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Síntese do conhecimento
ao final do século XX
Organizadores
CARLOS A. JOLY
CARLOS E. DE M. BICUDO
Patrocinado pela
Editado por
C. ROBERTO F. BRANDÃO
e
ELIANA MARQUES CANCELLO
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
São Paulo, SP, Brasil
Patrocinado pela
Foram criadas, nos anos 1970 e na metade dos anos 1980, o total de 26 estações ecológicas, das
quais 20 foram efetivamente implantadas e as outras seis ainda estão à espera de verbas e ações para sua
efetivação, embora as respectivas áreas já estejam reservadas. Como Secretário (Federal) do Meio Ambiente
(1974-1986), participei ativamente dessas atividades. É sempre difícil falar daquilo que a gente fez, mas
pelo seu alcance (3.200.00 hectares) e pelas suas finalidades de pesquisa foi, ao que parece, o primeiro
grande programa brasileiro e mesmo mundial que uniu, em larga escala, a pesquisa científica e a
conservação da natureza.
É interessante notar que nos relatórios da SEMA não se encontra a palavra biodiversidade,
que passou a ser usada em larga escala somente depois da Conferência RIO-92. Contudo, o que ela
significa já estava implícito na preocupação de proteger os ecossistemas brasileiros, claramente expressa
na Lei 6.902/81.
Nos séculos passados, o Padre José de Anchieta, principalmente no planalto paulista, e outros
cronistas bem como os grandes viajantes naturalistas europeus que aqui estiveram, fizeram uma série
de levantamentos básicos da nossa flora e da nossa fauna. Esse trabalho pioneiro prosseguiu, nos
estudos feitos depois por uma série de autores brasileiros. Vale a pena mencionar, no estado de São
Paulo, os pesquisadores do Museu Paulista, do Instituto de Botânica, do Instituto Butantã, do Instituto
Biológico, do Instituto Florestal e de outras instituições pioneiras. Esses esforços culminaram com a
criação da Universidade de São Paulo e, posteriormente, com a implantação da Universidade Estadual
de Campinas e da Universidade Estadual Paulista. Nessas importantes instituições há hoje centenas de
pesquisadores que vão, continuamente e com grande eficiência, passo a passo, aprofundando e
desdobrando nossos conhecimentos sobre a flora e a fauna.
contribuíram com financiamentos desses tipo. Se pudesse me aprofundar mais nessa busca, certamente
descobriria outras fontes de incentivo à pesquisa científica da natureza.
O aumento exponencial dessas pesquisas precisa, de tempos em tempos, de um ponto de
referência geral. Ou seja, é necessário, periodicamente, que os próprios pesquisadores, através de
levantamentos feitos por membros de suas comunidades científicas, possam apresentar um resumo das
pesquisas já realizadas. Além disso, é benvinda uma avaliação, quando possível, do muito que ainda
resta a fazer.
Este trabalho não foi realizado para a simples satisfação de mostrar os avanços feitos. Trata-
se, sobretudo, de indicar os progressos alcançados, para que os pesquisadores possam saber o que
poderão utilizar nas pesquisas feitas por seus colegas para avançar e melhorar seus próprios trabalhos.
Infelizmente, com certa freqüência, os que trabalham num prédio não sabem ou pouco sabem do que
fazem os que pesquisam no prédio vizinho. Há portanto, também uma finalidade importante de
comunicação na publicação dos volumes desta visão geral no território paulista.
Finalmente, quero salientar ainda um aspecto social importante a longo prazo. Os avanços da
Biotecnologia, que se desenvolvem com rapidez crescente, necessitam de conhecimentos básicos, como
os apresentados neste Programa. Foram relatados aqui nestes volumes muitos dos alicerces essenciais
para a Biotecnologia. Em numerosos, casos, essas informações são indispensáveis para um
desenvolvimento auto-sustentável. É uma das ferramentas úteis para erradicar a miséria em vastas
regiões do planeta.
Um Meio Ambiente de boa qualidade não pode conviver com a miséria. Esta, por sua vez, é
moralmente inaceitável, além de agravar inúmeros problemas. A Federação Brasileira deve resolver, em
conjunto, os problemas sociais e ambientais.
Parabéns à FAPESP, na pessoa de seu Diretor Científico José Fernando Perez. Parabéns também
aos organizadores Professores Carlos Alfredo Joly e Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, bem como a
todos os Editores e Colaboradores. Fizeram um trabalho notável e muito útil.
Por outro lado, ninguém ignora o valor da diversidade biológica tanto no âmbito biológico e
científico quanto no âmbito econômico e cultural. Além de ser a base das atividades agropecuárias,
florestais e pesqueiras, a biodiversidade é o sustentáculo do desenvolvimento biotecnólogico, uma área
indiscutivelmente estratégica. O crescimento explosivo da população humana agravado pelo aumento
de nossa capacidade de alterar o meio ambiente está acelerando o processo de degradação biótica e,
consequentemente, a taxa de extinção de espécies.
No estado de São Paulo, este processo já atingiu índices alarmantes, pois a cobertura florestal
primitiva, que chegou a ocupar mais de 80% de seu território, está hoje reduzida a cerca de 10%. O uso
de técnicas modernas de monitoramento revelou que, mesmo com o aprimoramento da legislação
ambiental e de seus mecanismos de fiscalização, a taxa de destruição ainda é muito elevada.
Na primeira reunião deste grupo, em 9 agosto de 1996, na Base de Dados Tropical da Fundação
Tropical de Pesquisas André Tosello de Campinas, foi elaborado um cronograma de atividades com
as seguintes prioridades: (a) preparo de um diagnóstico sobre o nível de conhecimento biológico
acumulado para cada grupo taxonômico, de microrganismos a mamíferos e angiospermas, incluindo os
pesquisadores que trabalham, especificamente, com cada grupo e a infra-estrutura instalada para
conservação ex situ (Museus, Herbários, Coleções de Microrganismos, Arboretos, Jardins Botânicos) e
in situ (Unidades de Conservação); e (b) organização, no prazo de um ano, de um workshop para
sintetizar as informações produzidas e definir a estrutura e forma de implantação do Projeto Especial
de Pesquisas em Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo. Nesta
reunião, com o apoio da Base de Dados Tropical, foram criadas uma homepage (www.bdt.org.br/
bdt/biotasp) e uma lista de discussão (www.bdt.org.br/bdt/ biotasp/lista) para o BIOTASP/FAPESP;
tendo o GC definido que o BIOTASP/FAPESP utilizaria a INTERNET - inicialmente de forma
preferencial, e, depois, de maneira exclusiva - como meio de comunicação e integração.
Outro aspecto fundamental foi o consenso sobre a necessidade do uso do GPS e de uma ficha
padrão de coleta, com um conjunto de dados obrigatórios e idênticos para todos os grupos taxonômicos,
acrescentando-se um conjunto de informações complementares para as informações específicas para
cada grupo de organismos.
Após uma análise individual de cada projeto e do conjunto como um todo, o GC se reuniu
com o Diretor Científico da FAPESP para discutir as propostas à luz das possibilidades e das exigências
da FAPESP. Nesta reunião, realizada na Sala do Conselho Superior da FAPESP, a 14 de outubro de
1997, foi estabelecida a exigência do BIOTASP/FAPESP e dos pré-projetos serem avaliados por
assessores internacionais. Os resultados da reunião, bem como as sugestões de encaminhamento para
cada proposta, foram encaminhados aos proponentes. Nos pareceres, o GC sugeriu, sempre que necessário,
reformulações do escopo, ampliação da equipe e fusão de propostas. No sentido de ampliar as
possibilidade de integração entre os diversos projetos, a Coordenação convidou todos os proponentes
para uma reunião de apresentação das propostas. Nesta reunião, realizada na UNICAMP, em 11 de
novembro de 1997, todos os coordenadores tiveram a oportunidade de apresentar seu projeto, o que
proporcionou uma imediata identificação dos pontos de interseção entre as diversas propostas.
Desde o início do processo, ficou claro que, nesta etapa, os pareceres da assessoria internacional
seriam meramente indicativos, com críticas e sugestões a serem incorporadas à proposta definitiva do
Projeto Temático. A maioria (14) dos 19 pré-projetos apresentados recebeu, pelo menos, um parecer do
exterior e alguns (5) receberam dois pareceres. Cerca de 92% dos pareceres recebidos consideraram o
BIOTASP/FAPESP e o projeto específico de alta qualidade.
A última etapa deste processo foi concluída dia 7 de maio de 1998, quando 16 Projetos
Temáticos articulados foram formalmente protocolados na FAPESP. Outros dois projetos, que tiveram
problemas com o prazo, foram entregues em 15 de junho. Portanto, dos 19 pré-projetos 18 completaram
todas as formalidades exigidas pela FAPESP e pelo GC do BIOTASP/FAPESP. Estes projetos envolvem
cerca de 140 pesquisadores doutores, 10 pós-doutorandos, 60 doutorandos, 50 mestrandos e 30 Bolsistas
de Iniciação Científica vinculados à UNESP (Araraquara, Assis, Botucatu, Jaboticabal, Rio Claro e São
José do Rio Preto); UNICAMP; USP (São Paulo, ESALQ, FFCL Ribeirão Preto, Escola de Engenharia
xiii
de São Carlos); UFSCar; UNISANTOS; Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Instituto de Botânica,
Instituto Florestal, Instituto Geológico, CETESB, Departamento Estadual de Proteção dos Recursos
Naturais/DEPRN, PROBIO/SP); Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Instituto Biológico);
INPE; EMBRAPA/Jaguariúna e ONGs (Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia André Tosello,
Instituto Socioambiental e Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural).
Este diagnóstico representa, sem dúvida, um divisor de águas entre a imprescindível etapa dos
inventários sobre a composição do biota paulista e um programa de pesquisas em conservação e uso
sustentável da biodiversidade. Em um programa com este objetivo necessitaremos, não só dar
continuidade à importante tarefa de descrever e catalogar espécies, como também desenvolver projetos
de pesquisa que incorporem aspectos estruturais e funcionais da biodiversidade, como a distribuição
espacial e temporal dos organismos e as relações entre seus componentes nos diversos níveis
organizacionais e, sobretudo, incorporem a valorização da biodiversidade, tentando estabelecer um
vínculo entre os serviços e produtos da diversidade biológica e os sistemas produtivos.
Cabe ressaltar ainda que, simultaneamente à publicação, estes volumes estão sendo
integralmente disponibilizados eletronicamente no endereço www.bdt.org.br/bdt/biotasp/livros. No
material disponibilizado na Internet, há links eletrônicos com as listas de espécies e/ou outras
informações relevantes.
CARLOS A. JOLY
Coordenador do Grupo de Coordenação
BIOTASP/FAPESP
cjoly@obelix.unicamp.br
AGRADECIMENTOS DOS
COORDENADORES DA SÉRIE
Em uma obra com esta abrangência, é absolutamente inevitável que alguns problemas fujam
do controle dos editores e dos organizadores, que ficam na dependência dos autores concluírem seus
capítulos. Gostaríamos de ressaltar, entretanto, que a decisão de publicar a série em duas etapas não se
deveu à falta de empenho e dedicação dos editores, mas ao padrão de qualidade que cada grupo impôs
e ao esforço para que os volumes incluíssem todos os grupos taxonômicos relevantes.
Uma vez concluída a etapa de preparação dos manuscritos e do excelente trabalho de editoração
feito pelo(as) editores(as) de cada volume, restou aos coordenadores a tarefa de fazer uma revisão final
dos textos, padronizar o formato dos diversos volumes e contatar gráficas e editoras para viabilizar a
publicação com uma qualidade gráfica que faça jus à qualidade do conteúdo. Somos muito gratos por,
nesta etapa, ter contado com o inestimável apoio de uma profissional com anos de experiência na
editoração de revistas científicas, a Dra. Lilian Beatriz Penteado Zaidan, do Instituto de Botânica da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Com competência, dedicação e, sobretudo,
carinho e boa vontade que a caracterizam, ela ajudou na revisão do material, sugeriu alterações de
formato e apresentação e viabilizou o contato com gráficas e editoras. Agradecemos também ao Dr.
Marcelo Macedo Corrêa e Castro, Professor Adjunto da Disciplina de Prática de Ensino da Língua
Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela revisão de português de diversos volumes
desta série.
CAJ
CEMB
CONTEÚDO
Apresentação do volume
3. Escorpiões .........................................................................................................................................23
Denise Maria Candido
4. Opiliones ...........................................................................................................................................35
Ricardo Pinto da Rocha
5. Araneae ..............................................................................................................................................45
Antonio Domingos Brecovit
7. Myriapoda ..........................................................................................................................................65
Inere Knysak & Rosana Martins
8. Odonata .............................................................................................................................................73
Alcimar do Lago Carvalho
9. Isoptera ..............................................................................................................................................81
Eliana Marques Cancello & Thomas Schlemmermeyer
15. Hymenoptera.................................................................................................................................141
C. Roberto F. Brandão
Este volume trata de um recorte de fauna completamente artificial, isto é, animais sem vértebras
e que não passam a maior parte de sua vida em ambientes aquáticos. Entretanto, os grupos animais que
são aqui comentados em geral aparecem juntos em livros-texto, refletindo concepções desatualizadas,
mas mantidas nessas publicações e aqui por razões de conveniência e didáticas.
Apesar de não termos buscado uma uniformização do conteúdo dos capítulos, deixando aos
autores a liberdade de determinar quais assuntos seriam mais relevantes comentar quanto ao táxon
tratado, solicitamos que os textos cobrissem alguns aspectos, a saber, as características gerais do táxon,
ambientes onde ocorre, principais coleções, ambientes e regiões menos e mais conhecidas, espécies
ameaçadas, estratégias de preservação e esforços de coleta necessários, e prioridades para o táxon (para
melhoria do seu conhecimento no estado de São Paulo e no Brasil). Pretendíamos também uma avaliação
do estado do conhecimento sobre o táxon e sua diversidade, em especial no estado de São Paulo. Estas
informações, na condição de pano de fundo, deveriam ser comparadas com o grau do conhecimento no
Brasil, na região neotropical e no mundo. Para tornar o material mais informativo, solicitamos que o
texto fizesse referência a catálogos, chaves de identificação, coleções, especialistas, revisões mais
importantes, papel ecológico e importância econômica.
Os textos que nos foram apresentados não sofreram revisão de conteúdo, expressando fielmente
as opiniões dos especialistas autores. Nosso papel como editores foi buscar, além da composição de um
painel o mais amplo possível para uma diagnose sobre o conhecimento sobre "Invertebrados Terrestres"
no estado e no país, uma mínima uniformização de linguagem.
CRFB
EMC
AGRADECIMENTOS DOS
EDITORES DO VOLUME
O Workshop "Bases para a Conservação da Biodiversidade do Estado de São Paulo" não teria
se realizado sem o suporte financeiro da FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Processo no 97/01606-5). Somos profundamente gratos à FAPESP, como os editores dos outros
volumes desta série, pelo seu contínuo e crescente envolvimento com as questões da biodiversidade de
fungos, plantas e animais do estado de São Paulo e pelo valioso suporte para a materialização do
Workshop e desta publicação (Processo 98/07196-6).
Somos especialmente gratos aos autores dos capítulos, que, compreendendo a importância
desta iniciativa, tiveram muitas vezes que voltar às fontes originais e/ou às coleções zoológicas para
melhor instruir seus textos. Vários ainda tiveram tempo exíguo para responder à nossa solicitação,
mesmo porque não foi possível contatar todos ao mesmo tempo.