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Obras Públicas de
Edificação e Saneamento - Módulo Execução
Aula 3 – Principais atividades a cargo do fiscal de obras
INTRODUÇÃO | 3
CONSIDERAÇÕES FINAIS | 42
REFERÊNCIAS | 44
© Copyright 2020, Tribunal de Contas de União
portal.tcu.gov.br
Supervisão:
Clemens Soares dos Santos
Conteudistas:
Bruno Martinello Lima
Gustavo Ferreira Olkowski
Victor Hugo Moreira Ribeiro
Tratamento Pedagógico:
Marta Eliane S. da Costa Bissacot
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em Maio de 2020.
As afirmações e opiniões são de responsabilidade exclusiva dos autores e podem
não expressar a posição oficial do Tribunal de Contas da União.
MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
INTRODUÇÃO
Na aula passada, estudamos as responsabilidades de cada agente público envolvido na fiscalização de uma
obra pública, a saber: gestor, fiscal, superior hierárquico e alta administração. Além disso, conhecemos os
principais aspectos a serem observados quando da nomeação do fiscal.
Na sequência, vimos quais os preparativos necessários para dar início a uma obra: a emissão da ART/
RRT, da ordem de serviços, da AIO, dos alvarás e das autorizações municipais. Depois, identificamos quais
os documentos que o fiscal deve ter em arquivo próprio para conseguir exercer adequadamente suas
atividades.
Muito bem, mas e agora? Quais são as atividades que devem ser exercidas? Como fiscalizar adequadamente
uma obra, fazê-la ser concluída dentro do prazo, custo e qualidade previstos e ao mesmo tempo obedecer
ao que a legislação prevê?
Nesta aula, veremos detalhes das atividades exercidas pelo fiscal no seu dia a dia. Falaremos sobre
o relacionamento com a contratada, a gestão do cronograma e da qualidade, as formas de se efetuar as
medições e os reajustes, entre outros assuntos importantes para a boa execução das obras públicas.
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a. indicar as atividades que devem ser realizadas para acompanhamento dos prazos previstos no
cronograma;
b. reconhecer a importância dos registros relacionados às medições e os principais aspectos para sua
realização;
c. identificar boas práticas que se adotadas contribuirão para uma execução adequada da obra; e
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
1. ABRANGÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO
Como já aprendemos neste curso, compete ao fiscal adotar todas as providências necessárias para o
fiel cumprimento do contrato, ou seja, para garantir que o objeto seja executado com observância aos
parâmetros de custo, qualidade e prazo contratados.
A atividade do fiscal abrange aspectos que vão muito além da mera observância à legalidade, isto é, se as
ações estão de acordo com a lei e as cláusulas do contrato. Envolve também ações relacionadas à eficiência,
eficácia e efetividade.
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EXEMPLO PRÁTICO:
Digamos que nessa mesma obra, a empresa comece a atrasar a execução dos serviços.
Nesse caso, cabe ao fiscal adotar medidas, o mais rápido possível, para evitar que a
empresa continue com atraso em relação ao cronograma. Conforme será visto mais
adiante, essas medidas podem ser desde cobranças ao preposto até a aplicação de multas.
O fiscal estará sendo eficaz quando as medidas adotadas (quaisquer que sejam elas)
surtirem o efeito esperado e a empresa voltar a obedecer ao cronograma previsto.
De acordo com a lei de licitações, constitui dever da empresa contratada manter um preposto no local da
obra ou serviço, com a finalidade de representá-la perante a Administração (Lei nº 8.666/93, art. 68). Assim,
o fiscal deve conversar com esse preposto da empresa sempre que necessitar ou para passar todas as suas
solicitações.
Deve-se evitar, ao máximo, emitir ordens diretamente aos demais funcionários da contratada. Primeiro,
para evitar ruídos de comunicação. E, também, para não caracterizar subordinação, o que, em alguns casos,
possibilitaria ao funcionário da empresa requerer judicialmente o reconhecimento de vínculo empregatício
com o órgão público.
É fundamental que o preposto seja um profissional qualificado, capaz de: adotar, sempre que requerido, as
providências necessárias para a boa execução do objeto; ou levar a conhecimento da empresa as demandas
que não puderem ser solucionadas por ele. Assim sendo, é recomendável que a planilha orçamentária já
contemple os custos com esse profissional. No caso de obras e serviços de engenharia, o preposto costuma
ser o engenheiro residente da empresa, aquele que acompanha de perto a execução do contrato.
Caso a empresa indique um preposto que não demonstre capacidade para atender adequadamente à
Administração, o fiscal deverá rejeitar essa indicação e exigir sua imediata substituição. Caso a empresa se
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
negue a promover a substituição solicitada, estará sujeita às penalidades contratuais por descumprimento
de ordem emanada da fiscalização.
O contato do fiscal com o preposto, e vice-versa, é intenso ao longo da execução de uma obra. Por isso, um
dos pontos cruciais que contribui para o andamento adequado de um contrato é procurar manter o bom
relacionamento com a contratada.
O fiscal faz, quase que diariamente, inúmeras solicitações ao contratado, com o objetivo de, por exemplo:
Existem várias formas de se proceder a essa comunicação. Uma delas é a verbal, mediante conversas
entre fiscal e preposto. Essa forma tem a vantagem de ser muito prática, porém, sua efetividade é bastante
limitada, já que a inexistência de registros por escrito das solicitações prejudica a cobrança posterior, caso a
outra parte não seja ágil no atendimento das demandas.
Para evitar esses inconvenientes, a lei de licitações prevê que o representante da Administração deve anotar,
em registro próprio, todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for
necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos observados (Lei nº 8.666/1993, art. 67, §1º ).
• mediante envio de ofícios – por requerer algumas formalidades, essa forma geralmente não se mostra
efetiva para a comunicação diária entre fiscal e preposto, mas costuma ser bastante eficaz para
reiterar solicitações já efetuadas; ou
• por meio de registro em diário de obras – por sua facilidade, essa prática tem se mostrado bastante
eficaz no acompanhamento das obras públicas. Tanto é assim que o TCU tem diversos julgados
incentivando sua utilização, a exemplo dos Acórdãos nº: 8140/2012-TCU-2ª Câmara; 1210/2009-TCU-
Plenário; 1731/2009-TCU-Plenário; e 2183/2007-TCU-Plenário.
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O diário de obras é um documento para registro sistemático das ocorrências da obra. Nele devem ser
registrados, diariamente e de modo resumido, tudo que está acontecendo no canteiro de obras, a exemplo de:
• serviços realizados;
• equipamentos utilizados;
• condições climáticas;
Ali estará registrada, dia a dia, a história do empreendimento ao longo de todo seu período de execução.
Sua finalidade não é detalhar as produtividades e quantidades de serviços que estão sendo executados
em cada dia, mas tão somente mostrar um panorama do que está sendo realizado, as ocorrências mais
significativas, os problemas e obstáculos verificados, e as dúvidas e solicitações de ambas as partes – fiscal
e contratada.
O diário serve para, entre outras coisas, formalizar as solicitações e discussões de ocorrências com o
contratado, embasar pedidos de aditivos, justificar a aplicação de penalidades e, até mesmo, comprovar a
devida atuação da fiscalização.
Seu preenchimento deve ser feito pela empresa contratada, mas o fiscal pode e deve registrar nele suas
solicitações e seus comentários sobre a obra. É de suma importância que o fiscal esteja atento para evitar
que a empresa efetue anotações indevidas ou inadequadas no diário de obras.
Para ter sua validade atestada, o diário de obra deve ser assinado tanto pelo preposto como pelo fiscal da
Administração Pública.
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Agora que já entendemos a abrangência de atuação do fiscal e como ele deve se relacionar com a contratada,
chegou a hora de aprofundarmos nosso estudo para compreender em detalhes o que o fiscal deve fazer
efetivamente no seu dia a dia para realizar um acompanhamento eficiente, eficaz e efetivo do contrato de
uma obra pública. Vamos lá?
Nos próximos subtópicos, vamos examinar com mais detalhes as atividades relacionadas na figura anterior.
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A Administração Pública tem o dever de estabelecer a sequência executiva da obra e os respectivos prazos.
Não se pode delegar essas atividades à contratada, pois esta não conhecerá a realidade do órgão contratante,
suas necessidades e sua disponibilidade orçamentária. Porém, é válido o fiscal discutir esses fatores com a
empresa, para ouvir dela eventuais dificuldades que podem surgir.
Assim, no momento em que a ordem de início é emitida, o fiscal deve se reunir com o preposto da
contratada para:
• discutir o cronograma que deverá ser seguido, procedendo aos ajustes necessários para que se tenha
um cronograma o mais próximo possível da realidade;
É recomendável, ainda, que essa reunião se repita com regularidade e sempre que forem abertas novas
frentes de serviço ou mudarem as diretrizes anteriormente fornecidas. Essas reuniões contribuem
sobremaneira para evitar problemas futuros com a contratada e devem ser registradas no diário de obras
ou em ata específica.
Ainda que se tenha o projeto executivo bem elaborado e detalhado da obra, é comum haver dúvidas
durante sua consecução. Essas dúvidas, se não saneadas a tempo, podem prejudicar o bom andamento do
contrato e o cumprimento do cronograma. Por isso, o fiscal deve manter uma postura ativa sempre que
elas surgirem e procurar respondê-las o mais rápido possível.
Nesse caso, ele deverá, o mais breve possível, levar o questionamento ao gestor do contrato e/ou aos seus
superiores.
Há casos, ainda, em que as respostas dependerão dos projetistas responsáveis pela elaboração dos projetos.
Diante dessa ocorrência, o fiscal deve agendar reunião com estes para discutir os problemas identificados e
buscar soluções.
Não raras vezes as respostas aos questionamentos podem gerar a necessidade de alteração do projeto e
consequente emissão de termos aditivos. Por isso, tanto as dúvidas quanto suas respostas devem sempre
ser registradas no diário de obras, o que ajudará a justificar/fundamentar eventuais aditivos.
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Uma das atividades que demandam bastante atenção do fiscal é o controle sobre o cronograma. Infelizmente,
os atrasos nas obras ainda representam grande parte da quantidade de problemas identificados nas
auditorias do TCU. Esses atrasos acarretam diversos malefícios, com prejuízos à:
• imagem dos órgãos públicos envolvidos, que acaba sendo generalizado para toda a Administração Pública;
• empresa contratada, que acaba tendo seus custos indiretos e com a administração local aumentados; e
• população, que acaba esperando mais tempo para se beneficiar da futura obra pública.
Assim, cabe ao fiscal analisar e discutir, frequentemente, com a contratada as providências necessárias
para o andamento dos serviços, nos termos previstos no cronograma pactuado. Na ocasião, o fiscal deve
discutir com a contratada os prazos dos serviços em andamento e os problemas ou as dificuldades que
podem prejudicar o cumprimento dos prazos pactuados.
O fiscal não pode deixar para fazer esse controle apenas no final do contrato, pois,
atuando dessa forma, inviabilizará a adoção de medidas no tempo adequado.
1º) Assim que é emitida cada ordem de serviços, deve ser realizada uma
reunião entre fiscal e empresa contratada, para discutir o cronograma e, em
especial, a sequência e os prazos de execução de cada serviço.
2º) Periodicamente, devem ser realizadas reuniões para atualizar o cronograma e discutir eventuais
problemas que podem gerar atrasos nos serviços. A frequência dessas reuniões varia caso a
caso, mas é recomendável fazê-la, no mínimo, uma vez por mês ou quando o cronograma de
marcos indicar o início ou término de alguma etapa intermediária ou de algum serviço.
3º) Sempre que houver a necessidade de aditivos para inclusão ou modificação de serviços, o fiscal deve
discutir previamente com a contratada o impacto desse aditivo no prazo de cada etapa da obra.
Essa gestão dos prazos é tão importante que se recomenda, como boa prática, manter uma cópia do
cronograma atualizado afixada em local visível no canteiro de obras, para facilitar seu acompanhamento.
De acordo com Limmer (2013, p. 39), a estimativa do tempo total de um projeto pode ser feita de forma
tabular ou gráfica, sendo esta denominada cronograma, que pode ser de dois tipos: em barras ou em rede.
Outros autores recomendam a adoção do cronograma de marcos (milestones), pela maior objetividade e
facilidade de visualização.
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O cronograma de barras, também chamado de Gráfico de Gantt, é a técnica mais utilizada nas obras
públicas para efetuar o controle dos prazos. Ele traz uma lista de todos os serviços da obra com respectivas
durações, exprimidas por barras horizontais, conforme exemplo hipotético a seguir:
Dentre suas vantagens, pode-se destacar a facilidade de visualização e compreensão, e a agilidade para
elaborá-lo. Contudo, ele possui limitações para demonstrar as relações entre cada atividade, as folgas de
tempo, e os serviços mais críticos, os quais, se atrasarem, comprometerão o cumprimento do prazo final
da obra.
Segundo Limmer (2013, p. 40), as técnicas mais usuais para a elaboração de um cronograma em rede são
a PERT (Program Evaluation and Review Technique – Técnica de Avaliação e Revisão de Programas) e a
CPM (Critical Path Method – Método do Caminho Crítico). Com o tempo, essas duas técnicas se fundiram,
passando a ser chamada de PERT/CPM.
A elaboração de uma rede PERT/CPM pode estimar, com razoável precisão, a data de término de um
projeto, sendo este mais preciso que o cronograma de barras.
Nas redes PERT/CPM, as setas representam as atividades a serem desenvolvidas. Essas setas ligam os nós,
que são os eventos esperados no projeto. Os procedimentos para elaboração de uma rede PERT/CPM são os
seguintes (Limmer, p. 43):
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A partir desse cálculo das datas dos eventos, pode ser determinado o caminho crítico dessa rede, o qual é
constituído das atividades críticas, com as menores folgas. Em outras palavras, trata-se dos serviços que
não podem sofrer atrasos, sob pena de todo o prazo do projeto ser comprometido. Logo, indica as atividades/
serviços que o fiscal deve ter mais atenção e exigir da contratada, com maior rigor, o cumprimento dos
prazos definidos.
Figura 03: Exemplo simplificado de rede PERT/CPM para construção de uma edificação
Fonte: Extraído de Ávila, A.V. & Jungles, A.E. (2010, capítulo 6, p. 9).
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Marcos são momentos que representam importância dentro do projeto, funcionando como ponto de
verificação, que indicam o início ou término de algum serviço ou alguma etapa do projeto.
Milestones é um termo da língua inglesa utilizado para indicação de um ponto de referência, um momento
significativo ou evento no projeto.
Os marcos podem ser utilizados para auxiliar o gerenciamento de projeto, de forma a definir com clareza
seus pontos chaves.
Pela sua facilidade de visualização, é recomendável que o fiscal o tenha em mãos sempre que for realizar
reuniões com a contratada para discutir e controlar o cronograma da obra.
Aqui iremos tratar das seguintes atividades atribuídas ao fiscal, conforme mencionado na Figura 01 desta aula:
• exigir imediata substituição de materiais e refazimento dos serviços quando estes divergirem das
especificações.
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Outra relevante atividade que o fiscal deve executar no seu dia a dia diz respeito à verificação do emprego
dos materiais e da execução dos serviços, que devem estar de acordo com as especificações descritas no
edital e com as boas práticas da engenharia. Não raras vezes, as auditorias do TCU identificam problemas
de qualidade na execução das obras.
É importante mencionar que as especificações técnicas constam no projeto da obra, principalmente relativas
aos materiais a serem aplicados, a exemplo da previsão feita pelo projetista de resistência característica à
compressão do concreto (fck), e de tipo e qualidade de acabamentos (portas, esquadrias, revestimentos, fachada).
No caso de obras de saneamento, é comum o projeto especificar claramente o diâmetro e o tipo de material
do tubo a ser aplicado na obra (tubo de PVC, de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro – PRFV, de Ferro
Fundido – FoFo, entre outros) ou a potência e o tipo de equipamentos a serem fornecidos (bombas de água,
bombas de esgoto – potência, vazão, pressão de descarga e pressão de sucção, entre outros parâmetros).
Nesse contexto, o fiscal deve estar atento ao tipo e às especificações de materiais e equipamentos adquiridos
pela empresa contratada, avaliando se eles atendem ao que foi especificado no projeto.
Contudo, com a publicação da mencionada lei, as normas técnicas passaram a ser de utilização obrigatória
a qualquer relação comercial (Lei nº 8.078/1990, art. 39, inciso VIII).
O artigo 39, inciso VIII, do CDC deixa bem claro: se existirem Normas Técnicas para qualquer
produto colocado no mercado de consumo, é obrigatória a conformidade destes produtos com os
requisitos da Norma, sob pena de responsabilidade para o fornecedor. Quando o consumidor compra
produto normalizado, significa que está adquirindo um produto de qualidade. Sabe que o produto
foi fabricado de acordo com os requisitos da Norma pertinente. Garantindo-se desta maneira que o
fabricante utilizou na sua fabricação matérias-primas e processo controlados e, principalmente, que
o produto está de acordo com seus desejos e necessidades.
É válido destacar, ainda, que a definição de projeto executivo da lei de licitações também incorpora a
necessidade de obediência às normas técnicas.
Art. 6º (…)
Há, ainda, a Lei nº 4.150/1962, que traz expressamente, em seu art. 1º, a obrigatoriedade de se aplicar os
requisitos mínimos de qualidade, utilidade, resistência e segurança definidos pela ABNT.
Para muitos serviços de uma obra, a verificação da conformidade com as especificações somente é possível
mediante a realização de ensaios em laboratório. Na tabela a seguir, apresentamos uma relação dos serviços
mais comuns de uma edificação e respectivos ensaios:
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Para garantir a qualidade final da obra, o fiscal não apenas deve exigir da contratada a realização dos
ensaios laboratoriais pertinentes, mas também deve obter e manter guardado em seus arquivos o laudo
com os resultados de todos os ensaios e controles tecnológicos realizados.
Apesar dessa disposição, grande parte dos ensaios enseja custos ao contratado.
Por isso, é recomendável incluir, no orçamento da obra, itens específicos
para remunerar tais ensaios, evitando, assim, conflitos com a empresa
contratada, bem como o enriquecimento ilícito da Administração.
Caso o fiscal verifique o emprego de materiais e/ou a execução de serviços em desacordo com as
especificações do edital, do projeto ou com as normas técnicas, é seu dever paralisar a execução da obra
e exigir a imediata substituição do material indevido e/ou o refazimento do serviço inadequadamente
executado (Lei nº 8.666/93, art. 76).
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A forma de medir e pagar os serviços executados varia de acordo com o regime de execução, sendo a EPG
mais simplificada que a EPU.
Nas empreitadas por preço unitário, mede-se cada unidade de serviço, e os pagamentos far-se-ão mediante
a multiplicação das quantidades executadas pelos respectivos preços unitários. Ou seja, nas EPU, o fiscal
deve conferir as quantidades executadas em cada um dos serviços.
Observe que pode haver algumas divergências entre as quantidades previstas no orçamento e aquelas
efetivamente executadas, tornando necessária a realização de ajustes nesses quantitativos, mediante
aditivos ao contrato. Logo, nas EPU, o contratado praticamente não assume riscos na execução do contrato,
ficando os riscos a cargo da Administração Pública, pois qualquer alteração nas quantidades é ajustada por
meio de aditivos.
Como regra, esse regime se aplica aos casos em que não é possível à Administração antever e estimar
com precisão as quantidades de cada serviço da planilha. Porém, essa imprecisão deve ser por conta das
características do objeto.
Por exemplo, em obras de saneamento é difícil estimar com precisão todas as interferências que podem
ser encontradas durante as escavações para a execução das tubulações. Outro exemplo são as reformas.
É recomendável que ambas sejam licitadas por preço unitário. A adoção de outros regimes nesses tipos de
obra pode fazer com que aumente seu preço, pois a empresa terá de assumir um risco maior durante sua
execução e, certamente, irá considerar isso ao formular sua proposta de preços.
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Quanto à periodicidade das medições, usualmente, os editais preveem que deve ser elaborada uma a cada
mês. Seu procedimento consiste nas seguintes etapas:
O levantamento dos quantitativos de serviços deve sempre ser registrado em memórias de cálculo, com
indicação clara dos locais que estão sendo considerados na medição e respectivas quantidades. Essa indicação
pode ser feita por meio da apresentação de croquis e desenhos esquemáticos ou de planta iluminada.
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• ajudar, no caso de afastamento do fiscal, para que seu substituto compreenda as medições já
efetuadas, evitando, assim, que alguns serviços sejam medidos mais de uma vez.
É também uma boa prática anexar, em cada medição, o relatório fotográfico da obra naquele período, para
melhor visualizar a evolução dos serviços, justificando, assim, o que está sendo considerado.
A discriminação e quantificação dos serviços e das obras considerados na medição deverão respeitar,
rigorosamente, as planilhas de orçamento anexas ao contrato, inclusive os critérios de medição e pagamento.
Quando possível, as dimensões devem ser conferidas na obra com o uso de instrumento de medição (trena).
EXEMPLO PRÁTICO:
Total 96,2
Como regra geral para medição e pagamento, só podem ser considerados os serviços efetivamente
executados pelo contratado e aprovados pela fiscalização. Serviços mal executados ou realizados em
desacordo com o previsto no edital não podem ser medidos, enquanto não forem refeitos/corrigidos.
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O pagamento por serviços que não foram executados configura débito e dano
ao Erário, podendo ensejar a instauração de tomada de contas especial.
Quanto aos boletins de medição, é necessário que contenham todos os campos abaixo relacionados:
O campo dos valores acumulados (quantidades e preços) é importante para que o fiscal e demais interessados
possam identificar de prontidão os:
Aqui, estão incluídas as empreitadas por preço global, integral ou contratação integrada. Nesses casos,
medem-se as etapas de serviço de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra ou mediante as
etapas objetivamente estabelecidas no instrumento convocatório.
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Em exemplo prático, terminadas as fundações, paga-se o valor global das fundações; feita a estrutura,
remunera-se o valor previsto para essa etapa; concluída determinada fase da obra, com marco previamente
estipulado, retribui-se o montante correspondente; e assim sucessivamente, até chegar ao final da
empreitada, que deverá corresponder ao valor total ofertado para o objeto como um todo no ato da licitação
– preço certo e total. (TCU, Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas).
Em regra, o regime de empreitada por preço global se aplica aos casos em que é possível à Administração
antever e estimar com precisão as quantidades de cada serviço da planilha. É o caso de obras de edificação,
quando a parcela de movimento de terra e fundações não é muito significativa em relação ao valor total,
especialmente obras de edificação com projeto padrão.
Já a contratação integrada foi introduzida no ordenamento jurídico por meio do Regime Diferenciado de
Contratações (Lei nº 12.462/2012), posteriormente incorporada também na Lei das Empresas Estatais (Lei
nº 13.303/2016), desde que técnica e economicamente justificada e cujo objeto envolva, pelo menos, uma
das seguintes condições:
Na definição das etapas, considera-se boa prática que elas sejam aderentes aos marcos físicos de execução
da obra, de preferência cuja conclusão possa ser aferida mediante simples inspeção visual.
Deve-se evitar o estabelecimento de etapas que demandem muito tempo para serem executadas ou que envolvam
elevados recursos financeiros para sua conclusão, pois tal fato pode onerar demasiadamente o construtor, que
tenderá a considerar tais encargos em sua proposta, onerando, por consequência, a Administração.
A título de exemplo, na construção de uma habitação popular térrea, a execução da estrutura pode ser
uma etapa para fins de pagamento, assim como a conclusão da alvenaria de vedação.
Já no caso de um edifício com dez pavimentos, é legítimo que a execução da estrutura de cada pavimento –
cujo término é representado pela concretagem da laje – seja um evento autônomo de pagamento. Da mesma
forma, a alvenaria de vedação será paga conforme a conclusão do serviço em cada andar da edificação.
Se a edificação tiver grande área em um único pavimento ou nível, a exemplo de um grande hospital,
recomenda-se relacionar os eventos de pagamento com setores da construção.
Com isso, evita-se a prática de realizar medições de etapas parcialmente concluídas, pois esta trará
dificuldades para a fiscalização contratual. O ideal é que as etapas sejam discriminadas e dimensionadas de
tal forma que evite o seu pagamento parcial.
Também na medição por etapas é bastante recomendável inserir fotografias do estágio da obra no
respectivo período, para demonstrar inequivocamente o que foi executado.
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Observe que a forma de se realizar cada medição é bastante simplificada. A equipe de fiscalização
verificará apenas os marcos atingidos, o que possibilitará sua medição e pagamento. Não é necessário, nem
recomendável, o levantamento minucioso das quantidades de cada serviço executado, pois tal procedimento
desvirtua a empreitada por preço global, caracterizando, nesse caso, empreitada por preço unitário.
Mas, e nos casos em que o fiscal e/ou a empresa identificam divergências entre
as quantidades da planilha e as quantidades reais da obra, como proceder?
Nas obras medidas por etapas, é possível fazer aditivo para corrigir erros no orçamento?
Muito se discute sobre as diferenças entre a previsão do projeto básico/planilha e a realidade encontrada
durante a execução da obra. Em regra, quando constatados, após a assinatura do contrato, erros ou omissões
no orçamento relativos a pequenas variações quantitativas nos serviços contratados, em razão de o objeto
ter sido contratado por “preço certo e total”, não se mostra adequada a formalização de termo aditivo.
No entanto, de acordo com o Decreto nº 7.983/2013 (art. 13, inciso II ), em caso de adoção dos regimes de
empreitada por preço global e de empreitada integral, deverá constar, do edital e do contrato:
Cláusula expressa de concordância do contratado com a adequação do projeto que integrar o edital
de licitação e as alterações contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças,
orçamentos, plantas, especificações, memoriais e estudos técnicos preliminares do projeto não
poderão ultrapassar, no seu conjunto, dez por cento do valor total do contrato.
Perceba, então, que a legislação deixa uma brecha que possibilita a formalização de aditivos quando
necessária a correção de erros nas empreitadas por preço global e empreitada integral.
Na contratação integrada, por sua vez, a lei não admite em nenhuma hipótese aditivos para sanar erros
no orçamento. Isso porque a contratação é feita com base em anteprojeto, logo já é esperada uma maior
imprecisão nas quantidades da planilha estimativa, caso em que o contratado é responsável por tais riscos.
De acordo com o TCU, excepcionalmente, nas empreitadas de preço global ou integral, de maneira a evitar
o enriquecimento sem causa de qualquer das partes, como também para garantir o valor fundamental
da melhor proposta e da isonomia, nas situações em que, por erro ou omissão no orçamento, forem
identificadas subestimativas ou superestimativas relevantes nos quantitativos da planilha orçamentária,
será possível ajustar termos aditivos, com a finalidade de restabelecer a equação econômico-financeira do
contrato, desde que tomados os seguintes cuidados (Acórdão nº 1977/2013-TCU-Plenário, item 9.1.8):
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• observar se a alteração contratual decorrente não supera o montante de 10% estabelecido no art. 13,
inciso II, do Decreto nº 7.983/2013, cumulativamente com o respeito aos limites de 25% para obras e
serviços e 50% para reformas, previstos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº 8.666/1993;
• avaliar se a correção de quantitativos, bem como a inclusão de serviço omitido, não está compensada
por distorções em outros itens contratuais que tornem o valor global da avença compatível com o de
mercado;
• verificar, nas subestimativas relevantes, em cada caso concreto, se seria justo elaborar termo aditivo
para corrigi-las, considerando o impacto do erro em relação ao valor global do contrato e ao que seria
esperado considerar como risco da empresa.
Vale chamar a atenção ao fato de que tais aditivos devem ser justificados, tanto nos casos de subestimativas
como nos de superestimativas relevantes de quantidades na planilha. No primeiro caso (subestimativas), é
natural que a empresa, ao identificá-la, solicite imediatamente ao fiscal a elaboração de aditivo, situação
diversa da que poderá ocorrer quando se identificar superestimativa.
Separamos, a seguir, as particularidades dos serviços que mais costumam apresentar problemas na sua
quantificação/medição:
O fiscal deve verificar se o critério de medição considera que o volume medido será calculado em projeto ou
solo solto, pois o solo sofre o fenômeno do empolamento.
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Em alguns sistemas referenciais, esses serviços são medidos em m³ x km e em outros em ton x km. Assim,
por vezes o fiscal deverá converter de m³ para ton ou vice-versa.
O fiscal deve, ainda, conferir as reais Distâncias Médias de Transporte (DMTs) para os materiais
movimentados durante a execução da obra (aterro vindo da jazida, refugo da escavação sendo levado
ao bota-fora etc.), e se assegurar de que a jazida ou o bota-fora utilizado pela empresa é de fato o mais
vantajoso para a Administração Pública, ponderando-se, de um lado, o custo para aquisição/descarte do
material; e de outro, a DMT.
Outro aspecto importante a ser observado é a capacidade do caminhão utilizado. Quanto maior essa
capacidade, mais barato é o custo final do transporte. Por exemplo, se na composição de custos estiver
sendo previsto o transporte com caminhão de 4 m³, e o fiscal verificar, na obra, a utilização de caminhões
de 8 m³, deve-se proceder ao ajuste no custo desse serviço, tendo em vista a maior produtividade e menor
custo de transporte dos caminhões de 8 m³.
O fiscal deve confirmar, no critério de medição, como deve ser feito o desconto dos vãos de portas e janelas.
É comum os desenhos de armação apresentarem tabelas resumo de aço as quais já consideram as perdas
do material. Assim, o fiscal deve ter atenção ao efetuar medições nesse tipo de serviço, pois as perdas são
usualmente consideradas nas composições de custo. Então, neste caso, as quantidades medidas devem ser
as reais de projeto (sem perdas), para não considerar as perdas em duplicidade.
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
A administração local (AD) é o grupo de itens do orçamento no qual estão previstos gastos com pessoal
técnico, administrativo e de apoio (engenheiro responsável, mestre de obras, encarregados, almoxarife,
porteiro, segurança do trabalho etc.) e outros gastos gerais com material de consumo do canteiro da obra.
Ainda que não seja uma prática adequada, observa-se, com certa frequência, que o pagamento para esse
grupo de serviços é realizado por prestações mensais iguais, independentemente do ritmo de execução dos
demais serviços. Ocorre que, nos casos em que há atraso na obra e prorrogação do prazo de construção,
essa prática pode ocasionar pagamentos indevidos e, por consequência, prejuízos para o erário.
Os pagamentos mensais fixos a título de administração local também propiciam o que a jurisprudência do
TCU denomina de “paradoxo lucro incompetência” (Acórdão nº 1348/2017-TCU-Plenário, entre outros ). Isso
significa que, quanto mais a empresa atrasar a obra ou for improdutiva, mais ela conseguirá lucrar com os
pagamentos de administração local, já que eles são fixos e só dependem do tempo total de execução da obra.
As empresas construtoras possuem mecanismos de controle para enfrentar atrasos e paralisações sob sua
responsabilidade (por exemplo, contratações, demissões ou férias). Dessa forma, as empresas podem ajustar
os gastos com administração local em relação ao cronograma de execução da obra.
Em função disso, o critério de medição da administração local deve estar atrelado ao andamento da obra, com
seus itens medidos de forma proporcional à execução financeira do contrato (Acórdão nº 2622/2013-TCU-
Plenário, entre outros).
Caso prático:
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Na grande maioria dos casos, os gastos com materiais estão incluídos nos preços dos serviços. Quer dizer, no
preço do serviço de assentamento de tubos de PVC para uma rede de esgoto, por exemplo, já está incluído o
pagamento da mão de obra, dos materiais e dos equipamentos.
Apesar disso, alguns editais de obras públicas preveem o pagamento pelo fornecimento de materiais. É o
chamado pagamento de material posto na obra. No exemplo citado, seria o pagamento pelo fornecimento
dos tubos de PVC antes do seu assentamento.
Essa prática, como regra geral, não pode ser efetuada em obras públicas, pois submete a administração
pública a grandes riscos. Caso o contrato seja rescindido antes do término da obra, o órgão público poderá
ficar com um estoque de material sob sua responsabilidade, assumindo riscos relacionados a: roubos,
quantidade entregue ser menor que a prevista, deterioração etc.
Outro inconveniente dessa prática é que ela acaba induzindo a empresa a antecipar a compra de grandes
quantidades dos materiais que serão usados somente meses depois, estocando-os na obra. Com isso, a
empresa aumenta o valor da sua medição antes mesmo de executar os respectivos serviços, antecipando,
assim, o direito ao recebimento de parte do valor contratual.
Uma das justificativas normalmente utilizada para essa prática é que a empresa contratada precisa ser
capitalizada para executar a obra. Mas, essa não é uma justificativa válida do ponto de vista legal. De acordo
com a Lei nº 8.666/1993, uma empresa que tenha dado proposta numa licitação e firmado um contrato com
a Administração se comprometeu a cumprir com seus deveres na execução da obra, nas condições e nos
prazos informados no edital e no contrato.
Ou seja, não cabe à Administração Pública capitalizar o terceiro para que ele cumpra com suas
responsabilidades. A empresa deve ter capacidade financeira suficiente para suportar a execução do objeto
sem necessitar de aportes financeiros antecipados. É com esse propósito que a legislação prevê a etapa de
habilitação financeira de uma licitação.
Dessa forma, recomenda-se que seja vedado o pagamento de material posto na obra em licitações de
empreendimentos de edificações e saneamento de pequeno e médio porte. O pagamento deverá ser
realizado somente após a execução completa do serviço.
Porém, em alguns casos excepcionais, esse tipo de pagamento pode ser efetuado, principalmente em
serviços que exijam o fornecimento de equipamentos mais caros, os quais comumente representam
percentual relevante da obra e requerem pedido prévio ao fabricante, por vezes com pagamento de sinal.
Nesses casos, a jurisprudência do TCU indica que alguns cuidados devem ser tomados, conforme se verá a
seguir.
Como regra geral, é proibida a medição e pagamento antes da realização completa do serviço. Contudo,
em alguns casos de materiais e/ou equipamentos de custo elevado, o próprio mercado somente os fornece
mediante o pagamento de um percentual antecipado, a título de sinal.
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
No caso de obras de edificações, essa prática é comum, por exemplo, nas aquisições de: elevadores, centrais
de água gelada de ar condicionado central (chiller), estruturas metálicas e concreto pré-moldado. Nessas
situações, os fornecedores aceitam produzir o produto apenas depois de receber algum valor antecipado.
É importante que seja avaliado se o valor do equipamento constitui custo relevante frente ao total da obra,
pois se não estiver caracterizada essa relevância, não haveria motivos para fazer essa antecipação.
Portanto, nos casos em que haja fornecimento de equipamentos de alto valor frente ao custo total da
obra, é admitida a antecipação de parte de seu valor, desde que atendidas todas as condicionantes a seguir,
cumulativamente (Acórdãos 1826/2017, 1565/2015 e 334/2015, todos do Plenário):
b. os equipamentos ou materiais para os quais terão parte de seu valor antecipado devem ser relevantes
financeiramente – caso não tenham relevância financeira, não é adequado proceder a essa prática;
c. o pagamento antecipado das parcelas tenha sido previsto no edital de licitação e no contrato, não
podendo ser firmado termo aditivo para prever essa possibilidade, pois estaria favorecendo a
contratada com critérios não previstos originalmente; e, com isso, quebrando a isonomia entre as
licitantes que participaram da licitação;
d. o valor do bem deve estar totalmente coberto com a garantia contratual, para em caso de abandono
da obra pela contratada, a Administração não arcar com esse prejuízo.
2.5.6. GLOSAS
Chamamos de glosa o ato de estornar, suprimir, retirar das medições quantidades de determinado(s)
serviço(s).
Às vezes, ao fazer a conferência das medições, o fiscal identifica que foram considerados serviços e/ou
quantidades a maior que os efetivamente executados, e/ou que foram medidos serviços não aprovados, por
terem sido executados em desacordo com as especificações do edital. Nesses casos, há duas possíveis condutas:
a. devolver a medição para que sejam corrigidas as divergências identificadas – o que gera retrabalho e
pode acabar atrasando o pagamento à contratada; ou
b. efetuar a glosa dessas diferenças – sendo esta a conduta mais simples, ágil e usual.
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
2.5.7. REAJUSTE
O reajuste nos contratos administrativos é o instrumento que visa à correção dos preços pactuados, em
decorrência da variação da inflação/deflação no período. Sua previsão legal decorre da Lei nº 8.666/1993
(art. 40, inc. XI, e art.55, inc. III), e da Lei n° 10.192/2001 (arts. 1º, 2º e 3º).
De acordo com os dispositivos mencionados, os contratos administrativos devem ser reajustados com
periodicidade anual, contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do orçamento a
que essa se referir (Lei nº 10.192/2001, art. 3º, §1º ). Por sua vez, o edital e o contrato devem definir esse
momento (Lei nº 8.666/1993, arts. 40, inciso XI, e 55, inciso III).
A contagem do período de um ano para a aplicação do reajustamento deve ser feita a partir da data-base
completa. Se for adotada a data-limite para apresentação da proposta, o reajuste será aplicável a partir do
mesmo dia e mês do ano seguinte. Se for adotada a data do orçamento, o reajuste será aplicável a partir do:
• primeiro dia do mesmo mês do ano seguinte, caso o orçamento se refira a determinado mês – sendo
esta situação mais comum.
Tendo em vista a grande quantidade de itens de serviço em uma planilha orçamentária de obras, com
vistas a facilitar a aplicação do reajuste, é recomendável que se mantenham inalterados os preços unitários
contratados, aplicando-se a parcela de reajuste ao valor total de cada medição referente ao período a que se
fizer jus.
Desse modo, passado um ano da data-base definida no edital, calcula-se o percentual de reajuste a que
a contratada tem direito e passa-se a aplicá-lo nas medições seguintes. Esse mesmo percentual deve ser
aplicado até que se complete outro período de um ano, momento em que se calculará o novo percentual de
reajuste, que deve valer por mais um ano, e assim sucessivamente.
EXEMPLO DE CÁLCULO:
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
Também no caso de aditivos com inclusão de preços novos, recomenda-se que eles sejam incluídos com a
mesma data-base do contrato, para que, ao realizar medições, seja aplicado um único percentual de reajuste.
Essa prática facilita as medições e a aplicação do reajuste, já que evita que haja datas de reajuste diferentes
para cada serviço da planilha.
De acordo com a Lei nº 10.192/2001, a correção monetária pode se dar pela utilização de índices gerais
de preços, índices setoriais ou índices que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos
utilizados. O edital e o contrato devem definir qual(is) o(s) índice(s) que deve(m) ser utilizado(s), não podendo
estes serem alterados ao longo da execução contratual.
b. Índices gerais
O índice geral de preços mais utilizado para fins de reajustamento de contratos de obras públicas de
edificações e saneamento é o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), calculado mensalmente pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Concebido com a finalidade de aferir a evolução dos custos de construções habitacionais, o INCC configurou-
se como o primeiro índice oficial de custo da construção civil no país. Foi divulgado pela primeira vez em
1950, mas sua série histórica retroage a janeiro de 1944. De início, o índice cobria apenas a cidade do Rio de
Janeiro, então capital federal, e sua sigla era ICC.
Em fevereiro de 1985, para efeito de cálculo do IGP, o ICC deu lugar ao INCC, índice formado a partir de
preços levantados em oito capitais estaduais. No processo de ampliação de cobertura, o INCC chegou a
pesquisar preços em 20 capitais. Atualmente, a coleta é feita em 7 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília).
• 10 – que reflete a pesquisa de preços entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência;
• M – que reflete a pesquisa de preços entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência; e
• DI – que reflete a pesquisa de preços entre o 1º e o último dia do mês de referência – sendo este o mais
usual deles.
Outros índices gerais de preços bastante interessantes são o índice Sinapi, calculado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), e o índice CUB (Custo unitário básico), calculado pelos Sindicatos da
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Indústria da Construção Civil de cada unidade da federação. Ambos os índices refletem a variação de
custos mensal para algumas tipologias de projetos padrão de edificações.
Enquanto a utilização de um índice geral de variação de preços pode ser adequada para obras de edificações,
a adoção desse mesmo índice para outros tipos de obras pode não representar adequadamente as variações
reais de preços, tendo em vista a grande diversidade dos insumos envolvidos.
Para esses, a lei prevê a possibilidade de se adotar índices setoriais ou específicos que melhor reflitam a
variação dos custos de determinados insumos ou serviços.
A FGV calcula mensalmente o custo de diversos serviços, por tipologia de obra, conforme tabela a seguir:
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também calcula e divulga em seu sítio eletrônico
(http://www.cbicdados.com.br), mensalmente, a evolução dos custos do cimento e do aço, utilizando, como
fonte, os preços que os Sindicatos da Indústria da Construção Civil apuram para compor o custo unitário
básico da construção (CUB).
É recomendável a utilização desses índices setoriais ou específicos quando houver, na planilha da obra,
grupos de serviços com representatividade significativa em relação ao total e cuja variação no preço destes
não seja adequadamente refletida pelos índices gerais.
Nesses casos, o edital pode prever que a correção será feita com base em uma média ponderada de índices
(cesta de índices), de acordo com a proporção de cada grupo de serviço na obra, de forma que o percentual
assim obtido reflita melhor a realidade de mercado do que um índice geral de preços.
EXEMPLO PRÁTICO:
Vejamos um caso de reajuste por cesta de índices, em que o edital de uma obra de
drenagem e pavimentação urbana apresentava a seguinte fórmula de reajuste:
Onde:
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Pode não ser adequada a utilização de vários índices, em virtude da maior complexidade
dos controles e cálculos de reajuste, da dificuldade de obtenção dos dados de
índices específicos e do baixo retorno de sua aplicação, em termos absolutos; e
Embora parte da doutrina defenda a impossibilidade de reajustar contratos se não houver cláusula
contratual que o preveja, o TCU entende que se deve assegurar ao contratado o direito ao reajuste, mesmo
que não esteja previsto no contrato, haja vista a previsão legal para essa correção de preços em base anual
(Acórdãos nº 963/2010 e nº 479/2007, ambos do Plenário, entre outros).
Além da previsão em lei, há de se considerar o fato de que é justo que o contratado tenha seus preços
reajustados anualmente, sob pena de ter que arcar com um ônus excessivo que pode até mesmo inviabilizar
a continuidade do contrato.
Nesses casos, em que o edital não previu o critério de reajuste, o TCU recomenda considerar a data-base
do orçamento de referência. Não havendo qualquer indicação de data-base nos orçamentos, deve-se adotar
como marco a data limite para apresentação das propostas.
Ainda de acordo com o TCU, é desejável que, mesmo nos contratos com duração inferior a um ano, o edital
apresente cláusula definindo o índice a ser utilizado no caso de eventual reajustamento de preços, pois
podem ocorrer atrasos na execução contratual, o que ensejará o direito à contratada de ter seus preços
reajustados (Acórdão nº 73/2010-TCU-Plenário ).
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
Até este momento, compreendemos a extensão das responsabilidades envolvidas na fiscalização de uma
obra pública (Parte I) e exploramos as principais atividades atribuídas ao fiscal (Parte II). Mas, quando há
recursos da União aplicados nessa obra, é importante que você conheça também quais serão as exigências
da mandatária para liberar tais recursos. É isso que veremos na última parte da nossa aula.
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Para cada solicitação da liberação de recursos, a Caixa exige a apresentação da documentação listada abaixo:
» O RRE deve ser assinado pelo responsável técnico pela fiscalização da obra e pelo representante
legal do Tomador.
» O BM ou a PLE deve ser assinado pelo responsável técnico pela fiscalização da obra cuja ART/
RRT foi apresentada à Caixa;
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
• Para contratos de repasse assinados a partir de 02/01/2018, também deve ser apresentada a
documentação referente à acessibilidade para obras e serviços de engenharia exigida pela Instrução
Normativa nº 2/2017.
Nas obras realizadas no Regime de Empreitada por Preço Unitário, o acompanhamento da Caixa é realizado
por meio de BM unitário (indicando as quantidades de cada insumo/serviço executado).
Para obras realizadas no Regime de Empreitada por Preço Global e Empreitada Integral, o acompanhamento
pode ser realizado por eventos ou, em alguns casos excepcionais, por percentual executado (indicando os
percentuais de cada serviço executado). No caso de Contratação Integrada, é obrigatório o acompanhamento
por eventos.
O acompanhamento por eventos ocorre por meio da utilização da PLE - aba eventograma, que informa os
eventos executados em cada período.
Para a montagem da PLE, o Tomador elaborará eventograma com memória de cálculo que demonstre o
agrupamento de serviços e as respectivas quantidades que compõem cada evento, conforme as frentes
de obra.
Para a formação dos eventos, valem as mesmas regras que vimos em “medição por etapas”, pois eventos
em demasia tornam o acompanhamento quase que por itens unitários. Por outro lado, eventos em número
reduzido fazem com que etapas divisíveis de obras só possam ser pagas quando sua totalidade estiver
concluída.
Nos contratos de repasse assinados a partir de 02/01/2017, são previstas regras diferenciadas para solicitar
a liberação dos recursos, que variam em função do valor do contrato de repasse, conforme tabela a seguir:
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
NÍVEL VALOR DE REPASSE (VR) Regras para realização de vistorias pela CAIXA e
valores mínimos por solicitação
I Execução de obras e serviços de Contratos de repasse anteriores a 2018: Vistorias
engenharia com VR iguais ou previstas de serem realizadas nas parcelas que
superiores a R$ 250.000,00 e apresentarem execução física acumulada de 50% e 100%
inferiores a R$ 750.000,00. do objeto do CR.
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
NÍVEL VALOR DE REPASSE (VR) Regras para realização de vistorias pela CAIXA e
valores mínimos por solicitação
IV Execução de custeio ou aquisição Não há previsão de vistoria.
de equipamentos com VR iguais
ou superiores a R$ 100.000,00 e
inferiores a R$ 750.000,00.
V Execução de custeio ou aquisição No mínimo uma vistoria, considerando a especificidade
de equipamentos com VR iguais ou do objeto e vedado o desbloqueio de duas parcelas
superiores a R$ 750.000,00 consecutivas sem vistoria realizada.
O ente Tomador dos recursos pode solicitar à Caixa que seja realizada vistoria
extraordinária ou liberação de recursos inferiores aos mínimos previstos.
Nesses casos, cabe ao Tomador ressarcir a Caixa por esses serviços técnicos
extraordinários, que não estavam previstos e precificados originalmente.
Observe que a atividade desenvolvida pela Caixa não retira a responsabilidade do fiscal da obra, pois as
esferas de atuação são distintas.
A Caixa atua no acompanhamento das obras com o objetivo de garantir a regularidade na execução dos
repasses, realizando o desbloqueio de recursos financeiros, mediante vistorias nas obras e verificações
documentais.
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
• firmar prazos; e
O acompanhamento de engenharia da Caixa consiste na aferição da execução do objeto, das suas metas e
etapas/fases, conforme projeto de engenharia aceito, por meio da verificação da compatibilidade deste com
o efetivamente executado e tem como objetivos principais:
• verificar se o empreendimento que está sendo executado é aquele efetivamente contratado com a
Caixa, que foi analisado e aceito nas análises de engenharia e da licitação;
O acompanhamento de engenharia realizado pela Caixa é formalizado por meio da emissão do Relatório de
Acompanhamento de Engenharia (RAE), a partir do(a):
A vistoria técnica é a fase de campo do acompanhamento de engenharia realizado pela Caixa em conjunto
com os responsáveis técnicos pela execução e fiscalização do empreendimento.
• o avanço físico da execução do objeto atestado pela fiscalização da obra é compatível com as obras ou
os serviços verificados em campo e com o projeto aceito;
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
• o avanço físico da execução do objeto atestado pela fiscalização da obra é compatível com o
cronograma físico-financeiro vigente;
• o respectivo valor financeiro, calculado pela fiscalização da obra, é compatível com o avanço físico
verificado em campo;
• as dimensões dos serviços materialmente mais relevantes estão visualmente compatíveis com o
projeto aceito, solicitando, em caso de dúvida, a comprovação por meio de instrumentos de medição
por parte da fiscalização da obra;
• as obras e os serviços possuem qualidade compatível com as especificações técnicas do projeto aceito,
verificado visualmente;
• existe a Licença de Instalação ou outra manifestação do órgão ambiental, quando exigida na análise
de engenharia realizada pela Caixa;
• as responsabilidades técnicas do ente executor e do(s) fiscal(is) das obras estão formalmente definidas
por meio de ART/RRT;
Nas vistorias técnicas da Caixa, quando identificado que a obra foi executada com modificações em relação
à proposta analisada inicialmente e/ou não atingiu a evolução declarada, será suspensa a liberação das
parcelas previstas, bem como o desbloqueio dos valores da conta vinculada do contrato de repasse, até a
regularização da pendência.
3.4 GLOSAS
A Caixa não irá aferir os serviços, medidos pelo responsável técnico pela fiscalização do empreendimento,
que estejam nas seguintes condições:
• que tenham pendências/exigências contidas em peças técnicas anteriores que permanecem sem
solução e necessitem de reiteração;
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
Nesses casos, a Caixa indicará as incoerências entre o percentual de execução atestado pela fiscalização
da obra e o efetivamente aferido pelo arquiteto/engenheiro da Caixa e efetuará a glosa (abatimento)
desses valores.
Além disso, a Caixa tem por prática alertar o chefe do poder tomador do recurso (prefeito ou governador) que
a fiscalização sob seu comando apresentou peça técnica em desacordo com a realidade, em desobediência
ao art. 67 da Lei n° 8.666/1993.
Os recursos referentes aos serviços glosados somente poderão ser liberados após solucionados os
apontamentos feitos pela Caixa.
São considerados para fins de desbloqueio apenas os serviços realizados e materiais aplicados, não sendo
considerados materiais em estoque e não aplicados em obras, exceto nos casos em que o critério de medição
permite sua antecipação.
• A Caixa não irá aferir os serviços, medidos pelo responsável técnico pela
fiscalização do empreendimento, que estejam, dentre outras condições:
medidos em quantidade superior ao previsto; com quantidades medidas
e não executadas; não previstos no orçamento aceito ou reprogramado;
executados com qualidade ou materiais inadequados e/ou em desacordo
com os projetos; executados com qualidade insatisfatória.
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos o afinal da nossa terceira aula! Aqui, estudamos as principais atividades que o fiscal executa no
seu dia a dia.
Vimos, por exemplo, que o fiscal tem uma função orientativa muito importante. Além de esclarecer as
dúvidas do contratado, é ele quem estabelece as diretrizes a serem seguidas. Por isso, no momento em que
a ordem de início é emitida, o fiscal deve se reunir com o preposto da contratada para:
• discutir o cronograma que deverá ser seguido, procedendo aos ajustes necessários para que se tenha
um cronograma o mais próximo possível da realidade;
É recomendável que essa reunião se repita periodicamente e sempre que forem abertas novas frentes de
serviço ou mudarem as diretrizes anteriores.
O fiscal também deve manter o rigoroso controle do cronograma. Para esse fim, deve discutir com a
contratada, frequentemente, os prazos dos serviços em andamento e os problemas ou dificuldades que
podem prejudicar o cumprimento dos prazos pactuados.
• exigir a imediata substituição de materiais e o refazimento dos serviços quando estes divergirem das
especificações, sem ônus para a Administração Pública.
Aprendemos, ainda, as formas de se fazer medição: (a) por preço unitário, em que o fiscal deve conferir as
quantidades executadas em cada um dos serviços, fundamentando-as em memória de cálculo contendo,
por exemplo, croquis ou plantas iluminadas; ou (b) por etapas, em que o fiscal deve medir as etapas
objetivamente estabelecidas no instrumento convocatório, aferidas mediante simples inspeção visual. Em
ambos os casos, é recomendável inserir, anexo ao boletim de medição, fotografias mostrando o estágio em
que se encontra a obra, além de plantas iluminadas ou croquis do que está sendo medido.
Também vimos que, mesmo em obras realizadas por meio de convênios ou contratos de repasse, a presença
de um profissional (engenheiro ou arquiteto) da Caixa não afasta a necessidade de a obra possuir um
fiscal (ou equipe de fiscalização) do próprio ente/órgão contratante (Prefeitura, Estado ou empresa pública
municipal ou estadual).
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MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
A Caixa atua no acompanhamento das obras, com o objetivo de garantir a regularidade na execução dos
repasses, realizando o desbloqueio de recursos financeiros, mediante vistorias nas obras e verificações
documentais. A fiscalização das obras permanece sob responsabilidade de quem licitou e contratou a
empresa construtora.
Na aula seguinte, continuaremos falando das atribuições do fiscal. Trataremos, entre outros assuntos,
dos aditivos para mudanças de prazo ou valor da obra, de formalidades para o recebimento da obra e de
particularidades sobre a eventual paralisação das obras.
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ISC // EAD // OBRAS PÚBLICAS DE EDIFICAÇÃO E SANEAMENTO
REFERÊNCIAS
ALTOUNIAN, Cláudio Sarian. Obras Públicas, Licitação, Contratação, Fiscalização e Utilização. 3ª Edição.
Editora Fórum. Belo Horizonte, 2012
BRASIL. Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013. Estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento
de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da
União, e dá outras providências.
BRASIL. Lei nº 4.150, de 21 de novembro de 1962. Institui o regime obrigatório de preparo e observância
das normas técnicas nos contratos de obras e compras do serviço público de execução direta, concedida,
autárquica ou de economia mista, através da Associação Brasileira de Normas Técnicas e dá outras
providências.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
BRASIL. Lei nº 10.192, de 14 de fevereiro de 2001. Dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e
dá outras providências.
BRASIL. Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas -
RDC.
BRASIL. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 479/2007. Plenário. Rel. Min. Valmir Campelo.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2183/2007. Plenário. Rel. Min. Ubiratan Aguiar.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1210/2009. Plenário. Rel. Min. José Jorge.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1731/2009. Plenário. Rel. Min. Augusto Nardes.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 73/2010. Plenário. Rel. Min. José Mucio Monteiro.
44
MÓDULO EXECUÇÃO // AULA 3
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 963/2010. Plenário. Rel. Min. Benjamin Zymler.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 8140/2012. Segunda Câmara. Rel. Min. Augusto Nardes.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1977/2013. Plenário. Rel. Min. Valmir Campelo.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2622/2013. Plenário. Rel. Min. Marcos Bemquerer.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 334/2015. Plenário. Rel. Min. José Mucio Monteiro.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1565/2015. Plenário. Rel. Min. Vital do Rêgo.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1348/2017. Plenário. Rel. Min. Bruno Dantas.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1826/2017. Plenário. Rel. Min. Vital do Rêgo.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras
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LIMMER. Carl V. Planejamento, Orçamento e Controle de Projetos e Obras. 1ª edição. Editora LTC. 1996.
Republicado em 2013.
MEIRELLES. Helly Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43ª edição. Editora Malheiros. São Paulo. 2018.
OLIVEIRA. José Carlos de. Código de proteção e defesa do consumidor: jurisprudência, doutrina, legislação
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OLKOWSKI. Gustavo Ferreira. LIMA, Bruno Martinello et al. Planejamento da Licitação de Obras Públicas
de Edificação e Saneamento. 1ª edição. Editora Fórum. 2019.
45