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Alterações posturais da coluna vertebral, provocadas

pelo peso da mochila escolar em crianças e adolescentes


Cambios posturales en la columna vertebral, provocados por el peso de la mochila escolar en niños y
adolescentes
Pós-graduação Latu Sensu em Fisiologia Aparecida
e Performance do Exercício Físico Matilde Martins
Unitoledo – Araçatuba – SP Sérgio Tumelero
(Brasil)
tumelero.prof@toledo.br

Resumo
O trabalho enfoca sobre alterações posturais em crianças e adolescentes enfatizando as causas que são decorrentes de fatores
fisiológicos, podendo evoluir na fase de pré-adolescência e adolescência devido ao próprio desenvolvimento e postura inadequada na
maneira de sentar, principalmente no ambiente escolar, visto que este período acompanha a fase do crescimento e também devido ao
peso excessivo das mochilas. Apresenta também como avaliar os desvios e cuidados para exame subjetivo. Finaliza com sugestões de
exercícios posturais, cujo objetivo é alongar a coluna e fortalecimento de músculos.
Unitermos: Alterações posturais. Coluna vertebral. Crescimento.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

Introdução

O ser humano ao longo de sua evolução progrediu em todos os sentidos, e um destes foi a
sua postura corporal, que foi modificando de acordo com as exigências impostas na vida de
cada ser.

De acordo com Black (1993), se observarmos a evolução do Homo Erectus de acordo com a
teoria de Darwin, perceberemos que o atual ser humano galgou etapas de evolução que se
iniciaram há milhares de anos numa vida aérea, isto é predominantemente nas copas e nos
galhos das árvores, para num segundo estágio passar a viver no solo firme, em quatro apoios,
e deste para a atual posição bípede.

A vida moderna traz responsabilidade e sobrecargas para homens e mulheres de todas as


faixas etárias. Crianças e adolescentes em idade escolar têm uma vida agitada, com muitos
afazeres, sem ter um acompanhamento adequado da forma como devem realizar suas
atividades.

Devemos considerar que a coluna vertebral é composta por quatro curvas fisiológicas, cujo
objetivo é distribuir as forças do corpo, entretanto, devido ao crescimento e desenvolvimento
corporal, a má postura ao longo da vida, pode acarretar desvios posturais, como por exemplo:
lordose, escoliose e cifose, tema que é objeto de estudo do presente trabalho.

O intuito é demonstrar o que acarreta um desvio postural e de que forma o profissional de


educação física pode detectar o problema, avaliá-lo e aplicar exercícios para possíveis formas
de correções.

Causas

Dentre os fatores que podem causar alterações na coluna vertebral de crianças e


adolescentes podemos citar os fisiológicos, que sofrem agravamentos na fase de crescimento
ou com postura inadequada ao andar, sentar, deitar e carregar a mochila escolar.
Fatores Fisiológicos

Lordose

É o aumento anormal da curva lombar levando a uma acentuação da lordose lombar normal
(hiperlordose). Os músculos abdominais fracos e um abdome protuberante são fatores de risco.
Caracteristicamente, a dor nas costas em pessoas com aumento da lordose lombar ocorre
durante as atividades que envolvem a extensão da coluna lombar, tal como o ficar em pé por
muito tempo (que tende a acentuar a lordose).

Hiperlordose Lombar

É caracterizada pela acentuação da concavidade lombar, colocando o ponto trocantérico para


traz da linha de gravidade. Causada pela hipertrofia da musculatura lombar (dorsal, ilíaco
dorsal, ilíaco lombar, ílio-psoas, semi-espinhal, interespinhal, rotatores, epiespinhais,
intertransversais) ou por enfermidades.

Hiperlordose Cervical

Acentuação da concavidade da coluna cervical, colocando o ponto trago para traz da linha de
gravidade. É causada geralmente, pela hipertrofia da musculatura posterior do pescoço.

Escoliose

É a curvatura lateral da coluna vertebral, podendo ser estrutural ou não estrutural. A


progressão da curvatura na escoliose depende, em grande parte, da idade que ela inicia e da
magnitude do ângulo da curvatura durante o período de crescimento na adolescência, período
este onde a progressão do aumento da curvatura ocorre numa velocidade maior.

A postura sentada prolongada em ambiente escolar pode provocar várias alterações nas
estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar. Ao mudar da postura em pé para a sentada
aumenta aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo do disco intervertebral e todas as
estruturas (ligamentos, pequenas articulações e nervos) que ficam na parte posterior são
alongadas, considerando-se a adoção de postura adequada (Coury, 1994).

As deformidades da coluna vertebral como as escolioses são muito comuns em indivíduos


que estão no período da pré-adolescência e adolescência, podendo evoluir e comprometer a
coluna vertebral, se nesta fase de crescimento a postura da criança e do adolescente for
inadequada na maneira de sentar, principalmente no ambiente escolar, neste período que
acompanha a fase de crescimento, ao permanecer sentado com a coluna torta ela sofre
constante pressão por causa dos braços e pernas mal posicionadas. A tendência é o corpo
procurar sem parar uma posição mais confortável. Se os pés não tocam no chão, a região
lombar acaba sem apoio, provocando maior curvatura nessa região.

A saúde dos indivíduos durante a fase de crescimento e desenvolvimento possui uma relação
direta com as atividades sociais humanas como estudo, ambiente escolar, trabalho, lazer, vida
familiar e outros, durante as atividades de vida diária e respectivas posturas adotadas no dia-a-
dia.

As figuras a seguir demonstram algumas posturas adotadas por crianças e adolescentes


tanto no âmbito escolar como doméstico:

Sentar com joelhos muito próximos ao tórax:

Sentar com a coluna torta:


Sentar apoiando na mesa:

A permanência na postura sentada pode provocar dorsalgia e lombalgia, considerando-se


que a pressão discal é maior ao se assentar sem o apoio lombar, quando comparada com a
posição em pé, além de que o apoio dos membros superiores pode reduzir o estresse sobre a
coluna lombar.

Cifose

A cifose é definida como um aumento anormal da concavidade posterior da coluna vertebral,


sendo as causas mais importantes dessa deformidade, a má postura e o condicionamento físico
insuficiente. Doenças como espondilite anquilosante e a osteoporose senil também ocasionam
esse tipo de deformidade.

Hipercifose

É a acentuação da convexidade da coluna torácica, colocando o ponto acromial à frente da


linha de gravidade. Pode ser do tipo flexível (quando a correção pode ser obtida através de
contração muscular voluntária – causada por maus hábitos posturais) ou rígida (é quando a
correção já não pode ser obtida com uma simples contração muscular ou manual, devido a
freqüência de uma atitude cifótica – A musculatura do tórax está muito hipertrofiada e a
posterior está muito alongada).

Avaliação e diagnóstico

O desvio da curvatura e dos acidentes anatômicos em relação à linha espondilea provocam o


que chamamos de desvios posturais. Esses desvios podem ser avaliados tanto pelo
fisioterapeuta (objetivos) como pelos professores de educação física em academias
(subjetivos).

O exame subjetivo é realizado da seguinte forma:

• deve ser realizado em local que possua fundo liso e branco;


• o testador deve se colocar a distância de 3 – 5 metros do testado, para que se tenha
uma visão global do aluno;
• o testado deve se posicionar afastado da parede na sua posição natural de repouso;
• o testado deve estar próximo da nudez;
• verifica-se partindo da parte inferior para a superior (pés, joelhos, pelve, coluna,
ombros e cabeça);
• utilização do fio de prumo e lápis demográfico, tornam a análise mais eficiente.

A avaliação dos desvios posturais deve ser feita da seguinte forma:

Visão anterior: de frente para o avaliador, observamos se as duas linhas dos ombros estão
paralelas entre si e o solo.

Se não ocorrer, indica uma possível escoliose no testado. Em caso de desvio de quadril o
testado deve ser encaminhado a um ortopedista para exames.

Visão anterior com flexão de tronco: (teste ADAMS): observamos se o testado tem escoliose,
se as vértebras já fizeram rotação, que se caracteriza por uma gibosidade no local da curvatura
escoliótica.

Verificamos se o testado tem o pé abduto ou aduto, se os joelhos estão varo ou valgo, a


linha do quadril, a linha dos ombros, se tem Hipercifose Torácica ou Cervical.

Visão Lateral: de perfil para o avaliador, lado direito e esquerdo, verificamos se o testado
possui: Geno Rcuryato. Geno Flexo, Hiperlordose Lombar, Costa Plana.

Visão Posterior: de costas para o avaliador, observamos as linhas dos ombros e do quadril
para confirmar as observações feitas na visão anterior. Marcaremos todos os processos
espinhosos, para verificar possível desvio de linha espodílea ou escoliose. Confirmaremos
também os joelhos, tendões de Aquiles (pé valgo ou varo). No pé varo, o tendão de Aquiles
projeta-se para a parte externa do corpo, fazendo com que o calcâneo se projete para a parte
interna do corpo.

As informações acima fornecem ao professor de Educação Física instrumentos de suma


importância para a detecção precoce de problemas posturais, permitindo a intervenção com
exercícios e orientações necessárias para uma postura adequada, evitando assim hábitos
errôneos que são freqüentes em crianças e adolescentes na fase escolar.

Como corrigir

Hiperlordose cervical
É necessário um trabalho de força na musculatura anterior do pescoço
(esternocleidooccipitomastóideo, escalenos e pré-vertebrais) e um trabalho de alongamento da
musculatura posterior.

Exercícios: procurar encostar a coluna cervical na parede, contraindo a musculatura anterior


do pescoço sem desencostar a cabeça da parede; flexão de pescoço em decúbito dorsal, com a
cabeça pendente; flexão de pescoço com auxílio do puxador.

Hiperlordose lombar

Alongar: Tensor da Fáscia Lata, Satório, adutores, ílio-psoas e pára-vertebrais;

Fortalecer: Ísquio tibiais, Abdominais oblíquos, Reto Abdominal e Glúteo Máximo.

Exercícios sugestão: Abdominal remador, encolhimento das pernas fletidas na prancha


inclinada, encostar a coluna lombar na parede fazendo movimento de retroversão do quadril,
contraindo o abdômen, flexão de tronco com os joelhos fletidos e pés fixos, elevação da cintura
escapular do solo, em decúbito dorsal, pernas flexionadas e pés fixos.

Escoliose

Natação também é um bom método uma vez que proporciona relaxamento, alongamento e
fortalecimento musculares o que pode ser mais uma valia.

Exercícios: hiper-extensão, na posição prona, a elevação da cabeça e dos ombros fazem a


extensão da parte superior da coluna. A elevação dos membros inferiores faz a extensão da
região lombar. A elevação de uma perna e do braço do mesmo lado fazem a extensão
assimétrica da coluna e podem corrigir encurvamento lateral. Os braços podem ser mantidos
para trás do corpo ou estendidos e levantados para a frente, conforme o executante puder
tolerar.

Hipercifose

Alongar: retor abdminais, paravertebrais (longuíssimo, ílio costal e mutifídio);

Fortalecer: Paravertebrais (exemplo: exercício bom dia).

Com a escápula alada ou abduzida: alongar deltóide anterior peitoral maior e menor, córaco
braquial, porção longa do bíceps braquial. Fortalecer porção transversa de trapézio e
Rombóides maior e menor.

Flexível: trabalhar a musculatura posterior do tórax (trapézio III, rombóides, dorsal maior e
redondo maior e conscientização do aluno para que sempre corrija sua atitude cifótica errada.
Exercícios corretivos: remada curvada, crucifixo inverso, abrir cabos no puxados duplos no
plano horizontal.

Rígida: hipertrofiar a musculatura posterior do tórax, alongar a muscultura anterior do tórax


e um desbloqueio torácico, causado pelo abaixamento das costelas.
Exercícios Corretivos: os mesmos da cifose flexível, suspensão alongada com apoio dorsal –
indivíduo em suspensão alongada, coloca-se um apoio na curvatura da cifose e deslocamento
dos ombros – indivíduo em pé, segura uma corda esticada nas mãos. Deve passá-la por cima
da cabeça, levando-a até os glúteos, sempre esticada.

Embora em muitos casos de deformidades da coluna vertebral, dependendo do grau em que


se encontre o exercício físico não apresente um resultado corretivo, sendo necessário uso de
aparelho ortopédico e ou procedimentos cirúrgicos, os benefícios atribuídos ao exercício físico
são:

1. melhorar a postura;
2. aumentar a flexibilidade (alongar a face côncava da coluna vertebral e estirar as
contraturas dos tecidos moles);
3. aumentar a força dos músculos abdominais que intervêm na postura;
4. corrigir desequilíbrios musculares;
5. melhorar a respiração.

Objetivos

Analisar as conseqüências geradas pelo excesso de peso nas mochilas em estudantes do


ensino fundamental:

Metodologia

Foram analisados 447 escolares, sendo 231 do sexo masculino e 216 do feminino, com idade
média de 8 anos e 11 meses, variando entre seis anos e seis meses a 12 anos e cinco meses.
Para análise foi utilizado o protocolo de Adams.

Resultados

Na tabela 1 estão descritos os avaliados por grupos e distribuição por sexo.

Sexo
Grupos Total de alunos
Masculino Feminino

Grupo 1 (8 anos) 28 20 48

Grupo 2 (9 anos) 26 28 54

Grupo 3 (10 anos) 24 28 52

Grupo 4 (11 anos) 32 23 55

Grupo 5 (12 anos) 21 17 38

Total 131 116 247

Tabela 1. Distribuição por grupos


Quando se analisa a freqüência dos desvios posturais para o número total de alunos,
independentemente da idade, observamos que 50,2% dos alunos apresentaram desnível de
ombro e 40,6% escápulas aladas. Apenas 9,7% mostraram cifose torácica. Estes resultados
estão descritos na tabela 2.

Alterações Posturais Freqüência Percentual

Desnível de ombro 124 50,2

Escápula alada 100 40,6

Protusão de ombro 98 39,7

Valgo de joelho 73 29,6

Hiperlordose lombar 65 26,3

Inclinação pélvica 53 21,4

Antero-versão pélvica 47 19,0

Hiperextensão de joelho 47 19,0

Escoliose 39 15,7

Inclinação Cervical 38 15,4

Rotação de Fêmur 32 12,9

Protusão Cervical 29 11,7

Cifose Torácica 24 9,7

Tabela 2. Freqüência de desvios posturais

De acordo com a faixa etária, evidenciou-se que alterações como desnível e protrusão de
ombro e escápula alada estiveram presentes em todos os grupos etários, com freqüência acima
de 20%. O desnível do ombro foi identificado em 64% das crianças do grupo 2, acima de sete
anos; já a protrusão de ombro e escápula alada foram mais frenquentes no grupo 3. Estes
resultados estão descritos em percentuais na tabela 3.

Alterações Posturais Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Protusão Cervical 2,0 5,5 7,7 18,2 24,9

Inclinação Cervical 35,4 24,0 10,6 7,2 00

Desnível de ombro 29,1 64,8 57,8 49,1 50,0

Protusão de ombro 20,8 37,0 50,5 40,5 49,9


Escápula alada 31,3 31,5 55,8 45,5 38,8

Cifose torácica 10,8 00 19,5 12,7 5,3

Hiperlordose lombar 12,5 14,8 25, 40,0 39,1

Antero-versão pélvica 16,7 31,5 6,8 21,8 18,4

Inclinação pélvica 33,3 31,5 18,3 11,0 13,1

Rotação do fêmur 4,6 20,4 23,6 5,4 10,5

Hiperextensão de joelho 00 26,5 30,8 19,5 18,4

Valgo de joelho 30,5 27,8 21,8 34,6 33,1

Tabela 3. Distribuição por grupos

Conclusões

As alterações capazes de levar a compensações patológicas, como a escoliose, a cifose e a


hiperlordose lombar, tem grande incidência em crianças de faixa escolar. Padrões posturais
inadequados assumidos durante a fase escolar podem se tornar permanentes na idade adulta,
caso não haja a intervenção durante a fase de crescimento e estruturação óssea.

Este estudo, que avaliou a postura de 247 escolares, identificou um índice elevado de alguns
desníveis posturais, com distribuição distinta de acordo com a faixa etária. Mesmo realizado por
alunos do último ano de graduação previamente treinados e com supervisão de um profissional
fisioterapeuta, a sensibilidade para identificação das alterações foi alta, considerando-se os
resultados apresentados.

A alteração mais freqüente foi o desnível de ombros (50,2%). Alguns autores associam a
presença dessa assimetria ao fato do indivíduo ser destro ou canhoto, por promover hipertrofia
muscular mais acentuada no lado dominante, o que causar uma elevação de tal ombro.

Segundo Secco et al, a assimetria do ombro está relacionada ao suporte de mochilas


escolares de maneira inadequada, lembrando que ajustes posturais e ações compensatórias
surgem diante da aplicação dessas cargas assimétricas.

Também foi freqüente, na população estudada, a presença de escápula alada, identificada


em 40,5% dos alunos. Apesar de ter sido a segunda alteração postural mais observada, sua
incidência foi inferior à do trabalho de Ferronato, no qual a alteração esteve presente em 100%
dos alunos avaliados com idade entre sete e 14 anos. No entanto, os resultados deste estudo
foram próximos aos de Penha et al, que identificou a mesma alteração em 64,7% de meninas
de sete a dez anos de idade. Já no estudo realizado em Novo Hamburgo, a presença de
escápula alada incidiu em 80,5% da amostra de 154 alunas entre sete e 17 anos, sendo a
alteração mais observada, seguida de protrusão cervical (66,2%) e do ombro (47,4%).
Com relação à protrusão de ombro, terceira alteração mais freqüente, existe relativo
consenso em considerá-la uma alteração fisiológica, parte do desenvolvimento muscular infantil.

A incidência de 26,3% de crianças com hiperlordose lombar neste estudo pode ser
considerada baixa, se comparada ao resultado de 58% de casos identificados por Penha El al.
Segundo Detsch e Candotti, até nove anos, a presença de hiperlordose lombar é normal no
desenvolvimento infantil, uma vez que não há estabilidade postural, o que gera necessidade de
busca pelo equilíbrio corporal por protrusão abdominal e aumento da inclinação pélvica anterior.
Para alguns autores, alterações fisiológicas como a hiperlordose lombar, a Antero-versão pélvica
e a hiperextensão de joelho tem causas comuns. Dentre essas, cita-se a fraqueza do
retoabdominal e dos paravertebrais, sendo o trabalho dessa musculatura do complexo
abdominal mais efetivo a partir dos dez ou 12 anos de vida.

O índice de escoliose deste trabalho foi de 15,7% correspondendo a valores abaixo dos
encontrados na literatura. Em um estudo realizado com escolares de sete a 12 anos em uma
escola pública de São Paulo, constatou-se a prevalência de hiperlordose lombar em 73,8%,
escoliose em 23,8% e hipercifose torácica em 9,5%. Penha et al avaliaram um grupo de 132
crianças do sexo feminino entre sete e dez anos de idade com fotografias em planos frontal e
sagital e observaram a presença de escoliose em 36% com sete anos, 45% nas de oito anos,
52% nas de nove anos e 48% nas de dez anos. Ferriari et al investigaram as alterações
posturais de 378 escolares na faixa etária dos seis aos 14 anos e detectaram 23,5% de casos
suspeitos de casos suspeitos de escoliose, mensurados pelo teste de Adams. Mangueira
observou que os desvios da coluna vertebral foram os principais achados em uma amostra com
166 crianças e adolescentes entre 11 e 16 anos. A presença de hipercifose torácica foi de
34,9%, seguida de escoliose (27,7%) e hiperlordose lombar (17,5%). Os resultados obtidos em
relação à protrusão cervical (11,7%) foram inferiores aos os encontrados nos estudos de
Mangueira (47%) e de Detsch e Candotti (66%).

Weis e Muller afirmaram que o alto índice de crianças com alterações na coluna cervical
indica que muitos alunos em idade escolar não apresentam postura adequada da cabeça
durante as atividades, principalmente em sala de aula, o que promove acentuada curva na
região cervical, prejudicando o equilíbrio corporal.

Por tratar-se de um trabalho de iniciação científica de um grupo de alunos do nível de


graduação, alguns aspectos metodológicos foram limitados e devem ser considerados em
estudos futuros. A avaliação postural foi feita por mais de um avaliador, o protocolo utilizado
para avaliação apresenta deficiências e não se aplicou um questionário prévio para possível
identificação de fatores pré e pós-natais com potencial para influenciar o crescimento e
desenvolvimento das crianças (intercorrências pré e pós-parto, pé torto congênito, hálux, valgo
infantil). Apesar dessas limitações, identificaram-se resultados importantes.

Fica expressa, aqui, a necessidade de futuros estudos que graduem as variações


consideradas normais durante o desenvolvimento para que possa ser feita precocemente a
identificação e a necessária intervenção diante do diagnóstico de uma alteração fora dos
padrões da normalidade.

Neste estudo que avaliou a postura de escolares, ficou evidente que a alteração mais
freqüente foi o desnível de ombro. Os fatores causadores, segundo alguns autores são diversos,
uns associam a presença dessa assimetria ao fato do indivíduo ser destro ou canhoto ou
relacionado ao suporte de mochilas escolares de maneira inadequada, outros relacionam a uma
alteração fisiológica por parte do desenvolvimento muscular infantil.

A segunda alteração mais observada na população avaliada foi da escapula alada, seguida
da protrusão de ombro que foi considerado a terceira alteração mais freqüente.

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