Você está na página 1de 9

1

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2019.0000207148

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação Cível nº


1055196-17.2016.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
FLAVIA VIEIRA PARRA, é apelado ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao
recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


TERESA RAMOS MARQUES (Presidente), PAULO GALIZIA E ANTONIO
CELSO AGUILAR CORTEZ.

São Paulo, 18 de março de 2019.

Teresa Ramos Marques


RELATOR
Assinatura Eletrônica

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
2
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

10ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO


APELAÇÃO CÍVEL: 1055196-17.2016.8.26.0053
APELANTE: FLAVIA VIEIRA PARRA
APELADO: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
JUIZ PROLATOR: LUIS EDUARDO MEDEIROS GRISOLIA
COMARCA: SÃO PAULO

VOTO Nº 22064

EMENTA

PROCESSO
Policial Militar Estágio probatório Deveres e
valores éticos Inobservância Processo
Administrativo Isonomia Impossibilidade:

- Em razão dos princípios da responsabilidade


pessoal e da individualização da pena, não viola a
isonomia o ato administrativo que aplica medidas
diversas aos envolvidos em infração administrativa.

Policial Militar Estágio probatório Processo


Administrativo Não preenchimento dos requisitos
Exoneração Possibilidade:

- Será exonerado o Soldado PM de 2ª Classe que


deixar de preencher qualquer um dos requisitos
exigidos para a aprovação no estágio probatório.

RELATÓRIO

Sentença de extinção sem julgamento de mérito, custas e honorários


pela autora, fixados em 10% do valor da causa, corrigido.
Apela a autora (fls. 1116/1121), alegando que era Soldado 2ª Classe, em
estágio probatório. Busca anular o ato administrativo que a exonerou da Polícia
Militar, por violação ao princípio da isonomia. Os soldados Henrique Bernardo
Tamada, Andrews Ferreira Santos, Aline Cristina P. Rodrigues de Souza e a
Allan Candido da Silva estavam na mesma situação fática e jurídica da autora,
mas somente ela foi exonerada. Pede a reintegração na exata colocação e
estágio profissional em que se encontrava, bem com reflexos remuneratórios.

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
3
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Em 12.5.2015, foi instaurado o Processo Administrativo Exoneratório (PAE)


ESSd-005/211/15 (fls. 15/17), por supostas transgressões militares (art. 37, §
2º, item 8, c/c arts. 39 e 41, IX e X, todos do Decreto Estadual 54.911/09). A
acusação afirmou que entre os dias 28.2.2014 e 14.3.2014, à época do módulo
específico do curso Superior de Técnico de Polícia Ostensiva e Preservação da
Ordem Pública, teria participado de conversas através do aplicativo
“WhatsApp” nas quais os integrantes disponibilizavam informações sigilosas
referentes às provas que seriam aplicadas no curso e foram postadas por outros
alunos, não sendo levado ao conhecimento dos superiores hierárquicos. Porém,
somente a autora foi exonerada. Sua exoneração foi publicada no DOE em
4.10.2016. Os outros acusados foram penalizados com advertência e
permanência, sanções aplicadas a faltas leves e médias, respectivamente. Em
sua contestação, a Fazenda alegou litispendência; no mérito, limitou-se a
transcrever a acusação, nada dizendo sobre a falta de isonomia. Não existe
litispendência, pois as causas de pedir são diversas. Conforme a exordial no
proc. 1024545-02.2016, a autora pediu a anulação do PAE sob a alegação de
cerceamento de defesa; não houve pedido de reintegração. Tanto que quando
ajuizou aquele demanda nem havia sido exonerada, o que demonstra a
distinção de pedidos e causa de pedir, afastando qualquer identidade. Daí a
impossibilidade de decisões conflitantes.
Em contrarrazões (fls. 1124/1138), aduz a Fazenda que a autora busca
rediscutir o ato administrativo, embora já exista demanda acerca do mesmo
pedido. Havendo identidade de processos, configura-se a litispendência,
justificando a extinção sem julgamento de mérito. A autora age de má-fé. No
mérito, a autora participou de grupo de whatsapp em que se distribuíam os
gabaritos das provas aplicadas, violando os valores e deveres éticos da Polícia
Militar, bem como sua disciplina (art. 37, § 2º, item 8, do Decreto Estadual
54.911/09). As condutas praticadas pelos demais envolvidos foram diversas, o
que afasta a alegação de violação à isonomia. A exoneração não tem caráter
sancionatório. Implica apenas no reconhecimento de que o interessado não
reúne as condições para desempenho da função, ou seja, significa a reprovação

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
4
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

no estágio probatório (art. 2º, parágrafo único, da LC 697/92). A exoneração ex


officio foi exercida dentro da extensão e intensidade proporcionais ao que
realmente foi delegado pela lei ao administrador público, em cumprimento à
finalidade do interesse público, pois se aferiu que a então militar estadual não
tinha os predicativos para se efetivar no cargo que ocupava.

FUNDAMENTOS

1. Conforme o art. 337, § 1º, do NCPC, “verifica-se a litispendência ou


a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada”.
E acrescenta o § 2º: “uma ação é idêntica a outra quando possui as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido”.
Na presente demanda, ajuizada por Flavia Vieira Parra em face da
Fazenda Estadual (partes), a autora pleiteou a anulação do Ato Administrativo
Exoneratório (PAE) nº ESSd-005/211/15 (pedido), ao argumento de que
violara o princípio da isonomia (causa de pedir).
Já no processo 1024545-02.2016.8.26.0053 (digital), também ajuizado
pela autora Flavia Vieira Parra em face da Fazenda Estadual (partes), no qual
igualmente se pleiteou a anulação do referido PAE (pedido fls. 10/11 daquele
processo), o fundamento foi suposta violação ao contraditório e à ampla defesa
(causa de pedir).
Ainda que tenha a autora naquele processo também alegado violação à
isonomia, o fez ao argumento de que deveria ter sido instaurado procedimento
administrativo contra os demais participantes do grupo de whatsapp (petição
inicial fl. 3 daquele processo).
Já no presente, o argumento de afronta à isonomia baseou-se na
distinção das sanções aplicadas aos diversos integrantes do grupo.
É dizer, naquele a autora insurgiu-se contra a inexistência de processo
administrativo contra os demais participantes; no presente, contra as sanções
aplicadas.
Percebe-se, portanto, que, embora haja similitudes e pontos de
Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053
Voto n° 22064
5
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

interseção, as causas de pedir são diversas, o que afasta a litispendência.


Note-se que os possíveis resultados de uma e outra demanda não são
conflitantes: eventual anulação daquele processo por violação ao contraditório
e à ampla defesa não impede o acolhimento ou afastamento da alegação de
violação à isonomia, ou seja, é perfeitamente possível que o PA não tenha
observado o contraditório e à ampla defesa, mas tenha respeitado a isonomia,
resultando na anulação do processo, de modo que, instaurando a autoridade
novo processo com observância ao contraditório e à ampla defesa, venha a
manter o resultado final, cuja observância à isonomia tenha aqui sido
assegurada.
O mesmo se diga quanto ao inverso: entendendo-se preservados o
contraditório e a ampla defesa naquele processo, é perfeitamente possível que o
processo seja anulado por afronta à isonomia, ou mantido por observância a
este princípio.
Quando muito, poder-se-ia suscitar perda do objeto do presente
processo ante eventual acolhimento do pedido naquele e consequente anulação
do processo administrativo. Ocorre que aquele processo encontra-se distribuído
à 7ª Câmara de Direito Público, pendente de julgamento.
Daí a inexistência de qualquer conflito.

2. Superada a preliminar, passo ao exame do mérito, com base na teoria


da causa madura (art. 1.013, § 3º, I, do NCPC).
Conforme a acusação administrativa (fls. 15/16), a autora,

“(...) enquanto realizava o módulo específico do Curso de Formação de


Soldados no CPI-3 (Edital nº DP-001/321/12), entre os dias 28FEV14 e
14MAR14, através do telefone de nº 11 947333375, participou de conversas
via aplicativo whatsapp onde os participantes disponibilizavam informações
sigilosas referentes às provas que seriam aplicadas no Curso (fls. 31-50 e
78-82 do IPM nº CPI3-001/13/14), de forma que o interessado praticou
condutas transgressionais de natureza grave, a saber:
2.1. participou de conversas via aplicativo whatsapp onde transmitiu as
sequências de letras e números 'aedaa dabcb eaead / 13459 V' em 06MAR14,
às 12h45, que correspondem ao gabarito da prova de Defesa Civil que seria
aplicada naquela data (tudo conforme fl. 39, gabarito de 'múltipla escolha' e
Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053
Voto n° 22064
6
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

'gabarito de certo ou errado' à fl. 337, bem como a Certidão às fls. 324-325,
tudo do IPM nº CPI3-001/13/14);
2.2. participou de conversas via aplicativo whatsapp onde transmitiu as
sequências de letras e números “AEDCEAABCBEEEAD muda a 4, 5, 6 e
12', em 06MAR14, às 13h15, que correspondem ao gabarito da prova de
Defesa Civil que seria aplicada naquela data (tudo conforme fl. 39, gabarito
de 'múltipla escolha' e 'gabarito de certo ou errado' à fl. 331, bem como a
Certidão às fls. 324-325, tudo do IPM nº CPI3-001/13/14);
2.3. participou de conversas via aplicativo whatsapp onde transmitiu as
sequências de letras 'BDDCE CDCAC CDDBC', em 10MAR14, às 12h57,
que correspondem ao gabarito da prova de Policiamento Motorizado que seria
aplicada naquela (tudo conforme fl. 42, gabarito de 'múltipla escolha' à fl.
360, tudo do IPM nº CPI3-001/13/14):
2.4. participou de conversas via aplicativo whatsapp onde transmitiu as
sequências de letras 'CAABBAACBDA' em 12MAR14, às 12h36, que
corresponde ao gabarito da prova de Sistemas Inteligentes que seria aplicada
naquela (conforme fl. 45, do gabarito de 'múltipla escolha' à fl. 306 do IPM n°
CPI3-001/13/14).
2.5 conforme conversas às fls. 31-50 e 78-82 do IPM n° CPI3-001/13/14, o
interessado tomou conhecimento das questões sigilosas de provas que seriam
aplicadas no Curso e foram postadas por outros alunos, no entanto, não levou
ao conhecimento dos superiores hierárquicos (conforme comprovado nos
subitens 4.3.3., 4.3.5. e 4.3.10 do Relatório às fls. 814-817, bem como atestado
pelo Chefe do Setor de Avaliação da ESSd - Cel PM Assumpção às fls. 294 e
324-325, itens 1, 2 e 3, tudo do IPM n° CPI3-001/13/14);
2.6. postou diversas palavras com intenção deliberada de dificultar que a
Administração Policial-Militar identificasse a transmissão ilícita de
informações sigilosas de provas, pois de incentivou a divulgação de novos
gabaritos sigilosos, incentivou que se mantivesse as informações circunscritas
ao grupo da conversa, sugeriu que apagassem os gabaritos e as conversas e
instigou que o grupo aumentasse as notas nas provas através das informações
ilícitas, conforme fls. 31-50 e 78-82 do IPM n° CPI3-001/13/14, ao escrever:
'prova cancelada... Se de ambiental cancelou... Meu vcs acham que ele vai
ficar quieto...qndo ele ver se ferrou vai contar tudo...to pensando em parar de
passar as coisas...se eu sonhar qu vcs mostraram a prova pra ágüem mato
vcs...combinei com o meu pel p cada um errar uma ...todos vão tirar 10
menos eu....não passo mais...ta fechado vilela e outra se descobrirem a prova
estamos ferrados....apaga tudo q liga a prova (...) calma filho tem toda uma
logística...cadê o gabarito...vcs vão me foder cambada'”. (realce nosso)

Essas condutas, no entender da autoridade, configuraram transgressão


ao art. 12, § 1º, itens 1 e 2, da LC 893/01, passível de exoneração, conforme
art. 39 c/c art. 37, § 2º, item 8, bem como art. 41, IX e X, todos do Decreto
Estadual 54.911/09.

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
7
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Tais dispositivos estão assim redigidos:

LC 893/01 Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar


“Artigo 12 - Transgressão disciplinar é a infração administrativa
caracterizada pela violação dos deveres policiais-militares, cominando
ao infrator as sanções previstas neste Regulamento.
§ 1º - As transgressões disciplinares compreendem:
1 - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina policial-militar,
especificadas no artigo 13 deste Regulamento;
2 - todas as ações ou omissões não especificadas no artigo 13 deste
Regulamento, mas que também violem os valores e deveres policiais-
militares”.

Decreto Estadual 54.911/09 Regulamenta a Lei Complementar nº 1.036,


de 11 de janeiro de 2008, que institui o Sistema de Ensino da Polícia
Militar do Estado de São Paulo, e dá providências correlatas
“Artigo 37- O estágio probatório, que se estende pelo período de 2
(dois) anos de efetivo exercício, terá início com a matrícula no Curso
Superior de Técnico de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem
Pública e se dará na graduação de Soldado PM de 2a Classe.
(...)
§ 2º - Durante o curso e o estágio administrativo-operacional será
verificado, a qualquer tempo, nos termos da Diretriz Geral de Ensino -
DGE, o preenchimento dos seguintes requisitos:
(...)
8. comprometimento com os valores, os deveres éticos e a disciplina
policiais-militares.
(...)
Artigo 39 - Será exonerado o Soldado PM de 2ª Classe que deixar de
preencher qualquer um dos requisitos estabelecidos no § 2º do artigo
37 deste decreto.
(...)
Artigo 41 - O Soldado PM de 2ª Classe, aluno do Curso Superior de
Técnico de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública, será
desligado do Curso e exonerado da Polícia Militar, nos termos da
Diretriz Geral de Ensino - DGE, quando:
(...)
IX - praticar falta grave, punível com demissão ou expulsão, nos termos
do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar, instituído pela Lei
Complementar nº 893, de 9 de março de 2001;
X - for constatado o descumprimento dos requisitos previstos no § 2º do
artigo 37 deste decreto”.

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
8
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Evidente que o policial militar que distribui aos colegas de estágio


probatório as respostas dos gabaritos das provas a que se submeterão viola os
valores e deveres éticos da Corporação, bem como a sua disciplina.
É dizer, a autora nem mesmo foi aprovada no estágio probatório e já
desrespeitava as regras mais elementares a que devia obediência, fato,
inclusive, em nenhum momento negado por ela.
E o art. 39 do Decreto 54.911/09 expressamente estipula que o Soldado
que violar os valores e deveres éticos, e a disciplina da Corporação, será
exonerado.
Além disso, completamente descabida a alegação de violação à
isonomia, por diversos motivos.
Em primeiro lugar, por força da discricionariedade administrativa
quanto à sanção a ser aplicada, não é dado ao Judiciário adentrar o mérito do
ato administrativo, salvo no caso de eventual afronta à legalidade ou
proporcionalidade.
Ocorre que, não bastasse a autoridade ter aplicado rigorosamente a
previsão legal, não demonstrou a autora qualquer violação aos referidos
princípios. Lembre-se que, intimada a produzir provas, manteve-se inerte (fls.
1100 e 1102).
Em segundo lugar, a autora não comprovou qualquer violação concreta
à isonomia.
O simples fato de que eventuais envolvidos nos mesmos fatos
receberam medidas diversas não configura afronta ao mencionado princípio,
pois é preciso analisar a situação de cada indivíduo e sua responsabilidade, bem
como o seu grau de contribuição para a transgressão, em observância ao
princípio da individualização da pena.
Registre-se que, a rigor, nem pena sofreu a autora, que simplesmente foi
exonerada durante o estágio probatório por não preencher os requisitos
inerentes às funções do cargo.
E em terceiro lugar, a autora tão somente alegou que outros também
participaram do grupo de whatsapp. Ocorre que, pela transcrição das conversas,

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064
9
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

nota-se que ela ostentava posição de liderança, pois era quem organizava a
distribuição dos gabaritos, bem como efetivamente “passava” as respostas,
conforme expressamente admitiu em uma das passagens transcritas.
Não pode, portanto, ter suas condutas equiparadas àqueles que tão
somente eram integrantes do grupo, ou seja, dada a maior gravidade das suas
condutas, é justamente em virtude da isonomia que deve receber medida mais
grave.
Acrescente-se que o argumento já fora analisado pela autoridade
administrativa, quando do julgamento do PAE (fl. 27):

“9. Nessa toada, não há falar em quebra da isonomia, pois os Procedimentos


Disciplinares mencionados no subitem 4.2.1. (fl. 990), instaurados no âmbito
de outra Unidade, têm fundamento na Lei Complementar 893/01 (RDPM),
sendo a decisão de competência da outra autoridade policial-militar,
apresentando peculiaridades e, especialmente, objeto distinto do PAE, porque
este foi instaurado com espeque na Lei Complementar 1.036/08 (Sistema de
Ensino da Polícia Militar), regulamentada pelo Decreto 54.911/09, cujo objeto
é a exoneração daquele que não atende aos requisitos necessários à aquisição
de estabilidade no serviço público policial-militar”.

Nesse contexto, não houve violação ao princípio da isonomia.

Destarte, pelo meu voto, nego provimento ao recurso, majorados os


honorários para 15% do valor atualizado da causa, observada a justiça gratuita.

Faculto aos interessados manifestação em dez dias de eventual oposição


a julgamento virtual de recurso futuro para sustentação oral.

TERESA RAMOS MARQUES


RELATORA

Apelação Cível nº 1055196-17.2016.8.26.0053


Voto n° 22064

Você também pode gostar