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2020 / 2023
Vice-Presidente
Alberto Carlos Moreno Zaconeta
Secretária
Mylene Martins Lavado
Membros
Arlley Cleverson Belo da Silva
Carlos Alberto Maganha
Carlos Augusto Santos de Menezes
Emilcy Rebouças Gonçalves
Felipe Favorette Campanharo
Inessa Beraldo de Andrade Bonomi
Janete Vettorazzi
Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto
Patrícia Costa Fonsêca Meireles Bezerra
Renato Teixeira Souza
Sara Toassa Gomes Solha
Vera Therezinha Medeiros Borges
Descritores
Asma; Gravidez; Gravidez de alto risco; Cuidado pré-natal, Doenças respiratórias
Como citar?
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Asma e
gravidez. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, n. 42/Comissão
Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco).
Introdução
A asma é a doença respiratória mais comum que complica a gravi-
dez, configurando uma condição de alto risco, apesar dos avanços
na terapia. Consiste em processo crônico associado à inflamação, à
hiper-responsividade brônquica e à obstrução reversível ao fluxo aé-
reo, caracterizando-se por episódios de constrição das vias aéreas.(1)
Em todo o mundo, a asma afeta 2% a 13% das gestantes, das
quais 20% a 36% apresentarão algum episódio de exacerbação da
asma durante a gestação.(2,3)
A queixa de dispneia é bastante comum em qualquer gestante.
Estima-se, contudo, que 25% daquelas com queixa respiratória apre-
sentem quadro de asma subdiagnosticada.(4)
Atualmente, sabe-se que o principal fator prognóstico para o
quadro clínico materno é o controle da asma pré-gravídico e pacien-
tes com asma mal controlada tendem a apresentar mais intercorrên-
* Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco e
validado pela Diretoria Científica como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de
Obstetrícia, n. 42. Acesse: https://www.febrasgo.org.br/
Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Etiologia
A atopia caracteriza-se por predisposição genética a desenvolver an-
ticorpos IgE contra alérgenos ambientais e está intimamente rela-
cionada ao desenvolvimento de asma. Contudo, a etiologia da asma e
os mecanismos imunológicos que levariam ao seu desenvolvimento
ainda não são conhecidos.(12) Os desencadeantes incluem alérgenos,
infecções do sistema respiratório superior, medicações (como ácido
acetilsalicílico e betabloqueadores), poluição, exercício físico, frio e
estresse emocional.(1)
Fisiopatologia
A progesterona atua diretamente no centro respiratório, levando
a prolongamento da expiração, com aumento do esforço expi-
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Asma e gravidez
Diagnóstico
O diagnóstico da asma se dá mediante a identificação de critérios clíni-
cos e funcionais, obtidos por anamnese, exames físico e de função pul-
monar, baseados na demonstração de obstrução reversível ao fluxo aé-
reo por espirometria ou em resposta ao broncodilatador inalatório. No
entanto, o teste de broncoprovocação geralmente é evitado na gravidez.
• Espirometria: teste padrão-ouro para avaliar a função pulmonar,
permitindo estimar volumes que não se alteram na gestação:
VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo), CVF
(capacidade vital forçada) e da relação VEF1/CVF. Considera-se
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CNE em Gestação de Alto Risco
Tratamento
A paciente deve ser orientada de que não há evidências de teratoge-
nicidade associada aos fármacos utilizados no tratamento da asma e,
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Asma e gravidez
Conduta obstétrica
Em gestantes asmáticas, preconiza-se via de parto obstétrica, não ha-
vendo contraindicação a parto vaginal. Naquelas pacientes com bom
controle clínico, a gravidez pode ser seguida até 40 semanas. Em ca-
sos mais graves, com controle clínico inadequado, recomenda-se a
interrupção com 37 semanas de gestação.
Recomendações finais
1. Dispneia é uma queixa comum em gestantes, porém deve ser
cuidadosamente avaliada, pois 25% dos casos podem correspon-
der à asma subdiagnosticada.
2. Gestantes apresentam mais risco de evolução para insuficiên-
cia respiratória perante eventos agudos, como exacerbações de
asma.
3. Não se justifica suspender o tratamento de manutenção da asma
na gravidez.
4. O tratamento de manutenção da asma envolve o uso crônico de
corticosteroides inalatórios.
5. Asma bem controlada não impede parto vaginal.
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