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Resumo
O trabalho enfoca sobre alterações posturais em crianças e adolescentes enfatizando as causas que são decorrentes de fatores
fisiológicos, podendo evoluir na fase de pré-adolescência e adolescência devido ao próprio desenvolvimento e postura inadequada na
maneira de sentar, principalmente no ambiente escolar, visto que este período acompanha a fase do crescimento e também devido ao
peso excessivo das mochilas. Apresenta também como avaliar os desvios e cuidados para exame subjetivo. Finaliza com sugestões de
exercícios posturais, cujo objetivo é alongar a coluna e fortalecimento de músculos.
Unitermos: Alterações posturais. Coluna vertebral. Crescimento.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/
Introdução
O ser humano ao longo de sua evolução progrediu em todos os sentidos, e um destes foi a
sua postura corporal, que foi modificando de acordo com as exigências impostas na vida de
cada ser.
De acordo com Black (1993), se observarmos a evolução do Homo Erectus de acordo com a
teoria de Darwin, perceberemos que o atual ser humano galgou etapas de evolução que se
iniciaram há milhares de anos numa vida aérea, isto é predominantemente nas copas e nos
galhos das árvores, para num segundo estágio passar a viver no solo firme, em quatro apoios,
e deste para a atual posição bípede.
Devemos considerar que a coluna vertebral é composta por quatro curvas fisiológicas, cujo
objetivo é distribuir as forças do corpo, entretanto, devido ao crescimento e desenvolvimento
corporal, a má postura ao longo da vida, pode acarretar desvios posturais, como por exemplo:
lordose, escoliose e cifose, tema que é objeto de estudo do presente trabalho.
Causas
Lordose
É o aumento anormal da curva lombar levando a uma acentuação da lordose lombar normal
(hiperlordose). Os músculos abdominais fracos e um abdome protuberante são fatores de risco.
Caracteristicamente, a dor nas costas em pessoas com aumento da lordose lombar ocorre
durante as atividades que envolvem a extensão da coluna lombar, tal como o ficar em pé por
muito tempo (que tende a acentuar a lordose).
Hiperlordose Lombar
Hiperlordose Cervical
Acentuação da concavidade da coluna cervical, colocando o ponto trago para traz da linha de
gravidade. É causada geralmente, pela hipertrofia da musculatura posterior do pescoço.
Escoliose
A postura sentada prolongada em ambiente escolar pode provocar várias alterações nas
estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar. Ao mudar da postura em pé para a sentada
aumenta aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo do disco intervertebral e todas as
estruturas (ligamentos, pequenas articulações e nervos) que ficam na parte posterior são
alongadas, considerando-se a adoção de postura adequada (Coury, 1994).
A saúde dos indivíduos durante a fase de crescimento e desenvolvimento possui uma relação
direta com as atividades sociais humanas como estudo, ambiente escolar, trabalho, lazer, vida
familiar e outros, durante as atividades de vida diária e respectivas posturas adotadas no dia-a-
dia.
Cifose
Hipercifose
Avaliação e diagnóstico
Visão anterior: de frente para o avaliador, observamos se as duas linhas dos ombros estão
paralelas entre si e o solo.
Se não ocorrer, indica uma possível escoliose no testado. Em caso de desvio de quadril o
testado deve ser encaminhado a um ortopedista para exames.
Visão anterior com flexão de tronco: (teste ADAMS): observamos se o testado tem escoliose,
se as vértebras já fizeram rotação, que se caracteriza por uma gibosidade no local da curvatura
escoliótica.
Visão Lateral: de perfil para o avaliador, lado direito e esquerdo, verificamos se o testado
possui: Geno Rcuryato. Geno Flexo, Hiperlordose Lombar, Costa Plana.
Visão Posterior: de costas para o avaliador, observamos as linhas dos ombros e do quadril
para confirmar as observações feitas na visão anterior. Marcaremos todos os processos
espinhosos, para verificar possível desvio de linha espodílea ou escoliose. Confirmaremos
também os joelhos, tendões de Aquiles (pé valgo ou varo). No pé varo, o tendão de Aquiles
projeta-se para a parte externa do corpo, fazendo com que o calcâneo se projete para a parte
interna do corpo.
Como corrigir
Hiperlordose cervical
É necessário um trabalho de força na musculatura anterior do pescoço
(esternocleidooccipitomastóideo, escalenos e pré-vertebrais) e um trabalho de alongamento da
musculatura posterior.
Hiperlordose lombar
Escoliose
Natação também é um bom método uma vez que proporciona relaxamento, alongamento e
fortalecimento musculares o que pode ser mais uma valia.
Hipercifose
Com a escápula alada ou abduzida: alongar deltóide anterior peitoral maior e menor, córaco
braquial, porção longa do bíceps braquial. Fortalecer porção transversa de trapézio e
Rombóides maior e menor.
Flexível: trabalhar a musculatura posterior do tórax (trapézio III, rombóides, dorsal maior e
redondo maior e conscientização do aluno para que sempre corrija sua atitude cifótica errada.
Exercícios corretivos: remada curvada, crucifixo inverso, abrir cabos no puxados duplos no
plano horizontal.
1. melhorar a postura;
2. aumentar a flexibilidade (alongar a face côncava da coluna vertebral e estirar as
contraturas dos tecidos moles);
3. aumentar a força dos músculos abdominais que intervêm na postura;
4. corrigir desequilíbrios musculares;
5. melhorar a respiração.
Objetivos
Metodologia
Foram analisados 447 escolares, sendo 231 do sexo masculino e 216 do feminino, com idade
média de 8 anos e 11 meses, variando entre seis anos e seis meses a 12 anos e cinco meses.
Para análise foi utilizado o protocolo de Adams.
Resultados
Sexo
Grupos Total de alunos
Masculino Feminino
Grupo 1 (8 anos) 28 20 48
Grupo 2 (9 anos) 26 28 54
Escoliose 39 15,7
De acordo com a faixa etária, evidenciou-se que alterações como desnível e protrusão de
ombro e escápula alada estiveram presentes em todos os grupos etários, com freqüência acima
de 20%. O desnível do ombro foi identificado em 64% das crianças do grupo 2, acima de sete
anos; já a protrusão de ombro e escápula alada foram mais frenquentes no grupo 3. Estes
resultados estão descritos em percentuais na tabela 3.
Conclusões
Este estudo, que avaliou a postura de 247 escolares, identificou um índice elevado de alguns
desníveis posturais, com distribuição distinta de acordo com a faixa etária. Mesmo realizado por
alunos do último ano de graduação previamente treinados e com supervisão de um profissional
fisioterapeuta, a sensibilidade para identificação das alterações foi alta, considerando-se os
resultados apresentados.
A alteração mais freqüente foi o desnível de ombros (50,2%). Alguns autores associam a
presença dessa assimetria ao fato do indivíduo ser destro ou canhoto, por promover hipertrofia
muscular mais acentuada no lado dominante, o que causar uma elevação de tal ombro.
A incidência de 26,3% de crianças com hiperlordose lombar neste estudo pode ser
considerada baixa, se comparada ao resultado de 58% de casos identificados por Penha El al.
Segundo Detsch e Candotti, até nove anos, a presença de hiperlordose lombar é normal no
desenvolvimento infantil, uma vez que não há estabilidade postural, o que gera necessidade de
busca pelo equilíbrio corporal por protrusão abdominal e aumento da inclinação pélvica anterior.
Para alguns autores, alterações fisiológicas como a hiperlordose lombar, a Antero-versão pélvica
e a hiperextensão de joelho tem causas comuns. Dentre essas, cita-se a fraqueza do
retoabdominal e dos paravertebrais, sendo o trabalho dessa musculatura do complexo
abdominal mais efetivo a partir dos dez ou 12 anos de vida.
O índice de escoliose deste trabalho foi de 15,7% correspondendo a valores abaixo dos
encontrados na literatura. Em um estudo realizado com escolares de sete a 12 anos em uma
escola pública de São Paulo, constatou-se a prevalência de hiperlordose lombar em 73,8%,
escoliose em 23,8% e hipercifose torácica em 9,5%. Penha et al avaliaram um grupo de 132
crianças do sexo feminino entre sete e dez anos de idade com fotografias em planos frontal e
sagital e observaram a presença de escoliose em 36% com sete anos, 45% nas de oito anos,
52% nas de nove anos e 48% nas de dez anos. Ferriari et al investigaram as alterações
posturais de 378 escolares na faixa etária dos seis aos 14 anos e detectaram 23,5% de casos
suspeitos de casos suspeitos de escoliose, mensurados pelo teste de Adams. Mangueira
observou que os desvios da coluna vertebral foram os principais achados em uma amostra com
166 crianças e adolescentes entre 11 e 16 anos. A presença de hipercifose torácica foi de
34,9%, seguida de escoliose (27,7%) e hiperlordose lombar (17,5%). Os resultados obtidos em
relação à protrusão cervical (11,7%) foram inferiores aos os encontrados nos estudos de
Mangueira (47%) e de Detsch e Candotti (66%).
Weis e Muller afirmaram que o alto índice de crianças com alterações na coluna cervical
indica que muitos alunos em idade escolar não apresentam postura adequada da cabeça
durante as atividades, principalmente em sala de aula, o que promove acentuada curva na
região cervical, prejudicando o equilíbrio corporal.
Neste estudo que avaliou a postura de escolares, ficou evidente que a alteração mais
freqüente foi o desnível de ombro. Os fatores causadores, segundo alguns autores são diversos,
uns associam a presença dessa assimetria ao fato do indivíduo ser destro ou canhoto ou
relacionado ao suporte de mochilas escolares de maneira inadequada, outros relacionam a uma
alteração fisiológica por parte do desenvolvimento muscular infantil.
A segunda alteração mais observada na população avaliada foi da escapula alada, seguida
da protrusão de ombro que foi considerado a terceira alteração mais freqüente.
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