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SEMANA 01/21
Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 8
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ............................................................................................... 8
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL ..................................... 8
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS ......................................................................................................... 14
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal ..................................................................................................... 15
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) ............................................................................ 15
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO .............................................................................. 16
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)............................................................................................................... 17
4.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 17
4.2. Garantias primárias e secundárias ........................................................................................................................ 17
4.3 Máximas do garantismo ......................................................................................................................................... 18
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................................... 19
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) ..................................................................................... 20
6. FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 21
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ................................................................................................................... 26
7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal .................................................................. 27
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos ........................................................................................... 27
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 28
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela ...................................................................................................... 32
7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente ..................................................................................................... 49
7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade .............................................................................................................. 49
7.2.2 Princípio da Alteridade .................................................................................................................................... 50
7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato .................................................................................... 51
7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal ............................................................................................ 51
7.2.5 Princípio da Anterioridade ............................................................................................................................... 53
7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem ................................................................................................................ 54
7.2.7 Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 54
7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato ..................................................................................................... 55
7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena ............................ 55
7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva ......................................................................................................... 56
7.3.3 Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 56
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade ........................................................................................................................ 56
7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade ..................................................................................... 57
7.2.6 Princípio da Confiança ..................................................................................................................................... 58
META 2 ............................................................................................................................................................ 60
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ....................................................................... 60
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL........................................................................................................... 61
2. PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................................................................................. 62
3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL ................................................................................................................. 63
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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ATENÇÃO
Equipe DD
Prezado(a) aluno(a),
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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META 1
CF/88
⦁ Art. 5º, II
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX
⦁ Art. 5º, §3º
⦁ art. 7º, X
⦁ Art. 22, I e §único
⦁ art. 227, § 4º
CP
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 59
⦁ Art. 71
A) CONCEITO
Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça
de imposição de pena ou medida de segurança, e a criar normas de aplicação geral.
Segundo o autor Cleber Masson (2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”.
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Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de
segurança.
DICA DD: Diz-se que a pena é a 1ª via do direito penal, a medida de segurança é a 2ª e a reparação do dano
é a 3ª.
É um ramo do Direito Público, vez que suas normas são indisponíveis, impostas e dirigidas a todas as
pessoas. Além disso, o Estado é o titular do direito de punir e por isso sempre figura como sujeito passivo
das infrações penais, ainda que de forma mediata.
Ainda sobre o conceito de direito penal:
● Aspecto Formal: o direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem aplicadas.
● Aspecto Material: o Direito Penal se refere a comportamentos considerados altamente reprováveis
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e
progresso da sociedade.
● Aspecto Sociológico: o direito penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos
desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social. Em suma, sob aspecto dinâmico, o
Direito Penal é mais um instrumento de controle social visando assegurar a necessária disciplina para
a harmônica convivência dos membros da sociedade (TJ/PR).
B) CARACTERÍSTICAS
De acordo com Cleber Masson (2017, p. 5), o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa,
valorativa, finalista, de natureza predominantemente sancionatória, e fragmentária. Esquematizando:
⦁ I – Ciência: suas regras estão contidas em normas e princípios que, por sua vez, formam a dogmática
jurídico-penal;
⦁ II – Cultural: o Direito Penal é uma ciência do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais, que
cultuam o “ser”;
⦁ III – Normativa: o objeto principal é o estudo da lei penal (Direito positivo);
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⦁ IV – Valorativa: sua aplicação não está pautada em regras matemáticas de certo ou errado, mas sim
em uma escala de valores que são sopesados a partir de critérios e princípios próprios do Direito
Penal. Dessa forma, esse ramo do direito valoriza hierarquicamente as suas normas;
⦁ V – Finalista: o objetivo do direito penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais, o que torna a
sua missão prática, e não simplesmente teórica;
⦁ VI – Sancionatória: o Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens
jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outros ramos do
Direito. No entanto, é possível que ele seja também constitutivo, quando protege interesses não
regulados por outras áreas do Direito;
⦁ VII – Fragmentária: o Direito Penal não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais
importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.
O legislador seleciona os bens jurídicos a serem defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se
pode falar em discricionariedade ampla e irrestrita, pois os bens jurídicos mais importantes são tratados na
Constituição. Logo, a Constituição possui a seguinte missão:
⦁ Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade;
⦁ Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão
Garantista Do Direito Penal).
a) Missão mediata:
● Instrumento de Controle Social ou de preservação da paz pública (Papel intimidador);
● Limitação ao poder de punir estatal ou Função de Garantia – garantia dos cidadãos contra o arbítrio
estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos como infração penal e por pena também
determinada em lei.
☞ Para Franz Von Liszt “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente”.
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Obs.: Se, de um lado, o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro
lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva (fugindo da
hipertrofia da punição).
b) Missão imediata:
Aqui, é necessário lembrar do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais destaque
acerca do tema (anote esses nomes na testa):
● Funcionalismo teleológico (moderado) – Claus Roxin (Predomina)
⋅ A missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais relevantes;
⋅ Se a proteção de determinado bem jurídico não é indispensável ao indivíduo e à manutenção
da sociedade, não deve incidir o direito penal, mas outros ramos do direito;
⋅ Para Roxin, o Direito Penal não veio para trazer valores éticos, morais;
⋅ Ele entende que essa seria a função exclusiva;
⋅ É chamado teleológico porque busca a finalidade do direito penal.
Caiu em prova Delegado SP/2023! A função do direito penal é proteger bens jurídicos relevantes para a
sociedade (item correto).
APROFUNDANDO: vamos a uma tabelinha com mais características das duas vertentes do
funcionalismo para fixar as diferenças?
FUNCIONALISMO PENAL
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● Simbólica – não produz efeitos externos, mas somente na mente dos cidadãos e governantes, sendo
uma função inerente a todas as leis, não apenas ao Direito Penal;
⋅ Enquanto os governados pensam que a contenção da criminalidade e as medidas necessárias
para tanto estão sob o controle das autoridades, os governantes ficam com a sensação de
terem feito algo e adiam a efetiva resolução do problema, retirando, ao longo do tempo, a
credibilidade do direito penal.
⋅ Geralmente é manifestada pelo “direito penal do terror”, que se apresenta de duas formas:
* Inflação legislativa (direito penal de emergência) – em que são criados tipos penais
desnecessários para dar resposta a qualquer tipo de problema;
* Hipertrofia do Direito Penal – aumentando desproporcional e injustificadamente as
penas em casos pontuais, como se isso, por si só, fosse impedir a prática do crime.
3. Direito Penal Comum: é o conjunto de normas penais aplicável indistintamente a todas as pessoas,
como o Código Penal;
4. Direito Penal Especial: é o conjunto de normas penais aplicável apenas a pessoas determinadas que
preencham certas condições legais. São exemplos o Código Penal Militar e o Decreto-lei nº 201/1967
(crimes de responsabilidade dos prefeitos);
5. Direito Penal Geral: é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o território nacional. Essas
normas são produzidas privativamente pela União (art. 22, I, da CF);
6. Direito Penal Local: é o conjunto de normas penais aplicáveis somente a determinada parte do
território nacional. A existência dessas normas somente é possível se houver autorização da União
por lei complementar para que os Estados legislem sobre questões específicas de Direito Penal (art.
22, parágrafo único, da CF);
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8. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir (ius puniendi), que pertence exclusivamente ao Estado
e nasce quando uma lei penal é violada;
9. Direito Penal Substantivo: é o direito penal material, propriamente dito. É o que consta no Código
Penal;
10. Direito Penal Adjetivo: também chamado de “formal” (grave as nomenclaturas), é o direito
processual penal.
O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido chamado
por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”.
A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou quais exatamente seriam elas, mas, para o nosso
estudo, as mais importantes são a dogmática, a criminologia e a política criminal.
I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo o
sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional).
Obs.: Dogmática ≠ Dogmatismo: Dogmatismo é a aceitação cega de verdades tidas como absolutas e
imutáveis (deve ser desprezado). Se opõe à ideia de ciência, que admite flexibilização, na qual estaria
enquadrada a dogmática.
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II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciência
empírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” – caracterizando-se
como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos fatores: econômicos, políticos,
sociais, religiosos etc.), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. Suas constatações se
dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência.
III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade, para
que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a criação
e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não cumprindo os fins a que se
propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a criminologia).
Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que não.
O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal, criminologia e
política criminal. Esquematizando:
VAMOS LEMBRAR:
Vitimologia: é o estudo da vítima em seus diversos planos. Inicialmente, a análise era quanto às formas de
contribuição da vítima para a prática dos crimes. Modernamente, tal estudo preocupa-se também com a
proteção destas no momento posterior à prática do crime, como por exemplo com a sua reinserção na
sociedade. No direito brasileiro, temos o exemplo da composição dos danos civis (art. 74, parágrafo único,
Lei 9.099/95) - TERCEIRA VIA
Ademais, uma das circunstâncias judiciais que deve ser considerada na fixação da pena base é o
comportamento da vítima (art. 59, CP).
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“Ao menos em boa medida, o sistema penal seleciona pessoas ou ações, como
também criminaliza certas pessoas segundo sua classe e posição social. [...] Há
uma clara demonstração de que não somos todos igualmente ‘vulneráveis’ ao
sistema penal, que costuma orientar-se por ‘estereótipos’ que recolhem os
caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera
fenômeno de rejeição do etiquetado como também daquele que se solidariza ou
contata com ele, de forma que a segregação se mantém na sociedade livre. A
posterior perseguição por parte das autoridades com rol de suspeitos
permanentes, incrementa a estigmatização social do criminalizado (ZAFFARONI;
PIERANGELI, 2011, p. 73).” (Guarda relação com o movimento do labeling approach
/ teoria da reação social / da rotulação social / do etiquetamento social – tema que
deve ser estudado de modo mais aprofundado na matéria de criminologia)
* ATENÇÃO: Além do momento da elaboração e aplicação da norma, a seletividade também vai se mostrar
presente no momento da execução da pena.
#DICA DD: Você sabe o que é Direito Penal Subterrâneo e Direito Penal Paralelo? Referem-se aos sistemas
penais paralelos e subterrâneos.
De acordo com Zaffaroni, “sistema penal é o conjunto das agências que operam a criminalização primária e
a criminalização secundária ou que convergem na sua produção”.
Direito Penal Paralelo: Como o sistema penal formal do Estado não obtêm êxito em grande parte da
aplicação e exercício do poder punitivo, outras agências apropriam-se desse espaço e o exercem de modo
paralelo ao estado (criando sistemas penais paralelos). Ex.: médico que aprisiona doentes mentais;
institucionalização pelas autoridades assistenciais dos morados de rua etc.
Direito Penal Subterrâneo: ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal,
acarretando abuso de poder. Ex.: institucionalização de pena de morte (execução sem processo),
desaparecimentos, torturas, extradições mediante sequestro, grupos especiais de inteligência que atuam
fora da lei, etc.
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Direito Penal do Fato – Adotado pelo Ordenamento Penal Brasileiro – consiste que o direito penal
deve punir condutas, ou seja, fatos, praticados pelos indivíduos que sejam lesivas a bens jurídicos de
terceiros. Pune-se o fato. A base para esse princípio está no Estado de Direito.
Está atrelado ao Princípio da exteriorização ou materialização do fato, pelo qual o Estado só pode
incriminar condutas humanas voluntárias (fatos). Assim, ninguém pode ser castigado por seus pensamentos,
desejos ou meras cogitações ou estilo de vida.
O princípio da exteriorização serviu para o legislador acabar com as infrações penais que
desconsideravam esse mandamento. Ex.: Mendicância (art. 60 L.C.P. – abolido), tal infração adotava o direito
penal do autor.
Por sua vez, o direito Penal do autor consiste na punição do indivíduo baseada em seus
pensamentos, desejos e estilo de vida, condições pessoais, do modo de ser, grau de culpabilidade
(reprovabilidade), antecedentes do autor, está interligado ao Direito Penal do Inimigo. Aqui teríamos uma
inobservância do princípio da exteriorização do fato.
4.1 Conceito
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* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da
vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião dos direitos fundamentais.
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desproporcionais aos direitos daquele sob o qual recai o jus puniendi estatal, não se pode também deixar de
proteger outros bens que também são juridicamente relevantes para a sociedade.
Tudo isso deve passar pelo crivo da proporcionalidade.
Desse modo, o garantismo divide-se em:
a) Garantismo negativo: visa limitar a função punitiva do Estado, que deve ser aplicada estritamente aos
casos necessários e em medida adequada, consistindo na proibição de excesso.
b) Garantismo positivo: busca evitar a impunidade e garantir que os bens jurídicos relevantes à sociedade
sejam efetivamente protegidos, caracterizando-se pela proibição da proteção insuficiente.
Quando apenas o garantismo negativo é observado, surge o chamado “garantismo hiperbólico monocular”
(grave este nome). Hiperbólico: por ser aplicado de modo desproporcional e exagerado. Monocular: por
enxergar apenas um lado, opondo-se ao garantismo integral.
Caiu em prova Delegado PE/2016! Da sentença penal se extraem diversas consequências jurídicas e, quando
for condenatória, emergem-se os efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal,
assinale a opção correta: A condenação por crime de racismo cometido por proprietário de estabelecimento
comercial sujeita o condenado à suspensão do funcionamento de seu estabelecimento, pelo prazo de até
três meses, devendo esse efeito ser motivadamente declarado na sentença penal condenatória.
a) Conceito: Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O delinquente,
autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como um “cancro
societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde).
Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista, traficante de drogas, de armas e de
seres humanos e para os membros de organizações criminosas transnacionais (vide lei n° 12.850/2013).
Destaque-se que nem todo criminoso é inimigo, apenas uma parcela reduzida de criminosos é que
entra no rol.
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● Flexibilização do Princípio da Legalidade: é a descrição vaga dos crimes e das penas. A descrição
genérica de um crime permite a punição de mais condutas/comportamentos;
● Inobservância dos Princípios da Ofensividade: relação com a criação de crimes de perigo abstrato e
da Exteriorização do Fato (relação com o direito penal do autor);
● Preponderância do Direito Penal do autor: Flexibilização do princípio da exteriorização do fato;
● Desproporcionalidade das penas;
● Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”: Exemplo - Lei n. 8.072/90 e Lei n.
12.850/2013. Alguns doutrinadores sustentam que tais leis têm predicados de direito penal do
inimigo;
● Endurecimento da Execução Penal: O regime disciplinar diferenciado é um resquício do direito penal
do inimigo;
Caiu em prova Delegado PA/2021! De acordo com o autor alemão Jakobs, o direito penal do inimigo pode
ser caracterizado por quais elementos? Punição prospectiva; desproporcionalidade das penas; e relativização
ou supressão de garantias processuais.
*ATENÇÃO: O Direito Penal do inimigo também é conhecido como a “terceira velocidade do Direito Penal”.
Isto porque se aplica a pena de prisão e também por ser extremamente célere, já que suprime direitos e
garantias.
Segundo o autor Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “parte do
pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes blocos,
distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão (direito penal
nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal
periférico)”.
● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como
resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais.
Aplicada a delitos graves.
● Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto, uma
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor
gravidade.
☠ Foi tema da prova discursiva do concurso de Delegado do Espírito Santo em 2019!
● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira
por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos delitos de
maior gravidade. Remete ao direito penal do inimigo, já explicado acima.
Também poderiam constituir como exemplos a Lei de Crimes Hediondos e a Lei de Organizações
Criminosas na legislação pátria.
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*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite entender que abarca, inclusive,
o Direito Penal. Então pode-se ter uma lei complementar autorizando o estado a legislar sobre questões
específicas de direito penal. É a chamada DELEGAÇÃO EM PRETO – pois essa lei complementar não pode
delegar genericamente. Têm que ser pontos específicos/questões específicas.
Esse julgado (2000), anterior à EC 32/2001, que estabeleceu ser possível a edição de medida
provisória quando favorável ao réu, subsistiria após a EC 32/01, considerando que, com essa EC, passou-se a
vedar, de forma abstrata, a edição de medida provisória sobre matéria penal?
R.: A doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que é possível a edição de medida
provisória versando sobre direito penal quando favorável ao réu, de modo que o entendimento exarado no
bojo do RE 254.818 subsistiria após a edição da EC 32/01.
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Segundo explica o autor Cleber Masson, "É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a
Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º, I, alínea b), seja ela prejudicial ou mesmo favorável ao réu. Nada obstante, o
Supremo Tribunal Federal historicamente firmou jurisprudência no sentido de que as medidas provisórias
podem ser utilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agente". (MASSON, Cleber. Direito Penal.
Parte Geral. Volume 1. 13ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019, p. 97).
Caiu em prova Delegado PA/2021! No tocante ao Direito Penal, assinale a alternativa correta: É vedada a
edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a Direito Penal (art. 62, §1º, I, alínea b, CF). Nada
obstante, o STF firmou jurisprudência no sentido de que as medidas provisórias podem ser utilizadas na
esfera penal, desde que benéficas ao agente.
STF no RE 254818/PR:
I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da
interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que
abolirem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção
de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições,
com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de normas não
reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, reiterado na reedição
subsequente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97):
sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de
"convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo.(STF - RE: 254818 PR, Relator:
SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 08/11/2000, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 19-12-2002
PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL-00184-01 PP-00301).
b) Fonte Formal: Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para
doutrinador.
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Mediatas: Mediatas:
● Costumes ● Doutrina
● Princípios gerais do Direito
● *Alguns colocam atos
administrativos.
Fonte informal:
● Costumes
Obs. Um acordo internacional versando sobre direitos humanos, celebrado por escrito entre Estados e regido
pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos,
deve obrigatoriamente ser seguido, pois tem caráter vinculante (“hard law”), seja aprovado pelo Congresso
Nacional com quórum de emenda, caso em que tem status constitucional (art. 5º, §3º, CF/88), seja aprovado
com quórum simples, figurando, então, com o status de norma infraconstitucional, porém supralegal (art.
5º, § 2º, CF/88). Diante desse quadro, os tratados, convenções e regras de direito internacional sobre direitos
humanos devem ser encarados como fonte formal imediata do Direito Penal.
Mas veja que é necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a
humanidade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado. O disposto na
Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade não torna
inaplicável o art. 107, inciso IV, do Código Penal. STJ. 3ª Seção. REsp 1.798.903-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 25/09/2019. (Info 659)
i. Lei - É o único instrumento normativo capaz de criar infração penal e cominar sanção penal (única
fonte formal imediata incriminadora).
ii. Constituição Federal – Não cria infração penal e não comina sanção penal (nem pena, nem medida
de segurança).
☞ Pergunta – Se a lei pode criar crimes e cominar penas, por que a CF, que é uma norma superior à lei,
não pode fazer isso (afinal, quem pode o mais pode o menos)? R. A CF não pode criar crime e nem
alterar pena, pois o seu processo de alteração é super rígido e incompatível com as necessidades do
direito penal.
☞ CUIDADO! A Constituição Federal, porém, fixa alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal
não se pode reduzir. São os chamados “mandados constitucionais de criminalização” (patamares
mínimos). Exemplos de mandados constitucionais de criminalização:
Art. 5º, XLI, CF – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais.
Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (Observe que o constituinte disse que
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quem vai criar o crime de racismo é a lei, mas quando esse crime for criado, a lei
deve puni-lo com, no mínimo, reclusão, qualquer que seja a pena).
Art.5º, XLIII, CF – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
ATENÇÃO: Os tratados internacionais podem ser classificados como fonte do direito penal apenas quando
incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos humanos e for aprovado seguindo o rito de
emendas constitucionais, terá força normativa de emendas constitucionais (art. 5º, §3°, CF). Caso não siga
tal rito, terá força de norma supralegal. Contudo, antes do advento das Leis 12.694/12 e 12.850/13 (que
definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF já havia se manifestado pela inadmissibilidade da
utilização do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal
que havia dado origem à impetração, em face da atipicidade da conduta. HC nº 96.007/SP, rel. min. Marco
Aurélio, 1ª Turma, j. 12/06/2012. No REsp 1.798.903/RJ (j. 25/09/2019), o STJ decidiu que o Estatuto de
Roma, que conceitua os crimes contra a humanidade, não tem efeitos penais no Brasil, onde impera o
pressuposto da lei penal em sentido estrito para a tipificação de crimes.
Caiu em prova Delegado PA/2021! Em relação ao Direito Penal, assinale a alternativa correta: Em
homenagem ao princípio da reserva legal (art. 5º, XXXIX, CF), os tratados e as convenções internacionais não
podem criar crimes nem cominar penas, ainda que já tenham sido internalizados pelo Brasil.
iv. Jurisprudência
Não cria crime; não comina pena. Mas, na prática, às vezes, a jurisprudência cria o direito penal.
Ademais, revela Direito Penal podendo inclusive ter caráter vinculante. Um exemplo disso é o caso do crime
continuado, em que a jurisprudência define o que são condições de tempo e lugar para fim de definição da
continuidade delitiva. A condição de tempo é de 30 dias de intervalo entre as infrações; a condição de lugar
também é definida pela jurisprudência.
Art. 71, CP – Quando o agente, mediante mais de uma ação e omissão, pratica 2 ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
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a. Princípios - Não criam crime nem cominam pena. Mas vários são os julgados absolvendo ou
reduzindo pena com fundamento em princípios. Ex.: Princípio da Insignificância – causa de
atipicidade material.
b. Atos administrativos - Fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco. Ex.:
Lei de drogas é complementada por uma Portaria da ANVISA.
c. Doutrina: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou
seja, não ser revestida de obrigatoriedade.
● Costumes: é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face da crença na sua
obrigatoriedade (elemento subjetivo).
≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento objetivo), mas sem
a crença na sua obrigatoriedade.
● Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei pode criar crimes e cominar penas, em razão do
princípio da legalidade (veda-se o costume incriminador).
Princípio da Legalidade x Costumes: A lex scripta, uma das funções de garantia do princípio da legalidade –
como veremos adiante - proíbe que se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito penal
(impossibilidade de utilizar costumes para incriminar condutas ou cominar penas). Portanto, os costumes
não têm o condão de criminalizar condutas e nem cominar penas.
Qual a função dos costumes no direito penal?
De acordo com Nilo Batista e Zaffaroni, os costumes têm uma função integrativa ou integradora. Isso quer
dizer que os costumes desempenham a função de integrar a atribuição de sentidos de determinadas
expressões do tipo penal, em especial os elementos normativos do tipo. Trata-se de uma função
interpretativa/hermenêutica. Por exemplo: Art. 233, CPP – crime de ato obsceno. Quem vai determinar o
sentido de ato obsceno? Vai ser determinado pelo sentido compartilhado pela sociedade, de forma reiterada.
É um conceito normativo porque exige um juízo de valor, e esse juízo de valor é um juízo temperado e
contextualizado de acordo com a prática social da comunidade. Portanto, a função integrativa dos costumes
atua de forma muito mais efetiva nos elementos normativos do tipo (que exigem valoração).
● Espécies de costumes:
i. Costume secundum legem (costume interpretativo): possui a função de auxiliar o intérprete
a entender o conteúdo da lei. Por exemplo, ato obsceno (art. 233 do CP). Vai depender do
ambiente em que o ato foi praticado e dos costumes locais para que ele seja assim
considerado ou não.
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ii. Costume contra legem (costume negativo): é chamado de DESUETUDO. É aquele que
contraria uma lei, mas não a revoga. Ex.: Venda de CDs piratas.
iii. Costume praeter legem (costume integrativo): é aquele usado para suprir as lacunas da lei.
É válido, mas só pode ser usado no campo das normas penais não incriminadoras e apenas
para favorecer o agente. Ex.: a circuncisão em meninos de determinadas religiões não é
considerada crime.
Essa proteção dá-se por meio de lei, ou seja, a fonte formal ou de cognição do direito penal é só a
lei. Com isso, reafirma-se tanto a proibição de utilização dos costumes para a definição dos delitos e das
penas ou para seu agravamento como a proibição da analogia incriminadora.
* ATENÇÃO: Para aqueles que não adotam a tese do costume abolicionista, é possível o uso do costume
segundo a lei (costume interpretativo), que vai servir para aclarar o significado de uma palavra, de um texto.
Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico.
No caso dos princípios penais, eles vão orientar a atuação do legislador na elaboração da legislação penal e
do operador do direito em sua aplicação.
A função dos princípios é limitar o poder de punir do Estado. Isso porque, o Estado, por natureza, é
arbitrário, pois invade a esfera de liberdade do indivíduo. Então o Direito Penal é visto como instrumento de
contenção do Estado, que vai tolher o Estado ao máximo visando garantir a liberdade do sujeito, garantias
mínimas para que se possa desenvolver direitos de 1ª geração.
Por fim, vale relembrar que a maioria dos princípios está constitucionalizada, seja implícita ou
explicitamente, de modo que é possível utilizar tais princípios para efetuar controle de constitucionalidade.
💣 Além das questões de concursos que tratam diretamente dos princípios, o simples fato de entender
os valores que eles trazem nos orientam muito no raciocínio necessário para a solução de muitas outras, por
isso é um tema que não pode ser negligenciado, ok?
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O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes (Roxin).
Ademais, nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem
juridicamente determinado. Impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos.
Assim, não pode incriminar pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas,
religiosas ou finalidades políticas. Para a teoria constitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de
bens jurídicos deve refletir os valores constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito
fundamental à vida.
Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir
apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade.
Mas o que é bem jurídico?
R.: Trata-se de um tema extremamente controvertido, de modo que vamos tentar simplificá-lo de
forma objetiva para melhor compreensão:
Para o autor Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto
social, de titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o
desenvolvimento do homem em sociedade.
Por sua vez, Luís Greco e Roxin se filiam ao mesmo conceito, mas usam expressões diferentes.
● Roxin – bem jurídico será a relação real da pessoa com um valor concreto, reconhecido pela
comunidade.
● Luís Greco – bem jurídico são dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou para
a subsistência do sistema social nos limites da ordem constitucional.
Nesse sentido, para conceituar bem jurídico, é imprescindível levar 2 pontos em consideração:
1) Fundamento do bem jurídico: o conceito de bem jurídico tem que ter como ponto central,
como fundamento, a importância do bem àquela pessoa. Tem que ser um bem de
importância vital, fundamental, de modo que a existência dessa pessoa ou seu bem-estar
estejam ameaçados sem a criminalização daquela conduta.
2) Titularidade do bem jurídico: É importante saber quem é o titular desse bem jurídico. Para
quem o BJ tem essa importância fundamental?
* ATENÇÃO: A espiritualização dos bens jurídicos no Direito Penal (Roxin) revela uma evolução quanto à
proteção dos bens jurídicos dentro do Direito Penal. Em um momento inicial, apenas os crimes de dano
contra bens jurídicos individuais possuíam relevância no âmbito penal. Modernamente, o Direito Penal
antecipou a tutela, assumindo um papel preventivo, passando a punir os crimes de perigo contra bens
supraindividuais (como por exemplo, a tipificação de crimes ambientais).
- Parcela da doutrina critica essa expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter difuso ou
coletivo. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, bem como, que não seria
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esse o papel do direito penal, que deve ser utilizado apenas como última ratio, havendo outras searas que
poderiam solucionar tais questões, em razão dos princípios que estudaremos a seguir.
Atenção! Temática “bem jurídico” tem sido a “modinha” dos certames e, por isso, deve o candidato estar
atento às nuances.
De acordo com os autores João Paulo Martinelli e Leonardo Schmitt de Bem, na obra "Direito Penal - Lições
Fundamentais", da Editora D'Plácido, na página 171, “A noção de ‘bem jurídico aparente’ identifica-se com
as hipóteses nas quais, por meio do uso reificante da linguagem e da adoção de uma perspectiva distanciada,
acaba-se por ocultar a ausência de um efetivo bem jurídico tutelado pela norma.”
Explicam ainda os autores:
"... protege-se um somatório de integridades físicas individuais (...) no que tange à incolumidade pública
como um bem jurídico coletivo apenas na aparência significa dizer que a proteção desses bens jurídicos não
poderá ser realizada independentemente dos particulares, mas deverá ser instrumental ou dirigir-se à
realização dos interesses individuais de todos os membros sociais. Por outro lado, o meio ambiente, a
administração estatal da Justiça, a ordem econômica e a autenticidades das moedas são considerados
verdadeiros bens jurídicos coletivos, pois não podem ser fracionados em bens individuais somados. Em
síntese, é impossível, por exemplo, conceber o meio ambiente como a soma de vários bens
jurídicos individuais."
Caiu em prova Delegado AM/2022! Assinale a opção que corresponde a bem jurídico coletivo aparente:
Incolumidade pública.
b) Introdução: O direito penal só deve ser aplicado quando a criminalização de um fato é estritamente
necessária à proteção de determinado bem ou interesse, não sendo suficientemente tutelado por outras
searas do direito. O direito penal é o último grau de proteção jurídica.
Em outras palavras: O direito penal em um Estado Democrático de Direito atua como última
ratio/última razão/última saída. Isso porque o direito penal só deve atuar quando os outros ramos do direito
já tenham fracassado na tentativa de solucionar aquele conflito. Não pode ser usado como prima ratio.
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ILÍCITOS EM GERAL
ILÍCITOS
PENAIS
Como na figura, nem tudo o que é ilícito caracteriza um ilícito penal, mas apenas uma pequena
parcela. Porém, todo ilícito penal será também ilícito perante as demais searas do direito.
Ex.: se um funcionário público pratica crime, isso sempre configurará também uma infração
administrativa. Porém, a recíproca não é verdadeira. Nem toda infração administrativa encontrará uma
correspondente tipificação penal.
Obs.: Trata-se de um princípio um implícito na CF/88, que pode ser retirado, principalmente, do
princípio da dignidade da pessoa humana. (art. 1º, III, CF/88).
Rogério Sanches argumenta que “o princípio da intervenção mínima tem duas faces: orienta quando e onde
o direito penal deve intervir (neocriminalização); por outro lado, também orienta quando e onde o direito
penal deve deixar de intervir (abolitio criminis)”. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o
legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar
determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o
Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídico.
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7.1.2.1 Fragmentariedade
O direito penal é fragmentário pois é visto como um sistema descontínuo de ilicitudes. Ou seja: o
direito penal não pode e nem tem como criminalizar todas as condutas existentes, mesmo que sejam ilícitos
do direito (não só ilícitos penais, mas ilícitos civis também).
Nesse contexto, a fragmentariedade prevê que somente devem ser tutelados pelo direito penal os
casos de relevante lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso
do ser humano e da sociedade.
O princípio da fragmentariedade deve ser utilizado no plano ABSTRATO, para o fim de permitir a criação de
tipos penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem
jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.
#DICA DD: Em que consiste a fragmentariedade às avessas? Ocorre nas situações em que o direito penal
perde o interesse em uma determinada conduta, inicialmente tida por criminosa, por entendê-la
desnecessária, com a evolução da sociedade e modificação de seus valores, ocorrendo a abolitio criminis,
sem prejuízo de sua tutela pelos demais ramos do direito. É um juízo negativo, o crime existia e deixa de
existir. Ex.: Adultério, que era crime tipificado no art. 240 do CP e deixou de ser em 2005, quando a Lei nº
11.106 revogou o tipo penal.
7.1.2.2 Subsidiariedade
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STJ (HC 197.601/RJ) O Direito Penal deve ser encarado de acordo com a principiologia constitucional. Dentre
os princípios constitucionais implícitos figura o da subsidiariedade, por meio do qual a intervenção penal
somente é admissível quando os demais ramos do direito não conseguem bem equacionar os conflitos
sociais.
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tipificados, na qual o mais amplo consome o menos amplo, evitando-se que este seja duplamente
punido, como parte de um todo e como crime autônomo.
Cleber Masson (com adaptações).
No conflito aparente de normas, o trecho apresentado explica o princípio da consunção. (item
considerado correto).
Caiu em prova Delegado MS/2021! Para evitar a dupla punição por fato único, a doutrina e a jurisprudência
admitem determinados princípios que foram elencados para resolver conflito de normas penais
aparentemente aplicáveis à mesma hipótese. Com relação a esses princípios, assinale a alternativa correta:
O princípio da consunção pode ser aplicado exemplificativamente para hipóteses de crime progressivo,
progressão criminosa, antefato impunível e pós-fato impunível.
d) Alternatividade - Temos o chamado princípio da alternatividade, que, por sua vez, é bastante
simples. Aqui temos um tipo penal chamado de misto alternativo (cuja conduta possui várias formas,
ou seja, vários verbos). Nesses casos, mesmo que o agente pratique vários dos núcleos em um
mesmo contexto, responderá por apenas um crime.
b) Finalidade
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O STF expressamente reconhece como finalidade desse princípio a “interpretação restritiva da lei
penal”, ou seja, o princípio da insignificância deve diminuir a intervenção penal, no sentido de ignorar as
condutas irrisórias que não se revelam capazes de ofender o bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
c) Natureza Jurídica: Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. Isto é: torna o fato atípico
por ausência de tipicidade material.
TRADUZINDO:
TIPICIDADE PENAL = tipicidade formal + tipicidade material.
Tipicidade formal: juízo de adequação do fato à norma (analisa se o fato praticado, na vida real, se amolda,
se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). Ex.: Sujeito subtrai um iogurte de um hipermercado.
Como subtraiu coisa alheia móvel, o fato se adequa ao tipo penal de furto.
Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
No exemplo acima, em que pese tenha havido a tipicidade formal, o ato praticado não foi capaz de causar
lesão relevante ao bem protegido, vez que o valor de um iogurte não faria a menor diferença no patrimônio
de um hipermercado, não havendo, portanto, tipicidade material.
Mas atenção: NÃO É SÓ O VALOR que deve ser analisado para que seja reconhecida a insignificância
da conduta! Existem outros requisitos que devem ser observados, conforme jurisprudência consolidada da
Suprema Corte.
Ademais, valor insignificante e pequeno valor não são sinônimos. Por vezes, em casos de furto, por
exemplo, a questão apresenta um bem de um valor baixo, mas não irrisório/insignificante, que servirá apenas
para caracterizar a causa de diminuição de pena do furto privilegiado, mas não excluirá a tipicidade material,
seja pelo fato de o valor ser pequeno, mas não irrisório, seja por não preencher algum outro requisito.
Sobre os valores, não há nenhuma tese fixa sobre. É necessário analisar o contexto. Porém,
analisando as decisões proferidas, o STF tem aceitado como insignificantes normalmente valores que giram
em torno de 10% do salário-mínimo, com variações para mais e para menos (é só uma ideia). Já como
pequeno valor, para o privilégio, admite-se o valor de até 1 salário-mínimo integral (raciocínio aplicável aos
demais delitos que admitem o privilégio).
Caiu em prova Delegado PR/2021! Se uma conduta não representa uma ofensa relevante ao bem jurídico
contemplado no tipo penal, entende-se que ela é materialmente atípica em razão do princípio da
insignificância. Um exemplo de situação que poderia ser abrangida pelo princípio seria a subtração de um
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Tese 7: O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu
faz do crime o seu MEIO DE VIDA, ainda que a coisa furtada seja de pequeno
valor.
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É possível a aplicação ao réu reincidente quando o crime anterior tutelava bem jurídico distinto patrimônio,
é o que o STF chamou de TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE GÊNEROS
DISTINTOS (*termo de prova).
Entendendo a fonte da expressão acima que foi utilizada no seguinte julgado do STF:
Ressalta-se ainda que, em 2018 e 2019, os Tribunais Superiores tinham encontrado uma espécie de
“meio termo” entre a aplicação do princípio da insignificância e a reincidência do agente.
Isso porque, no caso concreto, o juiz via que, pelo critério objetivo, o réu faria jus à insignificância,
mas que os critérios subjetivos não estariam preenchidos, em razão da reincidência. Então, considerando a
proporcionalidade, o STF criou um “meio termo”: ao invés de absolver por atipicidade material da conduta,
aplicou outros institutos mais benéficos, como a substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos. Vejamos os julgados em que os Tribunais Superiores aplicaram esse entendimento:
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STF reconheceu que o valor econômico do bem furtado era muito pequeno, mas,
como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio da
insignificância, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena
restritiva de direitos Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância
gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente
não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a
insignificância do bem subtraído, mas, como o réu era reincidente em crime
patrimonial, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para
conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Em
razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado,
mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse
substituída por restritiva de direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info
913).
A restituição imediata e integral do bem furtado não constitui, por si só, motivo
suficiente para a incidência do princípio da insignificância. Assim, para afastar
liminarmente a tipicidade material nos delitos de furto, não basta a imediata e
integral restituição do bem. Deve-se perquirir, diante das circunstâncias concretas,
além da extensão da lesão produzida, a gravidade da ação, o reduzido valor do bem
tutelado e a favorabilidade das circunstâncias em que foi cometido o fato
criminoso, além de suas consequências jurídicas e sociais. STJ. RMS 68.504-SC, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
10/10/2023, DJe 16/10/2023. (Tema 1208) (Info 792)
DISCURSIVA - Justificativas
A favor da aplicação da insignificância ao reincidente/habitual: se a natureza jurídica é de causa de exclusão
de tipicidade, deve ser analisado o FATO e não os atributos do agente, sob pena de se utilizar o direito penal
do autor. O fato não poderia ser típico para uma pessoa e atípico para outra. Ou é típico ou não é. O momento
de analisar as condições pessoais do agente é apenas em eventual e futura fixação de pena.
Contra a aplicação da insignificância ao reincidente/habitual: Se o agente é infrator contumaz, com
personalidade voltada a práticas delitivas, fazer uso da insignificância seria incentivá-lo ao contínuo
descumprimento da norma, fazendo do crime um meio de vida. O valor de um bem, isoladamente, até
poderia ser insignificante, mas o “todo” não seria e isso caracterizaria reprovabilidade e ofensividade. O
intuito do princípio não é legitimar esse tipo de conduta, mas afastar do campo de incidência do direito penal,
desvios mínimos e isolados.
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STF/STJ: Via de regra, entendem não ser possível a aplicação do princípio da insignificância no furto
qualificado, pois falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. No entanto, o
Plenário do STF analisou a questão e entendeu que não há como fixar tese sobre isso, que também deve ser
analisado caso a caso. (STF-HC 123108/MG).
Ressalta-se que, em um julgado, o STJ entendeu pela aplicação do referido princípio, à luz da análise
do caso concreto. Veja:
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Obs.: Esses dois casos ilustram como os tribunais superiores analisam as peculiaridades de cada situação para
tomar decisões. A interpretação do princípio da insignificância pode variar dependendo das circunstâncias
específicas de cada caso, e os tribunais superiores têm a função de avaliar essas circunstâncias para chegar
a uma decisão fundamentada no direito. É importante destacar que esses julgados não são vinculativos para
todos os casos, mas podem servir como precedentes jurisprudenciais que orientam as decisões futuras.
▪ Tráfico de drogas – não aplicação do princípio, por se tratar de crime de perigo abstrato (perigo
presumido, de acordo com a jurisprudência do STJ), sendo irrelevante a quantidade de droga
apreendida. HC 318926, STJ – 2015
▪ A apreensão de munições em quantidade não considerada insignificante, aliada a condenação
concomitante pelo delito de tráfico de entorpecentes, impõe o afastamento da aplicação do princípio
da insignificância. REsp 1.978.284-GO, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 17/06/2022.
Caiu em prova - Delegado - PC-ES (2019) Foi considerada correta a seguinte afirmativa: “ainda que com
pouca quantidade de droga o princípio da insignificância não incide no crime de tráfico de drogas, não sendo
fundamento para recomendação de arquivamento do inquérito policial por atipicidade”.
▪ Crime de moeda falsa: Inaplicabilidade do princípio, AINDA QUE SEJA 1 ÚNICA NOTA DE PEQUENO
VALOR, uma vez que se trata de crime contra a fé pública, havendo o interesse do Estado e da
coletividade em não ter a fé pública abalada por aquela falsificação. Considerando que se trata de
um bem jurídico coletivo difuso “fé pública”, não se leva em consideração somente o aspecto
material/patrimonial do bem falsificado, mas sim um bem coletivo. Essa argumentação se aplica aos
outros crimes contra a fé pública.
Obs. EXCEPCIONALMENTE, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública
(USO DE ATESTADO FALSO) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da
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▪ Crimes ambientais: Em regra, nos crimes com bem jurídico difuso/coletivo, não se aplica o princípio
da insignificância, pois a lesividade/exposição a perigo transcende o aspecto individual. No entanto,
nos crimes ambientais, essa regra é invertida, uma vez que os tribunais superiores adotam como
regra a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em crimes ambientais, devendo
ser analisadas as circunstâncias específicas no caso concreto para verificar a atipicidade da conduta
em exame/verificar se aquela conduta não gerou efetivamente um perigo ao meio ambiente (Info
816).
É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais,
devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se
verificar a atipicidade da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp
654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2015.
É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. STF. 2ª
Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca
seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção
de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo
único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às
permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos
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Veja as hipóteses em que a própria jurisprudência flexibiliza a exceção da pesca ilegal, como, por
exemplo:
● O STJ (Info 602 – 6ª Turma. RESP 1409051 – 2017) afirmou, de forma excepcional, pela aplicação do
princípio da insignificância no caso de pesca ilegal, na hipótese em que o indivíduo pescou 1 único
peixe e devolveu esse peixe vivo ao rio, não havendo um prejuízo efetivo ao meio ambiente.
● Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe efetivamente pescado, mas portando consigo
equipamentos de pesca, em um local onde essa atividade é proibida. Nessa hipótese
pontual/casuística, temos discussão nos tribunais superiores, pois há 2 julgados da mesma turma em
sentidos opostos:
· SIM (possibilidade de aplicação da insignificância) - STF (Info 816).
· NÃO (não pode aplicar) - STF (Info 845).
Embora sejam julgados anteriores ao informativo 901, pode ser interessante abordar em uma prova
discursiva/oral.
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Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 28/02/2018 (recurso repetitivo).
Observações importantes:
1) O valor máximo para aplicar o princípio da insignificância é de 20 mil reais (STF - STJ).
Explicação para adotar o valor de 20 mil reais: (Fonte: Dizer o Direito)
⋅ Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na
qual o Ministro da Fazenda determinou, em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções
fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$
20.000,00 (vinte mil reais).”
⋅ Em outros termos, essa Portaria determina que, até o valor de 20 mil reais, os débitos inscritos como
Dívida Ativa da União não serão executados.
⋅ Com base nisso, a jurisprudência construiu o seguinte raciocínio: ora, não há sentido lógico permitir
que alguém seja processado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer
será cobrado no âmbito administrativo-tributário. Se a própria “vítima” não irá cobrar o valor, não
faz sentido aplicar o direito penal contra o autor desse fato.
⋅ Vale lembrar que o direito penal é a última ratio. Se a Administração Pública entende que, em razão
do valor, não vale a pena movimentar a máquina judiciária para cobrar a quantia, com maior razão
também não se deve iniciar uma ação penal para punir o agente.
2) O valor de 20 mil reais para aplicação do princípio da insignificância será somente aos crimes
tributários FEDERAIS!!! Não se aplica o parâmetro dos tributos federais aos crimes tributários estaduais,
devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo!!!
Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos
crimes tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual
vigente em razão da autonomia do ente federativo. STJ. 5ª Turma. AgRg-HC
549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020.
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Tese 6: É possível aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n. 157/STJ, para fins de incidência do princípio
da insignificância no patamar estabelecido pela União aos tributos dos demais entes federados, quando
existir lei local no mesmo sentido da lei federal.
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Porém, STF e STJ admitem nos crimes contra a Administração Pública praticados por particulares, a
exemplo do descaminho, que, apesar de ser um crime tributário, topograficamente, estão inseridos no título
dos Crimes contra a Administração Pública, então cuidado em prova!
ATENÇÃO:
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insignificância, nem mesmo em se tratando de quantidades ínfimas, pelo fato de ser crime de perigo
presumido e o bem tutelado ser a saúde pública. No entanto, há julgado isolado do STF permitindo a
aplicação.
10. Violação de direito autoral – não se aplica. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1380149/RS.
11. Apropriação indébita previdenciária:
ANTES: havia divergência entre o STJ e o STJ.
AGORA: tanto o STF como o STJ afirmam que é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de
apropriação indébita previdenciária.
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita
previdenciária. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos
crimes de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição
previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais
protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o
grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem
jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação
indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo,
não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente
é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação
já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico
supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos
implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.
12. Crimes ambientais:
STJ: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as
circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame (STJ AgRg
no AREsp 654.321/SC).
STF: Já negou em situação de pesca ilegal, a um indivíduo flagrado junto a outras três pessoas, POR TRÊS
VEZES CONSECUTIVAS, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de
arrasto de fundo (HC 137652).
- Já negou em caso de realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método
não permitido (HC 122560/SC).
- A partir do caso acima, publicou a seguinte redação no Info 901:: O princípio da bagatela não se aplica
ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 (pesca ilegal).
- No entanto, existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da
insignificância para este delito. Atente-se ao comando da questão!
13. É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina?
• No STJ: é pacífico que NÃO.
Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de
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sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei
9.472/97.
• No STF: o tema ainda é controverso.
-1ª Turma do STF: é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de
sinal de internet, por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e,
como tal, prescinde de comprovação de prejuízo para sua consumação. STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019.
-2ª Turma do STF: O princípio da insignificância também se aplica ao fornecimento clandestino de
internet tipificado no art. 183 da Lei nº 9.472/97 desde que (i) a conduta seja minimamente ofensiva
do agente, (ii) não haja risco social da ação, (iii) seja reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e (iv) inexpressiva a lesão jurídica. A expressividade da lesão jurídica deve ser
verificada in concreto à luz do alcance do alcance dos aparelhos consignado em laudo da autoridade
regulatória.Ausente laudo que ateste a expressividade concreta da lesão e havendo indícios de sua
inexpressividade, deve incidir o princípio da insignificância, a autorizar a concessão da ordem. STF. 2ª
Turma. HC 161483 AgR, Rel. Edson Fachin, julgado em 07/12/2020. STF. 2ª Turma. HC 165577 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/09/2021.
14. STJ – Info 672/2020: Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de
estelionato qualificado por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira
do hospital.
Cinge-se a controvérsia a saber acerca da possibilidade do trancamento de ação
penal pelo reconhecimento de crime bagatelar no caso de médico que, no
desempenho de seu cargo público, teria registrado seu ponto e se retirado do
local, sem cumprir sua carga horária. A jurisprudência desta Corte Superior de
Justiça não tem admitido, nos casos de prática de estelionato qualificado, a
incidência do princípio da insignificância, inspirado na fragmentariedade do
Direito Penal, em razão do prejuízo aos cofres públicos, por identificar maior
reprovabilidade da conduta delitiva. Destarte, incabível o pedido de trancamento
da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a
vítima, porquanto, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos
médicos são provenientes de verbas federais. STJ. AgRg no HC 548.869-RS, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020,
DJe 25/05/2020.
15. Juris em teses ed. 219: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas (Súmula n. 589/STJ).
16. Juris em teses ed. 219:Os delitos de porte ou posse de munição, de uso permitido ou restrito, são
crimes de mera conduta e de perigo abstrato, em que se presume a potencialidade lesiva e, por isso, em
regra, não é aplicável o princípio da insignificância.
17. Juris em teses ed. 219:É possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de
munição de uso permitido ou restrito, desde que a quantidade apreendida seja pequena e esteja
desacompanhada de armamento apto ao disparo e as circunstâncias do caso concreto demonstrem a
ausência de lesividade da conduta.
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18. Juris em teses ed. 219:Não é possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou
posse de munição, de uso permitido ou restrito, ainda que em pequena quantidade e desacompanhada
de armamento apto ao disparo, se a apreensão acontecer no contexto do cometimento de outro crime.
1
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf
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Não tem previsão legal no direito brasileiro. Está previsto no art. 59 do CP, conforme a doutrina.
Enquanto para a infração bagatelar própria já nasce irrelevante por se tratar de conduta
materialmente atípica, “a infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal,
mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente
desnecessária” (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT,
2009, p. 305)”.
Em outras palavras, o fato é típico, tanto do ponto de vista formal como material. No entanto, em
um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, a
reprimenda não deve ser imposta, deve ser relevada (assemelhando-se ao perdão judicial).
Porém, ao contrário do instituto mencionado, as situações em que a bagatela imprópria é aplicável
não estão expressamente previstas.
Segundo LFG, este instituto possui fundamento legal no direito brasileiro (porém, de forma implícita
e “genérica” – termos nossos). Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme
seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Dessa forma, se a pena não for mais necessária, ela não deverá ser imposta (princípio da
desnecessidade da pena conjugado com o princípio da irrelevância penal do fato).
A bagatela imprópria foi acolhida, excepcionalmente, pela 5ª Turma do STJ, confirmando decisão da
1ª e 2ª instâncias judiciais no AgRg no AREsp 1423492 / RN (decisão publicada 29/05/2019):
SIMPLIFICANDO:
- Princípio da insignificância ou da bagatela própria – O fato já nasce atípico, por atipicidade material.
- Natureza jurídica bagatela própria: Causa Supralegal de extinção de tipicidade material, devendo ser
analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima.
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- Princípio da insignificância imprópria: pressupõe uma análise do que ocorreu após a prática do crime até
o momento do julgamento. Exemplo: o réu se casou, teve filhos, tem uma empresa com mais de 50
funcionários. Nesses casos o juiz reconhece a existência do crime, mas conclui que a pena não é necessária.
Aqui não há causa supralegal de exclusão de tipicidade, há causa supralegal de extinção de punibilidade. O
Estado reconhece o crime, mas conclui pela desnecessidade da punição, ela não é mais vantajosa para a
sociedade.
A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática,
jamais no plano abstrato. Atente-se também para a necessidade de se observar que a bagatela imprópria
tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância (próprio). Afinal, se o fato
não era merecedor da tutela penal em decorrência da sua atipicidade, descabe enveredar pela discussão
acerca da necessidade ou não da pena.
- Natureza jurídica bagatela imprópria: Causa supralegal de extinção de punibilidade. O estado reconhece o
crime, mas conclui pela desnecessidade da pena, a punição não é vantajosa para a sociedade.
Caiu na prova Delegado MS/2021! Apesar de serem conceituadas de maneira diferente, a bagatela própria
e a imprópria, sob o ponto de vista pragmático, geram a mesma consequência, que é a exclusão da tipicidade
material. (Item incorreto)
Como mencionado acima, bagatela própria é causa de exclusão de tipicidade material e bagatela imprópria
causa da exclusão da punibilidade.
Não pode haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. A doutrina mais
especializada aponta uma fundamentação implícita ao princípio da lesividade na ideia de dignidade da
pessoa humana, no sentido de que não se pode instrumentalizar ou objetificar o homem. Então, quando o
Estado criminaliza condutas sem que haja ofensa ou ao menos perigo de ofensa a um bem jurídico tutelado,
está colocando o homem (que está recebendo aquela reprimenda) como instrumento para a consecução de
outra finalidade que não a proteção do próprio homem (ex.: um controle social que não é legítimo).
Nesse contexto, para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado.
Crime de dano: exige efetiva lesão ao bem jurídico. (Ex.: homicídio, exige a lesão morte).
Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. (Ex. abandono de incapaz/omissão de
socorro).
a. crime de perigo concreto - o risco de lesão deve ser demonstrado.
b. perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
Há doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional, pois o perigo não pode ser
presumido, mas comprovado. Presumir-se prévia e abstratamente o perigo, significa, em última análise, que
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o perigo não existe. Para os adeptos dessa corrente, os crimes de perigo abstrato violariam o princípio da
lesividade. Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a
criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas
proteção eficiente do Estado.
Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o
crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Nesse sentido, considerando que o princípio da ofensividade exige que, do fato praticado, ocorra
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, é certo concluir que o direito penal não deve se ocupar de
questões éticas, morais, religiosas, políticas, filosóficas. Assim, em razão do princípio da lesividade, PROÍBE-
SE:
⋅ A criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão);
⋅ A criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à autolesão);
⋅ A criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que ela é – ex.:
revogação da contravenção de mendicância).
Aprofundando...
O princípio da lesividade está diretamente ligado à ideia de bem jurídico, com a chamada teoria do bem
jurídico. Na vertente do funcionalismo teleológico e racional (Roxin), a teoria do BJ ganha um destaque muito
grande em toda a sistemática penal como uma forma de limitar o poder de punir do estado, ou seja, como
uma forma de limitar a incidência de tipos penais
São de 4 ordens/ funções e garantias do princípio da lesividade:
1) Proibição de incriminar uma atitude interna – motivo pelo qual não se pune a cogitação (fase interna do
inter criminis);
2) Proibição de incriminar condutas que não excedam o âmbito do autor – motivo pelo qual não se pune a
autolesão;
3) Proibição de incriminar simples estados ou condições existenciais - tendo em vista que nosso ordenamento
Jurídico adota o direito penal do fato – e não direito penal do autor;
4) Proibição de incriminar condutas desviadas que não afetam qualquer bem jurídico - motivo pelo qual não
se pune o crime impossível e, em regra, os atos preparatórios.
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O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, fatos, atos lesivos. Ninguém pode ser
castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. Esse princípio busca impedir
o direito penal do autor. Decorrência do princípio da lesividade.
Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CFRB/88 e no art. 1º do CP: “Não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Assim, a lei em sentido estrito tem o monopólio na
criação de crimes e cominação de penas – que só serão aplicados a condutas posteriores à sua vigência, não
podendo haver criação de crimes e penas por costumes ou analogias, tampouco tipificação de condutas
genéricas.
Ademais, a lei precisa ser anterior, escrita, estrita, certa (taxativa) e necessária.
A legalidade subdivide-se em:
o Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF para
que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico.
o Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos impostos
pela Constituição Federal, mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suas
proibições e imposições para a garantia dos direitos fundamentais por ela previstos.
A doutrina trabalha com uma dupla face do princípio da legalidade. Ora legitimando o Estado, ora
limitando esse poder de punir. Veja:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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2) Funções de garantia (face de garantia) – busca limitar o poder de punir do estado trazendo garantias
mínimas ao cidadão perante o estado. Exclui penas ilegais, por exemplo. Nesse ponto, o princípio da
legalidade se desdobra em 4 máximas:
I. Lex scripta: A lex scripta proíbe que se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito
penal;
II. Lex stricta: proibição do emprego da analogia in malan partem;
III. Lex Praevia: Representa o princípio da anterioridade penal: veda a criminalização ex post facto;
IV. Lex certa (aspecto material do princípio da legalidade): A lex certa materializa a proibição de o
legislador formular tipos penais genéricos, vazios, vagos etc. (Princípio da taxatividade).
Segundo o autor Masson, o princípio da reserva legal possui dois fundamentos, quais sejam:
- Fundamento jurídico: é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica, por parte do legislador, a
determinação precisa, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal e da sanção penal a ser aplicada, bem
como da parte do juiz, na máxima vinculação ao mandamento legal. Como desdobramento lógico da
taxatividade, o Direito Penal não tolera a analogia in malam partem.
- Fundamento político: é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado no exercício do seu poder
punitivo. Enquadra-se, destarte, entre os direitos fundamentais de 1° geração (ou dimensão). (MASSON,
2017, p. 25).
* ATENÇÃO: os princípios da reserva legal (estrita legalidade) e o da legalidade são considerados como
sinônimos por parte da doutrina, enquanto outra corrente defende que se diferenciam nos seguintes
aspectos:
Exige lei em sentido estrito (no caso do Exige lei em sentido amplo (abrange qualquer
direito penal, lei ordinária) - a lei deve ser espécie normativa, ou seja, lei delegada,
criada de acordo com o processo legislativo medida provisória, decreto, etc.).
previsto na CF e deve tratar de matéria
constitucionalmente reservada à lei.
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Em que pese a criação de crimes e cominação de penas seja exclusiva da lei em sentido estrito, a
Constituição Federal estabelece mandados explícitos e implícitos de criminalização, ou seja, situações em
que é obrigatória a intervenção do legislador penal.
Conforme já afirmado pelo STF, “A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que,
em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º,
XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º)” (HC 102.087/MG).
Podem ser de duas espécies:
# DICA DD: O que seria mandado de criminalização por omissão? Consiste na hipótese do art. 5º, XLIII da
CF, que determina que a omissão, nos casos de crimes hediondos e equiparados, deve ser punida.
Exteriorizado nos mesmos dispositivos que se pode extrair o princípio da reserva legal.
De acordo com o princípio da anterioridade, a lei penal apenas se aplica a fatos praticados após a sua
entrada em vigor.
Daí, por consequência lógica, deriva a sua irretroatividade, não se aplicando a fatos pretéritos, nem
mesmo os praticados durante a vacatio legis, SALVO se benéfica ao acusado.
Nesse sentido, temos o art. 5º XL da CF, dispondo que “a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu”.
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Tem previsão no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso ordenamento
jurídico pelo Dec. 678/1992.
Proíbe que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo fato, inclusive sopesando a mesma situação
ou circunstância para agravar a pena em mais de um momento da dosimetria. Como exemplo, temos a
Súmula 241 do STJ que proíbe o uso de uma única reincidência como circunstância judicial desfavorável e
como agravante, pois haveria violação a este princípio.
Caiu em prova Delegado SC/2024! Acerca dos princípios penais, assinale a afirmativa correta. O princípio do
ne bis in idem indica que uma mesma circunstância não pode ser valorada em desfavor do suposto autor do
fato mais de uma vez. (item correto).
Idealizado por Hans Welzel, este princípio traz a ideia de que as condutas tidas por socialmente
adequadas não poderiam constituir delitos, pois o tipo penal implica em uma seleção de comportamentos
reprováveis cuja sociedade realiza um desvalor da ação e do resultado. Dessa forma, não caberia a
criminalização de comportamentos nos quais não há esse desvalor.
Comporta duas vertentes, reduzindo a abrangência do tipo penal.
1. Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a conduta
deverá ser tida como atípica.
2. Também deve ser direcionado ao legislador. Isso porque, se a conduta está de acordo com a
sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta, orientando o parlamentar a como
proceder na definição dos bens jurídicos a ser tutelados.
Caiu em prova Delegado MG/2021! O princípio da adequação social funciona como causa supralegal de
exclusão da tipicidade, não podendo ser considerado criminoso o comportamento humano socialmente
aceito e adequado, que, embora tipificado em lei, não afronte o sentimento social de justiça. (item correto).
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material e ilicitude formal. Então a tipicidade material da conduta acaba antecipando algumas
análises que seriam feitas na ilicitude.
3. Regra geral de hermenêutica/princípio geral de interpretação: A jurisprudência caminha de
forma tranquila e dominante no sentido de que a adequação social deve sofrer uma aplicação
restritiva no direito penal, comportando 2 vertentes:
● 1ª vertente – voltada ao legislador (função seletiva) – vertente meramente
orientadora, pois busca orientar o legislador para que esse não selecione condutas
socialmente adequadas para serem criminalizadas.
● 2ª vertente – voltada ao intérprete (função interpretativa limitadora) – traduz uma
regra geral de hermenêutica/ princípio geral de interpretação. Assim, em havendo várias
interpretações possíveis, pela adequação social, exclui a incidência do tipo penal das
hipóteses que são socialmente adequadas.
Há forte crítica na doutrina acerca deste princípio, pelo fato de adotar um critério impreciso, inseguro
e relativo. Importante saber que, segundo o STJ, o princípio da adequação social não afasta a tipicidade da
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas, como se verifica do enunciado da Súmula 502 do STJ: Súmula
502 - "Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2°,
do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas".
CESPE/2018 - A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada praça
pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o
conduziram coercitivamente até a delegacia. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item
subsequente. O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito. (Item incorreto)
De acordo com esse princípio, a responsabilidade penal é sempre uma responsabilidade pessoal, que
não pode ultrapassar a pessoa do autor do crime, motivo pelo qual se proíbe o castigo penal pelo fato de
outrem. Somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado.
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Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, o agente somente pode ser
responsabilizado se o fato tiver sido querido, assumido ou previsto. Não há responsabilidade penal sem dolo
ou culpa.
Questão: Polícia Civil do DF – Concurso Delegado Civil 2ª Fase – temos doutrina anunciado dois CASOS de
responsabilidade penal objetiva (autorizados por lei):
● 1ª Embriaguez voluntária - Crítica: A teoria da actio libera in causa que permite a punição do agente
completamente embriagado, não sendo a embriaguez acidental, exige não somente uma análise
pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. Exige
responsabilidade subjetiva.
● 2ª Rixa qualificada. *qualificado pela lesão grave e morte. Independentemente de quem tenha
causado a lesão ou morte, todos responderão pela rixa qualificada. Crítica: só responde pelo
resultado agravador, isto é, o crime de lesão, quem atuou com dolo, evitando-se responsabilidade
penal objetiva.
Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível
conduta diversa (podendo agir de outra forma).
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Exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou
posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena). Toda vez
que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser
proporcional à gravidade do fato.
O presente princípio apresenta uma dupla face, pois de um lado proíbe o excesso (garantismo
negativo), enquanto de outro lado não admite a proteção insuficiente (garantismo positivo) – já estudamos
também no tópico do garantismo.
STJ (AI no HC 239.363/PR): A intervenção estatal por meio do Direito Penal deve
ser sempre guiada pelo princípio da proporcionalidade, incumbindo também ao
legislador o dever de observar esse princípio como proibição de excesso e como
proibição de proteção insuficiente.
Caiu na prova Delegado MS/2017! Com relação aos princípios de Direito Penal e à interpretação da lei penal,
assinale a alternativa correta.
a) A interpretação autêntica contextual visa a dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior.
b) Não se aplica o princípio da individualização da pena na fase da execução penal.
c) A interpretação quanto ao resultado busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência.
d) O princípio da proporcionalidade tem apenas o judiciário como destinatário cujas penas impostas ao autor
do delito devem ser proporcionais à concreta gravidade.
e) A interpretação teleológica busca alcançar a finalidade da lei, aquilo que ela se destina a regular.
Gab. E. No tocante a assertiva D, o equívoco da questão consiste em afirmar que tem como destinatário
apenas o judiciário. Em verdade, o princípio da proporcionalidade tem como destinatário o legislativo,
judiciário e o juízo da execução da pena
Princípio da humanidade ou princípio da humanidade das penas, nada mais é do que o princípio da
dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional. Este princípio é transportado para o Direito Penal, e
ganha uma nomenclatura diferente: humanidade.
Assim, a CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra
declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.
Caiu em prova Delegado PR/2021! A Constituição da República proíbe as penas de morte (salvo em caso de
guerra declarada) e as consideradas cruéis (art. 5º, inc. XLVII, alíneas ‘a’ e ‘e’, respectivamente), além de
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assegurar às pessoas presas o respeito à integridade física e moral (art. 5º, inc. XLIX). Tais preceitos
constitucionais expressam o princípio penal da: humanidade.
A Constituição da República proíbe as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada) e as consideradas
cruéis (art. 5º, inc. XLVII, alíneas ‘a’ e ‘e’, respectivamente), além de assegurar às pessoas presas o respeito à
integridade física e moral (art. 5º, inc. XLIX). Tais preceitos constitucionais expressam o princípio penal da
HUMANIDADE.
Segundo o autor Bitencourt (2018), “o princípio de humanidade do Direito Penal é o maior entrave para a
adoção da pena capital e da prisão perpétua. Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal não pode
aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica
dos condenados”.
Caiu na Prova Delegado RR/2022 - (aplicação 25/09/22) O princípio da dignidade da pessoa humana, no
âmbito penal, implica vedação de tratamento degradante e cruel, servindo de fundamento, na jurisprudência
dos tribunais superiores, à concessão de prisão domiciliar a preso em estado terminal. (item correto)
O princípio da confiança, abordado por parte da doutrina, surgiu na Espanha, com aplicação inicial
aos crimes de trânsito. Segundo este princípio, quem atua observando as regras de trânsito, possui o direito
acreditar que as demais pessoas irão agir também de acordo com as normas. Assim, quando aquele que
continua avançando no sinal verde e acaba colidindo com outro veículo que avançou no sinal vermelho, agiu
amparado pelo princípio da confiança, não tendo culpa, já que dirigia na expectativa de que os demais
respeitariam as regras de sinalização.
Atualmente é aplicado no Brasil para os crimes em geral.
Princípio da fraternidade
O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões ou a moral.
sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância, tendo em vista a complexidade
dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje enfrentados pelas democracias. A fraternidade não
exclui o direito e vice-versa, mesmo porque a fraternidade enquanto valor vem sendo proclamada por
diversas constituições modernas, ao lado de outros historicamente consagrados como a liberdade e a
igualdade. O princípio da fraternidade é um macroprincípio dos direitos humanos e passa a ter uma nova
leitura prática, diante do constitucionalismo fraternal prometido na Constituição federal de 88. O princípio
da fraternidade é possível de ser concretizado também no âmbito penal, através da chamada justiça
Restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da aplicação do próprio direito penal e do
correspondente processo penal.
Com base nesse princípio, o STJ já determinou a progressão de pena (STJ HC 562.452) julgado em
23/04/2020:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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O princípio da Fraternidade foi usado como fundamentação para decidir pelo cômputo da pena de
maneira mais benéfica ao condenado que é mantido preso em local degradante. Pelo princípio da
fraternidade, foi considerado computar pena em dobro para os presos que estão em situação degradante.
Em maio de 2021, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca do STJ concedeu habeas corpus para que fosse
contado em dobro todo o período em que um homem esteve preso no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho,
no Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro: “Não se mostra possível
que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados como se o recorrente tivesse
cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a notificação e a partir de então tal estado de fato
tivesse se modificado. Em realidade, o substrato fático que deu origem ao reconhecimento da situação
degradante já perdurara anteriormente, até para que pudesse ser objeto de reconhecimento, devendo, por
tal razão, incidir sobre todo o período de cumprimento da pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 136.961/RJ,
Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 15/06/2021.
Esse cômputo da pena em dobro se aplica para todo e qualquer crime? NÃO. O cômputo em dobro foi vedado
para os seguintes crimes: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a integridade física; c) crimes sexuais.
“O Estado deverá arbitrar os meios para que, no prazo de seis meses a contar da presente decisão, se
compute em dobro cada dia de privação de liberdade cumprido no IPPSC, para todas as pessoas ali alojadas,
que não sejam acusadas de crimes contra a vida ou a integridade física, ou de crimes sexuais, ou não
tenham sido por eles condenadas, nos termos dos Considerandos 115 a 130 da presente resolução”. STJ.
5ª Turma. AgRg no RHC 136961-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/06/2021, DJe
21/06/2021 (Info 701).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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META 2
Olá pessoal, antes de começar o estudo do material, é importante destacar que, em 2023, o STF julgou as
ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305 que questionavam alterações no Código de Processo Penal (CPP) pelo Pacote
Anticrime (Lei 13.964/2019).
No julgamento, a Corte estabeleceu:
1) Implantação do juiz das garantias cuja competência será limitada até o OFERECIMENTO da denúncia,
sendo o juiz INVESTIDO na função e cabendo-lhe determinar a realização de diligências suplementares,
para o fim de dirimir dúvida relevante no julgamento do mérito, NÃO se aplicando aos processos de
competência originária dos tribunais, tribunal do júri, violência doméstica e infrações de menor
potencial ofensivo (art. 3ª-A, 3ºB, 3º-C, art. 3º-E);
2) Controle judicial dos atos praticados pelo Ministério Público, sob pena de nulidade (art. 3º-B), incluindo
a submissão do arquivamento à análise da autoridade judicial, que poderá submeter à revisão da instância
ministerial em caso de patente ilegalidade (art. 28 e art. 28-A);
3) Videoconferência poderá ser utilizada de forma excepcional para realização da audiência de custódia
(art. 3º-B e art. 310);
4) Prorrogação do inquérito policial, mediante decisão judicial, mesmo estando o investigado preso,
sendo que a inobservância dos prazos, não implica na revogação automática da prisão (art. 3º-B, §2º);
5) Encaminhamento dos autos ao juiz da instrução (art. 3º-D);
6) NÃO haverá alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (art. 157,
§5º).
CF/88
⦁ Art. 5º, XL
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII
⦁ Art. 5º, LX e LXIII
⦁ Art. 5º, XXXVIII, “a”
⦁ Art. 5°, XXXVII
⦁ Art. 53
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 129, I
CPP
⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B
⦁ Art. 185, §2º
⦁ Art. 212 e 217
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O Processo Penal Brasileiro deve observância às normas previstas na Carta Magna. Devem as normas
processuais serem interpretadas a partir de uma filtragem constitucional. Interessante apontar a reflexão
de Daniel Sarmento e Claudio Pereira de Souza Neto sobre a constitucionalização do Direito:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● O interrogatório do réu deve perder a sua característica de prova, passando a ser fundamentalmente
meio de defesa.
Caiu em prova Delegado MS/2021! Em relação aos sistemas processuais penais e o processo penal na
dimensão dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta.
O princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação está entre os axiomas de Luigi Ferrajoli.
● Presunção de inocência;
● Contraditório (nulla probatio sine defensione): é um método de confrontação da prova e
comprovação da verdade entre acusação e defesa.
2. PRETENSÃO PUNITIVA
● Conceito: No momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que
até então tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter a pretensão concreta de punir
o suposto autor do fato delituoso.
Surge então a pretensão punitiva: que é o poder do Estado de exigir de quem comete um delito a
submissão à sanção penal, tornando efetivo o ius puniendi.
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Segundo Gustavo Badaró consiste no poder do Estado de exigir, de quem comete um delito, a
submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o direito de punir
(ius puniendi), exigindo do autor do crime, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento
dessa obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se de
qualquer resistência contra os órgãos estatais aos quais cumpre executar a pena. Porém, tal pretensão não
poderá ser voluntariamente resolvida sem um processo, não podendo nem o Estado impor a sanção penal,
nem o infrator submeter-se à pena.
Assim sendo, tal pretensão já nasce insatisfeita. É necessário um processo.
Ex.: art. 121, CP → pena de 6 a 20 anos (direito de punir em abstrato).
A partir do momento que alguém pratica o delito, o direito de punir deixa o plano abstrato e entra
no plano concreto, de modo que surge para o Estado o direito de punir o indivíduo. Nasce a pretensão
punitiva.
Infrações penais de menor potencial ofensivo: o fato de ser admitida transação penal, com a imediata
aplicação de penas restritivas de direito ou multas não quer dizer uma imposição direta da pena. Trata-se de
uma forma distinta da tradicional para a resolução da causa, sendo admitida a solução consensual com
supervisão jurisdicional – privilegiando a vontade das partes.
● Função do Processo Penal: É o instrumento que se vale o Estado para a imposição de sanção penal
ao possível autor do fato delituoso.
- Finalidades do Processo Penal:
⋅ Pacificação social obtida com a solução do conflito;
⋅ Viabilizar a aplicação do direito penal;
⋅ Garantir ao acusado, presumidamente inocente, meios de defesa diante de uma acusação.
De modo geral, a doutrina costuma separar o sistema processual inquisitório do acusatório pela
titularidade atribuída ao órgão da acusação: inquisitorial seria o sistema em que as funções de acusação e de
julgamento estariam reunidas em uma só pessoa (ou órgão), enquanto o acusatório seria aquele em que tais
papéis estariam reservados a pessoas (ou órgãos) distintos.
a) SISTEMA INQUISITÓRIO:
As funções de acusar e julgar estão concentradas em um mesmo sujeito processual.
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Características:
i. As funções de acusar, defender e julgar se encontram concentradas em uma única pessoa, o
chamado de juiz inquisidor;
ii. Não há que se falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de
contraposição entre acusação e defesa;
iii. O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória, de modo que possui liberdade para
determinar, de ofício, a colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no curso do processo
penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pela defesa, de modo que a gestão
das provas compete ao juiz que, a partir da prova do fato e tomando como parâmetro a lei, podia
chegar à conclusão que desejasse;
iv. Vigora o princípio da verdade real/material e, em decorrência dele, o acusado não era considerado
sujeito de direito, sendo tratado, em verdade, como mero objeto do processo, daí por que se admitia,
inclusive, a tortura como meio de se obter a verdade absoluta.
Na atualidade, a concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa probatória dela decorrente
é incompatível com a ordem constitucional e convencional, notadamente ao sistema acusatório (CF, art. 129,
I) e à garantia da imparcialidade (CADH, art. 8º, n. 1).
b) SISTEMA ACUSATÓRIO:
As funções serão exercidas por partes distintas. As funções de acusar, defender e julgar são
atribuídas a pessoas diversas. No referido sistema haverá respeito ao contraditório.
O acusado deixa de ser considerado mero objeto e passa a configurar como sujeito de direitos.
A gestão da prova cabe as partes e, em um sistema acusatório puro, o juiz não poderia produzir
prova de ofício. Porém, parte da doutrina aduz que o juiz pode produzir prova de ofício, restrito a fase
processual e de forma residual, não sendo permitida a produção, contudo, na fase investigatória.
São características, ainda, a prevalência do caráter público e oral da instrução processual.
Características:
i. Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de
condições e ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma
separação das funções de acusar, defender e julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo
actum trium personarum.
ii. A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir
quando provocado.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Em outras palavras: O magistrado não será o protagonista na produção de provas, sua atuação deve
ter caráter complementar e subsidiário. Nesse sentido, o art. 212 do CPP:
No entanto, o Pacote Anticrime retirou do juiz a iniciativa probatória (Art.3º-A do CPP), entregando
ao juiz de garantias a competência para decidir sobre a produção de provas cautelares durante a
investigação.
CPP. Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do
juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Contudo, no julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, o STF conferiu interpretação conforme
ao dispositivo, para assentar que o juiz, pontualmente, nos limites autorizados, pode determinar a realização
de diligências suplementares, para o fim de dirimir dúvida relevante no julgamento do mérito.
iv. O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da busca da verdade, devendo a prova ser
produzida com fiel observância ao contraditório e a ampla defesa;
v. A separação das funções e a iniciativa probatória residual à fase judicial preserva a equidistância que
o magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo compatível com a garantia da
imparcialidade e com o princípio do devido processo legal;
vi. O sistema acusatório é o adotado pela Constituição Federal e pelo CPP:
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A função de acusar nas ações penais públicas é do Ministério Público, materializando assim o sistema
acusatório, haja vista que a própria CF outorgou a titularidade da persecução penal ao referido órgão, por
excelência.
Como se admite o princípio da verdade real, o O princípio da verdade real é substituído pelo princípio
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado da busca da verdade, devendo a prova ser produzida
como mero objeto do processo, daí por que se admite com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa.
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade
absoluta.
O juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa A gestão da prova recai precipuamente sobre as partes.
acusatória e probatória, tendo liberdade para Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando
determinar de ofício a colheita de elementos provocado, e desde que haja necessidade de intervenção
informativos e de provas, seja no curso das judicial.
investigações, seja no curso da instrução processual.
Durante a instrução processual, o juiz tem iniciativa A separação das funções e a iniciativa probatória residual
probatória, podendo determinar a produção de restrita à fase judicial preserva a equidistância que o juiz
provas de ofício. Há disparidade de poderes entre deve tomar quanto ao interesse das partes, sendo
acusação e defesa e verifica-se o caráter escrito e compatível com a CF/88. Além disso, deve ser
secreto da instrução. assegurada a paridade entre acusação e defesa.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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I. Gestão da prova na mão das partes e não do juiz, clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, juiz
como terceiro imparcial e publicidade dos atos processuais.
II. Ausência de uma tarifa probatória, igualdade de oportunidades às partes no processo e procedimento é,
em regra, oral.
III. O processo é um fim em si mesmo e o acusado é tratado como mero objeto, imparcialidade do juiz e
prevalência da confissão do réu como meio de prova.
IV. Celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz determinar de ofício a produção de
prova.
Caiu em prova Delegado SP/2023! O sistema processual penal acusatório antagoniza o sistema inquisitivo,
entre outras razões, por vedar a substituição probatória do órgão de acusação pelo juiz. (item considerado
correto)
Segundo o autor Renato Brasileiro, é chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra
em duas fases distintas: a primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem
acusação e, por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a materialidade e a autoria do fato
delituoso. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende
e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade.
#DICA DD: Quando o CPP entrou em vigor, havia o entendimento de que ele era misto, sendo o inquérito
policial a primeira fase. Porém, com o advento da CF/88 e do Pacote Anticrime deixou de maneira expressa
o sistema acusatório, além da separação das funções de acusar, defender e julgar, assegurando o
contraditório e a ampla defesa, e o princípio da presunção de não culpabilidade, trata-se de um sistema
acusatório.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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No sistema misto, o processo se divide em duas grandes fases: na fase de instrução preliminar, com os
elementos do sistema inquisitivo, predomina a procedimento secreto, escrito e sem contraditório; enquanto,
na fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório, presentes se fazem a oralidade, a
publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre
apreciação das provas. (item correto)
a) Previsão legal: art. 5°, LVII, CF/88 e art. 8°, §2°, CADH.
Art. 5°, LVII, CF/88 – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória → presunção de não culpabilidade.
Art. 8°, §2°, CADH – Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma
sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa → presunção
de inocência.
Observações:
● CADH possui status normativo supralegal, ou seja, está abaixo da CF, mas acima da legislação
infraconstitucional;
● Sempre que se faz uma leitura da legislação infraconstitucional, deve-se sujeitá-la tanto ao controle
de constitucionalidade quanto ao controle de convencionalidade;
● Ao contrário da CF/88, a Convenção Americana fala em presunção de inocência, e o faz de maneira
muito semelhante aos outros tratados internacionais de direitos humanos.
#DICA DD: Há quem utilize como sinônimos as expressões: presunção de inocência, presunção de não
culpabilidade e estado de inocência.
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Esse caso foi decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Nesse, a Corte responsabilizou
o Peru por violação ao estado de inocência, previsto no art. 8.2 da CADH.
A Sra. J. foi presa durante o cumprimento de medida de busca e apreensão residencial. Foi
processada por terrorismo e associação ao terrorismo, em virtude de suposta vinculação com o grupo
armado Sendero Luminoso. Foi absolvida em junho de 1993. Logo após ser solta, deixou o território peruano.
Em dezembro do mesmo ano, a Corte Suprema Peruana cassou a sentença absolutória, determinou um novo
julgado e decretou sua prisão.
Para a CIDH, os distintos pronunciamentos públicos das autoridades estatais, sobre a culpabilidade
de J. violaram o estado de inocência, princípio determinante que o Estado não condene, nem mesmo
informalmente, emitindo juízo perante a sociedade e contribuindo para formar a opinião pública, enquanto
não existir decisão judicial condenatória.
Para a Corte, a apresentação da imagem da acusada para a imprensa, escrita e televisiva, ocorreu
quando ela estava sob absoluto controle do Estado, além de as entrevistas posteriores também terem sido
levadas a cabo sob conhecimento e controle do Estado, por meio de seus funcionários. A Corte acentuou não
impedir o estado de inocência que as autoridades mantenham a sociedade informada sobre investigações
criminais, mas requer que isso seja feito com a discrição e a contextualização necessárias, de tal modo a
garantir o estado de inocência.
Assim, fazer declarações públicas, sem os devidos cuidados, sobre processos penais, gera na
sociedade a crença sobre a culpabilidade do acusado.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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d) Limite temporal
Até quando o sujeito é presumidamente inocente?
Em 2016, no bojo do HC 126.292, o Plenário do STF entendeu que, a partir do momento que um
acórdão condenatório fosse proferido por um Tribunal de 2ª Instância, a pena já poderia ser executada,
mesmo na pendência de REsp ou RE. Essa prisão a que o indivíduo estaria sendo submetido seria uma prisão
penal, e não prisão cautelar.
Ou seja, o STF passou a defender que a execução provisória da pena após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. Isso porque a
manutenção da sentença condenatória pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena, até mesmo porque os
recursos extraordinários ao STF e ao STJ comportam exclusivamente discussão acerca de matéria de direito.
A decisão do STF acima foi muito criticada pela doutrina, tendo em vista que a CF é clara ao prever
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado (...)”, não havendo margens para outra
interpretação.
Em 2019 houve overruling e o STF decidiu que o cumprimento da pena somente pode ter início com
o esgotamento de todos os recursos. Portanto, atualmente, é proibida a execução provisória da pena.
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento
de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial
individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a
prisão preventiva previstos no art. 312 e art. 313 do CPP.
Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente
(preventivamente), e não como execução provisória da pena.
A nova decisão do STF é vinculante? SIM. A decisão do STF foi proferida em ADC, que declarou a
constitucionalidade do art. 283 do CPP.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Para o STF, é possível o início do cumprimento da pena caso somente reste o julgamento de recurso sem
efeito suspensivo (ex: só falta julgar Resp ou RE)? É possível a execução provisória da pena?
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Tabela via @dizerodireito para facilitar a compreensão sobre evolução jurisprudencial deste tema.
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https://youtu.be/-a3S31gN6p4
As partes devem ter em juízo as mesmas oportunidades de atuação no processo e devem ser tratadas
de forma igualitária, na medida da sua igualdade. Segundo Norberto Avena (2017, p. 53): “As partes, em
juízo, devem contar com as mesmas oportunidades e ser tratadas de forma igualitária. Tal princípio constitui
desdobramento da garantia constitucional assegurada no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, ao dispor
que todas as pessoas serão iguais perante a lei em direitos e obrigações. Não obstante o sistema
constitucional vigente seja proibitivo de discriminações, em determinadas hipóteses é flexibilizado o
princípio da igualdade”.
Segundo Renato Brasileiro (2017, p. 54), a ampla defesa pode ser vista como um direito sob a ótica
de que privilegia o interesse do acusado, todavia, sob o enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse
geral de um processo justo, é vista como garantia.
Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes”.
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1. Direito de audiência;
2. Direito de presença;
3. Capacidade postulatória autônoma.
1. Direito de audiência: É o direito de ser ouvido no processo. Ou seja: é o momento que o acusado
tem para apresentar a sua versão dos fatos e tentar formar a convicção do magistrado quanto a sua
inocência.
Obs.: Quando estudarmos o interrogatório judicial, veremos que, hoje, na visão da doutrina, o interrogatório
judicial tem natureza jurídica de meio de defesa. Isso porque, no interrogatório, ele tem o direito de ficar em
silêncio.
Obs.: O direito de presença tem natureza relativa. Ou seja, há situações em que o direito de presença pode
causar constrangimento à vítima ou às testemunhas. Nesse caso, se não for possível realizar a audiência
mediante videoconferência, o acusado será retirado da audiência. Se for essa a decisão do magistrado, deve
haver fundamentação, e essa fundamentação deve constar da ata da audiência para evitar futura nulidade.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor,
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique
a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo
deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008).
SEMANA 01/21
Art. 261 do CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado
ou julgado sem defensor.
Súmula 523, STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 708, STF: é nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para
constituir outro.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Há possibilidade de o acusado exercer sua própria defesa técnica? R.: Desde que o acusado seja
profissional da advocacia, ou seja, desde que esteja regularmente inscrito nos quadros da OAB.
Nas ações penais originárias, a defesa preliminar (L. 8.038/90, art. 4º), é atividade
privativa dos advogados. Os membros do Ministério Público estão impedidos de
exercer advocacia, mesmo em causa própria. São atividades incompatíveis (L.
8.906/94, art. 28). Nulidade decretada. (STF, 2ª Turma, HC 76.671/RJ, Rel. Min.
Nelson Jobim, j. 09/06/1998, DJ 10/08/2000).
É possível o patrocínio da defesa técnica de dois ou mais acusados pelo mesmo defensor. Em outras
palavras: Um único advogado pode defender 2 ou mais acusados? R.: SIM! Mas desde que não haja
colidência de teses pessoais. Ex.: A e B estão sendo acusados do mesmo crime. Um único advogado pode
defendê-los, mas desde que as teses de defesa sejam semelhantes. Se A ou B negarem ser autor do delito,
há colidência de interesses pessoais. Obs.: Cabe ao juiz e ao MP fiscalizarem isso.
Hipótese em que o paciente e seu filho foram acusados de tráfico de drogas, sendo
que o filho imputava a responsabilidade penal a seu pai e ambos foram
patrocinados pelo mesmo advogado. O defensor apresentou alegações finais
defendendo apenas o filho e acusando o pai. Havendo teses defensivas
conflitantes, fica clara a impossibilidade de que pai e filho fossem patrocinados pelo
mesmo advogado. É evidente, assim, o conflito de interesses e a colidência de
defesa, que provocou prejuízo ao paciente, haja vista a condenação à reprimenda
de 12 (doze) anos de reclusão”. (STJ, 6ª Turma, HC 86.392/PA, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, j. 25/05/2010)
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Envolve regra de tratamento que milita em favor do acusado. O juiz só pode proferir decreto
condenatório se não existirem dúvidas acerca da autoria e materialidade do delito, sendo indispensável um
juízo de certeza para a condenação.
Se houver dúvida na interpretação de determinado artigo de lei processual penal, deve ser
privilegiada a interpretação que beneficie o réu.
- STJ: NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a
análise aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um
Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório
colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/02/2021 (Info 638).
-STJ: SIM. Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor
da sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da
causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e
tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza, necessário para a
condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica
à referida decisão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
1609833/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020.
Para o professor Renato Brasileiro, deve ser adotado o primeiro posicionamento (LIMA, Renato
Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 8ª ed. rev. atual. e ampl. Editora JusPodivm. Salvador.
2020. p. 1471):
Destarte, a nosso ver, havendo dúvidas quanto à existência do crime ou quanto à
presença de indícios suficientes, deve o juiz sumariante impronunciar o acusado,
aplicando o in dubio pro reo. Nesse contexto, como já se pronunciou o Supremo, o
aforismo in dubio pro societate jamais vigorou no tocante à existência do próprio
crime, em relação à qual se reclama esteja o juiz convencido. Por isso, diante da
conclusão dúbia de laudo pericial, que concluiu pela impossibilidade de se
determinar a causa da morte investigada, somada à contradição entre a versão
apresentada pelo acusado e a da irmã da vítima, concluiu o Supremo que, diante
da dúvida do juiz sumariante acerca da existência de homicídio, não seria possível
que o acusado fosse pronunciado sob o pálio do in dubio pro societate.
Esquematizando
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STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp
Ribeiro Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 1702743/GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião julgado em 15/12/2020.
Reis Júnior, julgado em 23/02/2021 (Info 638). STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1609833/RS,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
06/10/2020.
NÃO: É ilegal a sentença de pronúncia SIM. É possível admitir a pronúncia do
fundamentada exclusivamente em elementos acusado com base em indícios derivados do
colhidos no inquérito policial. inquérito policial, sem que isso represente
afronta ao art. 155.
#DICA DD:
Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria RACIONALISTA da prova, na qual
não deve haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei, no
entanto, por outro lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de
lógica e racionalidade, podendo ser controlado em âmbito recursal ordinário.
Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da dúvida razoável, necessária
para a condenação. Contudo, a submissão de um acusado ao julgamento pelo
Tribunal do Júri pressupõe a existência de um lastro probatório consistente no
sentido da tese acusatória. Ou seja, requer-se um standard probatório um pouco
inferior, mas ainda assim dependente de uma preponderância de provas
incriminatórias. STF. 2ª Turma. ARE 1067392/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 26/3/2019 (Info 935).
Atenção! Não se afirma que o STF abandonou a aplicação do princípio do in dubio pro societate na fase de
pronúncia. Ocorre que, nesse julgado em análise, segundo o voto do Min. Gilmar Mendes, as testemunhas
que incriminavam o réu eram apenas testemunhas de “ouvir dizer”. A jurisprudência entende que a
testemunha de “ouvir dizer” – conhecida no direito norte-americano como hearsayrule – não produz um
depoimento confiável e, portanto, não serve como indício de autoria.
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Art. 5º, LV, da CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes”.
Elementos:
● Direito à informação – parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argumentos
da parte contrária.
● Direito de participação – possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade à
pretensão da parte contrária.
● Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um defensor
Nesse sentido, a parte tem direito à informação (por isso a grande importância dos atos de
comunicação, citação, intimação e notificação) e o direito à participação (a parte precisa ter o direito de
contrariar). Portanto, o contraditório seria a necessária informação às partes e a possível reação a atos
desfavoráveis.
Espécies:
● Contraditório para a prova (contraditório real): É o contraditório realizado na formação do elemento
de prova, sendo indispensável que sua produção ocorra na presença do órgão julgador e das partes.
⋅ Ex.: Prova testemunhal. A prova testemunhal é produzida em contraditório real, pois ambas
as partes estarão presente para acompanhar a produção da prova, podendo questionar as
testemunhas, não apenas quanto a sua credibilidade, mas também quanto aos fatos.
● Contraditório sobre a prova (contraditório diferido/postergado): É a atuação do contraditório após
a formação da prova.
⋅ Ex.: Interceptação telefônica. É claro que o acusado e seu advogado jamais podem tomar
ciência antecipada quanto a uma interceptação telefônica em curso. Nesse caso, o
contraditório será conferido quando concluída a interceptação. Portanto, concluída a
interceptação, a mídia será juntada aos autos, assim como eventual relatório e laudo de
gravação. É nesse momento que a defesa poderá exercer o contraditório.
https://www.youtube.com/watch?v=wXROI0TN6Wo
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Obs.: Se o promotor oferece uma denúncia e essa denúncia é rejeitada pelo juiz, é quase que intuitivo que a
acusação irá recorrer (RESE no âmbito do CPP e apelação no âmbito dos juizados especiais).
O acusado precisa ser intimado quanto a esse recurso? R.: SIM! Na condição de acusado, ele tem o interesse
de que a decisão de rejeição de denúncia seja mantida pelo tribunal. Por isso dele deve ser intimado para
que constitua um defensor para apresentar contrarrazões.
Trata-se de um princípio claramente ligado ao caráter democrático do processo penal. Isso porque,
a partir do momento que se assegura o princípio da publicidade, a ideia é de que a publicidade vai
proporcionar o controle da sociedade sobre a atividade jurisdicional.
Alguns doutrinadores dizem que o princípio da publicidade funciona como uma garantia de segundo
grau ou garantia de garantia (Ferrajoli). Garantia de segundo grau porque, na verdade, a publicidade
proporciona o controle sobre outras garantias. Assim, a partir do momento em que se dá publicidade ao
processo, analisa-se se as outras garantias também foram respeitadas (ex.: juiz natural, contraditório, ampla
defesa, etc.).
● Previsão legal: art. 93, IX, CF/88, art. 5°, LX, CF/88, art. 8°, 5, CADH, art. 792, CPP.
Art. 93, IX, da CF - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
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Art. 5º, LX, da CF - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
● Regra: Publicidade ampla, permitindo a todos o acesso ao processo e não apenas às partes e aos
procuradores.
Dessa publicidade ampla se extrai 3 direitos:
1) Direito de assistência à realização dos atos processuais: o público, as partes e os advogados
podem acompanhar os atos processuais;
2) Direito de narração dos atos processuais: da mesma forma que pode assistir, pode descrever
os atos processuais;
3) Consulta dos autos: qualquer pessoa pode acessar os autos.
● Exceção: Publicidade restrita, com fundamento na própria CF/88 que prevê, em algumas situações,
a possibilidade de restrição da publicidade. Será uma publicidade restrita apenas às partes e a seus
advogados ou, apenas, a seus advogados. Pois, vez ou outra, o direito à intimidade deve prevalecer
sobre o direito à informação.
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ATENÇÃO: Na visão dos Tribunais Superiores o segredo de justiça está dentro da cláusula de reserva de
jurisdição (STF: MS 27.483/DF). Ou seja, quando o segredo de justiça for decretado pelo juiz, somente o
próprio juiz ou uma autoridade jurisdicional superior poderá remover esse segredo de justiça.
Ex.: CPI dos grampos. A CPI quis ter acesso a todos os processos que tinham interceptação telefônica. O STF
não deixou, pois, se há interceptação telefônica, é uma hipótese de publicidade restrita, então somente uma
autoridade jurisdicional pode remover o segredo de justiça.
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Art. 5º, LVI, da CF: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos.
O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como
consequência imediata o desentranhamento dos autos e sua inutilização, para que não se possa influenciar
indevidamente o convencimento do magistrado.
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF:
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem
ser desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela
deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que
fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser
desentranhadas e substituídas. A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais
peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que
determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP.
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a
exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC
137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
Obs.: O STF começou a admitir, excepcionalmente, a utilização da prova ilícita em benefício do réu inocente
que produziu prova para a sua absolvição.
Trata-se do princípio que ensejou a edição da EC 45/04, responsável por introduzir a razoável
duração do processo enquanto direito fundamental no art. 5, LXXVIII, CF.
Assim, a duração razoável do processo corresponde à busca pelo equilíbrio: o processo não pode ser
moroso ao ponto de ensejar a impunidade, mas também não tão célere de modo a inobservar as garantias
do acusado.
Apresenta algumas consequências:
● As prisões cautelares devem persistir por tempo razoável, enquanto presentes as necessidades;
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Art. 5, LIV, da CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal.
Subdividido em:
● Aspecto material ou substancial: Ninguém será processado, senão por crime previsto em lei;
● Aspecto processual ou procedimental: Atrelado à possibilidade de produzir provas.
Caiu em prova Delegado PE/2024! O princípio do devido processo legal tem suas raízes no princípio da
legalidade e garante que o indivíduo somente seja processado e punido se houver lei penal anterior definindo
determinada conduta como crime, cominando-lhe pena. (item correto)
b) Conceito: Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade
jurisdicional que o processará e o julgará. A ideia do juiz natural está relacionada com a imparcialidade. Isso
porque, a partir do momento em que a competência é estabelecida de maneira prévia e abstrata, de certa
forma é possível proteger a imparcialidade daquele magistrado.
c) Regras de Proteção que derivam do Juiz Natural: Do princípio do juiz natural derivam 3 regras
fundamentais:
● Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição;
● Ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato;
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● Entre os juízes pré-constituídos vigoram regras de competência que excluem qualquer tipo de
discricionariedade.
Obs.1: Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores não viola o princípio do juiz
natural.
Obs.2: Julgamento por turma (ou câmara) composta, em sua maioria, por juízes convocados não viola o
princípio do juiz natural.
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O tema será aprofundado na temática de Competência, tendo em vista que são assuntos diretamente
ligados entre si.
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova
Contra Si Mesmo)
a) Conceito: A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si
próprio, essa garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere”
que está positivado no artigo 8º, “g”, do Pacto de São José da Costa Rica, garantindo à pessoa o “direito de
não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”.
b) Previsão Normativa:
Na CF/88 (art. 5º, LXIII), através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do
princípio do nemo tenetur se detegere:
Artigo 8º, item 2, CADH – (...) durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas:(...) g) direito de não ser obrigado a
depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e
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● A testemunha tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso
testemunho. Entretanto, se das perguntas a ela formuladas puder resultar uma autoincriminação,
também poderá invocar este princípio (Info 754 STF).
Caiu em prova Delegado RN/2021! No curso de inquérito, a autoridade policial intimou Pedro a, na qualidade
de testemunha, prestar informações sobre determinado fato delituoso. Na condição de testemunha, Pedro:
estará obrigado a comparecer à delegacia, mas não precisará responder às perguntas formuladas que
puderem resultar em autoincriminação.
● O imputado deve ser advertido acerca do direito de não produzir prova contra si mesmo, sob pena
de ilicitude das provas obtidas.
Art. 5º, LXIII, da CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
3) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: Consiste no
direito de não adotar comportamentos ativos que colaborem com a atividade persecutória do
Estado.
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Por comportamento ativo, entende-se um “fazer” por parte do acusado, a exemplo do fornecimento
do padrão vocal para realização de exame de espectrograma; fornecimento de material escrito para exame
grafotécnico; exame de bafômetro.
Nesse sentido a jurisprudência:
Atualmente, há teste de bafômetro ativo (não é obrigado a realizar, pois pode acarretar
autoincriminação) e teste de bafômetro passivo, em que é colocado um objeto próximo ao agente, capaz de
captar, por meio da respiração, o teor alcoólico. Este último, por não demandar qualquer comportamento
do agente, pode ser realizado, mesmo contra sua vontade.
Tratando-se de comportamentos passivos, em que o agente se sujeita a prova, não há proteção do
referido princípio, a exemplo do reconhecimento de pessoas e coisas.
O STF entendeu que o direito a não autoincriminação não assegura ao acusado o direito de ocultar ou falsear
a sua identidade (1ªT, RE n2 561.704, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 64 02/04/2009).
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No mesmo sentido, o STJ, possui entendimento sumulado. SUM 522: A conduta de atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
Caiu em prova Delegado RN/2021! O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os
quais o do nemo tenetur se detegere, pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Com base no princípio em questão e na jurisprudência dos Tribunais Superiores: a atribuição de falsa
identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa, configura fato típico.
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ser usado como escudo protetor para a realização de atividades ilícitas. Nesse sentido, vejamos alguns
exemplos.
Foi o que aconteceu no caso do Casal Nardoni, acusado e condenado por fraude processual. A defesa,
no caso deste crime específico (alteração da cena do crime), alegou o princípio do nemo tenetur se detegere,
afirmando que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Entretanto, tal princípio não dá
direito à pessoa de cometer outras infrações para se eximir da anterior.
(...) “A regra que prevê o crime do art. 305 do CTB é constitucional posto não
infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as
hipóteses de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade”. À semelhança do que já
fora decidido pelo Supremo no julgamento do RE 640.139, quando se afirmou que
o princípio constitucional da autoincriminação não alcança aquele que atribui falsa
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Obs1.: O Aviso de Miranda é uma construção do direito norte-americano, segundo o qual, o policial, no
momento da prisão, deve relatar para o preso os seus direitos, sob pena de invalidação do que por ele for
dito. Conforme leciona Renato Brasileiro (2017, p. 71), os “Miranda Warnings” têm origem no julgamento
Miranda V. Arizona, em que a Suprema Corte americana firmou o entendimento de que nenhuma validade
pode ser conferida às declarações feitas pela pessoa à polícia, a não ser que antes tenha sido claramente
informada de:
I- Que tem o direito de não responder;
II- Que tudo o que disser pode vir a ser utilizado contra ela;
III- Que tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado.
Obs2.: O art. 2º, §6º, da Lei nº 7.960/89 (prisão temporária) prevê que, efetuada a prisão, a autoridade
policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal, por meio de uma nota de
ciência.
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É vedada a propositura de ação penal pelo magistrado, reservando-se essa iniciativa apenas à parte.
Em conformidade com o sistema acusatório, o juiz não pode iniciar um processo penal sem provocação
anterior (nemo judex actore ou ne procedat judex ex officio).
Entretanto, a doutrina aponta duas exceções ao princípio da iniciativa das partes. O juiz pode agir de
ofício:
a) Quando a situação disser respeito ao direito de liberdade do agente, o que se verifica na expedição
de habeas corpus de ofício (art. 654, § 2º, CPP); e
b) Quando se tratar do início da execução penal (art. 195, Lei 7.210/84).
NÃO é princípio constitucional expresso, embora exista doutrina que defenda ser decorrência da
ampla defesa. Além disso, decorre de direitos previstos em tratados de direitos humanos, como o já
mencionado Pacto de São José da Costa Rica que, em seu art. 8.2, h, dispõe que: “(...) durante o processo,
toda pessoa tem, em plena igualdade, o direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.”
A atividade de persecução criminal deve ocorrer por órgão oficial. Aplicável à ação penal pública.
Cuidado! NÃO confunda os princípios da oficialidade e oficiosidade, visto que, apesar da denominação
similar, possuem conceituações distintas conforme apontado acima.
Caiu em prova Delegado RJ/2022! O inquérito policial é atividade investigatória realizada por órgãos oficiais,
não podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade do exercício da ação penal pelo crime
investigado seja atribuída ao ofendido.
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Considerando-se as características do inquérito policial, é correto afirmar que o texto anterior discorre sobre
a oficialidade do inquérito policial (item considerado correto).
● Princípio da Concentração: Toda a colheita de prova e julgamento devem ocorrer em uma única
audiência.
● Princípio da Imediaticidade: O magistrado deve ter contato direto com a prova produzida.
● Princípio da Identidade Física do Juiz: O juiz que instrui o processo deve julgá-lo.
NÃO pode o ofendido escolher contra qual agente ofertará a ação penal privada.
Atenção! Para o STF, a ação penal pública é divisível, pois o MP pode, até sentença final, incluir novos agentes
por aditamento à denúncia ou oferecer nova ação penal, caso já prolatada sentença no feito. Todavia, para
doutrina majoritária, prevalece a indivisibilidade.
Uma vez produzida, a prova não pertence mais à parte que a produziu, mas ao processo. Nesse
sentido, o magistrado pode valer-se de uma prova produzida pela parte para proferir decisão em seu
desfavor, de acordo com o seu livre convencimento motivado.
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É o estudo do direito intertemporal, ou seja, o direito que regula a sucessão de leis no tempo.
a) Normas de Direito Penal: Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, do qual deriva o
princípio da ultratividade da lei penal mais benéfica. A lei nova só vai valer para os crimes praticados
a partir daquele momento.
Art. 5, XL, da CF – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
b) Normas de Direito Processual Penal: Existem duas espécies de normas de Direito Processual Penal.
● Norma genuinamente processual;
● Norma processual material, mista ou híbrida.
Dependendo da espécie de norma processual penal os critérios de aplicação serão diferentes.
1) Norma genuinamente processual - São aquelas que cuidam de procedimentos, atos processuais,
técnicas do processo. Ou seja, não dizem respeito a pretensão punitiva. Nesse caso, o critério a ser
aplicado é o previsto no art. 2°, CPP (princípio da aplicação imediata).
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Pelo princípio do efeito imediato, a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. Como consequência, a lei processual penal será
aplicada de imediato, seja benéfica ou maléfica (não se aplica o princípio da retroatividade da lei benéfica,
como ocorre no Direito Penal).
Caiu em prova Delegado BA/2018! Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o , 2o e
3o do CPP, desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
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2) Norma processual material (mista ou híbrida) - São aquelas que possuem caráter dúplice, de direito
penal e de processo penal.
Norma processual material (mista) = norma de direito penal + norma de direito processual penal.
● Normas Penais - São aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da
condenação e do direito de punir do Estado. Ex.: causas extintivas da punibilidade.
● Normas Processuais Penais - São aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final
da execução ou extinção da punibilidade.
Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito
material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei
mais benigna.
Caiu em prova Delegado MS/2021! O Direito Processual Penal possui regramento específico para resolver
questões sobre qual lei será aplicada no tempo e/ou no espaço. Sobre o tema, marque a assertiva correta:
As normas híbridas ou mistas devem retroagir para beneficiar o réu, constituindo exceção à regra prevista
no art. 2º, caput, do Código de Processo Penal.
Conclusão: Quando se tratar de norma processual mista, o critério a ser aplicado é o critério do
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei mais grave e ultratividade da lei mais benigna.
● Se o aspecto penal for benéfico: prevalece o aspecto penal, e a lei retroage por completo;
● Se o aspecto penal for maléfico: a lei NÃO retroage.
Atenção! Normas heterotópicas são aquelas em que, apesar de seu conteúdo conferir-lhe uma determinada
natureza, encontra-se prevista em diploma de natureza distinta. Ou seja, é uma norma penal colocada no
CPP, ou então norma processual penal colocada no CP.
Nas palavras de Noberto Avena: Há determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas
processuais penais, possuem conteúdo material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras,
no entanto, inseridas em leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério
da aplicação imediata (tempus regit actum). É aí que surge o fenômeno denominado de heterotopia, ou seja,
situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, ela se encontra
prevista em diploma de natureza distinta. Tais normas não se confundem com as normas processuais
materiais. Enquanto a heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese
estar incorporada à diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta dupla
natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Ex.: o direito ao silêncio do
acusado em interrogatório apesar de estar previsto no Código de Processo Penal possui conteúdo material.
“Ao contrário do que ocorre no Direito Penal, onde se trava longa e complexa
discussão sobre a extraterritorialidade da lei penal, no processo penal a situação é
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Pelo art. 1º, CPP, há o princípio da territorialidade absoluta, decorrência da soberania, razão pela
qual o CPP vale em todo território nacional, SALVO nas hipóteses excludentes da jurisdição criminal brasileira,
casos em que o CPP possui aplicação subsidiária.
Caiu em prova Delegado BA/2022! Adotado o critério territorial, real ou por extensão, com determinadas
exceções e particularidades, como manifestação da soberania nacional, aplica-se o Código de Processo Penal
em todo o território brasileiro, o que envolve o espaço aéreo, as águas interiores, o mar territorial e a
plataforma continental (item considerado correto).
APROFUNDANDO:
Parte da doutrina sustenta a relativização da lex fori (aplicação da lei local) em matéria processual penal,
permitindo a aplicação da lei pátria fora do território nacional, nas hipóteses de:
1) Terra de ninguém (território nullius);
2) Estado onde será praticado o ato processual autorizar a aplicação de lei diversa (território estrangeiro);
3) Em casos de guerra (território ocupado).
Conforme art. 1º, do CPP, é possível que sejam instituídas imunidades da lei processual penal, seja
em virtude de tratados internacionais (imunidade diplomáticas e de chefes de governos estrangeiros) ou por
regras constitucionais (imunidades e regras de competência).
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I. Imunidades Diplomáticas: Objetivam garantir o livre exercício dos representantes diplomáticos, e são
atribuídas em função do cargo, e não da pessoa. O Tratado de Viena assegura a imunidade de jurisdição penal
do diplomata e seus familiares, para que se sujeitem à jurisdição do Estado que representa.
Abrangência:
● Chefes de governo ou Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;
● Embaixador e família: Imunidade absoluta;
● Funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço;
● Agentes consulares, apenas quanto aos crimes relacionados com a sua função (Cuidado!).
ATENÇÃO:
1. A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, mas do processo e julgamento em território
brasileiro.
2. As embaixadas NÃO são extensão do território que representam, mas são invioláveis.
3. É possível o país renunciar à imunidade do agente diplomático, mas o agente não pode renunciar
por iniciativa pessoal, já que a imunidade se fundamenta no interesse da função.
II. Imunidades Parlamentares: É uma prerrogativa para o desempenho das funções de deputados e
senadores de legislar e fiscalizar o Poder Executivo. Podem ser absolutas ou relativas.
● Imunidade absoluta (material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade): Prevê o art. 53, da
CF/88, que deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
1. Para o STF, a imunidade é causa de atipicidade.
2. A abrangência dessa imunidade deve ser analisada:
∘ Se ofensa proferida nas dependências da casa legislativa, o nexo funcional é
presumido, há imunidade2;
∘ Se a ofensa é proferida fora das dependências da casa legislativa, o nexo funcional NÃO
é presumido, deve ter relação com o exercício do mandato e o ofendido deve
comprovar a inexistência de nexo com o mandato.
2
Sobre a presunção da imunidade por palavras e expressões proferidas dentro da Casa Parlamentar, o STF, no Inq
3932/DF e Pet 5243/DF, de Relatoria do Min. Luiz Fux, julgado em 21/06/2016 (INF 831), recebeu denúncia contra o
Dep. Jair Bolsonaro, pela incitação ao crime, ao pronunciar, em acalorada discussão no plenário, que a também Dep.
Federal Maria do Rosário “não merecia ser estuprada”. Para melhor compreensão de interessante julgado, sugerimos a
leitura:
http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html
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(1) Para a prisão: Relacionada à prisão dos parlamentares e ao processo. Os parlamentares passam a ter
imunidade formal para a prisão a partir do momento em que são diplomados pela Justiça Eleitoral
(antes da posse), configurando o termo inicial para a atribuição de imunidade formal para a prisão.
∘ Os parlamentares só poderão ser cautelarmente presos nas hipóteses de flagrante de crime
inafiançável (“estado de relativa incoercibilidade pessoal dos congressistas” – Celso de Melo)
→ Nesse caso, os autos deverão ser encaminhados à Casa Parlamentar respectiva, no prazo
de 24h para que, pelo voto (aberto) da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a
prisão.
∘ Nota-se que a aprovação pela Casa é condição necessária para a manutenção da prisão em
flagrante delito de crime inafiançável. Logo, há duas hipóteses:
1) Se a Casa decidir pela não manutenção do cárcere, a prisão deverá ser
imediatamente relaxada;
2) Se a Casa mantiver a prisão em flagrante, os autos deverão ser encaminhados, no
prazo de 24h, ao STF.
(2) Para o processo: Oferecida denúncia, o Ministro do STF poderá recebê-la sem prévia licença da Casa
Parlamentar. Após o recebimento da denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, decidirá sustar o andamento da
ação.
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu
recebimento pela mesa diretora, e a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o
mandato.
Obs.: NÃO há mais imunidade formal para crimes praticados ANTES DA DIPLOMAÇÃO.
● Prerrogativa de foro: Desde a expedição de diploma, deputados e senadores serão julgados pelo STF
pela prática de qualquer tipo de crime. Casos:
i. Infração cometida durante o exercício da função parlamentar: A competência será do STF,
sendo desnecessário pedir autorização à Casa respectiva, bastando dar ciência ao Legislativo,
que poderá sustar o andamento da ação.
ii. Infração cometida antes ou após o encerramento do mandato: NÃO há foro por prerrogativa
de função.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
SEMANA 01/21
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o
cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não
apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado.
Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante
o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP
937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
ATENÇÃO! No caso de Natan Donadon, entendeu-se que a renúncia ao cargo, para que haja prescrição, seria
fraude processual inaceitável, frustrando a atuação jurisdicional do Estado, razão pela qual NÃO haveria
problema em ser julgado pelo STF. A prorrogação do foro, nesse contexto, visa evitar a denominada Ciranda
de Processos.
Caiu em prova Delegado BA/2022! A Constituição Federal determina que são aplicáveis aos Deputados
Estaduais as regras constitucionais sobre imunidades, e nessa linha de orientação as Constituições Estaduais
outorgam identidade de tratamento em relação a eles no que tange à imunidade parlamentar.
A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-
prefeitos. O foro por prerrogativa de função foi previsto apenas para os prefeitos
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Ex.: hipóteses de cabimento do RESE do art. 581, CPP. Essas hipóteses, hoje, estão desatualizadas.
Então as hipóteses de cabimento do RESE devem ser interpretadas de maneira extensiva para abranger
outras situações.
d) Progressiva - Busca adaptar o texto da lei à realidade social vigente naquele determinado momento.
O art. 68, CPP prevê que o MP pode promover a ação civil ex delito em favor de vítima pobre. Quando
a CF/88 entrou em vigor, houve quem dissesse que esse artigo era inconstitucional, pois o MP não poderia
pleitear interesses individuais disponíveis.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
SEMANA 01/21
O STF decidiu que o artigo estaria sujeito a uma inconstitucionalidade progressiva. Logo, enquanto
não houver defensoria pública em todos os estados, o artigo continua válido.
(3) Analogia
A analogia está no art. 3°, CPP na expressão: “aplicação analógica”. Assim, no âmbito processual
penal a analogia é admitida. Então, quando se trata de uma norma genuinamente processual penal, a
analogia pode ser usada, independentemente de ser em bonam partem ou em malam partem (≠ direito
penal, em que só é admitida a analogia in bonam partem).
Caiu em prova Delegado BA/2022! Na interpretação analógica, que é método interpretativo, hermenêutico,
a lei indica uma fórmula casuística seguida de expressões genéricas (item considerado correto).
Caiu em prova Delegado SP/2022! No que concerne à interpretação e aplicação da Lei Processual Penal, é
correto afirmar que o Código de Processo Penal: admite a aplicação analógica (item considerado correto).
Art. 15, CPC - Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas
ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.
Obs.: Só pode aplicar o CPC no processo Penal quando houver lacuna. Pois é diante da omissão que se pode
valer da analogia com o CPC. Assim, se houver disposição legal expressa no CPP, não é possível aplicar o
CPC!
CAIU EM PROVA:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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(Delegado de PCRJ 2022): Após o advento do neoconstitucionalismo e como seu consequente reflexo, os
princípios adquiriram força normativa no ordenamento jurídico brasileiro, e a eficácia objetiva dos direitos
fundamentais deu novos contornos ao direito processual penal. A respeito desse assunto, assinale a opção
correta à luz do Código de Processo Penal.
No que diz respeito à interpretação extensiva, admitida no Código de Processo Penal, existe uma norma que
regula o caso concreto, porém sua eficácia é limitada a outra hipótese, razão por que é necessário ampliar
seu alcance, e sua aplicação não viola o princípio constitucional do devido processo legal (item considerado
correto).
8. FONTES
As fontes materiais dizem respeito ao órgão responsável pela criação de normas jurídicas sobre
determinada matéria. Conforme estabelecido no art. 22, I, CF compete privativamente à União legislar sobre
Processo Penal. Contudo, nos termos do art. 22, §único, CF, lei complementar federal pode autorizar Estados
e o Distrito Federal a legislar sobre questões específicas.
Caiu em prova Delegado MS/2021! Sobre conceito, finalidade e fontes do processo penal, assinale a
alternativa correta: É possível que os Estados legislem sobre questões específicas de direito processual penal,
desde que autorizados por lei complementar editada pela União.
A União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência concorrente para legislar sobre
procedimentos em matéria processual, conforme preconiza o art. 24, XI, CF.
Caiu em prova Delegado BA/2022! As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as
espécies normativas: lei ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os
tratados e as convenções de que o Brasil é signatário (item considerado correto).
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu em prova Delegado SP/2022! É correto afirmar que o Direito Processual Penal possui como uma de suas
fontes formais mediatas: os costumes (item considerado correto).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCBA 2022): As fontes formais imediatas ou diretas do Direito Processual Penal são as espécies
normativas: lei ordinária; lei complementar e emenda à Constituição. Aqui também se inserem os tratados e
as convenções de que o Brasil é signatário (item considerado correto).
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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META 3
CF/88
⦁ Art. 1º, III
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 4º, 5º, 6º e 7º
⦁ Art. 8º a 11º
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
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Princípios como normas sobre normas: segundo essa forma de entender, os princípios ligam-se a
hermenêutica jurídica, sendo normas (jurídicas ou não) que se destinam a interpretar e aplicar as demais
normas do sistema jurídico.
Princípios como elementos epistemológicos jurídicos: segundo essa compreensão, os princípios
consistem nos "elementos básicos e estruturantes da ciência do direito, seus fundamentos teóricos e
principais institutos".
É importante saber, ainda conforme os ensinamentos do autor Eduardo, que há uma importante
releitura dos princípios jurídicos, que passam a ser compreendidos como normas jurídicas aplicáveis
diretamente na resolução de casos concretos.
Nesse sentido, conforme Dworkin, os princípios são normas jurídicas que, em que pese não tragam
em si soluções prontas e acabadas para os casos concretos, direcionam a decisão dos juízes a soluções justas
que respeitem a equidade das relações jurídicas e a integridade do sistema jurídico. Já para Alexy, num
sentido próximo, mas não idêntico ao de Dworkin, os princípios são normas jurídicas que estabelecem
mandamentos de otimização, isto é, normas que determinam que algo seja realizado na maior medida
possível em face das possibilidades fático-jurídicas.
O preâmbulo é a parte precedente da CF. Segundo o STF, adotando a tese da irrelevância jurídica, é mero
vetor interpretativo do que se acha inscrito no texto constitucional. Não possui força normativa, logo, não
pode ser parâmetro nem objeto de controle de constitucionalidade.
“Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de
norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa.” (ADI 2.076, Rel. Min.
Carlos Velloso, julgamento em 15-8-2002, Plenário, DJ de 8-8-2003.)
No preâmbulo da CF/88 foi instituído um Estado Democrático, destinado a assegurar os seguintes valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias: 1. o exercício dos
direitos sociais e individuais; 2. a liberdade; 3. a segurança; 4. o bem-estar; 5. o desenvolvimento; 6. a
igualdade; 7. a justiça.
Na doutrina constitucional há uma relevante discussão sobre qual é a natureza jurídica do preâmbulo,
destacando-se três correntes doutrinárias:
1) Natureza Ideológica (Tese da irrelevância jurídica). Essa corrente doutrinária, encabeçada por
doutrinadores de peso, como Hans Kelsen e Paulo Bonavides, defende que o preâmbulo não é norma jurídica
e não possui qualquer relevância jurídica, sendo mera expressão política.
2) Natureza Jurídica Hermenêutica (Tese da relevância jurídica indireta). Para os defensores dessa corrente,
o preâmbulo não possui força normativa, não sendo norma jurídica constitucional, contudo é um elemento
hermenêutico-constitucional, cumprindo função na interpretação e integração do texto constitucional. Essa
tem sido a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 2.076/2002), em que pese vozes dissonantes
na jurisprudência da Corte.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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3) Natureza Jurídica Normativa (Tese da relevância jurídica direta e imediata). Essa corrente, de tradição
francesa, defendida pela doutrina constitucional majoritária,66 defende que o preâmbulo possui força
normativa, sendo norma constitucional integrante da Constituição, tendo a mesma hierarquia das normas
da parte dogmática e servindo, inclusive, como parâmetro de controle de constitucionalidade. (Manual de
Direito Constitucional / Eduardo Rodrigues dos Santos - 3.ed., rev. atual e ampl. - São Paulo: Editora
JusPodivm, 2023, pg. 86).
Para o doutrinador Bernardo Gonçalves (Curso de Direito Constitucional, 12ª Edição, 2020, Páginas:
121/122), em sentido oposto ao declarado pelo STF, o preâmbulo é dotado de força normativa e relevância
jurídica direta e imediata e deve ser obedecido como qualquer outra nor[1]ma presente na Constituição,
até mesmo porque ele, de forma precedente, acaba por ser a síntese da normatividade constitucional
posteriormente desenvolvida explicitando princípios dotados de inerente normatividade.
Já para os autores (Curso de Direito Constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco.
– 18. ed. – São Paulo: SaraivaJur, 2023. (Série IDP – Linha Doutrina): Não se pode recusar ao Preâmbulo um
relevante papel, todavia, no âmbito da interpretação e aplicação do direito constitucional. Ao desvendar as
linhas estruturantes da Constituição, os objetivos que movem a sua concepção, o Preâmbulo se torna de
préstimo singular para a descoberta do conteúdo dos direitos inscritos na Carta e para que se descortinem
as finalidade dos institutos e instituições a que ela se refere; orienta, enfim, os afazeres hermenêuticos do
constitucionalista.
Inclusive, atenção! Apesar do julgado na ADI 2.076/AC, mais recente, a Ministra CÁRMEN LÚCIA na ADI n°
2.649 deixou assente que o preâmbulo deve ser dotado de relevância jurídica.
O PREÂMBULO DA CF/88:
'Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e in[1]dividuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.’
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correto afirmar que o Estado de direito pode ser conceituado, sinteticamente, como aquele que se mantém
baseado no império das leis
Os Princípios Constitucionais estão presentes não só no art. 5º, mas em diversos dispositivos, a
exemplo dos princípios tributários, previstos no art. 150, e dos princípios expressos da Administração Pública
(art. 37, caput). Assim, atente-se brevemente aos princípios da dignidade da pessoa humana, legalidade e
isonomia, sem prejuízo dos demais que se inserem na Carta Magna – e serão tratados nas matérias
específicas:
a) Dignidade da pessoa humana: Define Luís Roberto Barroso que o “princípio da dignidade humana
expressa um conjunto de valores civilizatórios que se pode considerar incorporado ao
patrimônio da humanidade. Dele se extrai o sentido mais nuclear dos direitos fundamentais, para tutela
do mínimo existencial e da personalidade humana, tanto na dimensão física como na moral”. Pode-se
acrescentar também que a dignidade humana possui um enfoque moral, consistente na máxima de Kant
segundo a qual o homem é um fim em si mesmo, e um enfoque material, relativo à manutenção do mínimo
existencial. Decorre do aludido princípio, por exemplo, a impenhorabilidade do bem de família e a união
estável entre pessoas do mesmo sexo. É considerado um “super-princípio”.
CESPE, Oral RO/2023 (espelho): O fato de a dignidade humana ser positivada na Constituição como
princípio fundamental da República confere-lhe a natureza de norma jurídica, seja como princípio ou como
regra, mas, de todo modo, como norma. A dignidade não é ali referida apenas como uma declaração retórica,
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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apenas como enunciado de importante conteúdo ético. Ela é também um valor constitucional relevante. Isso
significa que ela passa a ter ao menos eficácia negativa contra normas infraconstitucionais e contra atos que
se contraponham à dignidade humana, isto é, tais normas e atos podem ser reconhecidos como inválidos
(antijurídicos), no que forem contrários a ela. Além disso, como princípio fundamental da República, a
dignidade deve ser considerada na interpretação das demais normas do ordenamento jurídico, uma vez que
é também objetivo a ser alcançado na atuação do Estado brasileiro. A dignidade humana tem sido
frequentemente adotada com essas funções pelo Supremo Tribunal Federal, na interpretação do direito.
A dignidade da pessoa humana consiste no princípio jurídico-axiológico fonte dos direitos e garantias
fundamentais do homem, que visa à proteção e à promoção do ser humano no maior grau possível. Isto é, a
dignidade é a matriz jurídica dos direitos constitucionais da pessoa humana.
Tal entendimento é o aplicado pelo Constituinte de 1988 ao consagrar a dignidade da pessoa humana
enquanto princípio fundamental da Constituição (Título I) e fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1
°), sendo, portanto, a matriz jurídico-axiológica basilar de toda a ordem jurídico-positiva (em especial dos direitos
da pessoa humana). (Manual de Direito Constitucional / Eduardo Rodrigues dos Santos - 3.ed., rev. atual e ampl. -
São Paulo: Editora JusPodivm, 2023, pg. 310).
Nesse sentido, a dignidade da pessoa humana, enquanto princípio fundamental da República Federativa
do Brasil e consagrado no art. 1°, III, da CF/88, consiste na principal fonte jurídico-axiológica de nosso sistema,
sendo, portanto, princípio-matriz de todos os direitos fundamentais.
b) Legalidade: o princípio da legalidade significa que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo
que não esteja previamente estabelecido na própria CF/88 e nas normas jurídicas dela derivadas. O princípio
da legalidade, desta forma, se converte em princípio da constitucionalidade (Canotilho), subordinando toda
atividade estatal e privada à força da Constituição. No direito brasileiro encontra-se previsto nos arts. 5º, II;
37; e 84, IV, da CF/88.
I. Legalidade x Reserva Legal: o princípio da reserva legal é um desdobramento da legalidade, que impõe e
vincula a regulação de determinadas matérias constantes na constituição à fonte formal do tipo lei.
1) Para particulares: somente a lei pode criar obrigações, de forma que a inexistência de lei proibitiva
de determinada conduta implica ser ela permitida. Vigora a autonomia da vontade.
2) Para a Administração Pública: O Estado se sujeita às leis, e deve atuar em conformidade à previsão
legal. O administrador público só poderá agir dentro daquilo que é previsto e autorizado por lei. Obs.
Sob esta acepção, o princípio da legalidade vem sofrendo uma releitura pela doutrina moderna, que
defende a necessidade de conformação da atividade do administrador ao Direito (e não apenas à
lei). Assim, fala-se atualmente em princípio da juridicidade (o assunto é aprofundado em Direito
Administrativo).
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Atenção: de acordo com a doutrina, trata-se de princípio não absoluto, que pode sofrer algumas
restrições/mitigações, a exemplo das medidas provisórias, estado de defesa e estado de sítio.
c) Isonomia: Segundo bem definiu Rui Barbosa, “a regra da igualdade não consiste senão em quinhoar
desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à
desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade (...). Tratar com desigualdade a iguais, ou a
desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real”.
STF - A lei que veda o exercício da atividade de advocacia por aqueles que
desempenham, direta ou indiretamente, atividade policial, não afronta o princípio
da isonomia. STF. Plenário. (ADI 3541/2014)
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A jurisprudência vem admitindo algumas hipóteses de discriminação, podendo ocorrer em relação à idade,
sexo, altura, etc., desde que sejam observados dois requisitos:
1) Previsão legal anterior definindo os critérios de admissão para o cargo; e
2) Razoabilidade da exigência, decorrente da natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua
realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE
1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral).
AÇÕES AFIRMATIVAS
A Carta Magna busca a igualdade material. Para aplicação do princípio da isonomia, são necessárias as ações
afirmativas, também denominadas discriminações positivas, cuja finalidade é proteger certos grupos sociais
que demandam tratamento diverso. Tais ações consideram a realidade histórica de marginalização ou
hipossuficiência e, assim, funcionam como medidas de compensação com o fim de concretizar uma
igualdade de oportunidades. A exemplo, podemos citar: mercado de trabalho da mulher, cotas de vagas sem
serviços públicos, cotas em universidades (PROUNI), cotas, Lei Maria da Penha.
As ações afirmativas, portanto, são medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a
proteção de certos grupos, com o fito de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno exercício dos
direitos do homem e das liberdades fundamentais. (...) A própria Constituição já determina algumas ações
afirmativas, que não podem ser negligenciadas pelo legislador ordinário, como, por exemplo, a proteção do
mercador de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos (art.7º, XX) e a determinação de reserva
de percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência (art.37, VIII). (2020,
p. 623)
Curiosidade: Ações afirmativas têm origem nos Estados Unidos da América, do qual se originou inclusive a
nomenclatura: affirmative actions.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Atenção ao julgado: Info. 1113 do STF - SISTEMA DE COTAS EM UNIVERSIDADE PÚBLICA ESTADUAL
É inconstitucional — por violar a garantia de tratamento igualitário a todos os cidadãos brasileiros, que veda
a criação de distinções ou preferências entre si (CF/1988, art. 19, III) — lei estadual que assegura, de forma
infundada e/ou desproporcional, percentual das vagas oferecidas para a universidade pública local a
candidatos que cursaram integralmente o ensino médio em instituições públicas ou privadas da mesma
unidade federativa.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● Direitos: são normas de conteúdo declaratório da existência de um interesse, de uma vantagem, isto
é, imprimem a existência legal. Ex: direito à vida, à propriedade;
● Garantias: normas de conteúdo assecuratório, que servem para assegurar o direito declarado. As
garantias são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumento de proteção dos direitos
fundamentais e writs constitucionais. São também chamadas de instrumentos de tutela das
liberdades e ações constitucionais.
Direitos são bens e vantagens prescritos na norma enquanto garantias são os instrumentos através
dos quais se assegura esse exercício.
Ilustrando: é inviolável a liberdade de consciência e de crença (direito), garantindo-se na forma da
lei a proteção aos locais de culto e suas liturgias (garantia).
● Remédios Constitucionais: embora todo remédio constitucional seja uma garantia, nem toda
garantia é um remédio constitucional, porque este é um instrumento processual que tem por
objetivo assegurar o exercício de um direito. Ex: Habeas Corpus, Mandado de Segurança. Pode-se
dizer que os remédios constitucionais são espécies do gênero garantia.
ATENÇÃO: alguns dispositivos constitucionais contêm direitos e garantias no mesmo enunciado. O art. 5º, X,
estabelece a inviolabilidade do direito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, assegurando,
em seguida, o direito à indenização em caso de dano material ou moral provocado pela sua violação.
3
Para aprofundamento no assunto, consultar:
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_d
os_direitos_fundamentais.pdf
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar. STJ.
1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021.
Obs.: de acordo com o STJ (Info 799), a imprescritibilidade não se aplica às ações em que se pretende a
responsabilização direta do agente público que praticou ato de tortura durante o regime militar.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Pela classificação de José Afonso da Silva e considerando não haver direito fundamental absoluto, as
normas podem possuir eficácia plena, e podem apresentar, conforme a hipótese, eficácia contida (ou
restringível) ou limitada.
O que significa os efeitos negativo e positivo das normas constitucionais de direitos fundamentais?
O efeito positivo diz respeito ao fato de que, pelo simples fato de surgir uma nova Constituição, ela
revoga tudo do ordenamento anterior que for contrário a ela. As normas constitucionais têm, assim, efeitos
positivos, no sentido de proativo, pois revogam (não recepcionam) tudo do ordenamento anterior que for
contrário a elas. Já o efeito negativo, por sua vez, tem o sentido de vedar/negar ao legislador ordinário a
possibilidade de produzir normas infraconstitucionais contrárias a ela (norma constitucional); e, acaso o
poder legiferante fizer, o judiciário, entendendo que houve contrariedade, extirpa a norma do ordenamento
jurídico por intermédio do controle de constitucionalidade.
A Carta Magna de 1988 é um marco na história constitucional brasileira, pois a sua abertura aos
direitos foi baseada também nos tratados internacionais celebrados pelo Brasil. Dessa forma, ela introduziu
o mais extenso rol de direitos de diversas espécies, incluindo direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais, além de prever várias garantias constitucionais.
Ademais, o art. 5°, §2°, da CRFB/88 prevê o princípio da não exaustividade dos direitos
fundamentais, ou seja, que o rol desses direitos não é taxativo, ao afirmar que os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes: i) do regime e dos princípios por ela adotados
e ii) dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Caiu em prova Delegado RJ/2022! A fundamentalidade material dos direitos fundamentais decorre da
circunstância de serem os direitos fundamentais elemento constitutivo da Constituição material, contendo
decisões fundamentais sobre a estrutura básica do Estado e da sociedade (item correto).
As dimensões ou gerações dos direitos humanos são cobrados com frequência nos Concursos
Públicos. O tema foi apresentado pela primeira vez por Karel Vasak, em sua forma clássica chamada de
Gerações dos Direitos Humanos, desdobrando-se em 1ª, 2ª e 3ª gerações. Em provas objetivas, a tendência
é que se cobre essas gerações, tendo em vista que não há controvérsias relevantes sobre elas.
Trata-se de classificação dos direitos fundamentais que tem como critério o contexto histórico em
que surgiram, a ordem cronológica de reconhecimento e afirmação dos direitos fundamentais.
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Cespe, Oral RO, 2023 (espelho): Não existe sucessão cronológica precisa e definida na evolução dos
direitos individuais e coletivos, de modo que não é o mais correto falar em gerações de direitos fundamentais
ou direitos humanos. Por essa razão, muitos doutrinadores preferem falar em dimensões dos direitos
fundamentais e não em gerações. Esses direitos evoluem de forma cumulativa e somam-se à evolução dos
direitos precedentes. O termo “dimensão” dos direitos fundamentais dá uma noção mais clara dos valores
prevalecentes em cada uma dessas classificações de direitos, mas não de sucessividade ou de estanqueidade
entre eles.
Direitos fundamentais são indivisíveis. Possuem relação entre si de fortalecimento mútuo e não de
exclusão mútua. O surgimento de uma nova geração de direitos tem o viés de fortalecer a geração já
existente. Ex.: direito à educação fortalece o direito de liberdade de expressão.
Estão relacionados à luta pela liberdade e segurança diante do Estado. Trata-se de impor ao Estado
obrigações de não-fazer (absenteísmo estatal) e se relacionam às pessoas, individualmente. Ex.: propriedade,
igualdade formal (perante a lei), liberdade de crença, de manifestação de pensamento, direito à vida etc.
Obs.1: são chamados também de direitos negativos ou direitos de defesa.
Obs.2: o fundamento dos direitos de 1ª geração/dimensão é a IGUALDADE FORMAL.
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São os direitos de grupos sociais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma obrigação de
fazer, de prestar (por isso são chamados de direitos prestacionais). Buscam viabilizar, através do Estado, a
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos como forma de lhes proporcionar uma vida digna. Ex:
saúde, educação, moradia, segurança pública.
Os direitos sociais elencados no art. 6º da CF/88 são exemplos clássicos de direitos de 2ª
geração/dimensão:
Observação: A teoria da reserva do possível é uma limitação fática e jurídica oponível à realização dos direitos
fundamentais, sobretudo os de cunho prestacional. Como é cediço, o Estado não possui recursos materiais
ilimitados, o que leva os administradores a realizarem escolhas trágicas, alocando esses recursos em ações
prioritárias. O limite da reserva do possível é o mínimo existencial, núcleo da dignidade da pessoa humana.
Nesse contexto, a reserva do possível deve ser analisada sob três aspectos:
Contudo, conforme reiterada jurisprudência do STF, o fundamento da reserva do possível pelo Estado não é
tese apta a fundamentar a não execução de políticas públicas. Com efeito, prepondera-se a tese do mínimo
existencial. De forma atípica o Poder Judiciário atua, autorizado pela jurisprudência atual, com proatividade
intervindo nas políticas públicas não executadas pelo ente subnacional. A exemplo, é a ADPF de n° 347 que,
em seu bojo, aplicou a tese do estado de coisas inconstitucional em razão da massiva violação de direitos
fundamentais em seu sentido objetivo.
Inclusive, o STF no tema 365 da repercussão geral fixou a seguinte tese: “Considerando que é dever do
Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade
previsto no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, §6°, da Constituição
Federal, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em
decorrência da falta de ou insuficiência das condições legais de encarceramento” (RE 580.252, 16.02.2017)
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Assim, a Corte entendeu que não sendo assegurado o mínimo existencial, não se poderia sustentar a
aplicação da cláusula de reserva financeira do possível para o Estado deixar de indenizar.
● Viés negativo – Fruto da vedação ao retrocesso (efeito cliquet) → Uma vez implementado o direito
de 2ª dimensão por medida estatal, o próprio Estado passa a ter o dever de se abster de retornar ao
status quo de quando o direito ainda não tinha efetividade. O indivíduo também tem o direito de
exigir um não fazer estatal com o intuito de preservar o direito fundamental já efetivado. Em outras
palavras: não pode promover um retrocesso social, revogar ou enfraquecer normas que já
alcançaram o grau de densidade normativo adequado. Ex.: 13º salário.
● Viés positivo – Aqui a ideia não é só manter o status quo, mas também implementar/desenvolver
novos direitos sociais. E, enquanto não for implementado, o indivíduo possui o direito de exigir um
atuar do Estado com o intuito de realizá-lo (ideia de direitos prestacionais).
Surgem na 2º metade do séc. XX, no pós 2ª Guerra, ligados aos movimentos de melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos. São direitos transindividuais, isto é, direitos que são de várias pessoas, mas não
pertencem a ninguém isoladamente. Transcendem o indivíduo isoladamente considerado. Necessidade de
preservacionismo ambiental e as dificuldades para proteção dos consumidores. Possuem caráter indivisível
e são titularizados por toda a coletividade. Ex.: direito ao meio ambiente.
São também conhecidos como:
● DIREITOS DE FRATERNIDADE
● Direitos metaindividuais (estão além do indivíduo)
● Direitos supraindividuais (estão acima do indivíduo isoladamente considerado).
Vamos esquematizar?
Direitos de 1ª Direitos de 2ª Direitos de 3ª
GERAÇÃO/DIMENSÃO GERAÇÃO/DIMENSÃO GERAÇÃO/DIMENSÃO
Surgem com revoluções Surgem no final do século XIX e 2ª metade do séc. XX, no pós 2ª
CONTEXTO liberais, burguesas, diante do início do século XX, diante do Guerra, ligados aos
HISTÓRICO nascimento do fenômeno do movimentos de melhoria da
constitucionalismo liberal. – constitucionalismo social. qualidade de vida dos cidadãos
Séc. XIX.
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Há autores que se referem a essa categoria, mas ainda não há consenso na doutrina sobre qual o
conteúdo desse tipo de direitos.
Segundo o autor Paulo Bonavides os direitos de quarta dimensão seriam fruto do processo de
globalização dos direitos fundamentais, no sentido de uma universalização desses direitos no plano
institucional, o que corresponde à última fase da institucionalização do Estado Social, de forma a sacramentar
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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a evolução democrática e social alcançada até então, ou seja, democracia (direta), informação e pluralismo 4.
Assim, para Bonavides, os direitos de 4a dimensão decorrem da globalização dos direitos fundamentais, o
que significa universalizá-los no campo institucional. Para Bobbio, essa dimensão está ligada aos avanços no
campo da engenharia genética.
5) DIREITOS DE QUINTA GERAÇÃO OU DIMENSÃO: direito à paz para Bonavides (para Karel Vasak a paz
está na 3a dimensão) .
(Mazzuoli, 2018)
4
O Estado Social ou Estado do Bem-estar Social (Welfare State) surgiu como forma de reação à crise do Estado liberal,
notadamente em razão das desigualdades sociais vivenciadas à época. Os direitos sociais e econômicos passam a ser
contemplados de modo mais amplo, como corolários da igualdade material, sendo, posteriormente classificados como
direitos fundamentais de segunda geração.
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Ingo Salert – “trazer novas dimensões é dar destaque ao direito, não trata o direito
como um mero desdobramento de um outro direito que já está nas 3 dimensões
anteriores, de modo a facilitar a sua efetivação e proteção. Ex.: questões de bioética
trabalham com direitos básicos como direito à integridade, ao próprio corpo e
dignidade.”
● Historicidade: o que se entende por direitos fundamentais varia de acordo com o momento histórico,
não são conceitos herméticos e fechados, variando no tempo e no espaço. Emergem progressivamente
das lutas que o homem trava por sua própria emancipação.
● Inalienabilidade: são direitos sem conteúdo econômico patrimonial, não podem ser comercializados ou
permutados.
● Imprescritibilidade: são sempre exigíveis, ainda que não exercidos.
● Irrenunciabilidade: o indivíduo pode não exercer os seus direitos, mas não pode renunciá-los, de modo
geral. OBS: O STF admite, excepcionalmente, a renúncia temporária aos direitos que não ferem o núcleo
da dignidade da pessoa humana, como no caso de participação em reality show.
● Relatividade: não são direitos absolutos. Se houver um choque entre os direitos fundamentais, serão
resolvidos por um juízo de ponderação à luz da razoabilidade e da concordância prática ou harmonização
levando em consideração a regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos
conjugando-a com a sua mínima restrição (limitabilidade).
Caiu em prova Delegado RJ/2022! O método de solução de conflitos entre direitos fundamentais
constitucionalmente previstos, em caso de colisão, é a ponderação de interesses; o legislador, contudo, por
força do princípio democrático, pode resolver conflitos por meio da lei, efetuando a ponderação em
abstrato.
Não confunda com a teoria dos direitos imanentes: “A doutrina da imanência busca justificar
dogmaticamente o reconhecimento de limites não expressamente previstos no texto da Constituição,
tendo sido elaborada com base em duas premissas genericamente aceitas no pensamento jurídico: i) a ideia
de que os direitos fundamentais não são absolutos nem podem ser invocados em todas as situações; e ii) a
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noção de que os direitos das pessoas devem ser harmonizados entre si”. Jane Reis Gonçalves Pereira,
Interpretação constitucional e direitos fundamentais, 2006, p. 182.
Para Canotilho: "(...) os chamados ‘limites imanentes' são o resultado de uma ponderação de princípios
jurídico-constitucionais conducente ao afastamento definitivo, num caso concreto, de uma dimensão que
prima facie, cabia no âmbito prospectivo de um direito, liberdade e garantia." Nesse ponto, adota-se as
definições (e descrições) teóricas de Virgílio Afonso da Silva. In: SILVA, Virgílio Afonso. Direitos
Fundamentais, conteúdo essencial, restrições e eficácia, p. 166. Para o autor, em termos rigorosos, os
limites imanentes não se relacionam com a possibilidade de restrições aos direitos fundamentais e, com
isso a ponderação mediante a regra da proporcionalidade.
A teoria dos limites dos limites (Schranhen- Schranken), ou seja, limites (com base em determinados
parâmetros) para a limitação (restrição) dos direitos fundamentais adota, portanto, critérios (limites) para
que tais limitações ocorram foram estabelecidos”.
Por fim, os direitos fundamentais podem ser restringidos, em primeiro lugar, pela própria Constituição, seja
em nome de outros direitos fundamentais (a liberdade de expressão não inclui o direito de caluniar alguém
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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– cf. art. 5º, IV e X) seja para promover valores e interesses coletivos (a liberdade de ir e vir pode ser limitada
no estado de sítio – art. 139, I). Podem ser restringidos, também, pela lei, tanto em hipóteses nas quais a
Constituição expressamente preveja a limitação (a inviolabilidade das comunicações telefônicas pode ser
excepcionada por lei para fins de investigação criminal ou instrução processual penal – art. 5º, XII –, e a
liberdade de trabalho pode estar sujeita a qualificações impostas por lei) quanto com base nos limites
imanentes.
Cespe, Oral RO/2023 (espelho): A universalidade dos direitos fundamentais significa que todo ser
humano os detém, apenas por sua condição humana, embora haja alguns desses direitos que não
necessariamente possam ser exercidos por todas as pessoas. Os direitos políticos, por exemplo, em alguns
casos pressupõem a condição de nacionalidade de um país, de modo que estrangeiros não podem exercê-
los plenamente.
● Proibição de retrocesso: não se pode retroceder nos avanços históricos conquistados. Os direitos
fundamentais são o resultado de um processo evolutivo, marcado por lutas e conquistas em prol da
afirmação de posições jurídicas concretizadoras da dignidade da pessoa humana e, por isso, uma vez
reconhecidos, não podem ser suprimidos, abolidos ou enfraquecidos. Destaca-se que há várias
manifestações no STF sobre esse princípio, especialmente do Min. Celso de Mello, para quem “o
princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de caráter social, que
sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele
vive.” (STF, ARE n.º 639.337 AgR/SP, 2.ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.08.2011, DJe 15.09.2011.).
a) Dimensão subjetiva: os direitos fundamentais conferem aos seus titulares o poder de exigir algo, seja
ação ou omissão.
Ex.: omissão - respeitar a autonomia da vontade, sem interferir na religião, política, etc.
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Ex.: ação - exigir do Estado uma atuação comissiva, exigir ações para garantir educação, saúde, etc.
b) Dimensão objetiva: os direitos fundamentais encarnam valores que permeiam toda a ordem jurídica,
condicionam e inspiram a interpretação e aplicação de outras normas (EFICÁCIA IRRADIANTE) e criam
dever geral de proteção sobre os bens salvaguardados. Assim, a dimensão objetiva dos direitos
fundamentais consiste em atribuir a estes importância máxima dentro do ordenamento jurídico: eles
são a base, o eixo axiológico de todo o ordenamento jurídico.
Caiu na prova Delegado SP/2023! A dimensão objetiva dos direitos fundamentais está ligada ao
reconhecimento de que tais direitos implicam deveres de proteção do Estado. (ITEM CORRETO)
A dimensão objetiva atribui força aos direitos fundamentais, que passam a ser a diretriz para a
aplicação e interpretação das normas:
1) Eficácia indireta ou mediata: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em
uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos
fundamentais, como, ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos
fundamentais, ponderando quais devem aplicar-se às relações privadas;
2) Eficácia direta ou imediata: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas
sem que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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· RE 160.222 – Entendeu que constitui constrangimento ilegal a revista íntima em mulheres em fábrica
de lingerie.
· RE 175.161 – Contrato de consórcio que prevê devolução nominal de valor já pago em caso de
desistência viola o devido processo legal substantivo - proporcionalidade e razoabilidade.
· RE 158.215 – Violação ao princípio do devido processo legal na hipótese de exclusão de associado de
cooperativa sem direito à defesa.
· RE 639.138 – É inconstitucional, por violação ao princípio da isonomia (art. 5º, I, da Constituição da
República), cláusula de contrato de previdência complementar que, ao prever regras distintas entre
homens e mulheres para cálculo e concessão de complementação de aposentadoria, estabelece
valor inferior do benefício para as mulheres, tendo em conta o seu menor tempo de contribuição.
· ADI 2572 – Constitucionalidade da reserva de vagas para pessoas obesas – O STF entendeu que não
há inconstitucionalidade material, tendo em vista que se trata de política inclusiva que não afronta
a liberdade de iniciativa, principalmente se considerada a eficácia horizontal dos direitos
fundamentais.
● Vertical: aplica-se à tradicional ideia de limitação de poder do Estado e respeito aos direitos dos
indivíduos, conferindo direitos básicos e garantias aos indivíduos. Há um poder superior (Estado), em
face do indivíduo, em posições diferentes (ESTADO X PARTICULAR);
● Diagonal: teoria desenvolvida por Sérgio Gamonal, e consiste na incidência e observância dos
direitos fundamentais nas relações privadas marcadas por desigualdade de forças, ante a
vulnerabilidade de uma das partes. Na hipótese, embora as partes teoricamente estejam em posição
equivalente (PARTICULAR X PARTICULAR), na prática há império do poder econômico, por exemplo,
nas relações envolvendo crianças, pessoas com deficiência, trabalhadores, consumidores etc. O TST
já adotou a eficácia diagonal em alguns julgados, inclusive.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● Explícitos: são aqueles previstos expressamente no texto da Constituição Federal. Como exemplo,
os contidos no art. 5° da CF/88 e seus incisos, em especial os previstos no caput do mencionado
artigo, como a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
● Implícitos: o reconhecimento decorre de interpretação do texto da Lei. Isto se evidencia pela leitura
do art. 5º, § 2º, da CF/88, que reconhece a existência de outros direitos individuais "decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais de que a República
Federativa do Brasil seja parte".
● Eventual novo direito individual criado por meio de emenda constitucional é considerado cláusula
pétrea?
NÃO. Segundo Gilmar Mendes, deve-se ter em mente que as cláusulas pétreas “se fundamentam na
superioridade do poder constituinte originário sobre o de reforma”, de maneira que somente o primeiro
pode criar obstáculos à atuação do segundo. Não faz sentido, do ponto de vista lógico, permitir que o poder
reformador crie limites invencíveis a si mesmo.
Assim, conclui Gilmar Mendes que “não é cabível que o poder de reforma crie cláusulas pétreas.
Apenas o poder constituinte originário pode fazê-lo”. Caso EC crie um novo direito fundamental, este não
será cláusula pétrea.
É preciso distinguir, contudo, a situação em que uma EC apenas especifica, detalha ou incrementa
um direito fundamental já criado, sem inovar no rol de direitos. Nesse caso, ainda que introduzida por EC, a
novidade é considerada cláusula pétrea. Para Gilmar Mendes “é o que se deu, por exemplo, com o direito à
prestação jurisdicional célere somado ao rol do art. 5º da Constituição pela EC 45/04. Esse direito já existia,
como elemento necessário do direito de acesso à justiça – que há de ser ágil para ser efetiva – e do princípio
do devido processo legal, ambos assentados pelo constituinte originário”.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● Direitos individuais e coletivos: direitos ligados ao conceito de pessoa humana e sua própria
personalidade, com, por exemplo, vida, dignidade da pessoa humana, honra, liberdade, etc. Estão
espalhados pela CF/88, mas uma grande parte concentra no art. 5º;
● Direitos sociais: caracterizam-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória
em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos
hipossuficientes;
● Direitos de nacionalidade: nacionalidade é o vínculo jurídico-político que visa ligar um indivíduo a
certo e determinado Estado fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal
deste Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres
impostos;
● Direitos políticos: conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular. São
direitos públicos subjetivos que permitem ao indivíduo o exercício concreto da liberdade de
participação nos negócios políticos do Estado;
● Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos: a Constituição
Federal regulamentou os partidos políticos como instrumentos necessários e importantes para
preservação do Estado Democrático de Direito, assegurando-lhes autonomia e plena liberdade de
atuação, para concretizar o sistema representativo.
- Aos partidos políticos é garantido o acesso, de forma gratuita, ao rádio e à televisão, na forma da lei, desde
que atenda a condições estabelecidas na constituição, sendo uma delas a de que tenham eleito em seus
quadros pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação.
- Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida
pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, na forma da lei.
- Os partidos políticos, que adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, devem registrar seus
respectivos estatutos perante o Tribunal Superior Eleitoral.
2.7 Destinatários
Os destinatários das normas dos direitos individuais, que são os direitos fundamentais, são os seres
humanos, os indivíduos. Isso porque os direitos fundamentais surgiram com o intuito de proteção do
indivíduo em face das arbitrariedades do Estado.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Segundo dispõe o art. 5º, caput, da CF/88, os destinatários dos direitos fundamentais elencados na
Carta Maior são: os brasileiros e os estrangeiros residentes no Brasil.
CF/88 Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
● E os estrangeiros não residentes no Brasil que apenas se encontram em trânsito no solo nacional?
R.: Para a doutrina, os estrangeiros não residentes no Brasil também são destinatários de direitos
fundamentais conforme interpretação sistemática. Veja:
Dirley da Cunha - “O artigo 5º, caput deve ser interpretado a partir da unidade da
Constituição, para se entender que todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais
ou estrangeiras, com residência ou não no Brasil, são destinatárias dos direitos e
garantias fundamentais previstas na CF, salvo quando a própria Carta Maior excluir
algumas delas”.
Caiu em prova Delegado RJ/2022! Com relação ao direito à igualdade, expressamente previsto no art. 5.º da
Constituição Federal de 1988, assinale a opção correta: Analisando-se o princípio da igualdade com relação
ao particular, verifica-se que este não poderá tratar os demais membros da sociedade de maneira
discriminatória, atingindo direitos fundamentais por meio de condutas preconceituosas, sob pena de
responsabilização civil e até mesmo criminal, quando o ato for tipificado como crime. Assim, é vedado ao
particular, na contratação de empregados, por exemplo, utilizar qualquer critério discriminatório com
relação a sexo, idade, origem, raça, cor, religião ou estado civil.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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R.: Para a maioria da doutrina e para o STF, SIM! Pessoa Jurídica de Direito Privado e Pessoa Jurídica
de Direito Público podem ser titulares, bastando analisar casuisticamente quais direitos fundamentais se
compatibilizam com a condição de pessoa jurídica.
Naturalmente que o direito fundamental deve estar em harmonia com a natureza jurídica da pessoa
jurídica. Ex. podem sofrer dano moral (súmula 227 do STJ), mas não podem ser pacientes de HC.
Atenção (1): existem direitos fundamentais catalogados na CF que são concebidos especificamente
para as pessoas jurídicas. – art. 5º, XIX, XXI, etc.
Atenção (2): pessoas jurídicas de direito público, apesar de integrarem o Estado (polo passivo dos
direitos fundamentais), gozam de direitos fundamentais, desde que compatíveis com a sua condição.
Obs.1: princípio da indivisibilidade - os direitos das diferentes gerações não se excluem, na verdade,
se interpenetram, sofrendo influência mútua. Ou seja, uma geração fortalece o advento da outra. Isto porque
compõem um conjunto único de direitos que se relacionam entre si de forma harmônica. De acordo com
este princípio, todos os direitos humanos devem contar com a mesma proteção jurídica.
Obs.2: não há hierarquia entre os direitos fundamentais, pois a Constituição brasileira não permite
hierarquização prévia e abstrata entre os direitos fundamentais.
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Conforme ensina André de Carvalho Ramos, a abertura dos direitos humanos pode se dar de
forma nacional ou internacional. A abertura internacional ocorre quando são editados novos tratados ou
mesmo com os avanços na proteção internacional dos direitos humanos. Por sua vez, a abertura nacional
ocorre através da inclusão de novos direitos fundamentais em nosso ordenamento e também com a
interpretação evolutiva e ampliativa dos tribunais nacionais.
A cláusula materialmente aberta prevista no §2º do art. 5º da CF/88 decorre do reconhecimento da
dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado (art. 1º, III). A consequência disso é que o rol de
direitos fundamentais é meramente exemplificativo.
O art. 5º, §3º da CF/88 foi introduzido pela EC 45/2004 (conhecida como reforma do Poder
Judiciário).
Esse dispositivo prevê que os tratados internacionais sobre direitos humanos que observarem o
procedimento de incorporação análogo ao das Emendas Constitucionais terão paridade normativa, isto é:
terão status normativo de emendas constitucionais.
Que procedimento de incorporação é esse?
● Aprovação em cada Casa do Congresso Nacional;
● Em 2 turnos de votação;
● Com pelo menos 3/5 dos votos dos respectivos membros.
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Por fim, os Tratados Internacionais que não versam sobre direitos humanos terão hierarquia
infraconstitucional, com status normativo equivalente à lei ordinária.
RESUMINDO:
Tratado internacional SOBRE DIREITOS
HUMANOS, aprovado pelo mesmo rito da
Emenda Constitucional (art. 5º, §3º) Status normativo de emenda constitucional.
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A. DIREITO À VIDA:
CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Está relacionado à existência física de um ser humano. O art. 5º, caput, da CF assegura a
inviolabilidade do direito à vida em relação ao Estado e em relação aos demais indivíduos.
Inviolabilidade difere de irrenunciabilidade: a inviolabilidade diz respeito à proteção de um direito
em face de outras pessoas, enquanto que a irrenunciabilidade diz respeito à proteção de um direito em face
do próprio titular.
O direito à vida compreende o direito ao mínimo necessário a uma existência digna, que abrange:
1. Direito à integridade física: direito à saúde, vedação de pena de morte, proibição do aborto,
etc;
2. Direito a condições materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência digna.
1. Acepção positiva: está associada ao direito à existência digna, que assegura o acesso a bens
e utilidades indispensáveis para isso. Ela não se limita ao mínimo existencial, pois garante
também pretensões de caráter material e jurídico, de modo que os poderes públicos devem
adotar medidas positivas de proteção da vida, de amparo material e de emissão de normas
protetivas;
2. Acepção negativa: é o direito assegurado a todo e qualquer ser humano de permanecer vivo.
É um direito de defesa e um pressuposto elementar para o exercício de todos os demais
direitos. Uma decorrência dessa acepção é a proibição da pena de morte (art. 5º, XLVII, “a”,
da CF).
Atenção! Não existe direito fundamental absoluto, todos são relativos, de modo que nenhum direito
fundamental está hierarquicamente em superioridade em relação a outro. Ora, se não existe direito
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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fundamental absoluto e se todos eles são relativos, não se pode admitir que o direito à vida esteja
hierarquicamente superior a qualquer outro, pelo simples fato de ser direito à vida.
A ponderação de direitos depende de uma análise no caso concreto (nunca em abstrato) que deve
sempre levar em consideração o princípio pro homine (pro persona), em que o intérprete prefira a
interpretação dos direitos humanos que seja mais favorável à pessoa e a máxima efetividade, de modo que
se alcance o maior proveito possível para o titular, com o menor sacrifício aos titulares dos demais direitos.
Contudo, considerando-se que são inevitáveis algumas colisões de direitos fundamentais, é possível
que estes sofram limitações diante de outros que sejam igualmente relevantes. Assim, de forma excepcional,
pode haver a restrição ou mesmo a derrogação de alguns direitos. Exemplo de que o direito à vida não é um
direito absoluto: existência da pena de morte no ordenamento jurídico brasileiro.
Obs. Vale ressaltar que nem mesmo o poder constituinte originário poderia ampliar as
hipóteses de pena de morte diante da observância do princípio da continuidade e proibição do retrocesso.
Segundo o professor Pedro Lenza: Desacordos morais razoáveis surgem em razão de inexistência de consenso
em relação a temas polêmicos e com entendimentos antagônicos e diametralmente opostos e que se fundam
em conclusão racional, como, por exemplo, a interrupção da gravidez. Assumir uma das posições significa
negar a outra, e essa realidade é marca de uma sociedade plural, característica das democracias modernas
(posições religiosas, morais, filosóficas etc.).
Nessas matérias, como regra geral, o papel do direito e do Estado deve ser o de assegurar que cada pessoa
possa viver sua autonomia da vontade e suas crenças.
Exemplos: interrupção de gestação, pesquisas com células-tronco embrionárias, eutanásia/ortotanásia,
uniões homoafetivas, etc.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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O art.5º foi impugnado na sua constitucionalidade porque se chegou a cogitar eventual violação da
dignidade da pessoa humana, por considerar que o ser humano estaria sendo tratado como coisa.
Decisão do STF: o STF concluiu, por votação bastante apertada, que as pesquisas com célula-tronco
embrionária, nos termos da lei, não violam o direito à vida. A constatação de que a vida começa com a
existência do cérebro (segundo o STF e sem apresentar qualquer análise axiológica ou filosófica) estaria
estabelecida, também, no art. 3.º da Lei de Transplantes, que prevê a possibilidade de retirada de tecidos,
órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento depois da morte desde que se
constate a morte encefálica. Logo, para a lei, o fim da vida dar-se-ia com a morte cerebral, razão pela qual é
nessa linha que o conceito de vida está ligado (surgimento do cérebro).
Conclusão: O art. 5° da Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) é plenamente constitucional, não
havendo qualquer violação ao direito à vida. Isso porque o art. 5° toma os cuidados necessários, usa
efetivamente as pesquisas científicas para fins terapêuticos, etc., sem trazer nenhum efeito deletério ou
coisificante para a pessoa que forneceu o material biológico.
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sim de uma interrupção da gestação em razão da inexistência de uma vida possível. Os fundamentos foram,
dentre outros, direito à dignidade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à autonomia, à
privacidade, à integridade física, psicológica e moral e à saúde.
Caiu em prova Delegado RR/2022! A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada na ADPF no 54, que
autoriza a realização voluntária do aborto de feto anencefálico teve como um dos seus expressos
fundamentos: intepretação constitucional sem redução de texto (item correto).
Caiu em prova Delegado BA/2022! A Constituição Federal de 1988 dispõe que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Com relação aos
direitos fundamentais e o entendimento jurisprudencial dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa
correta: É possível a interrupção da gravidez quando houver diagnóstico de anencefalia do feto.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Acrescente-se que a eutanásia ativa não se confunde com a eutanásia passiva. Esta última consiste
na omissão de um tratamento que poderia garantir a continuidade da vida ao passo que a primeira é a ação
deliberada de matar (seja ministrando medicamento ou suprimindo tratamento já iniciado).
Suicídio assistido: em algumas situações, a pessoa doente em estágio terminal quer pôr fim ao seu
sofrimento, contudo, em virtude das suas debilidades, não tem condições de o fazer sem auxílio.
Ortotanásia: é uma prática sensível ao processo de humanização da morte, consistindo em uma
aceitação desta, permitindo que ela siga seu curso. Visa aliviar as dores sem incorrer em prolongamentos
abusivos que imponham sofrimentos adicionais. Para a doutrina, seria uma forma de eutanásia ativa indireta
em que os mecanismos de sustentação artificial da vida são retirados ou de eutanásia passiva, onde não se
inicia uma ação médica. De acordo com Ingo Sarlet: “A ideia de bom senso, prudência e razoabilidade deve
ser considerada, deixando claro não haver, ao menos explicitamente, qualquer vedação constitucional ao
dito ‘direito de morrer com dignidade’ (...).”
B. DIREITO À IGUALDADE:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
a) Concepções da igualdade:
● Concepção formal: é a igualdade perante a lei e perante o Estado. Por essa concepção, a igualdade
impede que os indivíduos sejam tratados pelos poderes públicos de maneira diversa. Trata-se de
uma concepção estática e negativa, insuficiente para solucionar as desigualdades sociais;
● Concepção material: representa o tratamento igual dos iguais e o tratamento desigual daqueles em
situações desiguais. Por essa concepção, a igualdade deve adotar critérios distintivos justos e
razoáveis, de modo que os poderes públicos devem adotar medidas concretas para reduzir ou
compensar desigualdades.
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https://youtu.be/f6uK8WsoSnM
Certo é que, no atual Estado Democrático de Direito, deve-se buscar, não somente a igualdade formal
(consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material. Isso porque, no Estado social
ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa
daquela apenas formalizada em face da lei.
Vejamos alguns exemplos de ações afirmativas (discriminações positivas/medidas de compensação)
reconhecidas pelo STF:
◘ Cotas raciais:
O STF, na ADPF 186, considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de
estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Além disso, o STF declarou o reconhecimento da
proclamação na Constituição da igualdade material, sendo que, para assegurá-la, “o Estado poderia lançar
mão de políticas de cunho universalista — a abranger número indeterminado de indivíduos — mediante
ações de natureza estrutural; ou de ações afirmativas — a atingir grupos sociais determinados — por meio
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da atribuição de certas vantagens, por tempo limitado, para permitir a suplantação de desigualdades
ocasionadas por situações históricas particulares.
Ainda, o STF declarou que “é constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta
e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação,
desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. STF.
Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868).
5
Para aprofundamento do julgado: http://www.dizerodireito.com.br/2015/09/entenda-decisao-do-stf-sobre-
o-sistema.html
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu na prova Delegado RJ/2022! A respeito da figura denominada Estado de coisas inconstitucional, é
correto afirmar que: encontra fundamento nos casos de inadimplemento reiterado de direitos
fundamentais pelos poderes do Estado, sem que haja possibilidade de remédio para vias tradicionais,
ocasião em que o tribunal assume o papel de coordenador de políticas públicas por meio da denominada
tutela estruturante.
Análise pelo STF em ADPF (PSOL X União e Estados) – Concessão parcial de liminar para:
● Obrigar a União a liberar o saldo acumulado no FUNPEN;
● Implementação pelos juízes e Tribunais da audiência de custódia, no máximo em 90 (noventa) dias;
●
● Responsabilidade dos três poderes e de todos os entes Federativos.
● No julgado, entendeu-se que incumbiria ao STF retirar os demais poderes da inércia, coordenando ações
para resolver os problemas e monitorar resultados. Porém, NÃO cabe ao Judiciário definir o conteúdo
dessas políticas públicas (ex: medidas judiciais para abater o tempo de prisão).
●
Por unanimidade dos votos, o Plenário do STF reconheceu a existência de um cenário de violação massiva de
direitos fundamentais no sistema prisional brasileiro, em que são negados aos presos, por exemplo, os
direitos à integridade física, alimentação, higiene, saúde, estudo e trabalho. Afirmou-se que a atual situação
das prisões compromete a capacidade do sistema de cumprir os fins de garantir a segurança pública e
ressocializar os presos. Com o objetivo de superar tal situação, o STF determinou um conjunto de medidas a
serem adotadas pelo Poder Público. Entre tais medidas, fixou-se prazo para que a União, Estados e Distrito
Federal, com participação do CNJ, elaborem (em até 6 meses) e executem (em até 3 anos) planos para
resolver a situação em suas respectivas unidades. Os prazos para os Estados e o Distrito Federal correrão
após a aprovação do plano federal. Tais planos devem tratar dos três problemas principais do sistema, a
saber: (1) vagas insuficientes e de má qualidade, (2) entrada excessiva de presos (em casos em que a prisão
não é necessária) e (3) saída atrasada de presos (com cumprimento da pena por tempo maior do que a
condenação). Os planos deverão ser aprovados pelo STF e terão sua execução monitorada pelo CNJ, também
com a supervisão do STF. ADPF 347 julgada em 04/10/2023.
Ainda sobre a violação de direitos humanos e o estado de coisas inconstitucional, o STF decidiu (ADPF
976 MC-Ref/DF, Info 1105), em relação à população em situação de rua, que: estão presentes os
pressupostos necessários para a concessão da medida cautelar (fumaça do bom direito e perigo da demora
na efetivação de uma decisão judicial), eis que: (i) a discussão acerca das condições precárias de vida da
população em situação de rua no Brasil demanda uma reestruturação institucional que decorre de um quadro
grave e urgente de desrespeito a direitos humanos fundamentais; e (ii) a violação maciça de direitos humanos
— a indicar um potencial estado de coisas inconstitucional — impele o Poder Judiciário a intervir, mediar e
promover esforços para estabelecer uma estrutura adequada de enfrentamento.
Nesse sentido, a Corte afirmou que atenção à população em situação de rua deve ser realizada com
o intuito de: (i) evitar a entrada nas ruas; (ii) garantir direitos enquanto o indivíduo está em situação de rua;
e (iii) promover condições para a saída das ruas.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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No âmbito da medida cautelar em análise, também se consideraram, entre outros fatores: (i) os
desafios do retorno da população em situação de rua à educação escolar, que vão além da falta de acesso a
programas; (ii) os obstáculos relacionados à reinserção no mercado de trabalho; (iii) a “aporofobia”,
entendida como violadora dos objetivos fundamentais, em especial o relacionado ao combate a todas as
formas de discriminação (CF/1988, art. 3º, IV); (iv) o direito à identidade além do mero registro; (v) o
acolhimento institucional e o direito fundamental à moradia; (vi) a presença de atos comissivos e omissivos,
imputados a agentes públicos e pessoas privadas, que atentam flagrantemente contra a dignidade dessa
população; (vii) a necessidade de medidas paliativas que impulsionem a construção de respostas estatais
duradouras; e (viii) a necessidade de elaboração de um estudo capaz de delinear todas as nuances que
permeiam o problema crônico social em debate, para evitar políticas desassociadas do espaço e do tempo
de aplicação.
Nesse contexto, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem, de modo imediato, observar,
obrigatoriamente e independentemente de adesão formal, as diretrizes contidas no Decreto federal
7.053/2009, que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua, em conjunto e nos moldes
das determinações estabelecidas na decisão da Corte.
Sistema prisional brasileiro: estado de coisas inconstitucional decorrente da violação grave e massiva
de direitos fundamentais - ADPF 347/DF (Info 1111, STF)
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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d. determinar a elaboração de plano nacional e de planos estaduais e distrital para a superação do estado
de coisas inconstitucional, com indicadores que permitam acompanhar sua implementação;
e. estabelecer que o prazo para apresentação do plano nacional será de até 6 (seis) meses, a contar da
publicação desta decisão, e de até 3 anos, contados da homologação, para a sua implementação, conforme
cronograma de execução a ser indicado no próprio plano;
f. estabelecer que o prazo para apresentação dos planos estaduais e distrital será de 6 meses, a contar da
publicação da decisão de homologação do plano nacional pelo STF, e implementado em até 3 anos,
conforme cronograma de execução a ser indicado no próprio plano local;
g. prever que a elaboração do plano nacional deverá ser efetuada, conjuntamente, pelo DMF/CNJ e pela
União, em diálogo com instituições e órgãos competentes e entidades da sociedade civil, nos termos
explicitados acima e observada a importância de não alongar excessivamente o feito;
h. explicitar que a elaboração dos planos estaduais e distrital se dará pelas respectivas unidades da
federação, em respeito à sua autonomia, observado, todavia, o diálogo com o DMF, a União, instituições e
órgãos competentes e entidades da sociedade civil, nos moldes e em simetria ao diálogo estabelecido no
plano nacional;
i. prever que, em caso de impasse ou divergência na elaboração dos planos, a matéria será submetida ao
STF para decisão complementar;
j. estabelecer que todos os planos deverão ser levados à homologação do Supremo Tribunal Federal, de
forma a que se possa assegurar o respeito à sua decisão de mérito;
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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k. determinar que o monitoramento da execução dos planos seja efetuado pelo DMF/CNJ, com a supervisão
necessária do STF, cabendo ao órgão provocar o tribunal, em caso de descumprimento ou de obstáculos
institucionais insuperáveis que demandem decisões específicas de sua parte; e
l. estipular que os planos devem prever, entre outras, as medidas examinadas neste voto, observadas as
diretrizes gerais dele constantes, sendo exequíveis aquelas que vierem a ser objeto de homologação final
pelo STF em segunda etapa.
IMPORTANTE: Transexuais e travestis com identificação com gênero feminino poderão optar por cumprir
pena em presídio feminino ou masculino.
Em 19.03.2021, o ministro Luís Roberto Barroso ajustou os termos de medida cautelar deferida em
junho de 2019, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 527, de modo a determinar
que presas transexuais e travestis com identidade de gênero feminino podem optar por cumprir penas em
estabelecimento prisional feminino ou masculino. Nesse último caso, elas devem ser mantidas em área
reservada, como garantia de segurança.
De acordo com Barroso, e mencionando os Princípios de Yogyakarta (número 9), no Brasil, o direito
das transexuais femininas e travestis ao cumprimento de pena em condições compatíveis com a sua
identidade de gênero decorre, em especial, dos princípios constitucionais do direito à dignidade humana,
à autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, e da vedação à tortura e ao tratamento degradante e
desumano. Decorre também da jurisprudência consolidada no STF no sentido de reconhecer o direito desses
grupos a viver de acordo com a sua identidade de gênero e a obter tratamento social compatível com ela.
Fonte: Site do STF
D. DIREITO À SAÚDE
A saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196 da CF/88), sendo assegurada por meio de
políticas sociais e econômicas que busquem:
● A redução do risco de doença e de outros agravos; e
● O acesso universal e igualitário às ações e serviços voltados à sua promoção, proteção e
recuperação.
Quando se fala na dimensão objetiva do direito à saúde, isso significa que, independentemente de
um caso concreto, existe um dever jurídico geral do Poder Público de concretizar medidas para garantir as
políticas públicas de saúde.
De acordo com Lenza, assim como os demais direitos sociais, tal direito possui duas vertentes. Uma
positiva, onde se fomenta um Estado prestacionista para implementar o direito social; e outra negativa, onde
o Estado ou particular devem se abster da prática de atos que sejam prejudiciais a terceiros.
Cuidar da saúde da população é uma competência COMUM que deve ser exercida por todos os entes
federados.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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CRFB, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
Quando se fala em “cuidar da saúde” isso abrange, obviamente, adotar medidas para salvar vidas e
garantir a higidez física das pessoas ameaçadas ou acometidas pelo novo coronavírus (Covid-19). Vale
relembrar que, no plano administrativo, esse dever é materializado por meio do Sistema Único de Saúde –
SUS, previsto no art. 198, da CF/88:
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
O SUS é compatível com o federalismo cooperativo, adotado pelo Brasil, segundo o qual existe um
entrelaçamento de competências e atribuições dos diferentes níveis governamentais. Veja a explicação do
Professor Márcio Cavalcante:
A União tem o papel de coordenar as atividades do setor: A União exerce aquilo que a doutrina
denomina de “competência de cooperação” e que consiste na obrigação constitucional de “planejar e
promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações”
(art. 21, XVIII, CF/88). Assim, compete à União assumir a coordenação das atividades do setor, incumbindo-
lhe, em especial, “executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do SUS ou
que representem risco de disseminação nacional”, conforme estabelece o disposto no art. 16, III, “a”, e
parágrafo único, da Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde).
Estados-membros, DF e Municípios também podem atuar para suprir lacunas ou omissões: Não
obstante constitua incumbência do Ministério da Saúde coordenar o PNI, tal atribuição não exclui a
competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de também atuarem porque se trata,
conforme já explicado, de competência comum (art. 23, II, da CF/88). O ideal é que todas as vacinas seguras
e eficazes sejam incluídas no PNI e que a União coordene nacionalmente o programa, de maneira a imunizar
uniforme e tempestivamente toda a população. No entanto, o STF entende que é possível a atuação conjunta
das autoridades estaduais e locais para o enfrentamento da covid, especialmente para suprir lacunas ou
omissões do governo federal.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Nesse sentido, considerando a imensa relevância sobre o tema, é importantíssimo ficar atento às
jurisprudências pertinentes:
◘ São atípicas as condutas de submeter-se à vacinação contra covid-19 em local diverso do
agendado e/ou com aplicação de imunizante diverso do reservado e/ou de submeter-se à
vacinação sem a realização de agendamento.
◘ Em ação que pretende o fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, ainda que não
incorporado em atos normativos do SUS, é prescindível a inclusão da União no polo passivo da
demanda.
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◘ Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente de
vacinação forçada)
A tese fixada foi a seguinte: (A) A vacinação compulsória não significa vacinação
forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, contudo, ser
implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre
outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham
como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham
acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações
dos imunizantes, (iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das
pessoas; (iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e (v)
sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e (B) tais medidas, com as
limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de
competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
17/12/2020.
◘ É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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◘ União não pode requisitar seringas e agulhas que já foram contratadas pelo Estado-membro para o
plano estadual de imunização e que ainda estão na indústria, apesar de já terem sido empenhados
◘ STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro dos grupos
prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário)
◘ É dever do Poder Público elaborar e implementar plano para o enfrentamento da pandemia COVID-
19 nas comunidades quilombolas
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◘ STF determina que governo federal adote medidas para conter o avanço da Covid-19 entre indígenas
O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu parcialmente a medida cautelar para que
a União implemente, em resumo, as seguintes providências: Quanto aos povos
indígenas em isolamento ou povos indígenas de recente contato: 1. Criação de
barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de terceiros em seus territórios; 2.
Criação de Sala de Situação, para gestão de ações de combate à pandemia quanto
aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato Recente. Quanto aos povos
indígenas em geral: 1. Inclusão de medida emergencial de contenção e isolamento
dos invasores em relação às comunidades indígenas ou providência alternativa,
apta a evitar o contato. 2. Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena
de Saúde. 3. Elaboração e monitoramento de um Plano de Enfrentamento da
COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União. O Plenário do STF
referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985).
Ademais, o Poder Judiciário pode determinar, ante injustificável inércia estatal, que o Poder
Executivo adote medidas necessárias à concretização de direitos constitucionais dos indígenas: Não
procede o argumento de ingerência indevida do Poder Judiciário nas diretrizes de políticas públicas,
notadamente quando se cuida de reconhecer a omissão estatal na adoção de providências específicas (arts.
26 e 27 da Lei n. 6.001/1973) para a concretização de direitos constitucionais dos indígenas (art. 231 da
CF/1988). Com efeito, segundo a jurisprudência do STJ, quando configurada hipótese de injustificável inércia
estatal e não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira do ente público, o Poder
Judiciário pode determinar que o Poder Executivo adote medidas necessárias ao cumprimento dos direitos
e garantias fundamentais, nos termos previstos no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. STJ. REsp
1.623.873-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 26/04/2022, DJe
28/04/2022. (Info 734)
Ainda sobre a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas voltadas à saúde:
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E. DIREITO À INTEGRIDADE
A Carta Magna proíbe a prática de lesões, psíquica e moral (provocação de dor interna e sofrimento).
Ademais, veda a prática da tortura, bem como qualquer tipo de comercialização de órgãos, tecidos e
substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento (art. 199, §4º).
F. PROIBIÇÃO DA TORTURA
Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante
(art. 5º, III, da CF/88).
● Não esquecer que parcela da doutrina defende que o direito de não ser torturado é um exemplo de
direito fundamental absoluto, sendo uma exceção à característica da relatividade dos direitos
fundamentais.
● Uso de algemas e a Súmula Vinculante 11: “o uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de
natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a
fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que tanto
venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra
si mesmo. O emprego dessa medida tem como balizamento jurídico necessário os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade” (HC 89.429, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 22.08.2006, DJ de
02.02.2007).
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Art. 5°, X, da CRFB - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
● Privacidade e sigilo bancário e fiscal: o STF admite a quebra do sigilo pelo Judiciário ou por CPI (federal
ou estadual, mas não municipal), mas resiste a que o MP possa requisitá-la diretamente, por falta de
152
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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- O STF entendeu possível o repasse das informações dos bancos para o Fisco, pelos seguintes argumentos,
pois as informações são remetidas ao Fisco em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa na
Administração Tributária, inacessível a terceiros, não pode ser considerado violação do sigilo.
Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser divulgados
abertamente em site oficial.
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem
ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode
divulgar os dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão
parlamentar de inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 26/4/2018 (Info 899).
6
Para aprofundamento, sugerimos leitura do julgado comentado pelo Dizer o Direito:
http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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H. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO:
Art. 5°, XI, da CRFB - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial
STF - “Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5.º, XI, da Constituição
da República, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-
se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, §
4.º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de
hotel (...)” (RHC 90.376)
A abrangência do conceito alcança:
▪ O escritório de trabalho
▪ O estabelecimento industrial
▪ Clube recreativo
▪ Quarto de hotel
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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▪ Quarto de motel
▪ Automóveis quando usados para fins de moradia
▪ Barcos quando usados para fins de moradia.
Atenção:
O STJ possui jurisprudência entendendo que a habitação em prédio abandonado
de escola municipal pode caracterizar o conceito de domicílio em que incide a
proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição Federal (AgRg no HC 712.529-
SE).
Caiu em prova Delegado RO/2022! Assinale a opção que contempla o entendimento do STF e do STJ acerca
da inviolabilidade de domicílio: A entrada forçada em residência, quando não justificada, sujeita o agente
policial à responsabilidade disciplinar, civil e penal (item correto).
▪ Bens públicos de uso especial não abertos ao público como gabinetes de prefeitos, gabinete do
delegado de polícia
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Inf. 549 do STJ (2014): Afirmou que o gabinete do delegado de polícia encontra-se
inserido no conceito de “casa” previsto no inciso III do §4º do art. 150 do CP. Logo,
invasão ao seu gabinete constitui crime de violação de domicílio.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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META 4
C) Direito às Liberdades
● “Hate speech” (discurso de ódio)– a liberdade de expressão não é absoluta. O modelo, portanto, de
solução é a ponderação, pautada pelo princípio da proporcionalidade. O STF, embora adote a tese
preferencial pela liberdade de expressão, certo é que não se trata de direito absolutamente infenso a
limites e restrições, desde que eventual restrição tenha caráter excepcional, seja promovido por lei e/ou
decisão judicial e tenha por fundamento a salvaguarda da dignidade da pessoa humana (que aqui se
opera como limite e aos limites de direitos fundamentais) e de direitos e bens jurídicos-constitucionais
individuais e coletivos fundamentais observados o critério da proporcionalidade e da preservação do
núcleo essencial dos direitos em conflito - LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, pg. 1183.
Caiu em prova Delegado MS/2021! O discurso de ódio (hate speech) configura abuso do direito fundamental
à liberdade de expressão, e o STF entende que a imunidade parlamentar material não pode ser utilizada para
atentar frontalmente contra a manutenção do Estado Democrático de Direito (item correto).
● Marcha da Maconha (ADPF 187) – as marchas da maconha vinham sendo reprimidas pela polícia, sob a
ótica de que elas geravam apologia ao crime, vez que o uso de maconha é criminalizado. Este
entendimento viola a liberdade de expressão, porque não se confunde a apologia à droga e o seu uso
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● Delação anônima (Inq. 1957) – o STF já decidiu não ser possível a utilização da denúncia anônima, pura
e simples, para a instauração de procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato,
prevista no art. 5.º, IV, da CRFB. Nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por delação
anônima adote medidas informais - com prudência e discrição - destinadas a apurar, previamente, em
averiguação sumária, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com
o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em
caso positivo, a formal instauração da persecutio criminis, mantendo-se, assim, completa desvinculação
desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas”.
Tema 838 da repercussão geral, fixou as seguintes teses: “(i) os requisitos do edital
para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento
lei em sentido formal e material; (ii) os editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em
razão de conteúdo que viole valores constitucionais” (RE 898.450, Plenário, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 17.08.2016, DJE de 31.05.2017).
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discursos ou ações que envolvam, por exemplo, a pedofilia, nos casos de discursos
que incitem a violência ou quando se tratar de discurso com intuito
manifestamente difamatório. A garantia da imunidade parlamentar não alcança
os atos praticados sem claro nexo de vinculação recíproca entre o discurso e o
desempenho das funções parlamentares. Isso porque as garantias dos membros
do Parlamento são vislumbradas sob uma perspectiva funcional, ou seja, de
proteção apenas das funções consideradas essenciais aos integrantes do Poder
Legislativo, independentemente de onde elas sejam exercidas. No caso, os
discursos proferidos pelo querelado teriam sido proferidos com nítido caráter
injurioso e difamatório, de forma manifestamente dolosa, sem qualquer hipótese
de prévia provocação ou retorsão imediata capaz de excluir a tipificação, em tese,
dos atos descritos nas queixas-crimes. Com base nesses entendimentos, a Segunda
Turma, por maioria, ao dar provimento a agravos regimentais, recebeu queixas-
crimes pelos delitos dos arts. 139 e 140 do Código Penal. Pet 8242 AgR/DF, Pet 8259
AgR/DF, Pet 8262 AgR/DF, Pet 8263 AgR/DF, Pet 8267 AgR/DF e Pet 8366 AgR/DF,
relator Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento
em 3.5.2022.
● A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até
mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio ou atentados contra o Estado
Democrático de Direito e a democracia. STF. AP 1044/DF, relator Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 20.4.2022 (Info 1051).
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Obs.: o art. 5º, VII, da CF/88 também assegura, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões pode
configurar o crime de racismo
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus
seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade
de expressão.
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
julgado em 6/3/2018 (Info 893).
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# DICA DD: Não confundir- o STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam
oferecidas aulas de uma religião específica, que ensine os dogmas ou valores
daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde que se garanta
oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig.
Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/9/2017 (Info 879). Lembre-se que a “neutralidade do ensino religioso não
existe. O que deve existir é o respeito às diferenças”.
Cespe, oral RO/2023 (espelho): A liberdade de culto e de crença, como a quase totalidade dos direitos
fundamentais, não é ilimitada. Portanto, alguns limites estatais podem ser impostos, alguns sem grande
polêmica, como a necessidade de observância a limites de produção de ruído definidos por autoridades
municipais e a outras posturas municipais (como alvarás para construção e funcionamento de templos).
Outros limites mais delicados também podem ser impostos, como ocorreu durante a pandemia de covid-19,
causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), quando o Supremo Tribunal Federal considerou constitucional
a restrição a atos religiosos presenciais, por motivos sanitários.
Por outro lado, a liberdade de culto e de crença não autoriza as pessoas a cometer delitos e outros
atos juridicamente inválidos, embora cada ato deva ser examinado de forma cuidadosa, exatamente para
não anular a liberdade de culto nem outras garantias, como a liberdade de expressão. A liberdade de culto e
de crença não autoriza, por exemplo, prática de ofensa a minorias ou a grupos sociais vulneráveis nem
propagação de discurso de ódio. Portanto, praticantes de determinada religião, incluindo padres, pastores e
outros sacerdotes e membros do grupo religioso, podem ser punidos por atos ligados à prática da religião.
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por pessoa capaz e com discernimento, ou seja, consentimento inequívoco, personalíssimo, expresso e atual.
Ademais, deverá também ser livre e informado.
Apesar do tema ser polêmico, acerca de necessidade de transfusão de sangue em menores com risco
de vida, como não se pode exigir que exprimem consentimento, o médico deverá realizar todos os
tratamentos médicos alternativos sem sangue e, se mesmo assim não resolver, diante da vida ou morte do
menor, poderá então realizar a transfusão de sangue não respondendo o médico por constrangimento ilegal.
III. LIBERDADE DE ATIVIDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA OU DE COMUNICAÇÃO – ART. 5º, IX,
CF/88
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podendo a legislação infraconstitucional limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o pleno
exercício da profissão.
Cuidado - a jurisprudência do STF admite a regulamentação por lei de atividades que possam trazer
danos a terceiros, atividades profissionais cuja falta de técnica traga o risco de “atingir negativamente a
esfera pública de outros indivíduos ou de valores ou interesses da própria sociedade” (ADI 3.870, 2019).
Nessas situações, a lei poderá disciplinar, restritivamente, impondo regras ao exercício da profissão.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu na prova Delegado SC/2024 (ADAPTADA): Diretor de determinado órgão policial do Estado edita a
Portaria XXX/2021 que determina que todos os processos do Sistema Eletrônico de Informações do órgão
sejam cadastrados com nível de acesso restrito ou sigiloso e, com isso, impedindo o acesso público. Com base
na situação hipotética descrita e na ordem constitucional vigente, é correto afirmar que:
- A Portaria XXX/2021 viola a liberdade de informação do Art. 5º, inciso XXXIII, da CF/88, que estabelece como
regra a publicidade das informações mantidas por órgãos do Estado. (ITEM CORRETO)
- O ato de qualquer órgão do Estado restritivo à publicidade das informações deve ser justificado objetiva,
específica e formalmente. (ITEM CORRETO)
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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STF determina que Ministério da Saúde faça a divulgação integral de dados sobre
Covid-19 A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-
19 representa violação a preceitos fundamentais da Constituição Federal,
nomeadamente o acesso à informação, os princípios da publicidade e transparência
da Administração Pública e o direito à saúde. STF. Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF,
ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
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O STJ reconheceu o direito ao esquecimento em dois julgados principais: O caso “Aída Curi” (REsp
1.335.153-RJ) e a situação da “chacina da Candelária” (REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgados em 28/5/2013), hipótese em que entendeu que tal direito que deveria ser exercido de forma
compatível com a intimidade e da honra das pessoas. Ressalta-se, contudo, que o deferimento ou não do
direito ao esquecimento sempre dependeu da análise do caso concreto e da ponderação dos interesses
envolvidos.
Vale ressaltar, ainda, que o STJ possui o entendimento no sentido de que, quando os registros da
folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise desfavorável, em
aplicação à teoria do direito ao esquecimento. Isso porque não se pode tornar perpétua a valoração negativa
dos antecedentes, nem perenizar o estigma de criminoso para fins de aplicação da reprimenda, pois a
transitoriedade é consectário natural da ordem das coisas. STJ. 6ª Turma. HC 452.570/PR, Rel. Min. Antonio
Saldanha Palheiro, julgado em 02/02/2021.
No entanto, o tema passou por uma EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Isso porque o STJ passou a
relativizar o direito ao esquecimento, ao passo que o STF passou a entender pela sua incompatibilidade
com a Constituição Federal. Confira:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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ao esquecimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.803-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670).
Também importante:
Jurisprudências pertinentes:
◘ Viola a liberdade de expressão a decisão de retirar da Netflix o especial de Natal do Porta dos Fundos
porque seu conteúdo satiriza crenças e valores do cristianismo
◘ A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significou
censura nem restrição indevida à liberdade de imprensa
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio Bispo, autor da
facada contra Jair Bolsonaro, não significa restrição indevida à liberdade de
imprensa nem representa censura prévia. Logo, essa decisão não configura ofensa
ao entendimento firmado pelo STF na ADPF 130, que julgou não recepcionada a Lei
de Imprensa (Lei nº 5.250/67). A decisão judicial impediu a entrevista com o
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O STF entendeu na ADI 4815 que, para ser publicada uma biografia, NÃO é
necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas
retratadas, nem de seus familiares, porque a autorização prévia seria uma forma
de censura, incompatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88.
Se o biografado ou qualquer outra pessoa retratada entenda ter os seus direitos
violados, terá direito à reparação, não apenas por meio de indenização pecuniária,
mas também por outras formas, a exemplo da publicação de ressalva, de nova
edição com correção, de direito de resposta etc.
* ATENÇÃO: Embora exista a liberdade artística, o Poder Público poderá estabelecer faixas etárias
recomendadas, locais e horários para a apresentação. Ao mesmo tempo, lei federal deverá estabelecer meios
para que qualquer pessoa ou família possa defender-se de programações de rádio e televisão que atentem
contra os valores éticos vigentes (art. 220, §3º, I e II).
V. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Perceba que a liberdade de locomoção no território nacional é livre NOS TEMPOS DE PAZ.
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(1) Em caso de prisão em flagrante ou prisão por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar (art. 5º, LXI,
CF/88)
(2) Durante o estado de defesa (art. 136, 3º, I, CF/88) o decreto poderá estabelecer restrição ao direito
de reunião, ainda que exercida no seio das associações.
(3) Durante o estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I,CF/88, poderão ser tomadas
contra as pessoas as medidas de obrigação de permanência em localidade determinada (art. 139, I,
CF/88); detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns (art. 139,
II, CF/88); suspensão da liberdade de reunião (art. 139, IV, CF/88).
(4) Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (hipóteses de
decretação de estado de sítio – art. 137, II, CF/88), a liberdade de locomoção também poderá ser
restringida ou suspensa (art. 138, caput, CF/88).
Art. 5°, XVI, CRFB - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente;
O entendimento foi fixado porque não se pode exigir o aviso prévio como condicionante ao exercício
do direito de reunião.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Art. 5°, XVII, CRFB - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
Atenção (2):
● Associações são criadas independentemente de autorização, já as cooperativas devem ser criadas na
forma da lei, mas independem de autorização;
Atenção (3): A CF/88 veda qualquer interferência estatal no funcionamento das associações e cooperativas.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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É garantido pela Constituição, mas não é absoluto, uma vez que a propriedade poderá ser
desapropriada. É necessário também que a propriedade cumpra sua função social, atendendo aos interesses
da coletividade e não apenas do proprietário.
● É garantido o direito de propriedade (art. 5º, XXII).
● A propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII).
● A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na
Constituição (art. 5º, XXIV).
● No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º, XXV).
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Caso o pedido de certidão não seja atendido, o remédio constitucional cabível será o mandado de
segurança e não o habeas data.
O direito de certidão não é absoluto, pois pode ser negado em caso de o sigilo ser imprescindível à
segurança da sociedade ou do Estado.
X. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art.
5º, XXXV, CF/88).
Não se confunde com o direito de petição, já que este consiste em um direito de participação política
que não demanda a demonstração de interesse processual ou lesão a direito pessoal.
Exceção à regra da inafastabilidade da jurisdição: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em
lei (art. 217, §1º, da CF).
A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada
(art. 5º, XXXVI,CF/88).
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1) Dimensão negativa: impede que sanções de natureza penal extrapolem o âmbito estritamente
pessoal do infrator, vedando a imposição de pena a terceiros;
2) Dimensão positiva: impõe o dever de expor circunstancialmente as condutas responsáveis pelo
ilícito, bem como de narrar com clareza o grau de participação dos acusados.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● Plano legislativo: dirige-se ao legislador no momento da fixação dos limites mínimos e máximos da pena,
do regime de cumprimento e dos benefícios que podem ser concedidos ao infrator.
● Plano judicial: o magistrado, ao aplicar a pena, deve definir, fundamentadamente, a sua quantidade
conforme os parâmetros legais, o regime inicial e os benefícios aplicáveis;
● Plano executório: no momento da execução penal, deverá ser definido o estabelecimento prisional de
cumprimento da pena, tendo em conta a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado (art. 5º, XLVIII,
CF/88).
* Obs.: Súmula Vinculante nº 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados
no RE 641.320/RS.
3. DIREITOS SOCIAIS
São direitos de 2ª geração/dimensão. A Constituição define no art. 6º quais são os direitos sociais:
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◘ STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro dos grupos
prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário)
O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote
medidas concretas, assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, como é o
caso da saúde.
A pretensão de que sejam editados e publicados critérios e subcritérios de
vacinação por classes e subclasses no Plano de Vacinação, assim como a ordem de
preferência dentro de cada classe e subclasse, encontra arrimo: • nos princípios da
publicidade e da eficiência que regem a Administração Pública (art. 37, da CF/88);
• no direito à informação que assiste aos cidadãos em geral (art. 5º, XXXIII, e art.
37, § 2º, II); • na obrigação da União de “planejar e promover a defesa permanente
contra as calamidades públicas” (art. 21, XVII); • no dever incontornável cometido
ao Estado de assegurar a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput), traduzida
por uma “existência digna” (art. 170); e • no direito à saúde (art. 6º e art. 196). STF.
Plenário. ADPF 754 TPI-segunda-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 27/2/2021 (Info 1007).
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◘ Implementação de políticas públicas pelo Poder Judiciário para garantir o direito à saúde
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
(...)
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de CINCO anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de DOIS anos após a extinção do contrato de trabalho.
▪ Organização sindical: o art. 8º, CF/88, institui ampla autonomia coletiva para a fundação e direção
desse ente associativo, não podendo o Estado intervir ou condicionar o exercício desse direito. Pode,
contudo, ser exigida a inscrição do sindicato em órgão próprio (Ministério do Trabalho), bem como
admite-se que a lei disponha genericamente sobre regras básicas de organização sindical.
O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo de empregados que podem ser
dirigentes sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola a garantia da liberdade
sindical
O art. 8º, VIII, da CF/88 prevê que os dirigentes sindicais não podem ser demitidos,
salvo se cometerem falta grave. O art. 522 da CLT prevê um número máximo de
empregados que podem ser dirigentes sindicais. Assim que a CF/88 foi promulgada,
alguns doutrinadores começaram a sustentar a tese de que o art. 522 da CLT não
teria sido recepcionado pela Carta Constitucional. Isso porque o inciso I do art. 8º
da Constituição prevê que a liberdade sindical, ou seja, proíbe que o poder público
interfira na organização dos sindicatos. O TST e o STF não concordaram com essa
tese. A liberdade sindical tem previsão constitucional, mas não possui caráter
absoluto. A previsão legal de número máximo de dirigentes sindicais dotados de
estabilidade de emprego não esvazia a liberdade sindical. Essa garantia
constitucional existe para que possa assegurar a autonomia da entidade sindical,
mas não serve para criar situações de estabilidade genérica e ilimitada que violem
a razoabilidade e a finalidade da norma constitucional garantidora do direito. Logo,
o art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário.
ADPF 276, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 15/05/2020.
▪ Greve: previsto no art. 9º, cabe aos trabalhadores decidir a oportunidade de exercê-lo e os interesses
que devam por meio dele defender. Outrossim, prevê que a lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, inclusive
responsabilizando os abusos cometidos.
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ATENÇÃO - Para servidores públicos civis: como não existe lei específica sobre o assunto para servidores
públicos civis, o STF conferiu efeitos concretos aos Mandados de Injunção ajuizados pelos Sindicatos de
Servidores Civis. Por maioria, conheceu dos mandados de injunção e propôs a solução para a omissão
legislativa com a aplicação, no que couber, da Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de
greve na iniciativa privada.
IMPORTANTE:
O estudo da jurisprudência acerca do tema: “Direitos Fundamentais” é imprescindível, diante da
elevada cobrança em provas. Nesse sentido, abaixo algumas jurisprudências cuja leitura é importantíssima!
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Caiu em prova Delegado PR/2021! Atendendo ao interesse local, os municípios podem editar lei que proíba
a divulgação de materiais com menção à ideologia de gênero nas escolas municipais. (item incorreto).
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Caiu em prova Delegado BA/2022! A Constituição Federal de 1988 dispõe que todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Com relação aos
direitos fundamentais e o entendimento jurisprudencial dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa
correta: É possível a interrupção da gravidez quando houver diagnóstico de anencefalia do feto.
Caiu em prova Delegado BA/2022! O direito à liberdade, previsto como direito fundamental no caput do art.
5º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, está
presente também no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13/07/1990 - ECA), que em seu
art. 16, dispõe que o direito à liberdade compreende os determinados aspectos. Considerando os a liberdade
garantida às crianças e aos adolescentes pelo referido estatuto, analise as afirmativas abaixo:
I. brincar, praticar esportes e divertir-se; participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação.
II. ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.
III. opinião e expressão; crença e culto religioso.
IV. participar da vida política, na forma da lei; buscar refúgio, auxílio e orientação.
a) I, II, III e IV
b) I, III e IV apenas
c) II, III e IV apenas
d) III e IV apenas
e) I, II e IV apenas
Caiu em prova Delegado ES/2022! Assinale a opção correta a respeito dos direitos e garantias fundamentais:
A omissão injustificada da administração pública em providenciar a disponibilização de banho quente nos
estabelecimentos prisionais fere a dignidade dos presos sob sua custódia (item considerado correto).
Caiu em prova Delegado ES/2022! Com base no disposto na Constituição Federal de 1988 (CF/88) e no
entendimento do Supremo Tribunal Federal, assinale a opção correta acerca dos direitos sociais: O servidor
público que seja pai monoparental faz jus à licença maternidade e ao salário maternidade pelo prazo de 180
dias (item considerado correto).
Referência Bibliográficas:
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1.1 Conceito
O conceito de direitos humanos, segundo Gregorio Robles, não é pacífico, pois sofre influência de
pontos de vista de cunhos político e ideológico. Entretanto, de acordo com a definição dada pelos
doutrinadores brasileiros, há um ponto em comum: a concretização da dignidade da pessoa humana a todos
os seres humanos.
Para Paulo Henrique Gonçalves Portela, os direitos humanos são aqueles direitos
essenciais para que o ser humano seja tratado com a dignidade que lhe é inerente
e aos quais fazem jus todos os membros da espécie humana, sem distinções.
Para André de Carvalho Ramos, os direitos humanos consistem em um conjunto
de direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade,
igualdade e dignidade. Os direitos humanos são, em suma, todos os direitos
essenciais e indispensáveis à vida digna, não havendo um rol predefinido e taxativo.
Os direitos humanos podem, ainda, ser caracterizados de acordo com a corrente a ser considerada:
1°) Jusnaturalista: os direitos humanos são naturais, inerentes às pessoas, a qualquer tempo e em
qualquer lugar. Não precisam estar positivados.
2°) Universalista: os direitos humanos são direitos universais, ou seja, de todas as pessoas, em
qualquer lugar, sendo protegidos pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos.
3°) Constitucionalista: os direitos humanos são aqueles reconhecidos pela Constituição de
determinado Estado, ou seja, aqueles direitos constitucionais positivados internamente.
Para André de Carvalho Ramos, os direitos humanos têm estrutura variada, podendo ser interpretados
como:
a) Direito-pretensão: consistente na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever
de prestar. Exemplo: O direito à educação fundamental, que gera o dever do Estado de prestá-la
gratuitamente (art. 208, inciso I, CRFB/88).
b) Direito-liberdade: consistente na faculdade de agir, que gera a ausência de direito de qualquer
outro ente ou pessoa. Exemplo: Liberdade de credo (art. 5°, inciso VI, CRFB/88), não possuindo
o Estado o direito de exigir que as pessoas tenham determinada religião.
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Ao se referir aos direitos essenciais à pessoa humana, pode-se deparar com diversas nomenclaturas que,
entretanto, não são sinônimas:
● Direitos Humanos – são aqueles direitos indispensáveis à uma vida digna, previstos em normas
internacionais de proteção dos direitos humanos.
● Direitos do Homem – referem-se aos direitos naturais, aqueles inatos ao homem, que não
dependem de previsão na ordem jurídica positiva, e que decorrem da razão divina ou da razão
humana (estão relacionados com o jusnaturalismo).
● Direitos fundamentais – materializam a dignidade humana no plano interno. Ou seja: são aqueles
positivados nas Constituições dos Estados (ex: artigo 5º da CF/88).
7
Vide material de Direito Internacional.
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2) Corrente Juspositivista.
3.1 Jusnaturalismo
É a primeira das teorias fundamentadoras dos Direitos Humanos. O jusnaturalismo é uma corrente
que defende a existência de um conjunto de normas vinculantes anterior e superior ao sistema de normas
fixadas pelo Estado – direito posto. Existem duas bases para o jusnaturalismo: (i) teológica; e (ii) racional.
∙Teológica: A teoria jusnaturalista teológica existe desde a antiguidade clássica, com o pensamento
judaico-cristão. Para essa teoria, as pessoas possuem direitos naturais de origem divina, que lhes foram
conferidos porque são filhos de Deus.
∙ Racional: Hugo Grotius diz que, mesmo se Deus não existisse, o ser humano teria direitos pelo
simples fato de ser humano. No estado de natureza, o ser humano tem direitos. É o pensamento dos
iluministas do século XVIII (Locke, Rousseau, Montesquieu). O jusnaturalismo racional moveu o nascimento
dos direitos humanos na modernidade.
3.2 Positivismo
Para a Escola Positivista, o fundamento dos direitos humanos consiste na existência de norma posta,
cujo pressuposto de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição.
A ideia positivista sobre direitos humanos, apresentada por Norberto Bobbio, afirma a inexistência
de um direito absoluto.
Bobbio explica que a dogmática jurídica se caracteriza pela historicidade, o que significa dizer que o
Direito é passível de constantes modificações, advindas das mudanças sociais. Para o autor, não se pode dar
um fundamento eterno para algo que necessariamente sofrerá modificações.
Um preceito só pode ser considerado jurídico quando nele estiver presente o caráter repressivo, que
lhe concede eficácia, como bem ressaltava Hans Kelsen. Se a Ordem Jurídica nada pode fazer para assegurar
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o cumprimento desses preceitos, eles não podem ser denominados “direito”, pois são meras expectativas de
conduta, meras expressões de boas intenções que orientam a ação para um futuro indeterminado, incerto.
Portanto, para os positivistas, a ausência de coercibilidade dos direitos naturais lhe retira a própria
natureza de “direitos”, devendo os direitos humanos passar por um processo de positivação.
Atualmente, porém, há uma tendência à “positivação” dos direitos humanos, de forma a inseri-los
nas Constituições Estatais, através da criação de novos mecanismos para garanti-los, além da difusão de sua
regulação por meio de mecanismos internacionais, como os Tratados e Convenções Internacionais de
Direitos Humanos.
Com isso, já se pode falar num conceito positivo de direitos humanos, que seriam os direitos
fundamentais, assegurados ao indivíduo, através da regulamentação e aplicação desses direitos, tanto no
campo estatal como no campo supraestatal.
3.3 Jusinternacionalista
Parte da doutrina defende existir ainda uma 3ª corrente acerca dos fundamentos dos direitos
humanos: o Jusinternacionalismo. A corrente Jusinternacionalista afirma que o fundamento dos direitos
humanos é o próprio Direito Internacional.
Para essa corrente, se o direito estiver previsto na ordem internacional, já pode ser caracterizado
como uma norma de direitos humanos, não havendo necessidade de estar positivado na ordem jurídica
interna do Estado.
“A contar dos primeiros escritos das comunidades humanas ainda no século VIII
a.C. até o século XX d.C., são mais de vinte e oito séculos rumo à afirmação universal
dos direitos humanos, que tem como marco a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948”.
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A crise da Idade Média, início da Idade Moderna e os primeiros diplomas de direitos humanos
Mesmo com o poder dos governantes limitado, uma vez que era baseado na vontade divina, nota-se
o surgimento de alguns movimentos de reivindicação da liberdade, como:
⋅ Declaração das Cortes de Leão (Península Ibérica, 1188)
⋅ Magna Carta Inglesa (1215), que trazia direitos dos indivíduos contra o Estado.
O Renascimento e a Reforma Protestante deram lugar ao surgimento dos Estados Nacionais
absolutistas europeus, quando verificou-se uma forte centralização de poder na figura do rei. No século XVII
o Estado Absolutista começa a ser duramente questionado, especialmente na Inglaterra. Destacam-se, aqui:
⋅ “Petition of right”, de 1628 – dever do rei de não cobrar impostos sem autorização do
Parlamento; “nenhum homem livre podia ser detido ou preso ou privado dos seus bens, das
suas liberdades e franquias, ou posto fora da lei e exilado ou de qualquer modo molestado,
a não ser por virtude de sentença legal dos seus pares ou da lei do país”.
⋅ “Habeas Corpus Act”, de 1679 – formalizou a proteção judicial aos injustamente presos.
⋅ “Bill of Rights”, de 1689 – reduzindo o poder dos reis ingleses de forma definitiva. Afirma a
vontade da lei sobre a vontade do rei.
⋅ “Act of Settlement”, de 1701 – fixou a linha sucessória da coroa inglesa e reafirmou o poder
do Parlamento em detrimento do poder dos monarcas.
Caiu na prova Delegado SP/2018! Esse documento histórico de remota conquista dos direitos humanos foi
editado com o escopo de assegurar a Supremacia do Parlamento sobre a vontade do Rei, controlando e
reduzindo os abusos cometidos pela nobreza em relação aos seus súditos, em especial declarando, dentre
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outras conquistas, o direito de petição, eleições livres e a proibição de fianças exorbitantes e de penas
severas: The Bill of Rights, de 1689. (ITEM CORRETO)
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Por fim, com o final da II Guerra Mundial, os homens se conscientizaram da necessidade de não se
permitir que seres humanos novamente sofressem aquelas atrocidades cometidas pelos nazistas. A barbárie
do totalitarismo significou a ruptura do paradigma dos direitos humanos, por meio da negação do valor da
pessoa humana como valor-fonte do direito. (Piovesan, 2019). Houve uma mudança de paradigma em que
não mais seguia-se a lei de forma cega, com uma reaproximação entre direito e moral.
Caiu na prova Delegado SP/2018! No tocante à temática dos direitos humanos, considerando seu surgimento
e sua evolução histórica, assinale a alternativa que contempla correta e cronologicamente seus marcos
históricos fundamentais.
E) O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. (ITEM CORRETO)
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PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS
ARTIGO 1 - Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar,
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de
agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de
conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste
ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da
paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao
princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras
medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução
desses objetivos comuns.
ARTIGO 2 - A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos
mencionados no Artigo 1, agirão de acordo com os seguintes Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros.
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e
vantagens resultantes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa fé as
obrigações por eles assumidas de acordo com a presente Carta.
3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios
pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça
internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou
o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer
Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que
elas recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual
Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo.
6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas
ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção
da paz e da segurança internacionais.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Vale destacar que a Carta da ONU não listou o rol de direitos essenciais. Apenas em 1948 foi
aprovada, sob a forma de Resolução da Assembleia Geral da ONU, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (“Declaração de Paris”), explicitando o rol de direitos humanos aceitos internacionalmente.
ATENÇÃO! Como a Carta de São Francisco (ou Carta da ONU) não listou o rol de direitos considerados
humanos e fez-se necessária a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) – art. 1° ao 21,
os direitos civis e políticos; e nos arts. 22 ao 27, os direitos econômicos, sociais e culturais –, a doutrina
majoritária entende que a DUDH é o verdadeiro marco da internacionalização e da universalização do Direito
Internacional dos Direito Humanos (para André de Carvalho Ramos o marco foi a Carta da ONU).
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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6.1 Historicidade
A proteção dos direitos humanos são fruto de uma evolução histórica, fruto de uma emancipação
evolutiva, que foi ganhando espaço com a mudança de perspectiva da sociedade, ou seja, a sociedade foi
acrescentando novas necessidades à ideia de direito mínimo para uma vida com dignidade. Dessa forma,
essas conquistas foram paulatinas na história da humanidade, sendo os direitos humanos fruto das
demandas sociais de determinados momentos históricos.
6.2 Universalidade
“Todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses direitos, podendo pleiteá-los
em qualquer foro nacional ou internacional (parágrafo 5° da Declaração e Programa
de Ação de Viena de 1993);”
Os direitos humanos são oponíveis a todos, independentemente de quaisquer condições (exs: etnia,
raça, gênero, procedência nacional). Dessa forma, são universais, representando a possibilidade de o
indivíduo pleitear seus interesses perante instâncias internacionais em caso de insatisfação em relação às
instâncias nacionais. Requisitos devem ser cumpridos para tanto.
Vale dizer que “todos os direitos humanos são universais, indivisíveis e inter-relacionados, devendo
a comunidade internacional considerá-los, globalmente, de forma justa e equitativa, no mesmo pé e com
igual ênfase” (André de Carvalho Ramos).
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Os Direitos Humanos são fruto do desenvolvimento histórico e social dos povos. São direitos considerados
universais, tendo em vista não ser possível eleger categorias de indivíduos a serem merecedores da tutela
desses direitos. Eles são, pois, inerentes à condição de pessoa humana. (ITEM CORRETO)
Os Direitos Humanos são unos e indivisíveis. Não há que falar em hierarquia entre os direitos, todos
conjuntamente compõem um conjunto de direitos essenciais à efetividade da dignidade da pessoa humana.
(ITEM CORRETO)
Caiu na prova Delegado PR/2021! As Conferências Mundiais de Direitos Humanos desempenharam um papel
importante na construção histórica dos direitos humanos. Os conceitos de universalidade, indivisibilidade e
interdepêndencia dos direitos humanos foram consolidados nas conferências de Teerã e Viena. (ITEM
CORRETO)
Os direitos fundamentais não são absolutos: isso quer dizer que, por vezes, dois direitos
fundamentais podem chocar-se. Chama-se conflito positivo. Nesse caso, devem os direitos serem sopesados
no caso concreto, de acordo com o Supremo Tribunal Federal.
Apesar da limitabilidade inerente à natureza dos direitos humanos, a doutrina contemporânea
sustenta que existem 2 exceções a essa regra, as quais seriam direitos considerados absolutos: a vedação à
tortura (art. 5° da DUDH) e a vedação à escravidão (art. 4° da DUDH).
6.4 Irrenunciabilidade
Diferentemente do que ocorre com os direitos subjetivos em geral, os direitos humanos têm como
característica básica a irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a autorização de seu titular não
justifica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo.
OBS: O STF admite, excepcionalmente, a renúncia temporária aos direitos que não ferem o núcleo da
dignidade da pessoa humana, como no caso de participação em reality show.
Os direitos humanos são inalienáveis, na medida em que não permitem a sua desinvestidura por
parte do titular, não podendo ser transferidos ou cedidos (onerosa ou gratuitamente) a outrem, ainda que
com o consentimento do agente, tendo em vista que não são passíveis de valoração econômica. Por isso, são
indisponíveis e inegociáveis.
6.6 Imprescritibilidade
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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São os direitos humanos imprescritíveis, não se esgotando com o passar do tempo e podendo ser a
qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda do seu exercício pelo advento da prescrição.
Em outras palavras, os direitos humanos não se perdem ou divagam no tempo, salvo as limitações
expressamente impostas por tratados internacionais que preveem procedimentos perante cortes ou
instâncias internacionais.
Os tratados internacionais de direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, não podem
impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto no plano interno
quanto na própria órbita internacional. Assim, se uma norma posterior revoga ou nulifica uma norma anterior
mais benéfica, essa norma posterior é inválida por violar o princípio internacional da vedação do retrocesso
(igualmente conhecido como princípio da “proibição de regresso”, do “não retorno” ou “efeito cliquet”).
Nesse sentido, vários tratados de direitos humanos já contêm cláusulas a prever que nenhuma de
suas disposições “pode ser interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou
liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de
Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”, tal como faz o art. 29, “b”, da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos de 1969.
Destaque-se que há várias manifestações no STF sobre esse princípio, especialmente do Min. Celso
de Mello, para quem “o princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de
caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social
em que ele vive.” (STF, ARE n.º 639.337 AgR/SP, 2.ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.08.2011, DJe
15.09.2011.).
Quadro sinóptico com a diferenciação dos seguintes institutos:
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6.8 Essencialidade
Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os valores supremos do ser
humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), revelando-se essenciais, também, pela
sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de outros direitos
fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais.
Caiu na prova Delegado MS 2021! Os Direitos Humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os
valores supremos do ser humano e a prevalência da dignidade humana (conteúdo material), relevando-se
essenciais, também, pela sua especial posição normativa (conteúdo formal), permitindo-se a revelação de
outros direitos fundamentais fora do rol de direitos expresso nos textos constitucionais. (ITEM CORRETO)
Os direitos humanos pertencem a todos os indivíduos pela simples circunstância de serem pessoas
humanas. Em suma, basta a condição de ser pessoa humana. É a qualidade de pertencimento desses direitos
a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção
Ou seja: Os direitos humanos são inerentes ou inatos (naturalmente ligados) aos seres humanos.
Lembrando: Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948: marco da universalidade e inerência dos
direitos humanos.
Todos os direitos humanos contribuem para a garantia da dignidade da pessoa humana, interagindo-
se entre si, sendo que uma geração de direitos humanos complementa outra geração de direitos humanos.
(Ex: primeira geração complementa a segunda geração e ambas complementam a terceira geração de
direitos humanos).
De acordo com André de Carvalho Ramos:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu na prova Delegado SP/2021! O Princípio da interrelacionariedade dispõe que os direitos humanos e os
sistemas de proteção se inter-relacionam, permitindo às pessoas escolher entre os mecanismos de proteção
global ou regional, pois não há hierarquia entre eles. (ITEM CORRETO)
6.11 Inexauribilidade
Os direitos humanos são inexauríveis, inesgotáveis, tendo em vista que sempre haverá a
possibilidade de se expandir o rol de direitos a serem protegidos, não podendo, ao contrário, diminuir-se
esses direitos, em vedação ao efeito cliquet.
Um debate muito importante é discutir até que ponto os direitos humanos devem ser universais,
visto que o direito que está ligado ao essencial para uma vida digna pode variar a depender da cultura de um
povo. Daí surge o debate entre o universalismo (universalidade dos direitos humanos independem da cultura
local) e o relativismo cultural (limitação cultural ao universalismo).
O debate entre os universalistas e os relativistas culturais retoma o dilema a respeito dos
fundamentos dos direitos humanos: por que temos direitos? As normas de direitos humanos podem ter um
sentido universal ou são culturalmente relativas?
Cada cultura possui seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que está relacionado às
específicas circunstâncias culturais e históricas de cada sociedade. Não há moral universal, já que a história
do mundo é a história de uma pluralidade de culturas. Há uma pluralidade de culturas no mundo e essas
culturas produzem seus próprios valores. Na crítica dos relativistas, os universalistas invocam a visão
hegemônica da cultura eurocêntrica ocidental, na prática de um canibalismo cultural. Já para os
universalistas, os relativistas, em nome da cultura, buscam acobertar graves violações a direitos humanos.
Ademais, complementam, as culturas não são homogêneas, tampouco compõem uma unidade coerente;
mas são complexas, variáveis, múltiplas, fluidas e não estáticas. São criações humanas e não destino.
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Para Jack Donnelly, há diversas correntes relativistas: “No extremo, há o que nós denominamos de
relativismo cultural radical, que concebe a cultura como a única fonte de validade de um direito ou regra
moral. (...) Um forte relativismo cultural acredita que a cultura é a principal fonte de validade de um direito
ou regra moral. (...) Um relativismo cultural fraco, por sua vez, sustenta que a cultura pode ser uma
importante fonte de validade de um direito ou regra moral”.
Para dialogar com Jack Donnelly, poder-se-ia sustentar a existência de diversos graus de
universalismos, a depender do alcance do “mínimo ético irredutível”. No entanto, a defesa, por si só, desse
mínimo ético, independentemente de seu alcance, apontará à corrente universalista — seja a um
universalismo radical, forte ou fraco.
Neste debate, destaca-se a visão de Boaventura de Souza Santos, em defesa de uma concepção
multicultural de direitos humanos, inspirada no diálogo entre as culturas, a compor um multiculturalismo
emancipatório. Para Boaventura, “os direitos humanos têm que ser reconceptualizados como multiculturais.
O multiculturalismo, tal como eu o entendo, é precondição de uma relação equilibrada e mutuamente
potenciadora entre a competência global e a legitimidade local, que constituem os dois atributos de uma
política contra-hegemônica de direitos humanos no nosso tempo”. Prossegue o autor defendendo a
necessidade de superar o debate sobre universalismo e relativismo cultural, a partir da transformação
cosmopolita dos direitos humanos. Na medida em que todas as culturas possuem concepções distintas de
dignidade humana, mas são incompletas, haver-se-ia que aumentar a consciência dessas incompletudes
culturais mútuas, como pressuposto para um diálogo intercultural. A construção de uma concepção
multicultural dos direitos humanos decorreria desse diálogo intercultural.
No mesmo sentido, Joaquín Herrera Flores sustenta um universalismo de confluência, ou seja, um
universalismo de ponto de chegada e não de ponto de partida. Em suas palavras: “nossa visão complexa dos
direitos baseia-se em uma racionalidade de resistência. Uma racionalidade que não nega que é possível
chegar a uma síntese universal das diferentes opções relativas a direitos. (...) O que negamos é considerar o
universal como um ponto de partida ou um campo de desencontros. Ao universal há que se chegar —
universalismo de chegada ou de confluência — depois (não antes de) um processo conflitivo, discursivo de
diálogo (...). Falamos de entrecruzamento e não de uma mera superposição de propostas”.
Em direção similar, Bhikhu Parekh defende um universalismo pluralista, não etnocêntrico, baseado
no diálogo intercultural. Afirma o autor: “O objetivo de um diálogo intercultural é alcançar um catálogo de
valores que tenha a concordância de todos os participantes. A preocupação não deve ser descobrir valores,
uma vez que os mesmos não têm fundamento objetivo, mas sim buscar um consenso em torno deles. (...)
Valores dependem de decisão coletiva. Como não podem ser racionalmente demonstrados, devem ser
objeto de um consenso racionalmente defensável. (...) É possível e necessário desenvolver um catálogo de
valores universais não etnocêntricos, por meio de um diálogo intercultural aberto, no qual os participantes
decidam quais os valores a serem respeitados. (...) Essa posição poderia ser classificada como um
universalismo pluralista”.
A respeito do diálogo entre as culturas, merecem menção as reflexões de Amartya Sen sobre direitos
humanos e valores asiáticos, particularmente pela crítica feita a interpretações autoritárias desses valores e
pela defesa de que as culturas asiáticas (com destaque ao Budismo) enfatizam a importância da liberdade e
da tolerância. Menção também há que ser feita às reflexões de Abdullah Ahmed An-na’im, ao tratar dos
direitos humanos no mundo islâmico com base em uma nova interpretação do islamismo e da sharia.
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Acredita-se, de igual modo, que a abertura do diálogo entre as culturas, com respeito à diversidade
e com base no reconhecimento do outro, como ser pleno de dignidade e direitos, é condição para a
celebração de uma cultura dos direitos humanos, inspirada pela observância do “mínimo ético irredutível”,
alcançado por um universalismo de confluência. Para tanto, essencial é o potencial emancipatório e
transformador do diálogo, em que o vértice não seja mais marcado pela ideia do choque entre civilizações
(“clashof civilizations”), mas pela ideia do diálogo entre civilizações (“dialogue Among civilizations”).
Confira a dica do Professor Rafael de Lazari:
https://youtu.be/WkmAI8uAuPY
8.1 Introdução
As dimensões ou gerações dos direitos humanos são cobrados com frequência nos Concursos
Públicos. O tema foi apresentado pela primeira vez por Karel Vasak, em sua forma clássica chamada de
Gerações dos Direitos Humanos, desdobrando-se em 1ª, 2ª e 3ª gerações. Em provas objetivas, a tendência
é que se cobre essas gerações, tendo em vista que não há controvérsias relevantes sobre elas.
No tocante à terminologia, contemporaneamente é preferível adotar a expressão “dimensões”, em
detrimento da expressão “gerações”, afastando a ideia de substituição de uns direitos pelos outros.
Entretanto, a doutrina moderna amplificou tais dimensões, apresentando outras mais. Essas, por
serem controvertidas em alguns pontos, se cobradas em provas objetivas, devem ser específicas em relação
a seu autor e suas características, sob pena de anulação.
Ademais, existe uma corrente doutrinária que afirma que não faz sentido haver demais dimensões,
uma vez que se tratam de mero desdobramento das 1ª, 2ª e 3ª dimensões, sendo possível a inclusão dos
direitos caracterizados naquelas dimensões dentro dessas últimas dimensões.
Cumpre destacar que se trata de uma divisão meramente acadêmica, pois os direitos dos seres
humanos não devem ser divididos em gerações ou dimensões estanques. Tais gerações apenas retratam a
valorização de determinados direitos em momentos históricos distintos.
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Em decorrência da passagem dos Estado Absolutista para o Estado Liberal, com origem nas
revoluções liberais, como as Revoluções Inglesas, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, o indivíduo
pleiteou o absenteísmo estatal, ou seja, um não fazer estatal, para garantir seus direitos civis e políticos,
como o direito à vida, à liberdade, à expressão, ao voto e à igualdade formal.
No Brasil:
● Constituição do Império (1824).
● Constituição da República (1891).
No início do século XX, em decorrência dos excessos da Revolução Industrial, os indivíduos sentiram
a necessidade de prestações positivas do Estado, ou seja, um fazer estatal, para que fossem satisfeitos os
seus direitos sociais, econômicos e culturais, como o direito ao trabalho, ao seguro social, à subsistência,
amparo à doença, à velhice, lazer, entre outros.
No Brasil:
● Constituição da Era Vargas (1934)
Apesar dos direitos sociais possuírem, em regra, uma natureza positiva, alguns direitos sociais
possuem natureza negativa, como o direito de greve. Portanto, cuidado na prova.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, com criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945 e
com a internacionalização dos direitos humanos, busca-se proteger direitos difusos, coletivos e
transindividuais, como a paz, o meio ambiente equilibrado, o direito do consumidor, a autodeterminação
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dos povos, entre outros. Desse modo busca-se proteger um número indeterminado e indeterminável de
pessoas.
Documentos externos importantes:
● Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
No Brasil:
● Constituição de 1946.
● Constituição de 1988.
8.5 4ª Dimensão
8.6 5ª Dimensão
8.7 6ª Dimensão
203
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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(Mazzuoli, 2018)
A Teoria dos 4 Status de Jellinek trata-se de uma classificação dos direitos humanos, desenvolvida no
final do século XIX, por Georg Jellinek, a qual afirma que o indivíduo pode ser encontrado em 4 situações
diante do Estado. Os 4 status são:
1°) Status Passivo (status subjectionis): o indivíduo encontra-se em um estado de submissão para
com o Estado, podendo este exigir determinadas condutas ou impor limitações àquele.
2°) Status Negativo (status libertatis): o indivíduo exige uma prestação negativa do Estado, a fim de
assegurar o pleno exercício de seus direitos na vida privada. Exemplo: não prender sem o devido
processo legal. Direito de propriedade.
3°) Status Positivo (status civitatis): o indivíduo exige uma prestação positiva do Estado, emergindo-
se direitos às prestações sociais. Exemplo: direito à igualdade material.
4°) Status Ativo (Status Activus): direito de o indivíduo participar da formação da vontade estatal de
forma ativa. Exemplo: exercícios dos direitos políticos.
O STF invocou o status ativo no caso do direito de nomeação de aprovado em concurso público
classificado entre o número disponível de vagas previsto no Edital.
Bibliografia
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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META 5
CRFB/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º
206
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato
aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a
competência revisora do judiciário.
O Direito Administrativo compõe o ramo do Direito Público, pois tem como características e
princípios marcantes a supremacia do interesse público (relações jurídicas verticalizadas), a
indisponibilidade do interesse público e a legalidade.
Segundo a autora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o Direito Administrativo nasceu no fim do século
XVIII e início do século XIX, não significando que inexistia, anteriormente, normas administrativas, uma vez
que, onde quer que exista o Estado, há órgãos encarregados do exercício de funções administrativas.
Rafael Carvalho aponta que o nascimento do Direito Administrativo se relaciona diretamente à
consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789 e ao surgimento do Estado de Direito. A partir dos
ideais liberais revolucionários da burguesia (separação de poderes, princípio da legalidade e Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão), o poder estatal é limitado e o Direito Administrativo é concebido como
ramo especial do Direito, ao lado do Direito Privado, regulador das relações envolvendo o Estado e o exercício
das atividades administrativas.
Nesse sentido, o Estado é pessoa jurídica de direito público, ainda quando atue na seara do direito
privado. Logo, o Estado pode atuar tanto no direito público quanto no direito privado, no entanto, sempre
ostenta a qualidade de PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
O Direito Administrativo tem por objeto as relações por ele disciplinadas, a saber:
a) relações internas entre órgãos e entidades administrativas;
b) relações entre a administração e seus agentes;
c) relações entre a administração e os seus administrados;
d) atividades administrativas exercidas por prestadores de serviços públicos.
● Administração Patrimonialista: Não havia diferença entre os interesses pessoais dos agentes
públicos e os interesses da própria administração.
● Administração Burocrática: Superou o patrimonialismo ao adotar o princípio da impessoalidade.
Foram criados rígidos controles sobre a atuação dos agentes públicos. Formou-se a burocracia, em
que os agentes públicos devem obedecer aos procedimentos determinados, à rígida hierarquia e à
separação de funções.
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Administração Pública Dialógica: Segundo Ronny Charles, Administração pública dialógica é uma tendência
identificada em algumas atividades administrativas, notadamente na prestação de serviços públicos e
contratações de grandes empreendimentos, que consiste na abertura de diálogo com os administrados,
permitindo que eles colaborem para o aperfeiçoamento ou a legitimação da atividade administrativa.
Como é um tema que, às vezes cai em prova e ajuda a resolver determinadas questões, é importante
abrir um tópico rápido acerca das influências do direito estrangeiro no direito administrativo brasileiro.
● Direito alemão - o direito administrativo brasileiro herdou a inspiração para aplicação do princípio da
segurança jurídica, especialmente sob o aspecto subjetivo da proteção à confiança.
● Direito francês - herdou o conceito de serviço público, a teoria dos atos administrativos com o atributo
da executoriedade, as teorias sobre responsabilidade civil do Estado, o princípio da legalidade, a teoria
dos contratos administrativos, as formas de delegação da execução de serviços públicos, a ideia de que
a Administração Pública se submete a um regime jurídico de direito público, derrogatório e exorbitante
do direito comum, que abrange o binômio autoridade/liberdade.
● Direito italiano - recebeu o conceito de mérito, o de autarquia e entidade paraestatal (dois vocábulos
criados no direito italiano). Os autores italianos (ao lado dos alemães) também contribuíram para a
adoção de um método técnico-científico.
● Direito inglês (sistema da common law) - o direito administrativo brasileiro herdou o princípio da
unidade de jurisdição, o mandado de segurança e o mandado de injunção, o princípio do devido
processo legal, inclusive, mais recentemente, em sua feição substantiva, e que praticamente se
confunde com o princípio da razoabilidade. No fim do século XX, também herdou do sistema common
law o fenômeno da agencificação e a própria ideia de regulação.
4. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
O direito administrativo é ramo jurídico, e como tal, se dedica ao estudo das regras e normas, sendo
caracterizada como ciência normativa e impositiva, que define os limites dentro dos quais a gestão pública
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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pode ser executada. Várias foram as correntes/teorias que buscaram definir o direito administrativo. Nessa
linha, vejamos as principais delas:
Crítica: A grande crítica do critério legalista foi desconsiderar a carga normativa dos princípios. Dessa forma,
só era valorado o que estivesse em lei.
Crítica: O Direito Administrativo não se resume à disciplina do Poder Executivo, afinal, todos os Poderes
administram, embora, para alguns, isso constitua missão atípica. E mais: no Poder Executivo, nem tudo é
objeto do Direito Administrativo, a exemplo das funções de governo, regidas pelo Direito Constitucional.
c) Critério das Relações Jurídicas: O Direito Administrativo é a disciplina das relações jurídicas entre a
Administração e o particular. Assim, todas as relações entre o Estado e o administrado seriam função
administrativa.
Crítica: Outros ramos do direito, de igual modo, regulam a relação jurídica entre particular e Estado, por
exemplo, os contratos privados pactuados que são regidos pelo direito civil.
d) Critério do Serviço Público (França): O Direito Administrativo teria por objetivo a disciplina jurídica dos
serviços públicos. Ou seja, a função administrativa seria a instituição, organização e prestação do serviço
público. → Escola do Serviço Público (Leon Duguit).
● Sentido amplo (Leon Duguit): Inclui todas as atividades do Estado;
● Sentido estrito (Gaston Jeze): Inclui apenas atividades materiais (leia-se: aquelas de dentro para
fora, com a finalidade de satisfação das necessidades coletivas).
Crítica: O referido conceito é bastante restrito, porque, na atualidade, a ideia de prestação de serviço público
vem sofrendo restrições, de modo que a administração pública não se limita tão somente à execução dessa
prestação. O Estado faz muitas atividades além da mera prestação do serviço público, sendo este último
apenas uma das facetas. Por exemplo, atua na exploração de atividade econômica na busca do interesse
público.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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e) Critério Teleológico ou Finalístico: O Direito Administrativo é sistema de princípios jurídicos que regula
as atividades do Estado para o cumprimento dos seus fins. Assim, o Direito Administrativo deve ser
conceituado como toda atuação do Estado com finalidade pública.
Crítica: Essa posição apresenta-se como a mais correta, porém não consegue abranger integralmente o
conceito da matéria, de forma que não é adotada de forma majoritária.
f) Critério Negativista: Esse critério surgiu da dificuldade de identificar o objeto do Direito Administrativo.
Assim, o Direito Administrativo seria conceituado por exclusão, abrangendo tudo que não era função
legislativa e jurisdicional.
Crítica: Não é adequado definir algo pelo que ele não é. Embora não tenha um erro grosseiro, este critério
não pode ser usado como forma de conceituação do direito administrativo
g) Critério Funcional: O Direito Administrativo é ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina da função
administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Executivo, Legislativo, Judiciário ou por delegação estatal.
Segundo Hely Lopes Meirelles, o direito administrativo pode ser definido como conjunto harmônico
de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública para realização dos fins desejados pelo
Estado de forma DIRETA, CONCRETA e IMEDIATA.
● Direta: Não se confunde com a função jurisdicional, que é indireta por depender de provocação.
Desse modo, ao se falar que a atuação é direta, quer-se dizer que ela atua de ofício, não dependendo
de provocação. Reitero: NÃO depende de provocação para que haja atuação administrativa, ela é
DIRETA.
● Concreta: Diferente da legislativa, que é geral e abstrata (não atinge pessoas específicas), a função
administrativa é concreta porque se materializa em casos concretos.
● Imediata: Realiza os fins do Estado (necessidades do Estado). Quem define os fins do Estado, por sua
vez, é o Direito Constitucional.
5. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO
A expressão Administração Pública pode ser analisada sob seu aspecto formal/subjetivo/orgânico ou
sob seu aspecto material/objetivo/funcional.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Resumindo...
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO
FORMAL, ORGÂNICO OU SUBJETIVO MATERIAL, FUNCIONAL OU OBJETIVO
Conjunto de órgãos e agentes no exercício da É a própria atividade administrativa
função administrativa. desempenhada pelo Estado.
Caiu em prova Delegado SP/2018! O conceito de Administração Pública possui vários sentidos, sendo correto
afirmar que: sob o sentido material, a Administração Pública deve ser entendida como a atividade
administrativa exercida pelo Estado (item considerado correto).
O autor Diogo de Figueiredo Moreira Neto diferencia esses termos da seguinte forma:
I- Administração Introversa: corresponde à atividade-meio da Administração. É instrumental, atende
ao interesse público secundário e não atinge diretamente os cidadãos. Logo, envolve as relações entre a
Administração e seus agentes. Também é atribuída a todos os órgãos administrativos;
II- Administração Extroversa: corresponde à atividade-fim da Administração. É finalística, atende ao
interesse público primário e atinge diretamente os cidadãos. Logo, envolve as relações entre a Administração
e os particulares. É atribuída apenas aos entes políticos. Exemplo: poder de polícia.
Para o professor Rafael Oliveira (2018, p. 58), o Direito Administrativo tem sofrido profundas
transformações, cabendo destacar as seguintes mutações e tendências:
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5.3 Transadministrativismo
O autor Diogo de Figueiredo Moreira Neto adota a tese de que existe um novo ramo do Direito
Administrativo denominado transadministrativismo que é a disciplina jurídica das relações assimétricas de
poder que se institucionaliza consensualmente fora e além do Estado.
Trata-se de um direito administrativo transnacional, fenômeno semelhante ao
transconstitucionalismo.
Para o referido doutrinador, o direito administrativo global é um gênero, do qual o direito
administrativo transestatal (transadministrativismo) é espécie. O transadministrativismo refere-se
exclusivamente ao produto normativo desses centros de poder transestatais: aqueles que se originam de
necessidades ordinatórias das diversas sociedades, que não são providas pelos Estados.
A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais
sejam: a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.
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▪ DOUTRINA – Fonte Secundária – forma o sistema teórico de princípio aplicável ao Direito Positivo.
· É fonte secundária. Refere-se à lição dos mestres e estudiosos da matéria, ensejando a
formação de arcabouço teórico. É fonte interpretativa. Expõe uma interpretação sobre
determinada matéria ou lei, ao estabelecer o que provavelmente buscava, ou seja, sua
razão/sentido.
▪ PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – estão na base da disciplina (alicerce). Ex..: Ninguém pode causar
dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
▪ COSTUMES – Práticas reiteradas da autoridade administrativa. Lembre-se que o costume não cria e
nem exime obrigação.
· Elementos do costume:
- Elemento objetivo: repetição de condutas;
- Elemento subjetivo: convicção de sua obrigatoriedade.
· Espécies de costumes:
- Secundum legem: previstos ou admitidos pela lei;
- Praeter legem: preenchem as lacunas normativas, possuindo caráter subsidiário;
- Contra legem: se opõem à norma legal.
Obs.: Para o autor Rafael Carvalho, “ressalvado o costume contra legem, o costume é fonte
autônoma do Direito Administrativo. A releitura do princípio da legalidade, com a superação do positivismo,
a textura aberta de algumas normas jurídicas e a necessidade de consideração da realidade social na
aplicação do Direito demonstram que os costumes devem ser considerados como fontes do Direito
Administrativo”, pg. 25.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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A força vinculante do precedente administrativo decorre da segurança jurídica, e pode ser afastada
pela Administração em duas situações em que se pode aplicar a TEORIA DO PROSPECTIVE OVERRULING:
● Quando o ato invocado pelo precedente for ilegal;
● Quando o interesse público, devidamente motivado, justificar a alteração do entendimento
administrativo.
O precedente administrativo, em princípio, só é exigível quando estiver em compatibilidade com a
legislação. Porém, excepcionalmente, mesmo em relação a atos ilegais, os precedentes administrativos
retiram a sua força vinculante dos princípios da legítima confiança, segurança jurídica e boa-fé.
Importante mencionar, quanto aos precedentes administrativos, o disposto no art. 30 da LINDB, com
a redação dada pela Lei 13.655/2018:
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas
administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter
vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
Resumindo...
FONTE PRIMÁRIA 1) Lei - em sentido material/amplo: qualquer espécie normativa
1) Jurisprudência
FONTES 2) Doutrina
SECUNDÁRIAS 3) Costumes - secundum legem e praeter legem
4) Princípios Gerais do Direito
1) Constituição
FONTES FORMAIS 2) Lei
3) Regulamento e outros atos normativos da Administração
Pública
5) Jurisprudência (sem efeito vinculante)
FONTES MATERIAIS 6) Doutrina
7) Costumes - secundum legem e praeter legem
8) Princípios Gerais do Direito
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(1) Desigualdade entre a administração e o particular (desigualdade jurídica) - Toda vez que se
interpreta uma norma do direito administrativo, deve-se recordar que existe uma desigualdade
jurídica, visto que a Administração atua com supremacia em face ao particular (princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado).
(2) Presunção de legitimidade dos atos praticados pela Administração - Os atos praticados pela
Administração são presumivelmente legítimos, ou seja, presume-se que foram praticados em
conformidade com o ordenamento jurídico (lembre-se: a presunção de legitimidade e veracidade é
atributo do ato administrativo). Trata-se de presunção relativa.
(3) Necessidade de discricionariedade – A discricionariedade é indispensável para que o administrador
possa concretizar a norma geral e abstrata prevista. Contudo, é uma discricionariedade
regrada/mitigada, pois exercida dentro dos limites da lei.
Obs.: A analogia NÃO pode ser utilizada para fundamentar a aplicação de sanções ou gravames aos
particulares, especialmente no campo do poder de polícia e do poder disciplinar.
* Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a analogia não é permitida no Direito Administrativo, em razão do
princípio da legalidade. Admitir a analogia seria permitir que a Administração impusesse uma obrigação não
prescrita em lei.
* Para Alexandre Santos de Aragão, é possível a utilização da analogia no Direito Administrativo quando a
aplicação da regra com base na analogia for suficiente para regular determinado caso concreto e ao mesmo
tempo atender às finalidades da Constituição. No entanto, a analogia com base em outra disciplina jurídica
não é possível, tendo em vista o princípio da legalidade.
9. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
É o conjunto de regras e princípios que regem a Administração Pública. O autor Celso Antônio
Bandeira de Mello defende a existência de verdadeiras “PEDRAS DE TOQUE” no Direito Administrativo, quais
sejam:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu em prova Delegado MS/2017! De acordo com o texto a seguir o direito público tem como objetivo
primordial o atendimento ao bem-estar coletivo.
[...] em primeiro lugar, as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual,
têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer
que o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito
Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive
a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo
princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas
as suas decisões [...].
Dl PIETRO, Maria Sylvia Zaretla. Direito Administrativo. 30.ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p 96.
Diante disso, as "pedras de toque" do regime jurídico-administrativo são: a supremacia do interesse público
sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público (item considerado correto).
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Caiu em prova Delegado ES/2019! Legalidade, publicidade, impessoalidade, moralidade e eficiência são
classificadas, pela doutrina, como princípios expressos da administração pública por possuírem previsão
normativa inserta no texto da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 com aplicação direta
ao campo do direito administrativo. Item correto.
Obs.: Além dos princípios expressos pelo Direito Administrativo, existem princípios implícitos extraídos pela
interpretação sistemática e reconhecidos pela jurisprudência e doutrina.
Pelo princípio da legalidade, a atuação da administração pública subordina-se à lei, de modo que o
agente público somente poderá fazer o que proclama a lei. Assim, não havendo previsão legal, está proibida
a atuação do ente público e qualquer conduta praticada de forma arbitrária por ele.
Ressalta-se que a legalidade no âmbito do direito administrativo não se confunde com a legalidade
privada em que é permitido fazer tudo que não é proibido (autonomia privada). Ex.: O princípio da legalidade
veda à administração a prática de atos inominados, embora estes sejam permitidos aos particulares.
Note a flagrante diferença entre os regimes jurídicos de direito público e direito privado, uma vez
que, neste último, é possível realizar tudo o que a lei não proíbe, ao passo que, no primeiro, o administrador
somente pode atuar mediante prévia autorização legal.
O princípio da legalidade comporta dois desdobramentos:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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(1) Supremacia da lei: A lei prevalece e tem preferência sobre os atos da Administração.
· Relaciona-se com a doutrina da NEGATIVE BINDUNG (VINCULAÇÃO NEGATIVA), segundo a
qual a lei representa uma limitação à vontade do Administrador.
(2) Reserva de lei: o tratamento de certas matérias deve ser formalizado necessariamente pela
legislação.
· Relaciona-se com a POSITIVE BINDUNG (VINCULAÇÃO POSITIVA), que condiciona a validade
da atuação dos agentes públicos à prévia autorização legal.
Atualmente, prevalece a ideia da vinculação positiva da Administração à lei, ou seja, a atuação do
administrador depende de prévia habilitação legal para ser legítima.
Caiu em prova Delegado RJ/2022! Os princípios constitucionais do direito administrativo não se limitam à
lista do art. 37 da CF, embora impliquem, ontologicamente, comandos genéricos incapazes de vincular
positivamente a ação administrativa (item considerado incorreto).
Considerações importantes:
● A legalidade deve ser reinterpretada a partir da constitucionalização do Direito Administrativo.
● Por ser submissa ao princípio da legalidade, a Administração não pode levar a termo interpretação
extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o prever de modo expresso.
● A legalidade encontra-se inserida no denominado PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE, que exige a
submissão da atuação administrativa à lei e ao Direito → Exige-se compatibilidade com o BLOCO DE
LEGALIDADE. Pelo princípio da juridicidade, deve-se respeitar, inclusive, a noção de legitimidade do
Direito.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu em prova Delegado RJ/2022! Os princípios constitucionais do direito administrativo podem justificar
decisões administrativas sem a intermediação da lei, tal como aconteceu com a interpretação feita pelo
Conselho Nacional de Justiça acerca de nepotismo (item considerado correto).
Pelo princípio da impessoalidade, a atuação da administração pública deve ser imparcial, não visando
beneficiar ou prejudicar pessoa determinada, tendo em vista que a sua atuação está voltada à busca do
interesse público em geral.
Obs.: Para o professor Hely Lopes Meirelles (doutrina minoritária), o princípio da impessoalidade nada mais
é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para
atingir o objetivo indicado expressa ou virtualmente pela norma de direito, de forma impessoal. Cuidado!
Em que pese não ser a doutrina que prevalece atualmente, visto que a doutrina moderna entende que os
princípios da impessoalidade e da finalidade não se confundem (são autônomos), tal questão já foi cobrada
para prova de Delegado de Polícia, motivo pelo qual devemos ficar atentos.
ii. Proibição de promoção pessoal: Vedação do exercício da máquina pública para atingir interesses
particulares. Veja o art. 37, §1º da CF/88 (Atenção! Esse artigo despenca em prova!):
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Obs.: Segundo Odete Medauar, os princípios da impessoalidade, moralidade e publicidade têm ligação
profunda. Mais que isso, há uma instrumentalização recíproca. Dessa forma, a impessoalidade é considerada
um meio para atuações dentro da moralidade, enquanto a publicidade vai dificultar medidas contrárias à
moralidade e impessoalidade, além de a moralidade administrativa implicar observância da impessoalidade
e da publicidade.
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previsão expressa em diploma legislativo. Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal proibindo
a sua prática, uma vez que tal vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/88 (STF Rcl 6.702/PR-MC-Ag).
No entanto, o STF tem afastado a aplicação da SV 13 (que veda o nepotismo) a cargos públicos de
natureza política. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido
a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática
não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo, mesmo em se tratando de cargo
político, em 2 casos:
1) Caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
2) Em casos de fraude à lei.
Caiu em prova Delegado AC/2017! O Supremo Tribunal Federal já possui pacífica jurisprudência no sentido
de que o Chefe do Poder Executivo Estadual pode nomear parentes em linha reta, a exemplo de uma filha,
para o cargo de Secretária de Estado, porque se trata de uma escolha política e o fato do cargo de Secretário
de Estado ser de natureza política torna esta nomeação insuscetível de controle. Item considerado incorreto.
O fato de afastar a aplicação da SV 13 a cargos de natureza política não significa a insindicabilidade da referida
nomeação pelo Poder Judiciário.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Caiu em prova Delegado SP/2018! Os princípios administrativos podem ser utilizados para fins de controle
de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, sendo o que se observa na alternativa
a seguir: a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança na Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal. (item considerado correto).
Caiu em prova Delegado RN/2021! A Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado Alfa foi alterada pela Assembleia
Legislativa, de maneira que foi inserido um artigo dispondo que é vedado ao servidor público ocupante de
cargo efetivo ou comissionado servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil.
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma mencionada é inconstitucional em
relação aos ocupantes de cargos efetivos, eis que normas inibitórias do nepotismo não têm como campo
próprio de incidência os cargos efetivos, sob pena de violação ao concurso público (item considerado
correto).
Vamos relembrar...
CARGO EM COMISSÃO CARGO EM CONFIANÇA ou FUNÇÃO DE
CONFIANÇA
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de
honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das
seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
(...)
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
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● Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos.
Ex. Em processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico, só há publicação quando se
tem o resultado.
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Frise-se que a Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à informação) prevê a possibilidade de restrição ao
fornecimento de informações, se imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado.
Com fundamento no princípio da publicidade, o STF decidiu ser legítima a possibilidade de divulgação
de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal. Veja:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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STF (Info 782): É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. A divulgação dos
vencimentos dos servidores, a ser realizada oficialmente, constitui informação de
interesse público que não viola a intimidade e a segurança deles, uma vez que esses
dados dizem respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade.
O autor Mazza afirma que a publicidade dos atos administrativos tem a finalidade de: exteriorizar a
vontade da Administração Pública, divulgando seu conteúdo para conhecimento público; presumir o
conhecimento do ato pelos interessados; tornar exigível o conteúdo do ato; desencadear a produção de
efeitos do ato administrativo; dar início ao prazo para interposição de recursos; indicar a fluência dos prazos
de prescrição e decadência; impedir a alegação de ignorância quanto ao conteúdo do ato, e; permitir o
controle de legalidade do comportamento.
O STF decidiu que:
É nulo — por violar o princípio da publicidade, bem como por restringir o direito
à informação — ato público que estabelece, genericamente e sem
fundamentação válida e específica, que todos os processos do Sistema Eletrônico
de Informações da Polícia Federal (SEI-PF) sejam cadastrados com nível de acesso
restrito. STF. ADPF 872/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual
finalizado em 14.8.2023. (Info 1103)
Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à informação): possibilita o controle social e contribui na melhoria
da gestão pública, regulamentando o art. 5, XXXIII da CF/88.
O acesso às informações ocorre por meio da criação de serviço de informações ao cidadão nos
órgãos e entidades do poder público e realização de audiências ou consultas públicas (art. 9).
No acesso à informação devem ser observadas algumas diretrizes (art. 3):
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Pode ser conferido acesso apenas a cópia certificada quando a informação se referir a documento
cuja manipulação possa prejudicar sua integridade (art. 13). Em caso de negativa é possível a interposição de
recurso pelo requerente (art. 15).
NÃO é admitida a negativa de acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de
direitos fundamentais (art. 21).
As informações são classificadas em:
● Sigilosa (art. 23): classificação quanto ao prazo máximo do sigilo em i) ultrassecreta: prazo máximo
de 25 anos, ii) secreta: prazo máximo de 15 anos, iii) reservada: prazo máximo de 5 anos.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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● Pessoais (art. 31): acesso restrito pelo prazo máximo de 100 anos a contar da data de produção,
independente da classificação do sigilo, salvo consentimento da pessoa a que se referir.
Caiu em prova Delegado RJ/2022! Determinada empresa de mídia solicita que o governo do Estado do Rio
de Janeiro forneça informações relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. No
entanto, o governador do RJ se recusa a compartilhar as informações. Além disso, a companhia de jornal
informa que irá cobrir determinada manifestação a ser realizada em prol de maior transparência e
publicidade na administração pública. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. Resposta:
Não cabe à administração pública analisar o uso que se pretende dar à informação de natureza pública; a
censura prévia inviabiliza até mesmo a apuração jornalística. Assim sendo, a recusa do governador não se
justifica. Fundamento: STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020
(Info 682).
O princípio da eficiência foi inserido pela EC 19/98 para substituir a Administração Pública burocrática
pela gerencial, tendo em vista a necessidade de efetivação célere das finalidades públicas elencadas no
ordenamento jurídico.
Nesse sentido, o princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
presteza, perfeição e rendimento funcional. Sua aplicação orienta e serve de fundamento para a construção
de uma concepção de Administração Pública Gerencial.
A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e
já existia de forma expressa no art. 6º da Lei 8987/95, que trata de serviço público. Esse art. 6º traz o conceito
de serviço adequado, exigindo a sua eficiência. Vejamos:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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A concretização dos resultados, na medida do possível, deve ser realizada por meio de processo
político-participativo. A implementação da eficiência administrativa depende, por exemplo, da adoção de
medidas de desburocratização, de inovação, de transformação digital e da participação do cidadão, na forma
indicada na Lei 14.129/2021 que dispõe princípios, regras e instrumentos para o Governo Digital e para o
aumento da eficiência pública.
Lei nº 14.129/21: dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o aumento da eficiência da
administração pública, especialmente por meio da desburocratização, da inovação, da transformação digital
e da participação do cidadão.
Trata-se de legislação federal aplicável às administrações direta e indireta das três esferas da
federação, bem como os três poderes, incluindo Tribunal de Contas e Ministério Público. Não se aplica a
empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não prestem serviço
público.
São princípios e diretrizes do Governo Digital e da eficiência pública, entre outros (art. 3):
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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A lei estabelece como dado acessível ao público todo aquele dado gerado ou acumulado pelos entes
públicos que não esteja sob sigilo ou restrição nos termos da Lei de Acesso à Informação.
A legislação estabelece os procedimentos de digitalização da Administração e prestação digital de
serviços públicos, materializando o denominado Governo Digital. Destaca-se que o serviço público prestado
de forma digital deve ocorrer por meio de tecnologias de amplo acesso pela população, inclusive pela de
baixa renda ou residente em áreas rurais e isoladas, sem prejuízo do direito do cidadão a atendimento
presencial (art. 14). Esse é o maior desafio do processo de modernização, notadamente devido a extensão
territorial e diversidade cultural do Brasil.
São componentes do Governo Digital: a Base Nacional de Serviços Públicos, a Cartas de Serviços ao
Usuário e as Plataformas de Governo Digital (art. 18). Além disso, para facilitar a participação e disseminação
de conhecimentos, o Poder Executivo federal poderá criar redes de conhecimento (art. 17). Os entes públicos
poderão instituir laboratórios de inovação, abertos à participação e à colaboração da sociedade para o
desenvolvimento e a experimentação de conceitos, de ferramentas e de métodos inovadores (art. 44).
São direitos do usuário da prestação digital de serviços públicos, entre outros, a gratuidade no
acesso às Plataformas de Governo Digital; padronização de procedimentos referentes à utilização de
formulários, de guias e de outros documentos congêneres, incluídos os de formato digital; recebimento de
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protocolo, físico ou digital, das solicitações apresentadas (art. 27). Fica estabelecido o número de inscrição
no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como número
suficiente para identificação do cidadão ou da pessoa jurídica.
Devem ser implementados mecanismos de governança, gestão de riscos, controle e auditoria (art.
47).
Por fim, destaca-se que o acesso e a conexão para o uso de serviços públicos poderão ser garantidos
total ou parcialmente pelo governo, com o objetivo de promover o acesso universal à prestação digital dos
serviços públicos e a redução de custos aos usuários (art. 50).
Obs.: Não se esqueça que estamos diante de um princípio implícito, muito embora, em âmbito federal,
constem do art. 2º da Lei 9.784/99 (regula o processo administrativo federal).
ATENÇÃO!
O princípio da proporcionalidade é, ainda, um limite à discricionariedade do legislador, que, muitas vezes,
ultrapassa uma linha tênue e se torna arbitrariedade (a qual é vedada no ordenamento jurídico brasileiro).
Assim, mesmo que se trate de um ato administrativo discricionário, se tal ato não obedecer ao princípio da
proporcionalidade/razoabilidade, será possível a interferência do Poder Judiciário sem que isso acarrete
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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violação à Separação de Poderes. Isso porque tais princípios, embora implícitos, são princípios
constitucionais que decorrem do devido processo legal. Nesse caso, o Poder Judiciário realiza o controle de
legalidade em sentido amplo, isto é, o controle do ato em relação a leis infraconstitucionais e à própria CF.
Por esse motivo, a doutrina trata desses princípios como limitadores da liberdade e discricionariedade do
administrador.
11.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública)
Assim, pelo princípio, há uma primazia de soluções e decisões que atendam ao interesse coletivo, em
detrimento do interesse de um único indivíduo ou grupo seleto de indivíduos.
Parcela da doutrina sustenta a desconstrução do referido princípio pelos seguintes fundamentos: a)
a CF, em diversas passagens, protege a esfera individual (art. 1º, III), não sendo lícito afirmar que o interesse
público irá sempre prevalecer sobre o privado; b) “interesse público” é conceito indeterminado e abstrato;
c) o interesse público é indissociável do interesse privado, sendo ambos consagrados pela CF e incluídos nas
finalidades do Estado; d) incompatibilidade da supremacia do interesse público com postulados normativos
como o da proporcionalidade e o da concordância prática; e) não há um confronto dicotômico entre interesse
público e privado. A ponderação deve, portanto, ser sempre efetuada em concreto.
Caiu em prova Delegado MG/2018! Sobre os princípios da Administração Pública, é CORRETO afirmar que:
o princípio da supremacia do interesse público não se radica em dispositivo específico da CR/88, ainda que
inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas dele. (item considerado correto).
Caiu em prova Delegado SP/2023! A respeito do princípio da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado, assinale a alternativa correta: A decisão administrativa tomada com base no princípio deve
levar em consideração as suas consequências práticas e a sua motivação comprovar a observância do
princípio da proporcionalidade.
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Ressalta-se que o princípio da autotutela não afasta a possibilidade de controle de legalidade pelo
Poder Judiciário, em razão do Sistema de Jurisdição Una.
Art. 53 da Lei 9.784/99: A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.
Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Caiu em prova:
Delegado RO/2022! A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. O princípio da
administração pública apresentado anteriormente, referente à Súmula n.º 473 do Supremo Tribunal Federal
(STF), é o da: autotutela (resposta correta).
Delegado PE/2024! A prerrogativa da administração pública de invalidar atos administrativos ilegítimos e
revogar atos administrativos inoportunos caracteriza a aplicação do princípio administrativo da autotutela
(resposta correta).
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● Autotutela: o princípio da autotutela autoriza a administração a realizar controle dos seus atos,
podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de
decisão do Poder Judiciário.
● Tutela: pelo princípio da tutela, a administração exerce controle sobre pessoa jurídica por ela
instituída, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais. (= supervisão
ministerial = controle finalístico).
A Administração Pública deve observar algum requisito quando for anular atos ilegais?
O STF possui entendimento no sentido de que, a despeito deste poder-dever de anular os atos ilegais,
se a invalidação do ato administrativo repercutir no campo de interesses individuais, faz-se necessária a
instauração de processo administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa (Informativo
763 do STF).
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo
de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a
prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não
dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito
administrativo. STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 15/10/2014 (Info 763).
Além disso, o art. 54 da lei 9.784/99 estipula que o direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários decai em 5 anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má fé.
Trata-se, portanto, de um prazo para o exercício da autotutela. Ressalta-se que, em princípio, a Lei
nº 9.784/99 deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração
Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve ser tratado
por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em virtude da autonomia legislativa que
gozam para regular a matéria em seus territórios.
No entanto, o STJ entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão
de prazo decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o
art. 54 da Lei nº 9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
O entendimento acima resultou na edição da Súmula 633 do STJ. Vejamos:
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Súmula 633 STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo
decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito da administração
pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e Municípios se
inexistente norma local e específica regulando a matéria.
Há, contudo, julgados que mitigam esse prazo decadencial de 5 anos, a exemplo:
Ademais, o prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
afronta diretamente a Constituição Federal. Veja:
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da edição da Lei 8.935/1994, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era
obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro. STF.
Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
Além disso, o STF decidiu que, em regra, o prazo decadencial para que a Administração anule atos
administrativos inválidos é de 5 anos, aplicável a todos os entes federativos, por força do princípio da
isonomia, ou seja:
Por fim, em decisão na qual se evidencie não acarretar lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Administração.
ATENÇÃO! Em 13/12/2023 o STJ aprovou o enunciado da súmula 665, que disciplina a extensão do
controle judicial, restringindo a análise da legalidade e impedindo a incidência sobre o mérito administrativo:
A atuação administrativa, buscando atender da melhor forma o interesse público, preconiza que a
atividade do Estado deve ser prestada de forma contínua, ou seja, sem interrupções, motivo pelo qual o
princípio da continuidade veda a interrupção na prestação dos serviços públicos.
Está expressamente previsto no art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95 (Lei de Serviços Públicos), e seu
fundamento reside no fato de a prestação de serviços públicos ser um dever constitucionalmente
estabelecido (art. 175 da CF/88), localizando-se, portanto, acima da vontade da Administração Pública, que
não tem escolha entre realizar ou não a prestação.
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CF, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Entretanto, o art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/95, de acordo com o entendimento doutrinário majoritário
e da jurisprudência do STJ, autoriza o corte no fornecimento do serviço em caso de emergência ou, após
prévio aviso, nas hipóteses de:
a) razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e
b) inadimplemento do usuário.
Obs.: O aviso prévio dado através de comunicado em rádio de amplo alcance satisfaz as condições de aviso
prévio, haja vista se tratar de um dos meios mais populares e o de maior alcance público, motivo pelo qual
há de se reconhecer a validade e eficácia do ato administrativo. Veja a jurisprudência do STJ nesse sentido:
Em regra, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem
interrupções (princípio da continuidade do serviço público). Excepcionalmente,
será possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas
no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95: a) Em caso de emergência (mesmo sem aviso
prévio); b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que
o usuário seja previamente avisado; c) Por causa de inadimplemento do usuário,
desde que ele seja previamente avisado. Se a concessionária de energia elétrica
divulga, por meio de aviso nas emissoras de rádio do Município, que haverá, daqui
a alguns dias, a interrupção do fornecimento de energia elétrica por algumas horas
em virtude de razões de ordem técnica, este aviso atende a exigência da Lei nº
8.987/95? SIM. A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia
elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a
exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. 1ª
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Turma. REsp 1270339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016 (Info
598).
Obs.: A interrupção por inadimplemento do usuário não pode paralisar serviços essenciais, como, por
exemplo, corte de energia elétrica do hospital público/iluminação pública. Nos chamados “serviços
essenciais”, mantém-se o serviço e prossegue com a cobrança paralelamente.
Nesse sentido, vale destacar que, o STJ entendeu que é possível o corte de energia elétrica por
fraude no medidor, DESDE que sejam observados alguns requisitos.
a. O direito de greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica (art. 37, VII, da CF). Lembre-se que o policial civil não pode fazer greve!
Policias civis são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. STF.
Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
Explicação via Dizer o Direito (muito importante para fundamentar em uma prova discursiva!)
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Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites
da medida
d. Ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato nas hipóteses de: i) risco à prestação de serviços essenciais; ii) necessidade de acautelar
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.
(art. 104, V, da Lei n. 14.133/2021);
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a
continuidade e atualidade do serviço concedido
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Impõe à Administração Pública o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99). Assim, a validade do ato
administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentos fáticos e jurídicos
justificadores da decisão adotada.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Está previsto no art. 93, X, da CF/88 e no art. 50 da Lei 9.784/99. Apesar de haver divergência, a
corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos atos vinculados quanto nos atos
discricionários.
A motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no instante seguinte à prática do ato.
Motivação intempestiva (posterior) ou extemporânea (anterior) causa nulidade do ato administrativo. Ainda,
a motivação deve ser explícita, clara e congruente.
O princípio da motivação comporta exceção, por exemplo, nomeação ou exoneração (exoneração
"ad nutum") de cargos comissionados. A exoneração "ad nutum" refere-se àquela aplicável aos ocupantes
de cargo em comissão, e prescinde (abstrai/não precisa) de motivação da Administração.
No entanto, se mesmo essa motivação sendo “desnecessária”, a Administração optar por motivá-la,
estará vinculada aos motivos que explicitou no ato, em decorrência da chamada: TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. Isso porque os motivos vinculam todo o ato, e se não forem respeitados, o ato torna-se
nulo.
Observações importantes:
● Motivação aliunde ou per relationem – É aquela indicada fora do ato, consistente em concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas. Ocorre todas as vezes que
a motivação de um determinado ato remete à motivação de ato anterior que embasa sua edição. Ex.:
parecer opina pela possibilidade de prática de ato de demissão de servidor; ao demitir o servidor, a
autoridade não precisa repetir os fundamentos explicitados pelo parecer, bastando, na fundamentação
do ato de demissão, declarar a concordância com os argumentos expedidos no ato opinativo.
Por força do princípio do contraditório, as decisões administrativas devem ser tomadas considerando
a manifestação dos interessados. Para isso, é necessário dar oportunidade para que os afetados pela decisão
sejam ouvidos antes do resultado final do processo.
O princípio da ampla defesa assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, a
utilização dos meios de prova, dos recursos e dos instrumentos necessários para defesa de seus interesses
perante o Judiciário e a Administração.
Art. 5º, LV, CF.: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Ao garantir o direito à ampla defesa “com os meios e recursos a ela inerentes”, o art. 5º, LV, da
Constituição Federal incluiu, no bojo do dispositivo, o princípio do duplo grau, verdadeiro desdobramento da
ampla defesa.
Sobre os princípios do contraditório e da ampla defesa, foi editada a Súmula Vinculante 3 do STF:
Segundo a autora Maria Di Pietro, o direito administrativo brasileiro herdou do direito alemão (já
caiu em prova) a inspiração para aplicação do princípio da segurança jurídica, especialmente sob o aspecto
subjetivo da proteção à confiança.
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A noção de proteção da confiança legítima aparece como uma reação à utilização abusiva de normas
jurídicas ou atos administrativos que surpreendam bruscamente o seu destinatário. Um exemplo de
aplicação do princípio da legítima confiança diz respeito à impossibilidade de devolução de valores recebidos
de boa-fé por servidores públicos, em virtude de errônea interpretação de lei pela Administração:
STJ (Info 579): Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional
da Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor
público após o seu falecimento. Não se analisa aqui se o herdeiro estava ou não de
boa-fé. O herdeiro é obrigado a devolver porque ele não tem qualquer razão
jurídica para ficar com aquele dinheiro em prejuízo da Administração Pública. Não
havia nenhuma relação jurídica entre o herdeiro e o Estado. O fundamento aqui é
o princípio que veda o enriquecimento sem causa (art. 884 do CC).
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O princípio da intranscendência subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições
que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do ato ilícito.
Na jurisprudência do STF, encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em casos
envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:
● 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos
outros Poderes que não o Executivo
Além do caso acima explicado, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções pode ser
aplicado também nas situações em que uma entidade estadual/municipal (ex: uma autarquia) descumpriu
as regras do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade, como também o próprio ente
(Estado/Município) nos cadastros restritivos.
Nesse sentido: (...) O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem
jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, as limitações
jurídicas que derivam da inscrição, em cadastros públicos de inadimplentes, das autarquias, das empresas
governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os Estados-membros, projetando, sobre
estes, consequências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-
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se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração descentralizada – só a estes pode
afetar.
Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União
por irregularidades praticadas pelos outros Poderes ou órgãos autônomos
A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de pendências de
órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o
Ministério Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na
medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera
orgânica dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode ser impedido de
contratar operações de crédito em razão do descumprimento dos limites setoriais
de despesa com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, §
3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal). STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo
Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).
A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-
membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de
restrição de crédito
Caso concreto: O Estado do Amapá possui débitos com o INCRA e com o IBAMA,
duas autarquias federais. Em razão desses débitos, o Estado foi inserido no SIAFI,
no CADIN e no CAUC, cadastros de inadimplência mantidos pela União. Tanto o
INCRA como o IBAMA ajuizaram execução fiscal para cobrar os débitos e o Estado
expediu precatórios, que, no entanto, ainda estão pendentes de pagamento. O
Estado do Amapá ajuizou ação cível originária contra a União pedindo a exclusão
do Estado dos cadastros restritivos. Legitimidade da União para figurar no polo
passivo A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que
Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de
restrição de crédito, mesmo que os débitos sejam decorrentes de dívidas com
entidades federais (e não com a administração direta). Isso porque os Sistemas
SIAFI/CAUC/CADIN são organizados e mantidos pela União, conforme suas leis de
regência, do que decorre a legitimidade desta para figurar no polo passivo.
Manutenção nos cadastros viola o princípio da razoabilidade É indevida a inscrição
do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências
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Referências bibliográficas:
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CF/88
⦁ Art. 5º, II
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX
⦁ Art. 5º, §3º
⦁ art. 7º, X
⦁ Art. 22, I e §único
⦁ art. 227, § 4º
CP
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 59
⦁ Art. 71
248
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
SEMANA 01/21
CF/88
⦁ Art. 5º, XL
⦁ Art. 5º, LIII, LV, LVI e LVII
⦁ Art. 5º, LX e LXIII
⦁ Art. 5º, XXXVIII, “a”
⦁ Art. 5°, XXXVII
⦁ Art. 53
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 129, I
CPP
⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 3º, 3ª-A e 3º-B
⦁ Art. 185, §2º
⦁ Art. 212 e 217
⦁ Art. 260 e 261
⦁ Art. 283
⦁ Art. 792
249
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
SEMANA 01/21
CF/88
⦁ Art. 1º, III
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 4º, 5º, 6º e 7º
⦁ Art. 8º a 11º
250
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem
de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houver recusa de informações
por parte da autoridade administrativa.
Súmula vinculante 1-STF: Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem
ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante do
termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001.
Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da
República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.
Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi
revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito.
Súmula 419-STJ: Descabe a prisão civil do depositário infiel.
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CRFB/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL
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Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato
aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a
competência revisora do judiciário.
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