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RECLAMAÇÃO 57.

437 PERNAMBUCO

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


RECLTE.(S) : JOSIEL EDUARDO BARROSO BATISTA
ADV.(A/S) : FILINTO DA COSTA PINTO NEVES FILHO
RECLDO.(A/S) : PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE
PERNAMBUCO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
BENEF.(A/S) : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
BENEF.(A/S) : INSTITUTO DE APOIO À UNIVERSIDADE DE
PERNAMBUCO - IAUPE
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

DECISÃO: Trata-se de reclamação constitucional proposta por Josiel


Eduardo Barroso Batista, em face de acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado de Pernambuco, nos autos do Processo 0001171-50.2015.8.17.1090.
Sustenta, em síntese, que o ato reclamado está em desconformidade
com a orientação firmada por esta Corte no RE-RG 837.311 (tema 784),
paradigma da repercussão geral, ante a preterição dos candidatos, diante
da inexistência da cláusula de barreira quando da divulgação do edital do
certame.
Colhe-se da inicial:

“Na origem, trata-se de ação de obrigação de fazer


apresentada pelos reclamantes em face do Estado de
Pernambuco e da Instituição de Apoio à Universidade de
Pernambuco, acerca do concurso para soldados da Polícia
Militar de Pernambuco – PMPE do ano de 2009.
Aquele certame foi inaugurado pela Portaria Conjunta
SAD/SDS nº. 101 de 31 de agosto de 2009, para o preenchimento
de 2.100 (duas mil e cem) vagas.
Devido ao baixo número de preenchimento de vagas, foi
publicada a Portaria Conjunta SAD/SDS nº. 105 de 17 de
novembro de 2014 decidindo que:
(…)

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Apesar da determinação da Portaria, apenas 1.108 (mil


cento e oito) candidatos foram devidamente nomeados e
empossados, quando o concurso foi encerrado no ano de 2015,
portanto, sem o preenchimento de todas as vagas disponíveis.
Logo em seguida, no ano de 2016, a Portaria Conjunta
SAD/SDS nº 25 de março de 2016 abriu novo concurso para o
cargo de soldados da PMPE, com um total de 1.500 (mil e
quinhentas) vagas.
Fica clara, portanto, que a necessidade de policiais do
Estado de Pernambuco existe.
O certame da PMPE 2009 não possuía nenhuma cláusula
de barreira que, como sabemos, deve estar expressa e
devidamente fundamentada no edital do concurso, apesar de
insistentemente ser a tese defendida pelo TJPE. Por esta razão,
os candidatos que, inicialmente, não seguiram para as fases
posteriores do certame, dentre eles os reclamantes, ficaram no
cadastro de reserva.
Pois bem! A portaria nº. 105 de 2014 previu que 2000 (dois
mil) candidatos seriam convocados, contudo, o Estado de
Pernambuco encerrou o certame com 892 (oitocentos e noventa
e duas) vagas em aberto. Fica evidente, portanto, a violação à
Repercussão Geral nº. 784 do Supremo Tribunal Federal – STF,
incorrendo o TJPE em usurpação dos poderes desta Corte”.
(eDOC 1, pp. 2-3)

Nesses termos, afirma que “o juízo do primeiro grau e o tribunal de


origem violaram o entendimento suso, quando permitiram que o Estado de
Pernambuco encerrasse o concurso da PMPE 2009 sem o preenchimento de todas
as vagas e, imediatamente após o encerramento, abrisse um novo certame para
provimento de 1500 (mil e quinhentas) vagas”. (eDOC 1, p. 9)
Assevera, ainda, que com a promulgação da LC 498/2022 do Estado
de Pernambuco, evidenciou-se a violação ao Tema 784-RG, “uma vez que
permite que candidatos com notas inferiores aos reclamantes adentrem, de forma
definitiva, nos quadros da PMPE. Em anexo, estão processos onde candidatos
com notas inferiores aos reclamantes já se beneficiaram da LC”. (eDOC 1, p. 13)

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Requer, assim, a cassação do ato reclamado, “determinando o


prosseguimento dos reclamantes nas demais fases do certame da PMPE 2009 e,
no caso de êxito, que sejam devidamente nomeados e empossados”. (eDOC 1, p.
13)
Intimada, a parte reclamante promoveu a emenda à inicial. (eDOCs
29-31)
Registro que a presente reclamação foi a mim distribuída por
prevenção à Rcl 38.214/PE, consoante certidão de eDOC 24.
É o relatório. Decido.
De início, dispenso a remessa dos autos à Procuradoria-Geral da
República, por entender que o processo já está em condições de
julgamento (RISTF, art. 52, parágrafo único).
Superada a questão, rememoro que, conforme disposto na
Constituição Federal, compete ao STF processar e julgar originariamente
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões (art. 102, I, “l”, da CF/88). Nesse sentido, o
Código de Processo Civil de 2015 estabelece o rol das hipóteses de
cabimento da reclamação, nos termos a seguir transcrito:

“Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do


Ministério Público para: I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; III – garantir
a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão
do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento
de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência (…). (Redação dada pela
Lei nº 13.256, de 2016)”.

O § 4º do mesmo artigo prevê que as hipóteses dos incisos III e IV


compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação
aos casos que a ela correspondem.
Verifica-se, ainda, nos termos do § 5º, que a reclamatória proposta

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para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com


repercussão geral reconhecida somente será cabível quando presentes os
seguintes pressupostos necessários e cumulativos, quais sejam: o
esgotamento da instância de origem, com a interposição de agravo
interno da decisão monocrática que determina o sobrestamento o feito,
inadmite liminarmente o recurso da competência do STF ou julga-o
prejudicado; e a plausibilidade na tese de erronia na aplicação do
entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado na repercussão
geral pelo Juízo a quo, a indicar teratologia da decisão reclamada.
No caso dos autos, não vislumbro nenhuma das hipóteses de
cabimento da reclamação, que devem ser aferidas nos estritos limites das
normas de regência.
Com efeito, nos termos acima delineados, não diviso a aplicação
errônea da tese firmada por esta Corte no âmbito da repercussão geral.
Registre-se que o STF, ao apreciar o RE-RG 837.311 (tema 784),
paradigma da repercussão geral, fixou o seguinte entendimento:

“O direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado


em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 -
Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro
do edital; 2 - Quando houver preterição na nomeação por não
observância da ordem de classificação; 3 - Quando surgirem
novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos
acima”.

No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que o reclamantes


não teria direito subjetivo à nomeação, porquanto não comprovada
qualquer preterição. Confira-se a ementa desse julgado:

“DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


RECURSOS DE APELAÇÃO. AÇÃO ORDINÁRIA C/C
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. CONCURSO PÚBLICO.

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PMPE/2009. CARGO DE SOLDADO. APROVAÇÃO DO


AGRAVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTO NO
EDITAL. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO. SURGIMENTO
DE NOVAS VAGAS POSTERIORMENTE.
DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
PREVISÃO DE CLÁUSULA DE BARREIRA. TESE FIRMADA
PELO STF EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. RECURSOS
DESPROVIDO 1. Cinge-se a controvérsia dos autos sobre a
existência de direito subjetivo dos autores à convocação para
curso de formação e posterior nomeação no cargo de soldado
referente ao concurso público da Polícia Militar de Pernambuco,
regulado através da Portaria Conjunta SAS/SDS nº 101, de 31 de
agosto de 2009, tendo em vista o número de cargos vagos no
quadro de servidores da entidade. 2. A cláusula de barreira para
o concurso em comento, foi prevista no item 5.1 da Portaria
Conjunta SAS/SDS nº 101/2009. 3. Importante ressaltar que a
previsão de convocação dos 6.300 (seis mil e trezentos)
candidatos mais bem classificados para a realização do teste
físico, em hipótese alguma, configura existência de vagas para
além daquelas já especificadas no mesmo edital regulador, que,
como já fora mencionado, totalizaram 2.100 (duas mil e cem). 4.
Ademais, a convocação posterior de mais 3500 candidatos para
prosseguir nas demais fases do certame (além dos já
convocados 6.300), foi realizada no âmbito da
discricionariedade da Administração, por mera conveniência e
oportunidade.5. Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal
julgou o Recurso Extraordinário nº 837.311, afetado ao regime
de repercussão geral (Tema 784): ‘O surgimento de novas vagas ou
a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte
da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso
do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo

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à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas


seguintes hipóteses: 1 - Quando a aprovação ocorrer dentro do número
de vagas dentro do edital; 2 - Quando houver preterição na nomeação
por não observância da ordem de classificação; 3 - Quando surgirem
novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima’.
6. Não há nos autos nenhuma comprovação de que os
apelantes tenham sido aprovados dentro das 6300 notas mais
altas, conforme previsto no Edital, nem muito menos que suas
pontuações seriam suficientes para ingressarem nas alegadas
892 vagas restantes. 7. Os candidatos também não
demostraram de forma cabal a inequívoca necessidade
pública de suas convocações ao prosseguimento no certame
ou qualquer forma de preterição arbitrária ou imotivada que
justificassem sua eventual nomeação, consoante a tese
firmada no STF e em jurisprudência firmada nesta Corte de
Justiça em caso idêntico. 8. Recursos desprovidos”. (Conforme
consulta ao site do TJPE; grifei)

Ademais, interposto recurso extraordinário em face da referida


decisão, a autoridade reclamada negou-lhe seguimento com fundamento
no art. 1.030, I, alínea a, do CPC, por entender que a matéria versada no
recurso estaria em conformidade com o Tema 784 da sistemática da
repercussão geral. Confira-se:

“Trata-se de Recurso Extraordinário com fundamento no


artigo 102, inciso III, alínea ‘a’, da Constituição Federal contra
acórdão (fls. 468-468v), integrado pelos Embargos de
Declaração (fls. 503). Na origem, a sentença vergastada julgou
improcedente o pleito autoral, sob o fundamento de que os
candidatos não foram aprovados dentro do número de vagas
nem classificados para a realização da segunda etapa do
Concurso Público da Polícia Militar do Estado de Pernambuco,
reputando constitucional a cláusula de barreira constante do
edital do certame, além de declarar ausente dos autos qualquer

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demonstração de preterição na ordem classificatória.


O acórdão da 3ª Câmara de Direito Público, sob a relatoria
do eminente Des. Márcio Fernando de Aguiar Silva, ratificou na
íntegra a sentença combatida. Em suas razões recursais (fls.
527/540), o Recorrente alega que o acórdão recorrido violou o
art. 37, II da Constituição Federal.
(…)
1. Da aplicação do Tema 784 do e. STF.
Não obstante a alegação de afronta ao dispositivo
constitucional apontado, cuido que a matéria versada no
presente recurso já foi objeto de deliberação pelo Supremo
Tribunal Federal, sob a égide da repercussão geral, tendo como
recurso representativo da controvérsia o RE nº 837.311/PI (tema
784), em que se discutia a existência, ou não, de direito
subjetivo à nomeação de candidatos aprovados fora do número
de vagas oferecidas no edital do concurso público quando
surgirem novas vagas durante o prazo de validade do certame.
O recurso apontado pelo STF como representativo do
problema jurídico em liça foi julgado pelo Plenário em
09.12.2015, no qual o Tribunal, no mérito, por maioria, negou
provimento ao recurso extraordinário, decisão publicada no
DJe/STF em 18.04.2016.
Exerço, pois, o juízo de conformidade do presente recurso.
Pois bem, confira-se o acórdão recorrido, ipsis litteris:
(…)
Assim, percebe-se claramente que o inteiro teor do
acórdão proferido em 14.05.2019 e publicado em 24.05.2019,
pela 3ª Câmara de Direito Público deste e. TJPE, encontra-se
adequado ao julgamento em comento, pois asseverou a
inexistência de direito subjetivo à nomeação em concurso
público quando a aprovação do candidato se der fora do
número de vagas previstas no edital e não ocorrer a preterição
arbitrária e imotivada do candidato.
Por isso que, ao passo em que o acórdão recorrido se
encontra em conformidade com o que decidiu o STF no
representativo da controvérsia aludido, aplicando-se as regras

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do art. 1030, I, alínea ‘a’, 2ª parte, do CPC/2015, NEGO


SEGUIMENTO ao presente Recurso”. (Conforme consulta ao
site do TJPE; grifei)

Inconformada, a parte ora reclamante interpôs agravo interno, o qual


teve o provimento negado, nos termos da seguinte ementa:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO


NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONCURSO DE
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE PERNAMBUCO.
CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS
DO CERTAME. INEXISTÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO.
TEMA 784/STF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
PRETERIÇÃO ARBITRÁRIA E IMOTIVADA. - A matéria
debatida nos autos foi decidida pelo e. STF, por meio do regime
de repercussão geral (RE 837311/PI), restando editado o Tema
784, com a seguinte tese firmada: ‘O surgimento de novas vagas ou
a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte
da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso
do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo
à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas
seguintes hipóteses: I - Quando a aprovação ocorrer dentro do número
de vagas dentro do edital; II - Quando houver preterição na nomeação
por não observância da ordem de classificação; III - Quando surgirem
novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.’ -
Inexistência de comprovação de preterição arbitrária e
imotivada, exigida pelo tema 784 para excepcionar a regra
geral. - Inovação Recursal com relação às alegações de ofensa ao
Tema 793/STF e aos artigos 3º da Lei n. 8.666/93 e 3º da Lei

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n.9787/99. - Aplicação de multa ao Agravante no percentual de


1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos
termos do 1.021 § 4º, do CPC”. (Conforme consulta ao site do
TJPE)

Em que pese a discordância da parte reclamante, não há no caso


teratologia da decisão, havendo, ao contrário, nítida correlação entre a
decisão do Tribunal a quo e o paradigma da repercussão geral utilizado
para fins de obstar a subida do recurso extraordinário. Sobre a matéria,
confiram-se os seguintes julgados:

“Agravo regimental na reclamação. 2. Direito


Administrativo. 3. Concurso público. 4. Alegado equívoco na
aplicação paradigma da sistemática da repercussão geral (RE-
RG 837.311, tema 784 e RE-RG 598.099, tema 161). Não
ocorrência. 5. Decisão em consonância com a jurisprudência
desta Corte. 6. Inexistência de argumentos capazes de infirmar
a decisão agravada. 7. Agravo regimental a que se nega
provimento”. (Rcl 52.318 AgR, de minha relatoria, Segunda
Turma, DJe 9.12.2022)

“SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NA


RECLAMAÇÃO. PRETENSÃO DE REENQUADRAMENTO
DE TEMA APONTADO PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. DESCABIMENTO DA RECLAMAÇÃO. AUSÊNCIA
DE MANIFESTA TERATOLOGIA. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICA SUBJACENTE.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Na ausência de manifesta teratologia, a mera
pretensão de reenquadramento da matéria pela Corte de
origem em tema diverso do determinado pelo Supremo
Tribunal Federal em recurso extraordinário com agravo não
encontra guarida nas hipóteses constitucionais que autorizam a
propositura de reclamação, além de pressupor o revolvimento
da matéria fática subjacente, o que não se admite nesta via. 2. O

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desprovimento de agravo interno interposto na sequência da


inadmissão do extraordinário efetuou-se no exercício de
competência própria da Corte de origem, o que revela, uma vez
mais, a inadequação do manejo da via reclamatória para
questioná-lo. 3. Agravo regimental a que se nega provimento”.
(Rcl 28.328 AgR-segundo, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda
Turma, DJe 2.10.2020)

“AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO.


PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL NA ORIGEM: AUSÊNCIA DE
TERATOLOGIA E DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO”. (Rcl
37.552 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe
10.12.2019)

Por fim, ao manter a inadmissão de recurso extraordinário, com


fundamento na repercussão geral, a autoridade reclamada se utilizou de
atribuição própria, inexistindo cogitar de usurpação da competência
desta Corte (art. 1.030, § 2º, do CPC).
Ante o exposto, nego seguimento à reclamação (art. 21, § 1º, do
RISTF).

Publique-se.
Brasília, 17 de março de 2023.

Ministro GILMAR MENDES


Relator
Documento assinado digitalmente

10

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