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UNIDADE 3.

Avaliação postural, ortopédica e neurológica

Avaliação postural
A postura é a posição do corpo no espaço e a relação entre seus
segmentos. É considerada o composto das posições das diferentes
articulações do corpo em um dado momento, assim como o estado de
equilíbrio dos ossos e músculos para a proteção das estruturas do corpo.
Ela consiste em um alinhamento com máxima eficiência fisiológica e
biomecânica, que minimiza o estresse e a sobrecarga sofrida pelo sistema
de apoio. Pode-se observar três exemplos na Figura 1. 
A principal função da postura é manter o equilíbrio corporal, tanto em
condições estáticas, quanto dinâmicas. Os principais fatores que
contribuem para a boa postura são os componentes neurofisiológicos,
biomecânicos, psicológicos, emocionais e relacionais (TOTA, 2013). 

Os pés são alguns dos principais órgãos responsáveis pela postura,


assim como o sistema nervoso central, que recebe as informações sobre
as diversas posturas que assumimos. Os pés têm a importante função de
sustentar e manter o equilíbrio corporal. Eles apresentam três funções
relacionadas à postura: a de receptor, de protagonista e de compensador. 
A função de receptor se dá porque os pés recebem a informação sobre a
postura e a transmitem para o sistema nervoso central. A função de
protagonista se dá através das mudanças de forças aplicadas nos pés, que
geram alterações posturais em todo o corpo. Por último, a função de
compensador se dá quando os pés mudam de posição para se adaptarem
à nova postura.
O pé contribui para a postura como um suporte mecânico ao corpo
através da estrutura osteoligamentar do arco plantar e dos músculos
contidos nos membros inferiores. Além disso, o pé promove a informação
sensorial em relação à posição do corpo no espaço, graças aos
mecanoreceptores que ficam na região tátil plantar. Déficits da postura,
flexibilidade e força nos pés causam, frequentemente, um desequilíbrio
postural que alterará o funcionamento de todo o corpo (CARVALHO,
2014).
A disfunção postural da coluna vertebral é dita primitiva quando há uma
alteração congênita (hereditária) do sistema miofascial e
musculoesquelético, ou quando se percebe uma anomalia no pé.
 
As patologias de pé, em geral, causam um desequilíbrio na postura
corporal devido às pressões plantares alteradas que são efetuadas. O
desequilíbrio é considerado uma desordem do sistema
musculoesquelético. Quando há alteração postural, o corpo se reorganiza
em forma compensativa com o intuito de se adaptar a essa desarmonia.
Ou seja, um desvio anatômico no pé pode acarretar uma alteração
biomecânica de outros segmentos do corpo, como o joelho, o quadril ou a
coluna vertebral, o que causaria alterações posturais que levam a
disfunções osteoneuromusculares como a lombociatalgia. 

EXPLICANDO
A lombociatalgia consiste em um processo doloroso que acomete a região
lombar e se estende por todo o nervo ciático até a extremidade inferior do
corpo. Muitas vezes, essa dor é tão intensa que prejudica a pessoa de
realizar atividades rotineiras. 
Uma simples onicocriptose (unha encravada) dificulta a locomoção devido
ao incômodo e à dor local, o que causa uma alteração na marcha e,
consequentemente, na postura corporal. Quando, devido à dor, se evita
tocar o chão com os pés, há um aumento no tônus muscular da perna,
alterando toda a movimentação óssea. 
Outras patologias e sinais, como a verruga plantar, calos, úlceras e
tumores, também interferem na marcha, gerando uma alteração postural
que, na maior parte das vezes, é maléfica ao nosso corpo (LIMA, 2010). A
repetição de determinados movimentos e atividades corpóreas, assim
como a sobrecarga em treinamentos esportivos, podem ser prejudiciais à
postura. Por isso, avaliações posturais são bastante corriqueiras na área
da podologia desportiva. 
Dissimetrias (desigualdades) nos membros inferiores podem causar uma
lombalgia, que é uma dor lombar não intensa, mas crônica.
Anatomicamente, isso gera um trabalho descompensado nos músculos,
com uma hiperfunção em um dos lados do corpo que, em suas inserções
lombares, causa as dores. 

POSTUROMETRIA
A avaliação postural deve ser realizada considerando alguns passos
essenciais para se verificar corretamente o equilíbrio do paciente. Apenas
pelo posicionamento do paciente já é possível detectar a existência de
lesão ou patologia. 
Inicialmente, deve-se observar o paciente na posição em pé, utilizando
roupas de banho, ou outras roupas curtas, para que se possa observar a
estrutura de todo o corpo. É importante que seja dito ao paciente o
motivo de cada avaliação e posicionamento, para que ele se sinta
confortável (SENAEC, 2019).
Na avaliação postural vários testes de palpação e mobilização devem ser
realizados antes de se ter um diagnóstico. Deve-se observar as costas,
coxas, joelhos, quadril, pernas, pés e tornozelos. A maioria das lombalgias
são causadas por escoliose.
Geralmente, coloca-se um suporte plantar no membro dissimétrico curto,
como meias ou palmilhas, até a raiz dos dedos. Estas devem ser feitas de
material lavável, leve e que conserve a memória plantar. Também pode
ser colocado um suporte apenas sob o calcanhar do paciente. 
Em casos de correção em esportistas com dissimetria dos membros
inferiores, obteve-se 90% de sucesso no tratamento com palmilhas. Em
5% dos casos houve reincidência da dor, e em 5% o problema não foi
resolvido. Para ajudar na dor, também é possível realizar massagem
fisioterapêutica (ÁLVAREZ, 2018). 

EXPLICANDO
A escoliose consiste em uma curvatura da coluna vertebral que pode ser
única ou múltipla. Também pode se apresentar de forma fixa, quando há
deformidade muscular, e móvel, causada por contração muscular
desigual. Ocorre frequentemente em adolescentes, enquanto ainda há o
crescimento da coluna vertebral. 
Disfunções nos músculos das pernas e pés podem ocasionar alterações
estruturais ou biomecânicas, em relação às desordens associadas aos
arcos plantares. Com isso, podem ocorrer cargas assimétricas no corpo,
compensações musculares e riscos de lesões articulares, além da
instabilidade postural. Algumas disfunções encontradas comumente são
fraqueza, atrofia, fadiga, contraturas, tensão e encurtamento dos
músculos. 
A instabilidade postural na população idosa pode elevar o risco de quedas.
Nos jovens, geralmente ocorrem sobrecargas articulares, lesões
osteoneuromusculares, como a lombociatalgia, ou dores lombares
crônicas (CARVALHO, 2014).

DISFUNÇÕES POSTURAIS
As alterações na zona plantar dos pés levam a tentativas de compensação
por todo o corpo, principalmente no intuito de se deslocar o centro de
massa. A pisada neutra, ou pé normal, tem um nível equilibrado de
supinação e pronação, com eficiente absorção de choque na zona plantar. 
O arco médio desse tipo de pé é maior do que o do pé plano,
apresentando uma distribuição mais igualitária do impacto durante a
pisada. Isso torna o movimento mais eficiente e reduz o risco de lesão nos
membros inferiores, conforme observamos na Figura 2. O calçado das
pessoas com o pé normal geralmente apresenta pequenos desgastes na
parte lateral externa do calcanhar e na lateral interna anterior.

No primeiro par de pés da Figura 2, vemos o pé plano, ou chato, com arco


baixo. No par de pés central, vemos o pé normal, com o arco médio. E no
último par de pés, vemos o pé curvo, ou cavo, com o arco alto.
Frequentemente, as alterações da postura são devidas ao hálux valgo, pé
chato, mista, alargamento do antepé ou ao pé cavo (TOTA, 2013). Essas
desordens estão intimamente associadas ao envelhecimento e suas
alterações morfológicas, biomecânicas e funcionais. O hálux valgo é o mais
comum, e ocorre em cerca de 35% a 74% dos idosos, sendo mais
prevalente em pessoas do sexo feminino.
A primeira parte da Figura 3 mostra uma pessoa com o pé normal, com
arco médio na zona plantar e a postura correta. A parte central da Figura 3
mostra uma alteração postural devida ao pé do indivíduo ser chato e a
perna pronada. A última parte da Figura 3 apresenta uma pessoa com o pé
curvo e a pisada supinada, com consequente alteração postural.
O pé plano, ou chato, consiste em uma desordem do pé em que há um
contato completo da zona plantar com o chão. Por isso, uma maior tensão
é submetida à zona plantar, o que frequentemente torna desalinhado o
tornozelo, joelho e quadris. A pisada da pessoa com o pé plano é pronada,
e o calçado geralmente apresenta um desgaste na parte medial.
O pé cavo, ou curvo, também consiste em uma desordem postural em
que o pé tem o arco alto, a pisada supinada e se desloca lateralmente, por
isso, a pressão na zona plantar não é distribuída igualmente. O desgaste
do calçado é verificado na região lateral.

O hálux valgo, pé valgo ou joanete é outra alteração em que há um


desvio lateral da falange proximal do hálux sobre a cabeça do primeiro
metatarso. Ou seja, o dedo maior do pé (hálux) fica sobre o dedo lateral,
conforme indicado na Figura 4. Assim, há um deslocamento lateral dos
tendões flexores e extensores, que torna o hálux insuficiente, enquanto os
dedos laterais podem sofrer luxações dorsais, ventrais ou o desvio lateral.

Uma consequência disso é o varismo congênito do primeiro metatarso, o


que acaba deixando o antepé mais largo (alargamento do antepé).
Calçados muito justos e o salto alto aumentam o risco de ocorrência dessa
patologia, que dificulta a locomoção, aumenta o risco de queda e gera
instabilidade postural. Alguns estudos sugerem que a diminuição dos
músculos do pé pode aumentar o risco de apresentar uma desordem
postural do pé. Pacientes diabéticos também possuem um maior risco de
apresentar um desequilíbrio postural do pé, atrofia e até perda da
mobilidade articular (CARVALHO, 2014).
MÉTODOS CLÍNICOS
Não existe uma padronização no exame clínico da avaliação postural do
pé, apenas a realização de inspeção, palpação e o uso de alguns
instrumentos como suporte. O goniômetro, por exemplo, é um
equipamento utilizado para avaliar a flexão e a extensão do hálux, com o
intuito de descobrir se há alguma alteração postural do pé. 
Com a avaliação do ângulo das articulações metatarso-falangeanas I e V,
pode-se concluir se o paciente tem ou não o hálux valgo, que pode se
apresentar de forma leve, moderada ou grave. 
O paquímetro é outro equipamento utilizado para verificar o
comprimento do pé, a largura da cabeça dos metatarsos e a altura do
dorso do pé. Ele é mostrado na Figura 5. Seu principal objetivo é verificar
desvios posturais no arco plantar. 
O plantígrafo avalia o comprimento do pé, a largura do antepé, a medida
do meio do pé, o formato do pé, o número do calçado e a possível
presença de hálux valgo. O uso desse equipamento é realizado por meio
da digitalização das impressões plantares em programas computacionais
específicos.
Dentro da podologia eletrônica, existem dois métodos que são menos
utilizados pelo profissional devido ao alto custo, que são a
baropodometria e a plataforma de força. A baropodometria tem o intuito
de quantificar a pressão plantar e possíveis alterações no arco plantar. Já
a plataforma de força quantifica diretamente os déficits de equilíbrio
postural (parâmetros estabilográficos) associados às alterações
neuromusculares e biomecânicas. 
Não se pode esquecer de realizar a anamnese antes da análise clínica da
postura, pois é nela que é possível identificar o histórico do paciente e
saber a origem de lesões e sintomas. Conhecer o objetivo da consulta
também é essencial para o profissional, uma vez que ele poderá focar um
pouco mais no interesse da avaliação do paciente. 
Os motivos de procura para a realização da avaliação postural podem ser
o ganho de força, fortalecimento, emagrecimento, melhora da postura ou
para a amenização de dores e lesões. Todos os comentários realizados
pelo paciente nessa fase devem ser anotados e detalhados pelo
profissional para servir de guia para as próximas consultas, e apoiarem um
diagnóstico correto (SENAEC, 2019).

Avaliação ortopédica
Esse tipo de avaliação tem o intuito de verificar possíveis lesões ou
patologias associadas aos ossos dos pés dos pacientes. No
desenvolvimento inicial dos ossos dos pés, grande parte deles constituem-
se de cartilagem e, ainda durante o período fetal, começam a se
transformar em tecidos ósseos. Esses são conhecidos como ossos
secundários ou endocondrais. 
Já aqueles que não precedem de tecido cartilaginoso, e são constituídos
desde o início de tecido ósseo, são os ossos primários ou
intramembranosos. O tecido ósseo faz parte do tecido conjuntivo, e tem a
função de proteção do corpo e de conexão com os músculos. 

MORFOFUNCIONALIDADE
A morfofuncionalidade é a junção da morfologia dos ossos com sua
funcionalidade. O formato dos ossos e suas estruturas ligamentares e
musculares acondicionam os arcos plantares dos pés, que consistem no
arco transversal e nos arcos longitudinais interno e externo. O arco plantar
começa a se desenvolver quando a criança tem entre cinco e seis anos. A
maior parte dos músculos plantares sustentam o arco plantar, enquanto
uma força menor é dispensada à movimentação articular (CARVALHO,
2014).
O pé apresenta 52 ossos, agrupados entre as regiões do tarso, metatarso e
falanges, conforme apresentado na Figura 6. O tarso contém sete ossos
curtos agrupados em duas fileiras. O metatarso contém cinco ossos
longos, denominados de primeiro a quinto metatarso. As falanges contêm
14 ossos longos, sendo que o hálux (dedo maior do pé) possui dois ossos,
o proximal e o distal. Os dedos restantes possuem três falanges, os ossos
proximal, medial e distal. O esqueleto dos ossos torna-se completamente
desenvolvido apenas aos 18 anos. 

Os ossos do pé se mantêm unidos por 107 ligamentos. Essas articulações,


33 ao todo, são denominadas: articulação superior do tornozelo, subtalar,
transversa do tarso, tarsometatarsianas, metatarsofalangeanas e
interfalangeanas. Os músculos dos pés são definidos como intrínsecos e
extrínsecos, apresentando inserções proximais abaixo da articulação do
tornozelo e abaixo da articulação do joelho, ambas indo até os pés,
conforme pode ser visto na Figura 7. Todos os músculos extrínsecos e
muitos intrínsecos atravessam por baixo dos arcos plantares do pé.

GONIOMETRIA
A flexibilidade corporal e a amplitude dos movimentos são essenciais em
diversas atividades que realizamos no cotidiano. A flexibilidade gera um
ganho na qualidade dos movimentos corporais, ajuda na postura e na
sensação de rejuvenescimento do corpo. Além disso, ela previne o
surgimento de cardiopatias, lesões articulares e musculares, dentre outras
complicações e doenças. 
A goniometria é responsável pela avaliação e mensuração dos ângulos da
amplitude de cada um dos movimentos articulares do corpo, através
do goniômetro. O aparelho é encontrado em diversos modelos e em
diferentes materiais, como plástico e metal. Consiste em um instrumento
de fácil manipulação, baixo custo, de simples higienização, durável e não
invasivo. O mais utilizado pelos profissionais é o goniômetro universal,
que consiste em um braço fixo, ou estacionário, um braço móvel e um
corpo circular.
A goniometria é utilizada para verificar a existência de doenças
musculoesqueléticas, a partir das medidas precisas da amplitude dos
movimentos das articulações e dos tecidos moles. O aparelho pode ser
usado para a detecção de disfunções, para avaliar o objetivo de um
tratamento, como acompanhamento do desenvolvimento das articulações
durante um tratamento ou recuperação, e como um direcionamento para
a fabricação de órteses. Para cada articulação avaliada deve-se verificar a
flexão, extensão, abdução e adução do membro. 

FASCITE PLANTAR
A fascite plantar é uma patologia bastante comum, causada pela
inflamação na origem da fáscia próxima à tuberosidade interna do
calcâneo. Ela pode ser vista na Figura 8. Essa inflamação inicia-se de forma
aguda, com a possibilidade de se tornar crônica caso não seja tratada
corretamente. 
O principal sintoma da patologia é a dor no calcanhar e na borda interna
do pé. Se não atenuada, o desenvolvimento da doença pode gerar um
problema degenerativo. A dor geralmente é maior quando o paciente se
locomove após um período de repouso, e é amenizada com a realização
de atividade física frequente. Ocorre, predominantemente, em pessoas
que trabalham em pé por um longo período, e em esportistas que
praticam atividade física com intenso esforço, diariamente (ALICANTE,
2012).
A fáscia plantar tem a importante missão de ajudar no sustento do arco
longitudinal interno do pé, e na supinação da articulação subastragalina
durante a propulsão.
É comum os pacientes apresentarem alterações biomecânicas como
o excesso de pronação. O fracasso biomecânico do pé, devido ao
aumento de pronação, faz com que se produza movimentos lesivos nas
articulações, tanto no retropé quanto no antepé. Isso leva a um fracasso
na manutenção do arco interno.
Com o aparecimento da fascite, a articulação se mantém no lugar
incorreto durante a caminhada. Para a compensação dessa alteração, o
antepé supina em excesso, prejudicando toda a estrutura
musculoligamentosa da postura podal. A distância da origem da fáscia
plantar e de sua inserção gera os sintomas de dor e inflamação. Essas
alterações biomecânicas dos pés podem receber tratamento
ortopodológico com a inserção de suportes plantares. Estes farão a
compensação evitando o aumento de tensão e inflamação na fáscia
plantar.
O pé cavo também pode causar fascite plantar devido ao aumento dos
arcos longitudinais e retração dos músculos extensores. O desequilíbrio
entre os extensores e os flexores causa uma alteração no arco, produzindo
uma garra digital, que endurece a articulação metatarsofalângica em
extensão, e aumenta a tensão na fáscia, causando uma inflamação.
O pé equino e pseudoequino também compreendem alterações
biomecânicas do pé que causam a fascite plantar, apresentando um
aumento da tensão da musculatura do pé quando o antepé toca no chão. 
O pé equino consiste em uma limitação da flexão dorsal do tornozelo
enquanto o joelho se mantém estendido, conforme a Figura 9. Já o pé
pseudoequino consiste em uma anormalidade congênita em que os
ângulos em declínio dos metatarsianos são maiores, ou seja, existe uma
maior verticalização do antepé sobre o retropé. Com isso, o tornozelo
precisa realizar um movimento muito maior para levantar o calcanhar do
chão, e isso serve como uma compensação devido à deformidade do
antepé (ALICANTE, 2012).

Avaliação neurológica
É sabido que as extremidades do corpo humano devem ser bastante
irrigadas com sangue, e muito inervadas (com nervos). Os nervos são
responsáveis pela transmissão de informações sobre as sensações e
acontecimentos do corpo ao sistema nervoso central, que inclui o
cerebelo e a coluna vertebral. Os nervos também enviam mensagens ao
corpo para a execução de alguma atividade ou inatividade. Ou seja, se há
algum distúrbio térmico na mão, como uma queimadura, os nervos
enviam a informação de que algo está errado e somente depois disso
sentimos a dor. 
Para a avaliação do sistema motor é necessário observar as assimetrias de
força. Com a inspeção detalhada, já é possível verificar a presença de
movimentos anormais como o tremor, ou o “tic”. A massa muscular deve
ser verificada com o intuito de detectar atrofias e assimetrias. O tom é a
resistência à mobilização passiva, e deve, também, ser avaliado, assim
como a presença de hipotonia e hipertonia. 

A hipotonia é a perda ou diminuição da força muscular. Já a hipertonia,


como é de se esperar, é o aumento do tônus muscular. Ambas devem ser
avaliados no exame neurológico.
Os sintomas das pessoas que possuem lesão piramidal, como na doença
de Parkinson, incluem a espasticidade e o aumento do tom (hipertonia)
no início dos movimentos. Já em lesões frontais, a hipertonia é constante
e oposicionista. O balanço muscular é analisado fixando a articulação
testada com uma força equivalente. No caso de pessoas que possuem
uma doença de união neuromuscular, como na miastenia grave, é
essencial observar a fadiga enquanto o paciente realiza movimentos
provocativos. 

MÉTODOS CLÍNICOS
Como a avaliação é neuronal, também é imprescindível avaliar as
assimetrias de diminuição de sensibilidade tátil, como a térmica, por
exemplo, analgésica (diminuição ou interrupção da transmissão nervosa
que reduz a percepção da dor), artrocinética (movimentos que ocorrem
entre superfícies articulares) e vibratória. Reflexos osteotendinosos
profundos (estiramentos) são avaliados a partir de observações de
assimetrias, além da diminuição (hiporeflexia ou arreflexia) ou aumento
de intensidade dos reflexos (hiper-reflexia). 

Sintoma de Babinski : É a resposta extensora (estiramento do nervo) que


indica que houve uma alteração na via piramidal. A coordenação é
verificada pelas provas dedo-nariz, dedo-dedo e calcanhar-joelho, para a
identificação de dissimetrias

Disdiadococinesia : Ocorre quando há alteração nas provas de


movimentos alternantes rápidos. Quando a síndrome do cerebelo é
intensa, além dessas alterações da coordenação, são percebidos uma
hipotonia e um tremor. A marcha e a estabilidade também podem ser
comprometidas.

Prova de Romberg : Pode ser testada pedindo para o paciente ficar com
os pés juntos e abrir e fechar os olhos. No caso de transtorno no cerebelo,
se observará um desequilíbrio independente da maneira dos olhos. Outro
sinal de transtorno é o nistagmo, que consiste em oscilações rítmicas,
repetidas e involuntárias em um ou ambos os olhos conjuntamente, nos
sentidos horizontais, verticais ou rotatórios (ÁLVAREZ, 2007).
Diapasão de 128Hz : É usado para medir a sensibilidade vibratória dos
pés, enquanto o estesiômetro é um aparelho que verifica o grau de
sensibilidade do paciente. Ambas as análises também são comumente
realizadas durante a avaliação neurológica.
Manobra de Mingazzini : É um exemplo de avaliação que consiste em
manter os quatro membros flexionados contra a gravidade até o
surgimento de claudicação em algum dos membros. Já a manobra de
Barre determina a flexão dos membros superiores e inferiores de forma
isolada (ÁLVAREZ, 2007)

DISFUNÇÕES DA MARCHA
A existência de problemas neurológicos também afeta a marcha das
pessoas, por isso, verificaremos algumas dessas disfunções:
Marcha hemiparética : Ocorre quando a extremidade inferior está em
extensão;
Marcha atáxica cerebelosa: Ocorre quando o paciente possui a
caminhada instável e, para não cair, aumenta a base de sustentação;
Marcha atáxica sensorial: Ocorre quando a caminhada do paciente é
instável, os olhos ficam sempre virados para o chão devido a uma
sensibilidade proprioreceptiva, que piora ao fechar os olhos;
Marcha miopática : Ocorre quando o paciente caminha levantando muito
as coxas;
Marcha parkinsoniana : O passo do paciente é curto, o tronco ante
impulsionado, sem movimento de braços e dificuldade em girar o corpo;
Marcha festinante : Os passos são curtos e rápidos, e frequentemente a
pessoa anda com o corpo caído para a frente;
Marcha em steppage : O paciente precisa levantar bastante os pés para
conseguir dar um passo, pois existe uma debilidade nos músculos flexores
dorsais;
Marcha apráxica : A pessoa tem dificuldade para iniciar a caminhada,
permanece com os pés colados ao solo por conta de uma desordem pré-
motora;
Marcha histérica e simulação : Geralmente o padrão da caminhada é
cambiante, e pode se parecer com qualquer outro tipo de marcha.

NEUROPATIAS
As neuropatias incluem as doenças que se dão devido a problemas
neurológicos.
Nos membros inferiores, as patologias geralmente afetam o antepé, isso
devido à sua localização em uma região bem evidenciada.
A neurite interdigital constitui-se em um processo inflamatório que ocorre
nos nervos interdigitais (entre os dedos). Já a neuralgia, ou metatarsalgia,
consiste na hiperflexão da articulação metatarsofalangiana e o aumento
do ângulo dos nervos, com consequente compensação dos nervos
interdigitais. Essa patologia causa muita dor e sensibilidade na cabeça dos
metatarsos. Alguns dos métodos de prevenção dessa patologia são: o
cuidado com a extensão dos dedos, o uso de coxim metatarso e de
calçados adequados ao pé. 
O neuroma de Morton é uma metatarsalgia ocasionada devido à
compressão e espessamento na fibra nervosa (pinçamento) do nervo
interdigital. Forma-se um neuroma que se divide em duas ramificações
que dão sensibilidade a dois dedos, conforme mostra a Figura 10. 
Há natural diminuição do impulso elétrico e lesão na célula nervosa. A
patologia é irreversível. Com isso, há uma perda de força muscular, falta
de sensibilidade (parestesia) e dor por formigamento e latejamento. É
mais frequente nos dedos terceiro e quarto. O tratamento se faz com o
uso de palmilha para o pé chato com apoio para as cabeças metatarsais,
órteses de silicone que evitam que o paciente encolha os dedos,
infiltração local com corticoides e, em último caso, cirurgia para retirar o
neuroma.

Pinçamento do nervo tibial anterior : Acontece devido a traumas diretos


e compressões extrínsecas na parte anterior (superior) do pé, causando
dor e formigamento na superfície lateral dos dedos um e três. O uso de
calçados apertados, principalmente na superfície do pé, é um dos
principais motivos de ocorrência da lesão.
Pinçamento do nervo tibial posterior : Inclui lesões que ocorrem devido a
traumas nos ramos plantares ou no nervo tibial posterior. Os traumas,
geralmente, são resultado de quedas ou apoio plantar inadequado. Os
sintomas mais comuns são a dor e o formigamento no local do nervo mais
afetado. Os tratamentos incluem repouso, uso de anti-inflamatórios e,
caso seja necessária, cirurgia (NOGUEIRA, 2009). 
Ciática : Consiste em um transtorno nervoso que causa dor intensa e
brusca na parte inferior das costas e nas pernas. Isso se deve à
compressão do nervo ciático, que se inicia na coluna vertebral e se desloca
até os pés. Você pode observar a extensão do nervo na Figura 11. 

Geralmente a pessoa afetada sente fraqueza muscular, formigamento na


panturrilha, perda de reflexo nervoso do joelho (reflexo rotuliano),
incontinência urinária e disfunção sexual. Pode ser desencadeado por uma
pressão, espasmo muscular, dano, pinçamento nas costas, ou qualquer
inflamação que afete o nervo ciático. 
A ciática consiste em uma das incapacidades mais comuns no mundo, e o
tratamento é mais efetivo no início do desenvolvimento. No caso de
dissimetria dos membros inferiores, pode-se utilizar palmilhas
ortopédicas; já em situações mais sérias uma cirurgia para retirar o disco
descolado, ou a proeminência óssea artrítica pode ser necessária. 

DICA : A ciática pode ser prevenida com a realização de atividade física


regular, a manutenção do peso corporal, a execução correta de exercícios
e a correta dobra dos joelhos ao se abaixar seguida da correta postura
ereta das costas ao se levantar. 

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