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2016 / 2019
Secretário
Dênis José Nascimento
Membros
Alberto Carlos Moreno Zaconeta
Alessandra Lourenço Caputo Magalhães
Ana Cristina Pinheiro Araújo
Belmiro Gonçalves Pereira
Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez
Henrique Zacharias Borges Filho
José Meirelles Filho
Marcelo Luis Nomura
Mario Julio Franco
Mylene Martins Lavado
Octávio de Oliveira Santos Filho
Simone Angélica Leite de Carvalho Silva
Asma e gravidez
Descritores
Asma; Gravidez; Gravidez de alto risco; Cuidado pré-natal, Doenças respiratórias
Como citar?
Osmundo Júnior GS. Asma e gravidez. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 86/ Comissão Nacional
Especializada em Gestação de Alto Risco).
Introdução
A asma é doença respiratória crônica das vias aéreas associada à
inflamação, hiper-responsividade das vias aéreas e obstrução re-
versível ao fluxo aéreo, caracterizando-se por episódios de cons-
trição das vias aéreas.(1) A asma é uma das doenças respiratórias
crônicas mais frequentes, acometendo aproximadamente de 4%
a 8% das gestantes, sendo que 20% a 36% dessas pacientes apre-
sentarão algum episódio de exacerbação da asma.(2,3) A queixa de
dispneia é bastante comum na gestação, contudo estima-se que
25% das gestantes com queixa respiratória apresentem quadro
de asma subdiagnosticada.(4) Atualmente, sabe-se que o principal
fator prognóstico para o quadro clínico materno é o controle da
asma pré-gravídico, sendo que pacientes com asma malcontrola-
da tendem a apresentar maiores intercorrências na gravidez.(5)
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
1
*Este protocolo foi validado pelos membros da Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco
e referendado pela Diretoria Executiva como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de
Obstetrícia nº 43, acesse: https://www.febrasgo.org.br/protocolos
Etiologia
A atopia caracteriza-se por predisposição genética a desenvolver
anticorpos IgE contra alérgenos ambientais e está intimamente
relacionada ao desenvolvimento de asma. Contudo a etiologia da
asma e os mecanismos imunológicos que levariam ao seu desenvol-
vimento e atopia, ainda, não são conhecidos.(10) Os desencadeantes
incluem alérgenos, infecções do sistema respiratório superior, me-
dicações (como ácido acetilsalicílico e betabloqueadores), poluição,
exercício físico, frio e estresse emocional.(1)
Fisiopatologia
A progesterona atua diretamente no centro respiratório, levando a
prolongamento da expiração, com aumento do esforço expiratório
– o que pode ser percebido pela paciente como dispneia.
Diagnóstico
O diagnóstico da asma é eminentemente clínico, caracteriza-
do por quadro respiratório típico e recorrente desde a infância.
Casos atípicos com dúvida diagnóstica ou falha da terapia inicial
devem ser submetidos a teste confirmatório. As opções diagnós-
ticas incluem:
• Espirometria: teste padrão-ouro para avaliação da função
pulmonar, permitindo a avaliação de volumes que não se al-
Tratamento
A paciente deve ser orientada que não existe evidência de teratogenici-
dade associada às drogas utilizadas no tratamento da asma e, por sua
vez, asmáticas mal controladas têm maior chance de complicações na
gestação e má-formação fetal.(1,7) As vantagens do controle da asma na
gestação claramente sobrepujam eventuais riscos associados a uso de
medicação (Nível de Evidência A).(1) Não se justifica reduzir ou suspen-
der drogas de controle da asma em gestantes sintomáticas.(1)
O tratamento da asma envolve controle de sintomas respirató-
rios agudos (terapia de resgate) e prevenção de sintomas (terapia
de manutenção). A terapia de manutenção tem como objetivo re-
dução de sintomas, prevenção de exacerbações e de remodelamen-
to brônquico, melhora da qualidade de vida e da função pulmonar.
O tratamento de manutenção da asma é baseado no princípio
de step up/step down, ou seja, as medicações devem ser associadas
ou descalonadas progressivamente de acordo com resposta da pa-
ciente.(1) As opções terapêuticas incluem (Quadro 1):
Recomendações finais
1. Dispneia é uma queixa comum em gestantes, porém deve ser
cuidadosamente avaliada, pois 25% dos casos podem corres-
ponder à asma subdiagnosticada.
2. Gestantes apresentam maior risco de evolução para insufici-
ência respiratória frente a eventos agudos, como exacerbações
de asma.
3. Não se justifica a suspensão do tratamento de manutenção da
asma na gravidez.
4. O tratamento de manutenção da asma envolve o uso crônico
de corticosteroides inalatórios.
5. Asma bem controlada não impede parto vaginal.
Referências
1. Bateman ED, Hurd SS, Barnes PJ, Bousquet J, Drazen JM, FitzGerald JM, Gibson P, Ohta
K, O’Byrne P, Pedersen SE, Pizzichini E, Sullivan SD, Wenzel SE, Zar HJ. Global strategy
for asthma management and prevention: GINA executive summary. Eur Respir J. 2008
Jan;31(1):143-78. Erratum in: Eur Respir J. 2018;51(2).
2. Holland SM, Thomson KD. Acute severe asthma presenting in late pregnancy. Int J Obstet
Anesth. 2006;15(1):75–8.
3. Murphy VE, Clifton VL, Gibson PG. Asthma exacerbations during pregnancy: incidence
and association with adverse pregnancy outcomes. Thorax. 2006;61(2):169–76.
4. Bidad K, Heidarnazhad H, Pourpak Z, Ramazanzadeh F, Zendehdel N, Moin M. Frequency
of asthma as the cause of dyspnea in pregnancy. Int J Gynaecol Obstet. 2010;111(2):140–
3.
5. Murphy VE, Gibson PG. Asthma in pregnancy. Clin Chest Med. 2011;32(1):93–110.
6. Racusin DA, Fox KA, Ramin SM. Severe acute asthma. Semin Perinatol. 2013;37(4):234–45.
7. Murphy VE, Wang G, Namazy JA, Powell H, Gibson PG, Chambers C, et al. The risk of
congenital malformations, perinatal mortality and neonatal hospitalisation among
pregnant women with asthma: a systematic review and meta-analysis. BJOG.
2013;120(7):812–22.