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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CAMPUS COLINAS
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

THAYLANA LYSLE SILVA LIMA LEAL

ANEMIA FALCIFORME: estudo de caso

COLINAS
2019
THAYLANA LYSLE SILVA LIMA LEAL

ANEMIA FALCIFORME: estudo de caso


Estudo de caso apresentado a disciplina de
Saúde da Família do Curso de Enfermagem
Bacharelado da Universidade Estadual do
Maranhão – Campus Colinas, como pré-
requisito para obtenção de nota.

Preceptora: Profª. Valdemilson Lopes Pereira

COLINAS
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................3

1.1 ANEMIA FALCIFORME.......................................................................................3

2 DESCRIÇÃO DO CASO......................................................................................6

2.1 ANAMNESE.........................................................................................................6

2.2 EXAME FÍSICO....................................................................................................6

2.3 SINAIS VITAIS.....................................................................................................7

2.4 MEDICAÇÕES DE USO CONTÍNUO..................................................................7

3 FARMACOLOGIA................................................................................................8

3.1 ÁCIDO FÓLICO....................................................................................................8

3.1.1 Princípio ativo.....................................................................................................8

3.1.2 Apresentação......................................................................................................8

3.1.3 Via de Administração.........................................................................................8

3.1.4 Indicação.............................................................................................................8

3.1.5 Mecanismo de ação...........................................................................................8

3.1.6 Contraindicações...............................................................................................8

3.1.7 Efeitos Adversos................................................................................................8

4 DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM.............................10

5 EVOLUÇÃO.......................................................................................................13

5.1 PRIMEIRA VISITA..............................................................................................13

5.2 SEGUNDA VISITA.............................................................................................13

5.3 TERCEIRA VISITA.............................................................................................14

6 PLANO DE ALTA..............................................................................................15

7 DISCUSSÃO......................................................................................................16

8 CONCLUSÃO....................................................................................................18

REFERÊNCIAS..................................................................................................19
3

1 INTRODUÇÃO

Este estudo foi desenvolvido com uma criança afetada pela Anemia
Falciforme (AF) de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) foi diagnosticado em D57.1 (anemia
falciforme sem crise) através do teste do pezinho e triagem neonatal para
hemoglobinopatias.
Considerando os percentuais expostos na literatura e a importância do
controle e acompanhamento desse paciente, este estudo busca descrever a
etiologia, fisiopatologia, sintomas, diagnósticos e tratamento, enfatizando os
cuidados que devem ser tomados pelo cuidador do menor, no intuito de diminuir a
ocorrência de crises e proporcioná-lo melhor qualidade de vida.
Foi desenvolvido entre os dias 03 de Outubro a 11 de Novembro de 2019, e
buscou por meio da observação e relato do paciente e sua genitora, conhecer o
caso em questão para então traçar metas e proporcionar um melhor plano de
cuidado e sistematização da assistência de enfermagem (SAE).

1.1 ANEMIA FALCIFORME

A anemia falciforme é considerada a doença hereditária monogênica mais


comum no país e é caracterizada pela produção de uma hemoglobina anormal
denominada Hb S. O termo “anemia falciforme” (AF) é reservado para a forma
homozigótica da doença (Hb SS); indivíduos heterozigotos (Hb AS) são identificados
como portadores do traço falciforme (TF) e podem levar uma vida normal (ROSA;
MARTIN, 2019).
A patologia é caracterizada por grandes números de hemácias deformadas,
em formato de foice ou meia-lua, por causa do aumento da proteína sanguínea
responsável pelo transporte de oxigênio (hemoglobina S) ao invés a hemoglobina A.
As hemoglobina deformada ou anormais (S), até conseguem carregar o oxigênio,
porém, quando acontecem desoxigenação nos tecidos, as moléculas que formam as
estruturas das hemoglobinas se formam em polímeros, desenvolvendo feixes,
conhecidos como tactóides (SILVA et. al., 2015).
Os sintomas agudos da patologia são causados, principalmente, pela
obstrução dos vasos sanguíneos pelas hemácias em forma de foice, gerando
hipóxia nos tecidos e crises álgicas na região abdominal, nos pulmões, nas
articulações e nos ossos. O baço é um dos órgãos mais afetados pela obstrução dos
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vasos sanguíneos, acarretando na perda de sua função durante os primeiros anos


da infância. Já os sintomas crônicos derivam, especialmente, das injúrias
provocadas pela hipóxia nos tecidos, como a insuficiência renal e cardíaca, úlceras,
necrose nos ossos (particularmente nas cabeças de úmero e fêmur) e lesões
oculares (MORAES et. al., 2017).
Segundo o Ministério da Saúde, há grande necessidade dos cuidados na
detecção da anemia falciforme já nos primeiros dias de vida. É uma patologia de
fácil detecção, sendo diagnosticada já nos primeiros anos de vida, e, se esses
indivíduos receberem cuidados básicos na atenção primária da saúde é observado
uma diminuição de morbimortalidade de 80,0% para 1,8%, em crianças até 5 anos
de idade (BRASIL, 2015).
Uma vez identificado que a criança possui DF, será iniciado o controle de
sintomas durante toda a sua vida. Os pais serão orientados sobre a importância de
manter a hidratação e nutrição do bebê, assim como a necessidade de prevenção
de infecções, o que pode ser realizado durante programas de imunizações ou por
meio de outras medidas profiláticas (RODRIGUES et. al., 2018).
Quando descoberta a doença, o bebê deve ter acompanhamento médico
adequado baseado num programa de atenção integral. Nesse programa, os
pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários
profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o
doente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade da doença, a tratar
adequadamente as crises e a praticar medidas para sua prevenção. A equipe é
formada por médicos, enfermeiras, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos,
dentistas, etc. Além disso, as crianças devem ter seu crescimento e
desenvolvimento acompanhados, como normalmente é feito com todas as outras
crianças que não têm a doença (BRASIL, 2015).
Segundo Silva et. al. (2015), o acompanhamento feito pela equipe de
profissionais de saúde é uma tática comprovada para a melhora dos cuidados
prestados a este grupo, que de tal maneira sofre com fatores ambientais e próprios
da doença crônica. Portanto para se realizar uma assistência de qualidade é
necessário que todos profissionais da Estratégia Saúde da Família envolvidos,
tenham algum tipo de capacitação ou conheça as melhores evidencias a respeito do
tratamento.
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Deste modo, observa-se que a enfermagem nas Unidades de Básica de


Saúde tem papel fundamental nas orientações aos familiares quanto à enfermidade
e oferecendo sustentação à parte particular do diagnóstico, como: culpa, raiva,
medo, depressão, emoções de menor valia reprodutiva que auxiliam a vida dos
familiares, em particular, a da mãe da criança com Anemia Falciforme (SILVA et. al.,
2015).
Seguindo esta perspectiva, Oliveira et. al. (2019) ressaltam a
responsabilidade da atenção primária no cuidado a pessoa com doença falciforme
dando ênfase à Estratégia Saúde da Família, que atua, dentre outras funções, na
promoção da saúde e na prevenção de agravos e doenças para a redução da
morbimortalidade, havendo a necessidade de acompanhar esses indivíduos
acometidos durante toda a vida.
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2 DESCRIÇÃO DO CASO

2.1 ANAMNESE

Paciente I. G. B. S., 7 anos, nascido em 06/09/2012, sexo masculino, estuda


1º ano do ensino fundamental, mora com os pais e sua irmã caçula. Em novembro
de 2013, com 1 ano e 2 meses recebeu o diagnóstico de anemia falciforme, por
meio do teste do pezinho, e desde então faz acompanhamento com a equipe
multiprofissional do Programa de Triagem Neonatal em São Luís-MA, com retorno a
cada 3 meses para consulta com hematogista. Em 25 de junho de 2017 realizou
colecistectomia (cirurgia para retirada da vesícula biliar). Já foi hospitalizado várias
vezes em decorrências das crises, passando de 2 a 9 dias internado, a depender da
intensidade. A mãe relatou que durante as crises ele apresenta dores na coluna,
febre e constipação. Relatou ainda, que a última crise foi no final de Junho desse
ano, o mesmo teve quadro de pneumonia e constipação, e apresentou crise
convulsiva durante o período em que esteve internado. A genitora da criança
mostra-se muito cuidadosa e atenta a todos os sinais que o filho apresenta, controla
bem a ingesta de líquido do mesmo além da alimentação e do repouso do mesmo.
Apesar de ser uma criança tímida, apresenta bom convívio social, tanto com os
familiares quanto com os colegas e professores da sua instituição de ensino. O
paciente faz uso contínuo de ácido fólico e simbioflora quando apresenta quadro de
constipação.

2.2 EXAME FÍSICO

Apresentou-se em bom estado geral, consciente, lúcido e orientado em


tempo e espaço, ativo e colaborativo, normocorado, hidratado, eupneico, acianótico,
anictérico e deambula normalmente. Queixa-se de dores na colunas na região
lombar e constipação, ao exame físico apresenta crânio normocefálico, face
simétrica com mímica preservada e ausência de lesões de pele. Abertura palpebral
normal, pupilas isocóricas e fotoreagentes e reflexo fotomotor direto e consensual
preservados. Pavilhão auricular e conduto auditivo externo sem lesões ou
secreções. Narinas e vestíbulo nasal sem alterações, lábios, língua, gengiva e
mucosa sem alteraçõe e dentição completa na parte superior e inferior da arcada
dentária. Pescoço com mobilidade ativa e passiva normais com ausência de lesões
ou linfadenomegalias. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos.
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2.3 SINAIS VITAIS

Através dos cuidados de enfermagem foram registrados os seguintes sinais


vitais: PA (Pressão Arterial): 90x60 mmHg; TAX (Temperatura Axilar): 36,3 ºC; FC
(Frequência Cardíaca): 108 bpm; SpO2 (Saturação de Oxigênio): 88%; FR
(Frequência Respiratória): 23 rpm; GC (Glicemia Capilar): 148 mg/dL. Foram
registrados peso 22,5 kg e altura 116 cm.

2.4 MEDICAÇÕES DE USO CONTÍNUO

Medicação Dose Horários


Ácido Fólico 5mg 01 1 comprimido pela manhã

3 FARMACOLOGIA

3.1 ÁCIDO FÓLICO

3.1.1 Princípio ativo

Ácido fólico.
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3.1.2 Apresentação

Comprimido revestido de 5mg - Embalagens com 20 comprimidos


revestidos.

3.1.3 Via de Administração

Via Oral.

3.1.4 Indicação

Este medicamento é indicado como suplemento nutricional contra anemia e


preventivo de malformações no sistema nervoso fetal.

3.1.5 Mecanismo de ação

Este medicamento age como um suplemento de ácido fólico, que é uma


vitamina do complexo B, usado como suplemento nutricional e contra anemia para
suprir as necessidades em pacientes como gestantes ou pacientes com anemias
causadas pela carência dessas substâncias. É importante no desenvolvimento do
sistema nervoso fetal. Ao ser absorvido, após cerca de 60 a 90 minutos o ácido
fólico já inicia a sua ação farmacológica.

3.1.6 Contraindicações

Este medicamento é contraindicado em pacientes que apresentarem


histórico de hipersensibilidade (alergia) conhecida ao ácido fólico, à lactose ou a
qualquer outro componente da fórmula do produto. Contraindicado para pacientes
com anemia perniciosa, pois o ácido fólico pode mascarar os sintomas da anemia
perniciosa (carência da vitamina B12).

3.1.7 Efeitos Adversos

O ácido fólico pode causar alguns efeitos indesejáveis. Apesar de nem todas
essas reações adversas ocorrerem, você deve procurar atendimento médico caso
alguma delas ocorra.

Reações comuns:
 Gastrintestinais: náuseas (enjoo), distensão abdominal (aumento do volume
da barriga), alteração do paladar (gosto amargo na boca), flatulência (gases).
 Sistema Nervoso Central: irritabilidade e alterações do sono;
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 Sistema Imunológico: reações de hipersensibilidade (alergia), com quadros de


urticária, rash cutâneo, prurido (coceira) e eritema (vermelhidão na pele).
 Reações raras: existem relatos na literatura de que doses de 15 mg ou mais
possam produzir alterações no Sistema Nervoso Central, decorrentes do
aumento na síntese de aminas cerebrais além de eventuais distúrbios
gastrintestinais. Doses elevadas (acima de 15 mg/dia) podem comprometer a
absorção intestinal do zinco e levar a uma precipitação de cristais de ácido
fólico nos rins. Com doses elevadas, ocorre coloração amarelada na urina,
que não requer atenção médica.

4 DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

A Enfermagem tem como objeto de trabalho a pessoa que necessita de


cuidado, o qual deve ser prestado de modo integral e individual. Para tanto,
necessita de uma organização. Nessa perspectiva, a Sistematização da Assistência
de Enfermagem (SAE) é a estrutura de organização que visa dinamizar o trabalho
da equipe de enfermagem (SILVA, 2016).
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É caracterizado como o método em que possibilita o enfermeiro de exercer a


arte do cuidar oportunizando atendimento individualizado ao paciente, planejando as
suas devidas condutas, analisando o histórico do paciente com olhar integral,
realizando exame físico, para assim diagnosticar e conduzir um cuidado integral e
individualizado a cada ser humano (PINHEIRO, 2017).
Dessa forma, diante da anamnese e exame físico da paciente, foi possível
observar alguns problemas, os quais foram analisados e por meio da SAE foram
definidos diagnósticos de enfermagem e as prescrições de enfermagem para
alcance dos resultados esperados.

Diagnóstico de Enfermagem: Intolerância à atividade relacionado a desequilíbrio


entre a oferta e a demanda de oxigênio evidenciado dispneia ao esforço em fadiga.
Resultados esperados: Locomoção; Mobilidade; Estado de Autocuidados.
Intervenções de Prescrições de Enfermagem
Enfermagem

Investigar experiências anteriores com exercícios.

Promoção do exercício
Incluir a família/cuidadores no planejamento e na
manutenção do programa de exercícios.

Orientar o indivíduo sobre o tipo adequado de exercício


para seu nível de saúde, juntamente com o médico e/ou o
fisioterapeuta.

Monitorar a adesão do indivíduo ao programa de


exercício/atividade.

Diagnóstico de Enfermagem: Fadiga relacionado a anemia evidenciado por


aumento da necessidade de descanso e energia insuficiente.
Resultados esperados: Conservação de Energia; Energia Psicomotora;
Resistência.
Intervenções de Prescrições de Enfermagem
Enfermagem

Investigar a condição fisiológica do paciente quanto a


deficiências que resultem em fadiga no contexto da idade
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e do desenvolvimento.

Encorajar a expressão de sentimentos sobre as


Controle de energia
limitações.

Corrigir déficits na condição fisiológica (p. ex., anemia)


como itens prioritários.

Monitorar a ingestão nutricional para garantir recursos


energéticos adequados.

Diagnóstico de Enfermagem: Dor crônica relacionado distúrbio genético


evidenciado por alteração da capacidade de continuar atividades prévias.
Resultados esperados: Controle da Dor; Estado de Conforto; Satisfação do
Cliente: controle da dor.
Intervenções de Prescrições de Enfermagem
Enfermagem

Realizar uma avaliação completa da dor, incluindo local,


características, início/duração, frequência, qualidade,
intensidade e gravidade, além de fatores precipitadores.

Controle da dor Assegurar que o paciente receba cuidados precisos de


analgesia.

Determinar o impacto da experiência da dor na qualidade


de vida.

Considerar o tipo e a fonte da dor ao selecionar uma


estratégia para seu alívio.

Diagnóstico de Enfermagem: Risco de constipação evidenciado por hábitos de


evacuação irregulares.
Resultados esperados: Controle de Sintomas; Eliminação Intestinal; Hidratação.
Intervenções de Prescrições de Enfermagem
Enfermagem

Monitorar o aparecimento de sinais e sintomas de


impactação.
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Monitorar os movimentos intestinais, incluindo freqüência,


Controle de consistência, formato, volume e cor, conforme apropriado.
constipação/ Identificar os fatores (p. ex., medicamentos, repouso no
impactação leito e dieta) que possam causar ou contribuir para a
constipação.

Encorajar o aumento da ingestão de líquidos.

5 EVOLUÇÃO

5.1 PRIMEIRA VISITA

No dia 03/10/2019 às 11:00 da manhã, o paciente I.G.B.S., 7 anos,


encontrava em casa por não ter ido a escola nesta data, pois estava queixando-se
de dores na coluna principalmente na região lombar. Apresentei-me ao mesmo e à
mãe da criança como acadêmica de enfermagem da Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA, e relatei minhas intenções em relação ao estudo do caso clínico
da criança, e que seria dada continuidade às visitas para acompanhamento do caso.
A genitora concordou e contou todo o caso clínico desde o diagnóstico. Segundo o
relato a criança já apresentou várias crises, a última foi no final de junho deste ano,
e faz acompanhamento trimestral no Hemomar em São Luís-MA com hematologista
e equipe multiprofissional: psicóloga, dentista, nutricionista, gastro, neuro e otorrino.
Desde o seu diagnóstico faz uso de ácido fólico diariamente uma vez ao dia. Aos
cuidados de enfermagem foram verificados os seguintes sinais vitais: Pressão
Arterial (PA): 90x60; Temperatura Axilar (TAX): 36,3 ºC; Frequência Cardíaca (FC):
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82 bpm; Frequência respiratória (FR): 23 rpm; Glicemia Capilar (GC): 148 mg/dL.
Foram registrados ainda: peso 22,500 kg e altura 116 cm.

5.2 SEGUNDA VISITA

No dia 28/10/2019 às 17:00, o paciente estava lanchando e estava em bom


estado geral, porém sua mãe relatou que o mesmo apresentou um quadro de virose
durante a semana no qual passou 1 dia e meio com diarreia e êmese e 2 dias com
falta de apetite. Diante disso a criança foi levada ao hospital municipal para consulta
médica, no qual ficou em observação para reidratação com soro fisiológico e
controle dos sintomas por meio de antiemético e reposição da flora intestinal. Após
alta a mãe continuou o tratamento em domicílio proporcionando ingesta de líquidos
com suco de caju e água de coco e chá de folha de goiaba e “pau de rato”. Durante
esse período o paciente perdeu 1,500 kg, mas já estar com seu estado de saúde
reestabelecido, alimentando-se bem e realização boa hidratação. Aos cuidados de
enfermagem foram verificados os seguintes sinais vitais: Pressão Arterial (PA):
100x70; Temperatura Axilar (TAX): 36,4 ºC; Frequência Cardíaca (FC): 85 bpm;
Frequência respiratória (FR): 22 rpm.

5.3 TERCEIRA VISITA

No dia 31/10/2019 às 12:00, o paciente apresentava-se sem queixas e em


bom estado geral. A mãe relatou que realizou exames laboratoriais da criança após
o quadro de virose, em relação aos mesmo só foi observado urina densa e presença
de Entamoeba histolyticaI (ameba) nas fezes. Referiu que levará os exames para
avaliação dos profissionais em São Luís – MA, visto que o retorno estar previsto
para semana seguinte. Aos cuidados de enfermagem foram verificados os seguintes
sinais vitais: Pressão Arterial (PA): 100x70; Temperatura Axilar (TAX): 36,4 ºC;
Frequência Cardíaca (FC): 108 bpm; Frequência respiratória (FR): 23 rpm;
Saturação de Oxigênio (SpO2): 88%.
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6 PLANO DE ALTA

O plano de alta do paciente é um ponto crucial do atendimento ao paciente e


deve garantir que a mesma qualidade dos cuidados assistenciais que foram
prestados na unidade de terapia sejam continuados no ambiente domiciliar do
paciente, a fim de se evitar agravamento do quadro (IBES, 2017).
Desse modo, o plano de alta é uma forma organizada de expressar os
cuidados de enfermagem orientando quanto a alimentação, o repouso, a atividade
física, a terapêutica medicamentosa, os cuidados especiais determinados pela
patologia e as condições específicas de cada paciente, caracterizando uma
orientação individualizada (UNIR, 2017).
Em decorrência da descrição do caso, visando um autocuidado continuado
por parte do paciente e familiares, foi elaborado o seguinte plano de alta:
 Adesão ao uso contínuo do ácido fólico;
 Atenção para com as doenças febris;
 Atenção quanto a alimentação e boa hidratação;
 Certificar que o calendário vacinal estar em dia, principalmente contra
pneumococo e gripe;
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 Manter controle regular com hematologista;


 Garantir repouso, de preferência com as pernas elevadas;
 Realizar analgesia adequada, e levar ao serviço de saúde quando a dor for
muita intensa;
 Inspecionar a pele diariamente;
 Manter tornozelos e pés protegidos, por conta do risco de infecção dessas
áreas.
 Evitar excessos em atividades físicas e alimentação;
 Usar vestimentas adequadas de acordo com a estação do ano.

7 DISCUSSÃO

O reconhecimento de que a DF é uma doença prevalente no Brasil foi


determinante na instituição da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com
Doença Falciforme (PNAIPDF) do Ministério da Saúde. Estima-se que 4% da
população brasileira tenha o traço falciforme (heterozigose simples) e que 25.000 a
50.000 pessoas tenham a doença em estado homozigótico (SS – anemia falciforme).
Atualmente, estima-se que varie de 60.000 a 100.000 casos (BRASIL, 2018).
No Brasil, a anemia falciforme acomete cerca de 0,1% a 0,3% da população
negra, e, embora a anemia falciforme tenha sido bastante estudada no país, em
termos de frequência populacional e de manifestações clínicas, os seus aspectos de
saúde pública têm sido pouco enfatizados. A dimensão epidemiologia da doença no
país é grande relevância e, segundo dados do Ministério da Saúde, nascem no
Brasil cerca de 3.500 crianças por ano com AF e 200.000 com traço falciforme
(PAIXÃO, 2018).
A expectativa de vida de pessoas diagnosticadas com essa doença é de
aproximadamente 42 anos para homens e 48 anos para mulheres. Essa patologia é
apresenta os piores índices de qualidade de vida, causadas pelas crises crônicas
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subsequentes ao longo da vida, associada a intensidade e frequência das crises


dolorosas e transfusões de sangue, dentre outros fatores. Com isso, torna-se de
suma importância que o enfermeiro realize os testes já no RN, para que o
tratamento seja iniciado o mais precoce possível (OLIVEIRA et. al., 2019).
De acordo com o Ministério da Saúde (2015) os medicamentos que
compõem a rotina do tratamento e integram a farmácia básica são: ácido fólico 5mg
(uso contínuo), penicilina oral ou injetável (obrigatoriamente até os 5 anos de idade),
antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios nas intercorrências.
Em relação a monitoração do paciente com AF, Paixão (2018) ressalta que
apesar da assistência de enfermagem ter a capacidade de proporcionar longevidade
e qualidade de vida, a incidência de mortalidade por anemia falciforme é
relativamente alta e poucos portadores conseguem chegar à vida adulta. O
desconhecimento e despreparo da equipe de enfermagem, no que se refere à
abordagem adequada a esta doença, em todas as suas nuances, pode ser decisivo
na prestação do cuidado e, por conseguinte, no potencial de enfrentamento dos
portadores de anemia falciforme e sua família.
Esse fenômeno ocorre devido à falta de habilitação dos enfermeiros das
Unidades Básicas de Saúde, a respaldo de orientações acerca, triagem neonatal, o
uso de antibióticos, imunizações, aconselhamento genético e ações educativas
voltadas para os pacientes e os familiares, todas essas orientações terá bastante
relevância na saúde pública. Muitos óbitos estariam evitados pela educação e
melhoria das condições sociais, econômicas e culturais das famílias que possuem
pessoas com AF (SILVA et. al., 2015).
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8 CONCLUSÃO

Foi possível observar o impacto que anemia falciforme pode provocar na


vida de uma pessoa, visto que é uma doença crônica e que não tem cura, porém
com medidas de controle de adoção de hábitos de vida saudáveis principalmente
com relação a alimentação e ingesta adequada de líquido, é possível ter uma vida
saudável e diminuir a ocorrência de crises em decorrência da patologia.
Nesse sentido, a família tem papel fundamental na manutenção da
qualidade de vida desse paciente, visto que uma doença que é diagnosticada na
infância através do teste do pezinho. Dessa forma, é necessário que a família seja
orientada quantos aos cuidados com relação aos medicamentos, vacinas,
alimentação, ingesta de líquidos e promoção de repouso, e essa orientação parte
principalmente do enfermeiro da atenção básica, visto que é papel do mesmo
realizar acompanhamento e orientação a esses pacientes.
Considerando esse processo terapêutico, a assistência de enfermagem é de
extrema importância no acompanhamento do paciente com anemia falciforme tanto
na terapêutica farmacológica quanto a não farmacológica, auxiliando na melhora da
qualidade de vida do paciente. Além disso, o enfermeiro da atenção básica é o
profissional de maior contato com a população e consequentemente o profissional
que tem uma visão holística do mesmo, conhecendo seus medos e anseios,
adquirindo assim, maior vínculo e confiança.
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REFERÊNCIAS

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Doença falciforme: diretrizes básicas da linha


de cuidado / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Especializada e Temática. – Brasília: 82 p. il, 2015.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SÁUDE. Secretaria de Atenção à Saúde Secretaria de


Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta Nº 05, de 19 de
Fevereiro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença
Falciforme. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 fev. 2018.

BULECHEK, G.M; BUTCHER, H.K; DOCHTERMAN, J.M. Classificação das


Intervenções de Enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

HERDMAN, T.H; KAMITSURU, S. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I:


definições e classificação 2018-2020. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, Editado como
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IBES - Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde. O papel do enfermeiro no


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enfermeiro-no-plano-de-alta-paciente/>. Acesso em: 07 out. 2019.

MORAES, Laura Xavier de et al. Doença falciforme: perspectivas sobre assistência


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Curitiba, v. 2, n. 3, p.1815-1823, 13 mar. 2019.

PAIXÃO, Roseane Conceição da. Anemia falciforme: assistência de


enfermagem a crianças e adolescentes. 2018. 23 f. TCC (Pós-
Graduação), Instituto de Educação A Distância, Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira, São Francisco
do Conde, 2018.

PINHEIRO, Angélica Barreira et al. Registro da assistência de enfermagem: visão


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cearense. Encontro de Extensão, Docência e Iniciação Científica, Ceará, v. 4, n.
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19

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