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BRUNO VANDERLINDE DAMASIO

A qualidade ambiental do Sistema Estuarino de Santos, São Vicente


e Bertioga avaliada por um bioindicador: foraminíferos bentônicos

São Paulo
2021
BRUNO VANDERLINDE DAMASIO

A qualidade ambiental do Sistema Estuarino de Santos, São Vicente


e Bertioga avaliada por um bioindicador: foraminíferos bentônicos

Dissertação apresentada ao Instituto Oceanográfico


da Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Ciências, Programa de Oceanografia, área de
Oceanografia Geológica.

Orientadora: Prof. Dra. Silvia Helena de Mello e


Sousa

São Paulo
2021
DAMASIO, Bruno Vanderlinde. A qualidade ambiental do Sistema Estuarino de
Santos, São Vicente e Bertioga avaliada por um bioindicador: foraminíferos bentônicos.
Dissertação (Mestrado) apresentada ao Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em Ciências, Programa de Oceanografia, área de
Oceanografia Geológica.

Aprovado em: 10 de junho de 2021.

Versão Corrigida

Banca Examinadora

Profa. Dra. Silvia Helena de Mello e Sousa (Orientadora e Presidente)


Instituição: Universidade de São Paulo – USP

Julgamento: Aprovado Assinatura__________________________

Profa. Dra. Carla Van Der Haagen Custodio Bonetti


Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Julgamento: Aprovado Assinatura__________________________

Prof. Dr. José Eduardo Bevilacqua


Instituição: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB

Julgamento: Aprovado Assinatura__________________________


Aos que creem na ciência.
AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, e da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo número 2019/13833-7. As
opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de
responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a visão da CAPES ou da FAPESP.
Agradeço, primeiramente, à minha orientadora Profa. Dra. Silvia Helena de Mello e
Sousa por me apresentar ao fascinante mundo dos foraminíferos, por todos os seus valiosos
ensinamentos e pela confiança em deixar este projeto tão precioso sob minha responsabilidade.
Em segundo, agradeço aos meus amigos de laboratório Bia, Márcio, Amanda e
Gustavo, que sempre estiveram ao meu lado nesta empreitada foraminiferológica. Sem eles,
esta saga não teria sido tão boa. Agradeço também à Thaisa, à Cíntia, e a todos os colegas do
LABI por toda a ajuda laboratorial e de identificação.
Muito obrigado à Profa. Dra. Márcia C. Bícego e ao Felipe R. Santos por toda a ajuda,
disponibilidade e ensinamentos nas determinações dos compostos orgânicos, e ao Prof. Dr.
Eduardo Siegle pela ajuda com o modelo de salinidade de fundo.
Agradeço ao Alexandre e ao Jasão por me ajudarem nos campos de coleta, e à Profa.
Dra. Elisabete de S. B. G. Saraiva, por me deixar pegar “carona” no B/Pq. Alpha Delphini
durante o trabalho de campo da sua disciplina.
Agradeço ao Edilson e ao Elvis pela ajuda nas análises granulométricas e de COT, e
ao ColBio e à Dra. Monica Petti pelo empréstimo do estereomicroscópio Nikon SMZ800.
Agradeço também à Maria, ao Breno, à Isa 老师 e ao Ivan por deixarem os meus dias
mais leves e alegres, sempre com muitos memes.
Por fim, um agradecimento especial à minha família, Luciana, Fabio e Gabriel, que
sempre me apoiaram e incentivaram em todas as empreitadas da vida.
“Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
(BRASIL, 1988)
RESUMO

DAMASIO, Bruno Vanderlinde. A qualidade ambiental do Sistema Estuarino de


Santos, São Vicente e Bertioga avaliada por um bioindicador: foraminíferos bentônicos.
2021. 177f. Dissertação (Mestrado) – Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2021.

Estuários localizados em regiões altamente urbanizadas estão sujeitos aos mais diversos
impactos antrópicos. No Brasil, metodologias para a avaliação da qualidade ambiental desses
ambientes ainda não são muito bem estabelecidas. À vista disso, foraminíferos bentônicos vivos
foram avaliados como bioindicadores potenciais da qualidade ambiental no Sistema Estuarino
de Santos, São Vicente e Bertioga – um sistema no litoral paulista altamente impactado
antropicamente – para estudos e monitoramentos ambientais por órgãos fiscalizadores e
reguladores. Para isso, foraminíferos bentônicos foram analisados em triplicata em vinte e uma
estações, conjuntamente com a análise de parâmetros sedimentológicos e geoquímicos
(granulometria, CaCO3, matéria orgânica e carbono orgânico total – COT) e antrópicos
(hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, alquilbenzenos lineares e coprostanol – indicadores
químicos de poluição por esgoto), para verificar os possíveis estressores à fauna. Ademais, um
modelo hidrodinâmico tridimensional foi utilizado para obter os valores mínimos, máximos, e
a variação média da salinidade da água de fundo. Os índices ambientais para foraminíferos
EcoQS, FSI e %TSstd foram aplicados pela primeira vez nesse ambiente. Verificou-se que os
foraminíferos são bioindicadores eficientes para esse estuário, sendo propostos seis
compartimentos ecológicos que possuem condições oceanográficas e de contaminação
diferentes agindo sobre a fauna. O primeiro, Alto Estuário, possui alta contaminação por
hidrocarbonetos e qualidade ambiental ruim. A espécie Ammonia sp.1 mostrou-se oportunista
e dominante nesse ambiente. O segundo, Canal de Bertioga, apresenta altos valores de COT e
a maior variação de salinidade no estuário. Assim, impactos naturais acarretaram uma qualidade
ambiental ruim, mas influências antrópicas, como introdução de esgoto e maior intrusão salina
pelas modificações estruturais no Canal de Santos, não são descartadas. A fauna de
foraminíferos foi marcada pelas espécies aglutinantes Haplophragmoides tenuis, Trochammina
hadai e Paratrochammina clossi. O terceiro, Canal de Santos, apresenta a melhor qualidade
ambiental do estuário. Nesse ambiente, baixas variações nos parâmetros oceanográficos e pouca
contaminação favoreceram uma assembleia com alta abundância de Bulimina elongata,
Bolivina striatula e Pseudotriloculina patagonica. Contudo, mudanças estruturais no Canal
pelas atividades portuárias podem alterar a hidrodinâmica natural desse ambiente. O quarto,
Baía de Santos, apresenta condições naturais mais marinhas e influência de contaminação por
esgoto. Entretanto, apresentou qualidade ambiental boa e assembleia de foraminíferos com alta
abundância de B. striatula e Pararotalia cananeiaensis. O quinto, Canal de São Vicente, apesar
de apresentar condições mais marinhas, com sedimento arenoso, pouco COT e menor aporte de
contaminantes (em especial esgoto), a assembleia de foraminíferos encontrada mostrou-se
pobre, composta principalmente por Cribroelphidium excavatum e Ammonia sp.1, não
indicando condições propícias ao desenvolvimento da fauna. O sexto compartimento é o de
transição, apresentando características mistas dos outros compartimentos, com altas
contaminações e variações nos parâmetros naturais, não sendo possível estabelecer uma
assembleia e qualidade ambiental características. Acredita-se que nessa região os parâmetros
são muito variáveis. Recomenda-se a aplicação conjunta em sistemas estuarinos dos três índices
ambientais utilizados visto que as informações adquiridas pela análise dos índices são
complementares, possibilitando uma avaliação da qualidade ambiental mais robusta.

Palavras-chave: Foraminíferos. Bioindicadores. Estuários. Poluentes. Índice


Ambiental.
ABSTRACT

DAMASIO, Bruno Vanderlinde. The environmental quality of the Santos, Sao


Vicente and Bertioga Estuarine System assessed by a bioindicator: benthic foraminifera.
2021. 177p. Master’s Thesis (Master of Science) – Oceanographic Institute, University of Sao
Paulo, Sao Paulo, 2021.

Estuaries located in highly urbanized regions are subject to the most diverse anthropic impacts.
In Brazil, methodologies for assessing the environmental quality of these environments are not
yet well established. Therefore, living benthic foraminifera were evaluated as potential
bioindicators of the environmental quality in the Santos, Sao Vicente and Bertioga Estuarine
System – a system located on the Sao Paulo State coast with many anthropic impacts – for
studies and environmental management by inspection and regulatory agencies. For that, benthic
foraminifera were analyzed in triplicate in twenty-one stations, together with sedimentological
and geochemical analysis (granulometry, CaCO3, organic matter and total organic carbon –
TOC) and anthropic (aliphatic and aromatic hydrocarbons, linear alkylbenzenes and
coprostanol – chemical indicators of sewage pollution) to check possible fauna stressors.
Additionally, a three-dimensional hydrodynamic model was used to obtain the minimum,
maximum, and the average variation in the salinity of the bottom water. The environmental
indexes for foraminifera EcoQS, FSI and% TSstd were applied for the first time in this
environment. It was found that foraminifera are efficient bioindicators for this estuary. Six
ecological compartments, which have different natural and contamination conditions acting on
the fauna, are proposed. The first, Upper Estuary, which has high contamination by
hydrocarbons and poor environmental quality. The species Ammonia sp.1 proved to be
opportunistic and dominant in this environment. The second, Bertioga Channel, which has
extremely high TOC values and the greatest variation in salinity in the whole estuary. Thus,
natural impacts have led to poor environmental quality, but anthropic influences, such as the
introduction of sewage and greater saline intrusion due to structural changes in the Santos
Channel, are not ruled out. The foraminifera fauna presented agglutinating species
Haplophragmoides tenuis, Trochammina hadai and Paratrochammina clossi. The third, Santos
Channel, presented the best environmental quality in the estuary. There, low variations in
natural parameters and little contamination favored an assemblage with a high abundance of
Bulimina elongata, Bolivina striatula and Pseudotriloculina patagonica. However, structural
changes in the Channel due to port activities can alter the natural hydrodynamics of that
environment. The fourth, Santos Bay, has more marine natural conditions, and was influenced
by sewage contamination. However, it presented good environmental quality and an
assemblage of foraminifera with a high abundance of B. striatula and Pararotalia
cananeiaensis. The fifth, Sao Vicente Channel, presented more marine conditions, with sandy
sediment, little TOC and less input of contaminants (especially sewage), but the foraminifera
assembly found was poor, mainly composed of Cribroelphidium excavatum and Ammonia sp.1,
indicating bad conditions to the development of fauna. The sixth is the transition compartment,
presenting mixed characteristics of the other compartments, with high contamination and
variations in natural parameters. It is not possible to establish an assemblage and a characteristic
environmental quality for this region. It is believed that in this region the parameters are very
variable. It is recommended the joint application of these three environmental indices used for
estuarine systems, since results acquired by the analysis of the indices are complementary,
enabling a more robust environmental quality assessment.

Keywords: Foraminifera. Bioindicators. Estuaries. Pollutants. Environmental Index.


摘要

DAMASIO, Bruno Vanderlinde. 由生物指标评估的桑托斯,圣维森特和贝尔蒂奥


加河口系统的环境质量: 底栖有孔虫. 2021. 177页. 论文(硕士) – 海洋研究所, 圣保罗大学,
圣保罗, 2021.

位于高度城市化地区的河口受到最多样化的人类影响。在巴西评估这些环境的环境质
量的方法尚不完善。因此活底栖有孔虫被评估为桑托斯,圣维森特和贝尔蒂奥加河口(系
统位于圣保罗州海岸,对人类有很多影响)用于检查和监管机构的研究和环境管理。为
此在二十一个站点一式三份地分析了底栖有孔虫,并进行了沉积学和地球化学分析: 粒
度分析法, CaCO3, 有机物和总有机碳TOC 和人类: 烃类脂族和多环芳族化合物,直链烷
基苯和粪便固醇它们是污水污染的化学指标 检查动物的压力源。此外使用三维水动力
模型来获得底部水盐度的最小最大和平均变化. 在此环境中首次应用了有孔虫EcoQS,
FSI和%TSstd的环境指数. 发现有孔虫是该河口的有效生物指示剂。提出了六个生态区
划它们对动物区系具有不同的自然和污染条件。第一个是上河口它被碳氢化合物污染
高环境质量差。在这种环境下 Ammonia sp.1物种被证明是机会主义和占主导地位的。
第二个通道是贝尔蒂奥加通道,它的TOC值很高,并且整个河口的盐度变化最大。因
此自然影响导致了不良的环境质量,但是人类影响(例如污水的引入和由于桑托斯海
峡的结构变化而导致的更大的盐分入侵)却不排除在外。有孔虫动物群中有凝集的物
种Haplophragmoides tenuis,Trachammina hadai和Paratrochammina clossi。第三桑托斯
海峡呈现了河口中最好的环境质量。 那里自然参数的低变化和极少的污染使这种组合
具有很高的 Bulimina elongata,Bolivina striatula和Pseudotriloculina patagonica的丰度。
但是由于港口活动而引起的海峡结构变化可能正在改变环境的自然流体动力学。第四
桑托斯湾拥有更多的海洋自然条件并受到污水污染的影响。然而它表现出良好的环境
质量和有孔虫的组合,其中有大量的 B. striatula和 Pararotalia cananeiaensis。 第五个是
圣维森特海峡海洋条件更多,含沙沉积物, TOC少,污染物(尤其是污水)的输入较
少但发现的有孔虫组件很差主要由 Cribroelphidium exavatum和 Ammonia sp.1组成 这说
明动物区系的发展状况恶劣。第六个是过渡隔室具有其他隔室的混合特性具有较高的
污染度和自然参数的变化。无法确定该区域的有孔虫种群和环境质量。相信在该区域
中参数是非常可变的。建议结合使用用于河口系统的三个环境指标因为通过对这些指
标的分析所获得的结果是互补的从而可以进行更可靠的环境质量评估。

关键词:有孔虫。 生物指示剂。 河口。 污染物。环境指数。


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Forças motrizes, Pressões, Estado e Impactos relativos às grandes cidades na zona costeira. Modificado
de SEKOVSKI et al. (2012). ................................................................................................................................... 2
Figura 2 – A abordagem DPSIR mostrando as relações entre as variáveis de resposta das forças motrizes, pressões,
estado, impactos e respostas. Modificado de EEA (1999)....................................................................................... 3
Figura 3 – Modelo conceitual incluindo processos físicos, químicos e biológicos que afetam a distribuição,
persistência e mobilidade de contaminantes nas zonas costeiras. Modificado de CASTRO (2019). ...................... 9
Figura 4 – Cribroelphidium excavatum em laboratório utilizando os pseudopodia para locomoção e agregar grãos
de sedimentos. As fotos mostram uma sequência temporal. Fotos sem escala. Fonte: autor. ............................... 14
Figura 5 – Esquema das principais etapas nos procedimentos de estudos e monitoramentos biológicos tradicionais.
Modificado de PAWLOWSKI et al. (2018). ......................................................................................................... 18
Figura 6 – Mapa da localização do Sistema Estuarino de Santos, São Vicente e Bertioga e localização das amostras
coletadas (S1 a S5 no Alto Estuário, S6 a S10 no Canal de Santos, S11 na Baía de Santos, B1 a B5 no Canal de
Bertioga e SV1 a SV5 no Canal de São Vicente. .................................................................................................. 20
Figura 7 – Velocidades longitudinais (m/s) da superfície para marés de sizígia e de quadratura; condições de
enchente e vazante. Painel esquerdo: todo o estuário; Painel central: Canais de Santos e São Vicente; Painel direito:
Canal de Bertioga. Fonte: SEILER et al. (2020). .................................................................................................. 22
Figura 8 – Trajetórias de derivadores lagrangianos simulados no canal estuarino de Santos por um período de ~16
dias, cobrindo as condições da maré de quadratura e de sizígia. Fonte: DAMASIO et al. (2020). ....................... 23
Figura 9 – Campos das regiões de deposição e erosão do SESSVBE. As cores azuis e vermelhas representam os
valores de transporte em mm/dia, as setas as direções residuais do transporte. Fonte: CONTE (2016). .............. 25
Figura 10 – Cobertura Vegetal do SESSVBE. Elaborado pelo autor. ................................................................... 26
Figura 11 – Carta náutica do SESSVBE mostrando a região dragada do Porto e Canal de Piaçaguera (azul claro).
............................................................................................................................................................................... 28
Figura 12 – Áreas Contaminadas e Reabilitadas na região do SESSVBE - Ano 2019. Elaborado pelo autor. ..... 30
Figura 13 – Aglomerados subnormais no SESSVBE. Elaborado pelo autor. ........................................................ 31
Figura 14 – Estrutura analítica deste estudo em uma abordagem DPSIR para avaliar a qualidade ambiental do
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 32
Figura 15 – Testemunhador utilizado na primeira e na terceira campanhas (Esquerda) e multiple-corer utilizado
na segunda campanha (Direita) para coleta de sedimento superficial no SESSVBE. Fonte: autor. ...................... 34
Figura 16 – Mapa com a frequência de indivíduos de foraminíferos bentônicos com os tipos de carapaça hialino,
aglutinante e porcelanáceo por estação no SESSVBE. .......................................................................................... 49
Figura 17 – Box-plot para densidade de foraminíferos em cada ambiente do SESSVBE, mostrando os valores
mínimos, médios e máximos para todas as réplicas e para a média entre as réplicas por estação. ........................ 50
Figura 18 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de densidade média entre as réplicas por estação de
indivíduos de foraminíferos bentônicos (nº ind./50cm³) no SESSVBE. ................................................................ 51
Figura 19 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Ammonia no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 53
Figura 20 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Ammonia sp1 no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 54
Figura 21 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Cribroelphidium spp no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 55
Figura 22 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Cribroelphidium excavatum
no SESSVBE. ........................................................................................................................................................ 55
Figura 23 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bolivinitidae no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 56
Figura 24 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bolivina striatula no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 57
Figura 25 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bulimina elongata no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 58
Figura 26 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Nonionella opima no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 58
Figura 27 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Haplophragmoides tenuis
no SESSVBE. ........................................................................................................................................................ 59
Figura 28 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Paratrochammina clossi no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 60
Figura 29 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Trochammina hadai no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 61
Figura 30 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Pseudotriloculina
paragonica no SESSVBE...................................................................................................................................... 62
Figura 31 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos
em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal de Bertioga. O valor acima dos gráficos representa a densidade (nº
ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada
amostras, e as cores são referentes à classificação do EcoQS. .............................................................................. 63
Figura 32 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos
em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal de São Vicente. O valor acima dos gráficos representa a densidade
(nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para
cada amostras, e as cores são referentes à classificação do EcoQS. ...................................................................... 64
Figura 33 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos
em cada réplica (a, b, c) das amostras do Alto Estuário. O valor acima dos gráficos representa a densidade (nº
ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada
amostras, e as cores são referentes à classificação do EcoQS. .............................................................................. 65
Figura 34 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos
em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal e Baía de Santos. O valor acima dos gráficos representa a densidade
(nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para
cada amostras, e as cores são referentes à classificação do EcoQS. ...................................................................... 66
Figura 35 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de riqueza de foraminíferos bentônicos no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 71
Figura 36 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de diversidade de Shannon de foraminíferos bentônicos
no SESSVBE. ........................................................................................................................................................ 71
Figura 37 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de dominância de foraminíferos bentônicos no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 72
Figura 38 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de equitabilidade de foraminíferos bentônicos no
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 72
Figura 39 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice EcoQS no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 74
Figura 40 – Relação entre abundância relativa das principais espécies (eixo y, %) e COT (eixo x, %) para
classificação nos grupos sensíveis (Sen) ou tolerantes (Str). X azul representa amostras com predominância de
areia e pontos pretos representa amostras com predominância de lama. ............................................................... 76
Figura 41 – Relação entre abundância relativa das principais espécies (eixo y, %) e COT (eixo x, %) para
classificação nos grupos sensíveis (Sen) ou tolerantes (Str). X azul representa amostras com predominância de
areia e pontos pretos representa amostras com predominância de lama (Continuação). ....................................... 77
Figura 42 – Gráfico apresentando os valores de FSI para cada réplica (a, b, c). As cores são referentes à
classificação do FSI. .............................................................................................................................................. 80
Figura 43 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice FSI no SESSVBE. .. 81
Figura 44 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice %TSstd no SESSVBE.
............................................................................................................................................................................... 82
Figura 45 – Porcentagem de espécies tolerantes ao estresse versus a porcentagem de partículas <63 μm nas
diferentes estações estudadas. A linha de tendência polinomial de ordem 2 representa a porcentagem de espécies
tolerantes ao estresse em condições naturais sem impacto. ................................................................................... 83
Figura 46 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de sedimentos finos (silte + argila)
por estação no SESSVBE. ..................................................................................................................................... 85
Figura 47 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de matéria orgânica no sedimento
por estação no SESSVBE. ..................................................................................................................................... 85
Figura 48 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de carbonato de cálcio no sedimento
por estação no SESSVBE. ..................................................................................................................................... 86
Figura 49 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de carbono orgânico total (COT) no
sedimento por estação no SESSVBE. .................................................................................................................... 86
Figura 50 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de HPAs Totais (em ng/g) no
sedimento por estação no SESSVBE ..................................................................................................................... 88
Figura 51 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração dos 16 HPAs Prioritários da USEPA
(em ng/g) no sedimento por estação no SESSVBE ............................................................................................... 89
Figura 52 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de AHs Totais (em µg/g) no
sedimento por estação no SESSVBE. .................................................................................................................... 90
Figura 53 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de UCM (em µg/g) no sedimento por
estação no SESSVBE. ........................................................................................................................................... 91
Figura 54 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores da razão UCM/Hidrocarbonetos Alifáticos Resolvidos
no sedimento por estação no SESSVBE. ............................................................................................................... 91
Figura 55 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentrações totais de LABs (em ng/g) nas
estações do SESSVBE. .......................................................................................................................................... 92
Figura 56 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de coprostanol (em µg/g) no sedimento por estação
no SESSVBE. ........................................................................................................................................................ 93
Figura 57 – Mapa mostrando os resultados do modelo de salinidade de fundo por estação no SESSVBE. No topo,
diferença entre salinidade máxima e mínima, no centro salinidade máxima e na base salinidade mínima. .......... 95
Figura 58 – Análise de agrupamento hierárquico modo-Q com ligação de Ward, índice euclidiano e transformação
dos dados do tipo log (x+1) com base na densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais,
AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI
e %TSstd) por estação do SESSVBE. ................................................................................................................... 99
Figura 59 – PCA 1 utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs
totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol (Cop) e índices ambientais para foraminíferos
(EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com transformação dos dados do tipo log (x+1). ............... 100
Figura 60 – Loading plot da primeira componente principal da PCA 1, utilizando os parâmetros de densidade de
foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de
coprostanol (Cop) e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com
transformação dos dados log (x+1). .................................................................................................................... 101
Figura 61 – Loading plot da segunda componente principal da PCA 1, utilizando os parâmetros de densidade de
foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de
coprostanol (Cop) e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com
transformação dos dados log (x+1). .................................................................................................................... 102
Figura 62 – PCA 2 utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs
totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol (Cop) e abundância relativa das espécies
Ammonia sp.1, Ammonia tepida, Bolivina striatula, Bulimina elongata, Cribroelphidium excavatum,
Haplophragmoides tenuis, Nonionella opima, Paratrochammina clossi, Pseudotriloculina patagonica e
Trochammina hadai por estação do SESSVBE, com transformação dos dados do tipo log (x+1). .................... 103
Figura 63 – Localização das fontes de poluição associadas ao saneamento básico no SESSVBE em 1999.
Modificado de CETESB (2001). ......................................................................................................................... 113
Figura 64 – Proposta de compartimentação ecológica do SESSVBE com base na distribuição das assembleias de
foraminíferos, parâmetros naturais, antrópicos e qualidade ambiental. ............................................................... 120
Figura 65 – Compartimentação ecológica do SESSVBE estabelecida por BONETTI (2000) (esquerda) e neste
estudo (direita)..................................................................................................................................................... 121
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Informações de localização geográfica e profundidade nas estações de amostragem no SESSVBE. . 33


Tabela 2 – Critérios adotados para definir o Status de Qualidade Ecológico baseado em Exp (H'bc) (BOUCHET;
GOBERVILLE; FRONTALINI, 2018), com a cor da qualidade associada. ......................................................... 43
Tabela 3 – Critérios adotados para classificar a qualidade ambiental de acordo com o índice FSI de acordo com
DIMIZA et al. (2016), com a cor da qualidade associada. .................................................................................... 43
Tabela 4 – Teste de Kruskal-Wallis à esquerda e Teste de Friedman à direita. Valores em vermelho mostram p-
value<0,05 rejeitando a hipótese nula. .................................................................................................................. 47
Tabela 5 – Teste post hoc de Wilcoxon com correção de Bonferroni para o p-value. Valores em vermelho possuem
p-value<0,05 rejeitando a hipótese nula. ............................................................................................................... 48
Tabela 6 – Tipos de carapaça e abundância relativa de foraminíferos por estação no SESSVBE. ....................... 67
Tabela 7 – Referência taxonômica das espécies identificadas, abundância absoluta, soma e frequência total de
espécies de foraminíferos por estação no SESSVBE. ........................................................................................... 68
Tabela 8 – Valores médios por estação dos índices ecológicos de Riqueza, Densidade, Dominância, Simpson,
Shannon e Equitabilidade por estação no SESSVBE. ........................................................................................... 70
Tabela 9 – Valores dos índices ambientais EcoQS, FSI e %TSstd para foraminíferos bentônicos por estação do
SESSVBE. ............................................................................................................................................................. 74
Tabela 10 – Classificação das espécies de foraminíferos encontradas entre os grupos “Sen” e “Str” de acordo com
a tolerância/sensibilidade ao enriquecimento orgânico, e comparação com a classificação feita por outros estudos.
Para os estudos que utilizaram o índice Foram-AMBI, os grupos I e II (G1 e G2) estão classificados como grupo
Sen, e os grupos III, IV e V (G3, G4 e G5) como o grupo Str............................................................................... 78
Tabela 11 – Valores em porcentagem de sedimentos finos (silte + argila), matéria orgânica (MO), carbonato de
cálcio (CaCO3) e carbono orgânico total (COT) por estação no SESSVBE.......................................................... 84
Tabela 12 – Resultados das concentrações de HPAs Totais (ng g-1), 16 HPAs prioritários (ng g-1), Alifáticos Totais
(µg g−1), Mistura Complexa Não Resolvida (UCM) (µg g −1), LABs Totais (ng g-1), Coprostanol (µg g−1) e razão
UCM/Alifáticos resolvidos por estação no SESSVBE. ......................................................................................... 87
Tabela 13 – Resultados do modelo de salinidade de fundo para o SESSVBE, apresentando salinidade mínima,
máxima e variação de salinidade (δ Salinidade) por estação. ................................................................................ 94
Tabela 14 – Concentrações de HPAs totais, em ng g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em três estudos
anteriores, em outras três regiões costeiras brasileiras e em seis ao redor do mundo. ......................................... 106
Tabela 15 – Concentrações de AHs totais e UCM, em µg g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em quatro
estudos anteriores, em outras duas regiões costeiras brasileiras e em três ao redor do mundo. .......................... 107
Tabela 16 – Concentrações de LABs totais, em ng g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em um estudo
anterior, em outras duas regiões costeiras brasileiras e em seis ao redor do mundo. .......................................... 109
Tabela 17 – Concentrações de coprostanol, em µg g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em um estudo
anterior, em outras duas regiões costeiras brasileiras e em três ao redor do mundo. ........................................... 111
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A. Ammonia
a.C. Anno Domini
AHs Hidrocarbonetos alifáticos
AMBI AZTI’s Marine Biotic Index
ANOVA Análise de variância
B. Bulimina ou Bolivina
BioFom I Workshop sobre Biomonitoramento no Brasil: Foraminíferos e seu uso em
avaliação ambiental
BSTFA Bis (trimetilsilil) trifluoroacetamida)
BTP Brasil Terminal Portuário
C. Cribroelphidium
CA Cluster analysis
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
cm Centímetro
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
Cop Coprostanol
COT Carbono orgânico total
COVID-19 COrona VIrus Disease 2019
D Dominância de Simpson
DCOIT 4,5-dicloro-2-octil-isotiazolona
DDT Diclorodifeniltricloroetano
DP Dubai Ports World Santos
DPSIR Drivers – pressure – state – impact – response
EcoQS Ecological Quality Status (Indicador de Qualidade Ambiental)
e.g. exempli gratia (por exemplo)
EMBRAPORT Empresa Brasileira Terminais Portuários
Exp Exponencial
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FI FoRAM Index
FOBIMO FOraminiferal BIo-MOnitoring
FSI Foram Stress Index
g Grama
GC-FID Cromatógrafo a gás acoplado a um detector de ionização de chama
GC-MS/MS Cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massa com triplo quadrupolo
h Hora
H. Haplophragmoides
HPAs Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
H’ Diversidade de Shannon-Wiener
H'bc Índice de Shannon com enviesamento corrigido
H0 Hipótese nula
H1 Hipótese alternativa
IAEA International Atomic and Energy Agency
IDW Ponderação pelo Inverso da Distância
ind. Indivíduo
IOUSP Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
J’ Equitabilidade de Pielou
Km Quilômetro
LABs Alquilbenzenos lineares
LASs Alquilbenzenos lineares sulfonados
log Logaritmo
LQ Limite de quantificação
m Metro
M-AMBI AMBI multivariado
max Máximo
min Minuto
mL Mililitro
mm Milímetro
MO Matéria orgânica
MRM Múltiplas reações
MSFD EU Marine Strategy Framework Directive
Mt Megatonelada
ng Nanograma
ODS Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
ONU Organização das Nações Unidas
p Coeficiente de distância
P. Paratrochammina, Pararotalia ou Pseudotriloculina
PCA Análise de componentes principais
PCBs Bifenilas policloradas
pH Potencial hidrogeniônico
PIB Produto interno bruto
POPs Poluentes orgânicos persistentes
ref Referência
s Segundo
Sen Grupo de espécies sensíveis ao estresse
SESSVBE Sistema Estuarino de Santos, São Vicente e Bertioga
sp. Espécie
spp. Espécies
Str Grupo de espécies tolerantes ao estresse
t Tonelada
TBT Tributil estanho
TMCS Trimetilclorossilano
TOC Total organic carbon
UCM Mistura complexa não resolvida
USEPA United States Environmental Protection Agency
USP Universidade de São Paulo
UV Ultravioleta
v Volume
WFD EU Water Framework Directive
WGS84 World Geodetic System 1984
WORMS World Register of Marine Species
Zn Zinco
μm Micrômetro
ºC Grau Celsius
%TSstd Porcentagem de espécies tolerantes
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................1
2 OBJETIVO ...................................................................................................................................6

2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................6


2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................6

3 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................................7

3.1 ESTUÁRIOS .................................................................................................................7


3.2 BIOINDICADORES .....................................................................................................10
3.3 FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS COMO BIOINDICADORES EM REGIÕES COSTEIRAS ...12
3.4 ÍNDICES AMBIENTAIS COM FORAMINÍFEROS ............................................................17

4 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................................................20

4.1 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL...............................................................................21


4.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL .....................................................................26

5 METODOLOGIA ......................................................................................................................32

5.1 PROCEDIMENTOS DO ESTUDO ..................................................................................32


5.2 AMOSTRAGEM DE SEDIMENTO .................................................................................33
5.2.1 Amostragem para foraminíferos ........................................................................34
5.2.2 Amostragem para análises sedimentológicas e geoquímicas orgânicas ...........35
5.3 ANÁLISE DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS .............................................................36
5.4 ANÁLISES SEDIMENTOLÓGICAS ...............................................................................36
5.5 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT) ........................................................................37
5.6 HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS (AHS) E POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAS),
ESTERÓIS E LABS ....................................................................................................38

5.7 MODELO HIDRODINÂMICO TRIDIMENSIONAL .........................................................39


5.8 ANÁLISE DOS DADOS ...............................................................................................40
5.8.1 Tratamento estatístico para foraminíferos bentônicos ......................................40
5.8.2 Índices ecológicos para foraminíferos ...............................................................41
5.8.3 Índices ambientais para foraminíferos...............................................................42
5.8.4 Classificação dos grupos de espécies de acordo com a tolerância/sensibilidade
ao enriquecimento orgânico...............................................................................44
5.8.5 Análise de dados multivariados .........................................................................45
5.9 MAPAS .....................................................................................................................46

6 RESULTADOS ..........................................................................................................................47
6.1 FORAMINÍFEROS VIVOS ............................................................................................47
6.1.1 Réplicas ..............................................................................................................47
6.1.2 Fauna .................................................................................................................48
6.1.3 Índices ecológicos ..............................................................................................70
6.1.4 Índices ambientais para foraminíferos...............................................................73
6.2 CARACTERÍSTICAS DO SEDIMENTO ..........................................................................83
6.3 ORGÂNICOS ..............................................................................................................87
6.3.1 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos ..........................................................87
6.3.2 Hidrocarbonetos alifáticos e mistura complexa não resolvida ..........................89
6.3.3 Alquilbenzenos lineares......................................................................................92
6.3.4 Esteróis ...............................................................................................................93
6.4 MODELO DE SALINIDADE .........................................................................................94
6.5 ANÁLISE MULTIVARIADA.........................................................................................96

7 DISCUSSÃO.............................................................................................................................104

7.1 COMPONENTES ANTRÓPICAS .................................................................................104


7.2 COMPONENTES NATURAIS .....................................................................................112
7.3 FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS DO SESSVBE ........................................................114
7.4 FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS SÃO BONS BIOINDICADORES PARA O SESSVBE? .122
7.5 FUTUROS DESAFIOS................................................................................................124

8 CONCLUSÃO ..........................................................................................................................128
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................130
APÊNDICE A – PRANCHAS COM FOTOS..................................................................................144
APÊNDICE B – DETERMINAÇÕES QUÍMICAS ....................................................................14452
1

1 INTRODUÇÃO

Os oceanos ocupam mais de 70% da superfície terrestre e são essenciais para a vida
humana, uma vez que são fontes de alimento, energia, minerais e medicamentos para as pessoas
(BEAUMONT et al., 2007; ERCOLANO; DE CICCO; IANARO, 2019; HOEGH-
GULDBERG; et al., 2014; MAYER et al., 2009). Além disso, atuam na regulagem do clima da
Terra, abrigam a maior diversidade de vida e ecossistemas do planeta, possuem funções
regulatórias no controle de poluição, proteção contra tempestades, controle de enchentes e
estabilização da costa, e são um importante provedor de serviços econômicos e sociais, como
recreação, turismo, empregos e meio de transporte (BARBIER, 2017; COLGAN, 2013;
COSTANZA, 1999; COSTELLO; CHAUDHARY, 2017; HOEGH-GULDBERG; et al., 2014;
MORA et al., 2011; REID et al., 2009). Os oceanos ainda possuem uma grande importância
cultural, com significado religioso para algumas populações, e são parte do “modo de vida”
para outras. Algumas comunidades indígenas e tradicionais, por exemplo, transmitem esse
“modo de vida” como legado às gerações futuras, uma vez que muitos veem o seu patrimônio
cultural e conhecimento tradicional ligados ao ambiente em que vivem (BARBIER, 2017;
VIERROS et al., 2020).
Apesar de sua grande importância, que deveria implicar em uma constante proteção,
ambientes marinhos são afetados negativamente por múltiplos estressores antrópicos, como
pesca predatória, aquicultura, agricultura oceânica, contaminações, doenças, mudanças
climáticas, acidificação, perda de habitat, introdução de espécies invasoras, eutrofização,
hipóxia, exploração e explotação de recursos minerais, mudanças na sedimentação e na entrada
de água doce (BRANDER et al., 2010; CRAIN et al., 2009; GELCICH et al., 2014; HALPERN
et al., 2007, 2008, 2019; JACKSON et al., 2001).
Como grandes parcelas das populações humanas estão concentradas ao longo dos
ambientes costeiros (40% da população vive até 100 km da costa (CIESIN, 2010)), os
ecossistemas dessas regiões estão entre os mais impactados em todo o mundo, sendo hotspots
de vulnerabilidade (ADGER et al., 2005; NEWTON; CARRUTHERS; ICELY, 2012). As
grandes cidades costeiras, que abrigam a maior parcela dessa população, impactam os
ambientes marinhos com conflitos de uso nas áreas costeiras e atividades de turismo em massa,
bem como com problemas ocasionados por obras de engenharia (cais, diques, espigões, quebra-
mares, molhes, etc.), que modificam a circulação das águas e o substrato com mudanças nas
dinâmicas sedimentares e de intrusão de água salgada, podendo ocasionar erosão costeira e
subsidência dessas áreas (Figura 1) (BULLERI; CHAPMAN, 2010; CRAIN et al., 2009; LI,
2

2003; SEKOVSKI; NEWTON; DENNISON, 2012). Além disso, as atividades antrópicas das
grandes cidades liberam uma ampla gama de poluentes para o ambiente, como metais traço,
poluentes orgânicos persistentes (POPs), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs),
solventes halogenados, solventes aromáticos, combustíveis automotivos, biocidas anti-
incrustantes, antibióticos e outros fármacos para uso humano e veterinário, produtos de higiene
e de cuidados pessoais, hormônios, drogas ilícitas, dentre outros (ABREU et al., 2020;
CANTWELL et al., 2019; EMNET et al., 2015; FONTES et al., 2019; PENG et al., 2020;
PEREIRA et al., 2016; PUSCEDDU et al., 2019; YANG et al., 2020).

Figura 1 – Forças motrizes, Pressões, Estado e Impactos relativos às grandes cidades na zona costeira. Modificado de
SEKOVSKI et al. (2012).

Os ambientes marinhos costeiros também estão sujeitos a impactos causados por


desastres naturais e provenientes de mudanças climáticas, como os causados por climas
extremos (furacões, ciclones, tsunamis, ressacas), proliferação de algas nocivas, aumento da
exposição UV, aumento da temperatura, alterações físico-químicas e aumento do nível do mar
(ADGER et al., 2005; COCHARD et al., 2008; GESELBRACHT et al., 2015; GOBLER, 2020;
GRIFFITH; GOBLER, 2020; HARLEY et al., 2006; SCHAEFER et al., 2020; STOKSTAD,
2005).
As degradações e esgotamentos ocasionados por esses múltiplos estressores,
juntamente com os impactos sociais, de saúde e econômicos associados, geraram numerosos
esforços de cooperação nacional e internacional para levantar opções e soluções para trazer os
3

oceanos de volta a um estado mais saudável. Muitos países adotaram a abordagem DPSIR
(drivers – pressure – state – impact – response) (EEA, 1999), ou (forças motrizes – pressões –
estado – impacto - resposta) em português, para lidar com as complexidades das questões
socioambientais. Essa abordagem possui a teoria segundo a qual as forças motrizes (D) do
desenvolvimento social e econômico exercem pressões (P) sobre o meio ambiente, alterando
assim seu estado (S), resultando potencialmente em impactos (I) na saúde humana e no
ecossistema, que devem levar a respostas de gestão ambiental (R) (Figura 2) (BORJA et al.,
2006; BORJA; DAUER, 2008; GARI; NEWTON; ICELY, 2015), e tem como objetivo
identificar a relação entre os componentes DPS, determinar e avaliar os impactos humanos e
ecológicos (I), para assim propor respostas (R) a fim de orientar ações de gestão por órgãos
tomadores de decisão (EEA, 1999).

Figura 2 – A abordagem DPSIR mostrando as relações entre as variáveis de resposta das forças motrizes, pressões, estado,
impactos e respostas. Modificado de EEA (1999).

Além disso, a abordagem DPSIR está sendo amplamente adotada como um método
eficiente para avaliar e cumprir legislações, que instituem a determinação da qualidade
ambiental e da integridade ecológica das águas superficiais, incluindo riachos, rios, lagos,
estuários e águas costeiras ao redor do mundo, como a “EU Water Framework Directive” (WFD,
2000/60/EC) e a “Marine Strategy Framework Directive” (MSFD, 2008/56/EC) na União
Europeia, “The Clean Water Act” (USEPA, 1972) nos Estados Unidos e a “National Water Act”
(AFRICA, 1998) na África do Sul, por exemplo. Essa abordagem também vem sendo adotada
4

para cumprir planos de cooperação internacional que buscam melhorar a qualidade dos oceanos,
como a importante Agenda 2030.
A Agenda 2030, criada em 2015, possui o plano mais atual para recuperação da
qualidade dos oceanos, descrito no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS14)
“Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável” (ONU BRASIL, 2015). O plano foi adequado à realidade
brasileira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em dezembro de 2018,
visando a formulação e a reformulação de políticas públicas e programas nacionais de
desenvolvimento (IPEA, 2018), sendo elaborado um documento específico para divulgar
estudos e pesquisas que visam contribuir para o esforço nacional de alcançar o desenvolvimento
sustentável (IPEA, 2019).
Cada país enfrenta desafios específicos em sua busca do desenvolvimento sustentável
e cumprimento dos objetivos propostos pela Agenda 2030. No caso do Brasil, país que possui
dimensões continentais e um litoral de aproximadamente 7500 km, com uma ampla diversidade
de ecossistemas que se estendem de zonas tropicais a subtropicais, como estuários, manguezais,
sapais, lagoas, praias, planícies de maré e recifes de corais (DIEGUES, 1999; LANA et al.,
2018), os desafios relacionados ao ODS14 são grandes.
Segundo DIEGUES (1999), os principais desafios do Brasil no que se refere ao
ambiente marinho são a urbanização crescente em regiões costeiras, a construção de estradas
litorâneas, a exploração e explotação de petróleo em regiões marinhas, a pesca industrial e o
setor de turismo e recreação. Além disso, o destino final para a maioria dos poluentes gerados
no continente são, na maioria das vezes, as áreas costeiras, em específico os estuários (destino
final de 80 a 90% de todos os resíduos lançados em ambientes marinhos), onde podem causar
efeitos deletérios, como danos aos recursos vivos e à vida marinha, perigos para a saúde humana
e obstáculos às atividades, como por exemplo, a pesca (GROSS, 1978; SUOKHRIE;
SARASWAT; NIGAM, 2017). Portanto, atender ao ODS14 também contribui para o ODS3:
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
Nesse âmbito, a necessidade de estudos ambientais e da participação da academia para
contribuições científicas e de conhecimento em uma abordagem DPSIR que possam embasar
as tomadas de decisão por órgãos competentes com relação às regiões costeiras impactadas se
tornam evidentes, uma vez que a manutenção da qualidade desses ambientes é imprescindível,
não apenas para garantir o lazer da população, mas também para a preservação da vida aquática,
saúde, bem-estar social e a manutenção da produtividade pesqueira. Entretanto, são levantadas
questões referentes aos diferentes métodos existentes para a realização de estudos e
5

monitoramentos da qualidade ambiental em regiões costeiras, uma vez que ainda não existe um
senso comum no meio acadêmico sobre qual o melhor método a se utilizar. Para cada uso
pretendido das águas costeiras, requer-se um nível de qualidade diferente e faz-se necessário
um monitoramento específico, adequado às necessidades criadas pela atividade desenvolvida
(CETESB, 2019a). Por esse motivo, diversas metodologias já foram propostas e utilizadas, mas
qual seria a melhor?
Tendo em vista esse questionamento, o presente trabalho visa avaliar a utilização de
foraminíferos bentônicos (amebóides protistas) vivos (corados com Rosa de Bengala) como
bioindicadores eficientes para determinar o atual estado de qualidade e saúde ambiental do
Sistema Estuarino de Santos, São Vicente e Bertioga (SESSVBE), um sistema altamente
impactado no sudeste brasileiro, verificando o potencial de resposta desses organismos em
relação a componentes oceanográficos naturais e de poluição. A hipótese é de que foraminíferos
bentônicos respondam aos diferentes estressores, sendo uma ferramenta eficaz e viável para
estudos ambientais e de monitoramento nesse sistema estuarino.
6

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o potencial da utilização de foraminíferos bentônicos vivos como


bioindicadores da qualidade e saúde ambiental para estudos, monitoramentos e gestão
ambiental do SESSVBE por órgãos fiscalizadores e reguladores.

2.2 Objetivos Específicos

a) Analisar o atual cenário de contaminação do SESSVBE;


b) Investigar a distribuição e a composição das comunidades de foraminíferos
bentônicos vivos ao longo dos canais do SESSVBE;
c) Entender como os parâmetros oceanográficos e de contaminação controlam a
distribuição dos foraminíferos vivos no SESSVBE;
d) Compreender a compartimentação ecológica dos foraminíferos em diferentes
subambientes do sistema estuarino;
e) Propor o melhor índice ecológico para a avaliação da qualidade ambiental nesse
sistema estuarino.
7

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Estuários

Uma das definições de estuário mais comumente adotada na oceanografia é a definição


de PRITCHARD (1955) e CAMERON e PRITCHARD (1963). De acordo com os autores,
“estuário é um corpo de água costeiro semifechado, com uma livre ligação com o oceano aberto,
no interior do qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce oriunda da
drenagem continental”.
Os estuários se destacam em relevância dentre os ambientes marinhos brasileiros por
serem importantes berçários, criadouros e refúgios de espécies marinhas (KENNISH, 1986;
MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002). KETCHUM (1883) ainda mostra a importância
destes ambientes para a fauna, por serem o habitat natural de aves, mamíferos e peixes, e
fazerem parte da rota migratória de peixes de valor comercial. Isso ocorre pois, por serem
ambientes de transição entre o continente e o oceano, onde os rios encontram o mar
(MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002), suas águas costumam ser biologicamente mais
produtivas do que a do rio e a do oceano adjacente, devido às características hidrodinâmicas da
circulação que, aprisionando nutrientes, algas e outras plantas, estimulam a produtividade
desses corpos de água. Além da importância ecológica, os estuários têm uma importância
histórica para o desenvolvimento da humanidade. Cerca de 60% das grandes cidades
distribuídas ao redor do mundo se estabeleceram nas proximidades de estuários e, no Brasil, a
situação não é diferente, uma vez que 14 das 25 principais regiões metropolitanas do país estão
localizadas em regiões estuarinas (MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002). MIRANDA et al.
(2002) ainda explicam que isso aconteceu porque estuários apresentam uma facilidade para
instalações portuárias e comerciais e formam uma via importante de acesso para o interior do
continente.
De acordo com CAMPOS E JARDIM (2003), o estuário é a conexão entre o continente
e o oceano, apresentando características físico-químicas bem particulares, com altos gradientes
de salinidade, pH, variações nas propriedades químicas da água, variações na concentração de
material em suspensão além de inúmeros processos hidrodinâmicos controlados por amplitude
de marés, ventos e ondas. O processo de mistura de águas fluviais e marinhas em seu interior
desestabiliza o material coloidal por ação do gradiente de íons, ocorrendo assim a sua floculação
e precipitação. Esse fenômeno ocorre principalmente em salinidades oscilando de zero até 5,
formando zonas de alta turbidez. Pela ação das marés e da vazão do rio, este material particulado
é ressuspendido em um processo cíclico (CAMPOS; JARDIM, 2003).
8

Nos casos de estuários poluídos, após a introdução dos contaminantes na água, os


compostos podem ser afetados por uma ampla gama de fatores, como variações de pH,
salinidade, radiação UV, temperatura, material particulado e níveis de matéria orgânica, que
podem modificar a partição prevista de moléculas iônicas e não iônicas. A parir da coluna
d’água, os contaminantes podem se fixar no sedimento pelos processos de adsorção,
complexação ou precipitação, e se depositar no fundo, podendo ter este como o seu destino final
(BARID, 2002).
Os níveis de contaminantes no sedimento são influenciados pela fração granulométrica,
potencial redox e pela concentração de carbono orgânico total (COT), e esses fatores abióticos
podem determinar a especiação, complexação, degradação e a biodisponibilidade dos
microcontaminantes (CASTRO, 2019; SIMPSON et al., 2005). Em caso de ressuspensão de
sedimentos, estes voltam a ser mobilizados para a coluna de água. A fase dissolvida, que circula
no estuário, depende do equilíbrio com a fase particulada. Por esse motivo, pode receber
contribuições importantes de contaminantes presentes nas águas intersticiais, contaminadas
pelos contaminantes do leito de sedimento, que são então novamente exportados para o oceano
(FERNANDES, 2001).
Portanto, a introdução de contaminantes no estuário pode levar à sua poluição,
causando efeitos nocivos aos recursos vivos, trazendo riscos à saúde humana e prejuízos às
comunidades litorâneas. A Figura 3 exemplifica os processos físicos, químicos e biológicos que
afetam a distribuição, persistência e mobilidade dos contaminantes nas zonas costeiras.
Em estuários muito impactados, a carga total de contaminantes é proveniente de muitas
fontes. KENNISH (1996) destaca os principais poluentes e suas devidas fontes como sendo (1)
enriquecimento de carbono orgânico relacionado com a entrada de nutrientes no ambiente,
principalmente nitrogênio e fósforo; (2) metais traço provenientes da descarga de efluentes e
lamas de depuração; (3) compostos organoclorados provenientes de herbicidas e pesticidas da
agricultura e do uso doméstico, assim como de rejeitos industriais; (4) hidrocarbonetos de
petróleo provenientes de derramamentos de óleo, efluentes e escoamentos não pontuais; (5)
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) de efluentes industriais, pirólise de matéria
orgânica, dentre outras fontes.
WEERELT et al. (2013) destacam os principais efeitos negativos dos contaminantes
na biota e na saúde humana. Altas concentrações de metais traço no ambiente podem causar
bioacumulação nos tecidos de organismos aquáticos, provocando alterações fisiopatológicas
nestes e nos humanos. De maneira similar, os HPAs também podem bioacumular, causando
efeitos carcinogênicos, genotóxicos e mutagênicos em diferentes organismos. Contaminantes
9

como diclorodifeniltricloroetano (DDT) e bifenilas policloradas (PCBs) concentram-se nos


tecidos dos organismos vivos e podem causar diversos efeitos adversos como a morte de
invertebrados, alterações comportamentais em aves e câncer no Homem.

Figura 3 – Modelo conceitual incluindo processos físicos, químicos e biológicos que afetam a distribuição, persistência e
mobilidade de contaminantes nas zonas costeiras. Modificado de CASTRO (2019).

Nesse âmbito, é evidente a sensibilidade dos ambientes estuarinos com relação aos
impactos antrópicos. Estudos ambientais que produzem dados de boa qualidade e com
responsabilidade social são ferramentas importantes e essenciais para proteger os ambientes
costeiros, produzir desenvolvimento social e melhorar a qualidade de vida das populações (DE
LA GUARDIA; GARRIGUES, 2014). Entretanto, como ainda são discutidas as metodologias
descritas nas legislações brasileiras (JABLONSKI; FILET, 2008), e como ainda não existe
senso comum entre pesquisadores e órgãos governamentais sobre qual seja a melhor forma de
avaliar a qualidade dos ambientes marinhos costeiros (CARDOSO DA SILVA; CARMONA
RODRIGUES, 2004; NUNES et al., 2005; RAMOS; CAEIRO; DE MELO, 2004), indaga-se:

“Qual a melhor forma de avaliar a qualidade dos ambientes marinhos costeiros?”


10

3.2 Bioindicadores

A legislação brasileira desde 1981 dispõe de dois instrumentos legais que regem a
qualidade das águas costeiras: a Resolução CONAMA n° 357/2005 (BRASIL, 2005), que
define as classes de água, seus usos e padrões de qualidade para os principais poluentes e a
Resolução CONAMA nº 274/2000 (BRASIL, 2000), que trata especificamente das condições
de balneabilidade. As resoluções tratam das análises de água, com parâmetros definidos, e o
Art. 9° § 2° da Resolução CONAMA n° 357/2005 diz “Nos casos onde a metodologia analítica
disponível for insuficiente para quantificar as concentrações dessas substâncias nas águas, os
sedimentos e/ou biota aquática poderão ser investigados quanto à presença eventual dessas
substâncias”. Além disso, a Resolução CONAMA nº 274/2000 recomenda que a análise da
balneabilidade, que deve ser feita principalmente pela análise dos grupos de bactéria como
Enterococcus e Escherichia coli, também deve ser feita para amostras de areia no seu Art. 8°,
mas apenas para futuras padronizações (“Recomenda-se aos órgãos ambientais a avaliação das
condições parasitológicas e microbiológicas da areia, para futuras padronizações”).
Por uma perspectiva fora da legislação vigente, HAMZA-CHAFFAI (2014) destaca
que a medição das concentrações de poluentes na água do mar apresenta algumas desvantagens
em comparação com outras matrizes, como as baixas concentrações e as variações espaciais e
temporais arbitrárias. Devido à sua natureza dinâmica, amostras de água das regiões marinhas
podem não refletir o nível de poluição real do ambiente, uma vez que os poluentes podem sofrer
diluição devido à quantidade de água ou mesmo serem deslocados pelas correntes marinhas, o
que dificulta sua determinação (CETESB, 2019a). Dessa forma, o sedimento passa a ter papel
importante na análise da qualidade desses ambientes, pois retém parte dos possíveis poluentes
da região, podendo inclusive fornecer um histórico da região em suas camadas menos
superficiais.
HAKANSON (1980) destaca que a utilização de sedimento como indicador ambiental
possui vantagens relativamente a outras matrizes pois: (a) as informações de poluentes retiradas
de sedimentos apresentam valores médios com uma estabilidade temporal em comparação, por
exemplo, com amostras de água; (b) comparativamente, a coleta de sedimento superficial é
mais simples; (c) uma amostragem representativa em tempo e espaço pode ser avaliada de uma
forma bastante simples e (d) os procedimentos analíticos adotados geralmente fornecem dados
melhores e são mais baratos do que, por exemplo, amostras de água, uma vez que sedimentos
apresentam concentrações maiores que outras matrizes.
11

Entretanto, mesmo o sedimento sendo um integrador de poluição a longo prazo, onde


as concentrações são maiores do que na água do mar, os contaminantes nem sempre são
biodisponíveis para os organismos devido às suas formas físico-químicas (HAMZA-CHAFFAI,
2014; SIMPSON et al., 2005). Além disso, a heterogeneidade do sedimento (tamanho das
partículas e matéria orgânica) pode dificultar a comparação entre os locais. Por isso, a avaliação
da qualidade ambiental em ambientes costeiros não pode ser alcançada analisando somente os
fatores abióticos em sedimento ou na água (e.g. concentrações de metais traço, presença de
poluentes orgânicos persistentes e quantidade de matéria orgânica), mas sim em conjunto com
a avaliação de organismos que vivem nessas matrizes, os chamados bioindicadores (BORJA et
al., 2009b; HAMZA-CHAFFAI, 2014; LEORRI et al., 2008; PARMAR; RAWTANI;
AGRAWAL, 2016). WARD E JACOBY (1992) ainda argumentam que a interpretação dos
dados de monitoramentos ambientais é facilitada pelo uso de indicadores biológicos sobre os
quais já existem informações ecológicas consideráveis. Eles sugerem que essa abordagem
aumenta a confiança nas conclusões.
De acordo com WILSON (1994), um bioindicador, em sua essência, é um organismo
cuja presença indica certas condições ambientais mais ou menos bem definidas. Bioindicador
também assumiu o significado de um integrador, ao longo do tempo, de cargas contaminantes
em um sistema. Esses organismos acumulam contaminantes geralmente da água e dos alimentos,
refletindo dessa maneira apenas a fração biodisponível que possui potencial significado
ecotoxicológico e, sendo assim, de interesse aos agentes ambientais (HAMZA-CHAFFAI,
2014).
As mudanças na composição faunística, comportamento e fisiologia dos
bioindicadores são usadas para visualizar e prever os problemas ambientais dentro de um
ecossistema (HOLT; MILLER, 2011), fornecendo uma imagem integrada do impacto de todos
os poluentes e perturbações físicas no ecossistema (DENOYELLE et al., 2010). Contudo, os
bioindicadores sozinhos não revelam a presença ou impacto de poluentes específicos. Por isso,
abordagens combinando determinações de poluentes e de indicadores biológicos são
importantes por refletirem a qualidade do sedimento de ambientes muito poluídos (LEORRI et
al., 2008).
Além disso, a atividade vital dos organismos indicadores também é influenciada por
um grande número de fatores abióticos e bióticos, que devem ser levados em conta na hora de
identificar quais parâmetros estão causando mudanças nos bioindicadores (MARKERT, 2007).
Historicamente, abordagens utilizando bioindicadores da macrofauna têm sido
utilizadas em estudos ambientais (e.g. BORJA et al., 2009a, 2009b; BORJA; FRANCO;
12

PÉREZ, 2000; MUXIKA; BORJA; BONNE, 2005; PEARSON; ROSENBERG, 1978;


ROBERTS; GREGORY; FOSTER, 1998; WANG et al., 2017; YAN et al., 2017). A sua
utilização já é fundamentada com índices bem aceitos, como o AZTI’s Marine Biotic Index
(AMBI) (BORJA; FRANCO; PÉREZ, 2000; BORJA; MUXIKA, 2005; BORJA; MUXIKA;
FRANCO, 2003). A ampla utilização do AMBI abriu caminho para a introdução do M-AMBI
(AMBI multivariado), que foi oficialmente incorporado às regulamentações de vários países
europeus no contexto da implementação da WFD e MSFD (Bulgária, França, Alemanha, Itália,
Romênia, Eslovênia e Espanha) (CARLETTI; HEISKANEN, 2009). A ampla adoção desses
índices também foi favorecida pela criação de um software de fácil utilização desenvolvido pela
AZTI-Tecnalia para o cálculo de AMBI e M-AMBI (http://ambi.azti.es) (SIGOVINI; KEPPEL;
TAGLIAPIETRA, 2013). O cálculo realizado pelo software é baseado em uma lista de táxons
de macroinvertebrados, principalmente na classificação de espécies, que é revisada de tempos
em tempos, sendo composta agora por 9.251 entradas (incluindo sinônimos; atualizado em maio
de 2019) (BORJA; MADER; MUXIKA, 2012).
Contudo, apesar do grande esforço internacional para utilização e implementação de
biomonitoramentos com macrofauna, os organismos menores da meiofauna – nomenclatura
coletiva para uma das comunidades mais diversificadas do reino marinho, incluindo pequenos
organismos, protistas unicelulares e metazoários multicelulares que vivem em sedimentos
aquáticos (GIERE, 2009) – possuem relativamente mais vantagens para biomonitoramentos
(KENNEDY; JACOBY, 1999; ZEPPILLI et al., 2015). Como formam o nível mais baixo da
cadeia alimentar, desempenhando um papel importante na passagem de energia na forma de
matéria orgânica para níveis tróficos superiores (LINTNER et al., 2020), são os primeiros
organismos a sofrerem os efeitos negativos dos contaminantes presentes no ambiente,
ocasionando alterações mais rápidas e sensíveis de suas assembleias aos impactos
(MCQUATTERS-GOLLOP et al., 2017; MOJTAHID; JORISSEN; PEARSON, 2008; SUN et
al., 2012; SUOKHRIE; SARASWAT; NIGAM, 2017). É a partir desses conhecimentos que
segue o item a seguir.

3.3 Foraminíferos bentônicos como bioindicadores em regiões costeiras

Dentre os pequenos organismos presentes no ambiente marinho e utilizados como


bioindicadores, como por exemplo bactérias, ostracodas, tecamebas, diatomáceas, anfípodas,
cumacea, nematóides e poliquetas (ATEŞ; et al., 2014; LAUT et al., 2016; PARK et al., 2020;
PODLESIŃSKA; DĄBROWSKA, 2019; RUIZ et al., 2005; SCHENK et al., 2020; SUN et al.,
13

2012; WEIS et al., 2017), os foraminíferos, em especial de habitat bentônico, têm demonstrado
grande potencial para uma boa avaliação da qualidade ambiental e um biomonitoramento eficaz,
além de muitas outras aplicações (ARMYNOT DU CHÂTELET; DEBENAY; SOULARD,
2004; BOUCHET et al., 2012; DIMIZA et al., 2016; EL KATEB et al., 2020;
FRANCESCANGELI et al., 2020; FRONTALINI; COCCIONI, 2011; JORISSEN et al., 2018;
KENIGSBERG; ABRAMOVICH; HYAMS-KAPHZAN, 2020; MARTINS; et al., 2019; e.g.
MARTINS et al., 2020; MINHAT et al., 2020; O’MALLEY et al., 2021; RODRIGUES;
OLIVEIRA; EICHLER, 2020; SCHÖNFELD et al., 2012; SOUSA et al., 2020;
SREENIVASULU et al., 2017).
A distribuição, diversidade, densidade e composição de espécies das comunidades de
foraminíferos bentônicos depende de parâmetros ambientais, que são determinantes para a sua
ecologia (MURRAY, 2006). O desenvolvimento urbano, juntamente com a consequente
descarga de resíduos antropogênicos (caracterizados por inúmeras substâncias orgânicas e
inorgânicas) nas zonas costeiras, por sua vez, geraram uma grande pressão ambiental que
modifica a distribuição e a composição das comunidades dos foraminíferos (ARMYNOT DU
CHÂTELET; DEBENAY, 2010; DU CHÂTELET; GEBHARDT; LANGER, 2011; EMRICH;
MARTINEZ-COLON; ALEGRIA, 2017; RAPOSO et al., 2018; YANKO-HOMBACH;
KONDARIUK; MOTNENKO, 2017).
Os trabalhos de ZALESNY (1959), RESIG (1960) e WATKINS (1961) foram os
primeiros a apresentar estudos ambientais em regiões costeiras avaliando os efeitos da poluição
em foraminíferos bentônicos e, desde então, os foraminíferos vêm sendo amplamente utilizados
como bioindicadores para estudos ambientais em regiões marinhas, costeiras e transicionais,
como os sistemas estuarinos (ALVE, 1991, 1995; ARMYNOT DU CHÂTELET; DEBENAY;
SOULARD, 2004; BURONE et al., 2006; DEBENAY et al., 2001a; FRONTALINI;
COCCIONI, 2011; MARTÍNEZ-COLÓN et al., 2018; MARTÍNEZ-COLÓN; HALLOCK;
GREEN-RUÍZ, 2009; MARTINS et al., 2013; SAMIR; EL-DIN, 2001; YANKO; ARNOLD;
PARKER, 1999; YANKO; KRONFELD; FLEXER, 1994), bem como para definir condições
de referências in situ de pré-impacto ambiental (estado básico, sem perturbações) e de diferentes
estágios de impacto ambiental (ALVE et al., 2009; DOLVEN et al., 2013;
FRANCESCANGELI et al., 2016; HESS et al., 2020; JESUS et al., 2020; KLOOTWIJK et al.,
2021).
Os foraminíferos pertencem ao Reino Protista (organismos eucariontes unicelulares),
pertencendo ao supergrupo SAR (um clado que inclui os grupos Stramenopiles, Alveolata e
Rhizaria), filo Foraminifera (ADL et al., 2012), que surgiram no período Cambriano e que
14

vivem até o Recente, estando presentes desde ambientes costeiros até ambientes de mar
profundo, tanto no habitat bentônico quanto planctônico (SEN GUPTA, 1999). Esses
organismos possuem um ciclo de vida complexo, com reprodução sexuada/assexuada, e
atualmente existem cerca de 5.000 espécies consideradas modernas, sendo apenas 40 para os
planctônicos, e 40.000 consideradas fósseis (PAWLOWSKI, 2012).
As estruturas celulares dos foraminíferos incluem mitocôndrias, vacúolos e núcleos,
envoltas em uma carapaça (testa) (BINCZEWSKA; ASTEMAN, 2015). A carapaça, que
funciona como proteção para a célula interna, possui forma variável, podendo ser constituída
de calcita, aragonita, sílica opalina, partículas aglutinadas de sedimentos provenientes do local
em que vivem ou constituídas até mesmo por matéria orgânica (MURRAY, 2006). A interação
celular com o ambiente externo ocorre por meio de extensões do citoplasma chamadas
granuloreticulopodia (pseudopodia) (Figura 4).

Figura 4 – Cribroelphidium excavatum em laboratório utilizando os pseudopodia para locomoção e agregar grãos de sedimentos.
As fotos mostram uma sequência temporal. Fotos sem escala. Fonte: autor.

Os foraminíferos bentônicos apresentam grandes vantagens em comparação aos outros


bioindicadores, pois:
a) Estão entre os organismos unicelulares da meiofauna mais abundantes encontrados
na superfície do sedimento nos oceanos modernos (MURRAY, 2007; SEN GUPTA, 1999),
podendo constituir até 84% da biomassa total de protistas nas zonas transicionais (LEI et al.,
2014);
15

b) Desempenham um papel fundamental no funcionamento do ambiente bentônico,


contribuindo para a bioturbação, ventilação do fundo marinho e consumo da matéria orgânica
(DELDICQ et al., 2020; GROSS, 2002; KITAZATO, 1988; SEVERIN, 1987), sendo essenciais
nos ciclos de carbono, nitrogênio e enxofre associados a sedimentos (MOODLEY et al., 2000;
PIÑA-OCHOA et al., 2010; RISGAARD-PETERSEN et al., 2006; SALONEN et al., 2019;
WUKOVITS et al., 2018);
c) Possuem um ciclo reprodutivo curto e, portanto, sua resposta à mudança ambiental
é rápida, podendo fornecer boas informações a respeito da qualidade ambiental do local em que
habitam (SCHÖNFELD et al., 2012);
d) A preservação das suas carapaças como fósseis no sedimento os torna uma possível
ferramenta para reconstruções de condições de referência de pré-impactos antrópicos (ALVE,
1991; ALVE et al., 2009; DOLVEN et al., 2013; HAYWARD et al., 2004a; JESUS et al., 2020),
existindo registro fóssil desde o Período Cambriano, há 570 milhões de anos (segundo
PAWLOWSKI et al. (2003), estudos moleculares mais recentes indicam uma grande
importância desses organismos já no Neoproterozóico), possuindo também um grande potencial
para estudos estratigráficos (CULVER, 1991; GRADSTEIN; KAMINSKI; AGTERBERG,
1999; JAIN, 2017).
e) Muitas vezes estão entre os últimos organismos eucarióticos a desaparecer
completamente dos locais poluídos (ALVE, 1991; SCHAFER, 2000);
f) Foi demonstrado de forma conclusiva que o estudo de suas assembleias
(comunidades permanentes, diversidade e composição de espécies) é uma ferramenta confiável
para avaliar o impacto ambiental das atividades industriais e a recolonização das áreas afetadas
após o fim das atividades poluidoras (DENOYELLE et al., 2010; MOJTAHID; JORISSEN;
PEARSON, 2008).
g) Suas assembleias são fáceis de serem coletadas e são frequentemente encontradas
em grande abundância, proporcionando uma base estatística adequada para os estudos, mesmo
com pequenos volumes de amostra (ARMYNOT DU CHÂTELET; DEBENAY; SOULARD,
2004), apresentando assim um bom custo-benefício em sua utilização (SCHAFER, 2000).
h) A coleta das amostras de foraminíferos têm um impacto relativamente pequeno
sobre os ecossistemas marinhos (HALLOCK et al., 2003; PATI; PATRA, 2012), o que é
importante para se manter uma boa responsabilidade científica e social (DE LA GUARDIA;
GARRIGUES, 2014).
i) Algumas espécies podem ser mantidas em cultura, sendo possível estabelecer
protocolos de laboratório para determinar as respostas de táxons selecionados aos parâmetros e
16

poluentes de interesse (CARIDI et al., 2020; DELDICQ et al., 2020; JAUFFRAIS et al., 2016;
PATI; PATRA, 2012; STOUFF; DEBENAY; LESOURD, 1999);
j) Possuem mecanismos de defesa que podem protegê-los de certas variações nos
parâmetros ambientais, de modo que os efeitos adversos dos poluentes se tornam mais evidentes
(PATI; PATRA, 2012);
k) É um grupo estudado por uma comunidade considerável de pesquisadores nacionais
e internacionais que são ativos e capazes de identificar as suas diferentes espécies
(SCHÖNFELD et al., 2012; SOUSA et al., 2020).
Para a realização de estudos ambientais com foraminíferos, e com qualquer outro
bioindicador, é necessário entender tanto a relação das comunidades com os parâmetros
oceanográficos, quanto a relação com os contaminantes, para que se faça uma avaliação
adequada do efeito antrópico sobre a fauna (MARTINS et al., 2016b). Ainda, é necessário
inteirar-se sobre os melhores índices ambientais disponíveis que utilizam foraminíferos para
auxiliar a avaliação da qualidade ambiental nas áreas de estudo.
A distribuição, abundância e o desenvolvimento dos foraminíferos no ambiente são
controlados por parâmetros físicos, químicos e ambientais (BOLTOVSKOY; SCOTT;
MEDIOLI, 1991; MURRAY, 2006; NICHOLS, 1974). Os principais parâmetros listados na
literatura que afetam a distribuição das espécies e, até mesmo, a morfologia das carapaças são:
a) Temperatura da água (PRAZERES; PANDOLFI, 2016);
b) Salinidade (IGLIKOWSKA; PAWŁOWSKA, 2015);
c) pH e solubilidade de carbonato de cálcio (HAYNERT et al., 2011; KHANNA et
al., 2013; KUROYANAGI et al., 2009; ORR et al., 2005; SARASWAT et al., 2015;
UTHICKE; MOMIGLIANO; FABRICIUS, 2013);
d) Nutrição, disponibilidade de alimento e quantidade e qualidade de matéria
orgânica (ALVE et al., 2016; DIMIZA et al., 2019; MOJTAHID et al., 2009;
O’MALLEY et al., 2021; SABBATINI et al., 2012; WUKOVITS et al., 2018);
e) Tipo de substrato (ARMYNOT DU CHÂTELET et al., 2009; CELIA MAGNO et
al., 2012; DEBENAY et al., 2001a);
f) Conteúdo de oxigênio dissolvido (DEBENAY et al., 2000);
g) Interação com outros organismos (MURRAY, 2006);
h) Condições hidrodinâmicas (ALVE; MURRAY, 1994; ALVES MARTINS et al.,
2019; BELART et al., 2018; COULBOURN; RESIG, 1975; DAMASIO et al.,
2020; DEBENAY et al., 2001b; DEBENAY; MILLET; ANGELIDIS, 2005; DIZ;
17

FRANCES, 2009; DULEBA; DEBENAY, 2003; HOHENEGGER; MARTINS;


FRONTALINI, 2018; MARTINS et al., 2016a, 2016b; MURRAY, 1982).
No tocante aos efeitos de contaminantes nos foraminíferos, ALVE (1995), YANKO et
al. (1994), YANKO et al. (1999), PATI E PATRA (2012), NIGAM et al. (2006), SUOKHIRE
et al. (2017), CARIDI et al. (2020), dentre outros, sugerem que a perturbação nos ambientes
costeiros causadas por óleo, esgoto, lixo, bitucas de cigarro, pesticidas, produtos químicos
tóxicos, metais traço, cinzas de combustível, hidrocarbonetos, poluentes radioativos,
fertilizantes, dragagens e outras atividades de obra marinha, fármacos, produtos de higiene
pessoal, atividades da indústria de papel/celulose e mudanças na temperatura da água (e.g.
descarte de fluidos refrigeradores) podem modificar a estrutura das comunidades, morfologias,
fisiologia, citologia e até a composição química das carapaças.

3.4 Índices ambientais com foraminíferos

Os índices bióticos são escalas numéricas que representam a condição ecológica das
áreas de estudo. Esses índices baseiam-se no conhecimento fundamental de que mudanças na
abundância relativa do organismo bioindicador podem ser aplicadas para monitorar não apenas
a qualidade do sedimento e da água, mas também a saúde ambiental dos habitats
costeiros/marinhos (HEINK; KOWARIK, 2010), sendo assim um passo além da identificação
e quantificação das principais espécies indicadoras (Figura 5).
Os principais índices desenvolvidos e utilizados com foraminíferos bentônicos são
baseados na diversidade de espécies ou na sensibilidade das espécies ao enriquecimento da
matéria orgânica no sedimento, e são explicados a seguir.
18

Figura 5 – Esquema das principais etapas nos procedimentos de estudos e monitoramentos biológicos tradicionais. Modificado
de PAWLOWSKI et al. (2018).

a) Indicador de Qualidade Ambiental – EcoQS


O Indicador de Qualidade Ambiental (Ecological Quality Status – EcoQS) foi
proposto por BOUCHET et al. (2012), e é baseado na diversidade (entropia) das espécies vivas
encontradas em uma amostra. Esse índice “prevê” o número de espécies em uma dada amostra
que estariam presentes no ambiente se cada espécie fosse igualmente comum.
BOUCHET et al. (2018) definiu mais tarde diferentes classes de qualidade ambiental
para regiões transicionais utilizando esse índice. O EcoQS também já foi utilizado em
abordagens temporais, onde foi reconstruído o Palaeo-EcoQS e condições de referência do
registro fóssil (DOLVEN et al., 2013; FRANCESCANGELI et al., 2016; HESS et al., 2020;
JESUS et al., 2020).

b) Foram Stress Index (FSI)


O FSI foi desenvolvido por DIMIZA et al. (2016), é similar ao FI (FoRAM Index)
(HALLOCK et al., 2003), e matematicamente simples. Esse índice difere do anterior pois não
depende da profundidade nem de alimento/nutrientes, portanto, é útil para a avaliação do estado
ecológico de ambientes naturalmente estressados, como lagoas ou regiões de baixa salinidade.
O FSI separa os foraminíferos em dois grupos de espécies, “sensíveis” e “tolerantes ao estresse”.
O grupo “sensíveis” inclui espécies que são sensíveis ao enriquecimento orgânico, e
que estão presentes em regiões não poluídas. Esse grupo inclui principalmente espécies
epifaunais, comumente associadas a sedimentos de granulação grossa.
19

O grupo “tolerantes ao estresse” inclui espécies que podem ocorrer em regiões sem
impactos, mas, por serem tolerantes à variabilidade de parâmetros ambientais, podem ser
espécies oportunistas e aumentar suas abundâncias relativas em comparação com os táxons
mais sensíveis ao enriquecimento orgânico. Esse grupo inclui principalmente espécies de
regiões rasas e intermediárias, e espécies infaunais, e é normalmente associado a sedimentos de
granulação fina.

c) Porcentagem de espécies tolerantes (%TSstd)


O índice %TSstd foi desenvolvido por BARRAS et al. (2014), e é baseado na
proporção relativa de espécies tolerantes ao estresse em função da textura do sedimento (<63
μm), uma vez que é calculada uma porcentagem de espécies tolerantes de referências em uma
região teórica da área de estudo (não impactada) com uma mesma granulometria.
O índice é fundamentado no conceito de TYSON (1995), em que o tamanho do grão
tem um impacto significativo na preservação da matéria orgânica sedimentar, regulando assim
o enriquecimento orgânico, uma vez que, de maneira geral, os ambientes marinhos com textura
sedimentar variando entre argila e silte são caracterizados por uma hidrodinâmica fraca,
permitindo a deposição de matéria orgânica e a sua adsorção em partículas de sedimento fino
(HEDGES; KEIL, 1995).

d) Foram-AMBI
O Foram-AMBI foi desenvolvido por ALVE et al. (2016) a partir do AZTI Marine
Biotic Index (AMBI) de BORJA et al. (2000) para a macrofauna. O índice funciona por meio
da atribuição das espécies foraminíferos bentônicos a cinco grupos ecológicos predefinidos de
acordo com sua tolerância/sensibilidade ao enriquecimento da matéria orgânica. ALVE et al.
(2016) implementaram o índice para ambientes de mar profundo no Atlântico Norte, e
JORISSEN et al. (2018) mais tarde calibraram o índice para o Mar Mediterrâneo.
20

4 ÁREA DE ESTUDO

O presente trabalho tem o sistema estuarino de Santos, São Vicente e Bertioga


(SESSVBE) como área de estudo (Figura 6). O sistema está localizado na Região Metropolitana
de Santos, conhecida como Baixada Santista, litoral paulista, abrangendo os municípios de
Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, Guarujá e Bertioga (23°51' S e 24°02’ S; 46°17’
W e 46°28’ W).

Figura 6 – Mapa da localização do Sistema Estuarino de Santos, São Vicente e Bertioga e localização das amostras coletadas
(S1 a S5 no Alto Estuário, S6 a S10 no Canal de São Santos, S11 na Baía de Santos, B1 a B5 no Canal de Bertioga e SV1 a
SV5 no Canal de São Vicente.
21

4.1 Caracterização Ambiental

Fisicamente, o SESSVBE é constituído pela Baía de Santos e por um complexo


emaranhado de rios (Piaçabuçu, Paranhos, Cubatão, Morrão, Perequê, Moji da Onça, Quilombo,
Jurubatuba, Diana, Santo Amaro, Bertioga, Casqueiro, Santana entre outros), além de vários
canais, como os de Bertioga, Barreiros, Piaçaguera, Mar Pequeno, e, ainda, os largos da
Pompeba, Candinho, São Vicente e o de Santa Rita (SIQUEIRA et al., 2005). Em suma, ele
pode ser dividido em quatro grandes compartimentos, definidos em função do padrão de
circulação existente: Baía de Santos, Canal de Santos (Canal do Porto), Canal de São Vicente
e Canal de Bertioga (SONDOTÉCNICA ENGENHARIA DE SOLOS SA, 1977).
O sistema estuarino como um todo é afetado por ondas de marés semidiurnas, que se
propagam simultaneamente pelos canais de Santos, São Vicente e Bertioga. As amplitudes
médias variam entre 0,27 m na quadratura e 1,23 m na sizígia (HARARI; DE CAMARGO,
2003). De acordo com HARARI et al. (1990), a região do alto estuário santista está sob
influência dos rios que desembocam na região, provenientes da Serra do Mar, da maré e das
águas provenientes do canal de Bertioga, gerando um fluxo unidirecional de superfície que se
propaga em direção à Baía de Santos. Esse fluxo é notado principalmente no Canal de Santos.
ROVERSI et al. (2016) fizeram modelos da hidrodinâmica atuais para o sistema
estuarino de Santos para um cenário representativo de verão com a utilização do SisBaHiA®
(Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental). O canal do Porto de Santos apresentou, em todos
os instantes, as velocidades mais intensas de todo o domínio. Na região próxima à sua
embocadura as velocidades chegaram até 1,4 m s-1 na sizígia e até 0,7 m s-1 na quadratura.
Durante as marés de quadratura as velocidades dos canais principais (desconsiderando as
regiões próximas às embocaduras) alcançam aproximadamente 0,4 m s-1. Durante as marés de
sizígia as velocidades são mais intensas e apresentam maior variabilidade espacial, alcançando
1,2 m s-1 aproximadamente.
Mais recentemente, SEILER et al. (2020) utilizaram o Delft3D-FLOW para uma
aplicação de modelagem numérica tridimensional com o objetivo de criar um modelo
background para estudos futuros, englobando também a circulação da água no SESSVBE
(Figura 7). Os resultados indicaram que os três canais que compõem o complexo apresentam
comportamentos distintos. O canal de Santos é dominado pelas correntes de enchente, enquanto
os canais de São Vicente e Bertioga são dominados pelas correntes de vazante. As correntes
mais fortes foram observadas no Canal de Santos. Também foi mostrado que a influência da
22

vazão dos rios e da morfologia dos canais cria sub-regiões com diferentes comportamentos
hidrodinâmicos dentro do mesmo canal estuarino.

Figura 7 – Velocidades longitudinais (m/s) da superfície para marés de sizígia e de quadratura; condições de enchente e vazante.
Painel esquerdo: todo o estuário; Painel central: Canais de Santos e São Vicente; Painel direito: Canal de Bertioga. Fonte:
SEILER et al. (2020).
23

DAMASIO et al. (2020) elaboraram um modelo hidrodinâmico para o Canal de Santos


(Figura 8) utilizando o Delft3D-FLOW com o objetivo de verificar a circulação residual no
sistema estuarino. Os resultados foram analisados através do uso de derivadores Lagrangianos
(drogues) liberados no modelo em diferentes posições dentro do Canal de Santos. A simulação
de ~16 dias cobriu as condições da maré de quadratura e de sizígia, e definiu a trajetória dos
derivadores lançados ao longo desse período. O modelo mostrou que as partículas em suspensão
são impulsionadas para dentro do estuário, e em média possuem o destino e deposição na
desembocadura do Canal de Bertioga e no Canal de Santos.

Figura 8 – Trajetórias de derivadores lagrangianos simulados no canal estuarino de Santos por um período de ~16 dias, cobrindo
as condições da maré de quadratura e de sizígia. Fonte: DAMASIO et al. (2020).
24

O estuário como um todo apresenta uma grande variação temporal de salinidade,


controlada pelo ciclo das marés e variações na descarga de água doce no sistema. De acordo
com HARARI et al. (2008), a salinidade varia espacialmente de 15 a 35 no estuário de Santos,
com variações verticais apresentando um aumento na salinidade com a profundidade de até 4.
Uma estratificação vertical semelhante foi observada no Canal de Piaçaguera (MIRANDA;
CASTRO; KJERFVE, 2002). A entrada de água doce no estuário ocorre principalmente nas
regiões média e alta do estuário (onde estão presentes as maiores áreas de sapais e manguezais),
principalmente pelos rios Itatinga (~12 m³/s), Itapanhaú (~10 m³/s), Cubatão (~5 m³/s),
Quilombo (~5 m³/s) Boturaca (~4 m³/s) e Jurubatuba (~4 m³/s) (SPERANZINI, 2017).
Segundo SANTOS (1965), a Baixada Santista apresenta uma caracterização climática
bastante individualizada, sob domínio alternado dos sistemas tropical e polar atlântico, com
clima tropical quente e úmido, sem estação seca definida e temperatura média superior a 20°C.
A pluviosidade é elevada, entre 2000 e 3000 mm anuais, enquanto a umidade relativa média do
ar é próxima de 85%. O sedimento local apresenta a predominância de silte fino, e abrange as
gradações de silte até areia muito fina, caracterizando o estuário como ambiente de
sedimentação de baixa energia e baixa taxa de floculação (FÚLFARO; PONÇANO, 1976). As
taxas de sedimentação variam de 1,11 a 1,37 cm ano-1 na região (MARTINS et al., 2010b).
CONTE (2016) ainda modelou a deposição e erosão sedimentar em um cenário
forçado pela maré astronômica (Figura 9) em um período de 15 dias, apresentando um sinal de
sizígia e outro de quadratura. O autor destaca que o Canal de Santos é uma zona de deposição
constante, atuando como armadilha de sedimentos, tendo sua dinâmica sedimentar relacionada
à inclinação das margens do canal em relação ao fundo e as correntes de marés. As
desembocaduras dos canais de Santos e São Vicente também foram destacadas como regiões
deposicionais.
25

Figura 9 – Campos das regiões de deposição e erosão do SESSVBE. As cores azuis e vermelhas representam os valores de
transporte em mm/dia, as setas as direções residuais do transporte. Fonte: CONTE (2016).

A área de estudo é também caracterizada pela presença de gás raso ao longo do Canal
de Santos e de Bertioga. WESCHENFELDER (2016) realizaram estudos sísmicos na região
central e inferior do Canal de Santos, e constataram a presença de cortinas de gás raso na
maioria das linhas sísmicas feitas. Segundo WESCHENFELDER (2016), a atividade de
dragagem no Porto de Santos pode estar intensificando o escape de gás raso para o canal, que
além de ser poluente para a coluna d’água, é poluente para a atmosfera. Já no Canal de Bertioga,
várias fácies e infiltrações de gás no sedimento foram identificadas (FELIX; DE MAHIQUES,
2013). De acordo com FELIX E DE MAHIQUES (2013), o estudo de gás raso na região
permitiu inferir que o Canal evoluiu ao longo do tempo como dois sistemas distintos, e foram
conectados ou reconectados após a transgressão do Holoceno (5600 anos a.C.). Um sistema era
26

composto pela parte mais a oeste do Canal e pelo Largo do Candinho, e o outro pelo setor mais
ao leste.
O SESSVBE está inserido no bioma mata atlântica, e sua cobertura vegetal e uso do
solo podem ser visualizados na Figura 10. Deve-se destacar que a área possui 31% do total de
231 km² de manguezais remanescentes do Estado de São Paulo, com as espécies Rhizophora
mangle, Avicennia schaueriana e Laguncuoaria racemosa, representando 59% das florestas de
mangue da região metropolitana da Baixada Santista (SCHMIEGELOW et al., 2008).

Figura 10 – Cobertura Vegetal do SESSVBE. Elaborado pelo autor.

4.2 Caracterização Socioambiental

A Baixada Santista possui uma população de aproximadamente 1,5 milhões de pessoas


(IBGE, 2019), podendo aumentar muito em temporadas de férias por conta do grande afluxo de
turistas, e é uma região muito importante economicamente para o país. Ela abriga o maior Porto
da América Latina (o Porto de Santos), e o maior polo industrial do país, situado na cidade de
Cubatão (CBH-BS, 2019). Por isso, apesar de seu potencial turístico, a região tem sua economia
classificada como industrial. Ela é responsável por aproximadamente 2,8% do PIB estadual e
concentra cerca de 4% da população paulista (CETESB, 2019a).
27

O Porto de Santos, fundado em 1892, possui uma extensão de cerca de 22 km a partir


da Baía de Santos, largura entre 200 e 300 m e profundidade mínima variando de 5 a 14 m. Ele
exerce papel fundamental para a economia brasileira, especialmente pela exportação de sólidos
a granel (açúcar, adubo, milho, soja etc.), líquidos a granel (álcool, amônia, combustíveis, sucos
etc.) e cargas em geral (solta ou em contêiner) (CODESP, 2019). Em 2019, foram registradas
4.842 atracações de navios no Porto, com a movimentação de mais de 2,5 milhões de
contêineres, e aproximadamente 134 Mt de carga, uma marca recorde em sua história,
correspondendo a 10% da produção total do Brasil (CODESP, 2019). Como existe a
movimentação de cargas potencialmente poluentes, faz-se essencial o monitoramento da
qualidade das águas e sedimentos do Canal de Santos.
Para preservar as profundidades do canal de navegação, berços de atracação e os
acessos do porto a fim de permitir o tráfego seguro de embarcações, é necessária a execução
periódica de dragagens de manutenção, que consiste basicamente na retirada do material de
assoreamento depositado sobre o leito do estuário (PORT AUTHORITY, 2020a). Os berços de
atracação podem ter profundidades um pouco menores uma vez que os navios permanecem
acostados nesses locais e não necessitam de muito espaço entre o fundo do casco e o leito do
estuário, enquanto os trechos do canal e as bacias de evolução devem ter maiores profundidades,
para que a oscilação durante a navegação não ocasione o toque do casco com o leito do canal
(PORT AUTHORITY, 2020b). A Figura 11 mostra a carta náutica atual do SESSVBE, onde é
possível visualizar a região dragada ao longo do Canal de Santos e do Rio Piaçaguera, em azul
claro.
28

Figura 11 – Carta náutica do SESSVBE mostrando a região dragada do Porto e Canal de Piaçaguera (azul claro).

É importante ainda ressaltar o estudo de CORRÊA et al. (2019), que avaliaram as


mudanças na batimetria do Canal de Santos durante o período de 2006 a 2014, quando foram
construídos os terminais Dubai Ports World Santos (DP World Santos, EMBRAPORT –
Empresa Brasileira Terminais Portuários - na época) e o Brasil Terminal Portuário (BTP),
havendo aterramento marítimo e dragagem de aprofundamento do canal. Os autores
evidenciaram que houve uma diminuição no volume do prisma de maré do estuário, de 55,1 x
106 para 53,6 x 106 m³, além de ter favorecido um aumento na deposição de sedimentos finos
na fração silte. Além disso, os autores destacaram que o volume de sedimento contaminado
dragado para a construção do terminal DP World Santos foi o de 600.000 m³, enquanto o
terminal BTP foi construído sobre o antigo lixão do Alemoa, também com sedimentos
contaminados.
O Polo Industrial de Cubatão, o primeiro do país, começou a se formar na década de
50, quando foram inauguradas a Refinaria Presidente Bernardes, a unidade geradora da Usina
Henry Borden e o oleoduto para transportar derivados de petróleo de Santos a São Paulo. A
proximidade com o maior porto da América Latina e abundância de água e energia elétrica
estimularam a instalação de indústrias de base, como petroquímicas, siderúrgicas e indústrias
de fertilizantes na região. Essas empresas geraram sérios problemas ambientais nos anos 1970,
uma vez que a atividade industrial, juntamente com as atividades do porto e urbanas, fez do
estuário de Santos e São Vicente um grande receptor de poluentes. O despejo indevido de
29

resíduos sólidos industriais, resíduos domésticos, efluentes líquidos contaminados, esgotos,


derramamentos de óleo, entre outros, nos cursos d’água, provocaram um grave quadro de
degradação ambiental, com significativos reflexos na saúde pública da região (CETESB, 2001).
Esses fatores transformaram Cubatão na cidade mais poluída do mundo, sendo até chamado de
“Vale da Morte”.
Segundo HOGAN (1988), os fatores geográficos contribuíram em grande parcela para
o cenário de degradação de Cubatão. Com os ventos fracos da região, e a direção do mar para
a montanha, os poluentes não se dispersavam rapidamente na atmosfera, acumulando-se e
caindo sobre a vegetação da serra. HOGAN (1988) ainda destaca que a pequena velocidade dos
rios, a baixa declividade entre a serra e o mar, o movimento da maré e a interrupção dos fluxos
naturais com drenagem e aterros, contribuíram para que os dejetos despejados nas águas não
fossem levados para o mar facilmente, acarretando a contaminação do estuário.
A reversão do quadro de extremo impacto nas décadas seguintes tornou a região um
exemplo de recuperação ambiental, tendo Cubatão sido reconhecida pela ONU como “Cidade-
Símbolo da Recuperação Ambiental” em 1992 (CODESP, 2019). Entretanto, mesmo que a
poluição esteja em níveis amenizados hoje em dia, a qualidade ambiental do SESSVBE ainda
não é boa (JESUS et al., 2020), sendo necessária a realização constante de avaliações
ambientais para auxiliar planos de monitoramento ambiental e criações de estratégias de manejo.
Atualmente, o Polo reúne 37 empresas associadas ao Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo (CIESP) de cinco grandes setores: petroquímico, siderúrgico, químico,
fertilizantes, e logística, além da produção e energia e da prestação de serviços (CIESP, 2017).
De acordo com o Relatório Anual de 2017 do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(CIESP, 2017), a produção por segmento foi de 1.335 x 10³ t para siderúrgica, 11.128 x 10³ t
para petroquímica, 2.714 x 10³ t para química e 4.499 x 10³ t para fertilizantes. De acordo com
o mesmo relatório, o Polo possui programas de controle e monitoramento de emissões
atmosféricas, gestão e reaproveitamento de resíduos, uso racional de recursos hídricos e
energéticos, manutenção dos sistemas de controle e ações de gestão de conscientização, com o
objetivo de assegurar o compromisso do desempenho ambiental e qualidade de vida da
população.
Em 2019, 275 empresas estão cadastradas pela CETESB (Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo) como áreas contaminadas na Baixada Santista (Figura 12) (CETESB,
2019b). Isso quer dizer que essas empresas contaminaram de alguma forma o solo superficial,
o subsolo, as águas superficiais, as águas subterrâneas, os sedimentos, o ar ou a biota da região,
e são passíveis de remediação.
30

Figura 12 – Áreas Contaminadas e Reabilitadas na região do SESSVBE - Ano 2019. Elaborado pelo autor.

Esse cenário mostra que, apesar de Cubatão e a Baixada Santista terem sido
reconhecidos pela ONU como “Cidade-Símbolo da Recuperação Ambiental”, as atividades
poluidoras ainda são frequentes na região.
Na Baixada Santista, aproximadamente 270 mil pessoas vivem em áreas ocupadas
irregularmente, ou seja, aglomerados subnormais (IBGE, 2010). Nesses locais, que muitas
vezes são favelas em palafitas, localizadas em cima dos canais do estuário, não existe a
instalação de equipamentos de saneamento básico. Dessa forma, o esgoto gerado por essa
parcela da população tem o seu descarte indevido no estuário, e deve comprometer sua
qualidade ambiental. A Figura 13 apresenta a localização dos aglomerados subnormais do
SESSVBE, com a nomenclatura daqueles próximos aos corpos d’água.
31

Figura 13 – Aglomerados subnormais no SESSVBE. Elaborado pelo autor.


32

5 METODOLOGIA

5.1 Procedimentos do estudo

A estrutura analítica deste trabalho com uma abordagem DPSIR para atender o
objetivo proposto é apresentada na Figura 14.

Figura 14 – Estrutura analítica deste estudo em uma abordagem DPSIR para avaliar a qualidade ambiental do SESSVBE.

Este trabalho possui cinco diferentes etapas para avaliar a qualidade ambiental do
SESSVBE: (1) revisão das principais atividades antrópicas (relatado na Área de Estudo); (2)
identificação dos principais estressores (análises químicas e ambientais realizadas); (3) análise
das respostas do ecossistema aos estressores (análises do bioindicador foraminífero bentônico);
(4) análise de índices da qualidade ambiental do ecossistema (análise e definição do melhor
índice para o SESSVBE); (5) Avaliação espacial da qualidade ambiental do SESSVBE.
As etapas metodológicas são descritas em detalhe a seguir.
33

5.2 Amostragem de sedimento

A fim de obter uma área representativa do SESSVBE, três campanhas de coleta foram
realizadas na Baixada Santista para a amostragem de sedimento superficial, seguindo uma
malha amostral previamente estabelecida (Figura 6, Tabela 1). A primeira campanha de
amostragem foi realizada no Canal de Bertioga no dia 28/08/2019, a bordo de um pequeno
barco de pesca, com a coleta em 5 pontos amostrais (B1-B5). A segunda campanha foi realizada
no dia 08/10/2019 desde o alto do Rio Piaçaguera até a Baía de Santos, a bordo do Barco de
Pesquisa Alpha Delphini, com a coleta em 11 pontos amostrais (S1-S11). A terceira campanha
foi realizada no dia 01/11/2019 no Canal de São Vicente, a bordo de um pequeno barco de
pesca, com a coleta em 5 pontos amostrais (SV1-SV5).

Tabela 1 – Informações de localização geográfica e profundidade nas estações de amostragem no SESSVBE.

Amostra Data Coordenada (WGS84) Profundidade (m)


B1 28/08/2019 -23.91453, -46.23247 -1,5
B2 28/08/2019 -23.92112, -46.25119 -1,4
B3 28/08/2019 -23.91861, -46.26851 -1,2
B4 28/08/2019 -23.921, -46.28363 -1,2
B5 28/08/2019 -23.91674, -46.29881 -1,1
S1 08/10/2019 -23.87413, -46.37578 -12
S2 08/10/2019 -23.88701, -46.3763 -16
S3 08/10/2019 -23.90053, -46.37594 -15
S4 08/10/2019 -23.91263, -46.37033 -8
S5 08/10/2019 -23.91766, -46.36056 -18
S6 08/10/2019 -23.92896, -46.3258 -16
S7 08/10/2019 -23.93834, -46.30941 -10
S8 08/10/2019 -23.95837, -46.30068 -17
S9 08/10/2019 -23.98627, -46.29163 -16
S10 08/10/2019 -23.99168, -46.29848 -18,5
S11 08/10/2019 -24.00356, -46.34935 -16
SV1 01/11/2019 -23.9802, -46.40786 -1,3
SV2 01/11/2019 -23.95986, -46.42033 -1,2
SV3 01/11/2019 -23.93438, -46.42439 -0,9
SV4 01/11/2019 -23.93508, -46.39376 -0,9
SV5 01/11/2019 -23.92143, -46.40186 -0,5
34

5.2.1 Amostragem para foraminíferos

A fim de coletar uma amostra superficial de sedimento não perturbado, um


testemunhador de amostragem manual foi utilizado na primeira e na terceira campanha, devido
às baixas profundidades nos canais de Bertioga e São Vicente, e um multiple-corer (Figura 15)
foi utilizado na segunda campanha. Em cada estação, três testemunhos de 8 cm de diâmetro
com lançamentos distintos foram coletados para análises de fauna de foraminíferos bentônicos.
A análise de três réplicas por estação é recomendada pela literatura para determinar as variações
espaciais em pequena escala na distribuição dos organismos (BUZAS et al., 2015;
SCHÖNFELD et al., 2012). Os testemunhos foram extraídos com um extrusor, e o primeiro
centímetro de sedimento foi fatiado (~50 cm³) e armazenado em frasco de plástico previamente
identificados. Foi adicionada uma solução tamponada de etanol corado com rosa de Bengala (2
g de rosa de Bengala para 1000 ml de etanol 90%) às amostras para identificar os foraminíferos
vivos (corados) dos mortos (não corados) no momento da coleta (LUTZE; ALTENBACH, 1991;
WALTON, 1952), e em seguida as amostras foram homogeneizadas. As amostras
permaneceram armazenadas em refrigerador por pelo menos 14 dias para uma boa coloração
do citoplasma dos foraminíferos vivos (SCHÖNFELD et al., 2012).

Figura 15 – Testemunhador utilizado na primeira e na terceira campanhas (Esquerda) e multiple-corer utilizado na segunda
campanha (Direita) para coleta de sedimento superficial no SESSVBE. Fonte: autor.
35

O corante Rosa Bengala é adsorvido por proteínas e tinge o citoplasma em uma cor
rosa intensa (WALTON, 1952). O método de marcar foraminíferos vivos com Rosa de Bengala
pode superestimar significativamente as abundâncias de foraminíferos vivos, uma vez que além
de marcar os citoplasmas vivos, ele também pode manchar o citoplasma “recém morto”, devido
às baixas taxas de degradação das proteínas (BERNHARD, 2000; BERNHARD et al., 2006),
podendo tingir o citoplasma preservado na carapaça por alguns dias até algumas semanas após
a morte do foraminífero (BERNHARD, 1988). Além disso, o Rosa de Bengala pode manchar
o revestimento orgânico interno das carapaças dos foraminíferos, ou as bactérias e algas
alocadas em seu interior (BERNHARD et al., 2006). Entretanto, esse método ainda é
amplamente utilizado em estudos de ecologia e biomonitoramento com foraminíferos por ser
fácil, rápido e barato (BERNHARD, 2000; D.B. SCOTT, F.S. MEDIOLI, 2001; MURRAY,
2006), sendo um método ainda recomendado por SCHÖNFELD et al. (2012). Para obter
resultados mais precisos com essa técnica, apenas as carapaças com todas as câmaras coradas
de vermelho brilhante (exceto para a última câmara) foram consideradas como foraminíferos
vivos no momento da coleta.
Embora os foraminíferos bentônicos possam viver a uma profundidade de até 30 cm
no sedimento (GOLDSTEIN; WATKINS; KUHN, 1995), este estudo foi realizado em amostras
superficiais porque os maiores números de foraminíferos vivos são geralmente encontrados na
superfície, camada entre 0 e 1 cm (ALVE; MURRAY, 2001), e por esse estrato ser
recomendado por SCHÖNFELD et al. (2012).

5.2.2 Amostragem para análises sedimentológicas e geoquímicas orgânicas

Em todas as campanhas houve a coleta de sedimento superficial com o lançamento de


um pegador de fundo de aço inoxidável Van Veen. O sedimento coletado destinado a análises
sedimentológicas foi acondicionado em embalagens plásticas, e o sedimento destinado às
análises orgânicas de carbono orgânico total (COT), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs), hidrocarbonetos alifáticos (AHs), alquilbenzenos lineares (LABs) e esteróis foi
acondicionado em bandejas de alumínio previamente limpas e calcinadas em forno mufla a
450 °C.
36

5.3 Análise de foraminíferos bentônicos

Um total de 63 amostras foram analisadas para foraminíferos bentônicos. Foram


separados 50 cm³ de sedimento úmido por amostra, que foram lavados cuidadosamente em uma
peneira de malha 63 μm, a fim de separar a fração areia das frações mais finas. Em seguida, as
amostras foram secas em estufa à 40 °C. As análises foram feitas na fração >63 μm. Foram
triadas no mínimo 100 testas de foraminíferos por amostra, número recomendado como
estatisticamente suficiente para avaliar a diversidade de espécies em regiões transicionais com
poucas espécies por FATELA E TABORDA (2002) e SCHÖNFELD et al. (2012). No caso de
o número de indivíduos nas amostras ser muito superior a 100, foi realizado a divisão das
amostras em partes iguais com o uso de um quarteador. Assim, a triagem e a identificação foram
feitas em apenas uma das partes divididas das amostras com o auxílio de um pincel úmido sob
um estereomicroscópio Nikon SMZ800.
Para realizar a triagem, pequenas quantidades de sedimentos foram colocadas em uma
Placa de Petri e, ao analisar sob estereomicroscópio, os foraminíferos encontrados com o
protoplasma tingido de rosa pelo corante Rosa de Bengala (fauna viva) foram coletados e
alocados em placas de microfósseis com um uso de pincel. A identificação de gênero e espécie
seguiu a classificação feita por LOEBLICH e TAPAN (1988), BOLTOVSKOY et al.(1980),
DEBENAY et al. (1998), BONETTI (2000), DEBENAY et al. (2001b), ELLIS e MESSINA
(1940), DISARÓ (2006) e DAMASIO et al. (2020). Os nomes das espécies foram atualizados
segundo o World Register of Marine Species (WORMS) (WORMS EDITORIAL BOARD,
2021). Fotos das espécies encontradas foram obtidas no estereomicroscópio ZEISS SteREO
Discovery.V20 com o uso do ZEN Imaging Software.

5.4 Análises sedimentológicas

Vinte e uma amostras foram analisadas para tamanho de grão, matéria orgânica (MO)
e carbonato de cálcio (CaCO3), seguindo a metodologia descrita em SUGUIO (1973).
Primeiramente, as amostras foram lavadas em papel filtro para retirada do sal marinho, e em
seguida secas em estufa à 40 ºC por 48h. Foi pesado em béqueres aproximadamente 50 g de
sedimento seco por amostra. Em seguida, uma solução de H2O2 10% foi adicionada às amostras
para queima da matéria orgânica. Quando se constatou o final da queima, as amostras foram
secas em estufa à 40 ºC por 48h e, em seguida, foram pesadas para determinação da
porcentagem de matéria orgânica. Após isso, foi adicionada às amostras uma solução de HCl
10% para queima do carbonato. Quando se constatou o final da queima, as amostras foram
37

secas em estufa à 40 ºC por 48h, e a pesagem do sedimento seco foi feita para determinação da
porcentagem de carbonato. Em seguida, as amostras passaram por um peneiramento úmido em
peneira de malha 63-μm para quantificar a fração de lama (argila + silte; < 63 μm), no qual o
sedimento retido na peneira foi seco em estufa à 40 ºC por 48h, e novamente pesado para
determinação das porcentagens de areia e lama.

5.5 Carbono orgânico total (COT)

Para a determinação de carbono orgânico total (COT) nas amostras de sedimento, foi
utilizado uma modificação do método de WALKLEY e BLACK (1934) para determinação de
carbono orgânico em solos. O método (Figura 18) baseia-se na oxidação (exotérmica) com
dicromato de potássio e ácido sulfúrico concentrado, no qual a quantidade de dicromato
consumido na oxidação do carbonato orgânico é determinada titulando-se o excesso de
dicromato com sulfato ferroso amoniacal, conforme as equações:

2 Cr2 O2− 0 +
7 + 3 C + 16 H ⇔ 4 Cr
3+
+ 3 CO2 + 8H2 O
Cr2 O2−
7 + 6 Fe
2+
+ 14 H+ ⇔ 2 Cr3+ + 6 Fe3+ + 7 H2 O

Foram analisadas três alíquotas de sedimento por estação e três brancos, sendo feita a
média dos resultados. Entre 0,2 e 0,5 g de sedimento seco foi colocado em um béquer de 500
ml, e em seguida foram adicionados 10 mL de solução de dicromato de potássio, e 20 mL de
ácido sulfúrico concentrado. O frasco foi homogeneizado e deixado em repouso por 30 minutos
e, após isso, foram adicionados 200 mL de água destilada, 10 mL de ácido fosfórico 85%, uma
pitada de fluoreto de sódio e 7 gotas do indicador difenilamina. Foi feita a titulação com solução
de sulfato ferroso amoniacal com o auxílio de um eletrodo específico.
O COT é determinado utilizando-se o equivalente em massa do K2Cr2O7 que reage
com o sedimento para oxidar o carbono orgânico, que é a diferença entre o equivalente em
massa total de K2Cr2O7 adicionado ao sedimento e o equivalente em massa de Fe(NH4)2(SO4)2,
que titula K2Cr2O7 que não sofreu reação de oxido-redução. O cálculo do COT (%) foi feito de
acordo com a equação:

COT (%) = 10 x (1-T/S) x [1,0 N x (0,003) x (100/W)]


38

Onde 10 é o volume do K2Cr2O7 (mL), T é o volume de Fe(NH4)2(SO4)2 consumido na


amostra (ml), S é o é o volume de Fe(NH4)2(SO4)2 consumido no branco (mL), 1,0 N é a
normalidade do K2Cr2O7, 0,003 é o miliequivalente em peso de carbono (12/4000) e W é o peso
da amostra de sedimento (grama).

5.6 Hidrocarbonetos alifáticos (AHs) e policíclicos aromáticos (HPAs), esteróis e


LABs

Para a etapa de determinação dos compostos orgânicos presentes no sedimento foi


utilizado protocolo de rotina do Laboratório de Química Orgânica Marinha (IOUSP), descrita
em detalhes nos seguintes trabalhos: UNEP (1992), SASAKI (2012) e SANTOS (2019; 2020).
O procedimento de determinação dos contaminantes orgânicos consistiu na extração
de 10g de sedimento em Soxhlet com 80 mL da mistura de diclorometano/n-hexano (1:1 v/v)
por 8 horas após adição dos padrões surrogate. Foram utilizados como padrões surrogate: d8-
naftaleno, d10-acenafteno, d10-fenantreno, d12-criseno e d12-perileno para hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPAs); 5α-androstanol para esteróis; n-Hexadeceno para
hidrocarbonetos alifáticos (AHs); e 1C12-LAB para os alquilbenzenos lineares (LABs).
Após a extração foi realizado o processo de purificação e fracionamento da amostra
via cromatografia de adsorção líquido-sólido em coluna de vidro aberta preenchida com 3,2g
de alumina 5% desativada e sulfato de sódio (Na2SO4). Os AHs, os HPAs e os LABs foram
eluídos com 20 mL da mistura 30% Diclorometano/Hexano ((v/v; Fração 1 (F1)), enquanto os
esteróis foram eluídos com 20 mL de mistura Metanol/Diclorometano (1/1 v/v; Fração 2 (F2)).
Nos extratos da F1 foram adicionados os padrões internos cromatográficos (n-
tetradeceno para os AHs; p-terfenil para os HPAs e; 1C12-LAB para os alquilbenzenos lineares)
e os AHs foram injetados em cromatógrafo a gás acoplado a um detector de ionização de chama
(GC-FID), enquanto os HPAs e os LABs foram injetados em um cromatógrafo a gás acoplado
a um espectrômetro de massa com triplo quadrupolo (GC-MS/MS) operando em
monitoramento de múltiplas reações (MRM).
Os extratos da F2 foram evaporados até a secura e derivatizados com BSTFA (bis
(trimetilsilil) trifluoroacetamida) e 1% TMCS (trimetilclorossilano) por 90 min a 65 °C. Após
a derivatização foi adicionado o padrão interno (5α-Colestano) e o extrato foi e injetado em
GC-FID.
39

A quantificação dos compostos de interesse foi baseada em curvas analíticas de sete


níveis contendo os compostos de interesse e com um coeficiente de correlação ≥ 0,995,
seguindo o método do padrão interno.
O método de análise foi submetido a um controle de qualidade analítico rigoroso, com
base na análise de brancos de método, recuperação dos padrões surrogates, dos brancos
fortificados e análise de material de referência certificado (IAEA-417, International Atomic
and Energy Agency - Mônaco).
O limite de quantificação (LQ) é a quantidade ou a menor concentração de uma
substância que pode ser determinada utilizando um procedimento analítico com precisão,
exatidão e incerteza assumidas (ICH, 1995; INMETRO, 2011; KONIECZKA; NAMIESNIK,
2009; RIBANI et al., 2004). O LQ dos compostos analisados neste trabalho foram 0,006 ng g−1
para HPAs; 0,01 ng g−1 para os LABs; 0,01 µg g−1 para os AHs; e 0,012 µg g−1 para os esteróis.
Os brancos de procedimento não apresentaram picos de interferência. A recuperação
global dos padrões surrogate variou entre 68 e 94%. As recuperações do branco fortificado
variaram de 63 a 93% para AHs, de 64 a 87% para HPAs e de 68 a 76% para esteróis. Os limites
inferiores e superiores para recuperação sugerida pela literatura e aceita internacionalmente,
compreendem o intervalo entre 70 e 120%. No entanto, em matrizes analíticas complexas como
as matrizes ambientais, esta faixa pode variar dentro de intervalos aceitáveis entre 50 e 120%
(RIBANI et al., 2004; WADE, T.L.; CANTILLO, 1994).
As concentrações medidas de AHs, HPAs e esteróis no material de referência (IAEA-
417) apresentaram 98% dos compostos determinados em concentrações dentro da faixa do
padrão certificado.

5.7 Modelo Hidrodinâmico Tridimensional

Para obter os valores mínimos, máximos, e a variação média da salinidade da água de


fundo, o modelo hidrodinâmico tridimensional Delft3D para o SESSVBE, aplicado e validado
por SEILER et al. (2020), foi utilizado para as estações definidas neste estudo. As simulações
específicas para o estudo foram conduzidas no Laboratório de Dinâmica Costeira (IOUSP). Os
ajustes foram feitos com o módulo Flow do programa Delft3D (DELTARES, 2011). Esse
módulo simula os processos hidrodinâmicos resolvendo as equações de Navier-Stokes
integradas em um domínio tridimensional na coluna de água, incluindo o efeito Coriolis, o atrito
do vento, o atrito de fundo, a viscosidade turbulenta, os gradientes de densidade (devido a
variações de temperatura e salinidade) e a inundação/exposição das áreas entremarés. A
40

utilização de modelos numéricos é uma abordagem não discreta no tempo e espaço que permite
entender de maneira assertiva os processos que ocorrem nos estuários, que são dinâmicos e
contínuos no tempo (SEILER et al., 2020).
O domínio do modelo numérico cobre todo o SESSVBE e região oceânica adjacente.
A malha numérica utilizada é curvilinear e inclui como condições de contorno a descarga fluvial
dos rios que deságuam no estuário, a variação do nível de água na borda oceânica, e os valores
de salinidade correspondentes. O modelo tridimensional foi definido através de 12 camadas
verticais (camadas z) com tamanhos variando entre superfície e fundo. Para maiores detalhes
sobre a aplicação do modelo e a sua validação, ver SEILER et al. (2020).
A presente aplicação utilizou os resultados do modelo extraídos para o período de um
mês, em julho de 2014, mesmo período utilizado para a validação do modelo (SEILER et al.,
2020). Os resultados foram extraídos para cada estação, na camada mais próxima ao fundo,
correspondente. A partir da série temporal de salinidade de fundo modelada, foram definidos
os valores de salinidade máximos e mínimos, e assim o grau de variação em cada ponto.

5.8 Análise dos dados

5.8.1 Tratamento estatístico para foraminíferos bentônicos

Os foraminíferos bentônicos têm sua ocorrência em manchas nos fundos marinhos


(BUZAS et al., 2015), sendo assim necessário a análise de similaridade entre as réplicas. Para
isso, foram feitas as etapas descritas abaixo utilizando o software Past 3.0 (HAMMER;
HARPER; RYAN, 2009).
A partir das abundâncias totais, foi realizado os testes de normalidade de Shapiro-Wilk
(MOHD RAZALI; BEE WAH, 2011). A hipótese nula H0 dos testes é de que as amostras
possuem distribuição normal. Como os valores de p-value de todas as amostras foram menores
que 0,05, ou seja, menor que o nível de significância de 5%, a hipótese nula foi rejeitada,
acatando-se a hipótese alternativa H1 de que as amostras não são normalmente distribuídas.
Como as amostras possuem distribuições não normais, foi necessário utilizar um teste
não-paramétrico para averiguar se as amostras coletadas na mesma localidade (réplicas a, b e
c) apresentam distribuições de frequência similares. Foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para
cada grupo de réplicas, que é uma alternativa não-paramétrica para o teste ANOVA de uma via.
A hipótese nula H0 do teste é a similaridade das amostras, onde as amostras são retiradas de
populações de mesmas medianas. Valores de p-value maiores que 0,05 aceitam a hipótese H0
para um nível de significância de 5%.
41

Também foi utilizado o teste de Friedman, que é a versão não-paramétrica da ANOVA


para medidas repetidas, ou seja, uma versão de amostras repetidas para o teste de Kruskal-
Wallis. Em testes de medidas repetidas, os valores em cada linha são observações do mesmo
"indivíduo”, ou seja, do mesmo táxon de foraminíferos. Esse teste é uma extensão do teste t
pareado para várias amostras, e é utilizado para situações experimentais. Entretanto, é possível
fazer a suposição de que as réplicas foram obtidas em uma mesma localidade, sendo possível
considerar que são grupos emparelhados, onde as réplicas têm influências entre si, sendo assim
também aplicável o teste de Friedman. A hipótese nula H0 do teste é a similaridade das
amostras, onde as amostras são retiradas de populações de mesmas medianas. Valores de p-
value maiores que 0,05 aceitam a hipótese H0 para um nível de significância de 5%. No caso
de valores p-value menores que 0,05, onde a hipótese H0 foi rejeitada, temos que ao menos
uma das réplicas é diferente das demais. Para identificar as diferenças foi realizado o teste de
post hoc de Wilcoxon para comparação de amostras em pares. Como esse teste aumenta a
chance de realizar o erro do tipo 1 (rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira e absoluta),
foi realizada a correção do valor de p-value com a correção de Bonferroni.

5.8.2 Índices ecológicos para foraminíferos

Os dados brutos de foraminíferos foram utilizados no software Past 3.0 (HAMMER;


HARPER; RYAN, 2009) para a realização dos cálculos das abundâncias relativas de cada
espécie, Densidade (n° indivíduos/50 cm3 de sedimento), Riqueza (n° de diferentes espécies na
amostra), e dos seguintes índices:

- Diversidade de Shannon-Wiener (H’) (SHANNON, 1948)


𝐻 ′ = − ∑𝑆𝑖=1 𝑝𝑖 𝑥 ln 𝑝𝑖 , sendo pi = ni/N, ni o número total de indivíduos de uma
determinada espécie e N o número total de indivíduos na amostra.
Esse índice expressa o grau de incerteza que existe em se predizer a qual espécie
pertence um indivíduo escolhido ao acaso em uma comunidade contendo “S” espécies e “N”
indivíduos (LUDWIG; REYNOLDS, 1988). Assim, quanto maior for essa incerteza, maior será
o valor do índice e maior será a diversidade da amostra. Numericamente, o índice de Shannon-
Wiener varia entre 0 e valor máximo qualquer. O índice será igual a zero somente quando
houver uma única espécie na amostra e assumirá seu valor máximo, somente quando todas as
espécies existentes na amostra apresentarem o mesmo número de indivíduos. Este índice tende
a valorizar espécies menos dominantes, por possuir o logaritmo natural em sua equação.
42

- Dominância de Simpson (D) (SIMPSON, 1949)


𝐷 = ∑𝑆𝑖=1(𝑝𝑖)², sendo pi = ni/N, ni o número total de indivíduos de uma determinada
espécie e N o número total de indivíduos na amostra.
Esse índice reflete a probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso na
comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a
probabilidade de os indivíduos serem da mesma espécie, ou seja, maior a dominância e menor
a diversidade.

- Índice de Simpson (1-D) (SIMPSON, 1949)


1 − 𝐷 = ∑𝑆𝑖=1 𝑝𝑖 , sendo pi = ni/N, ni o número total de indivíduos de uma determinada
espécie e N o número total de indivíduos na amostra.
Esse índice é a transformação da dominância de Simpson para um valor mais fácil de
ser comparado com o índice de Diversidade de Shannon.

- Equitabilidade de Pielou (J’) (PIELOU, 1975)


𝐻′
𝐽′ = , sendo H’ a diversidade de Shannon, 𝐻 max = ln 𝑆 e S a riqueza.
𝐻 𝑚𝑎𝑥

Este índice é derivado do índice de diversidade de Shannon e permite representar a


uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes (PIELOU, 1975). Seu
valor apresenta uma amplitude de 0 (uniformidade mínima) a 1 (uniformidade máxima).

5.8.3 Índices ambientais para foraminíferos

5.8.3.1 Indicador de Qualidade Ambiental - EcoQS

Foi calculado o Indicador de Qualidade Ambiental (Ecological Quality Status - EcoQS)


Exp(H'bc), proposto por BOUCHET et al. (2012), calculando-se o exponencial do Índice de
Shannon com enviesamento corrigido H'bc (CHAO; SHEN, 2003). Foi utilizado o software R
studio (RSTUDIO TEAM, 2020) usando-se a biblioteca Entropy versão 1.2./1 (HAUSSER;
STRIMMER, 2010). Os limites de EcoQS adaptados para regiões de transição (BOUCHET;
GOBERVILLE; FRONTALINI, 2018) foram usados neste estudo (Tabela 2).
43

Tabela 2 – Critérios adotados para definir o Status de Qualidade Ecológico baseado em Exp (H'bc) (BOUCHET;
GOBERVILLE; FRONTALINI, 2018), com a cor da qualidade associada.

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo


EcoQS
>15 11-15 7-11 3-7 <3

5.8.3.2 Foram Stress Index – FSI

Foi calculado o índice FSI, definido por DIMIZA et al. (2016), e formulado
FSI = (𝑆𝑒𝑛 𝑥 10) + 𝑆𝑡𝑟
Sendo Sen um grupo de espécies sensíveis ao estresse causado pelo enriquecimento
orgânico do sedimento, e Str um grupo de espécies tolerantes ao estresse causado pelo
enriquecimento orgânico do sedimento. As classificações dos grupos Sen e Str são explicadas
em detalhes no item 5.8.4.
Os limites do índice FSI foram definidos por DIMIZA et al. (2016), e estão
sumarizados na Tabela 3.

Tabela 3 – Critérios adotados para classificar a qualidade ambiental de acordo com o índice FSI de acordo com DIMIZA et al.
(2016), com a cor da qualidade associada.

FSI Classificação da poluição


Condições azoicas Azoico
1,0 ≤ FSI < 2,0 Muito poluído
2,0 ≤ FSI < 5,5 Moderadamente poluído
5,5 ≤ FSI < 9,0 Um pouco poluído, transicional
9,0 ≤ FSI ≤ 10,0 Normal/pristino

5.8.3.3 Porcentagem de espécies tolerantes (%TSstd)

Foi calculado o índice %TSstd, definido por BARRAS et al. (2014), formulado
(𝑇𝑆𝑥 − %𝑇𝑆𝑟𝑒𝑓 )
%𝑇𝑆𝑠𝑡𝑑 =
(100 − %𝑇𝑆𝑟𝑒𝑓 )
Sendo %TSx a porcentagem de espécies tolerantes (“Str”) por estação e %TSref a
porcentagem teórica de espécies tolerantes por estação.
Para o cálculo da %TSref foram escolhidas as estações com as menores proporções de
espécies tolerantes (<50%), e feito o gráfico de %Str versus % sedimento fino (<63 µm). Foi
escolhida a melhor linha de tendência entre esses pontos, e utilizada a equação encontrada para
o cálculo da %TSref para as outras estações.
44

Valores de %TSstd próximos a 0 são indicativos de uma qualidade ambiental muito


boa, enquanto valores próximos a 100 indicam muitos impactos antrópicos, com uma qualidade
ambiental muito ruim (BARRAS et al., 2014).
.
5.8.4 Classificação dos grupos de espécies de acordo com a
tolerância/sensibilidade ao enriquecimento orgânico

Dois grupos de espécies foram definidos e utilizados no cálculo dos índices FSI
e %TSstd:
(Str), sendo um grupo de espécies “tolerantes ao estresse” causado pelo
enriquecimento orgânico do sedimento. As espécies desse grupo podem ocorrer em condições
inalteradas, mas por serem tolerantes à variabilidade ambiental, podem agir oportunisticamente
e aumentar suas abundâncias relativas em comparação com as espécies mais sensíveis ao
enriquecimento orgânico. Este grupo inclui principalmente espécies infaunais, associadas a
sedimentos de granulação fina. Uma alta porcentagem desse grupo deve indicar condições de
eutrofização e/ou aporte de sedimentos de granulação fina, podendo assim apontar
circunstâncias desfavoráveis para vários organismos do ecossistema.
(Sen), sendo um grupo de espécies sensíveis ao enriquecimento orgânico do sedimento.
Uma alta porcentagem desse grupo deve indicar uma boa qualidade do ecossistema, e esse
grupo deve desaparecer quando as condições ambientais se tornarem mais estressantes. Esse
grupo inclui principalmente espécies epifaunais e de superfície nos sedimentos, frequentemente
associados a sedimentos de granulação grossa.
Para a classificação dos grupos, foram analisados os gráficos das abundâncias relativas
das espécies em relação ao carbono orgânico total. Em geral, espécies que apresentaram
tendência de crescimento da abundância relativa com maiores porcentagens de COT no
sedimento foram classificadas como Str, e espécies que apresentaram tendência oposta foram
classificadas como Sen. Espécies que não apresentaram uma tendência clara, e que não
apresentam abundância relativa significativa foram definidas como “indiferentes”, e não foram
utilizadas para o cálculo dos índices. Os táxons classificados como “spp.” não foram atribuídos
a nenhum grupo, pela possibilidade de representarem indivíduos pertencentes a ambos.
Os resultados das classificações foram analisados e complementados com as
classificações feitas previamente para outras regiões, como DIMIZA et al (2016) para o Golfo
de Saronikos, Grécia, EL KATEB (2020) para o Golfo de Gabes, Tunísia, MINHAT et al. (2020)
para o Estreito de Malacca, Malásia e FOSSILE et al. (2021) – Golfo de Manfredonia (sul do
45

Mar Adriático). Também foram utilizadas as classificações feitas para o índice Foram-AMBI,
considerando-se os grupos I e II desse índice como o grupo Sen, e os grupos III, IV e V como
o grupo Str, seguindo recomendações de EL KATEB et al. (2020). Os trabalhos utilizados e
suas regiões de calibração foram ALVE et al. (2016) - Mar do Norte, JORISSEN et al. (2018)
- Mar Mediterrâneo e O’MALLEY et al. (2021) - Golfo do México.

5.8.5 Análise de dados multivariados

5.8.5.1 Classificação

Uma análise de classificação foi utilizada com o objetivo de agrupar as estações de


amostragem similares em classes identificáveis e interpretáveis, podendo assim ser destintas
das classes vizinhas (GOTELLI; ELLISON, 2011). A análise de agrupamento (cluster analysis
- CA) pega x observações, das quais cada uma está associada com n variáveis numéricas
contínuas e segrega as observações em grupos (GOTELLI; ELLISON, 2011).
A CA foi realizada no modo modo-Q hierárquico, utilizando os parâmetros de
densidade de foraminíferos por estação (média entre as réplicas), porcentagem de sedimentos
finos, variação de salinidade, carbono orgânico total, HPAs totais, AHs totais, UCM (mistura
complexa não resolvida), LABs totais, concentração de coprostanol e índices ambientais para
foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação. As análises foram baseadas no método de
ligação de Ward, que produz dendrogramas com agrupamentos bem definidos (PARKER;
ARNOLD, 1999). Uma transformação dos dados do tipo log(x+1) foi realizada para remover
os efeitos da diferença de ordens de magnitude entre as variáveis.

5.8.5.2 Ordenação

Análises de ordenação foram utilizadas para ordenar os dados multivariados, com o


intuito de representar uma simplificação dos padrões dos conjuntos de dados obtidos neste
estudo, e para discriminar as estações de amostragem ao longo de eixos (GOTELLI; ELLISON,
2011).
A análise de componentes principais (PCA) reduz grandes matrizes de dados
compostas por várias variáveis a um pequeno número de componentes que representam os
principais modos de variação, ajudando na interpretação quando se tem um grande volume de
dados (GOTELLI; ELLISON, 2011). Foi realizada uma análise PCA utilizando os parâmetros
de densidade de foraminíferos média entre as réplicas, porcentagem de sedimentos finos,
46

variação de salinidade, carbono orgânico total, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais,
concentração de coprostanol e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd)
por estação para criar variáveis-chave que caracterizam da melhor forma possível a variação no
conjunto de dados ambientais. Uma transformação dos dados do tipo log(x+1) foi realizada para
remover os efeitos da diferença de ordens de magnitude entre as variáveis.
Uma segunda PCA foi realizada com os parâmetros porcentagem de sedimentos finos,
variação de salinidade, carbono orgânico total, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais,
concentração de coprostanol e abundância relativa média entre as réplicas das espécies com
abundâncias relativas próximas ou superiores a 1% (Ammonia sp.1, Ammonia tepida, Bolivina
striatula, Bulimina elongata, Cribroelphidium excavatum, Haplophragmoides tenuis,
Nonionella opima, Paratrochammina clossi, Pseudotriloculina patagonica e Trochammina
hadai) por estação, para verificar como os parâmetros ambientais, oceanográficos e de poluição
controlam a distribuição dos foraminíferos vivos no SESSVBE. Uma transformação dos dados
do tipo log(x+1) foi realizada para remover os efeitos da diferença de ordens de magnitude entre
as variáveis.

5.9 Mapas

Para a elaboração de mapas foi utilizado o software livre QGIS 3.4 “Madeira”. Os
mapas de interpolação foram feitos pelo método Ponderação pelo Inverso da Distância (IDW),
com coeficiente de distância p=2 e tamanho do pixel x=5 m e y=5 m.
47

6 RESULTADOS

6.1 Foraminíferos vivos

6.1.1 Réplicas

Os resultados dos testes estatísticos de Kruskal-Wallis e de Friedman podem ser


observados na Tabela 4. O teste de Kruskal-Wallis apontou que, em todas as estações amostrais,
as réplicas têm similaridade, ou seja, as amostras são retiradas de populações de mesmas
medianas, uma vez que todos os p-value foram maiores que o nível de significância de 5%. A
estação com maior valor H foi a S9 (H=2.51) enquanto a de menor valor foi a S6 (H=0.0028).
O teste de Friedman, por sua vez, mostrou que as réplicas da maioria das estações são similares,
com exceção das estações B5, SV2, SV3, S1, S9 e S10 (p-value<0,05), onde a distribuição de
foraminíferos pode estar ocorrendo em manchas. A estação com maior χ² foi a SV3 (χ²=6.64),
enquanto a com menor foi a S3 (χ²=0.0079).

Tabela 4 – Teste de Kruskal-Wallis à esquerda e Teste de Friedman à direita. Valores em vermelho mostram p-value<0,05
rejeitando a hipótese nula.

Kruskal-Wallis Friedman
Amostra H p-value Amostra χ² p-value
B1 0.08053 0.91 B1 0.88095 0.10818
B2 0.8204 0.5199 B2 1.4365 0.10083
B3 0.04485 0.9629 B3 0.64286 0.3022
B4 0.4933 0.6781 B4 1.4524 0.10415
B5 0.3549 0.7662 B5 2.7222 0.011945
SV1 0.5747 0.6325 SV1 1.7698 0.072058
SV2 1.076 0.318 SV2 2.627 0.009106
SV3 1.646 0.2784 SV3 6.6429 0.000139
SV4 0.3515 0.6693 SV4 0.45238 0.38111
SV5 0.01175 0.9903 SV5 1.6508 0.086142
S1 0.3255 0.653 S1 1.6508 0.017629
S2 0.1914 0.8155 S2 0.15079 0.75332
S3 0.05748 0.9489 S3 0.007937 1
S4 0.2435 0.757 S4 0.88889 0.17937
S5 0.08832 0.9155 S5 1.5556 0.070168
S6 0.000286 0.9998 S6 1.5794 0.10125
S7 0.5784 0.6801 S7 1.1984 0.29197
S8 0.2211 0.8596 S8 0.15079 0.85921
S9 2.519 0.1336 S9 6.2222 0.000204
S10 1.203 0.477 S10 4.5952 0.009542
S11 0.6071 0.5078 S11 0.48413 0.37415
48

Os resultados do teste post hoc de Wilcoxon com correção de Bonferroni para o p-


value aplicado às estações que apresentaram p-value menor 0,05 no teste de Friedman podem
ser observados na Tabela 5. O teste mostrou que as comparações dois-a-dois B5b com B5c,
SV2a com SV2b, SV2b com SV2c, SV3a com SV3c, SV3b com SV3c, S1a com S1c, S1b com
S1c, S9a com S9b, S9a com S9c e S10a com S10c rejeitaram a hipótese nula (p-value<0,05),
mostrando que existe diferença entre as distribuições de fauna entre essas amostras.

Tabela 5 – Teste post hoc de Wilcoxon com correção de Bonferroni para o p-value. Valores em vermelho possuem p-value<0,05
rejeitando a hipótese nula.
B5a B5b
B5c SV2a SV2b SV2c
B5a 0.9054
0.1775 SV2a 0.000389 1
B5b 0.9054 0.002163 SV2b 0.000389 0.001785
B5c 0.1775 0.002163 SV2c 1 0.001785
SV3a SV3b SV3c S1a S1b S1c
SV3a 1 0.000166 S1a 1 0.009886
SV3b 1 0.003489 S1b 1 0.03367
SV3c 0.000166 0.003489 S1c 0.009886 0.03367
S9a S9b S9c S10a S10b S10c
S9a 0.000809 0.00188 S10a 1 0.04271
S9b 0.000809 0.1898 S10b 1 0.3046
S9c 0.00188 0.1898 S10c 0.04271 0.3046

6.1.2 Fauna

Sessenta e três diferentes táxons de foraminíferos bentônicos vivos (corados) foram


identificados em 11983 indivíduos de foraminíferos triados de sessenta e três amostras
coletadas no SESSVBE (Tabelas 6 e 7). Dentre os diferentes táxons, foram identificados
quarenta gêneros e cinquenta e uma espécies, das quais 49% possuem o tipo de carapaça
calcária hialino (ordem Rotaliida), 35,3% possuem carapaça aglutinante (ordens Astrorhizidae,
Lituolida, Spirillinida e Textulariida) e 15,7% possuem carapaça calcárea porcelanácea (ordem
Miliolida). Os foraminíferos encontrados em estágio juvenil que não puderam ser identificados
em nível de gênero e/ou espécie foram agrupados em “Juvenis”.
A frequência de cada tipo de carapaça de foraminífero por estação (média entre as três
réplicas) pode ser visualizada na Figura 16 e Tabela 6. Ao longo do Canal de Bertioga, em geral,
existe o predomínio de indivíduos com o tipo de carapaça aglutinante (com exceção da estação
B1, que possui predomínio de carapaças hialinas). A estação com o maior valor é a B2 (71,6%).
Essa região também apresenta, em geral, uma frequência considerável de indivíduos com
carapaça calcárea porcelanácea, sendo a estação com maior valor a B4 (30,4%).
49

A região do Alto Estuário é dominada por indivíduos com carapaça hialina, seguido
por indivíduos com carapaça porcelanácea. A estação com maior frequência hialina é a S1
(93,1%), enquanto o predomínio de testas porcelanáceas ocorre na estação S2 (16,0%). Essa
região apresenta, em geral, frequência menor que 1% para indivíduos aglutinantes, sendo a
menor de todo o SESSVBE.
O Canal de Santos apresenta predominância de foraminíferos hialinos em todas as
estações, mas com uma frequência considerável de porcelanáceos. A estação S6 apresenta a
maior frequência de hialinos (83,9%) enquanto a estação S8 apresenta a maior frequência de
porcelanáceos (28,1%).
O Canal de São Vicente também apresenta uma predominância de foraminíferos
hialinos, contudo, possui uma frequência considerável de indivíduos porcelanáceos e
aglutinantes. A estação que apresenta a maior frequência de hialinos é a SV4 (93,1%), de
porcelanáceos a SV5 (17,3) e de aglutinantes a SV1 (11,7%).
A estação localizada na Baía de Santos, por sua vez, apresentou uma composição com
grande predominância de foraminíferos com carapaças hialinas (91,3%), com apenas pequena
ocorrência de foraminíferos porcelanáceos (7,7%).

Figura 16 – Mapa com a frequência de indivíduos de foraminíferos bentônicos com os tipos de carapaça hialino, aglutinante e
porcelanáceo por estação no SESSVBE.
50

Com relação à densidade de foraminíferos no SESSVBE, o total de 11983


foraminíferos triados e identificados foi corrigido para o número de 69846 indivíduos em 63
amostras com 50 cm³ de sedimento cada, levando em consideração o número de quarteamentos
feitos durante as análises e volume efetivo de sedimento triado. As Figuras 31 a 34 e a Tabela
8 apresentam os valores de densidade por amostra, enquanto a Figura 17 apresenta gráficos
box-plot para densidade de foraminíferos em cada ambiente do SESSVBE, mostrando os
valores mínimos, médios e máximos para todas as réplicas e para a média entre as réplicas por
estação. A Figura 18 apresenta um mapa interpolado de densidade para a média das três réplicas
por estação.

Figura 17 – Box-plot para densidade de foraminíferos em cada ambiente do SESSVBE, mostrando os valores mínimos,
médios e máximos para todas as réplicas e para a média entre as réplicas por estação.
51

A densidade média encontrada no SESSVBE foi a de 1109,52 foraminíferos/50 cm³


de sedimento (22,19 foraminíferos/cm³), com um desvio padrão de 912,38. A estação que
apresentou o menor valor médio foi a S11, na Baía de Santos, com 195 foraminíferos/50 cm³,
e a que apresentou o maior valor médio foi a S3, no Alto Estuário, com 3257 foraminíferos/50
cm³.
Analisando as réplicas, a que apresentou menor densidade foi a SV2b, no Canal de
São Vicente, com apenas 39 foraminíferos/50 cm³, e a que apresentou maior densidade foi a
S3c, no Alto Estuário, com 3758 foraminíferos/50 cm³.
A região do Alto Estuário, de maneira geral, apresentou as maiores densidades em todo
o SESSVBE, com os valores médios variando entre 1466 e 3257 foraminíferos/50 cm³. A
amostra que apresentou o menor valor da região foi a S5c, com 262 foraminíferos/50 cm³.
Com relação ao Canal de Bertioga, as densidades médias por estação variaram entre
221 foraminíferos/50 cm³ na estação B1, mais a leste do canal, a 1513 foraminíferos/50 cm³ na
estação B5, mais a oeste do canal. A amostra que apresentou o menor valor da região foi a B1b,
com 105 foraminíferos/50 cm³, e a que apresentou o maior valor foi a B5c, com 2280
foraminíferos/50 cm³.

Figura 18 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de densidade média entre as réplicas por estação de indivíduos de
foraminíferos bentônicos (nº ind./50cm³) no SESSVBE.
52

No Canal de São Vicente, as densidades médias por estação variaram entre 244
foraminíferos/50 cm³ na estação SV4 a 1860 foraminíferos/50 cm³ na estação SV5. A amostra
que apresentou o maior valor da região foi a SV5c, com 2320 foraminíferos/50 cm³.
O Canal de Santos apresentou a sua menor densidade média de 247 foraminíferos/50
cm³ na estação S9, e a maior de 2369 foraminíferos/50 cm³ na estação S7. A amostra que
apresentou o menor valor foi a S9b, com 124 foraminíferos/50 cm³, e a que apresentou o maior
valor foi a S7a, com 3597 foraminíferos/50 cm³.
Dentre as cinquenta e uma espécies identificadas no sistema estuarino, destacam-se
oito, que apresentaram dentre todas as espécies abundâncias relativas superiores a 1%
(Ammonia parkinsoniana, Ammonia sp1., Ammonia tepida, Cribroelphidium excavatum,
Haplophragmoides tenuis, Paratrochammina clossi, Pseudotriloculina patagonica e
Trochammina hadai) (Tabela 6). As Figuras 31 a 34 mostram a frequência dessas espécies por
réplica em cada estação amostral, juntamente com os indivíduos do gênero Ammonia,
Cribroelphidium e Quinqueloculina que não puderam ser identificados em nível de espécie em
função de estágio juvenil ou dissoluções nas carapaças, e os indivíduos juvenis que não
puderam ser identificados nem em nível de gênero, e apresentaram abundância relativa maior
que 1%. Além disso, essas figuras também incluem as espécies Bolivina striatula, Bulimina
elongata, Cribroelphidium poeyanum e Nonionella opima, por apresentarem abundâncias
relativas próximas de 1% e apresentarem maiores abundâncias em determinadas regiões do
SESSVBE.

6.1.2.1 Espécies hialinas

O gênero Ammonia, que está dentre os foraminíferos com carapaça hialina mais
abundantes nas regiões costeiras em todo o mundo (HAYWARD et al., 2004b), têm uma alta
variabilidade morfológica que pode interferir na determinação taxonômica, trazendo
inconsistência à análise filogenética. Quatro espécies/morfotipos desse gênero foram
distinguidas e identificadas neste trabalho, sendo Ammonia sp.1., Ammonia tepida, Ammonia
parkinsoniana e Ammonia rolshauseni.
Ammonia sp.1 é uma espécie/morfotipo que não pode ser identificado em nível de
espécie simplesmente por análise morfológica tradicional, pela comparação dos indivíduos
triados com espécies descritas anteriormente na região, e em outras áreas de estudo. Ammonia.
Sp.1 é uma espécie/morfotipo que já foi observada no SESSVBE na fauna morta por
DAMASIO et al. (2020), que também não conseguiram identificar em nível de espécie. Esses
53

organismos apresentam uma carapaça quase igualmente biconvexa com uma região umbilical
profundamente escavada, uma superfície dorsal ligeiramente deprimida, uma margem
periférica arredondada, 8-10 câmaras na última espiral, diferindo da espécie A. tepida. As
câmaras formam uma extremidade pontiaguda em direção à região umbilical. As suturas são
ligeiramente deprimidas e limbadas. A abertura é umbilical e extraumbilical. Análises
moleculares devem ser realizadas nessa espécie/morfotipo para refinamento taxonômico.
Como visualizado na Figura 19, o gênero Ammonia possui uma maior abundância
relativa na região do Alto Estuário, com valores acima de 70%, chegando a 91,6% na estação
S1. De maneira gera, o Canal de Bertioga apresenta a menor abundância relativa desse gênero,
com valores abaixo de 20% (com exceção da estação B5), juntamente com a parte sul do Canal
de Santos, Baía de Santos e a estação SV3, no Canal de São Vicente.
A espécie/morfotipo Ammonia sp.1 se mostrou a mais abundante dentre as outras
espécies do mesmo gênero (Figura 20). A sua maior abundância relativa foi no Alto Estuário,
chegando a 75,7% na estação S1, e a menor foi no Canal de Bertioga, com 6% na estação B2.

Figura 19 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Ammonia no SESSVBE.
54

Figura 20 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Ammonia sp1 no SESSVBE.

O gênero Cribroelphidium apresentou as maiores abundâncias relativas na região leste


do Canal de Bertioga (55,5% na estação B1) e ao longo do Canal de São Vicente (maior valor
de 54,43% na estação SV3) (Figura 21). O Canal de Santos, Baía de Santos e Alto Estuário
apresentaram valores baixos, variando entre 0 e 7,5%. Nesse gênero, a espécie Cribroelphidium
excavatum foi a mais abundante (Figura 22), com abundância relativa de 46% na estação B1, e
33,97% na estação SV3.
55

Figura 21 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Cribroelphidium spp no SESSVBE.

Figura 22 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Cribroelphidium excavatum no
SESSVBE.
56

A família Bolivinitidae, que apresenta as espécies Bolivina albatrossi, Bolivina lowmani,


Bolivina ordinaria, Bolivina striatula, Bolivina variabilis, Bolivinellina translucens e os
indivíduos do gênero Bolivina que não puderam ser identificados em nível de espécie em função
de estágio juvenil ou dissoluções nas carapaças (Bolivina spp.), apresentou maior abundância
relativa na estação S11 da Baía de Santos (24,88%), e nas estações S10, S9 e S8 na região sul
do Canal de Santos (15,10; 14,43 e 9,22%, respectivamente) (Figura 23). No Canal de São
Vicente apresentou abundância relativa variando entre 0 e 0,27%, no Canal de São Vicente
apresentou abundância relativa variando entre 0 e 0,35% e o Alto Estuário apresentou
abundância relativa variando entre 0,5 e 1%.

Figura 23 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bolivinitidae no SESSVBE.
57

A espécie Bolivina striatula foi a que apresentou maior abundância relativa dentre as
espécies da família Bolivinitidae, com 10% na estação S11, 6,4% na estação S10, 6,4% na
estação S9 e 6% na estação S8 (Figura 24).
A espécie Bulimina elongata apresentou a maior abundância relativa na região sul do
Canal de Santos, com valores de 6,3; 4,81 e 2,94% nas estações S10, S9 e S8, respectivamente.
Nas outras regiões do estuário, a abundância relativa esteve abaixo de 1%, com exceção das
estações S11, S7 e S6, que apresentaram abundância relativa em torno de 2% (Figura 25).
A espécie Nonionella opima por sua vez apresentou a maior abundância relativa nas
estações S8 e S6 no Canal de Santos (7,58 e 7,19%, respectivamente), estando ausente no Canal
de Bertioga, Baía de Santos e Canal de São Vicente (com exceção da estação SV1) (Figura 26).

Figura 24 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bolivina striatula no SESSVBE.
58

Figura 25 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Bulimina elongata no SESSVBE.

Figura 26 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Nonionella opima no SESSVBE.
59

6.1.2.2 Espécies aglutinantes

A espécie Haplophragmoides tenuis apresentou a maior abundância relativa dentre


todas as espécies aglutinantes. Ela mostrou maior abundância no Canal de Bertioga (Figura 27),
com valores variando entre 9,95% na estação B1 a 51,34% na estação B3. No Canal de São
Vicente, essa espécie apenas apresentou abundância relativa maior que 1% na estação SV1,
com 4,08%. Nas outras regiões, apenas as estações S8 e S7 apresentaram abundância relativa
maior que 1% (1,94 e 1,41%, respectivamente).

Figura 27 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Haplophragmoides tenuis no
SESSVBE.

A espécie Paratrochammina clossi também apresentou sua maior abundância relativa


no Canal de Bertioga, com valores variando entre 7,2% na estação B2 a 2,11% na estação B1
(Figura 28). A estação SV1, localizada na região mais externa do Canal de São Vicente,
apresentou abundância relativa de 2,49%, enquanto as outras estações desse canal apresentaram
valores abaixo de 1%. As outras regiões do estuário também apresentaram abundância relativa
abaixo de 1%.
60

Figura 28 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Paratrochammina clossi no
SESSVBE.

A espécie Trochammina hadai, assim como as outras espécies aglutinantes, também


apresentou maior abundância relativa no Canal de Bertioga, com valores indo de 11,22% na
estação B2 a 3,63% na estação B1 (Figura 29). No Canal de São Vicente ela apresentou a maior
abundância relativa de 2,22% na estação SV1, e no Canal de Santos ela apresentou a maior
abundância relativa de 2,24% na estação S8. Nas outras estações desses canais, na Baía de
Santos e no Alto Estuário, a abundância relativa dessa espécie esteve abaixo de 2%.
61

Figura 29 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Trochammina hadai no SESSVBE.

6.1.2.3 Espécies porcelanáceas

Dentre as espécies de carapaça calcárea porcelanácea (Miliolídeos), a


Pseudotriloculina patagonica se mostrou, de maneira geral, a mais abundante no SESSVBE. O
Canal do Porto apresentou a maior abundância relativa dessa espécie, variando entre 10,48 e
25,31% (estações S7 e S8, respectivamente) (Figura 30). O Alto Estuário também apresentou,
de maneira geral, maiores abundâncias relativas, variando entre 5 e 14% (estações S1 e S2,
respectivamente). Já no Canal de Bertioga, as abundâncias relativas estiveram mais baixas,
variando entre 0% (estações B2 e B3) a 7% (estação B5). O Canal de São Vicente, por sua vez,
apresentou variação entre 1,4 e 13,2% (estações SV2 e SV5, respectivamente) a estação na Baía
de Santos, por fim, apresentou abundância relativa de 6,2%.
62

Figura 30 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de abundância relativa de Pseudotriloculina paragonica no
SESSVBE.
63

Figura 31 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal de Bertioga. O valor acima dos
gráficos representa a densidade (nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada amostras, e as cores são referentes à classificação
do EcoQS.
64

Figura 32 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal de São Vicente. O valor acima
dos gráficos representa a densidade (nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada amostras, e as cores são referentes à
classificação do EcoQS.
65

Figura 33 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos em cada réplica (a, b, c) das amostras do Alto Estuário. O valor acima dos
gráficos representa a densidade (nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada amostras, e as cores são referentes à classificação
do EcoQS.
66

Figura 34 – O gráfico superior apresenta a abundância absoluta das principais espécies de foraminíferos bentônicos em cada réplica (a, b, c) das amostras do Canal e Baía de Santos. O valor acima
dos gráficos representa a densidade (nº ind./50cm³) de indivíduos de foraminíferos da amostra. O gráfico de barras inferior mostra o exp(H'bc) para cada amostras, e as cores são referentes à
classificação do EcoQS.
67
Tabela 6 – Tipos de carapaça e abundância relativa de foraminíferos por estação no SESSVBE.
Tipo de carapaça (%) B1 B2 B3 B4 B5 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11
Hialino 81.2 23.7 17.0 25.4 44.1 82.7 90.0 75.6 93.1 76.2 93.8 83.0 86.0 89.7 93.4 83.9 81.0 63.4 72.8 72.9 91.3
Porcelanáceo 0.5 4.7 14.4 30.4 11.2 5.6 4.6 14.8 5.2 17.3 6.0 16.0 13.1 9.2 6.1 13.6 14.7 28.1 24.3 19.3 7.7
Aglutinante 18.3 71.6 68.7 44.2 44.7 11.7 5.4 9.6 1.7 6.6 0.3 1.0 0.9 1.1 0.6 2.4 4.3 8.5 2.9 7.8 1.0
Espécie (%) B1 B2 B3 B4 B5 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11
Ammobaculites exiguus 0.00 0.71 0.96 0.38 0.88 0.34 0.24 1.21 0.14 0.52 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Ammoglobigerina globigeriniformis 0.00 0.00 0.19 0.19 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Ammonia parkinsoniana 4.07 4.60 5.75 5.58 5.29 3.68 10.58 3.90 9.69 2.95 4.45 5.64 2.97 15.36 6.26 2.59 5.79 5.44 2.14 2.76 0.00
Ammonia rolshauseni 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.48 0.19 1.32 0.53 3.35 4.88
Ammonia sp.1 8.60 6.02 7.66 8.08 20.46 26.25 38.88 6.35 53.75 28.14 75.79 61.28 60.45 48.75 64.71 48.82 44.98 19.90 11.23 8.80 6.23
Ammonia spp. 0.00 0.24 0.00 0.38 0.00 2.64 5.54 3.31 8.32 6.57 10.68 9.40 9.44 21.07 14.42 13.90 8.00 5.45 17.11 5.52 7.65
Ammonia tepida 3.92 1.18 1.15 1.35 2.82 4.16 8.46 3.69 4.77 4.08 0.75 1.44 1.24 0.54 0.61 0.72 5.05 4.76 6.42 13.99 32.71
Ammotium cassis 0.00 0.12 0.57 0.00 0.00 0.00 0.00 0.90 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Ammotium morenoi 0.00 0.71 0.96 0.77 1.23 0.45 0.36 1.90 0.00 0.40 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.23 0.00 0.00 0.00 0.00
Arenoparrella mexicana 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.17 0.27 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Bathysiphon argenteus 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.53 0.00
Bolivina albatrossi 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.48 1.60 2.23 3.78
Bolivina lowmani 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.79 1.07 1.71 3.63
Bolivina ordinaria 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.78 0.22 0.29 0.18 0.14 1.65 0.41 0.00 0.53 0.92 0.00
Bolivina striatula 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.22 0.00 0.00 0.00 0.14 0.00 0.00 0.32 0.54 0.63 1.57 2.44 5.97 6.42 6.43 10.13
Bolivina spp. 0.00 0.12 0.00 0.00 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00 0.13 0.00 0.33 0.00 0.00 0.00 0.00 0.19 0.00 0.00 0.00 0.00
Bolivina variabilis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.30 0.00 0.17 0.36 0.14 1.75 0.84 0.98 0.53 1.18 6.11
Bolivinella seminuda 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.53 1.20
Bolivinellina translucens 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 4.28 2.63 1.23
Bulimina elongata 0.00 0.00 0.00 0.00 0.18 0.00 0.00 0.00 0.00 0.14 0.27 0.22 0.15 0.00 0.35 2.19 1.85 2.94 4.81 6.30 2.43
Bulimina marginata 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.23 0.00 0.00 0.00 0.00
Bulimina patagonica 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.68 0.19 0.00 0.00 0.00 0.00
Buliminella elegantissima 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.02 0.00 0.46 0.18 0.14 0.29 0.98 1.32 2.14 1.64 0.00
Cancris sp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.53 0.00 0.00
Caronia exilis 0.00 0.94 1.72 2.12 1.76 0.74 0.49 0.10 0.00 0.00 0.00 0.11 0.14 0.00 0.00 0.77 0.84 2.23 1.60 2.10 1.23
Cibicidoides lobatulus 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.15 0.00 0.00 0.08 0.00 0.00 0.00 0.33 0.00
Cornuspira planorbis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Cribroelphidium excavatum 46.00 8.15 1.34 5.77 10.93 28.55 13.41 33.97 5.59 20.46 0.00 1.00 3.03 0.18 1.80 0.00 0.20 0.00 0.00 0.00 0.00
Cribroelphidium poeyanum 9.50 2.95 0.77 2.88 1.76 3.35 0.98 1.45 0.00 0.00 0.05 1.55 0.49 0.00 0.00 0.08 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Cribroelphidium spp. 0.00 0.24 0.00 0.19 0.18 9.56 9.94 19.09 5.73 11.66 0.70 1.00 3.50 0.36 0.76 0.00 0.39 0.00 0.00 0.00 0.00
Cribrostomoides sphaerilocula 0.45 2.24 0.38 0.58 0.71 0.22 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Cribrostomoides subturbinata 0.00 0.24 0.38 0.38 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Discorbis spp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.02 0.00 0.26 0.00
Edentostomina cultrata 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.38 0.00
Fursenkoina pontoni 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.60 0.79 0.00 0.26 1.23
Glomospira gordialis 0.00 0.94 1.92 0.19 0.18 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Glomospira spp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.36 0.17 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Haplophragmoides tenuis 9.95 45.10 51.34 28.85 26.81 4.08 0.73 0.52 0.55 0.13 0.00 0.00 0.17 0.36 0.00 0.00 1.41 1.94 0.00 0.00 0.00
Haynesina germanica 0.00 0.00 0.00 0.38 0.53 0.11 0.00 0.00 0.00 0.13 0.00 0.00 0.29 0.00 0.14 0.05 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Hopkinsina pacifica 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.17 0.00 0.06 0.22 1.01 1.29 3.21 4.53 1.20
Martinottiella gracilis 0.00 0.47 0.77 0.58 0.71 0.00 0.00 2.38 0.00 0.53 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.08 0.00 0.19 0.00 0.00 0.00
Miliammina fusca 0.15 0.00 0.19 0.38 0.00 0.11 0.96 0.69 0.41 3.32 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Miliolinella circularis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 8.63 0.68 1.62 0.00 0.00 0.00 0.36 0.00 0.00 1.00 0.00 0.53 0.00 0.00
Nonionella opima 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.11 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.22 0.00 0.18 1.01 7.19 2.76 7.58 4.28 3.15 0.00
Oolina spp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.05 0.19 0.19 0.00 0.00 0.00
Pararotalia cananeiaensis 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.12 0.63 0.34 1.60 2.04 8.81
Paratrochammina clossi 2.11 7.20 4.21 3.08 4.94 2.49 1.34 0.35 0.55 0.80 0.02 0.00 0.29 0.36 0.35 1.58 0.43 1.45 0.00 1.18 0.00
Paratrochammina spp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.17 0.00 0.00 0.25 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
68
Continuação
Pseudononion japonicum 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.24 1.48 2.67 0.59 0.00
Pseudotriloculina patagonica 0.60 0.00 0.00 2.69 7.05 4.21 1.43 4.07 3.41 13.22 5.02 14.05 11.15 7.50 5.50 13.39 10.48 25.31 20.86 13.79 6.23
Quinqueloculina bosciana 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.14 0.00 0.29 0.00 0.45 0.41 1.60 2.30 1.35
Quinqueloculina poeyana 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.36 0.00 0.82 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Quinqueloculina seminula 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.53 0.33 0.00
Quinqueloculina spp. 0.15 4.60 14.37 26.92 3.70 1.21 2.31 1.10 0.00 1.92 0.90 1.88 1.31 0.71 0.14 0.08 2.26 2.29 0.53 1.05 0.00
Rosalina bradyi 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.20 0.00 0.00 0.98 0.00
Textularia earlandi 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.33 0.00 0.00 0.14 0.13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.34 0.53 1.71 0.00
Trifarina angulosa 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.33 0.00
Triloculinella sublineata 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.35 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.36 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Trochammina hadai 3.62 11.22 4.98 4.81 5.11 2.22 0.24 0.45 0.00 0.52 0.00 0.66 0.00 0.36 0.00 0.00 1.04 2.24 0.53 1.97 0.00
Trochammina inflata 0.00 0.35 0.00 0.00 0.00 0.13 0.49 0.17 0.00 0.00 0.00 0.22 0.00 0.00 0.20 0.00 0.23 0.19 0.00 0.00 0.00
Trochammina spp. 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.29 0.00 0.00 0.00 0.00 0.19 0.53 0.00 0.00
Warrenita palustris 0.00 0.24 0.00 0.38 0.00 0.00 0.00 0.21 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Juvenis 10.86 1.42 0.38 3.08 3.70 4.86 2.90 4.69 5.18 2.36 0.00 0.77 3.40 2.32 2.35 0.68 3.33 0.19 1.60 3.22 0.00

Tabela 7 – Referência taxonômica das espécies identificadas, abundância absoluta, soma e frequência total de espécies de foraminíferos por estação no SESSVBE.
Espécie (foraminíferos/50 cm³) B1 B2 B3 B4 B5 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 Soma %
Ammobaculites exiguus
0 2 3 1 13 3 1 10 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 43 0.18
Cushman & Brönnimann, 1948
Ammoglobigerina globigeriniformis
0 0 1 1 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0.03
(Parker & Jones, 1865)
Ammonia parkinsoniana (d'Orbigny, 1839) 9 13 20 19 80 38 26 33 24 55 97 121 97 382 92 18 137 35 5 19 0 1320 5.67
Ammonia rolshauseni (Cushman & Bermúdez, 1946) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 4 9 1 23 10 57 0.24
Ammonia sp.1 (Damasio et al., 2020) 19 17 27 28 309 269 96 55 131 523 1643 1313 1968 1213 949 342 1066 128 28 60 12 10196 43.76
Ammonia spp. Brünnich, 1771 0 1 0 1 0 27 14 28 20 122 231 201 307 524 211 97 190 35 43 37 15 2104 9.03
Ammonia tepida (Cushman, 1926) 9 3 4 5 43 43 21 32 12 76 16 31 40 13 9 5 120 31 16 95 65 689 2.96
Ammotium cassis (Parker, 1870) 0 0 2 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0.04
Ammotium morenoi (Acosta, 1940) 0 2 3 3 19 5 1 16 0 8 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 62 0.27
Arenoparrella mexicana (Kornfeld, 1931) 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0.01
Bathysiphon argenteus Heron-Allen & Earland, 1913 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 4 0.02
Bolivina albatrossi Cushman, 1922 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 4 15 7 36 0.15
Bolivina lowmani Phleger & Parker, 1951 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 3 12 7 27 0.12
Bolivina ordinaria Phleger & Parker, 1952 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 5 9 4 2 12 10 0 1 6 0 66 0.28
Bolivina striatula Cushman, 1922 0 0 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 10 13 9 11 58 39 16 44 20 225 0.97
Bolivina spp. d'Orbigny, 1839 0 0 0 0 5 0 0 0 0 2 0 7 0 0 0 0 4 0 0 0 0 18 0.08
Bolivina variabilis (Williamson, 1858) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 6 9 2 12 20 6 1 8 12 82 0.35
Bolivinella seminuda (Cushman, 1911) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 6 0.03
Bolivinellina translucens (Phleger & Parker, 1951) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 18 2 31 0.13
Bulimina elongata d'Orbigny, 1846 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3 6 5 5 0 5 15 44 19 12 43 5 165 0.71
Bulimina marginata d'Orbigny, 1826 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 5 0.02
Bulimina patagonica d'Orbigny, 1839 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 4 0 0 0 0 9 0.04
Buliminella elegantissima (d'Orbigny, 1839) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 15 4 2 2 23 9 5 11 0 72 0.31
Cancris sp. Montfort, 1808 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0.00
Caronia exilis (Cushman & Brönnimann, 1948) 0 3 6 7 27 8 1 1 0 0 0 2 5 0 0 5 20 14 4 14 2 119 0.51
Cibicidoides lobatulus (Walker & Jacob, 1798) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 1 0 0 0 2 0 8 0.03
Cornuspira planorbis Schultze, 1853 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0.01
Cribroelphidium excavatum (Terquem, 1875) 102 23 5 20 165 293 33 292 14 380 0 21 99 4 26 0 5 0 0 0 0 1482 6.36
Cribroelphidium poeyanum (d'Orbigny, 1839) 21 8 3 10 27 34 2 12 0 0 1 33 16 0 0 1 0 0 0 0 0 168 0.72
Cribroelphidium spp. Cushman & Brönnimann, 1948 0 1 0 1 3 98 25 164 14 217 15 21 114 9 11 0 9 0 0 0 0 702 3.01
Cribrostomoides sphaerilocula (Cushman, 1910) 1 6 1 2 11 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23 0.10
Cribrostomoides subturbinata (Cushman, 1920) 0 1 1 1 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0.03
69
Continuação
Discorbis spp. Lamarck, 1804 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 2 0 9 0.04
Edentostomina cultrata (Brady, 1881) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 0 9 0.04
Fursenkoina pontoni (Cushman, 1932) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 5 0 2 2 23 0.10
Glomospira gordialis (Jones & Parker, 1860) 0 3 7 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 0.06
Glomospira spp. Rzehak, 1885 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0.01
Haplophragmoides tenuis Cushman, 1927 22 127 179 100 405 42 2 4 1 2 0 0 6 9 0 0 33 13 0 0 0 945 4.06
Haynesina germanica (Ehrenberg, 1840) 0 0 0 1 8 1 0 0 0 2 0 0 9 0 2 0 0 0 0 0 0 23 0.10
Hopkinsina pacifica Cushman, 1933 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 1 2 24 8 8 31 2 82 0.35
Martinottiella gracilis
0 1 3 2 11 0 0 20 0 10 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 49 0.21
(Cushman & Brönnimann, 1948)
Miliammina fusca (Brady, 1870) 0 0 1 1 0 1 2 6 1 62 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 74 0.32
Miliolinella circularis (Bornemann, 1855) 0 0 0 0 0 0 0 74 2 30 0 0 0 9 0 0 24 0 1 0 0 140 0.60
Nonionella opima Cushman, 1947 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 5 0 4 15 50 65 49 11 21 0 221 0.95
Oolina spp. d'Orbigny, 1839 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 0 0 0 5 0.02
Pararotalia cananeiaensis Debenay, Duleba, Bonetti,
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 15 2 4 14 17 53 0.23
De Melo e Souza & Eichler, 2001
Paratrochammina clossi Brönnimann, 1979 5 20 15 11 75 26 3 3 1 15 1 0 9 9 5 11 10 9 0 8 0 236 1.01
Paratrochammina spp. Brönnimann, 1979 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0.03
Pseudononion japonicum Asano, 1936 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 29 10 7 4 0 50 0.21
Pseudotriloculina patagonica (d'Orbigny, 1839) 1 0 0 9 107 43 4 35 8 246 109 301 363 187 81 94 248 163 52 93 12 2156 9.25
Quinqueloculina bosciana d'Orbigny, 1839 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 4 0 11 3 4 16 3 46 0.20
Quinqueloculina poeyana d'Orbigny, 1839 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0.01
Quinqueloculina seminula (Linnaeus, 1758) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 3 0.01
Quinqueloculina spp. d'Orbigny, 1826 0 13 50 93 56 12 6 9 0 36 20 40 43 18 2 1 54 15 1 7 0 476 2.04
Rosalina bradyi (Cushman, 1915) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 7 0 12 0.05
Textularia earlandi Parker, 1952 0 0 0 0 0 3 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 2 1 12 0 20 0.09
Trifarina angulosa (Williamson, 1858) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0.01
Triloculinella sublineata (Brady, 1884) 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 12 0.05
Trochammina hadai Uchio, 1962 8 32 17 17 77 23 1 4 0 10 0 14 0 9 0 0 25 14 1 13 0 265 1.14
Trochammina inflata (Montagu, 1808) 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 5 0 0 3 0 5 1 0 0 0 18 0.08
Trochammina spp. Parker & Jones, 1859 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 1 1 0 0 11 0.05
Warrenita palustris (Warren, 1957) 0 1 0 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0.02
Juvenis 24 4 1 11 56 50 7 40 13 44 0 17 111 58 35 5 79 1 4 22 0 582 2.50
70

6.1.3 Índices ecológicos

Os valores dos índices ecológicos podem ser visualizados na Tabela 8. O SESSVBE,


como um todo, apresentou riqueza variando entre 11 e 34 (estação B1 e S10, respectivamente)
(Figura 35). De maneira geral, o Canal de Santos apresentou os maiores valores, enquanto o
Alto Estuário e o Canal de Bertioga apresentaram os menores.
Os valores para o índice de diversidade de Shannon-Wiener estão representados na
Figura 36. É possível observar uma tendência de maiores valores (1,81 a 3,03) no Canal de
Santos, valores intermediários nos canais de São Vicente e Bertioga (1,68 a 2,34), e menores
valores no Alto Estuário (0,95 a 1,53). A estação S10 apresentou o maior valor, enquanto a
estação S1 apresentou o menor (3,03 e 0,95, respectivamente).
O índice de Dominância apresentou um padrão contrário ao índice de diversidade de
Shannon-Wiener, com os maiores valores na região mais ao norte do Rio Piaçaguera, no Alto
Estuário, e os menores na região mais ao sul do Canal de Santos (Figura 37). Os valores desse
índice variaram entre 0,07 e 0,59 (estações S10 e S1, respectivamente). Os canais de São
Vicente e Bertioga apresentaram valores intermediários, variando entre 0,14 e 0,32 (estações
B5 e SV4, respectivamente).
O índice de Equitabilidade de Pielou (Figura 38) mostrou os menores valores nas
regiões mais ao norte do Alto Estuário (0,36 a 0,52), e os maiores na região sul do Canal de
Santos, variando entre 0,36 e 0,86 (estações S1 e S10, respectivamente).

Tabela 8 – Valores médios por estação dos índices ecológicos de Riqueza, Densidade, Dominância, Simpson, Shannon e
Equitabilidade por estação no SESSVBE.
Estação Riqueza Densidade Dominância Simpson Shannon Equitabilidade
B1 11 221 0.26 0.74 1.78 0.74
B2 21 282 0.24 0.76 2.03 0.67
B3 20 349 0.3 0.7 1.8 0.6
B4 24 346 0.18 0.82 2.2 0.69
B5 23 1513 0.14 0.86 2.34 0.75
SV1 23 1025 0.17 0.83 2.19 0.7
SV2 20 248 0.2 0.8 2.06 0.69
SV3 26 855 0.17 0.83 2.25 0.69
SV4 14 244 0.32 0.68 1.68 0.64
SV5 23 1860 0.16 0.84 2.16 0.69
S1 14 2168 0.59 0.41 0.95 0.36
S2 17 2142 0.41 0.59 1.4 0.5
S3 23 3257 0.39 0.61 1.53 0.49
S4 19 2487 0.31 0.69 1.52 0.52
S5 20 1466 0.45 0.55 1.32 0.44
S6 22 701 0.28 0.72 1.81 0.59
S7 33 2369 0.23 0.77 2.22 0.63
S8 30 645 0.13 0.87 2.57 0.76
S9 28 247 0.11 0.89 2.64 0.79
S10 34 680 0.07 0.93 3.03 0.86
S11 17 195 0.15 0.85 2.31 0.81
71

Figura 35 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de riqueza de foraminíferos bentônicos no SESSVBE.

Figura 36 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de diversidade de Shannon de foraminíferos bentônicos no
SESSVBE.
72

Figura 37 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de dominância de foraminíferos bentônicos no SESSVBE.

Figura 38 – Mapa mostrando interpolação IDW dos dados de equitabilidade de foraminíferos bentônicos no SESSVBE.
73

6.1.4 Índices ambientais para foraminíferos

Os valores dos índices ambientais para foraminíferos podem ser visualizados na


Tabela 9.
Os resultados do índice EcoQS (Exp(H'bc)) para cada réplica podem ser visualizados
nas Figuras 31 a 34, enquanto a Figura 39 mostra a classificação do índice de acordo com
BOUCHET et al. (2018) para a média dos resultados das réplicas por estação. É possível
observar que o Alto Estuário, em especial a estação mais ao norte, apresentou os menores
valores para esse índice, com classificação da qualidade entre “péssimo” e “ruim”, enquanto a
região mais ao sul do Canal de Santos apresentou os maiores valores, com a classificação da
qualidade variando entre “bom” e “ótimo”.
No Alto Estuário, a estação com o menor valor para esse índice foi a S1, enquanto a
com o maior valor foi a S3 (2,59 e 4,65, respectivamente). Quase todas as amostras
apresentaram classificação de qualidade “ruim”, com exceção de duas réplicas da estação S1
(S1a e S1b), que apresentaram a classificação “péssimo”. Por esse motivo, a estação S1 foi a
única classificada como “péssimo” em todo o SESSVBE.
O Canal de São Vicente apresentou estações com resultados do índice EcoQS variando
entre 5,51 e 9,63 (estações S4 e S3, respectivamente). A classificação da qualidade ambiental
ficou como “regular” para todas as amostras, com exceção da S4, que obteve classificação
“ruim”. Não houve variação na classificação entre as réplicas por estação.
O Canal de Bertioga apresentou resultados variando entre 6,05 e 10,46 (estações B1 e
B5, respectivamente). A classificação da qualidade ambiental ficou como “ruim” para as
estações B1 e B3, enquanto as estações B2, B4 e B5 obtiveram classificação “regular”. As
réplicas das estações B2, B3 e B5 apresentaram variações na classificação da qualidade
ambiental. Na B2 a amostra B2c apresentou classificação “ruim”, na B3 a amostra B3b
apresentou classificação “regular” e na B5 a amostra B5b apresentou classificação “bom”.
No Canal de Santos e na Baía de Santos, os resultados do índice EcoQS variaram entre
6,20 e 21,26 (estações S6 e S10, respectivamente). A estação S6 foi classificada como “ruim”,
as estações S7 e S11 como “regular”, as estações S8 e S9 como “bom” e a estação S10 como
“ótimo”, sendo a única no SESSVBE com essa classificação. As réplicas das estações S6, S7,
S8 e S11 apresentaram variações na classificação da qualidade ambiental, de acordo com o
índice EcoQS. Na S6, as réplicas S6a e S6b apresentaram classificação “ruim” enquanto a S6c
apresentou classificação “regular”. Na S7, a réplica S7a apresentou classificação “ruim”, a S7b
classificação “bom” e a S7c classificação “regular”. Na S8, a réplica S8a apresentou
74

classificação “ótimo”, a S8b “bom” e a S8c “regular”. Na S11, as réplicas S11a e S11b
apresentaram classificação “regular” enquanto a S11c apresentou “ruim”.

Tabela 9 – Valores dos índices ambientais EcoQS, FSI e %TSstd para foraminíferos bentônicos por estação do SESSVBE.
Estação Exp(H'bc) FSI %TSstd
B1 6.05 1.05 98.58
B2 7.89 1.43 85.6
B3 6.23 2.35 58.14
B4 9.3 3.84 52.55
B5 10.46 2.05 80.86
SV1 9.02 1.59 89.87
SV2 8.13 1.52 92.89
SV3 9.63 2.45 73.48
SV4 5.51 1.55 86.77
SV5 8.74 3.05 58.75
S1 2.59 1.74 83.76
S2 4.09 2.67 63.22
S3 4.65 2.48 70.6
S4 4.6 2.21 66.99
S5 3.76 1.91 79.75
S6 6.2 4.27 24.07
S7 9.27 3.87 46.6
S8 13.41 6.48 -0.22
S9 14.77 7.68 0.26
S10 21.26 7.09 -0.52
S11 10.48 6.11 0.25

Figura 39 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice EcoQS no SESSVBE.
75

As Figuras 40 e 41 mostram os resultados obtidos da relação entre abundância relativa


das principais espécies versus COT, enquanto a classificação das espécies em “Sen” e “Str” de
acordo com a sensibilidade/tolerância ao enriquecimento de COT pode ser observada na Tabela
10. Espécies como H. tenuis, C. poeyanum e T. hadai apresentaram uma tendência clara de
crescimento da abundância relativa com maior porcentagem de COT e foram classificadas
como “Str”. Já espécies como B. striatula, B. elongata, P. patagonica e N. opima apresentaram
uma tendência clara de diminuição da abundância relativa com maior porcentagem de COT, e
foram classificadas como “Sen”.
Espécies que não apresentaram uma tendência tão clara foram analisadas em conjunto
com as classificações de outros estudos (Tabela 10). A. tepida, por exemplo, é tida como uma
espécie muito oportunista e, apesar de mostrar nesse estudo uma tendência inversa, foi
classificada como “Str”. A espécie Ammonia. sp1., apesar de não mostrar uma tendência muito
clara de crescimento, foi classificada como “Str”, uma vez que o gênero Ammonia é conhecido
por ser um gênero oportunista e comumente classificado como “Str” (referências da Tabela 10).
Além disso, A. sp1. mostrou uma abundância relativa muito alta (> 50%) em valores medianos
de COT (entre 2 e 4%), podendo estar sendo favorecida nessas condições, em comparação com
condições com baixos valores de COT.
Espécies que não apresentaram uma tendência clara, e que apresentaram baixos valores
de abundância relativa, foram classificadas como “indiferentes”, não sendo utilizadas para os
cálculos dos índices FSI e %TSstd (e.g. A. exiguus, C. exilis e H. germanica).
76

Figura 40 – Relação entre abundância relativa das principais espécies (eixo y, %) e COT (eixo x, %) para classificação nos
grupos sensíveis (Sen) ou tolerantes (Str). X azul representa amostras com predominância de areia e pontos pretos representa
amostras com predominância de lama.
77

Figura 41 – Relação entre abundância relativa das principais espécies (eixo y, %) e COT (eixo x, %) para classificação nos
grupos sensíveis (Sen) ou tolerantes (Str). X azul representa amostras com predominância de areia e pontos pretos representa
amostras com predominância de lama (Continuação).
78

Tabela 10 – Classificação das espécies de foraminíferos encontradas entre os grupos “Sen” e “Str” de acordo com a
tolerância/sensibilidade ao enriquecimento orgânico, e comparação com a classificação feita por outros estudos. Para os estudos
que utilizaram o índice Foram-AMBI, os grupos I e II (G1 e G2) estão classificados como grupo Sen, e os grupos III, IV e V
(G3, G4 e G5) como o grupo Str.
DIMIZA MINHAT FOSSILE ALVE BOUCHET
Grupo JORISSEN O'MALLEY et al. (2021)
Espécie et al. et al. et al. et al.
atribuído et al. (2018) et al. (2021)
(2016) (2020) (2021) (2016) (a) (b)
Ammobaculites exiguus Indiferente (G2)
Ammoglobigerina globigeriniformis Indiferente (G1) (G2) (G4)
Ammonia parkinsoniana Str Str (G1) (G2) (G1)
Ammonia rolshauseni Sen Str Str Str
Ammonia sp.1 Str Str Str Str
Ammonia spp. NA Str Str Str
Ammonia tepida Str Str Str Str (G5) (G3) (G3)
Ammotium cassis Str (G3)
Ammotium morenoi Str Str (G2)
Arenoparrella mexicana Str (G1)
Bathysiphon argenteus NA
Bolivina albatrossi Sen Str (G3)
Bolivina lowmani Sen Str (G3)
Bolivina ordinaria Sen Str (G4) (G2) (G5)
Bolivina striatula Sen Str Str (G2) (G3) (G3) (G5) (G1)
Bolivina spp. NA Str
Bolivina variabilis Sen Str (G3) (G1)
Bolivinella seminuda Sen
Bolivinellina translucens Sen (G2) (G3) (G3)
Bulimina elongata Sen Str Str Str (G2) (G4) (G3)
Bulimina marginata Sen Str Str Str (G3) (G2) (G2) (G4) (G2)
Bulimina patagonica Sen Str
Buliminella elegantissima Sen (G3) (G5) (G3) (G3)
Cancris sp. NA
Caronia exilis Indiferente
Cibicidoides lobatulus Sen Sen (G1) (G1) (G1)
Cornuspira planorbis Sen Sen Sen
Cribroelphidium excavatum Str Str (G4) (G1) (G3)
Cribroelphidium poeyanum Str Str (G1) (G3)
Cribroelphidium spp. Str Str
Cribrostomoides sphaerilocula Str
Cribrostomoides subturbinata Str
Discorbis spp. Sen (G1)
Edentostomina cultrata Sen Sen Sen
Fursenkoina pontoni Sen Str Str (G5)
Glomospira gordialis Str (G3)
Glomospira spp. NA
Haplophragmoides tenuis Str
Haynesina germanica Indiferente (G3) (G5) (G3) (G3)
Hopkinsina pacifica Sen (G3) (G5) (G5)
Martinottiella gracilis Indiferente
Miliammina fusca Sen (G2) (G3)
Miliolinella circularis Sen Sen Sen Sen (G1)
Nonionella opima Sen Str Str (G4)
Oolina spp. Sen Sen Sen
Pararotalia cananeiaensis Sen Sen
Paratrochammina clossi Str
Paratrochammina spp. NA
Pseudononion japonicum Sen (G3) (G3)
Pseudotriloculina patagonica Sen Sen Sen
Quinqueloculina bosciana Sen Sen Sen Sen (G2)
Quinqueloculina poeyana Sen Sen Sen Sen
Quinqueloculina seminula Sen Sen Sen Sen (G2) (G3) (G5) (G1)
Quinqueloculina spp. Sen Sen Sen Sen
Rosalina bradyi Sen Sen Sen Sen (G1) (G2) (G1)
Textularia earlandi Sen (G3) (G2)
Trifarina angulosa Sen (G1) (G2) (G3)
Triloculinella sublineata Sen Sen Sen
Trochammina hadai Str
Trochammina inflata Str (G4) NA NA
Trochammina spp. NA
Warrenita palustris Str
Juvenis NA
ESTUDO ÍNDICE LOCAL DO ESTUDO
DIMIZA et al. (2016) FSI Mar Egeu (Grécia): Golfo de Vistonikos, Golfo Thermaikos e Baía de Vravron
MINHAT et al. (2020) FSI Estreito de Malacca (Malásia)
FOSSILE et al. (2021) FSI Golfo de Manfredônia (sul do Mar Adriático)
ALVE et al. (2016) Foram-AMBI Fiordes do Atlântico Nordeste e Ártico, plataformas continentais e taludes
JORISSEN et al. (2018) Foram-AMBI Mar Mediterrâneo
O’MALLEY et al. (2021) Foram-AMBI Golfo do México
BOUCHET et al. (2021) Foram-AMBI Região entre marés do (a) Atlântico Europeu e (b) do Mar Mediterrâneo
Sen G1 e G2
NA: Grupo não atribuído
Str G3, G4 e G5
79

Os resultados do índice FSI por réplica estão apresentados na Figura 42, enquanto os
valores médios por estação podem ser visualizados na Tabela 9 e na Figura 43.
É possível observar que a grande maioria das réplicas foram consistentes entre si em
relação às suas classificações de qualidade ambiental. As exceções foram as estações B3 (B3a
apresentou classificação “muito poluído”, enquanto B3b e B3c “moderadamente poluído”),
SV3 (SV3a apresentou classificação “muito poluído”, enquanto SV3b e SV3c “moderadamente
poluído”), S4 (S4a apresentou classificação “muito poluído”, enquanto S4b e S4c
“moderadamente poluído”), S5 (S5a e S5 b apresentaram classificação “moderadamente
poluído”, enquanto S5c “muito poluído”) e S11 (S1a apresentou classificação “um pouco
poluído”, enquanto S11b e S11c “moderadamente poluído”). Nenhuma réplica foi classificada
como “normal/pristina”, apresentando valor do índice acima de 9.
Ao analisar os valores médios desse índice por estação, é possível observar cinco
regiões que apresentaram classificação “muito poluído” no SESSVBE,.A região leste do Canal
de Bertioga (apresentou os menores valores 1,05 e 1,43; estações B1 e B2, respectivamente), a
região sul do Canal de São Vicente (1,59 e 1,52; estações SV1 e SV2, respectivamente), a
estação SV4 (1,55), também no Canal de São Vicente, a região mais ao norte do Rio Piaçaguera
(1,74; estação S1) e a estação S5 (1,91), no Alto Estuário.
Em contraste, é possível observar duas regiões classificadas como “um pouco poluído”,
a região sul do Canal de Santos (estações S8, S9 e S10, sendo que a estação S9 apresentou o
maior valor de todo o SESSVBE; 7,68) e a estação S11 (6,11), na Baía de Santos. As outras
regiões do estuário apresentaram valores intermediários do índice (2,05 a 4,27), sendo
classificadas como “moderadamente poluído”. Nenhuma estação foi classificada como
“normal/pristina.
FSI

0.00
2.00
6.00
8.00

4.00
B1a
B1b
B1c
B2a
B2b
B2c
B3a
B3b
B3c
B4a
B4b
Muito poluído

B4c
B5a
B5b
B5c
SV1a
SV1b
SV1c
SV2a
SV2b
SV2c
SV3a
SV3b
SV3c
SV4a
SV4b
SV4c
SV5a
Moderadamente poluído

SV5b
SV5c
S1a
S1b
S1c
Estações

S2a
S2b
S2c
S3a
S3b
S3c
S4a
S4b
S4c
Um pouco poluído

S5a
S5b
S5c
S6a
S6b
S6c
S7a
S7b
S7c
S8a
S8b
S8c
S9a
S9b
Figura 42 – Gráfico apresentando os valores de FSI para cada réplica (a, b, c). As cores são referentes à classificação do FSI.

S9c
S10a
S10b
S10c
S11a
S11b
S11c
80
81

Figura 43 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice FSI no SESSVBE.

Os resultados do índice %TSstd por estação podem ser visualizados na Tabela 9 e na


Figura 44, enquanto a Figura 45 mostra a curva utilizada para encontrar a %TSref por estação.
As estações escolhidas para serem utilizadas como referência foram “S8, S9, S10 e S11”
(pontos em azul no gráfico), e a curva polinomial de ordem 2 e equação 𝑦 = 0,0163𝑥 2 −
1,48𝑥 + 51,977 foi a que se melhor ajustou às estações de referência, e a partir dela foram
realizados os cálculos.
De maneira geral, o índice %TSstd mostrou uma tendência de resultado semelhante
aos índices EcoQS e FSI. A região sul do Canal de Santos e a Baía de Santos apresentaram a
melhor qualidade ambiental, e as estações S8 e S10, selecionadas como de “referência”,
apresentando excepcionalmente valores negativos. A região leste do Canal de Bertioga (98,58
e 85,60%, estações B1 e B2, respectivamente) e a região Sul do Canal de São Vicente (92,89 e
89,87%, estações SV2 e SV1, respectivamente) obtiveram os piores valores de qualidade
ambiental em todo o SESSVBE, indicando grandes impactos antropogênicos. Ainda no Canal
de São Vicente, a estação SV4 também mostrou um valor muito ruim de qualidade ambiental,
86,77%. Ao norte do Alto Estuário, a estação S1 também apresentou qualidade ambiental muito
ruim, com valor de %TSstd igual a 83,76%. As outras regiões do estuário apresentaram valores
82

intermediários, abaixo de 80%, indicando poluição moderada. As estações S6 e S7 foram as


únicas que apresentaram valores menores que 50% (sem contar as de referência; 24,07 e 46,60%,
respectivamente), indicando pouco impacto antrópico.

Figura 44 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores médios por estação do índice %TSstd no SESSVBE.
83

%TSstd
100

90

80

70

60
%Str

50

40

30

20

10 y = 0.0163x2 - 1.48x + 51.977


0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% finos
Referência Amostras Polinomial (Referência)

Figura 45 – Porcentagem de espécies tolerantes ao estresse versus a porcentagem de partículas <63 μm nas diferentes estações
estudadas. A linha de tendência polinomial de ordem 2 representa a porcentagem de espécies tolerantes ao estresse em
condições naturais sem impacto.

6.2 Características do sedimento

Os resultados da textura do sedimento, matéria orgânica (MO), carbonato de cálcio


(CaCO3) e carbono orgânico total (COT) podem ser observados na Tabela 11. Os resultados
completos de COT encontram-se no Apêndice B. A porcentagem de sedimentos finos (silte +
argila) variou entre 6,45 e 98,46% no SESSVBE (estações S11 e B2, respectivamente) (Figura
46). De maneira geral, o Canal de Bertioga, o Alto Estuário e a parte norte do Canal de Santos
apresentaram mais sedimentos finos, enquanto o Canal de São Vicente, o sul do Canal de Santos
(estações S9 e S10) e a Baía de Santos apresentaram mais sedimentos arenosos. As exceções
são a estação B5, no Canal de Bertioga, que apresentou 17,26% de finos, e a estação SV4, no
Canal de São Vicente, que apresentou 91,77% de finos.
A MO variou entre 3,29 e 41,49% no SESSVBE (estações S5 e B4, respectivamente)
(Figura 47). De maneira geral, o Canal de Bertioga apresentou os maiores valores de todo o
estuário (com exceção da estação B5), variando entre 4,13 e 41,49% (estações B5 e B4,
respectivamente). No Canal de São Vicente, a MO variou entre 6,23 e 29,25% (estações SV1 e
SV4, respectivamente, apresentando uma tendência de maiores valores em sentido oposto à
84

desembocadura do canal. O Canal de Santos apresentou, na maior parte dos casos, os menores
valores de MO em todo o estuário, com 4,70 a 14, 09% (estações S9 e S6, respectivamente). Já
o Alto Estuário, por sua vez, apresentou valores entre 3,29 e 19,49% (estações S5 e S2,
respectivamente).
Com relação ao carbonato, é possível observar uma tendência de maiores valores em
direção a Baía de Santos, e menores em direção ao Alto Estuário (Figura 48). Os valores
variaram entre 0% (estações S1, S4 e B3) a 14,80% (estação S7). No Canal de Bertioga, a média
esteve em 0,8%, no Canal de São Vicente 3,08%, no Alto Estuário 3,27% e no Canal de Santos
10,15%. Já a estação da Baía de Santos apresentou 3,66%.
Os valores de COT (Figura 49) variaram entre 0,53 e 5,47% (estações S11 e B2,
respectivamente) no SESSVBE. O Canal de Bertioga apresentou os maiores valores em todo o
estuário, apresentando quatro estações com valores acima de 4,5%. A estação B5 foi a exceção,
apresentando apenas 0,87%. O Canal de São Vicente apresentou valores intermediários,
variando entre 0,67% (estações SV1 e SV5) a 3,88% (estação SV4). O Alto Estuário apresentou
valores variando entre 2,32 e 4,33% (estações S1 e S2, respectivamente). O Canal de Santos,
por sua vez, apresentou os menores valores do estuário, com o maior na estação S6 (2,35%),
diminuindo gradualmente até a estação S10 (1,28%).

Tabela 11 – Valores em porcentagem de sedimentos finos (silte + argila), matéria orgânica (MO), carbonato de cálcio
(CaCO3) e carbono orgânico total (COT) por estação no SESSVBE.
Estação Finos (%) MO (%) CaCO3 (%) COT (%)
B1 98.45 26.24 2.55 4.73
B2 98.46 33.03 0.38 5.47
B3 97.03 29.24 0 4.89
B4 73.51 41.49 0.91 5.37
B5 17.26 4.13 0.55 0.87
SV1 14.84 6.23 8.58 0.67
SV2 45.3 12.44 1.56 2.69
SV3 20.62 12.68 1.15 2.34
SV4 91.77 29.25 2.78 3.88
SV5 6.6 10.1 1.34 0.67
S1 88.97 11.09 0 2.32
S2 89.06 19.49 3.45 4.33
S3 84.01 13.69 4.53 2.7
S4 95.39 17.45 0 2.6
S5 89.02 3.29 8.41 2.69
S6 90.74 14.09 6.78 2.35
S7 82.13 9.05 14.8 2.2
S8 80.99 9.3 4.55 2.2
S9 24.39 4.7 11.41 1.05
S10 15.77 7.56 13.22 1.28
S11 6.45 6.3 3.66 0.53
85

Figura 46 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de sedimentos finos (silte + argila) por estação
no SESSVBE.

Figura 47 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de matéria orgânica no sedimento por estação
no SESSVBE.
86

Figura 48 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de carbonato de cálcio no sedimento por estação
no SESSVBE.

Figura 49 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores em porcentagem de carbono orgânico total (COT) no sedimento
por estação no SESSVBE.
87

6.3 Orgânicos

Os resultados das determinações dos compostos orgânicos estão sumarizados na


Tabela 12, e são detalhados nos itens a seguir. Os resultados completos encontram-se no
Apêndice B.

Tabela 12 – Resultados das concentrações de HPAs Totais (ng g-1), 16 HPAs prioritários (ng g-1), Alifáticos Totais (µg g−1),
Mistura Complexa Não Resolvida (UCM) (µg g−1), LABs Totais (ng g-1), Coprostanol (µg g−1) e razão UCM/Alifáticos
resolvidos por estação no SESSVBE.
Estação HPAs Totais 16 HPAs Alifáticos Totais UCM UCM/resolvidos LABs Totais Coprostanol
S1 18102.2 13234.3 317.5 275.9 6.6 62.2 0.6
S2 12955.2 9922.2 321.7 278.3 6.4 87.3 4.6
S3 6052.3 4486.3 250.7 208.3 4.9 68.5 1.7
S4 22375.0 16272.1 220.8 180.9 4.5 104.8 4.5
S5 1527.8 1090.5 96.1 83.6 6.6 179.4 0.5
S6 3995.0 2725.9 152.5 130.0 5.8 937.9 1.6
S7 1532.9 1055.7 64.6 45.0 2.3 210.5 1.1
S8 1378.7 995.3 63.1 47.2 3.0 95.9 0.4
S9 1978.8 1530.5 29.3 19.5 2.0 231.9 0.1
S10 1468.0 1009.0 24.6 16.2 1.9 183.7 0.3
S11 214.7 157.8 8.2 4.0 0.9 520.1 2.3
SV1 104.5 57.9 5.9 1.6 0.4 85.7 0.5
SV2 191.6 118.6 9.1 3.2 0.6 266.4 1.4
SV3 1335.1 916.1 22.5 14.7 1.9 276.4 0.6
SV4 1932.0 1243.0 112.1 86.6 3.4 1382.8 4.7
SV5 3186.9 1968.7 108.9 74.7 2.2 188.8 0.7
B1 522.2 248.6 79.8 52.5 1.9 166.4 2.2
B2 2354.6 1258.3 136.1 78.6 1.4 172.8 2.1
B3 2769.8 1673.4 152.6 79.9 1.1 185.1 1.7
B4 2851.7 1739.2 161.9 92.9 1.3 270.2 1.1
B5 4437.0 3275.0 90.0 60.8 2.1 92.6 0.6

6.3.1 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

Os resultados das análises de HPAs totais podem ser visualizados na Tabela 12 e nas
Figuras 50 e 51. As concentrações totais variaram entre 104,5 e 22375,0 ng g-1 em todo o
SESSVBE, e o Alto Estuário foi a região que apresentou os maiores valores. Nessa região, a
concentração total média foi a de 12202,5 ng g-1, variando entre 1527,8 e 22375,0 ng g-1
(estações S5 e S4, respectivamente). Quatro estações dessa região (com exceção da S5)
apresentaram valores de concentrações totais acima do nível 1 da Resolução CONAMA
454/2012 de 4000 ng g-1. O Canal de Bertioga foi a segunda região a apresentar os maiores
valores de concentrações totais de HPAs, com média de 2587,0 ng g-1. Os valores variaram
entre 522,2 e 4434,0 ng g-1 (estações B1 e B5, respectivamente). A estação B5 foi a única a
ultrapassar o nível 1 da Resolução CONAMA 454/2012. O Canal de Santos apresentou
concentrações totais médias de 2071,7 ng g-1, com valores variando entre 1348,7 e 3995,0 ng
g-1 (estações S8 e S6, respectivamente). O Canal de São Vicente apresentou a menor
concentração total média, de 1350,0 ng g-1, com concentrações variando entre 104,5 e 3186,9
88

ng g-1 (estações S1 e S5, respectivamente). A Baía de Santos, por sua vez, apresentou
concentração total de 214,7 ng g-1.
As concentrações totais dos 16 HPAs prioritários definidos pela USEPA (United States
Environmental Protection Agency) mostraram o mesmo padrão de distribuição que as
concentrações totais de HPAs, dado que o Alto Estuário apresentou concentrações médias de
9001,1 ng g-1, seguido pelo Canal de Bertioga (1638,9 ng g-1), Canal de Santos (1463,3 ng g-1)
e Canal de São Vicente (860,69 ng g-1). A Baía de Santos apresentou concentração de 157,8 ng
g-1.

Figura 50 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de HPAs Totais (em ng/g) no sedimento por
estação no SESSVBE
89

Figura 51 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração dos 16 HPAs Prioritários da USEPA (em ng/g)
no sedimento por estação no SESSVBE

6.3.2 Hidrocarbonetos alifáticos e mistura complexa não resolvida

Os resultados das análises AHs totais podem ser visualizados na Tabela 12 e nas
Figuras 52 a 54. As concentrações dos Hidrocarbonetos Alifáticos Totais variaram entre 5,9 e
321,7 µg g−1 em todo o SESSVBE. O Alto Estuário apresentou as maiores concentrações, com
média de 241,4 µg g−1, variando entre 96,1 e 321,7 µg g−1 (estações S5 e S2, respectivamente).
O Canal de Bertioga apresentou a segunda maior média de concentrações totais no estuário
(124,1 µg g−1), variando entre 79,8 e 161,9 µg g−1 (estações B1 e B4, respectivamente). O
Canal de Santos, por sua vez, apresentou concentração média de 66,9, variando entre 24,6 e
152,5 µg g−1 (estações S10 e S6, respectivamente). O Canal de São Vicente apresentou média
de 51,7 µg g−1, com concentrações variando entre 5,9 e 112,1 µg g−1 (estações SV1 e SV4,
respectivamente). A estação S11 localizada na Baía de Santos apresentou concentração total de
8,2 µg g−1.
As concentrações de UCM encontradas nas estações do SESSVBE mostraram o
mesmo padrão de distribuição por estação em comparação com os alifáticos totais. O Alto
Estuário apresentou a maior média de concentração (205,4 µg g−1), variando entre 83,6 e 278,3
90

µg g−1 (estações S5 e S2, respectivamente). Em seguida, o Canal de Bertioga apresentou a


segunda maior média de concentrações (72,9 µg g−1), variando entre 542,5 e 92,9 µg g−1
(estações B1 e B4, respectivamente). O Canal de Santos apresentou média de 51,6 µg g−1,
variando entre 16,2 e 130,0 µg g−1 (estações S10 e S6, respectivamente). O Canal de São
Vicente apresentou a menor média (36,2 µg g−1), com concentrações variando entre 5,9 e 112,1
µg g−1 (estações SV1 e SV4, respectivamente). A estação na Baía de Santos apresentou
concentração de 4,0 µg g−1.
Em contrapartida, a relação entre as concentrações de UCM e de AHs
(UCM/resolvidos) mostrou uma pequena diferença de padrão. O Alto Estuário apresentou a
maior média (5,8), mas o Canal de Santos apresentou a segunda maior média (3,0). Em seguida
o Canal de São Vicente apresentou média de 1,7; e o Canal de Bertioga apresentou média de
1,6. A estação na Baía de Santos apresentou a razão igual a 0,9.

Figura 52 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de AHs Totais (em µg/g) no sedimento por
estação no SESSVBE.
91

Figura 53 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentração de UCM (em µg/g) no sedimento por estação no
SESSVBE.

Figura 54 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores da razão UCM/Hidrocarbonetos Alifáticos Resolvidos no
sedimento por estação no SESSVBE.
92

6.3.3 Alquilbenzenos lineares

Os resultados das análises de LABs em amostras de sedimento do SESSVBE podem


ser visualizados na Tabela 12 e na Figura 55. As concentrações totais variaram entre 62,24 e
1382,75 ng g-1 em todo o estuário. De maneira geral, o Canal de São Vicente apresentou as
maiores concentrações (média de 440,01 ng g-1), variando entre 85,72 e 1382,75 ng g-1 (estações
SV1 e SV4, respectivamente). O Canal de Santos apresentou a segunda maior média de
concentrações totais, 331,96 ng g-1. Os valores nessa região variaram entre 95,86 e 937,92 ng
g-1 (estações S8 e S6, respectivamente). A estação na Baía de Santos, por sua vez, apresentou o
valor de 520,07 ng g-1. O Canal de Bertioga apresentou uma média de concentrações de 177,39
ng g-1, com valores variando entre 92,56 e 270,19 ng g-1 (estações B5 e B4, respectivamente).
O Alto Estuário apresentou as menores concentrações de LABs totais em todo o SESSVBE,
com média de concentrações de 100,44 ng g-1 e valores variando entre 62,25 e 179,42 ng g-1
(estações S1 e S5, respectivamente).

Figura 55 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de concentrações totais de LABs (em ng/g) nas estações do
SESSVBE.
93

6.3.4 Esteróis

Os resultados da análise do esterol fecal coprostanol por estação do SESSVBE podem


ser visualizados na Tabela 12 e na Figura 56. As concentrações variaram entre 0,1 e 4,7 µg g−1
em todo o SESSVBE. O Alto Estuário apresentou a maior média de concentrações (2,4 µg g−1),
com valores variando entre 0,5 e 4,6 µg g−1 (estações S5 e S2, respectivamente). O Canal de
São Vicente apresentou a segunda maior média de concentração (1,6 µg g−1), com valores
variando entre 4,7 e 0,5 µg g−1 (estações SV4 e SV1, respectivamente). O Canal de Bertioga,
por sua vez, apresentou concentração média de 1,5 µg g−1, com valores variando entre 0,6 e 2,2
µg g−1 (estações B5 e B1, respectivamente). O Canal de Santos apresentou a menor média (0,7
µg g−1), com valores variando entre 0,1 e 1,6 µg g−1 (estações S9 e S6, respectivamente). A
estação na Baía de Santos apresentou concentração de 2,3 µg g−1.

Figura 56 – Mapa mostrando interpolação IDW dos valores de coprostanol (em µg/g) no sedimento por estação no
SESSVBE.
94

6.4 Modelo de salinidade

Os resultados do modelo de salinidade de fundo para o SESSVBE podem ser


visualizados na Tabela 13 e na Figura 57. De maneira geral, o Canal de Santos apresentou os
maiores valores máximos de salinidade em todo o estuário, com salinidade acima de 33 em
todas as estações, enquanto o Canal de Bertioga, por sua vez, apresentou os menores valores
mínimos de salinidade, com salinidade abaixo de 29 em todas as estações.
As variações entre salinidade mínima e máxima (δ Salinidade) estiveram entre 0,47 e
4,57 em todo o estuário (estações S11 e B3, respectivamente). O Canal de Santos apresentou as
menores variações, com δ médio de 1,11 enquanto o Canal de Bertioga, por outro lado,
apresentou as maiores variações, com δ médio de 3,58. O Canal de São Vicente apresentou δ
médio de 2,58 e o Alto Estuário δ médio de 2,11. A estação SV3 apresentou a menor variação
de salinidade no Canal de São Vicente (1,83), e a estação S3 apresentou a maior variação no
Alto Estuário (4,33), sendo a terceira maior variação em todo o estuário.

Tabela 13 – Resultados do modelo de salinidade de fundo para o SESSVBE, apresentando salinidade mínima, máxima e
variação de salinidade (δ Salinidade) por estação.

Estação Salinidade mínima Salinidade máxima δ Salinidade


S1 29.61 30.76 1.16
S2 29.83 31.39 1.56
S3 28.82 33.15 4.33
S4 31.78 33.61 1.83
S5 31.96 33.64 1.68
S6 32.21 33.72 1.51
S7 32.26 33.76 1.50
S8 32.69 33.80 1.11
S9 33.04 33.84 0.79
S10 33.20 33.84 0.64
S11 33.47 33.94 0.47
SV1 29.72 33.23 3.51
SV2 29.14 31.47 2.33
SV3 28.38 30.21 1.83
SV4 28.63 31.01 2.38
SV5 29.12 31.97 2.85
B1 27.07 28.70 1.63
B2 27.07 30.63 3.56
B3 27.11 31.67 4.57
B4 27.51 32.02 4.51
B5 28.91 32.54 3.63
95

Figura 57 – Mapa mostrando os resultados do modelo de salinidade de fundo por estação no SESSVBE. No topo, diferença
entre salinidade máxima e mínima, no centro salinidade máxima e na base salinidade mínima.
96

6.5 Análise multivariada

Na CA modo-Q realizada com base na densidade média de foraminíferos, % finos, δ


salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol e
média dos resultados dos índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por
estação do SESSVBE (Figura 58), dois cortes foram realizados a fim de visualizar as
compartimentações do SESSVBE. Em um corte de similaridade de 2,25 foram encontrados 5
agrupamentos, e em um corte de similaridade de 1,00 os agrupamentos 2, 3 e 5 foram
subdivididos em 2a, 2b, 3a, 3b, 5a e 5b. O 1 é composto pelas estações localizadas no Alto
Estuário, o 2a pelas estações de Bertioga e São Vicente mais próximas do Alto Estuário, o 2b
pela estação S5 e S7, o 3A pelas estações SV4 e S6, o 3B pelas estações de Bertioga, o 4 pelas
estações ao sul de São Vicente, o 5a pela estação S11 e o 5B pelas estações localizadas no sul
do Canal de Santos.
O resultado da primeira PCA realizada e baseada na matriz de densidade média de
foraminíferos por estação, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs
totais, concentração de coprostanol e índices ambientais para foraminíferos médios (EcoQS,
FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE pode ser visualizado na Figura 59. Uma componente
principal (fator) se apresentou dominante (Eingevalue > 1), explicando 52,35% da variância
total. Junto com a segunda componente principal, a explicação da variância total foi de 75,93%.
Os loading plot das duas componentes principais estão ilustrados nas Figuras 60 e 61.
Na primeira componente, os índices EcoQS, FSI e a concentração de LABs totais estão
ordenados na parte negativa do eixo, enquanto %TSstd, densidade de foraminíferos, % finos, δ
salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais e concentração de coprostanol
estão ordenados na parte positiva do eixo. Na segunda componente, o índice %TSstd, LABs
totais, concentração de coprostanol, % finos, δ salinidade e COT estão ordenados na parte
negativa do eixo, enquanto os índices EcoQS, FSI, densidade de foraminíferos, HPAs totais,
AHs totais e UCM estão ordenados na parte positiva do eixo.
Os índices FSI e EcoQS encontram-se correlacionados positivamente nas duas
componentes principais com as estações S8, S9, S10 e S11, e apenas na primeira componente
com as estações SV1, SV2 e SV3, enquanto o índice %TSstd está correlacionado negativamente
nas duas componentes principais com as estações S8, S9, S10 e S11, e apenas na segunda
componente com as estações SV1, SV2 e SV3. Os índices FSI e EcoQS estão correlacionados
negativamente na primeira componente com as estações S1, S2, S3, S4 e S6, e estão
correlacionados negativamente nas duas componentes com as estações localizadas no Canal de
97

Bertioga e as estações SV4, S5 e S7. O índice %TSstd, por sua vez, apresenta-se correlacionado
positivamente na primeira componente com as estações S1, S2, S3, S4 e S6 e correlacionado
positivamente nas duas componentes com as estações localizadas no Canal de Bertioga e as
estações SV4, S5 e S7.
Os parâmetros HPAs totais, AHs totais, UCM e densidade de foraminíferos encontram-
se correlacionados negativamente na primeira componente com as estações S8, S9, S10 e S11,
e negativamente nas duas componentes com as estações SV1, SV2 e SV3. Esses parâmetros
estão correlacionados positivamente nas duas componentes com as estações S1, S2, S3, S4 e
S6, e positivamente apenas na primeira componente com as estações localizadas no Canal de
Bertioga e as estações SV4, S5 e S7.
O parâmetro LABs totais mostrou-se positivamente correlacionado nas duas
componentes com as estações SV1, SV2 e SV3, e negativamente correlacionado nas duas
componentes com as estações S1, S2, S3, S4 e S6.
Coprostanol, COT e δ salinidade mostraram-se correlacionados positivamente nas duas
componentes com as estações localizadas no Canal de Bertioga e as estações SV4, S5 e S7, e
correlacionados negativamente nas duas componentes com as estações S8, S9, S10 e S11.
O parâmetro % finos encontra-se localizado ao longo do eixo da primeira componente,
juntamente com a estação SV5, estando correlacionado positivamente nessa componente com
as estações localizadas no Alto Estuário, Canal de Bertioga, e as estações S6, S7, SV4 e SV5.
A segunda PCA (Figura 62), baseada na matriz de dados de densidade média de
foraminíferos por estação, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs
totais, concentração de coprostanol e abundância relativa média das espécies Ammonia sp.1, A.
tepida, B. striatula, B. elongata, C. excavatum, H. tenuis, N. opima, P. clossi, P. patagonica e
T. hadai por estação do SESSVBE, apresentou, por sua vez, um fator dominante (Eingevalue >
1), explicando 35,12% da variância total. Junto com a segunda componente principal, a
explicação da variância total foi de 67,76%. A espécie Ammonia sp.1 mostrou-se correlacionada
positivamente nas duas componentes principais com as estações localizadas no Alto Estuário,
e a estação S6, juntamente com os parâmetros de HPAs totais e UCM. C. excavatum, por outro
lado, mostrou-se correlacionado negativamente nas duas componentes com essas estações e
parâmetros, mostrando-se correlacionado positivamente nas duas componentes com B1, SV1,
SV2 e SV3.
As espécies A. tepida, B. elongata, B. striatula e N. opima mostraram-se positivamente
correlacionadas em ambas as componentes com as estações S7, S8, S9, S10 e S11, juntamente
com o parâmetro LABs totais.
98

A espécie H. tenuis mostrou-se positivamente correlacionada em ambas as componentes


com as estações B2, B3, B4 e B5, e com os parâmetros δ salinidade, % finos, COT, AHs totais
e coprostanol.
As espécies T. hadai e P. clossi encontram-se ao longo do eixo positivo da segunda
componente principal, estando correlacionadas positivamente nessa componente com as
estações do Canal de Bertioga e com as estações SV1, SV2 e SV3. A espécie P. patagonica,
por outro lado, encontra-se ao longo do eixo negativo da segunda componente, estando
correlacionada positivamente neste eixo com as estações do Alto Estuário e do Canal de Santos.
99

Figura 58 – Análise de agrupamento hierárquico modo-Q com ligação de Ward, índice euclidiano e transformação dos dados do tipo log (x+1) com base na densidade de foraminíferos, % finos, δ
salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE.
100

Figura 59 – PCA 1 utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol (Cop) e índices
ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com transformação dos dados do tipo log (x+1).
101

Figura 60 – Loading plot da primeira componente principal da PCA 1, utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs
totais, concentração de coprostanol (Cop) e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com transformação dos dados log (x+1).
102

Figura 61 – Loading plot da segunda componente principal da PCA 1, utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs
totais, concentração de coprostanol (Cop) e índices ambientais para foraminíferos (EcoQS, FSI e %TSstd) por estação do SESSVBE, com transformação dos dados log (x+1).
103

Figura 62 – PCA 2 utilizando os parâmetros de densidade de foraminíferos, % finos, δ salinidade, COT, HPAs totais, AHs totais, UCM, LABs totais, concentração de coprostanol (Cop) e abundância
relativa das espécies Ammonia sp.1, Ammonia tepida, Bolivina striatula, Bulimina elongata, Cribroelphidium excavatum, Haplophragmoides tenuis, Nonionella opima, Paratrochammina clossi,
Pseudotriloculina patagonica e Trochammina hadai por estação do SESSVBE, com transformação dos dados do tipo log (x+1).
104

7 DISCUSSÃO

Avaliar a qualidade ambiental e o efeito das componentes antrópicas sobre os


organismos bentônicos em sistemas estuarinos localizados em regiões altamente urbanizadas,
como o SESSVBE, é particularmente difícil, uma vez que existe um grande “paradoxo” a ser
enfrentado (DAUVIN, 2007; DAUVIN; RUELLET, 2009; ELLIOTT; QUINTINO, 2007).
Dado que os foraminíferos desses ambientes estão sujeitos tanto aos estresses antrópicos,
quanto aos estresses naturais existentes em estuários, como variações na salinidade, tamanho
dos grãos do sedimento, entrada de matéria orgânica, diferentes exposições aos ciclos de maré,
etc., torna-se “paradoxal” a resposta dos índices de qualidade ambiental, pois não é clara a
distinção das componentes antrópicas das naturais atuantes sobre a fauna, o que dificulta a
proposição de ações para a melhoria da qualidade do ambiente. (FRANCESCANGELI et al.,
2021; JESUS et al., 2020; MARTINS et al., 2016b).
O SESSVBE vem há décadas sendo submetido a tanto perturbações antrópicas
expressivas por HPAs, AHs e efluentes domésticos, quanto variações significativas nos
parâmetros naturais de salinidade, textura do sedimento e quantidade de matéria orgânica,
estando inserido na condição “paradoxal” supracitada. À vista disso, as componentes antrópicas
e naturais potencialmente estressoras encontradas neste estudo são discutidas nos itens
seguintes, comparando-se os resultados obtidos com os resultados de estudos anteriores no
estuário, bem como com resultados observados em outras regiões costeiras do Brasil e do
mundo. A seguir, os foraminíferos bentônicos são introduzidos à discussão, avaliando suas
respostas ao cenário “paradoxal” presente no SESSVBE. Por fim, é analisada a eficácia desses
organismos como bioindicadores para este estuário, ponderando-se qual o melhor índice a ser
aplicado em possíveis estudos ambientais futuros.

7.1 Componentes antrópicas

As análises de contaminantes em amostras de sedimento superficial do SESSVBE


evidenciam um cenário de alta perturbação antrópica. Os resultados de HPAs totais (Tabela 14),
variando entre 104,5 e 22.235,0 ng g-1, estando acima do nível 1 da Resolução CONAMA
454/2012 em até cinco vezes, mostraram-se em conformidade com estudos realizados
anteriormente na região, apontando que medidas de controle de impactos na região ainda não
estão sendo suficientes – conforme demonstrado previamente por JESUS et al. (2020).
Igualmente, ao avaliar a concentração total dos 16 HPAs prioritários listados pela Agência de
105

Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que variou entre 57,9 e 16272,1 ng g-1 no SESSVBE,
um quadro preocupante de contaminação é observado.
No ano de 1999, MEDEIROS E BÍCEGO (2004) observaram valores relativamente
menores que os atuais, variando entre 86,6 e 15.389,1 ng g-1. Em contrapartida, em 2000,
BÍCEGO et al. (2006) constataram valores máximos três vezes maiores que os atuais na região
do Alto Estuário (68.130 ng g-1), indicando uma piora no estado da qualidade ambiental do
estuário. Em 2015, a análise em amostras do Alto Estuário expôs um cenário semelhante ao
atual, com valores variando entre 1.176,0 e 32.153,3 ng g-1 (DAMASIO et al., 2020).
Em comparação a outros ambientes costeiros do país, o SESSVBE apresenta
concentrações de HPAs totais em níveis ainda mais alarmantes. Na Lagoa dos Patos, região sul
do país, MEDEIROS et al. (2005) encontraram concentrações variando entre 37,7 e 11.779,9
ng g-1, na qual a concentração máxima é aproximadamente duas vezes menor que a encontrada
no SESSVBE. Já na Baía de Guanabara, região sudeste, DA SILVA et al. (2007) verificaram
concentrações bem inferiores, com valor máximo de 7.751,0 9 ng g-1. No Porto de Mucuripe,
em Fortaleza, região nordeste do Brasil, as concentrações observadas variaram entre <1,0 e
4.042,8 ng g-1, sendo bem menores que as encontradas no Alto Estuário, mas semelhantes às
dos canais de São Vicente, Santos e Bertioga.
Quanto às outras localidades costeiras ao redor do mundo, o SESSVBE expõe uma
condição semelhante à identificada na região estuarina de Chennai, Índia (13,0 – 31.425,0 ng
g-1), mais alarmante que a costa de Havana, Cuba (0,52 – 2.133 ng g-1), o estuário do Rio
Hooghly, Índia (15,4 – 1.731) e o Rio Dongjiang, China (482 – 4.644 ng g-1), e menos crítico
que o Porto de Boston, EUA (7.300 – 358.000 ng g-1) e portos noruegueses (2.000 – 76.000 ng
g-1).
Acerca dos resultados de AHs (Tabela 15), as concentrações totais variaram entre 5,9
e 321,7 µg g−1 no SESSVBE, enquanto UCM variou entre 1,6 e 278,3 µg g−1, resultados
comparáveis com os relatados em estudos anteriores no estuário. Em 1999, MEDEIROS E
BÍCEGO (2004) observaram concentrações de AHs totais três vezes menores que as atuais
(2,88 – 107,80 µg g−1) e aproximadamente cinco vezes menor para UCM (0,83 – 59,18 µg g−1).
Em contrapartida, no ano de 2000 as concentrações máximas relatadas foram bem maiores que
as atuais, em aproximadamente oito vezes para AHs totais (17,1 – 2.508 µg g−1) e sete para
UCM (13,02 – 2015 µg g−1) (BÍCEGO et al., 2006).
106

Tabela 14 – Concentrações de HPAs totais, em ng g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em três estudos anteriores, em
outras três regiões costeiras brasileiras e em seis ao redor do mundo.
Local ƩHPAs (ng g-1) Referência
Bertioga 522,2 – 4.437,0
Alto Estuário 1.527,8 – 22.375,0
Este estudo
São Vicente 104,5 – 3.186,9
Santos 1.468,0 – 3.995,0
Alto Estuário (2015) 1.176,0 – 32.153,3 DAMASIO et al. (2020)
SESSVBE (2000) 22,6 – 68.130 BÍCEGO et al. (2006)
SESSVBE (1999) 86,6 – 15.389,1 MEDEIROS E BÍCEGO (2004)
Lagoa dos Patos (Brasil) 37,7 – 11.779,9 MEDEIROS et al. (2005)
Baía de Guanabara (Brasil) 77,0 – 7.751,0 DA SILVA et al. (2007)
Porto do Mucuripe (Ceará) <1,0 – 4.042,8 MOREIRA et al. (2021)
Região estuarina em Chennai (Índia) 13,0 – 31.425,0 GOSWAMI et al. (2016)
Costa de Havana (Cuba) 0,52 – 2.133 MARTINS et al. (2018)
Estuário do Rio Hooghly (Índia) 15,4 – 1.731 ZANARDI – LAMARDO et al. (2019)
Rio Dongjiang (China) 482 – 4.644 ZHANG et al. (2011)
Porto de Boston (EUA) 7.300 – 358.000 WANG et al. (2001)
Portos noruegueses (Noruega) 2.000 – 76.000 OEN et al. (2006)

Após uma década, no entanto, PINHEIRO et al. (2017) detectaram concentrações


semelhantes às atuais no Canal de Santos (61,4 – 185,7 µg g−1 para AHs totais e 51,1 – 163,3
µg g−1 para UCM), e em 2015, DAMASIO et al. (2020) constataram concentrações similares
às atuais no Alto Estuário (12,4 – 477,3 µg g−1 para AHs totais e 95,2 – 163,3 µg g−1 para UCM).
Em comparação com outras regiões costeiras brasileiras, os canais de Santos, São
Vicente e Bertioga apresentaram concentrações de AHs totais semelhantes às encontradas na
Lagoa dos Patos (1,1 – 129,6 µg g−1) e no Estuário de Mundaú-Manguaba, em Alagoas (27,8 –
139,5 µg g−1). De maneira análoga, a concentração de UCM encontrada no Estuário de Mundaú-
Manguaba foi semelhante às encontradas nesses canais. O Alto Estuário foi a única região do
SESSVBE que apresentou concentrações muito acima dessas localidades.
Ao redor do mundo, em regiões como o Porto de Montevideo, no Uruguai, e a Costa
de Havana, foram identificadas concentrações de AHs totais e UCM abaixo das relatadas neste
estudo. Em Montevideo, concentrações de AHs totais variaram entre 21,11 e 119,72 µg g−1 e
UCM variou entre 6,22 e 55,99 µg g−1. Em Havana, concentrações de AHs totais variaram entre
1,24 e 135,7 µg g−1 e UCM variou entre <0,001 e 124,8 µg g−1. Já em comparação com regiões
como o Porto de Xiamen, China (onde foram observados valores de AHs totais variando entre
133,3 e 1.397 µg g−1 e UCM variando entre 95 e 1.312 µg g−1), o SESSVBE apresentou
concentrações totais máximas para AHs e UCM aproximadamente 4,5 vezes menores.
A UCM consiste em compostos recalcitrantes do petróleo, estando geralmente em
maiores concentrações no sedimento que os hidrocarbonetos resolvidos e muitas vezes indicam
107

petróleo que sofreu degradação, apontando uma contaminação mais antiga e persistente, que
pode causar efeitos deletérios crônicos aos organismos bentônicos (ROWLAND et al., 2001).
Em função disso, a razão entre UCM e hidrocarbonetos alifáticos resolvidos é um bom
indicador para avaliar a degradação dos hidrocarbonetos no sedimento em estuários (HARJI;
YVENAT; BHOSLE, 2008).
No SESSVBE, a região do Alto Estuário apresentou tanto maiores concentrações de
AHs totais, quanto maior razão entre UCM e AHs resolvidos. Por conseguinte, é possível alegar
que essa região do estuário, juntamente com a região norte do Porto de Santos (estação S6),
vêm sofrendo com a introdução contínua de hidrocarbonetos alifáticos, e que essa contaminação
representa fonte potencial de efeitos nocivos à fauna ali presente.

Tabela 15 – Concentrações de AHs totais e UCM, em µg g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em quatro estudos
anteriores, em outras duas regiões costeiras brasileiras e em três ao redor do mundo.
AHs (µg g−1)
Local Referência
ƩAHs UCM
Bertioga 79,8 – 161,9 52,5 – 78,6
Alto Estuário 96,1 – 321,7 83,6 – 278,3
Este estudo
São Vicente 5,9 – 112,1 1,6 – 86,6
Santos 24,6 – 152,5 16,2 – 130,0
124,4 –
Alto Estuário (2015) 95,2 – 402,3 DAMASIO et al. (2020)
477,3
Santos (2010) 61,4 – 185,7 51,1 – 163,3 PINHEIRO et al. (2017)
13,02 –
SESSVBE (2000) 17,1 – 2.508 BÍCEGO et al. (2006)
2.015
2,88 – MEDEIROS E BÍCEGO
SESSVBE (1999) 0,83 – 59,18
107,80 (2004)
Lagoa dos Patos (Brasil) 1,1 – 129,6 - MEDEIROS et al. (2005)
Estuário de Mundaú-Manguaba (Alagoas) 27,8 – 139,5 22,3 – 113,5 SILVA et al. (2012)
21,11 –
Porto de Montevideo (Uruguai) 6,22 – 55,99 MUNIZ et al. (2004)
119,72
<0,001 –
Costa de Havana (Cuba) 1,24 – 135,7 MARTINS et al. (2018)
124,8
133,3 –
Porto de Xiamen (China) 95 – 1.312 OU et al. (2004)
1.397

Os sedimentos descarregados pelos rios em estuários e hidrocarbonetos de origens


antropogênicas associados a eles são facilmente depositados nos leitos dos canais devido à alta
hidrofobicidade e solubilidade lipídica desses compostos, juntamente com a condição
hidrodinâmica e alta variabilidade físico-química presente nesses meios (LIN et al., 2013;
WANG et al., 2016). Logo, HPAs e AHs tendem a ser encontrados em maiores concentrações
em sedimentos localizados nas proximidades de suas áreas fontes, como pode ser observado na
Baía Kyeonggi, na Coreia do Sul, onde os sedimentos próximos ao complexo industrial de
108

Incheon apresentaram as maiores concentrações da região (KIM et al., 1999). No estuário do


Rio Yangtze, na China, o mesmo ocorre, devido aos efeitos da hidrodinâmica local (LIN et al.,
2013; YU et al., 2015).
Os resultados encontrados no SESSVBE apontam um cenário semelhante ao
encontrado nessas duas regiões asiáticas. O Alto Estuário, em especial o Rio Piaçaguera, está
localizado com uma maior proximidade ao Complexo Industrial de Cubatão, em comparação
com as outras áreas do estuário. Introduções de contaminantes industriais nos rios Perequê,
Cubatão e da Onça ao Rio Piaçaguera, concomitantemente com a introdução de compostos
provenientes do tráfego de navios e cargas aos terminais portuários da região às águas, tendem
a sedimentar e acumular no Alto Estuário. Além disso, o Alto Estuário possui velocidades de
correntes mais fracas, e necessita de um tempo maior em relação às outras regiões do SESSVBE
para haver a renovação completa de suas águas, o que favorece a concentração dos compostos
orgânicos no sedimento local (BÍCEGO et al., 2006; ROVERSI; ROSMAN; HARARI, 2016).
No tocante às análises dos compostos LABs e coprostanol, indicadores de
contaminação por efluentes domésticos (Tabelas 16 e 17), os resultados indicam maior impacto
presente no Canal de São Vicente. Apesar desses compostos em si não apresentarem risco à
fauna, e apenas uma análise de ausência/presença pode ser suficiente para afirmar a
contaminação por esgoto, é pertinente comparar as concentrações encontradas neste estudo com
outros no Brasil e no mundo.
Os LABs são empregados como matéria-prima na produção de surfactantes aniônicos,
amplamente utilizados na fabricação de detergentes domésticos (MYERS, 2006). Dado que até
10% dos LABs não reagem durante o processo de sulfonação para a fabricação dos
alquilbenzenos lineares sulfonados (LASs), eles permanecem como subprodutos nos produtos
de limpeza (EGANHOUSE; BLUMFLELD; KAPLAN, 1983; SCHWARZBAUER;
JOVANČIĆEVIĆ, 2018). Como os LABs possuem uma grande lipofilicidade, tendem a se
acumular nos sedimentos e nos materiais particulados dos sistemas aquáticos (TAKADA et al.,
1997), possuindo alta estabilidade ambiental e o alto potencial de geoacumulação, sendo assim
bons marcadores antropogênicos de esgoto em ambientes costeiros.
Os resultados de LABs apontaram o Canal de São Vicente, em especial a estação SV4,
e o norte do Canal de Santos, na estação S6, como principais focos de acúmulo dos compostos
carregados por efluentes. As altas concentrações no Canal de São Vicente podem ser explicadas
pela presença de grandes aglomerados subnormais em forma de palafitas sobre o canal, como
o Dique da Vila Gilda, Batuíra e a Vila dos Pescadores, por exemplo. Adicionalmente, como
visto no Rio Piaçaguera, o tempo de residência das águas em regiões do Canal de São Vicente
109

também é maior que outras regiões do estuário, facilitando assim o acúmulo de esgoto no
sedimento (ROVERSI; ROSMAN; HARARI, 2016). Já na estação S6, o esgoto proveniente
dos aglomerados subnormais em palafitas Prainha, Vietnã, Marezinha e Aldeia Porto Seguro,
localizados na margem do Canal de Santos, pode estar sendo transportado estuário acima pelas
correntes de maré, acumulando nesse local do estuário, conforme ao resultado do modelo de
transporte de partículas realizado por DAMASIO et al. (2020) e exposto pelo derivador 4 como
mostrado na Figura 8.
Resultados obtidos em análises de sedimentos do SESSVBE em 1999 por MEDEIROS
E BÍCEGO (2004) indicaram um cenário de menor contaminação por esgoto há mais de 20
anos, e são semelhantes ao resultado encontrado atualmente no Alto Estuário. As concentrações
atuais de LABs no SESSVBE são parecidas às reportadas na Lagoa dos Patos (MEDEIROS et
al., 2005), e até doze vezes maiores do que as do Porto do Mucuripe no Ceará (MOREIRA et
al., 2021). Os resultados de concentrações de LABs em diferentes locais ao redor do mundo
mostram concentrações muito menores que a do SESSVBE, e por consequência menores
entradas de esgoto, como por exemplo na Baía do Almirantado, Antártica, em Palau Merabong,
Malásia, na Costa de Havana, Cuba, e no Rio Dongjiang, China. Por outro lado, as
concentrações encontradas foram menores que na Baía de Tóquio, Japão, e até trinta e oito
vezes menor que no Porto de Barcelona, Espanha.

Tabela 16 – Concentrações de LABs totais, em ng g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em um estudo anterior, em
outras duas regiões costeiras brasileiras e em seis ao redor do mundo.
Local ƩLABs (ng g-1) Referência
Bertioga 92,6 – 270,2
Alto Estuário 62,2 – 179,4
Este estudo
São Vicente 85,7 – 1.382,8
Santos 95,9 – 937,9
SESSVBE (1999) 31,8 – 142,0 MEDEIROS E BÍCEGO (2004)
Lagoa dos Patos (Brasil) 3,2 – 1.601,9 MEDEIROS et al. (2005)
Porto do Mucuripe (Ceará) <0,85 – 110,9 MOREIRA et al.(2021)
Baía do Almirantado (Antártica) <1,0 – 46,5 MARTINS et al. (2012)
Palau Merambong (Malásia) 67,4 – 98,2 ALKHADHER et al. (2020)
Costa de Havana (Cuba) <0,5 – 22,7 MARTINS et al. (2018)
Rio Dongjiang (China) 14,5 - 410 ZHANG et al. (2012)
Baía de Tóquio (Japão) 130 – 3.270 TAKADA et al. (1992)
Porto de Barcelona (Espanha) 1.200 – 53.100 DÍEZ et al. (2006)

No caso da análise de esgoto utilizando coprostanol como indicador, os resultados


observados no SESSVBE foram ligeiramente diferentes dos obtidos com LABs. O coprostanol
(5β-colestan-3β-ol) é o principal esterol fecal, surgindo através da redução microbiana do
110

colesterol (colest-5-en-3β-ol) (GRIMALT et al., 1990; SCHWARZBAUER; JOVANČIĆEVIĆ,


2018), correspondendo de 24 a 89% do total de esteróis nas fezes (ISOBE et al., 2004) no
intestino, por meio da redução microbiana que promove a hidrogenação direta do colesterol.
Por serem pouco solúveis em água, se associam ao material particulado e ficam retidos nos
sedimentos, sendo bons marcadores de contaminação por esgoto (NGUYEN, D.; BRUCHET,
A.; ARPINO, 1995).
De maneira análoga aos resultados com LABs, a estação SV4, no Canal de São Vicente,
apresentou a maior concentração de todo o estuário, e a explicação possivelmente é a mesma
que a descrita na análise dos LABs. Entretanto, de maneira distinta, o Alto Estuário, em especial
nas estações S2 e S4, também apresentou altas concentrações, indicando o acúmulo de esgoto
no sedimento desses locais. O esgoto nessa região pode ser proveniente dos rios que desaguam
no Rio Piaçaguera.
O estudo realizado por CAMPOS et al. (2012) analisou duas amostras de sedimento
coletadas em 2008 em Cubatão, nas proximidades da Vila dos Pescadores e da Vila Esperança.
A amostra analisada nas proximidades da Vila dos Pescadores apresentou concentração
semelhante a estação SV4 (4,21 µg g-1), já a outra, mais afastada em uma região de mangue,
apresentou maior concentração. O SESSVBE apresenta concentrações de coprostanol maiores
que as encontradas no Estuário de Paranaguá, mas apresenta concentrações menores que a Baía
de Guanabara, onde foi encontrado até 40 µg g-1. Em relação a outras regiões no mundo, o
SESSVBE apresenta concentrações de corpostanol muito maiores que as obtidas na Baía de
Tóquio, Japão, e na Costa de Havana, Cuba, mas apresenta concentrações muito menores que
a encontrada no Estuário do Rio das Pérolas, na China, por exemplo. Nesse estuário chinês, as
concentrações mínimas e máximas encontradas são 3,5 e 11 vezes, respectivamente, maiores
que as máximas encontradas no SESSVBE, evidenciando um cenário de contaminação por
esgoto muito maior.
É importante salientar que, apesar das estações SV4, S2, S4 e S6 supracitadas
apresentarem as maiores concentrações, todas as estações analisadas no SESSVBE
quantificaram LABs e copostranol, indicando que os efluentes domésticos, e possivelmente
industriais, estão presentes em todas as regiões do estuário, mas não necessariamente em níveis
prejudiciais à fauna. WRITER et al. (1995), por exemplo, sugerem que em sedimentos com
mais de 0,1 µg g-1 de coprostanol já é possível afirmar que existe contaminação por esgoto, e
no SESSVBE, todas as estações apresentaram concentrações iguais ou maiores que 0,1 µg g-1.
111

Tabela 17 – Concentrações de coprostanol, em µg g-1, encontradas no SESSVBE neste estudo e em um estudo anterior, em
outras duas regiões costeiras brasileiras e em três ao redor do mundo.
Local Coprostanol (µg g-1) Referência
Bertioga 0,6 – 2,2
Alto Estuário 0,5 – 4,6
Este estudo
São Vicente 0,5 – 4,7
Santos 0,1 – 1,6
São Vicente 4,21 – 8,32 CAMPOS et al. (2012)
Estuário de Paranaguá <0,001 - 2,22 MARTINS et al. (2010a)
Baía de Guanabara 0,33 - 40 CARREIRA et al. (2004)
Baía de Tóquio 0,02 – 0,24 CHALAUX et al. (1995)
Costa de Havana (Cuba) 0,02 – 1,37 MARTINS et al. (2018)
Estuário do Rio das Pérolas (China) 17 - 53 PENG et al. (2005)

Além dos compostos analisados neste trabalho, estudos anteriores mostraram a


presença de outros compostos possivelmente prejudiciais à fauna, complementando o cenário
de contaminação no SESSVBE. Recentemente, KIM et al. (2020) realizaram uma extração
sequencial de metais no sedimento superficial do SESSVBE, tornando possível avaliar o
comportamento dos elementos potencialmente prejudiciais à fauna. Dentre todos os elementos,
o zinco (Zn) apresentou maior mobilidade, estando presente principalmente na fração ácido-
solúvel. Arsênio e chumbo foram associados à fração redutível, e cobre e níquel à fração
oxidável. Enquanto isso, o cromo foi encontrado principalmente na fração residual. Apenas o
Zn apresentou um alto risco de biodisponibilidade, em especial na região mais ao norte do Rio
Piaçaguera.
Outros compostos com potencial efeito deletério aos organismos, e que estão presentes
no SESSVBE, são os biocidas anti-incrustrantes. No estudo realizado por ABREU et al. (2020),
estações no Canal de Santos localizadas próximas às margens, em estaleiros e docas,
apresentaram níveis acima das diretrizes brasileiras para tributil estanho (TBT), 4,5-dicloro-2-
octil-isotiazolona (DCOIT) e diuron, enquanto estações no meio do canal de navegação
apresentaram concentrações relativamente menores para esses compostos.
O SESSVBE ainda conta com contaminação proveniente de resíduos sólidos
(CORDEIRO; COSTA, 2010), estrogênio (PUSCEDDU et al., 2019), medicamentos e
entorpecentes (FONTES et al., 2019; PEREIRA et al., 2016), dentre outros, que devem ser
levados em consideração ao se avaliar o cenário completo de contaminação do estuário.
112

7.2 Componentes naturais

Os resultados das componentes naturais estudadas evidenciaram um cenário distinto


entre as regiões do SESSVBE. De acordo com a salinidade de fundo modelada nas estações de
coleta, e as definições adotadas pela Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005), as águas
de fundo variaram entre salobras e salinas nos canais de Bertioga, São Vicente e no Alto
Estuário (com exceção da estação S5, classificada apenas como salina), enquanto as estações
no Canal de Santos e a localizada na Baía de Santos são apenas salinas. Os resultados das
medições de carbonato no sedimento acompanharam as variações de salinidade encontradas,
uma vez que é perceptível um gradiente de carbonato aumentando em direção às regiões com
maior salinidade, podendo-se constatar que o carbonato pode ser utilizado no SESSVBE como
um indicador de influências marinhas.
Similarmente, essa constatação já foi encontrada em outros estuários com alta
influência antrópica, como o Estuário do Rio Capibaribe, onde está localizado o Porto de Recife
(MARTINS et al., 2016c). Nele, carbonatos da plataforma continental são transportados para o
interior do estuário com uma maior intensidade em condições de menor aporte fluvial. Contudo,
a construção de molhes e quebra-mares na região criaram áreas de menor energia, que facilitam
a deposição de sedimentos terrígenos finos e, assim, diminuíram os níveis de carbonatos no
sedimento. O que foi relatado em Recife provavelmente ocorre no SESSVBE, onde os impactos
antrópicos do Porto de Santos alteram as condições hidrodinâmicas dos canais e,
consequentemente, modificam a entrada natural de águas salinas e carbonato para seu interior.
A textura do sedimento apresentou padrões distintos ao longo dos canais. Analisando
sincronicamente a textura com o modelo de velocidades apresentado por SEILER et al. (2020)
(Figura 7), é constatado que as regiões com correntes mais intensas, como os canais de Santos
e São Vicente, e a região oeste do Canal de Bertioga (onde a estação B5 se encontra), são as
regiões com menor acúmulo de sedimentos finos. Assim, podemos inferir que as estações onde
se encontrou mais areia que lama possuem uma hidrodinâmica mais intensa.
Os resultados de matéria orgânica evidenciaram uma alta carga orgânica nos
sedimentos do estuário, em especial no Canal de Bertioga, onde os valores chegaram até 41,49%
da composição do sedimento. É notório que se encontrou mais matéria orgânica onde o
sedimento é mais fino e, analogamente, onde também se encontrou mais COT, dado que
sedimentos mais finos possuem uma maior superfície para adsorção desse material (MAYER,
1994). Dessa forma, como supracitado, a matéria orgânica está em maior quantidade no
sedimento dos locais com correntes menos intensas.
113

Distinguir as fontes antrópicas de matéria orgânica e COT das fontes naturais não é
uma tarefa fácil, mas, analisando os resultados obtidos em conjunto com os de LABs e
coprostanol discutidos no item acima, é possível ter uma ideia das fontes ao sedimento. É
entendido que a matéria orgânica e o COT presentes em altas quantidades na estação SV4, no
Canal de São Vicente, são provenientes principalmente de fontes antrópicas, pelas altas
concentrações de LABs e coprostanol encontradas. Além disso, essa é a região do estuário onde
se tem o maior lançamento de esgoto domésticos (Figura 63).
Já no Alto Estuário, a alta presença de coprostanol, mas baixa de LABs, além de uma
maior distância entre as fontes de lançamento de esgoto (Figura 63), pode indicar uma mistura
de fontes de matéria orgânica, tanto antrópicas quanto naturais. Os LABs, por possuírem uma
maior taxa de degradação na coluna d’água em comparação ao coprostanol (CABRAL;
MARTINS, 2018; THOMES et al., 2019), podem indicar uma contaminação por esgoto mais
antiga e mais longe de suas fontes no Alto Estuário.

Figura 63 – Localização das fontes de poluição associadas ao saneamento básico no SESSVBE em 1999. Modificado de
CETESB (2001).
114

No Canal de Bertioga, por outro lado, é deduzido que a maior parte da matéria orgânica
e do COT são provenientes de fontes naturais, devido à grande quantidade de manguezais no
entorno do canal (como visto na Figura 10). Apenas na região localizada no Largo do Candinho,
onde foram encontradas maiores concentrações de coprostanol, é considerado que exista uma
contribuição antrópica mais significativa.
Esse estudo não avaliou o pH e a concentração de oxigênio dissolvido na água
intersticial do sedimento coletado ou nas águas de fundo, entretanto, a alta quantidade de
matéria orgânica presente no Canal de Bertioga e em outros ambientes pode resultar em
condições estressoras aos organismos que ali habitam, dado que eventos subóxicos a anóxicos
podem ser induzidos, impactando a variabilidade natural das condições redox ao favorecer a
metanogênese microbiana (SELA-ADLER et al., 2017; YOSHINO et al., 2010).
RODRIGUES et al. (2020) realizaram análises em 1999 e 2000 no sedimento do Canal
de Bertioga. Os autores salientaram que o sedimento apresentou variações entre condições
redutoras de sulfato e condições inóspitas aos organismos. Atenta-se que condições estressantes
semelhantes também podem estar ocorrendo atualmente em menor escala em outras regiões do
SESSVBE, como no Largo da Pompeba, no Canal de São Vicente, e na região ao norte do Rio
Piaçaguera, como relatado por BERBEL et al. (2015), que encontraram águas de fundo
hipóxicas (oxigênio dissolvido <2,0 mL L−1) e alto teor de enxofre nesses ambientes. Ademais,
os autores alegaram que, por análises de fósforo total nos sedimentos superficiais, valores de
53%, o SESSVBE pode ser classificado com uma qualidade razoável a ruim, estando sujeito a
eventos de eutrofização.

7.3 Foraminíferos bentônicos do SESSVBE

Estudos realizados em regiões costeiras urbanizadas – Ria de Aveiro, Portugal


(MARTINS et al., 2016b), Baía de Guanabara (MARTINS et al., 2020), Baía de Moreton,
Austrália (NARAYAN; PANDOLFI, 2010), Baía de Laizhou, China (DONNICI et al., 2021),
Lagoa de Torrecillas, Porto Rico (MARTÍNEZ-COLÓN et al., 2018), Lagoa de Lagos, Nigéria
(FAJEMILA; SARIASLAN; LANGER, 2020), Porto de Boulogne-sur-Mer, França (DU
CHÂTELET; GEBHARDT; LANGER, 2011), Porto de Askar, Bahrein (ARSLAN et al., 2017),
canais de Jeddah, Arábia Saudita (ABU-ZIED; BASAHAM; EL SAYED, 2013) e áreas
costeiras de Hauts-de-France, França (FRANCESCANGELI et al., 2020) – todas regiões com
condições semelhantes às da área deste estudo, com alta variabilidade nos parâmetros naturais
e grande influência antrópica, demonstraram a eficiência dos foraminíferos bentônicos como
115

bioindicadores para os ambientes com essas condições, sendo possível identificar assembleias
que responderam aos efeitos associados às componentes naturais, e assembleias que
responderam aos efeitos associados às componentes antrópicas, conjuntamente com as estações
que elas se encontram e a qualidade ambiental associada. Os resultados obtidos no SESSVBE
não se mostram díspares, como será discutido nos parágrafos a seguir.
Ao analisar as componentes da primeira PCA (Figura 59), é possível interpretar o
significado das componentes em relação à qualidade ambiental. A primeira componente (Figura
60) aparenta mostrar a relação entre as componentes antrópicas e naturais com os índices de
qualidade ambiental. Observa-se que todos os parâmetros, com exceção dos LABs, interferem
negativamente na qualidade ambiental. Os parâmetros que aparentam ter maior efeito negativo
são os HPAs e a UCM, para as componentes antrópicas, e %finos para as componentes naturais.
Além disso, a alta densidade de foraminíferos mostra-se associada a uma menor qualidade
ambiental.
A segunda componente da PCA (Figura 61) aparenta mostrar as relações discretas
entre as componentes naturais sobre a qualidade ambiental, pois as componentes naturais (e as
antropogênicas coprostanol e LABs) estão relacionadas negativamente com a qualidade
ambiental. De acordo com essa componente, a salinidade possui uma influência negativa
ligeiramente mais importante que outras componentes.
A melhor qualidade ambiental obtida pelos índices FSI, EcoQS e %TSstd está
relacionada às amostras localizadas no Canal e Baía de Santos, que apresentaram menores
influências das componentes HPAs, AHs e coprostanol, e das componentes naturais
COT, %finos e variação da salinidade. O Alto Estuário, de maneira inversa, apresentou a pior
qualidade ambiental, e grande influência das componentes antrópicas. As estações do Canal de
Bertioga apresentaram qualidade ambiental ruim, mas relacionadas às componentes naturais
COT, %finos, δ salinidade e à componente antrópica coprostanol.
Ao analisar a segunda PCA (Figura 62), juntamente com os mapas de distribuição
espacial das principais espécies encontradas no SESSVBE e os outros resultados apresentados,
é possível identificar cinco assembleias diferentes de foraminíferos no SESSVBE: 1) localizada
no Alto Estuário e dominada por uma alta densidade de Ammonia sp.1; 2) localizada no Canal
de Bertioga e regida por espécies aglutinantes, em especial H. tenuis, T. hadai e P. clossi; 3)
localizada ao sul do Canal de Santos e com grande abundância relativa de espécies da família
Bolivinitidae, como B. elongata e B. striatula, e a espécie porcelanácea P. patagonica; 4)
localizada na Baía de Santos com alta abundância relativa de B. striatula e P. cananeiaensis; 5)
116

localizada no sul do Canal de São Vicente, apresentando alta abundância relativa de C.


excavatum e Ammonia sp.1.
A partir das análises das PCAs supracitadas, juntamente com as análises exploratórias
realizadas neste estudo, seis compartimentos ecológicos são propostos para o SESSVBE, de
acordo com a resolução espacial de amostragem adotada na metodologia. Os compartimentos
definidos estão em conformidade com os resultados dos agrupamentos revelados pela CA
(Figura 58). A Figura 64 exemplifica os compartimentos propostos, e suas principais
características. Os números sobre as estações representam os agrupamentos encontrados na CA.
O primeiro compartimento, denominado Alto Estuário (1), engloba as estações S1, S2,
S3 e S4, localizadas no Rio Piaçaguera. Esse compartimento possui a assembleia 1, dominada
por Ammonia sp.1, possui granulometria muito fina, com alta concentração de contaminantes,
valores mais baixos de COT, baixa influência marinha, mas com uma variação relativa de
salinidade. Nesse compartimento, conclui-se pelos índices ecológicos e de qualidade ambiental
que a saúde ambiental dessa região é muito baixa.
Ademais, a Ammonia sp.1 aparenta ser uma espécie muito oportunista (DAMASIO et
al., 2020), característica típica dos indivíduos do gênero Ammonia (BIRD et al., 2020; GESLIN
et al., 2000; HAYWARD et al., 2004b; JAUFFRAIS et al., 2016, 2018; LEKIEFFRE et al.,
2017; PREGNOLATO et al., 2018). Essa espécie/morfotipo parece favorecer-se em ambientes
altamente estressantes, o que reafirma a classificação do Alto Estuário como um ambiente com
qualidade ambiental muito ruim.
O segundo compartimento, denominado Canal de Bertioga (3 B), compreende as
estações interiores do Canal de Bertioga (B1, B2, B3 e B4), possuindo a assembleia 2, regida
por espécies aglutinantes, em especial H. tenuis, T. hadai e P. clossi. Nesse compartimento, o
sedimento é de granulação muito fina, com muita matéria orgânica e COT. Essa é uma região
com uma influência marinha relativamente baixa, mas com alta variação na salinidade. O
compartimento possui baixa contaminação por hidrocarbonetos, mas uma influência de esgoto
considerável. Pelos resultados obtidos com os índices ecológicos e de qualidade ambiental com
foraminíferos, é avaliado que esse compartimento possui uma saúde ambiental baixa.
A maioria das assembleias de foraminíferos encontradas em ambientes de mangue e
próximos a mangues, como o Canal de Bertioga se encontra, são descritas como dominadas por
espécies aglutinantes e com baixa diversidade de espécies (SARIASLAN; LANGER, 2021 e
referências citadas nele). O gênero Haplophragmoides, principal dessa assembleia, é um bom
indicador de regiões com salinidades mais baixas (DE RIJK, 1995), dado que eles são
117

resistentes às mudanças nesse parâmetro. Assim, a fauna encontrada nessa assembleia pode ser
classificada como típica de manguezais (FRANCESCANGELI et al., 2017).
O terceiro compartimento, denominado Canal de Santos (5 B), abrange as estações S8,
S9 e S10, localizadas na porção sul do Canal de Santos. Esse compartimento possui a
assembleia 3, como grande abundância relativa de B. elongata B. striatula e P. patagonica, tem
uma grande influência marinha, com baixa variação na salinidade, granulometria variando entre
lama e areia, e pouco COT. Nessa região, poucos contaminantes foram encontrados, o que
resultou em uma qualidade ambiental alta ao se avaliar os índices ecológicos e ambientais de
foraminíferos.
A P. patagonica é uma espécie porcelanácea, e já foi encontrada no SESSVBE
anteriormente, muitas vezes mencionada com o seu antigo nome Quinqueloculina patagonica.
Esse gênero é associado a regiões com maiores salinidades, boa claridade, boa circulação e
baixa contaminação (RAPOSO et al., 2018; RODRIGUES; OLIVEIRA; EICHLER, 2020). A
alta abundância dessa espécie na assembleia do compartimento Canal de Santos corrobora a
boa qualidade ambiental encontrada pelos índices. No Porto de Askar, no Bahrein, os
foraminíferos porcelanáceos foram considerados indicadores de poluição para estudos de
biomonitoramento na região (ARSLAN et al., 2017), e no SESSVBE isso também poderia ser
considerado.
As espécies da família Bolivinitidae, presentes em grandes abundâncias relativas na
assembleia desse compartimento, são infaunais e comuns em ambientes entremarés (MURRAY,
2006), sendo citadas como tolerantes aos possíveis estresses causados por baixas concentrações
de oxigênio (DEBENAY et al., 2001a; FRANCESCANGELI et al., 2020; MURRAY, 2006).
Apesar do Canal de Santos ter apresentado baixos valores de COT e matéria orgânica,
potenciais causadores de eventos de depleção de oxigênio no sedimento, ele é uma região
conhecida por ter cortinas de gás raso aprisionadas no sedimento (WESCHENFELDER et al.,
2016), e a dragagem para o aprofundamento do canal pode estar intensificando o escape de gás
raso para a superfície e, dessa forma, criando possíveis eventos de baixas concentrações de
oxigênio. Assim, apesar de ser uma região com poucos contaminantes e qualidade ambiental
classificada como boa, pode estar sofrendo estresses antrópicos à fauna.
O quarto compartimento, denominado como Baía de Santos (5 A), é representado pela
estação analisada nesse ambiente. A assembleia de foraminíferos encontrada é distinta dos
outros ambientes, com B. striatula e P. cananeiaensis. Esse compartimento está em condições
marinhas, com baixa variação de salinidade, granulometria arenosa e pouco COT, e não possui
contaminação considerável por hidrocarbonetos, mas possui contaminação por esgoto
118

doméstico. A qualidade ambiental encontrada nesse compartimento foi intermediária com o


índice EcoQS e alta com os índices FSI e %TSstd.
A P. cananeiaensis é uma espécie que já foi encontrada em alta abundância na Baía
de Santos por outros estudos (DAMASIO et al., 2020; DEBENAY et al., 2001b; DÍAZ;
RODRIGUES; EICHLER, 2014). Ela é uma espécie tipicamente marinha, e que aparenta ser
bastante sensível a mudanças nos parâmetros naturais e aos impactos antrópicos (DEBENAY
et al., 2001b). Devido a essas características, as análises da sua assembleia morta podem indicar
o transporte post-mortem de sedimentos para o interior do estuário (DAMASIO et al., 2020).
Como foi encontrada uma alta abundância relativa dessa espécie na Baía de Santos, mas baixa
nos outros ambientes, é sustentada as conclusões dos estudos anteriores de que as condições
fora da Baía possivelmente não são propícias para a vida dessa espécie. Já a B. striatula,
presente em grande abundância relativa nesse compartimento, é uma espécie infaunal que
possivelmente resiste aos impactos de esgoto causados pelo emissário submarino encontrado
na região, que podem ocasionar diminuições nas concentrações de oxigênio no sedimento do
local.
O quinto compartimento, denominado Canal de São Vicente (4.), compreende as
estações SV1 e SV2, localizadas no sul do Canal de São Vicente. A assembleia desse
compartimento é a 5, constituída principalmente por C. excavatum e Ammonia sp.1 e, como os
últimos dois compartimentos descritos, apresenta características marinhas. Assim, possui
sedimento arenoso, com pouco COT e variação da salinidade intermediária. Essa é uma região
com menor influência antrópica, mas que apresentou uma saúde ambiental ruim, quando
analisados os índices FSI e %TSstd. O EcoQS, por outro lado, indicou uma qualidade ambiental
intermediária.
Tanto C. excavatum quanto Ammonia sp.1 são espécies classificadas como tolerantes
ao estresse antrópico e natural (ARMYNOT DU CHÂTELET; DEBENAY, 2010; DEBENAY
et al., 2001a; FRANCESCANGELI et al., 2020). Como visto no Alto Estuário, a Ammonia sp.1
mostrou-se uma espécie bastante oportunista e, apesar do Canal de São Vicente não apresentar
níveis de contaminação altos, a Ammonia sp.1 foi encontrada em alta abundância. C. excavatum,
no entanto, é uma espécie associada a condições mais marinhas, como maiores salinidades,
sedimento mais arenoso, e baixos valores de COT (ABU-ZIED; KEATINGS; FLOWER, 2007;
FRANCESCANGELI et al., 2020; LAL et al., 2020; MOJTAHID et al., 2016). Assim, essa
espécie possivelmente não está indicando nenhum impacto antrópico ou natural sobre a fauna,
estando provavelmente em um habitat favorável ao seu desenvolvimento.
119

O sexto compartimento proposto foi denominado como Compartimento de Transição,


pois engloba diferentes regiões do SESSVBE, com as estações dos agrupamentos 2 A, 2 B e 3
A. Nesse compartimento não foi identificada uma assembleia de foraminíferos muito clara, e
por ser uma região de transição que apresentou características marinhas e continentais que
podem ser estressoras aos organismos. Além disso, essa é uma região do estuário que
apresentou grande impacto antrópico, por esgoto e hidrocarbonetos, na maior parte das estações,
com a qualidade ambiental variando entre moderada a ruim. Assim, pressupõe-se que esse
compartimento possa representar regiões no estuário com maior variabilidade de condições
ambientais, variando entre as características encontradas nos outros compartimentos definidos.
É curioso comparar a compartimentação ecológica proposta neste estudo com a
definida por BONETTI (2000), que utilizou amostras coletadas em 1996, ou seja, cenários com
mais de duas décadas de diferença (Figura 65), pois ambas compartimentações são muito
similares. A autora realizou a divisão do estuário em quatro subambientes distintos, sendo “Baía
de Santos – Face Oeste”, “Estuário de Santos – Canal do Porto”, “Estuário de São Vicente e
Áreas Internas” e “Bancos Marginais”.
O compartimento classificado como “Estuário de Santos – Canal do Porto” assemelha-
se muito com a compartimentação encontrada atualmente na Baía de Santos e no Canal de
Santos. Nesses ambientes, BONETTI (2000) encontrou foraminíferos hialinos e porcelanáceos
dos gêneros Pararotalia, Ammonia, Bulimina, Bolivina, Hopkinsina, Nonionella,
Quinqueloculina, por exemplo, e poucos indivíduos aglutinantes. A autora teoriza que as
estruturas de atracamento do Porto de Santos funcionam como costões artificiais e
provavelmente estão funcionando como costões rochosos artificiais e contribuindo assim para
o aumento da abundância e riqueza nesse ambiente, visto que algumas espécies encontradas são
formas que crescem aderidas a substratos específicos, provavelmente relacionados a algas ou
conchas.
A região classificada como “Áreas Internas” corresponde muito às encontradas
atualmente no Compartimento de Transição, como descrito pela autora:

“Este é um típico ambiente transicional entre o sistema marinho e o continental. Sua


composição faunística é mal definida, apresentando espécies pertencentes às três
associações ocorrentes na área de estudo".
120

Figura 64 – Proposta de compartimentação ecológica do SESSVBE com base na distribuição das assembleias de foraminíferos, parâmetros naturais, antrópicos e qualidade ambiental.
121

Figura 65 – Compartimentação ecológica do SESSVBE estabelecida por BONETTI (2000) (esquerda) e neste estudo (direita).
122

A diferenciação entre os estudos para esse compartimento se limita às denominações,


definida como “Bancos Marginais” no Canal de São Vicente para BONETTI (2000) e
Compartimento de Transição no presente estudo.
Apesar de BONETTI (2000) não ter analisado amostras no Canal de Bertioga, o
subambiente nomeado de “Bancos Marginais” condiz muito com o compartimento definido
nesse canal. Segundo a autora, esse subambiente é regulado pelos manguezais adjacentes, e
possui uma assembleia de foraminíferos aglutinantes, análogo ao encontrado no compartimento
Canal de Bertioga.
A compartimentação atual nomeada de Alto Estuário não foi definida no estudo do
ano 2000, indicando que houve uma grande mudança na composição faunística e nas
características das componentes naturais/antrópicas nessas duas décadas. A espécie Ammonia
sp.1, que é encontrada em alta densidade nesse compartimento, aparenta ser muito oportunista,
como já relatado em DAMASIO et al. (2020), e provavelmente colonizou esse ambiente ao
longo dos anos.
A compartimentação “Baía de Santos – Face Oeste” não pode ser verificada pelo atual
estudo, pois não foram coletadas amostras nesse ambiente.
Ainda é interessante comentar que, em 1996, a densidade de foraminíferos encontrada
foi maior nas regiões mais próximas à Baía de Santos, e menor em direção ao Alto Estuário,
enquanto atualmente o padrão encontrado é o inverso. O que explica essa inversão é a alta
abundância atual de foraminíferos do gênero Ammonia, em especial Ammonia sp.1, no Alto
Estuário.

7.4 Foraminíferos bentônicos são bons bioindicadores para o SESSVBE?

A ocorrência em manchas (patchiness) é uma característica natural da distribuição dos


foraminíferos bentônicos (ARMYNOT DU CHÂTELET; FRONTALINI;
FRANCESCANGELI, 2017). Reconhecer um padrão aleatório visualmente, no entanto, é
sabidamente difícil. Sendo assim, é necessária uma boa estratégia de amostragem e de análise
de dados para identificar tal aleatoriedade (BUZAS et al., 2015). Este estudo seguiu as
recomendações propostas por SCHÖNFELD et al. (2012) com o intuito de ter uma metodologia
validada para estudos ambientais com foraminíferos bentônicos no SESSVBE. Assim, foi
possível verificar se a fauna de uma amostra de sedimento coletada pontualmente no leito do
estuário é representativa para uma determinada região, com o fim de que tomadores de decisão
possam entender a qualidade ambiental do estuário em um caráter espacial e não apenas pontual.
123

A utilização de três réplicas foi de extrema importância pois, apesar dos foraminíferos
ocorrerem em manchas no sedimento e a fauna salientar leves alterações entre as réplicas em
estações específicas (como observado nos resultados do teste de Friedman aplicado – Tabela
4), a qualidade ambiental evidenciada pelos índices ambientais mostrou-se homóloga entre as
réplicas. Dessa forma, é possível afirmar que amostras pontuais de 50 cm³ de sedimento
superficial são representativas para uma região maior no entorno do local de amostragem, o que
torna os foraminíferos uma ferramenta eficiente para que se possa inferir condições ambientais
em regiões mais amplas.
A adoção de três índices de qualidade ambiental com foraminíferos para avaliar a
qualidade ambiental atual do SESSVBE mostrou-se muito promissora, pois neste estudo foi
possível sustentar os resultados obtidos apenas pela análise exploratória dos
contaminantes/componentes naturais.
O índice EcoQS mostrou-se mais “generalista”, por não levar em consideração as
espécies específicas encontradas no ambiente, enquanto os índices FSI e %TSstd mostraram-se
mais “sensíveis”, pois as levam em consideração. Dessa forma, o EcoQS indicou uma qualidade
ambiental melhor em relação aos outros dois índices, o que também foi observado no estudo de
EL KATEB et al. (2020).
Na opinião do autor, o índice FSI mostrou-se o melhor para as condições em que este
estudo foi realizado pois, além de ter sido calibrado com as espécies encontradas no estuário,
apresentou resultados mais homogêneos entre as réplicas analisadas, em relação ao índice
EcoQS. Dessa forma, os resultados por estação encontrados possivelmente refletem a qualidade
ambiental de regiões mais extensas no estuário.
Contudo, deve-se ponderar que, como os índices FSI e %TSstd levam em consideração
apenas os efeitos do COT sobre os foraminíferos (BARRAS et al., 2014; DIMIZA et al., 2016;
EL KATEB et al., 2020; MARTINS et al., 2020), e como foram utilizados dados de bibliografia
para sustentar a classificação de algumas espécies entre “Str” e “Sen”, o índice EcoQS deve ser
sempre empregado, até que futuras calibrações sejam feitas, dado que ele não distingue os
efeitos dos diferentes parâmetros estressores sobre a fauna, tornando-se assim um índice
controle que responde a todos os poluentes e estressores naturais presentes no SESSVBE.
Como este foi o primeiro estudo que aplicou os índices EcoQS, FSI e %TSstd em
foraminíferos vivos no SESSVBE, e o primeiro a calibrar os grupos “Sen” e “Str”, utilizados
para os cálculos do FSI e %TSstd, os resultados apresentados aqui tornam-se um background
para futuras comparações. Por isso, é importante continuar a utilizar os três índices
simultaneamente, para uma melhor calibração dos grupos “Sen” e “Str” e para o ajuste das
124

classes de valores indicadores da qualidade ambiental para o SESSVBE, como já realizado em


outras regiões do mundo (ALVE et al., 2016; BOUCHET et al., 2021; DIMIZA et al., 2016;
JORISSEN et al., 2018; O’MALLEY et al., 2021).
Por fim, deve-se discutir as particularidades do índice %TSstd. Esse índice mostrou-
se promissor, pois utiliza estações sem impactos antrópicos/naturais como referência de
qualidade ambiental ótima para o seu cálculo (BARRAS et al., 2014), mas, devido a esse fato,
estudos futuros específicos são necessários para entender as regiões que realmente são pristinas
no SESSVBE.

7.5 Futuros desafios

Ao final deste estudo, três desafios são identificados e merecem ser enfrentados em
futuras pesquisas no SESSVBE, com o intuito de continuar a busca pela implementação de
foraminíferos como bioindicadores por órgãos ambientais reguladores nesse ambiente, e para
aperfeiçoar a calibração dos índices ambientais utilizados, encontrando-se assim respostas cada
vez mais precisas a respeito da qualidade ambiental desse estuário. Desse modo, os desafios
quando superados devem facilitar a recuperação da saúde desse ambiente costeiro
antropicamente impactado.

Primeiro desafio

Recentemente, o artigo de SOUSA et al. (2020), elaborado após o I Workshop sobre


Biomonitoramento no Brasil: Foraminíferos e seu uso em avaliação ambiental (BioFom),
realizado no Instituto de Geociências da USP entre 13 e 15/05/2019, levantou as oportunidades
e desafios na incorporação de foraminíferos bentônicos como bioindicadores para ambientes
marinho e costeiro no Brasil. De acordo com os autores, o primeiro e maior desafio diz respeito
à relação entre a academia e os órgãos ambientais fiscalizadores e reguladores.
Esse desafio inclui a dificuldade de implementar os protocolos estipulados pelo
FOBIMO – FOraminiferal BIo-MOnitoring (SCHÖNFELD et al., 2012), como os referentes à
amostragem de sedimento, por exemplo. Os órgãos ambientais que realizam as amostragens
seguem procedimentos regulamentados oficialmente, e adotar diferentes protocolos ou
modificar os existentes não é uma tarefa simples. Segundo SOUSA et al. (2020), para facilitar
o diálogo entre a ciência e os órgãos competentes, é importante realizar mais estudos ambientais
com foraminíferos seguindo a metodologia confiável descrita por SCHÖNFELD et al. (2012),
125

obtendo dessa forma resultados e conclusões confiáveis e, consequentemente, possibilitando a


solicitação às autoridades regulatórias brasileiras da inclusão de foraminíferos bentônicos no
biomonitoramento ambiental marinho.

Segundo desafio

Para aperfeiçoar o conhecimento da qualidade ambiental atual utilizando-se a fauna


viva existente no SESSVBE, é necessário estabelecer estações de referência sem impacto
antrópico e sem grandes variações nas componentes naturais a fim de refinar a interpretação
das respostas das diferentes espécies nas diferentes condições atuais com impactos no estuário
(especialmente para aplicação do índice %TSstd) (BARRAS et al., 2014; KLOOTWIJK et al.,
2021). Entretanto, em um ambiente altamente impactado como o SESSVBE, é complexo
estabelecer estações de controle que são atuais e representativas para todo o estuário. Assim, é
necessário adotar análises de testemunhos para entender a história das comunidades ao longo
de diferentes anos e épocas de pré-impacto antrópico, como os estudos de BONETTI (2000),
BONETTI et al. (2001) e JESUS et al. (2020) buscaram fazer.
Com isso, um segundo desafio a ser enfrentado será a realização de intercalibrações
entre os índices de qualidade ambiental utilizados neste estudo com as respostas deles quando
utilizada a fauna descrita em idades de pré-impacto, sendo essas as condições de referência para
o SESSVBE (ALVE et al., 2009; DOLVEN et al., 2013; HESS et al., 2020; KLOOTWIJK et
al., 2021).

Terceiro desafio

Possíveis problemas devido à taxonomia dos foraminíferos bentônicos podem ocorrer


em estudos ambientais, especialmente quando é utilizada apenas a identificação dos organismos
baseada em morfologia (BOUCHET et al., 2021). Assim, foraminíferos importantes para o
SESSVBE, com alta presença nos diferentes canais, como a Ammonia sp.1, não puderam ser
identificados a nível de espécie simplesmente pela comparação morfológica com espécies
previamente descritas no estuário, bem como em outras regiões do mundo e nos catálogos de
holótipos (ELLIS, B. F.; MESSINA, 1940).
Ainda não foram realizados estudos genéticos nos diferentes foraminíferos desse
ambiente, os quais são necessários para uma identificação minuciosa das espécies para alcançar
resultados cada vez mais precisos no tocante à qualidade ambiental do estuário. Como apontado
126

por RODRIGUES et al. (2021), um empenho futuro deve ser feito para coletar e sequenciar
espécies individuais nos ambientes costeiros brasileiros, para o desenvolvimento de um banco
de dados genético para foraminíferos brasileiros, sendo esse o terceiro desafio a ser enfrentado
em novas pesquisas. Tal banco de dados permitiria atribuir espécies aos morfotipos encontrados
no SESSVBE, auxiliando desse modo a interpretação dos seus padrões de distribuição.
Em estudos realizados anteriormente no SESSVBE, como SUGUIO et al. (1975),
BONETTI (2000), BONETTI et al. (2001), DÍAZ et al. (2014), RODRIGUES et al. (2020) e
JESUS et al. (2020), por exemplo, a ocorrência da espécie/morfotipo Ammonia sp.1 não foi
relatada, sendo encontrada apenas em sedimentos coletados mais recentemente em 2015
(DAMASIO et al., 2020). Levanta-se assim a seguinte hipótese para futuras investigações:
A Ammonia sp.1 pode ser uma espécie exótica proveniente de outros ambientes ao
redor do mundo, a qual possivelmente foi transportada na água e sedimento contidos nos
tanques de lastro de navios que atracaram no Porto de Santos, e por aparentar ser muito
oportunista, colonizou regiões do SESSVBE, em especial o Alto Estuário.
Essa hipótese pode ser fundamentada, dado que estudos em outras regiões do mundo
já relataram a introdução de espécies exóticas do gênero Ammonia, em virtude do transporte de
água e sedimento nos tanques de lastro de navios. A Ammonia aomoriensis (ASANO, 1951),
por exemplo, é originalmente descrita nos ambientes costeiros da China e do Japão, mas foi
relatada como invasora no Mar de Wadden, na Holanda, Alemanha e Dinamarca, no final dos
anos 1990 (PAWLOWSKI; HOLZMANN, 2008), no Fiorde de Kiel, na Alemanha, nos anos
2000 (SCHWEIZER et al., 2011) e, recentemente, no Estuário do Rio Elba, na Alemanha
(FRANCESCANGELI et al., 2021).
É interessante destacar que indivíduos vivos de Ammonia sp.1 já foram coletados para
análises genéticas, que serão realizadas na Universidade de Angers, na França. Contudo, devido
à pandemia de COVID-19, as análises não puderam ser realizadas, permanecendo como um
próximo passo para as pesquisas com foraminíferos no SESSVBE.
Ademais, outra espécie identificada como Trochammina hadai (UCHIO, 1962), de
origem asiática, já foi descrita como invasora em dois ambientes costeiros brasileiros: a Enseada
do Flamengo, em Ubatuba, nos anos de 2014 e 2015 (EICHLER et al., 2018), e o Porto de
Paranaguá, no Paraná (PUPO; DISARÓ, 2006). Contudo, no estudo de PUPO E DISARÓ
(2006), a T.hadai foi identificada como Paratrochammina sp., como explicado em EICHLER
et al. (2018) e em MCGANN et al. (2019).
Essa espécie já havia sido relatada previamente como invasora em diferentes
ambientes dos Estados Unidos, como na Baía de São Francisco, na Califórnia (MCGANN, 2014;
127

MCGANN; SLOAN, 1996), na Enseada do Príncipe Guilherme, no Alaska (MCGANN et al.,


2019; MCGANN; SLOAN; COHEN, 2000), e na Baía de Padilla, em Washington (MCGANN
et al., 2012), possivelmente devido ao transporte dos indivíduos em navios cargueiros, e a
mesma suposição de transporte foi feita pelos estudos realizados na Enseada do Flamengo e no
Porto de Paranaguá.
Desse modo, levanta-se também a hipótese da T. hadai, que apresentou alta
abundância relativa no SESSVBE, em especial no Canal de Bertioga, ser exótica e ter sido
transportada recentemente da Ásia, ou de outros ambientes em que ela se tornou invasora, por
navios cargueiros, visto que ela não havia sido descrita no SESSVBE até então.
Similarmente, questiona-se a origem da espécie H. tenuis CUSHMAN (1927) no
SESSVBE (às vezes referida como Labrospira tenuis CUSHMAN (1927) emend. SAIDOVA
(1975), de acordo com a opinião de LOEBLICH E TAPPAN (1987), como mencionado no
WORMS (WORMS EDITORIAL BOARD, 2021)). Essa espécie é descrita como presente em
ambientes costeiros até abissais na costa da China (ZHENG; FU, 2008), entretanto, H. tenuis
já foi encontrada na Bacia de Campos, na margem sudoeste do Atlântico Sul (YAMASHITA,
2015), e até o momento ainda não havia sido relatada no SESSVBE.
128

8 CONCLUSÃO

Com o objetivo de contribuir com uma proposta de metodologia eficiente e aplicável


para órgãos fiscalizadores e reguladores avaliarem e monitorarem a qualidade ambiental do
SESSVBE, um ambiente costeiro altamente impactado por atividades antrópicas e hotspots,
foraminíferos bentônicos vivos foram estudados em vinte e uma estações ao longo dos
diferentes canais estuarinos, conjuntamente com parâmetros antrópicos e naturais indagados
como potenciais estressores à fauna desse ambiente.
Constatou-se que os foraminíferos foram ótimos bioindicadores, e que os índices
ambientais EcoQS, FSI e %TSstd possibilitaram avaliar a qualidade ambiental do sedimento
do estuário. Com o emprego desta metodologia, seis compartimentos ecológicos com condições
naturais e contaminantes distintas foram propostos, avaliando-se a resposta das assembleias de
foraminíferos em relação aos diferentes parâmetros analisados.
O primeiro compartimento está localizado no Alto Estuário e apresenta uma
assembleia dominada por Ammonia sp.1. Nesse ambiente, os parâmetros antrópicos,
principalmente a alta contaminação por HPAs, AHs e contaminação considerável por esgoto
encontradas no sedimento, controlaram a fauna. Já os parâmetros naturais, por outro lado,
aparentaram ser menos influentes, por possuírem poucas variações. A qualidade ambiental do
sedimento definida nesse setor pelos três índices foi ruim.
O segundo compartimento está localizado no Canal de Bertioga e apresenta uma
assembleia dominada por foraminíferos aglutinantes, em especial H. tenuis, T. hadai e P. clossi.
Nessa região, as altas proporções de matéria orgânica e COT no sedimento, conjuntamente com
a maior variação de salinidade do estuário, foram os parâmetros entendidos como os mais
estressantes à fauna. Ademais, a contaminação por esgoto na região mais ao leste do canal
contribuiu para o mau desenvolvimento dos organismos. A qualidade ambiental indicada pelos
três índices para esse setor foi ruim.
O terceiro compartimento está localizado no Canal de Santos e apresenta uma
assembleia com alta abundância relativa das espécies B. elongata, B. striatula e P. patagonica.
Nesse ambiente, apesar de localizado em uma região de dragagem, a qualidade ambiental
encontrada foi boa. A região possui menos variabilidade nos parâmetros naturais, com
condições mais marinhas, e menores concentrações de contaminantes.
O quarto compartimento está localizado na Baía de Santos. Apesar de apenas uma
estação ter sido amostrada nesse ambiente, foi possível identificar uma assembleia de
foraminíferos distinta, com alta abundância relativa de B. striatula e P. cananeiaensis. A região
129

apresenta baixa variabilidade nos parâmetros naturais, mas possui contaminação por esgoto,
possivelmente proveniente do emissário submarino, que pode causar efeitos adversos à fauna.
Entretanto, a qualidade ambiental encontrada foi boa, mas, pior que o quarto compartimento.
O quinto compartimento está localizado na região ao sul do Canal de São Vicente.
Nessa região, a assembleia de foraminíferos é composta principalmente por C. excavatum e
Ammonia sp.1. Essa é uma região com características mais marinhas, com sedimento arenoso e
baixo COT, mas que apresentou uma qualidade ambiental ruim, possivelmente pelas variações
de salinidade encontradas.
O sexto compartimento está localizado na confluência dos compartimentos 1, 2, 3 e 5,
e foi denominado de Compartimento de Transição. Nele, não foi possível estabelecer uma
assembleia característica, e as estações estão sujeitas tanto aos impactos antrópicos quanto aos
naturais. Possivelmente, é uma região em que a qualidade ambiental é muito variável.
Este estudo é o primeiro registro da aplicação espacial dos índices EcoQS, FSI
e %TSstd para a fauna de foraminíferos vivos no SESSVBE, podendo ser utilizado como
condições iniciais para futuras aplicações e avaliações da qualidade ambiental. Recomenda-se
a aplicação conjunta dos três índices, visto que as respostas obtidas por eles mostraram-se
complementares.
Por último, três futuros desafios colocam-se para a contínua tarefa de implementação
de foraminíferos bentônicos como uma ferramenta de avaliações e monitoramentos ambientais
por agências competentes:
1) Será necessário haver uma relação mais direta entre a academia e as agências,
possibilitando proposições de novas metodologias;
2) Estações de referência e assembleias em condições de pré-impacto antrópico
precisam ser mais bem definidas no SESSVBE para calibrações dos índices
ambientais;
3) Análises genéticas precisam ser realizadas para investigar a origem da espécie
Ammonia sp.1 no estuário, e para padronização dos morfotipos encontrados no
SESSVBE, de forma a melhorar o entendimento da ecologia das espécies.
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144

APÊNDICE A – PRANCHAS COM FOTOS

PRANCHA 1

1) Ammonia sp.1

lado umbilical – ind. 1

2) Ammonia sp.1

lado espiral – ind. 1

3) Ammonia sp.1

abertura – ind. 1

4) Ammonia sp.1

lado umbilical – ind. 2

5) Ammonia sp.1

lado espiral – ind. 2

6) Ammonia sp.1

abertura – ind. 2

7) Ammonia sp.1

lado umbilical – ind. 3

8) Ammonia sp.1

lado espiral – ind. 3


145

PRANCHA 1
146

PRANCHA 2

9) Ammonia tepida

lado umbilical

10) Ammonia tepida

lado espiral

11) Cribroelphidium excavatum – ind. 1

12) Cribroelphidium excavatum – ind. 2

13) Juvenil

14) Pseudotriloculina patagonica

15) Pseudotriloculina patagonica


147

PRANCHA 2
148

PRANCHA 3

16) Bolivina variabilis

17) Bolivina striatula

18) Bolivina translucens

19) Nonionella opima

20) Nonionella opima

21) Bulimina elongata

22) Hopkinsina pacifica


149

PRANCHA 3
150

PRANCHA 4

23) Haplophragmoides tenuis

lado umbilical – ind. 1

24) Haplophragmoides tenuis

lado espiral – ind. 1

25) Haplophragmoides tenuis

lado umbilical – ind. 2

26) Haplophragmoides tenuis

lado espiral – ind. 2

27) Haplophragmoides tenuis

lado umbilical – ind. 3

28) Haplophragmoides tenuis

lado espiral – ind. 3

29) Trochammina hadai

lado umbilical

30) Trochammina hadai

lado espiral

31) Paratrochammina clossi

lado espiral

32) Paratrochammina clossi

lado umbilical
151

PRANCHA 4
152

APÊNDICE B – DETERMINAÇÕES QUÍMICAS

Massa Volume
Amostra COT (%) Estação COT médio (%) Desvio Padrão
sedimento (g) titulado (mL)
B1a 0.472 4.7 4.79 B1 4.73 0.05
B1b 0.435 6.06 4.71 B2 5.47 0.49
B1c 0.464 5.25 4.69 B3 4.89 0.33
B2a 0.41 3.52 5.97 B4 5.37 0.20
B2b 0.5 3.25 4.98 B5 0.87 0.12
B2c 0.48 2.4 5.46 SV1 0.67 0.05
B3a 0.477 3.54 5.12 SV2 2.69 0.47
B3b 0.552 3.26 4.51 SV3 2.34 0.09
B3c 0.419 5.68 5.03 SV4 3.88 0.10
B4a 0.455 4.01 5.21 SV5 0.67 0.04
B4b 0.424 4.81 5.29 S1 2.32 0.18
B4c 0.428 3.86 5.59 S2 4.33 0.08
B5a 0.452 16.58 0.88 S3 2.70 0.21
B5b 0.4 16.6 0.98 S4 2.60 0.11
B5c 0.465 16.89 0.75 S5 2.69 0.15
SV1a 0.488 17.01 0.67 S6 2.35 0.23
SV1b 0.459 17.01 0.72 S7 2.20 0.58
SV1c 0.436 17.4 0.61 S8 2.20 0.06
SV2a 0.378 13.78 2.21 S9 1.05 0.11
SV2b 0.43 11.69 2.71 S10 1.28 0.15
SV2c 0.495 9.18 3.15 S11 0.53 0.12
SV3a 0.497 11.76 2.32
SV3b 0.522 11.01 2.43
SV3c 0.516 11.7 2.25
SV4a 0.482 7.16 3.89
SV4b 0.443 8.43 3.78
SV4c 0.467 7.28 3.98
SV5a 0.54 16.7 0.70
SV5b 0.422 17.26 0.69
SV5c 0.514 17.08 0.62
S1a 0.462 12.01 2.41
S1b 0.484 11.57 2.44
S1c 0.491 12.49 2.12
S2a 0.43 7.25 4.33
S2b 0.445 6.63 4.40
S2c 0.492 5.8 4.25
S3a 0.548 10.45 2.48
S3b 0.423 11.73 2.74
S3c 0.487 10.15 2.89
S4a 0.41 12 2.72
S4b 0.475 11.26 2.59
S4c 0.447 11.99 2.50
S5a 0.432 11.4 2.80
S5b 0.41 11.91 2.76
S5c 0.501 11.07 2.52
S6a 0.543 10.46 2.50
S6b 0.4 12.85 2.46
S6c 0.487 12.65 2.08
S7a 0.385 11.3 3.18
S7b 0.409 13.5 2.15
S7c 0.486 12.28 2.20
S8a 0.447 12.81 2.21
S8b 0.425 13 2.26
S8c 0.55 11.59 2.15
S9a 0.582 15.2 1.05
S9b 0.482 15.55 1.16
S9c 0.466 16.3 0.94
S10a 0.42 15.5 1.35
S10b 0.364 15.9 1.38
S10c 0.474 15.75 1.11
S11a 0.497 16.99 0.67
S11b 0.402 17.97 0.44
S11c 0.5 17.61 0.47
Branco a 19.02
Branco b 18.89
Branco c 19.4
153

HPAs - Hidrocarbinetos Policíclicos Aromáticos CONAMA 454/2012


Anéis Composto S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 B1 B2 B3 B4 B5 Nível 1 Nível 2
Naftaleno 280.1 400.6 151.9 110.7 37.2 78.7 36.8 20.5 14.6 15.0 9.4 1.8 4.5 31.7 58.7 65.4 9.6 39.7 85.1 80.7 28.2 160 2100
C1-Naftaleno 107.9 120.1 70.0 74.8 10.1 48.6 17.7 16.6 7.9 9.8 2.4 1.1 2.2 10.5 19.5 22.0 4.0 28.1 34.5 27.0 16.2 - -
2 anéis
C2-Naftaleno 125.7 152.8 73.8 99.5 16.4 58.4 21.6 20.3 12.5 6.6 2.8 1.5 3.0 13.8 27.3 38.2 7.0 32.6 47.2 50.9 13.0 - -
C3-Naftaleno 113.8 113.6 64.0 109.8 17.7 60.3 23.6 22.1 20.0 3.1 2.1 1.6 3.3 16.9 29.5 42.6 6.4 36.1 60.8 71.3 12.4 - -
Acenaftileno 88.6 205.7 102.0 186.8 48.7 11.4 3.4 3.2 5.0 4.7 0.5 1.1 2.3 11.6 11.1 24.3 0.6 10.9 17.0 10.9 94.7 44 640
Acenafteno 147.5 114.0 60.7 125.0 18.9 104.4 19.5 18.3 28.6 12.8 3.0 0.5 1.0 9.0 9.0 18.6 1.2 6.9 14.9 9.6 23.0 16 500
Fluoereno 613.0 232.4 114.4 94.1 13.0 106.6 59.4 55.7 66.2 42.0 7.0 0.8 1.5 13.8 7.1 28.5 1.2 15.7 18.7 16.0 16.6 19 540
C1-Fluoreno 188.1 94.0 47.1 82.2 11.3 25.9 11.6 10.9 17.1 16.0 1.8 0.7 1.4 8.3 12.8 17.2 7.4 39.0 41.9 22.0 13.2 - -
C2-Fluoreno 69.3 33.9 16.3 31.4 4.8 14.6 5.3 5.0 7.8 7.3 0.8 0.4 0.8 7.2 7.2 13.0 4.8 9.2 15.0 3.2 11.4 - -
Dibenzotiofeno 134.6 77.3 36.0 68.2 6.1 15.3 7.9 7.4 11.6 10.9 1.2 0.3 0.7 6.2 6.2 12.9 3.6 7.3 5.8 4.5 13.0 - -
3 anéis
C1-Dibenzotiofeno 44.0 16.9 9.4 37.8 2.9 6.0 2.4 2.3 3.6 3.3 0.4 0.3 0.6 5.5 5.5 11.3 3.8 5.6 5.0 4.0 8.8 - -
C2-Dibenzotiofeno 33.6 20.4 10.4 76.3 4.7 8.3 3.6 3.4 5.2 4.9 0.6 0.4 0.9 7.9 7.9 16.2 1.1 7.1 6.8 7.0 17.4 - -
Fenantreno 1475.6 557.5 264.8 397.9 44.6 199.6 78.5 63.9 144.6 95.5 15.3 3.1 5.9 51.6 96.6 104.9 6.6 67.1 64.5 81.0 115.8 240 1500
C1-Fenantreno 457.3 207.4 99.9 223.0 24.4 92.1 36.8 25.1 27.9 50.7 5.7 2.3 4.7 23.9 41.9 86.5 9.4 55.8 39.9 50.7 18.9 - -
C2-Fenantreno 379.6 148.4 71.5 212.7 17.8 93.4 36.2 14.9 26.9 49.8 5.6 2.2 4.5 19.8 40.5 83.6 7.3 76.2 42.5 55.5 28.8 - -
Antraceno 425.0 202.2 85.0 257.0 31.5 53.0 26.1 20.7 38.4 36.0 4.1 1.0 2.1 19.6 43.0 44.1 15.6 26.8 19.8 36.5 26.7 85.3 1100
Fluoranteno 1202.3 1299.5 534.3 1925.2 117.6 288.1 132.9 96.2 301.9 129.6 16.2 6.3 16.5 139.7 166.7 203.4 15.1 150.9 152.8 170.6 305.1 600 5100
Pireno 1067.2 988.9 522.0 2143.0 128.5 296.3 126.0 89.6 212.0 115.7 17.8 8.0 14.0 133.2 144.0 308.0 21.9 174.4 186.8 183.7 368.7 665 2600
C1-Pireno 417.0 267.5 138.0 1034.9 52.0 96.2 45.4 33.1 45.7 42.8 4.8 2.0 4.0 18.4 36.4 75.1 14.8 36.5 39.2 49.1 123.2 - -
C2-Pireno 153.9 134.5 73.9 491.3 34.2 66.9 24.9 15.8 26.1 24.5 2.8 2.8 5.6 23.6 50.6 104.4 11.6 45.3 43.2 55.6 110.4 - -
4 anéis
Benzo[a]antraceno 1246.9 1277.2 423.9 1759.8 64.7 235.8 104.8 98.2 95.2 78.3 15.6 3.4 6.9 79.9 94.3 135.0 12.1 69.8 103.0 98.7 242.7 280 690
Criseno 1121.2 1133.4 400.2 1231.3 73.0 177.9 86.0 80.7 159.8 88.6 11.4 3.4 8.7 78.7 85.2 124.8 11.7 65.4 94.8 84.7 185.1 300 850
C1-Criseno 547.4 304.1 146.4 558.5 31.7 110.9 36.9 34.6 43.7 41.0 4.6 3.9 2.9 43.8 70.8 98.7 12.9 61.6 76.0 69.9 147.4 - -
C2-Criseno 250.8 195.8 94.3 160.9 25.0 81.0 24.3 22.8 20.0 18.7 2.1 4.2 3.5 18.6 76.2 124.5 8.6 55.6 81.5 75.0 83.6 - -
Benzo[a]pireno 1165.7 680.9 321.5 1841.5 85.5 230.8 82.0 91.9 70.4 66.0 7.5 5.6 11.2 64.8 100.8 208.1 19.4 85.9 130.2 150.7 373.8 230 760
Benzo[k]fluoranteno 1043.4 713.7 352.3 1258.8 104.6 225.3 47.6 63.4 65.1 47.4 8.7 4.8 9.5 58.7 85.7 140.5 26.8 120.6 134.7 150.7 292.5 - -
Benzo[b]fluoranteno 881.6 404.5 256.3 1497.1 74.0 187.5 60.6 66.1 48.4 56.3 9.7 3.6 7.3 65.5 65.5 129.7 36.0 70.0 120.4 134.9 409.9 - -
5 anéis
Benzo[e]pireno 1051.6 617.1 304.4 1620.1 61.3 209.5 99.5 74.6 76.5 79.9 9.0 6.4 12.9 67.4 116.0 166.6 10.9 101.7 130.5 170.3 341.0 - -
Perileno 793.2 529.2 310.6 1221.5 116.7 281.7 79.4 74.5 95.6 89.6 10.1 16.1 22.1 127.3 140.8 305.5 159.9 498.5 427.0 396.7 203.4 - -
Dibenzo[a,h]antraceno 863.8 757.4 424.2 1683.8 101.1 248.9 80.4 93.7 102.4 75.9 10.8 6.6 13.2 73.8 118.8 154.0 24.5 113.9 223.2 239.7 342.0 43 140
Indeno[1,2,3-c,d]pireno 423.2 192.4 101.6 247.4 28.1 63.0 27.2 44.5 39.9 37.4 4.2 0.7 1.5 10.4 26.6 26.9 8.1 42.2 60.9 70.5 31.0 - -
6 anéis
Benzo[g,h,i]perileno 1189.2 761.8 371.0 1512.6 119.4 218.7 84.5 88.8 138.1 107.7 16.5 7.2 12.4 74.2 130.0 252.5 38.2 198.3 246.9 220.7 419.1 - -
HPAs Totais 18102.2 12955.2 6052.3 22375.0 1527.8 3995.0 1532.9 1378.7 1978.8 1468.0 214.7 104.5 191.6 1335.1 1932.0 3186.9 522.2 2354.6 2769.8 2851.7 4437.0 4000 -
16 HPAs 13234.3 9922.2 4486.3 16272.1 1090.5 2725.9 1055.7 995.3 1530.5 1009.0 157.8 57.9 118.6 916.1 1243.0 1968.7 248.6 1258.3 1673.4 1739.2 3275.0 - -
Recuperação Surrogate (HPAs Deuterados %) 69 62 66 62 77 72 70 74 61 66 71 70 61 71 67 74 76 65 73 78 76
Limite de Quantificação (LQ) = 0.006 ng g−1
154

AHs - Hidrocarbonetos Alifáticos


Composto S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 B1 B2 B3 B4 B5
n-C12 0.34 0.10 0.19 0.08 0.20 0.07 <LQ 0.07 0.10 0.10 0.04 0.01 0.01 0.02 0.33 0.93 0.53 0.16 0.10 0.04 0.06
n-C13 0.28 0.21 0.05 0.08 0.02 0.09 0.09 0.06 0.06 0.16 0.02 0.05 0.03 0.01 0.02 0.06 0.02 0.11 0.21 0.03 0.19
n-C14 0.18 0.10 0.26 0.18 0.20 0.06 0.03 0.02 0.04 0.12 0.01 0.07 0.05 0.06 0.04 1.14 0.32 0.16 0.25 0.03 0.50
n-C15 0.97 0.51 0.28 0.46 0.07 0.16 0.07 0.21 0.37 0.23 0.12 0.16 0.11 0.09 0.03 0.81 0.10 0.05 0.06 0.49 0.90
n-C16 0.16 0.07 0.02 0.08 0.29 0.20 0.05 0.05 0.05 0.02 0.01 0.02 0.01 0.00 0.01 0.30 0.42 0.02 0.03 0.01 0.39
n-C17 0.35 0.47 0.44 0.27 0.05 0.11 0.10 0.06 0.22 0.24 0.09 0.07 0.04 0.02 0.03 0.14 0.06 0.15 0.09 0.11 0.70
Pristano 0.21 0.21 0.33 0.22 0.06 0.07 0.06 0.03 0.24 0.05 0.03 0.01 0.10 0.07 0.02 0.09 0.02 0.07 0.03 0.05 0.02
n-C18 0.42 0.62 0.94 0.59 0.08 0.14 0.12 0.09 0.26 0.04 0.06 0.01 0.01 0.01 0.10 0.15 0.06 0.19 0.19 0.11 0.03
Fitano 0.08 0.14 0.26 0.21 0.04 0.05 0.05 0.03 0.21 0.06 0.02 0.05 0.12 0.01 0.04 0.29 0.02 0.08 0.03 0.05 0.02
n-C19 0.32 0.60 0.23 0.95 0.07 0.08 0.13 0.05 0.91 0.22 0.12 0.10 0.07 0.10 0.04 0.50 0.12 0.07 0.09 0.14 0.83
n-C20 0.20 0.16 0.16 0.07 0.06 0.20 0.06 0.06 0.03 <LQ <LQ 0.01 <LQ <LQ 0.06 0.01 0.01 0.03 0.03 0.17 0.00
n-C21 0.26 0.04 0.37 0.01 0.05 0.08 0.10 0.06 0.30 0.03 0.02 0.02 0.03 0.02 0.08 0.12 0.05 0.24 0.26 0.83 0.06
n-C22 0.10 0.08 0.07 <LQ 0.07 0.07 0.08 0.04 0.05 0.03 0.03 <LQ 0.02 0.01 0.09 0.14 0.04 0.19 0.24 0.51 0.04
n-C23 0.37 0.96 0.18 0.16 0.13 0.22 0.22 0.18 0.08 0.17 0.14 0.08 0.21 0.10 0.33 0.65 0.27 1.77 2.30 1.87 0.46
n-C24 0.72 0.31 0.05 0.10 0.08 0.12 0.14 0.09 0.04 0.06 0.05 0.04 0.07 0.04 0.19 0.32 0.12 0.64 0.81 1.58 0.14
n-C25 1.21 1.42 1.10 1.17 0.40 0.78 0.61 0.62 0.39 0.38 0.31 0.19 0.65 0.33 0.95 2.19 0.90 5.85 5.63 3.60 1.53
n-C26 0.50 0.32 0.22 0.42 0.15 0.17 0.18 0.17 0.08 0.07 0.06 0.05 0.07 0.09 0.26 0.52 0.26 0.81 1.07 1.38 0.22
n-C27 1.88 2.21 1.58 2.46 0.70 1.22 0.94 0.86 0.67 0.44 0.36 0.31 0.64 0.52 1.19 2.85 2.00 6.88 7.85 3.81 2.64
n-C28 0.47 0.49 0.13 0.62 0.24 0.36 0.32 0.39 0.18 0.13 0.11 0.10 0.12 0.13 0.07 0.72 0.60 1.78 1.81 1.81 0.39
n-C29 5.14 5.90 4.93 6.47 2.02 3.11 2.53 2.26 1.74 1.09 0.91 0.77 1.04 1.15 3.17 6.32 5.05 12.95 9.83 9.78 4.08
n-C30 0.40 0.35 0.47 0.68 0.07 0.44 0.35 0.10 0.20 0.18 0.15 0.09 0.03 0.04 0.37 0.88 0.32 1.74 0.45 0.50 0.25
n-C31 4.59 3.65 3.00 4.19 1.53 2.23 2.02 1.52 1.05 0.49 0.41 0.55 0.69 0.63 2.09 3.70 3.61 9.56 8.27 6.99 3.82
n-C32 0.90 0.15 0.06 0.12 0.11 0.19 0.20 0.15 0.10 0.05 0.04 0.07 0.05 0.04 0.20 0.22 0.26 0.59 0.55 0.67 0.03
n-C33 1.74 1.92 1.19 1.50 0.55 0.89 0.63 0.37 0.24 0.16 0.13 0.27 0.17 0.26 0.66 2.69 1.42 1.29 2.20 1.82 0.58
n-C34 0.33 0.09 0.75 0.10 0.08 0.14 0.15 0.12 0.09 0.08 0.07 0.04 0.05 0.04 0.21 0.45 0.11 0.41 0.40 0.30 2.12
n-C35 0.50 1.05 0.92 1.07 0.23 0.31 0.33 0.16 0.29 0.08 0.02 0.09 0.03 0.05 0.62 0.87 0.92 0.33 0.45 2.66 1.04
Alifáticos Resolvidos 41.63 43.46 42.46 39.88 12.57 22.56 19.68 15.95 9.86 8.38 4.21 4.28 5.89 7.78 25.55 34.23 27.35 57.50 72.75 68.96 29.16
UCM 275.90 278.28 208.28 180.93 83.58 129.95 44.96 47.20 19.49 16.23 3.97 1.62 3.24 14.68 86.56 74.66 52.47 78.58 79.89 92.91 60.81
Alifáticos Totais 317.53 321.74 250.74 220.81 96.15 152.52 64.65 63.15 29.34 24.61 8.18 5.90 9.14 22.46 112.10 108.89 79.82 136.07 152.64 161.87 89.97
UCM/resolvidos 6.63 6.40 4.91 4.54 6.65 5.76 2.28 2.96 1.98 1.94 0.94 0.38 0.55 1.89 3.39 2.18 1.92 1.37 1.10 1.35 2.09
Recuperação Surrogate (Hexadeceno %) 92.54 78.69 90.21 78.79 79.44 84.82 73.63 75.46 90.50 73.94 75.68 61.68 68.74 67.52 87.38 85.29 59.93 62.75 70.59 66.65 67.05
Limite de Quantificação (LQ) = 0.01 µg g−1
155

LABs - Alquilbenzenos Lineares


Composto S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 B1 B2 B3 B4 B5
5-C10 1.13 0.62 0.48 1.10 2.01 10.53 2.42 1.24 2.37 1.66 5.04 0.88 4.19 2.56 19.13 2.10 2.12 1.97 2.63 3.72 1.03
4-C10 0.78 0.43 0.32 0.73 1.45 7.32 1.56 0.74 2.14 1.29 4.06 0.42 1.76 1.22 9.42 1.31 1.57 1.08 1.28 2.04 0.70
3-C10 0.45 0.22 0.21 0.39 0.76 5.01 0.84 0.37 1.26 0.76 3.68 0.16 0.67 0.43 3.21 0.51 1.39 0.69 0.56 0.83 0.33
2- C10 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0.50 <LQ <LQ 0.14 <LQ 0.33 <LQ <LQ <LQ 0.11 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ
6-C11 7.47 4.55 4.06 9.52 19.27 92.14 23.93 10.13 14.62 12.81 40.60 10.41 37.92 30.23 205.14 21.25 16.83 17.76 23.73 31.08 6.30
5-C11 6.81 3.50 3.06 6.48 13.40 67.01 16.33 8.37 14.75 9.64 35.98 7.06 24.66 21.50 131.60 14.50 12.14 11.60 14.72 21.01 6.99
4-C11 4.25 2.25 1.93 3.20 8.27 38.43 7.80 3.69 8.80 10.02 23.50 2.75 6.52 11.26 60.90 9.02 7.58 7.41 6.84 11.72 3.40
3-C11 2.63 1.56 1.15 2.39 4.46 30.26 4.61 2.37 6.20 4.17 20.93 0.80 2.65 2.87 17.15 3.03 5.37 3.36 2.68 4.42 1.68
2- C11 <LQ <LQ 0.10 0.15 0.27 2.38 0.29 0.13 0.67 0.25 0.73 <LQ 0.24 0.12 0.42 0.16 0.40 0.22 0.17 0.23 0.10
6-C12 12.18 8.50 7.30 15.55 33.75 158.41 44.15 16.59 23.49 19.50 86.67 21.85 72.51 61.72 336.73 36.82 25.32 28.63 35.80 45.70 16.56
5-C12 5.81 3.37 2.87 5.92 14.71 73.91 18.79 6.82 11.67 9.53 36.08 7.34 19.39 24.35 120.75 15.37 11.85 11.73 12.52 16.20 6.33
4-C12 4.45 2.45 1.81 4.09 9.09 47.26 10.62 4.54 10.79 6.29 25.69 3.39 6.73 14.15 72.81 9.94 7.00 6.36 7.27 9.46 3.24
3-C12 3.97 3.09 1.74 0.74 3.34 27.59 3.50 1.52 7.12 3.81 23.20 0.24 4.03 3.80 14.13 3.18 3.74 2.83 2.36 2.76 1.54
2- C12 <LQ 0.15 0.14 0.23 0.34 3.27 0.42 0.19 0.83 0.34 2.70 0.10 0.32 0.21 0.79 0.31 0.48 0.29 0.23 0.34 0.25
7+6-C13 4.21 16.50 7.47 22.46 23.45 79.94 22.28 7.50 28.98 8.45 70.65 10.90 35.40 40.94 141.60 25.27 13.37 15.61 18.27 29.33 17.87
5-C13 3.83 9.46 10.01 10.24 12.77 93.55 21.76 9.40 30.32 11.52 33.97 11.25 27.34 37.09 109.52 20.84 29.32 21.98 29.51 23.29 13.42
4-C13 2.72 8.15 11.55 11.19 11.68 76.46 12.50 6.78 32.75 15.82 4.15 3.34 6.17 11.35 65.47 8.05 6.47 5.56 5.91 1.08 5.03
3-C13 1.42 19.04 12.46 8.80 16.45 85.18 13.00 4.29 26.59 37.08 85.52 3.12 10.31 8.46 47.19 12.10 10.19 24.46 14.34 47.98 3.84
2- C13 0.11 0.86 0.78 0.70 1.26 8.63 1.82 0.47 3.15 1.28 11.14 0.29 1.07 0.63 1.43 1.24 0.88 0.82 0.49 0.91 0.56
6-C14 <LQ 0.23 0.22 <LQ 0.32 0.20 0.29 <LQ <LQ 0.97 1.52 <LQ <LQ 0.14 21.19 1.59 2.60 1.09 0.43 0.38 0.26
5-C14 <LQ <LQ 0.12 0.13 1.67 23.20 2.42 8.88 0.64 6.28 0.96 0.86 0.45 0.36 1.44 0.68 0.20 0.20 0.26 1.06 1.48
4-C14 <LQ 0.77 0.46 0.48 0.38 4.81 0.70 1.73 2.25 2.84 1.02 <LQ 1.44 0.63 0.10 0.41 1.17 1.00 0.63 2.40 0.75
3-C14 <LQ 1.64 0.22 0.27 0.31 1.74 0.44 0.11 2.24 19.33 1.95 0.56 2.66 2.34 2.29 1.14 6.38 8.12 4.45 14.25 0.91
2- C14 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0.19 <LQ <LQ 0.11 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0.22 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ
C10 LAB 2.37 1.28 1.01 2.21 4.22 23.36 4.83 2.35 5.91 3.72 13.11 1.46 6.62 4.21 31.87 3.92 5.08 3.74 4.48 6.60 2.05
C11 LAB 21.16 11.86 10.30 21.74 45.67 230.20 52.96 24.70 45.04 36.89 121.73 21.02 71.99 65.98 415.22 47.95 42.32 40.34 48.14 68.46 18.48
C12 LAB 26.42 17.55 13.85 26.53 61.23 310.44 77.49 29.65 53.91 39.46 174.35 32.93 102.98 104.21 545.21 65.61 48.39 49.84 58.17 74.46 27.91
C13 LAB 12.30 54.00 42.27 53.39 65.61 343.77 71.36 28.44 121.78 74.16 205.43 28.90 80.28 98.48 365.21 67.50 60.23 68.43 68.53 102.59 40.71
C14 LAB 0.00 2.63 1.02 0.88 2.69 30.15 3.85 10.72 5.24 29.42 5.45 1.42 4.55 3.47 25.24 3.81 10.35 10.42 5.77 18.09 3.40
Total LABs 62.25 87.33 68.45 104.76 179.42 937.92 210.49 95.86 231.90 183.65 520.07 85.72 266.42 276.36 1382.76 188.80 166.36 172.77 185.08 270.19 92.56
Recuperação surrogate (1-C12LAB %) 62.45 65.65 59.65 58.65 65.64 62.65 67.65 68.94 55.52 58.92 59.91 65.52 52.65 54.95 68.65 65.62 62.17 53.65 58.62 54.65 61.65
Limite de Quantificação (LQ) = 0.01 ng g−1
156

Compostos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 SV1 SV2 SV3 SV4 SV5 B1 B2 B3 B4 B5


Alcanóis
C12OH 0.16 0.10 0.18 0.03 0.04 0.06 0.05 0.04 <LQ <LQ 0.09 <LQ 0.03 0.31 0.09 <LQ 0.12 0.11 0.09 0.06 <LQ
C13OH 0.08 0.09 0.08 <LQ 0.04 0.04 0.03 0.03 <LQ <LQ 0.03 0.04 0.04 0.38 0.08 0.02 0.10 0.12 0.10 0.06 <LQ
C14OH 0.46 0.34 0.43 0.20 0.10 0.14 0.14 0.13 0.03 0.03 0.20 0.03 0.13 0.14 0.06 0.04 0.16 0.15 0.15 0.09 <LQ
C15OH 0.32 0.40 0.62 0.13 0.11 0.13 0.13 0.11 0.06 0.02 0.14 0.04 0.09 1.09 0.20 0.01 0.18 0.20 0.21 0.16 0.02
C16OH 0.60 2.23 1.71 0.73 0.31 0.94 0.68 0.37 0.10 0.54 1.50 0.54 0.92 0.64 0.52 0.93 0.43 1.43 1.44 1.29 0.55
C17OH 0.04 0.25 0.42 0.09 0.11 0.14 0.15 0.14 0.70 0.03 0.23 0.04 0.07 2.18 0.18 <LQ 0.17 0.14 0.24 0.17 0.02
C18OH 0.07 0.44 0.89 0.38 0.20 0.25 0.27 0.27 0.15 0.06 0.81 0.13 0.25 0.43 0.40 0.02 0.30 0.42 0.29 0.57 0.03
C19OH 0.02 0.11 0.42 0.06 0.07 0.07 0.08 0.07 0.06 0.01 0.09 0.02 0.04 0.86 0.14 0.22 0.12 0.18 0.14 0.10 <LQ
C20OH 0.05 0.39 0.89 0.13 0.22 0.25 0.27 0.25 0.13 0.03 0.30 0.06 0.14 0.73 0.36 <LQ 0.31 0.33 0.32 0.26 0.02
C21OH 0.01 0.10 0.35 0.12 0.03 0.02 0.05 0.06 0.02 0.00 0.04 0.01 0.11 0.00 0.14 0.00 0.17 0.10 0.07 0.13 <LQ
C22OH 0.24 1.77 0.76 0.94 0.28 0.54 0.55 0.51 0.33 0.29 0.64 0.17 1.48 1.61 0.86 1.62 1.34 0.60 1.05 1.00 0.11
C23OH 0.01 0.02 0.21 0.03 <LQ 0.02 0.02 0.01 0.04 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00 0.02 0.27 0.04 0.19 0.06 0.13 0.24
C24OH 0.85 4.33 2.37 1.06 1.48 1.20 1.13 0.95 0.53 0.74 0.95 0.68 3.53 1.39 3.01 2.98 3.47 2.92 3.34 5.32 2.02
C25OH 0.17 0.01 0.10 <LQ <LQ <LQ <LQ 0.01 <LQ <LQ <LQ 0.04 0.15 0.14 <LQ 0.17 0.02 0.02 0.02 0.02 0.19
C26OH 1.23 4.62 2.23 1.09 1.62 1.63 1.47 1.17 0.54 0.95 1.22 0.71 3.85 1.38 3.57 2.32 3.64 3.55 3.55 5.72 2.10
C27OH 0.09 1.63 0.76 0.46 0.46 0.70 0.09 0.25 0.96 0.16 0.24 0.27 0.18 0.96 1.67 0.02 0.38 0.68 0.71 0.33 0.10
C28OH 11.84 19.91 12.91 4.53 4.06 5.09 6.51 6.41 4.51 3.16 5.74 3.16 8.56 12.66 12.39 6.82 9.91 14.17 12.11 15.05 6.58
C29OH 0.13 0.66 0.49 0.03 0.00 0.24 0.12 0.00 0.00 0.00 0.00 0.02 0.00 0.18 0.46 0.14 0.96 1.69 0.56 0.96 0.04
C30OH 12.04 22.40 14.43 5.66 4.73 5.19 8.77 7.52 4.17 4.34 5.40 3.30 8.26 13.57 15.23 7.31 11.53 15.44 11.40 15.19 6.20
n-alcanóis totais 28.43 59.80 40.26 15.69 13.88 16.66 20.50 18.30 12.33 10.36 17.60 9.25 27.83 38.66 39.39 22.88 33.33 42.45 35.86 46.60 18.21
Esteróis
Coprostanol 0.64 4.57 1.68 4.49 0.54 1.57 1.08 0.35 0.11 0.30 2.31 0.50 1.40 0.59 4.66 0.70 2.24 2.13 1.67 1.11 0.57
Epicoprostanol 0.15 0.32 0.19 0.22 0.18 0.32 0.10 0.17 0.06 0.03 0.71 0.12 0.06 0.07 0.71 0.09 0.21 0.21 0.21 0.15 0.15
Coprostanona 0.11 0.52 0.43 0.49 0.31 0.13 0.12 0.10 0.09 0.17 0.31 0.07 <LQ 2.02 0.14 0.14 0.47 0.43 0.17 0.13 0.10
Colesterol 1.37 5.12 6.24 1.21 1.47 2.05 4.53 3.61 2.46 1.00 2.51 1.06 1.69 2.47 2.07 2.61 2.25 2.24 1.82 1.51 1.88
Colestanona 0.12 0.33 0.24 0.13 0.12 0.05 0.06 0.09 0.10 0.03 0.15 0.07 0.04 0.03 0.05 0.10 0.09 0.14 0.11 0.08 0.10
Colestanol 1.19 5.08 4.31 3.95 2.15 2.11 3.47 2.54 2.04 3.48 3.12 2.46 1.11 1.50 3.12 0.17 1.14 1.96 2.97 1.37 0.92
Brassicasterol 0.94 4.00 3.03 2.41 1.89 2.58 2.11 1.47 0.65 0.13 2.16 0.58 0.99 3.42 2.21 0.91 3.94 3.14 1.17 1.09 1.01
Campesterol 0.82 5.99 2.22 2.81 1.28 1.91 1.97 1.82 0.88 0.24 2.39 0.62 1.12 2.88 1.61 2.22 1.94 1.88 1.91 1.22 1.58
Estigmasterol 2.01 9.20 6.60 7.43 2.59 3.14 3.02 2.61 1.61 0.56 3.91 1.98 2.39 4.35 3.85 2.62 2.29 2.54 1.13 4.53 1.82
Sitosterol 14.84 21.22 11.78 11.82 9.76 12.12 6.96 7.02 5.11 5.57 4.98 5.24 4.29 12.32 17.30 11.67 27.81 16.01 17.91 13.10 6.05
Sitostanol 0.80 1.75 1.59 1.90 1.78 1.85 0.84 1.65 3.11 0.68 1.81 0.80 1.91 2.60 3.62 1.65 4.75 2.85 2.74 1.85 0.88
Esteróis totais 23.00 58.09 38.30 36.85 22.08 27.83 24.25 21.43 16.21 12.19 24.37 13.49 14.98 32.25 39.34 22.88 47.12 33.52 31.81 26.14 15.06
Recuperação Surrogate (Androstanol %) 81.1 85.4 92.8 93.7 112.9 102.5 85.2 102.4 95.8 86.8 92.7 75.6 96.8 4.6 100.7 73.3 91.1 92.9 86.7 109.6 85.8
Limite de Quantificação (LQ) = 0.012 µg g−1

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