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PACOTE DE EXERCÍCIOS – AFO PARA TÉCNICO DO TSE

PROF. GRACIANO ROCHA

AULA 01

Prezado aluno, saudações!

Esta é a primeira aula de nosso Pacote para Técnico Administrativo do TSE.


Trataremos da matéria Administração Financeira e Orçamentária,
dedicando-nos à resolução comentada de questões recentes de provas.

Com nossas aulas, além de ter acesso ao conteúdo programado, de forma bem
mastigada, você ainda verá os comentários e ênfases conforme o
comportamento das bancas nos últimos anos.

Por falar nisso, considerando que a Consulplan foi escolhida como organizadora
do concurso do Tribunal, e que essa banca não apresenta muita variedade de
questões de nossa matéria, empregaremos questões de outras organizadoras.

Devo alertar que, muitas vezes, mesmo as questões no formato original


“múltipla escolha” (A-B-C-D-E) serão adaptadas para o formato “certo ou
errado”, que é o padrão do CESPE. Isso permite um estudo mais pausado do
conteúdo, sem precisar entrar em outros assuntos que às vezes aparecem nas
alternativas de uma questão.

Para quem quiser se exercitar antes da resolução, as questões comentadas


durante as aulas estarão reproduzidas ao final dos arquivos, sem gabarito
visível, para quem quiser enfrentá-las “em estado puro”. O gabarito ficará na
última página.

Antes de avançarmos mais, conheçam-me um pouco. Eu me chamo Graciano


Rocha Mendes, tenho 31 anos, sou servidor público federal, ocupante do
cargo de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União;
estudioso de Orçamento Público; professor da matéria em cursos preparatórios
de Brasília e na Internet.

Passemos então nosso primeiro encontro. Boa aula!

GRACIANO ROCHA

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
 
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1. (ESAF/ACE/TCU/2006) São impositivos nos orçamentos públicos os


princípios orçamentários.

Os princípios orçamentários consistem ora em normas, ora em orientações


aplicáveis à elaboração e à execução do orçamento público. Eles se referem a
sistematizações, amadurecidas no tempo, que acabaram resumindo as
características mais apropriadas para a organização financeira dos entes
públicos.

Em vários casos, a legislação e a própria Constituição refletem a adoção desses


princípios em seus dispositivos. Com isso, sua aplicação torna-se
obrigatória na formalização e na execução dos orçamentos.

Apesar disso, não é possível entender esses princípios como


determinações absolutamente rígidas; eles são cercados de exceções e
flexibilizações, como ficará claro no decorrer de nossos comentários.

Questão CERTA.

Legalidade

2. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) O orçamento é um ato administrativo da


administração pública.

Uma das discussões mais antigas sobre o orçamento público diz respeito ao
conflito entre sua forma e seu conteúdo.

Quanto à forma, desde que os primeiros documentos contábeis foram


apresentados pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo, em países europeus e
nos Estados Unidos, a título de pedido de autorização de gastos, o
orçamento ganhou estatura de lei. Assim, a expressão “lei do orçamento” é
mais que secular – os Parlamentos aprovam os orçamentos na forma de leis
desde o século XIX.

Atualmente, o princípio da legalidade orçamentária encontra-se, entre outros,


no seguinte trecho da Constituição:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:


 
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(...)

III - os orçamentos anuais.

Por outro lado, quanto ao conteúdo, não há dúvidas de que o orçamento


público tem natureza de ato administrativo. A organização das finanças em
programas, a atribuição de recursos a certas despesas, a indicação de
competências de órgãos e entidades relativamente a certos setores de
atividade governamental, tudo isso tem a ver com a organização e o
planejamento da Administração Pública – atividades tipicamente
administrativas.

A  partir  disso  que  estamos  vendo,  ao  se  confrontar  a  lei  orçamentária 
com  o  significado  jurídico‐histórico  da  palavra  “lei”,  verifica‐se  certa 
desarmonia.  “Lei”  representa  um  ato  normativo  abstrato,  que  pode, 
entre  outras  coisas,  disciplinar  direitos  e  deveres,  normatizar  condutas, 
impor  punições  etc.  Para  aplicar‐se  a  lei,  nesse  sentido  estrito,  faz‐se 
necessário verificar os dados da realidade e compará‐los com a descrição 
abstrata trazida pela norma. 

O  que  ocorre  com  o  orçamento  público  é  que  ele  não  cria  nem 
regulamenta  direitos  e  deveres,  não  disciplina  condutas,  não  prevê 
punições  etc.  NÃO  TEM  CARÁTER  ABSTRATO;  pelo  contrário,  um 
orçamento  deve  se  revestir  de  concretude,  para  aplicação  mais 
apropriada e racional dos recursos públicos. 

É dessa discussão que nasce a definição do orçamento como “lei em sentido


formal”. A estatura do orçamento é de uma lei, aprovada pelo Parlamento,
sancionada pelo Chefe do Executivo; sua essência que é de um ato
administrativo.

Questão ERRADA

 
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3. (ESAF/ANALISTA/CVM/2010) À vista de tantas vinculações constitucionais,


pode-se afirmar que a lei orçamentária possui caráter impositivo.

Essa “legalidade flexível” do orçamento, sobre a qual comentamos acima, fica


evidente também ao se constatar que ele tem natureza apenas
autorizativa, e não, impositiva.

O governo não é obrigado a executar o orçamento tal qual ele é veiculado


pela lei orçamentária (com exceção das despesas obrigatórias em virtude de
outros normativos). Ou seja, despesas autorizadas apenas pela LOA, sem
outras vinculações legais, não têm obrigatoriedade de aplicação.

Isso contrasta bastante com as leis “normais”, cuja obrigatoriedade se aplica a


todos, mesmo a quem não tenha conhecimento delas (um dos princípios
básicos de Direito determina que não se pode justificar a desobediência à lei,
alegando-se o não conhecimento de sua existência).

Assim, a modificação, a retificação, a inversão de aspectos e itens no


orçamento durante sua execução, em comparação com o texto originalmente
aprovado, são fatos bastante comuns, distanciando o orçamento de sua
“aparência” inicial.

Nesse sentido, têm surgido diversas críticas, no âmbito parlamentar e na


opinião pública em geral, tendo como alvo o “descompromisso” do governo
quanto à execução do orçamento em observância ao texto original aprovado
pelo Congresso. Há correntes que defendem uma “conformação mista” do
orçamento, fixando-se pelo menos parte da LOA como de execução
obrigatória.

Não obstante a essência de ato administrativo, o fato de o orçamento ser uma


lei lhe proporciona a normatização de certos requisitos e obrigações de
natureza orçamentária, na esfera concreta.

Curiosamente, o STF decidiu, há pouco tempo (ADIN 4048/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, em 22/08/2008), que as leis de matéria orçamentária, mesmo não
tendo o caráter de abstração próprio das leis, sujeitam-se, também, ao
controle abstrato de constitucionalidade. Veja como o Supremo se manifestou,
na ementa dessa ação:
 
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CONTROLE  ABSTRATO  DE  CONSTITUCIONALIDADE  DE  NORMAS 


ORÇAMENTÁRIAS.  REVISÃO  DE  JURISPRUDÊNCIA.  O  Supremo  Tribunal 
Federal  deve  exercer  sua  função  precípua  de  fiscalização  da 
constitucionalidade  das  leis  e  dos  atos  normativos  quando  houver  um 
tema  ou  uma  controvérsia  constitucional  suscitada  em  abstrato, 
independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu 
objeto.  Possibilidade  de  submissão  das  normas  orçamentárias  ao 
controle abstrato de constitucionalidade. 

Tendo em vista o exposto, verifica-se que a questão está ERRADA. Não


obstante ser editado como lei, bem como a quantidade de regras aplicáveis,
estabelecidas na própria CF, o orçamento, em si só, tem natureza autorizativa.

4. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) Ao dispor sobre finanças públicas, a


Constituição da República autoriza o início de programas ou projetos não
incluídos na lei orçamentária anual, mediante prévia autorização do
Presidente da República.

Para essa questão, continua aplicável o mesmo raciocínio: para aplicar


recursos públicos, em quaisquer objetos ou finalidades, é necessário que haja
autorização orçamentária – em outras palavras, permissão do Poder Legislativo
– para tanto. Essa autorização pode vir consignada na LOA ou mediante
créditos adicionais.

Questão ERRADA.

5. (ESAF/ACE/TCU/2006) O orçamento público é uma lei de iniciativa do


Poder Executivo, que estabelece as políticas públicas para o exercício a
que se referir.

Dessa vez, fica evidente a correta interpretação, fixada pela CF/88, de que o
orçamento é uma lei, de iniciativa exclusiva do Executivo, cuja matéria é de

 
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natureza financeira e administrativa (daí o estabelecimento de “políticas


públicas” referido no enunciado).

Questão CERTA.

Unidade/totalidade

6. (FCC/ANALISTA/TRT-GO/2008) O princípio orçamentário da unidade não


está previsto na Lei nº 4.320/64.

A unidade é um dos “ancestrais” dos princípios orçamentários. Encontra-se


normatizado na Lei 4.320/64, que estabelece “normas gerais de direito
financeiro”, obrigatórias para todos os entes federados.

No art. 2º, a Lei 4.320/64 estabelece que “A Lei do Orçamento conterá a


discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica
financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
unidade, universalidade e anualidade”

Desses outros princípios, falaremos em seguida.

Questão ERRADA.

7. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. LONDRINA/2011) De acordo com a


elaboração do Orçamento Público, vários princípios orçamentários gerais
deverão ser observados. Identifique qual princípio disporá que “o
orçamento deve ser uno, indicando as receitas e os programas de trabalho
a serem desenvolvidos pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
apesar da Constituição Federal estabelecer três esferas orçamentárias, no
§ 5º de seu artigo 165, que são o orçamento fiscal, o orçamento de
investimento das empresas e o orçamento da seguridade social”:

A) Princípio da Universalidade.

B) Princípio da Anualidade.

C) Princípio do Equilíbrio.
 
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D) Princípio da Programação.

E) Princípio da Unidade.

Pelo princípio da unidade, o orçamento público deve ser uno, uma só


peça, garantindo uma visão de conjunto das receitas e das despesas.

Nesse momento, vale registrar uma informação histórica sobre o Orçamento


Público. Inicialmente, a peça orçamentária era bastante simples, primeiro
porque a participação do governo na vida econômica dos países europeus
(onde a lei orçamentária surgiu primeiro) não era muito ampla.

Nesses tempos, prestigiava-se o liberalismo econômico, a livre iniciativa dos


atores econômicos, e a intromissão do Estado nesse contexto era mal vista,
porque, desde sempre, o setor público foi visto como um mau gastador.
Portanto, o melhor que o governo poderia fazer seria gastar pouco e deixar os
recursos financeiros fluírem nas relações entre atores privados, sem
intervenções, sem tributação.

Assim, tendo a máquina estatal pequena dimensão e pouca participação na


economia – situação ideal para os liberais –, o orçamento consistia numa
autorização de gastos que também representava o controle do
tamanho do Estado. Assim, o Parlamento utilizava o orçamento como
ferramenta de controle da ação do Executivo.

Para facilitar esse controle, era necessário que o orçamento tivesse certas
características. Essas características vieram a constituir os primeiros
princípios orçamentários, dos quais, como já falamos, a unidade é um dos
melhores exemplares.

Sendo  o  orçamento  público  uma  peça  única,  a  tarefa  de  controle  e 


acompanhamento  dos  gastos  públicos  estaria  assegurada.  Caso  a 
execução  orçamentária  obedecesse  a  diversos  instrumentos,  diversas 
leis,  quadros,  normativos,  os  controladores  teriam  bem  mais  dores  de 
cabeça. 

 
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Porém,  ocorre  que  o  crescimento  do  aparelho  do  Estado,  em 


praticamente todos os países, a partir do século XX, ocasionou a criação 
de  estruturas  descentralizadas  e  autônomas  –  as  conhecidas  entidades 
da  administração  indireta.  Essas  entidades  também  cumpriam 
(cumprem)  funções  estatais,  mas  sua  autonomia,  inclusive  financeira, 
dificultava  a  consolidação  do  orçamento  público  numa  só  peça,  bem 
como o acompanhamento de sua execução. 

No caso brasileiro, a Constituição de 1988 trouxe uma disposição “fatal” para a


visão tradicional do princípio da unidade:

Art. 165, § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e


entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos


a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Pisou pra valer, hein?

Assim, a própria Constituição estabeleceu três orçamentos diferentes. É


dessa evolução que a doutrina instituiu o “princípio da totalidade”, como
uma “atualização” do da unidade.

Segundo o professor James Giacomoni (in “Orçamento Público”, ed. Atlas, 14ª
edição), pelo princípio da totalidade, é possível a coexistência de orçamentos
variados, desde que estejam consolidados numa peça, de forma que
continue sendo possível uma visão geral das finanças públicas.

 
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Dessa forma, os três orçamentos instituídos pela CF/88 respeitam o


princípio da unidade/totalidade, já que, como diz o § 5º do art. 165, eles
compõem uma só peça: a Lei Orçamentária Anual.

Gabarito: E.

8. (CONSULPLAN/ADMINISTRADOR/PREF. LONDRINA/2011) O Princípio


Orçamentário que estabelece “que todos os órgãos autônomos que
constituem o setor público devem se fundamentar em uma única política
orçamentária estruturada uniformemente e que se ajuste a um único
método” é:

A) Princípio da Unidade.

B) Princípio da Programação.

C) Princípio da Universalidade.

D) Princípio da Anualidade.

E) Princípio da Exclusividade.

Apesar da descrição distinta da que se encontra normalmente na doutrina, é


possível perceber de qual princípio o enunciado trata. A tal “única política
orçamentária”, que se ajusta a “um único método”, aponta para a
aplicabilidade do princípio da unidade.

Gabarito: A.

9. (FCC/ANALISTA/TJ-AP/2009) O princípio da unidade é o que preconiza a


existência de um único documento orçamentário, consolidando as receitas
e despesas dos municípios no orçamento dos estados, e dos estados no
orçamento da União.

Quando falamos em unidade orçamentária, a ideia não está na instituição de


um orçamento único para todos os entes públicos. Essa unidade, ou totalidade,
fica restrita ao âmbito de cada integrante da Federação. Portanto, cada
 
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município, estado, o DF e a União devem editar seu orçamento próprio,


seguindo os princípios que estamos estudando.

Questão ERRADA.

Universalidade

10. (FCC/ANALISTA/TRT-GO/2008) O princípio da universalidade admite


exceções no tocante à fixação das despesas.

O princípio da universalidade e o recém-visto, da unidade/totalidade, são


complementares, articulados em torno da garantia do controle sobre o
orçamento. Enquanto a unidade/totalidade prioriza a agregação das receitas e
despesas do governo em poucos documentos (num só agregado, de
preferência), a universalidade estabelece que todas as receitas e despesas
devem constar da lei orçamentária.

Um orçamento único e universal é, portanto, o sonho de consumo de alguém


que tenha a titularidade do controle sobre as finanças públicas.

Além do art. 2º da Lei 4.320/64, que já vimos, o princípio da universalidade


também é evidente nos arts. 3º e 4º da mesma lei:

Art. 3º A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de


operações de crédito autorizadas em lei.

Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos


órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio
deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.

Novamente, segundo a lição do professor Giacomoni, o princípio da


universalidade proporciona ao Legislativo:

• conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia


autorização para a respectiva arrecadação e realização;

• impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e


despesa sem prévia autorização parlamentar;
 
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• conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a


fim de autorizar a cobrança dos tributos estritamente necessários para
atendê-las.

Alguns trechos acima poderão causar estranhamento. É que essa história 
de a lei orçamentária “autorizar a arrecadação” da receita não se aplica 
mais.  

Até  a  Constituição  de  1967,  isso  era  verdade,  mas,  de  lá  para  cá,  os 
tributos  e  sua  arrecadação  são  regulamentados  por  leis  próprias.  A  lei 
orçamentária, atualmente, não autoriza a arrecadação, apenas a prevê. 
A arrecadação ocorre havendo ou não orçamento publicado. 

Entretanto, não é raro encontrar questões que se refiram a esse aspecto 
de maneira “tradicional”, já que, historicamente, a função do orçamento 
também foi de autorização da arrecadação.  

Portanto,  surgindo  questões  totalmente  teóricas,  sem  aplicação  à 


realidade atual, que confirmem o papel autorizador da lei orçamentária 
quanto à arrecadação, marque CERTO.  

Pragmatismo: devemos dançar conforme a música! Depois de acertar o 
gabarito, você pode esbravejar o quanto quiser contra a banca.  

O enunciado básico do princípio da universalidade demonstra sua


“inflexibilidade”: não se admitem exceções a esse brocardo.

Questão ERRADA.

11. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) Quando se afirma que o


orçamento deve conter todas as receitas a serem arrecadadas e todas as
despesas a serem realizadas no exercício financeiro, decorre da aplicação
do seguinte princípio:

A) Valores correntes.
 
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B) Unidade.

C) Regime de Caixa.

D) Regime de Competência.

E) Universalidade.

O teor do enunciado evidencia claramente de qual princípio se está tratando:


“todas as receitas”, “todas as despesas” são expressões que se vinculam ao
princípio da universalidade.

Gabarito: E.

12. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) O princípio da universalidade expressa que


as despesas devem estar previstas de forma genérica e universal.

Tudo bem que o princípio da universalidade determina a evidenciação das


despesas no orçamento de forma universal, sem exceções; entretanto, esse
princípio não exige que isso ocorra genericamente, sem detalhes da aplicação
da despesa. Na verdade, isso contraria outro princípio orçamentário, sobre o
qual trataremos mais adiante: o da discriminação.

Questão ERRADA.

Orçamento Bruto

13. (FCC/AGENTE/DEFENSORIA-SP/2009) O princípio do orçamento bruto tem


seu cerne no art. 6º da Lei nº 4.320/1964, que estatui que as receitas e
despesas constarão da lei orçamentária pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.

Já deixamos bem destacado que a necessidade de controle dos gastos públicos


fundamentou bastante a maturação de princípios orçamentários.

Se qualquer fato chega a afetar as receitas públicas, diminuindo o volume que


realmente deveria entrar em caixa, a ocultação desse fato geraria

 
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insegurança, desinformação e, quem sabe, algum prejuízo futuro ao ente


público.

A contabilidade pública tem como uma de suas funções a prestação de


informações fidedignas sobre o patrimônio e o orçamento, a fim de que
decisões por parte dos responsáveis sejam baseadas em dados corretos. Desse
modo, deduções, abatimentos, diminuições que afetam o conjunto das receitas
públicas devem ser considerados no orçamento.

É essa preocupação com a transparência e a fidedignidade das informações


orçamentárias que baseia o princípio do orçamento bruto, cujo teor é
complementar ao princípio da universalidade. Enquanto a universalidade
estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem constar do
orçamento, o princípio do orçamento bruto acrescenta a observação “pelos
seus valores brutos, sem deduções”.

Assim, se for o caso de se fazer uma dedução a uma receita, o ente público
não pode apenas registrar o valor líquido a ser arrecadado. Tanto a
arrecadação bruta quanto a dedução devem ser consideradas na elaboração da
peça orçamentária.

A questão reproduz, basicamente, o teor do enunciado do princípio do


orçamento bruto.

Questão CERTA.

14. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) A Lei nº 4.320/64 determina que a Lei do


Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a
evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do
governo, obedecendo, entre outros, o princípio da universalidade. Isso
significa que a lei orçamentária discriminará as receitas e despesas pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções, inclusive aquelas referentes a
transferências intergovernamentais.

O problema da questão foi atribuir a descrição do princípio do orçamento bruto


ao da universalidade. Seria possível fazer confusão entre ambos, já que, como

 
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indicamos acima, há grande proximidade entre os conceitos. Entretanto, a dica


da expressão “vedadas quaisquer deduções” é decisiva para a resolução.

Questão ERRADA.

Anualidade/Periodicidade

15. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) O Orçamento Público surgiu


para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do
Governo. Alguns Princípios deverão ser observados. “Há um princípio que
estabelece que a cada ano civil, coincidindo com o exercício financeiro
determinado pelo art. 34 da Lei 4320/64, deverá ser elaborada nova lei
orçamentária.” Trata-se do seguinte Princípio:

A) Orçamento Bruto.

B) Legalidade.

C) Especificação, discriminação ou especialização.

D) Exclusividade.

E) Anualidade.

Trataremos agora do terceiro princípio orçamentário mencionado pelo art. 2º


da Lei 4.320/64.

Segundo o prof. Giacomoni (mais uma vez!), o princípio de que o orçamento


deve ser elaborado e autorizado para o período normalmente de um ano está
ligado à antiga “regra da anualidade do imposto”, vigente até a Constituição de
1967.

Como já estudamos, até esse momento a lei orçamentária é que autorizava a


arrecadação tributária para um exercício, para cobrir as despesas
pertencentes a esse mesmo exercício.

Portanto, a disposição sobre o princípio da anualidade na Lei 4.320/64 ainda é


válida, tanto no art. 2º, já estudado, quanto no art. 34 (O exercício financeiro

 
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coincidirá com o ano civil). Por isso, entre outras coisas, justifica-se a
terminologia da lei orçamentária anual.

Gabarito: E.

16. (FCC/ANALISTA/TRF-02/2007) A lei orçamentária não precisa,


necessariamente, sujeitar-se ao princípio da anualidade.

A elaboração do orçamento para um período limitado de tempo favorece a


atividade de planejamento, pois, dessa forma, é possível programar a
aplicação dos recursos em objetivos do governo e verificar o alcance das metas
nos prazos estabelecidos.

Não  obstante  o  que  estamos  dizendo,  há  vários  programas  e  despesas 


assumidas pelo poder público cuja duração ultrapassa um exercício.  

Para  alcançar  objetivos  de  maior  dimensão,  apenas  ações  plurianuais 


podem  garantir  o  sucesso  dessas  iniciativas  governamentais.  A 
conciliação  entre  esses  programas  plurianuais  e  o  princípio  da 
anualidade/periodicidade ocorre por meio da execução “fatiada” dessas 
despesas  plurianuais,  com  parcelas  distribuídas  pela  sequência  de 
orçamentos anuais. 

Como o princípio da anualidade está “impregnado” na legislação e na própria


CF (aliás, o mesmo que ocorre com a maioria dos princípios orçamentários),
não é discricionário, para a Administração, aplicá-lo à atividade orçamentária.

Entretanto, como exceção ao princípio da anualidade, há a possibilidade de


execução, em outro exercício, de créditos adicionais (especiais e
extraordinários) autorizados no final do ano. Esse ponto será comentado
posteriormente, quando tratarmos dos créditos adicionais, que constituem
novas autorizações de despesa, além das consignadas na lei orçamentária.

Questão ERRADA.

 
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Exclusividade

17. (CONSULPLAN/CONTADOR/CREA-RJ/2011) Os princípios orçamentários


são impositivos quando da elaboração e execução do orçamento público.
Assinale o princípio orçamentário que afirma que “o orçamento não deve
conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação da despesa,
exceto a autorização para abertura de créditos suplementares até
determinado limite e para a realização de operações de crédito por
antecipação da receita orçamentária”:

A) Princípio da Universalidade.

B) Princípio da Unidade.

C) Princípio do Equilíbrio.

D) Princípio da Clareza.

E) Princípio da Exclusividade.

Agora trataremos de um dos princípios mais manjados em concursos públicos.


Figurinha carimbada!

Acima, na questão, estamos vendo o enunciado do princípio da


exclusividade. Segundo a doutrina, a lei orçamentária deve conter apenas
matéria financeira, não trazendo conteúdos alheios à previsão da receita
e à fixação da despesa.

O princípio da exclusividade pode ser traduzido pela afirmação inicial do art.


165, § 8º, da CF/88:

“A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e à fixação da despesa (...)”.

A ideia subjacente ao princípio da exclusividade é evitar que matérias não


financeiras “caronas” sejam tratadas na lei orçamentária, aproveitando-se
do ritmo mais rápido de sua aprovação pelo Parlamento. Em tempos
passados, o Executivo utilizava-se dessa manobra, para colocar rapidamente,
em pauta de votação, assuntos de seu interesse.

 
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Gabarito: E.

18. (FCC/AGENTE/DEFENSORIA-SP/2009) Como o princípio da exclusividade


estatui que a lei orçamentária anual não poderá conter dispositivo
estranho à previsão de receita e fixação da despesa, a peça orçamentária
não poderá conter autorização para créditos suplementares.

Para completar o entendimento sobre o princípio da exclusividade, temos que


destacar as exceções que a própria Constituição impôs, na continuidade
do dispositivo que começamos a analisar acima:

“(...) não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos


suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei”.

Os créditos suplementares serão mais bem estudados nas aulas seguintes,


mas adianto que eles representam um acréscimo às despesas já previstas
na lei orçamentária anual, devendo apontar também as receitas que
suportarão esse incremento. É como uma “revisão para mais” da lei
orçamentária.

A outra exceção à exclusividade orçamentária trata da autorização para


contratação de operações de crédito. A própria LOA pode se antecipar a uma
necessidade futura de recursos além dos estimados, e autorizar a tomada de
empréstimos pelo ente público.

Vamos  separar  aqui  a  operação  de  crédito  “normal”  da  operação  de 
crédito  por  antecipação  da  receita  orçamentária,  ambas  referidas  no 
dispositivo constitucional acima, e passíveis de autorização pela LOA. 

As  operações  de  crédito  “normais”  constituem  receitas  orçamentárias, 


que  servirão  para  custear  despesas  orçamentárias.  Ou  seja,  para 
determinadas despesas, o dinheiro disponível não é próprio do governo; 
deverá ser tomado junto a agentes financiadores. 

 
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Por  outro  lado,  as  operações  por  antecipação  da  receita  orçamentária 
(ARO’s)  são  empréstimos  tomados  pelos  entes  públicos  para  suprir 
insuficiências  momentâneas  de  caixa.  Para  as  despesas,  nesse  caso, 
existe receita própria atribuída, que deverá ser arrecadada. 

Em  outras  palavras,  ARO’s  não  são  receitas  orçamentárias,  mas  sim 
empréstimos  que  substituem  receitas  orçamentárias  que  não  foram 
arrecadadas no  momento esperado. Essas receitas atrasadas, ao serem 
finalmente  realizadas,  servirão  então  para  honrar  as  ARO’s  que  as 
substituíram, ao invés das despesas originais. 

Portanto, além de prever receitas e fixar despesas, a lei orçamentária anual,


no Brasil, pode trazer esses dois tipos de autorização – que, no fundo, não
fogem da temática orçamentária.

Grave  essas  exceções,  porque  é  difícil  achar  um  tópico  tão  cobrado  em 
provas quando o tema é princípios orçamentários! 

A questão apresenta justamente uma das duas exceções ao princípio da


exclusividade, de modo que é possível a LOA conter autorização nesse sentido.
Questão ERRADA.

19. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. SÃO JOSÉ DE UBÁ-RJ/2010) Para que o


orçamento seja a expressão fiel do programa de um governo, como
também um elemento para a solução dos problemas da comunidade; para
que contribua eficazmente na ação estatal que busca o desenvolvimento
econômico e social; para que seja um instrumento de administração do
governo e ainda reflita as aspirações da sociedade, na medida em que
permitam as condições imperantes, principalmente a disponibilidade de
recursos, é indispensável que obedeça a determinados princípios. Desses
Princípios destacamos o que define: “Deverão ser incluídos no orçamento,
exclusivamente, assuntos que lhe sejam pertinentes.” Marque a
alternativa que corresponda corretamente a esse Princípio:

 
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A) Anualidade.

B) Universalidade.

C) Equilíbrio.

D) Exclusividade.

E) Clareza.

Apenas para dar mais um exemplo de como a banca pode cobrar o conteúdo: a
descrição do princípio é bastante diferente daquela apresentada pela CF/88,
mas a “moral da história” é fácil de captar. A pertinência de assuntos inseridos
na LOA com a temática orçamentária diz respeito ao princípio da exclusividade.

Gabarito: D.

Não Afetação/Não Vinculação

20. (FCC/ANALISTA/TRE-MS/2007) O princípio orçamentário que está


relacionado com a afirmação: “É vedada a vinculação de impostos a
órgãos e despesas”, é o da

(A) Universalidade.

(B) Unidade.

(C) Singularidade.

(D) Exclusividade.

(E) Não afetação da receita.

O princípio orçamentário da não afetação da receita “tem um pé” no Direito


Tributário. Desse ramo do direito, cabe trazer para nossas anotações o
conceito de arrecadação vinculada.

No Brasil, existem cinco espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de


melhoria, contribuições e empréstimos compulsórios.

 
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Os tributos podem ser arrecadados já com uma destinação legal para a


aplicação dos recursos correspondentes. Ou, por outro lado, os recursos
provenientes dos tributos podem estar “livres”, para aplicação em despesas
conforme as decisões do administrador público, sem interferência legislativa.

Assim, existem espécies tributárias com arrecadação vinculada, para


aplicação obrigatória em certas despesas, e outras com arrecadação não
vinculada. Os impostos são os típicos representantes desta última categoria.

As outras espécies tributárias (taxas, contribuições “lato sensu”, contribuições


de melhoria e empréstimos compulsórios) têm, comumente, arrecadação
vinculada.

Isso obedece ao arcabouço teórico da tributação, segundo o qual os impostos


são os tributos apropriados para que o ente público possa auferir renda, sem
estar obrigado a prestar qualquer obrigação junto à sociedade com os recursos
correspondentes. Impostos teriam a característica da fiscalidade (obtenção
de recursos como finalidade principal), e a aplicação de sua arrecadação seria
de livre arbítrio pelo ente público.

Gabarito: E.

21. (FCC/AUDITOR/TCE-SP/2008) Haverá vinculação de receita de imposto


para destinação de recursos para ações e serviços públicos de saúde, para
o desenvolvimento do ensino e para a realização de atividades da
administração tributária.

Então, voltando ao princípio da não vinculação, cabe destacar que ele ganhou
estatura constitucional, mas com uma série de exceções:

Art. 167. São vedados:

(...)

IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,


ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
 
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públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para


realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

(...)

§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a


que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158
e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e
para pagamento de débitos para com esta.

Destrinchando os dispositivos acima, as vinculações à receita de impostos,


permitidas pela Constituição, são:

• repartição da arrecadação do imposto de renda e do imposto sobre


produtos industrializados, compondo o Fundo de Participação dos Estados
e o de Participação dos Municípios (CF/88, art. 159, inc. I);

• destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde (CF/88,


art. 198, § 2º);

• destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino


(CF/88, art. 212);

• destinação de recursos para realização de atividades da administração


tributária (CF/88, art. 37, inc. XXII);

• prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita


– ARO (CF/88, art. 165, § 8º);

• prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de


débitos para com esta.

Portanto, o princípio da não vinculação da receita de impostos está no início do


inciso IV do art. 167, e as exceções a ele compõem todo o resto do texto e o §
4º.

 
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Não há outras exceções além dessas. E, tratando-se de dispositivo


constitucional, para acrescentar mais alguma exceção ao princípio da não
vinculação, ou para suprimir uma exceção já existente, só por meio de
emenda à Constituição.

Vale  escrever  uma  nota,  destacando  o  alto  nível  de  vinculação  que  a 
arrecadação tributária sofre no Brasil.  

As taxas e contribuições são naturalmente destinadas a certas despesas; 
os impostos, embora sejam relacionados ao princípio da não vinculação, 
também  são  destinados  a  diversas  despesas,  por  ordem  da  própria 
Constituição, como se depreende das exceções vistas acima. 

Nesse  sentido,  há  um  dispositivo  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal  que 
reforça  essa  necessidade  de  aplicação  das  receitas  vinculadas  nas 
despesas para as quais foram atribuídas. Vejamos a lei seca: 

Art. 8º, parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade


específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Portanto,  a  partir  dessa  determinação  da  LRF,  nem  mesmo  a 


arrecadação  que  “sobrar”  em  determinado  exercício  está  livre,  se  sua 
origem estiver ligada a alguma vinculação legal. 

Pois  bem,  diante  desse  quadro  de  alta  vinculação  dos  recursos,  para 
“desamarrar”  um  pouco  as  receitas  tributárias  de  suas  aplicações 
obrigatórias, instituiu‐se, desde 1994, um  mecanismo de desvinculação, 
por meio de emenda à Constituição.  

A  chamada  Desvinculação  das  Receitas  da  União  (DRU)  libera  20%  dos 
impostos  e  contribuições  vinculados,  para  livre  aplicação  pelos 
administradores públicos. O objetivo desse mecanismo é evitar situações 

 
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nas  quais  certos  setores  da  ação  governamental  tenham  recursos 


abundantes, enquanto outros passam por penúria. 

Como as hipóteses trazidas pelo enunciado pertencem à lista de exceções


constitucionais ao princípio da não afetação, a questão está CERTA.

Especificação/Especialização/Discriminação

22. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) “Há uma exigência na Lei


4320/64 quanto à apresentação da despesa na lei do orçamento,
afirmando que se fará no mínimo, por elementos, ou seja, desdobramento
da despesa com pessoal, material, serviços, obras etc.” Tal afirmativa
consagra o seguinte princípio orçamentário:

A) Economia.

B) Especificação, discriminação ou especialização.

C) Eficiência.

D) Eficácia.

E) Categoria Econômica.

Historicamente, nos países em que o orçamento foi primeiramente adotado


como peça institucional, observou-se a exigência, feita pelos parlamentos, de
discriminação das receitas e despesas por parte do Executivo.

Os controladores desejavam saber de onde sairiam os recursos arrecadados e


a sua aplicação. Assim, o fato de as receitas e despesas serem publicadas de
forma detalhada também favorecia a tarefa de controle do orçamento.

Esse mandamento perdurou na evolução da peça orçamentária, e


institucionalizou-se no Brasil sob a forma legal. Na Lei 4.320/64, encontram-se
os seguintes trechos:

Art. 5º. A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a


atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros,
 
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transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu


parágrafo único.

Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo


por elementos.

O que se buscou na Lei 4.320/64 foi algo parecido com a exigência inicial, nos
países em que se originou o orçamento público, quanto à discriminação das
receitas e despesas.

Para a Lei, também era necessário disponibilizar informações detalhadas, na


LOA, deixando evidente qual fim teriam os recursos públicos, e para evitar que
as decisões sobre a aplicação da arrecadação ficassem concentradas nas
mãos dos gestores, fora das vistas do controle externo.

Dessa forma, a exigência legal referida pela questão, que determina o


detalhamento do orçamento, está ligada ao princípio da discriminação.

Gabarito: B.

23. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O detalhamento da


programação orçamentária, em consonância com o princípio da
especialização, deve permitir a discriminação até onde seja necessário
para o controle operacional e contábil e, ao mesmo tempo,
suficientemente agregativo para facilitar a formulação e a análise das
políticas públicas.

O que se percebeu, com o passar do tempo, e com a maior complexidade do


orçamento, foi a necessidade de um “meio termo” quanto ao princípio da
especialização.

Por um lado, um orçamento excessivamente detalhado pode se tornar uma


peça sem correspondência com a realidade, já que as circunstâncias no
momento da execução do orçamento podem fugir aos pequenos detalhes
fixados na LOA.

 
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Ao mesmo tempo, a edição de um orçamento totalmente genérico, com


dotações globais, significa a renúncia, pelo Parlamento, de seu papel de
controlador, o que também desrespeitaria vários princípios constitucionais e
não seria benéfico de maneira alguma para o bem-estar coletivo.

Dessa forma, o meio termo propugnado pela questão deve ser buscado pela
Administração em seu processo orçamentário. Questão CERTA.

24. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Na lei orçamentária, a


discriminação da despesa, quanto à sua natureza, será feita, no mínimo,
por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e modalidade de
aplicação.

Bem, agora que já delineamos o princípio da discriminação, vamos falar das


exceções/flexibilizações.

A doutrina reconhece alguns exemplos de exceção ao princípio da


discriminação, ou seja, situações em que o orçamento transparece uma “face
genérica”, sem detalhamento.

Originalmente, a Lei 4.320/64 determinou que “Na Lei de Orçamento a


discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos”, como vimos
agora há pouco. Isso estava conforme o princípio da discriminação; o
detalhamento da despesa em elementos tornava a LOA bastante minuciosa.

Porém, essa classificação detalhista foi flexibilizada há pouco tempo. Segundo


a Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001, que atualizou a classificação
pela natureza da despesa, a LOA não precisa mais trazer a despesa em
nível de elemento.

Ao invés disso, a alocação de recursos aos diferentes elementos de despesa


pode ficar a cargo das unidades executoras do orçamento, posteriormente à
aprovação da Lei.

Assim, podem-se verificar atualmente dotações destinadas ao mesmo tempo à


aquisição de materiais de consumo, pagamento de serviços de terceiros,
indenizações, pagamentos de diárias a servidores etc. (todas seriam
 
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consideradas “despesas de custeio”, ou, na classificação atual, “outras


despesas correntes”).

Outra exceção refere-se à reserva de contingência, que constitui uma


dotação genérica, sem aplicação definida, a partir da qual o poder público pode
atender a “passivos contingentes”, como pagamentos devidos a execuções
judiciais, ou executar novas dotações, por meio de créditos adicionais.

Além disso, como sinaliza a redação do art. 5º da Lei 4.320/64, o art. 20 e seu
parágrafo único, da mesma lei, trazem mais uma exceção ao princípio da
discriminação:

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os


projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza,


não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da
despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as
Despesas de Capital.

Trata-se dos “programas especiais de trabalho” (PET’s), grandes


investimentos públicos que, por sua complexidade e abrangência, não podem
ter toda sua composição de despesas explicitada de antemão. Assim, eles são
autorizados a partir de dotações globais, genéricas, e a correspondente
discriminação das despesas se dá durante a própria execução.

Como a questão reproduz a flexibilização trazida pela Portaria 163/2001, seu


gabarito é CERTA.

Clareza

25. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) De acordo com o princípio da


discriminação, o orçamento público deve ser apresentado em linguagem
clara e compreensível.

 
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Segundo o princípio da clareza, o orçamento deveria ser apresentado


numa linguagem acessível a todos que precisassem ou se interessassem em
acompanhá-lo.

Entretanto, considerando a atual complexidade inerente ao orçamento, que


agrega informações financeiras, legais, administrativas, contábeis e de
planejamento, sem falar num pano de fundo político, é difícil trazer à realidade
o cumprimento desse princípio.

Uma sugestão do prof. Giacomoni é a elaboração de peças comentadas


sobre a programação orçamentária, a partir de anexos da LOA. Dessa forma,
se o orçamento em si não pode ter sua linguagem simplificada, pela natural
necessidade de codificação, pelo menos se disponibilizaria uma forma paralela
de se compreender a complexidade de seu conteúdo.

Isso foi adotado na esfera federal a partir da elaboração do orçamento 
de  2011:  além  da  proposta  “técnica”  de  orçamento,  foi  editada  uma 
cartilha  especial,  chamada  “Orçamento  Federal  ao  Alcance  de  Todos”, 
que busca expor, de forma mais amigável, como deve se dar a aplicação 
de recursos federais nas diferentes áreas do governo, durante o exercício 
de 2011. Essa publicação está no link abaixo, vale visitar: 

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/sof/
100901_orc_fed_alcance_todos.pdf.  

Questão CERTA.

Equilíbrio

26. (FCC/ESPECIALISTA/SAEB-BA/2004) O orçamento não pode ser aprovado


com receita prevista em valor inferior à despesa nele fixada em razão do
princípio orçamentário do equilíbrio.

 
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Uma forma simples de entender o princípio do equilíbrio é considerar que deve


haver compatibilidade entre receita e despesa, de forma que as contas
públicas não sejam afetadas por déficits.

Entretanto, aprofundando mais o raciocínio sobre o tema, registram-se duas


formas de encarar esse princípio.

Em primeiro lugar, o equilíbrio formal do orçamento é observado quando a


lei orçamentária prevê receitas e fixa despesas em montantes iguais. Antes,
sob a vigência da Constituição de 1967, o equilíbrio formal do orçamento
chegou a ser firmado num dispositivo dessa Carta:

Art. 66 – O montante da despesa autorizada em cada exercício financeiro não


poderá ser superior ao total das receitas estimadas para o mesmo período.

Atualmente, a Constituição não traz determinação semelhante, mas o costume


perdura: as leis orçamentárias anuais fazem a previsão da receita e a fixação
da despesa em valores iguais. Assim, sob o aspecto formal, o princípio do
equilíbrio zela principalmente pela publicação de um orçamento
equilibrado.

Porém, na prática, o que se verifica hoje é que os recursos próprios do


governo não são suficientes para cobrir suas despesas. O equilíbrio formal
do orçamento é garantido pela contratação de operações de crédito – dinheiro
emprestado. Na LOA, os valores das operações de crédito são considerados
receita, conforme o mandamento insculpido na Lei 4.320/64 (Art. 3º A Lei de
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de
crédito autorizadas em lei).

Pelo exposto, o fato de um orçamento ser publicado de forma equilibrada não


implica o equilíbrio das contas públicas. É com essa preocupação que se
fala em equilíbrio real, ou equilíbrio material. Essa, inclusive, foi uma das
principais bandeiras tratadas na famosa Lei de Responsabilidade Fiscal.

Assim, sob essa ótica, busca-se evitar o crescimento desordenado das


despesas, sem lastro para cobri-las. Da mesma forma, deve-se evitar o
comprometimento das receitas a ponto de não sobrarem recursos para
amortizar a dívida pública.
 
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Conclui-se, desse modo, que o “equilíbrio material” está mais ligado à


execução equilibrada do orçamento do que à sua publicação com
montantes iguais de receita e despesa.

Para garantir o equilíbrio material, o governo pode lançar mão de diversos


expedientes: manutenção de metas de superávit, enxugamento de despesas
de custeio, abertura de créditos adicionais apenas com recursos já arrecadados
etc.

O enunciado demonstrou a adesão ao princípio do equilíbrio em sua vertente


formal. Questão CERTA.

27. (CONSULPLAN/ANALISTA/CESAN-ES/2011) “Para que o orçamento seja a


expressão fiel do programa de um governo, como também um elemento
para a solução dos problemas da comunidade, para que contribua
eficazmente na ação estatal e seja um instrumento de administração do
governo, é indispensável que se obedeça a determinados princípios.” É
correto afirmar que o Princípio do Equilíbrio:

A) Orienta que o período de um ano para o orçamento é o que melhor


atende à concretização dos objetivos sociais e econômicos.

B) Procura-se consolidar uma salutar política econômico-financeira que


produza a igualdade entre valores de receita e despesa, evitando dessa forma,
déficits espirais, que causam endividamento congênito, isto é, déficit que
obriga a constituição de dívida que, por sua vez, causa o déficit.

C) Diz respeito ao caráter formal, tem grande importância para tornar o


orçamento um instrumento eficiente de governo e administração. O poder de
comunicação do documento terá influência em sua melhor e mais ampla
utilização e sua difusão será tanto mais abrangente quanto maior for a clareza
que refletir.

D) O documento orçamentário integrado deve conter todos os aspectos


dos elementos programáveis que o constituem.

 
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E) Deve-se evitar que incluam na lei de orçamento, normas relativas a


outros campos jurídicos e, portanto, estranhas à previsão da receita e da
fixação da despesa.

A leitura das alternativas da questão permite identificar quais princípios estão


envolvidos: na letra A, aborda-se a anualidade; na C, a publicidade e a
clareza; na D, a universalidade; na E, a exclusividade. A alternativa que trata
do equilíbrio orçamentário é a letra B, que trata da sustentabilidade da política
econômico-financeira governamental, evitando-se o endividamento crescente.

Gabarito: B.

28. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) O princípio da clareza se sobrepõe ao do


equilíbrio, sendo possível contrair dívida pública, desde que seja
respeitado o princípio da clareza.

Em termos de importância para a saúde financeira dos entes públicos, o


princípio do equilíbrio tem preponderância sobre o da clareza, por tratar-se da
própria sustentabilidade fiscal. Assim, não se pode colocar em risco as finanças
do ente público sob a desculpa de que o endividamento está sendo divulgado
de forma ampla à sociedade.

Questão ERRADA.

Publicidade

29. (CESPE/CONTADOR/INMETRO/2007) O princípio da publicidade dispõe que


o conteúdo orçamentário deve ser divulgado por meio de veículos oficiais
de comunicação, para conhecimento público e para a eficácia de sua
validade.

A relevância que o orçamento assume na vida da sociedade torna necessário o


conhecimento amplo do conteúdo da LOA pelas pessoas, já que naquele
instrumento serão notadas as políticas públicas e prioridades escolhidas pelo
governo.

 
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Entretanto, aparece novamente a discussão relativa à clareza do orçamento:


como assegurar, simultaneamente, o entendimento da peça orçamentária pelo
cidadão comum e a necessária complexidade do instrumento, tendo em vista a
multiplicidade de informações que o integram? Esse é um desafio ainda a se
superar.

Não obstante, atualmente, ao menos em termos de divulgação, o princípio da


publicidade é concretizado, sobretudo pela disponibilização das leis
orçamentárias em sites governamentais, além dos veículos oficiais.

A partir desse aspecto, é possível perceber a relação do princípio da


publicidade também com o princípio da legalidade. Para vigorar, uma lei deve
ser publicada em veículos oficiais de comunicação (tipicamente, Diário Oficial)
– e a lei orçamentária não é exceção a essa regra.

Questão CERTA.

Bem, caro aluno, nosso primeiro encontro fica por aqui.

Aguardo você na aula que vem. Podemos nos falar por meio do fórum de
dúvidas, ou então pelo email professor.graciano.rocha@gmail.com.

Forte abraço, até a próxima!

GRACIANO ROCHA

 
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RESUMO DA AULA

1. O orçamento público tem natureza de ato administrativo, pelo que é


considerado uma lei em sentido formal.

2. O princípio da unidade/totalidade preza a agregação das receitas e


despesas do Estado numa só peça, favorecendo a atividade de controle.

3. O princípio orçamentário da universalidade estabelece que todas as


receitas e despesas devem constar da lei orçamentária, garantindo-se
uma visão geral sobre as finanças públicas e evitando-se a realização de
operações orçamentárias sem conhecimento do Poder Legislativo.

4. O princípio do orçamento bruto é complementar ao da universalidade, e


determina que as receitas e despesas devem aparecer no orçamento sem
qualquer dedução.

5. Segundo o princípio da anualidade/periodicidade, o orçamento deve ser


elaborado e autorizado para um período definido, normalmente de um
ano.

6. A própria Constituição expressa o princípio da exclusividade, em seu art.


165, § 8º (A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa). Também a Constituição traz
as exceções a esse princípio: a autorização para abertura de créditos
suplementares e a autorização para a realização de operações de crédito
(inclusive ARO).

7. O princípio da não-afetação refere-se à impossibilidade de vinculação da


receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, com as exceções trazidas
pela norma constitucional.

8. As receitas vinculadas deverão atender sempre à execução do objeto de


sua vinculação, ainda que em exercício posterior ao de sua arrecadação.

9. O princípio da discriminação preza pelo detalhamento, até onde for


possível, das receitas e despesas, para verificação, pelos órgãos de
controle, da origem e da aplicação dos recursos públicos.

 
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10. Conforme o princípio orçamentário da clareza, o orçamento deve ser


apresentado numa linguagem acessível a todos que precisem ou se
interessem em acompanhá-lo.

11. O princípio do equilíbrio abrange as vertentes formal e material. Na


vertente formal, o orçamento deve ser aprovado com receitas e despesas
em igual montante. Na vertente material, a execução orçamentária deve
garantir o equilíbrio das contas públicas.

12. Pelo princípio da publicidade, o orçamento deve ser levado ao


conhecimento do público, por meio de instrumentos oficiais de
comunicação ou de outras formas, garantindo-se também sua eficácia.

 
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QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

1. (ESAF/ACE/TCU/2006) São impositivos nos orçamentos públicos os


princípios orçamentários.

2. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) O orçamento é um ato administrativo da


administração pública.

3. (ESAF/ANALISTA/CVM/2010) À vista de tantas vinculações constitucionais,


pode-se afirmar que a lei orçamentária possui caráter impositivo.

4. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) Ao dispor sobre finanças públicas, a


Constituição da República autoriza o início de programas ou projetos não
incluídos na lei orçamentária anual, mediante prévia autorização do
Presidente da República.

5. (ESAF/ACE/TCU/2006) O orçamento público é uma lei de iniciativa do


Poder Executivo, que estabelece as políticas públicas para o exercício a
que se referir.

6. (FCC/ANALISTA/TRT-GO/2008) O princípio orçamentário da unidade não


está previsto na Lei nº 4.320/64.

7. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. LONDRINA/2011) De acordo com a


elaboração do Orçamento Público, vários princípios orçamentários gerais
deverão ser observados. Identifique qual princípio disporá que “o
orçamento deve ser uno, indicando as receitas e os programas de trabalho
a serem desenvolvidos pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
apesar da Constituição Federal estabelecer três esferas orçamentárias, no
§ 5º de seu artigo 165, que são o orçamento fiscal, o orçamento de
investimento das empresas e o orçamento da seguridade social”:

A) Princípio da Universalidade.

B) Princípio da Anualidade.

C) Princípio do Equilíbrio.

D) Princípio da Programação.

 
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E) Princípio da Unidade.

8. (CONSULPLAN/ADMINISTRADOR/PREF. LONDRINA/2011) O Princípio


Orçamentário que estabelece “que todos os órgãos autônomos que
constituem o setor público devem se fundamentar em uma única política
orçamentária estruturada uniformemente e que se ajuste a um único
método” é:

A) Princípio da Unidade.

B) Princípio da Programação.

C) Princípio da Universalidade.

D) Princípio da Anualidade.

E) Princípio da Exclusividade.

9. (FCC/ANALISTA/TJ-AP/2009) O princípio da unidade é o que preconiza a


existência de um único documento orçamentário, consolidando as receitas
e despesas dos municípios no orçamento dos estados, e dos estados no
orçamento da União.

10. (FCC/ANALISTA/TRT-GO/2008) O princípio da universalidade admite


exceções no tocante à fixação das despesas.

11. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) Quando se afirma que o


orçamento deve conter todas as receitas a serem arrecadadas e todas as
despesas a serem realizadas no exercício financeiro, decorre da aplicação
do seguinte princípio:

A) Valores correntes.

B) Unidade.

C) Regime de Caixa.

D) Regime de Competência.

E) Universalidade.

 
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12. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) O princípio da universalidade expressa que


as despesas devem estar previstas de forma genérica e universal.

13. (FCC/AGENTE/DEFENSORIA-SP/2009) O princípio do orçamento bruto tem


seu cerne no art. 6º da Lei nº 4.320/1964, que estatui que as receitas e
despesas constarão da lei orçamentária pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.

14. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) A Lei nº 4.320/64 determina que a Lei do


Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a
evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do
governo, obedecendo, entre outros, o princípio da universalidade. Isso
significa que a lei orçamentária discriminará as receitas e despesas pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções, inclusive aquelas referentes a
transferências intergovernamentais.

15. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) O Orçamento Público surgiu


para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do
Governo. Alguns Princípios deverão ser observados. “Há um princípio que
estabelece que a cada ano civil, coincidindo com o exercício financeiro
determinado pelo art. 34 da Lei 4320/64, deverá ser elaborada nova lei
orçamentária.” Trata-se do seguinte Princípio:

A) Orçamento Bruto.

B) Legalidade.

C) Especificação, discriminação ou especialização.

D) Exclusividade.

E) Anualidade.

16. (FCC/ANALISTA/TRF-02/2007) A lei orçamentária não precisa,


necessariamente, sujeitar-se ao princípio da anualidade.

17. (CONSULPLAN/CONTADOR/CREA-RJ/2011) Os princípios orçamentários


são impositivos quando da elaboração e execução do orçamento público.
Assinale o princípio orçamentário que afirma que “o orçamento não deve

 
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conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação da despesa,


exceto a autorização para abertura de créditos suplementares até
determinado limite e para a realização de operações de crédito por
antecipação da receita orçamentária”:

A) Princípio da Universalidade.

B) Princípio da Unidade.

C) Princípio do Equilíbrio.

D) Princípio da Clareza.

E) Princípio da Exclusividade.

18. (FCC/AGENTE/DEFENSORIA-SP/2009) Como o princípio da exclusividade


estatui que a lei orçamentária anual não poderá conter dispositivo
estranho à previsão de receita e fixação da despesa, a peça orçamentária
não poderá conter autorização para créditos suplementares.

19. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. SÃO JOSÉ DE UBÁ-RJ/2010) Para que o


orçamento seja a expressão fiel do programa de um governo, como
também um elemento para a solução dos problemas da comunidade; para
que contribua eficazmente na ação estatal que busca o desenvolvimento
econômico e social; para que seja um instrumento de administração do
governo e ainda reflita as aspirações da sociedade, na medida em que
permitam as condições imperantes, principalmente a disponibilidade de
recursos, é indispensável que obedeça a determinados princípios. Desses
Princípios destacamos o que define: “Deverão ser incluídos no orçamento,
exclusivamente, assuntos que lhe sejam pertinentes.” Marque a
alternativa que corresponda corretamente a esse Princípio:

A) Anualidade.

B) Universalidade.

C) Equilíbrio.

D) Exclusividade.

 
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E) Clareza.

20. (FCC/ANALISTA/TRE-MS/2007) O princípio orçamentário que está


relacionado com a afirmação: “É vedada a vinculação de impostos a
órgãos e despesas”, é o da

(A) Universalidade.

(B) Unidade.

(C) Singularidade.

(D) Exclusividade.

(E) Não afetação da receita.

21. (FCC/AUDITOR/TCE-SP/2008) Haverá vinculação de receita de imposto


para destinação de recursos para ações e serviços públicos de saúde, para
o desenvolvimento do ensino e para a realização de atividades da
administração tributária.

22. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) “Há uma exigência na Lei


4320/64 quanto à apresentação da despesa na lei do orçamento,
afirmando que se fará no mínimo, por elementos, ou seja, desdobramento
da despesa com pessoal, material, serviços, obras etc.” Tal afirmativa
consagra o seguinte princípio orçamentário:

A) Economia.

B) Especificação, discriminação ou especialização.

C) Eficiência.

D) Eficácia.

E) Categoria Econômica.

23. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O detalhamento da


programação orçamentária, em consonância com o princípio da
especialização, deve permitir a discriminação até onde seja necessário
para o controle operacional e contábil e, ao mesmo tempo,
 
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suficientemente agregativo para facilitar a formulação e a análise das


políticas públicas.

24. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Na lei orçamentária, a


discriminação da despesa, quanto à sua natureza, será feita, no mínimo,
por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e modalidade de
aplicação.

25. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) De acordo com o princípio da


discriminação, o orçamento público deve ser apresentado em linguagem
clara e compreensível.

26. (FCC/ESPECIALISTA/SAEB-BA/2004) O orçamento não pode ser aprovado


com receita prevista em valor inferior à despesa nele fixada em razão do
princípio orçamentário do equilíbrio.

27. (CONSULPLAN/ANALISTA/CESAN-ES/2011) “Para que o orçamento seja a


expressão fiel do programa de um governo, como também um elemento
para a solução dos problemas da comunidade, para que contribua
eficazmente na ação estatal e seja um instrumento de administração do
governo, é indispensável que se obedeça a determinados princípios.” É
correto afirmar que o Princípio do Equilíbrio:

A) Orienta que o período de um ano para o orçamento é o que melhor


atende à concretização dos objetivos sociais e econômicos.

B) Procura-se consolidar uma salutar política econômico-financeira que


produza a igualdade entre valores de receita e despesa, evitando dessa
forma, déficits espirais, que causam endividamento congênito, isto é,
déficit que obriga a constituição de dívida que, por sua vez, causa o
déficit.

C) Diz respeito ao caráter formal, tem grande importância para tornar o


orçamento um instrumento eficiente de governo e administração. O poder
de comunicação do documento terá influência em sua melhor e mais
ampla utilização e sua difusão será tanto mais abrangente quanto maior
for a clareza que refletir.

 
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D) O documento orçamentário integrado deve conter todos os aspectos


dos elementos programáveis que o constituem.

E) Deve-se evitar que incluam na lei de orçamento, normas relativas a


outros campos jurídicos e, portanto, estranhas à previsão da receita e da
fixação da despesa.

28. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) O princípio da clareza se sobrepõe ao do


equilíbrio, sendo possível contrair dívida pública, desde que seja
respeitado o princípio da clareza.

29. (CESPE/CONTADOR/INMETRO/2007) O princípio da publicidade dispõe que


o conteúdo orçamentário deve ser divulgado por meio de veículos oficiais
de comunicação, para conhecimento público e para a eficácia de sua
validade.

 
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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C E E E C E E A E E

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

E E C E E E E E D E

21 22 23 24 25 26 27 28 29

C B C C C C B E C

 
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