
multidisciplinar, incorporando aspectos da psicologia, antropologia, ciência da computação, design
gráfico, design industrial e ciência cognitiva.

Apesar da Experiência do Usuário estar presente tanto em produtos físicos como virtuais, serviços ou
ambientes, será abordado um tipo específico de produto: as aplicações web.

ISO 9241-210

Em 2011, foi criada a ISO 9241-210. A série 9241 aborda ergonomia e a interação homem-máquina e
a nova parte 210 o design centrado em pessoas em sistemas interativos, que define a experiência do
usuário como as respostas e percepções de uma pessoa resultantes do uso de um produto, sistema
ou serviço.

Ela possui seis princípios chaves:

O projeto é baseado no entendimento explícito de usuários, tarefas e ambientes.

Os usuários estão envolvidos em todo projeto e desenvolvimento.

O projeto é conduzido e refinado por avaliações centradas no usuário.

O processo é iterativo.

O projeto aborda toda a experiência do usuário.

A equipe de design inclui competências multidisciplinares e perspectivas.

A Evolução da Experiência do Usuário

O termo "Experiência do Usuário" foi cunhado pela primeira vez por Don Norman em meados de
1990. Segundo o próprio Norman comentou em uma entrevista:

"Eu inventei o termo porque achava que interface do usuário e usabilidade eram muito

restritos, eu queria cobrir todos os aspectos da experiência de uma pessoa com o

sistema, incluindo design industrial, gráficos, a interface, a interação física

e o manual. Desde então o termo tem se espalhado amplamente..."

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Mas mesmo antes de serem batizados, os conceitos da Experiência do Usuário já vinham sendo usa-
dos através do tempo.

Figura 1.1: Evolução da exeperiência do usuário

Utilidade

Uso do computador para facilitar operações de rotina.

Usabilidade

Facilidade e eficiência no uso.

Rentabilidade

Análise de aspectos de UX (visitantes, funil de vendas, comportamento do usuário) para aumentar a


lucratividade.

Estrategibilidade

Design da Experiência do Usuário influenciando a estratégia do negócio.

Para saber mais: O Caso ClearRX

ClearRX é um sistema de embalagem para quem usa medicamentos com receita, que torna mais fácil
as pessoas saberem como tomar seus remédios. Ele é um exemplo de como UX pode influenciar
toda uma estratégia de negócio.

A motivação que levou a estudante de design Deborah Adler a fazer esse sistema como sua tese de
mestrado foi sua avó ter tomado o remédio de seu avô por engano.

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Figura 1.2: ClearRX

Suas características:

contém a prescrição e posologia no frasco para que não haja enganos;

o nome do medicamento está escrito não só na face lateral como no topo;

na outra das faces há importantes informações pessoais e relativas ao medicamento;

tem faces planas para que a informação seja lida com mais facilidade;

se, mesmo assim, ainda for difícil perceber o que está escrito, o frasco vem com um "cartão-lupa"
para ler o texto;

existem anéis de diferentes cores para que, no caso de existir mais que um frasco em casa, se possa
diferenciar que frasco pertence a quem;

o frasco para líquidos está adaptado à entrada de seringas orais para uma medição mais fácil.

Elementos da Experiência do Usuário

O processo de design de experiência do usuário procura garantir que nenhum aspecto de experiência
do usuário com o produto aconteça sem a sua intenção consciente, explícita.

Uma maneira de atacar esta complexidade é quebrar o trabalho de elaboração da experiência do


usuário em elementos que a compõem, facilitando o entendimento da tarefa como um todo.

A experiência do usuário acaba sendo resultado de um conjunto de decisões tomadas na criação de


um produto, sistema ou serviço: como vai se aparecer, como vai se comportar, o que pode ser feito, e
por aí vai. Dividir essas decisões em camadas ajuda a compreender como essas decisões são feitas.

Planos da Experiência do Usuário

Jesse James Garret, em seu livro Elements of User Experience propõe cinco planos que facilitam a
compreensão das decisões feitas em cada um deles. Cada decisão de um plano superior depende do
inferior. Esses planos são: estratégico, escopo, estrutura, esqueleto e superfície. O primeiro mais abs-
trato até chegar ao último, mais concreto.

Problema de comunicação

O problema ainda era o de nomenclatura, porque parte da comunidade em Experiência do Usuário


tratava os problemas como de Design de Aplicação com soluções tradicionais (transação, segurança,
escalabilidade, etc). A outra parte via a web como meio de distribuição e captura de informação, apli-
cando soluções do meio de publicações, mídia e ciência da informação (marqueteiros).

Solução: dois contextos

Para resolver essa dualidade Garret dividiu cada plano em dois contextos: a web como funcionali-
dade (interface de software) e a web como meio de informação (sistema de hipertexto). Para cada
contexto, um elemento se destaca.

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Figura 1.3: Diagrama de UX

A responsabilidade é de todos

Esse diagrama apresenta os elementos organizados em planos, do mais abstrato ao mais concreto, e
nos faz perceber como todas as áreas de uma empresa têm grande responsabilidade no processo de
desenvolvimento da experiência do usuário, já que o que vai ser desenvolvido pelos planos mais con-
cretos é baseado e influenciado pelo que foi definido nos mais abstratos.

Time de Experiência do Usuário multidisciplinar

Por esse motivo, algumas empresas que criaram um time de Experiência do Usuário o fizeram de ma-
neira multidisciplinar, envolvendo diversos tipos de competências, indo de psicólogos a engenheiros
de softwares, passando por analistas de especificação e designers.

Vejamos cada um dos planos a seguir.

Estratégia

Pergunta: por que estamos fazendo este produto?

A estratégia alinha as necessidades dos usuários com os objetivos do negócio. Necessidade dos usu-
ários são os objetivos para sua aplicação que vem de fora da organização.

Deve-se entender o que sua audiência quer e como isso casa com outros objetivos do negócio que
existem. Um web site falha não por questões tecnológicas ou de experiência do Usuário, mas por não
responder a duas perguntas:

O que queremos do produto?

O que os usuários querem dele?

O segredo aqui é tornar tudo explícito. Para entender o que o usuário deseja, pesquisas são necessá-
rias.

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Escopo

Pergunta: o que faremos?

Marca o início da divisão entre a Web como interface de software e a Web como sistema de hiper-
texto. Pelo contexto de interfaces de software, a estratégia do plano anterior é traduzida em escopo
através dos requisitos funcionais. Pelo de sistema de hipertexto, o escopo toma a forma de requisitos
de conteúdo (descrição dos vários elementos de conteúdo que serão necessários).

Estrutura

Pergunta: como funcionalidades e dados se encaixam?

Define como os requisitos e funcionalidades da aplicação se encaixam. O Escopo ganha estrutura, no


contexto de interfaces de software, através do Design de Interação, onde é definido como o sistema
se comporta em resposta às ações do usuário. Do lado de sistema de hipertexto, a estrutura é for-
mada pela Arquitetura da Informação, que organiza os elementos de conteúdo.

Esqueleto

Pergunta: como apresentar os elementos da interface na tela?

É a forma mais concreta da Estrutura. Ele define o lugar de cada elemento de interface em uma tela,
otimizando a disposição desses elementos para maximizar a eficiência no seu uso.

No contexto de interface de software, o Design de Interface organiza os elementos da interface para


permitir que o usuário interaja com as funcionalidades do sistema. Define o mundo dos botões, cam-
pos e outros componentes da interface. Ele fornece aos usuários a habilidade de fazer coisas.

No contexto de sistema de hipertexto, o Design da Navegação determina o conjunto de elementos de


tela que permite que o usuário se mova através da arquitetura da informação.

Em ambos os contextos, o Design de Informação é responsável pela apresentação a informação para


uma comunicação efetiva.

Superfície

Nela você vê uma séria de páginas ou telas feitas de imagens e textos. É o Esqueleto já aplicado
o look and feel do produto final.

Padrões Web

Atualmente ouve-se falar muito em padrões web e acessibilidade entre os desenvolvedores de sites.
Entretanto, o entendimento que cada um trás desses conceitos é diverso e muitas vezes indefinido.

Os Padrões web sempre estão associados ao código da página web e às recomendações do W3C
especificadas para ele. Para podermos desenvolver um site genuinamente de boa qualidade e prepa-
rado para receber o extra de acessibilidade, os padrões desenvolvidos em seu código devem abran-
ger os seguintes itens:

Código html/xhtml e CSS válidos;

Separação em camadas: conteúdo, apresentação e comportamento.

Código (X)HTML semântico.

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Para demonstrar a importância desses itens dos padrões web para a acessibilidade de sites, temos
de especificar para quem seja acessibilidade web, conceito culturalmente só associado ao acesso de
pessoas com deficiência visual. "Para quem serve a acessibilidade?" é uma pergunta que nos leva a
várias questões e que nos ajudará a entender a relação entre web standards e acessibilidade. Pode-
mos dividi-la em:

Acessibilidade web para pessoas cegas;

Acessibilidade web para pessoas com deficiência; e

Acessibilidade web universal, uma web para todos.

A - Acessibilidade web para pessoas cegas:

Com certeza o foco principal do desenvolvimento de sites acessíveis é o acesso de pessoas com de-
ficiência ao conteúdo de informação e serviços prestados em um site. Entretanto, criamos no Brasil
uma cultura de que acessibilidade web seria somente para pessoas com deficiência visual e, mais
ainda, especificamente para pessoas cegas.

Dessa forma, para alguns desenvolvedores, testar acessibilidade de um site significava quase que
exclusivamente pedir a uma pessoa cega que navegasse com seu software de fala pela página e
desse o seu ok nela. Este é, sem dúvida, um dos itens, entre inúmeros outros, da metodologia pro-
posta pelo W3C/WCAG para testarmos a acessibilidade de uma página. No entanto, este item, isola-
damente, acaba por incorrer em inúmeros erros: nem todo o leitor de tela tem a mesma qualidade e
funciona da mesma forma, fazendo com que o teste de uma pessoa cega não especializada possa
ser somente válido para o leitor de tela ou tecnologia assistiva que essa pessoa utiliza. uma pessoa
cega e usuária de leitores de tela não consegue, apenas com uma navegação momentânea, perceber
alguma falta de informação sem comparar o que seu leitor de tela informou e o conteúdo presente na
tela. Essa pessoa precisa ir ao código confirmar as informações ou ter uma pessoa que enxergue
para comparar sua navegação com a da pessoa cega.

A cultura de se fazer acessibilidade web para pessoas cegas, acabou por ser legalizada através do
decreto 5296 e pela má interpretação das pessoas responsáveis pelos portais que se enquadravam
nele. O significado de deficiência visual não era pensado como abrangendo as pessoas de baixa vi-
são, restringindo essa deficiência à cegueira. É importante destacar que a cegueira, segundo o censo
2000 do IBGE, está presente em torno de 300 mil pessoas da população, enquanto que o decreto, ao
referir-se à deficiência visual, definida no início do decreto como sendo a cegueira e mais a baixa vi-
são, destinava a acessibilidade a mais de 16 milhões de pessoas: Decreto Nº 5296 - "Art. 47. No
prazo de até doze meses a contar da data de publicação deste Decreto, será obrigatória a acessibili-
dade nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial de computadores (in-
ternet), para o uso das pessoas portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o pleno acesso às
informações disponíveis."

No mesmo decreto, artigo 5º: 1.3 deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou me-
nor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade vi-
sual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória
da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultâ-
nea de quaisquer das condições anteriores;

Além disso, o WCAG não define que seja uma pessoa com deficiência visual, muito menos cega, a
realizar o teste. Como sabemos, inúmeras outras deficiências precisam de acessibilidade na web.

Devemos atentar para o fato de que pessoas de baixa visão precisam de acessibilidade e que esta se
dá especialmente através do contraste de cores entre o plano de fundo e as fontes de um texto ,
na manipulação do tamanho dessas fontes e no contraste específico para daltônicos.

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B - Acessibilidade para Pessoas com Deficiência.

Ao conhecermos as Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdos Web em suas duas versões, 1.0 e 2.0,
percebemos a ênfase que os itens de acessibilidade desses documentos dão aos acessos não padro-
nizados de pessoas que, em sua maioria, possuem deficiência, como a deficiência visual, auditiva,
cognitiva e motora. Nota-se, de pronto, que as recomendações não se restringiram à deficiência vi-
sual e nem mesmo a alguma tecnologia assistiva específica, apesar de citá-las ao longo desses do-
cumentos.

Assim, por exemplo, ao destacarem os equivalentes textuais, o fizeram não só como itens textuais
alternativos para imagens (deficiência visual), como também para sons (deficiência auditiva). Esses
itens combinados podem mesmo auxiliar, e muito, o acesso de pessoas surdocegas, usuárias de dis-
play-braille.

Para as pessoas com deficiência intelectual que, ao perceberem uma informação visual e auditiva si-
multânea, conseguem elaborar informações com mais segurança, ainda disponibiliza itens como o da
"linguagem clara e simples" que, além de auxiliarem essas pessoas especificamente, colaboram in-
distintamente com todas as pessoas por deixar o conteúdo mais inteligível. Alguns itens de acessibili-
dade como os saltos ajudam o acesso de pessoas com deficiência motora com pouca destreza ma-
nual que, apesar de enxergarem, utilizam a navegação via teclado.

Não podemos deixar de mencionar, por sua importância e competência, a Errata ao WCAG 1.0, reali-
zada por Joe Clark, uma das maiores autoridades em acessibilidade web do mundo, a conhecida
WCAG Samurai.

Atualmente, a existência de três WCAG, a dos W3C (versões 1.0 e 2.0) e a WCAG Samurai, criaram
uma certa insegurança nos desenvolvedores de sites acessíveis, pois a WCAG 2.0 ainda não está
muito bem aceita e a WCAG Samurai, apesar de possuir ótimas soluções de acessibilidade web e ter
como base a W CAG 1.0, bastante aceita e da qual é uma errata, não são recomendações do W3C e,
portanto, não tem o reconhecimento internacional que o W3C possui. Essa "crise por excesso" de di-
retrizes tem criado uma outra mais perigosa, que é a da mistura individual de soluções de acessibili-
dade web dos três WCAG, que cada desenvolvedor de conteúdos acaba criando.

A Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU, assinada pelo Brasil e ratificada
como emenda constitucional brasileira através do decreto legislativo Nº 186, auto-aplicável desde ju-
nho de 2008, amplia a acessibilidade, restrita às pessoas com deficiência visual e aos portais do go-
verno pelo decreto 5296/04, à todas as deficiências e às empresas privadas. Se desejar conhecer,
procure os artigos 9, 21 e 30, que tratam do assunto.

Entretanto, apesar desse auxílio às boas práticas, ao acesso e bom uso da web que os documentos
WCAG fazem inserindo diversas deficiências, ao incluírem os padrões web aos padrões de acessibili-
dade web, passaram a criar universalidade ao acesso, ou seja, sugerindo e orientando a acessibili-
dade para pessoas com e sem deficiência, a uma web para todos.

C. Acessibilidade Universal - Uma Web para Todos.

Ao juntarmos os itens de acessibilidade web aos itens dos padrões web já conhecidos, ampliamos o
desenvolvimento de acessibilidade web e do conceito de desenho universal aplicado à internet.

Para entendermos como podemos utilizar o conceito de desenho universal na acessibilidade de sites,
vamos voltar aos itens dos padrões web mencionados antes:

códigos corretos e validados.

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A primeira coisa que criadores web buscam quando falam em Web Standards é que o código
do site deve ser válido. Para a maioria das pessoas isto significa apenas validar o código
HTML/XHTML, mas existem ferramentas que validam também as CSS.

Basicamente, ter um código (X)HTML válido significa que o código da página Web está escrito de
acordo com o padrão, sem erros de sintax. Como é o código da página que vai determinar como sua
página será renderizada, em que tempo e maneira isso irá acontecer nos diferentes navegadores e
com que qualidade, estando seu código válido, você não precisa se preocupar com os diferentes er-
ros de interpretação dos diferentes navegadores e tecnologias assistivas, e assegurar uma maneira
uniforme de utilização por todos eles.

Com relação ao código das CSS, apesar de haver diferenças de renderização entre navegadores e
suas versões e sermos obrigados a testar para tentar conciliar as diferenças entre eles, estamos co-
meçando a passar por uma tendência à uma renderização bem aproximada após o fracasso do nave-
gador Internet Explorer 6.0, que acabou por perder muito mercado para o concorrente Firefox, da Mo-
zilla.

Códigos válidos significam também rapidez de interpretação desses códigos para todos os agentes
do usuário, sejam navegadores ou tecnologias assistivas. Assim, conexões lentas, discadas ou cone-
xões divididas por inúmeros usuários em rede, tecnologias assistivas, como ampliadores de tela, que
navegam associados muitas vezes a leitores de tela e possuem um peso que acabam por aumentar o
tempo de navegação, começam, através de códigos corretos, a possuírem um tempo de down-
load das páginas web mais adequados.

Separação em camadas: conteúdo, apresentação e comportamento.

O conteúdo de uma página e sua estrutura são determinados pelos textos, tabelas, formulários etc.
São criados através de marcações de html/xhtml, linguagens padrões para esse fim. Apresentação é
tudo que é visual, como posicionamento do conteúdo, coloração, tamanhos... é o CSS a linguagem,
também conhecida por folhas de estilos quando reunida em arquivo. O Comportamento é criado por
scripts. Nem o conteúdo determinado pelo (X)HTML e nem a apresentação determinada pelas folhas
de estilo são dinâmicos. Scripts acrescentam movimento e comportamentos às páginas.

Quando construímos uma página com códigos válidos e com essas camadas independentes, esta-
mos atendendo a diversos itens de acessibilidade em uma página web, além de estarmos cumprindo
com mais um dos três itens dos padrões web.

Assim, testamos se o conteúdo, sem apresentação alguma de cor, posicionamento e sem scripts está
funcionando bem. Depois, em um arquivo à parte, colocamos o código das folhas de estilo de todas
as páginas do site. Ou seja, as cores dos textos dos links, das cores de plano de fundo, posiciona-
mento de tabelas, colunas, de seções de todas as páginas do site no mesmo arquivo. Deve-se evitar
o estilo inline. Ainda, de forma independente, criamos comportamentos extras e algumas funcionali-
dades através dos scripts, que devem ser não obstrutivos.

Cada uma dessas camadas se acrescentam entre si, tendo como base o conteúdo. Assim, se preci-
sarmos desativar a camada de apresentação deixando o conteúdo limpo, e ainda, se quisermos de-
sativar comportamento e deixar a página com seus scripts desativados, isso não gerará perda de
conteúdo e a página poderá ser navegada sem restrições.

Os leitores de tela para pessoas com deficiência visual lêem quase que exclusivamente o conteúdo,
deixando de lado a apresentação da página. Se o conteúdo está validado não existe erro em sua lei-
tura e nem na execução de tarefas. Se, além disso, o código está desenvolvido apenas para cada
tipo de camada com sua respectiva marcação, que não está misturando conteúdo com cores e posici-
onamento de elementos e, portanto, a camada de conteúdo com a de apresentação, então o código

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de conteúdo estará proporcionando uma leitura facilitada aos leitores de tela, que não precisarão se-
lecionar o que ler, pois o código a ser lido está "enxuto". Ou seja, os leitores de tela não terão de sele-
cionar conteúdo entre conteúdo, apresentação e comportamento do código. É bom lembrar que,
mesmo desativando os scripts e a apresentação através do navegador que, misturadas, essas cama-
das não serão retiradas do código. Assim, um código limpo, com cada camada separada e acessível,
é o ideal não só para web standards, como especialmente para a acessibilidade web.

Quando desenvolvemos um site em camadas e carregamos uma de suas páginas pelo navegador, as
camadas de apresentação e de comportamento ficam guardadas na memória e arquivos temporários,
de forma que somente o conteúdo dessa página é renovado a cada entrada nas outras diversas pági-
nas do site. Isso significa uma velocidade tremendamente maior para a montagem e renderização
dessas páginas.

Velocidade de acesso é acessibilidade web, independentemente de para qual usuário. Conexões dis-
cadas ou banda larga compartilhada em rede se beneficiam com muita clareza das vantagens da ra-
pidez do carregamento da página. Além dos códigos corretos, a separação em camadas é um
enorme auxílio dos itens dos padrões web para a acessibilidade de sites.

Códigos semanticamente corretos:

Um código semântico significa que as marcações utilizadas foram usadas para os fins a que cada
elemento do código se destina. Dessa forma, se existe um código próprio para criarmos cabeçalhos e
títulos (h1/h6), ele deve ser utilizado para a criação de cabeçalhos e títulos. Se existe um código para
a criação de tabelas de dados (table), somente esse tipo de tabelas devem ser produzidas por ele.

Para exemplificar a necessidade dessa lógica dos padrões web para se fazer acessibilidade, pode-
mos tomar essas duas situações acima:
Uma marcação existente para se fazer um cabeçalho deixa o texto ao qual será aplicado com letras
mais escuras e em negrito, podendo-se alterar seu tamanho. Muitas vezes desenvolvedores utilizam
esse destaque que essa marcação produz no conteúdo com o objetivo de ser um cabeçalho, apenas
para destacarem palavras soltas ou expressões no meio de um texto, ou para ressaltar um texto de
link ao meio de outros links.

Os leitores de tela não têm como função somente lerem o conteúdo textual das páginas, mas também
de descrevê-la para seus usuários. Dessa forma, quando ele passa por uma marcação de um link, ele
sintetiza a palavra link para que o usuário possa saber da existência desse elemento naquele texto.
Quando passa por uma marcação de tabela, ele diz da existência da tabela naquele espaço, quantas
colunas e quantas linhas existem naquela tabela e, da mesma forma, quando ele passa por uma mar-
cação de cabeçalho ele sonoriza a existência de um cabeçalho por ali e a que nível ele se encontra:
h1 - cabeçalho de nível 1, h2 - cabeçalho de nível 2 e assim por diante.

Portanto, se marcações são feitas para codificarem elementos específicos, estas devem ser usadas
para fazerem aquilo para o qual foram criadas. Codificar uma palavra ou expressão com uma marca-
ção de cabeçalho fora de um cabeçalho, significa dar a informação errada para um leitor de telas e,
consequentemente, para seu ouvinte.

Além disso, leitores de tela gráficos e mais profissionais criam alguns recursos aproveitando-se justa-
mente dos padrões web para facilitarem a navegação de seus usuários. Dessa forma, para alguns,
existe uma navegação chamada teclagem de navegação rápida, que pressionada leva o usuário,
através de um salto, diretamente a cabeçalhos, tabelas, formulários, parágrafos etc. Assim, se as
marcações certas forem utilizadas para realizarem ao que se destinam fazer, a navegação por uma
página ficará totalmente acessível para esses recursos.

Acessibilidade e Padrões, Padrões e Acessibilidade.

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A demonstração da importância crucial dos padrões web do W3C para a acessibilidade de tecnolo-
gias assistivas, para tecnologias não assistivas, para pessoas com deficiência e pessoas sem defici-
ência, passa pela experiência do uso desses padrões. Não podemos pensar, no entanto, que desen-
volvendo um site totalmente dentro dos padrões web ( web standards) estaremos produzindo páginas
totalmente acessíveis. Os padrões web, com todos os seus itens, são o básico para uma página web
acessível, mas não o todo. Para uma acessibilidade web integral temos de acrescentar aos padrões
web as técnicas de acessibilidade associadas ao WCAG e suas recomendações. Não temos também
como criar páginas acessíveis apenas com algumas recomendações dos WCAG em um código com
semântica incorreta, sem separação de camadas e cheio de erros de sintax. O casamento entre pa-
drões web e diretrizes de acessibilidade tem de ser completo.

Por exemplo. Alguns desenvolvedores radicais de tableless não admitem tabelas nem mesmo para a
confecção de tabelas de dados genuínas. Dessa forma, alguns desses colegas optam por criarem ta-
belas com listas (ul/li) horizontais e verticais, deixando-as visualmente iguais a uma tabela de dados.
No entanto, em um código semântico, tabelas devem ser criadas com o elemento <table>, o que pro-
porcionaria à usuários de leitores de tela a idéia correta de que estão passando por uma tabela, por
dados tabulares, pois ao navegar por uma lista de itens em forma de tabela, um leitor gráfico sinteti-
zaria "lista de itens" e "item de nível 1", e não "tabela com 10 colunas e 20 linhas, por exemplo. Por
outro lado, nesse caso, uma tabela semanticamente correta e dentro dos padrões, não necessitaria
de ser criada com os elementos <TH>, nem de fazermos as associações destes através
de <ID> com <headers> da célula de dados correspondente ao cabeçalho. O <ID> e o <HEA-
DERS> são marcações extras de acessibilidade web que, no entanto, sem elas os padrões web po-
deriam estar sendo perfeitamente seguidos, mas a acessibilidade de tabelas não estaria sendo reali-
zada.

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