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PESQUISA Revista Brasileira de Ciências da Saúde

Research Volume 23 Número 3 Páginas 331-340 2019 ISSN 1415-2177

DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2019v23n3.36883

ANÁLISE BIOMECÂNICA DE MEMBROS INFERIORES EM


MULHERES ACOMETIDAS COM DORES ARTICULARES NO JOELHO

BIOMECHANICAL ANALYSIS OF INFERIOR LIMBS IN WOMEN AFFECTED


WITH ARTICULAR PAINS IN THE KNEE

Danilo Augusto Ferreira de Lima1


Ronan Campos Abdon1
Mariana Gouveia Gabriel2
Mônica Cardoso Cruz3
Biatriz Araújo Cardoso4
George Alberto da Silva Dias5
Ana Júlia Cunha Brito6

RESUMO ABSTRACT
Objetivo: analisar a biomecânica de membros inferiores em Objective: to analyze the biomechanics of lower limbs in women
mulheres acometidas com dores articulares no joelho. Me- with joint pain in the knee. Methodology: Observational descrip-
todologia: Estudo observacional analítico e descritivo do tipo tive and cross-sectional study with 40 women between 18 and
transversal, com 40 mulheres entre 18 a 60 anos com dor no 60 years with knee pain. An evaluation form containing the
joelho. Utilizou-se ficha de avaliação contendo as variáveis anthropometric and postural variables, concomitant static and
antropométricas e postural, concomitante avaliação estática e dynamic evaluation of the knee was used. Data was analyzed
dinâmica do joelho. Analisou-se os dados pelo software BioEstat by BioEstat 5.0 software with an α level of significance of 5%
5.0 com nível α de significância de 5% (p≤0,05). Resultados: (p≤0.05). Results: A total of 40 women were gathered (age:
Foram coletadas 40 mulheres (idade: 45,2±14,7 anos, peso: 45.2 ± 14.7 years, weight: 70.3 ± 12.3 kg, height: 1.60 ± 0.05
70,3±12,3 kg, altura: 1,60±0,05 cm, Índice de Massa Corpórea cm, Body Mass Index (BMI): 27.27 ± 4.6, and foot size: 36.5 ±
(IMC): 27,27±4,6, e tamanho do pé: 36,5±1,5cm), onde o joelho 1.5 cm), where the right knee was the most affected by injury
direito foi o mais acometido por lesão (70%). Observou-se que (70%). It was observed that the length of the right lower limb
o comprimento do membro inferior direito (MID) foi 83,5±5,86 (RLL) was 83.5 ± 5.86 cm, left lower limb (LLL) 83.4 ± 5.89
cm, membro inferior esquerdo (MIE) 83,4±5,89 cm, ângulo Q cm, Q angle of the RLL 25.2 ± 6.09 degrees , LLL Q angle of
do MID 25,2±6,09 graus, ângulo Q do MIE 25,3±6,57 graus e 25.3 ± 6.57 degrees and pelvic tilt of 1.20 ± 0.89 cm, where 25
inclinação pélvica de 1,20±0,89 cm, onde 25 mulheres (62,5%) women (62.5%) presented left slope. For dynamic evaluation,
apresentaram inclinação a esquerda. Para avaliação dinâmica the Step Down test was positively significant only for the RLL
houve positividade do teste Step Down de forma significativa (77.5%, p = 0.0009). In the association of the variables studied
apenas para o MID (77,5%; p=0,0009). Na associação das va- with the Step Down test, there was statistical significance for
riáveis estudadas com teste de Step Down, houve significância weight (RLL: p = 0.05 and LLL: p = 0.007), as well as foot size
estatística para peso (MID: p=0,05 e MIE: p=0,007), bem como of the RLL (p = 0.04), for BMI only the LLL (p = 0.01). And, in
tamanho do pé do MID (p=0,04), para o IMC apenas o MIE the relation of the postural data there was statistical significance
(p=0,01). E, na relação dos dados posturais houve significância for the length of the RLL (p = 0.01). Conclusion: The variables
estatística para o comprimento do MID (p=0,01). Conclusão: As weight, BMI, foot size and lower limb length had relation over the
variáveis peso, IMC, tamanho do pé e comprimento do membro hip and LLL, suggesting dynamic valgus and / or predisposition
inferior tiveram relação sobre o quadril e os MMII, sugerindo for worsening of knee pain in women.
valgo dinâmico e/ou predisposição do agravamento de dores
no joelho em mulheres.

DESCRITORES: Genu Valgum. Movimento. Mulheres. DESCRIPTORS: Genu Valgum. Movement. Women.

1- Acadêmico do curso de fisioterapia da Universidade da Amazônia (UNAMA), Belém – PA.


2- Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Motora Aplicada a Ortopedia e Traumatologia-UNIFESP.
3- Fisioterapeuta. Mestra em Fisioterapia (UNIMEP)
4- Fisioterapeuta. Doutora em Doença Medicina Tropical/FIOCRUZ. Professora da Universidade da Amazônia (UNAMA).
5- Fisioterapeuta. Doutor em Doenças Tropicais pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor da Universidade do Estado do
Pará (UEPA).
6- Fisioterapeuta. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano pela Universidade da Amazônia (UNAMA). Professora da Fa-
culdade Metropolitana da Amazônia (FAMAZ).

http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs
LIMA et al.

A
s dores articulares podem ser conside- Existem evidências de que o desa-
radas um dos sintomas Traumato-or- linhamento do joelho predispõe a compro-
topédicos mais frequentes no joelho metimentos ascendentes e descendentes
e suas etiologias demonstram estar ligadas a nas articulações, assim como desequilíbrios
causas multifatoriais, dificultando a caracteri- musculares e de sobrecarga anormais sobre
zação dos indivíduos com a disfunção1. a articulação do joelho podendo levar a dege-
Como se sabe, esse problema tem neração articular6.
como principal particularidade a presença de A estabilidade do joelho baseia-se
algia na região do joelho, porém, quando é principalmente pelas ações estabilizadoras
associada a atividades que provocam o au- dos tecidos moles que o cercam, visto que,
mento da compressão e do cisalhamento nas dois terços dos músculos que cruzam o joe-
articulações, como agachar ou subir e descer lho também cruzam o quadril e o tornozelo
degraus, a sintomatologia tende a ficar mais gerando uma forte associação funcional entre
perceptível devido ao aumento da dor e a essas articulações dos membros inferiores. O
crepitação no segmento2. joelho é normalmente alinhado em cerca de 5
Esta condição abrange em maior por- a 10 graus de valgismo, essa posição propor-
centagem mulheres do que homens, sendo ciona maior área de superfície articular com
as praticantes de atividade física com maior o mínimo de estresse possível entre a patela
tendência para esse problema, uma vez que e o fêmur. A compreensão deste alinhamen-
submetem o complexo do joelho a sobrecar- to favorece a interpretação de boa parte da
gas biomecânicas predispondo ao aumento do patomecânica e síndromes dolorosas sobre
ângulo Q e da frouxidão articular fisiológica3. este segmento7.
Os membros inferiores (MMII) são res- O chamado valgo dinâmico (VD), ter-
ponsáveis pela sustentação do peso corporal mo empregado para descrever a posição do
e da locomoção, estando sujeitos a forças joelho no plano frontal, no qual é determinado
mecânicas internas e externas sobre suas arti- pela adução e rotação medial do quadril e
culações sinoviais, tornando o segmento mais abdução e rotação lateral do joelho, ocorre
vulnerável a lesão do aparelho locomotor, devido esta articulação ser classificada como
desencadeando estresses e compensações sinovial gínglimo modificado, visto que na po-
sobre o seu alinhamento postural. O complexo sição de destravamento do joelho o mesmo
do joelho, localizado na região intermediária permite movimentos de rotação, o que impede
de sobrecarga, é o mais acometido, princi- um adequado alinhamento dinâmico durante
palmente durante o apoio unipodal, no qual a execução de atividades funcionais e um
o desequilíbrio das forças pode desencadear provável motivo relacionado ao surgimento
um desalinhamento patológico como altera- de sintomas álgicos8,9.
ções ósseas do fêmur, patela e tíbia, além de O valgismo é uma condição favorável
frouxidão ligamentar excessiva, subluxações e para predisposição de lesões no joelho, onde
deslocamentos mediais ou laterais (varo e val- alguns estudos apontam que o deslocamento
go), ou até combinações entre os mesmos4,5. lateral excessivo é influenciado pela inca-

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ANÁLISE BIOMECÂNICA DE MEMBROS INFERIORES EM MULHERES ACOMETIDAS COM DORES ARTICULARES NO JOELHO

pacidade das musculaturas adjacentes em cer a biomecânica realizada pelos segmentos


controlar o movimento10,11. corpóreos, pois no processo de reabilitação os
A simetria de forças musculares entre fundamentos impostos pela mesma favorecem
agonistas e antagonistas do joelho tornam-se a concepção do processo de diagnóstico di-
um fator relevante para a manutenção de um ferenciado, que envolve a interpretação das
alinhamento adequado durante a execução forças que atuam sobre o membro, fazendo
dos movimentos. Músculos uniarticulares, que com que o registro clínico seja orientado ao
normalmente possuem função antigravitacio- problema, o que torna a avaliação fisiotera-
nal e com predominância de fibras lentas, apa- pêutica essencial para compreender a lesão,
rentemente são os mais afetados pelo desuso, permitindo a construção de um protocolo de
causando perda da estabilização do membro tratamento diferenciado ao paciente, bus-
inferior, deixando uma grande parte da res- cando a recuperação da mecânica funcional
ponsabilidade para os músculos biarticulares, pré-existente. Desta forma, o objetivo desse
visto que sua biomecânica é mais complexa e estudo foi analisar a biomecânica de membros
possuem dois tempos de contração12. inferiores em mulheres acometidas com dores
As dores articulares no joelho articulares no joelho.
são vistas como sintomas mais comuns
no âmbito da ortopedia e da fisioterapia, METODOLOGIA
afetando principalmente a população
feminina sedentária e as praticantes de O estudo foi aprovado pelo Comitê
atividades físicas de impacto, somando os de Ética em Pesquisa seguindo as normas
fatores geradores de dores articulares, como da Resolução nº. 466/12 do Conselho Nacio-
afirmam Reis et al.13, que esta perturbação nal de Saúde, relativa à pesquisa em seres
neste segmento fica visível em práticas humanos, sob o protocolo nº. 2.013.598 e a
de salto unipodal e bipodal, subir e descer assinatura do Termo de Consentimento Livre
degraus e outras situações que requerem e Esclarecido (TCLE).
atividades com excesso de descarga de A pesquisa teve uma abordagem
peso no segmento e, indiretamente, oriundos observacional analítica e descritiva, do tipo
de postura crônica do quadril. transversal. Participaram do estudo 40 mulhe-
Os sinais e sintomas característicos res diagnosticadas com dor articular no joelho
de patologias que acometem o complexo do e encaminhadas para reabilitação no Centro
joelho, proporcionam interpretações sobre as Clínico Paricuiã, Belém – PA. As participan-
forças mecânicas atuantes sobre o membro e tes foram selecionadas de forma aleatória e
o comportamento dessas sobre os elementos avaliadas no período de abril a maio de 2017.
das regiões adjacentes, construindo relação A população em estudo constituiu-se
entre a dinâmica do alinhamento dos MMII e por demanda espontânea, de mulheres com
as intervenções direcionadas para minimizar idade entre 18 a 60 anos. Foram incluídas
as crises álgicas. na pesquisa as que possuíam dor articular
Esse estudo tem relevância em conhe- no joelho e que estivessem, no máximo,

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LIMA et al.

uma semana de tratamento fisioterapêutico destes, alinhamento pélvico e ângulo Q. Para


e foram excluídas aquelas que tivessem tal registro, utilizou-se uma câmera fotográfica
outras lesões articulares, realizado cirurgia da marca Sony, modelo DSC-H400 posicio-
no membro inferior, alterações posturais nada sobre um tripé de modelo universal,
com diagnóstico clínico, grávidas, aquelas ajustado de acordo com a paciente; a altura
com déficits cognitivos e com patologias foi definida de forma nivelada perpendicular-
neurológicas associadas. mente à linha horizontal do angulo superior
A amostra populacional definiu-se da patela, além da distância da câmera para
através do número total de pacientes do a paciente, que era de 1,50 metros.
sexo feminino atendidas nos dois turnos Analisou-se uma foto por vez das
de funcionamento do Centro Clínico, onde investigadas no Software SAPO por meio
em média, são atendidas diariamente 110 de projetos independentes, onde foi feito a
mulheres com patologias Traumatológicas
calibragem vertical e escala (2D) por meio
e Ortopédicas, variando a quantidade de
de dois pontos de referência, demarcados na
acordo com a procura do serviço. Destas, 50
parede ao lado das mulheres pesquisadas,
tinham problemas relacionados aos joelhos.
previamente identificados e registrado a dis-
Houve 10 mulheres que não se enquadraram
tância entre eles. Foi medido o comprimento
nos critérios de inclusão e foram excluídas
dos MMII com a opção de medir distância,
da pesquisa, totalizando 40 participantes no
bem como o alinhamento pélvico e o ângulo Q.
estudo.
Para a análise dinâmica do joelho,
Para a coleta dos dados utilizou-se
utilizou-se o teste Step Down que verificou a
uma ficha de avaliação elaborada pelos pes-
presença de valgismo durante uma descida
quisadores, obtendo informações pessoais e
de degrau, onde se capturou o movimento
clínicas da paciente, estando em ambiente
reservado para estes procedimentos iniciais. em câmera lenta com o aplicativo de celular
Após a coleta destas informações, iniciou-se chamado SloPro versão 3.6 – março/2016,
a avaliação estática e dinâmica do segmento disponibilizado por Sand Mountain Studios,
acometido. Durante os testes, os participantes para registrar a presença ou ausência dessa
pesquisados estavam trajando vestimenta alteração. Foi utilizado um aparelho celular da
adequada como roupa leve e short, visando marca Apple modelo Iphone 5 para registrar
melhor observação da cintura pélvica e dos as imagens e uma escada em L de modelo
MMII. universal, contendo 4 degraus com altura de
Na análise estática do joelho realizou- 10cm cada, e 28 cm entre um degrau e outro.
-se uma avaliação biofotogramétrica, por meio Foi analisado durante todo o trajeto do
do aplicativo SAPO versão 0,69 – maio/2017, teste se ocorreu, em algum momento, altera-
que consistiu em elucidar a avaliação postural, ções no alinhamento do membro, ou seja, do
por meio de fotos obtidas no plano frontal, pois primeiro ao último degrau. No plano frontal, o
este analisa fotos digitalizadas dos MMII das joelho forma um ângulo no seu aspecto lateral
voluntárias buscando verificar o comprimento (170 a 175 graus), ângulos menores que esse

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ANÁLISE BIOMECÂNICA DE MEMBROS INFERIORES EM MULHERES ACOMETIDAS COM DORES ARTICULARES NO JOELHO

são considerados valgo excessivo, caracteri- e pelo teste de correlação de Spearman.


zando a positividade dos testes. Todos os resultados foram considerados
Vale ressaltar o posicionamento dos estatisticamente significantes no nível α de
pés para analise dos resultados, o teste inicia- 5% (p˂0,05).
va sempre pelo lado dominante da investiga-
da, mesmo esse apresentando dor, visto que RESULTADOS
as mesmas se encontravam na fase inicial de
tratamento fisioterapêutico. Foram feitas três A amostra foi composta por 40 mulhe-
tentativas para a coleta dos dados e o intervalo res com dor articular no joelho, com média
entre elas foi apenas o tempo que levavam de idade de 45,2 ± 14,7 anos, média de peso
para voltar à posição inicial e repetir o teste. entre as investigadas de 70,3 ± 12,3 kg, altura
O software Microsoft Excel 2010 de 1,60 ± 0,05 cm, Índice de Massa Corpó-
foi adotado para entrada dos dados, bem rea (IMC) de 27,27 ± 4,6 e tamanho do pé,
como para a confecção das tabelas. A segundo o sistema de pontos brasileiro, de
análise estatística foi realizada por meio do 36,5 ± 1,5cm. E quanto à posição que adotam
software BioEstat 5.0. As variáveis numéricas durante o trabalho ficou dividido entre as que
foram apresentadas por meio de medidas trabalham em pé (70%) e as que trabalham
de tendência central e dispersão. Utilizou- sentadas (30%), conforme mostra a Tabela 1.
se o teste D’Agostino para a avaliação Nos diagnósticos clínicos das pacien-
da normalidade dos dados. Tratando-se tes encontra-se uma grande diversidade de
de uma amostra não paramétrica, foram patologias, e para classificá-las foram separa-
6
utilizados testes estatísticos apropriados com das de acordo com o seguimento, como pode
a característica da amostra. A significância ser observado no joelho direto, onde foram
sistema de pontos brasileiro, de 36,5 ± 1,5cm. E quanto à posição que adotam durante o
dos dados foi avaliada pelos testes do Qui- encontrados sem lesão (30%), com Artrite/
trabalho ficou dividido entre as que trabalham em pé (70%) e as que trabalham sentadas
quadrado (proporções esperadas iguais) Artrose (20%), Condropatia Patelar (17,5%),
(30%), conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização (número absoluto e percentual) da população do estudo.

Variáveis n=40 %
Idade 45,2 ± 14,1
Peso 70,3 ± 12,3
Altura 1,60 ± 0,05
IMC 27,27 ± 4,6

Tamanho do Pé 36,5 ± 1,5


Posição que adota no trabalho
Trabalha em pé 28 70%
Trabalha sentado 12 30%

Nos diagnósticos clínicos das pacientes encontra-se uma grande diversidade de


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patologias, e para classificá-las foram separadas de acordo com o seguimento, como pode
ser observado no joelho direto, onde foram encontrados sem lesão (30%), com Artrite/Artrose
(20%), Condropatia Patelar (17,5%), Lesão Tendinosa (15%), Lesão Meniscal (5%) e Outros
(12,5%). E no joelho esquerdo foi encontrado sem lesão (47,5%), com Artrite/Artrose (12,5%),
Idade 45,2 ± 14,1
Peso 70,3 ± 12,3
Peso 70,3 ± 12,3
Altura 1,60 ± 0,05
Altura 1,60 ± 0,05
IMC 27,27 ± 4,6
IMC 27,27 ± 4,6
LIMA et al.
Tamanho do Pé 36,5 ± 1,5
Tamanho do Pé 36,5 ± 1,5
Posição que adota no trabalho
Posição que adota no trabalho
Trabalha em pé 28 70%
Lesão Tendinosa
Trabalha em(15%),
pé Lesão Meniscal (5%) 28
nificância estatística 70%
para os membros infe-
Trabalha sentado 12 30%
e Outros (12,5%).
Trabalha E no joelho esquerdo foi
sentado riores direito 12
das pacientes com 30%
o resultado
encontrado sem lesão (47,5%), com Artrite/ positivo na maioria das investigadas (77,5%;
Nos diagnósticos clínicos das pacientes encontra-se uma grande diversidade de
Nos diagnósticos
Artrose (12,5%), clínicos(12,5%),
Condropatia Patelar das pacientes p=0,0009),
encontra-see uma grande diversidade
não mostrou significânciade nos
patologias, e para classificá-las foram separadas de acordo com o seguimento, como pode
Lesão Tendinosa
patologias, (7,5%),
e para Lesão Ligamentar
classificá-las foram separadas membros
de acordoinferiores esquerdo, mesmo
com o seguimento, como podeobten-
ser
(7,5%), observado no
Lesão Meniscaljoelho direto,
(5%)direto, onde
e Outros foram
(7,5%). encontrados sem
do a maioria lesão (30%),
com(30%), com
o resultado Artrite/Artrose
positivo (65,0%;
ser observado no joelho onde foram encontrados sem lesão com Artrite/Artrose
Vale(20%), Condropatia
ressaltar Patelar
que todas (17,5%),
as (17,5%), Lesão
investigadas Tendinosa (15%),
p=0,08), Lesão
conforme Meniscal (5%)
mostra a Tabela e Outros
(20%), Condropatia Patelar Lesão Tendinosa (15%), Lesão Meniscal (5%) e 3.Outros
(12,5%). E no joelho
obrigatoriamente esquerdo
apresentam foi em
lesão encontrado
pelo sem lesão (47,5%),
Quandocom se Artrite/Artrose
buscou associação(12,5%),das
(12,5%). E no joelho esquerdo foi encontrado sem lesão (47,5%), com Artrite/Artrose (12,5%),
menos um dos joelhos,
Condropatia Patelarou(12,5%),
seja, onde se lerTendinosa
Lesão na variáveisLesão
(7,5%), estudadas com a(7,5%),
Ligamentar positividade
Lesãodo
Condropatia Patelar (12,5%), Lesão Tendinosa (7,5%), Lesão Ligamentar (7,5%), Lesão
tabela, sem lesão,
Meniscal (5%) trata-se
e Outros do(7,5%).
membroValesadio e
ressaltar queteste de Step
todas Down, foi possível
as investigadas inferir que as
obrigatoriamente
Meniscal (5%) e Outros (7,5%). Vale ressaltar que todas as investigadas obrigatoriamente
queapresentam
a lesão se encontrava no membro
lesão em pelo menos oposto,
um dos joelhos,mesmas mostraram
ou seja, onde significância
se ler na tabela, sem estatística
lesão,
apresentam lesão em
conforme mostra a Tabela 2. pelo menos um dos joelhos, com o peso, tanto para o MID (p=0,05)lesão,
ou seja, onde se ler na tabela, sem quanto
trata-se do membro sadio e que a lesão se encontrava no membro oposto, conforme mostra
trata-se do membroda
Os resultados sadio e que dinâmica
avaliação a lesão se encontrava
para onoesquerdo
membro (p=0,007),
oposto, conforme
assim comomostra
para
a Tabela 2.
a Tabela
feita 2.
com o teste Step Down mostraram sig- o tamanho do pé do MID (p=0,04) e o IMC

Tabela 2 – Diagnóstico clínico da população do estudo.


Tabela 2 – Diagnóstico clínico da população do estudo.
Joelho Direito Joelho Esquerdo
Diagnóstico clínico Joelho Direito Joelho Esquerdo
Diagnóstico clínico n= 40 % n = 40 %
n= 40 % n = 40 %
Sem lesão 12 30% 19 47,5% 77
Sem lesão 12 30% 19 47,5%
Artrite/Artrose 8 20% 5 12,5%
Artrite/Artrose 8 20% 5 12,5%
Condropatia Patelar
Os resultados da avaliação dinâmica feita77 com 17,5%
o
17,5% teste Step 5 Down mostraram
12,5%
5 Down mostraram
12,5%
Condropatia Patelarda avaliação dinâmica feita
Os resultados
Lesão Tendinosa 6 com 15%
o teste Step3 7,5%
significância
Lesão estatística para os membros inferiores6 direito15%
Tendinosa das pacientes 3 com o resultado
7,5%
significância estatística para os membros inferiores- direito das
Lesão Ligamentar - pacientes 3 com o 7,5%
resultado
Lesão
positivo na Ligamentar -
maioria das investigadas (77,5%; p=0,0009), e -não mostrou 3 significância
7,5% nos
Lesão
positivo naMeniscal 2
maioria das investigadas (77,5%; p=0,0009), e5% não mostrou 2 significância
5% nos
Lesão Meniscal 2 5% 2 5%
membros
Outros inferiores esquerdo, mesmo obtendo a maioria
5 com
12,5% o resultado
3 positivo (65,0%;
7,5%
membros
Outrosinferiores esquerdo, mesmo obtendo a maioria5 com o resultado
12,5% 3 positivo7,5%
(65,0%;
p=0,08), conforme
(-) Dados numéricos
mostra a Tabela 3.
p=0,08), conformeigual a zero.
mostra a Tabela 3.
(-) Dados numéricos igual a zero.

Tabela 3 – Resultado do teste Step Down (número absoluto, percentual e de p-valor) da


Tabela 3 –doResultado
população estudo. do teste Step Down (número absoluto, percentual e de p-valor) da
população do estudo.
Variáveis n = 40 % p-valor
Variáveis n = 40 % p-valor
Step Down D
Step Down D
Positivo 31 77,5%
Positivo 31 77,5% 0,0009*
Negativo 9 22,5% 0,0009*
Negativo 9 22,5%
Step Down E
Step Down E
Positivo 26 65,0%
Positivo 26 65,0% 0,08
Negativo 14 35,0% 0,08
Negativo 14 35,0%
* Resultado estatisticamente significante. Teste do Qui-quadrado proporções esperadas iguais; p≤0,05.
* Resultado estatisticamente significante. Teste do Qui-quadrado proporções esperadas iguais; p≤0,05.

Quando se buscou associação das variáveis estudadas com a positividade do teste de


Quando se buscou associação das variáveis estudadas com a positividade do teste de
Step Down, foi possível inferir que as mesmas mostraram significância
336 estatística
R bras com o peso,
ci Saúde 23(3):331-340, 2019
Step Down, foi possível inferir que as mesmas mostraram significância estatística com o peso,
tanto para o MID (p=0,05) quanto para o esquerdo (p=0,007), assim como para o tamanho do
tanto para o MID (p=0,05) quanto para o esquerdo (p=0,007), assim como para o tamanho do
pé do MID (p=0,04) e o IMC com o MIE (p=0,01). As outras variáveis não se evidenciaram
pé do MID (p=0,04) e o IMC com o MIE (p=0,01). As outras variáveis não se evidenciaram
associação estatisticamente significante, conforme mostra a Tabela 4.
7
7

Os resultados da avaliação dinâmica feita com o teste Step Down mostraram


Os resultados da avaliação dinâmica feita com o teste Step Down mostraram
ANÁLISE BIOMECÂNICA DE MEMBROS INFERIORES EM MULHERES ACOMETIDAS COM DORES ARTICULARES NO JOELHO
significância estatística para os membros inferiores direito das pacientes com o resultado
significância estatística para os membros inferiores direito das pacientes com o resultado
positivo na maioria das investigadas (77,5%; p=0,0009), e não mostrou significância nos
positivo na maioria das investigadas (77,5%; p=0,0009), e não mostrou significância nos
commembros inferioresAsesquerdo,
o MIE (p=0,01). mesmonão
outras variáveis obtendo a maioria
dascom o resultado positivo (65,0%;
membros inferiores esquerdo, mesmo obtendo a uma
maioria variáveis
com do estudo,
o resultado o comprimento
positivo (65,0%;
se p=0,08),
evidenciaram associação
conforme mostraestatisticamente
a Tabela 3. do MID (p=0,01). As demais variáveis não
p=0,08), conforme mostra a Tabela 3.
significante, conforme mostra a Tabela 4. apresentaram valores significantes estatisti-
Quando pensado ado respeito da carac- camente, como pode ser visto na Tabela 6.
Tabela 3 – Resultado teste Step Down (número absoluto, percentual e de p-valor) da
Tabela 3 – Resultado do teste Step Down (número absoluto, percentual e de p-valor) da
terização postural
população da amostra obtida por meio
do estudo.
população do estudo.
da análise estática, chegou-se aos valores de DISCUSSÃO
Variáveis n = 40 % p-valor
comprimento
Variáveis do MID de 83,5 ± 5,86cm, MIEn = 40 % p-valor
Step Down D Os valores que indicam alta correlação
83,4Step
± 5,89cm,
Down Dângulo Q do MID 25,2 ± 6,09
Positivo 31 do valgo
77,5%dinâmico com o resultado positivo
graus, Positivo
ângulo Q do MIE 25,3 ± 6,57 graus e 31 77,5% 0,0009*
Negativo 9 do Teste Step Down (TSD) 0,0009*
22,5% nas mulheres que
inclinação pélvica de 1,20 ± 0,89cm. Ao ava- 9
Negativo 22,5%
participaram do estudo, podem ser originados
liar Step
Step qual E
paraDown
Down Elado a inclinação pélvica era
Positivo 26 pela fraqueza
65,0% de grupos musculares e de sua
mais prevalente,
Positivo a partir do número absoluto 26 65,0% de gerar torque0,08
capacidade nos membros
0,08
Negativo
e percentagem, 14 35,0%
Negativo foi identificado que houve 9 14 35,0%
inferiores. Em apoio a isto, Burnham et al.14
inclinações
* Resultado para a direita significante.
estatisticamente (22,5%), 25 para
Teste do Qui-quadrado
emproporções
seu estudo esperadas iguais;
relataram quep≤0,05.
na análise uni-
* Resultado estatisticamente significante. Teste do Qui-quadrado proporções esperadas iguais; p≤0,05.
a esquerda (62,5%) e 6 alinhados e classifi- variada dos seus participantes obtiveram cor-
cados como Quando
neutro se(15%),
buscoude associação
acordo das variáveisrelação
como estudadas com estatisticamente
positiva a positividade do teste de
Quando se buscou associação das variáveis estudadas com a positividade dosignificante
teste de
Step aDown,
mostra Tabela foi5.possível inferir que as mesmas mostraram significância
com o desempenho estatística com
do TSD relacionada o peso,
posi-
Step Down, foi possível inferir que as mesmas mostraram significância estatística com o peso,
tantoNaparacorrelação dos dados
o MID (p=0,05) quantoposturais tivamente com
para o esquerdo (p=0,007), assima função muscular
como para do quadril
o tamanho do e
tanto para o MID (p=0,05) quanto para o esquerdo (p=0,007), assim como para o tamanho do
compé adoavaliação
MID (p=0,04)dinâmica,
e o IMCo teste
comde Step(p=0,01).do
o MIE Astronco
outrase,variáveis
além disso,
nãoquese essas afinidades
evidenciaram
pé do MID (p=0,04) e o IMC com o MIE (p=0,01). As outras variáveis não se evidenciaram
Down mostrouestatisticamente
associação significância estatística
significante,emconforme foram
mostramais fortes4.
a Tabela em mulheres.
associação estatisticamente significante, conforme mostra a Tabela 4.
Tabela 4 – Correlação dos dados demográficos e o teste Step Down da população do estudo,
Tabela 4 – Correlação dos dados demográficos e o teste Step Down da população do estudo,
n = 40.
n = 40.
Variáveis R p-valor
Variáveis R p-valor
Idade X Step Down D 0,20 0,20
Idade X Step Down D 0,20 0,20
Idade X Step Down E 0,25 0,11
Idade X Step Down E 0,25 0,11
Peso X Step Down D 0,30 0,05*
Peso X Step Down D 0,30 0,05*
Peso X Step Down E 0,41 0,007*
Peso X Step Down E 0,41 0,007*
Altura X Step Down D 0,22 0,15
Altura X Step Down D 0,22 0,15
Altura X Step Down E 0,00 0,96
Altura X Step Down E 0,00 0,96
Tamanho do Pé X Step Down D 0,31 0,04*
Tamanho do Pé X Step Down D 0,31 0,04*
Tamanho do Pé X Step Down E 0,02 0,89
Tamanho do Pé X Step Down E 0,02 0,89
IMC X Step Down D 0,24 0,12
IMC X Step Down D 0,24 0,12
IMC X Step Down E 0,38 0,01*
IMC X Step Down E 0,38 0,01*
Profissão X Step Down D 0,22 0,16
Profissão X Step Down D 0,22 0,16
Profissão X Step Down E 0,13 0,39
Profissão X Step Down E 0,13 0,39
* Resultado estatisticamente significante. Teste de correlação de Spearman, p≤0,05.
* Resultado
R estatisticamente
= Coeficiente de Spearmansignificante. Teste de correlação de Spearman, p≤0,05.
R = Coeficiente de Spearman

R bras ci Saúde 23(3):331-340, 2019 337


de acordo como mostra a Tabela 5.
de acordo
pélvica decomo
1,20 mostra a Tabela
± 0,89cm. 5. para qual lado a inclinação pélvica era mais prevalente,
Ao avaliar
a partir do número absoluto e percentagem, foi identificado que houve 9 inclinações para a
Tabela 5 – Caracterização postural da população do estudo.
Tabela
direita 5(22,5%),
– Caracterização postural da
25 para a esquerda população
(62,5%) do estudo.
e 6 alinhados e classificados como neutro (15%),
LIMA et al.
de acordo como mostra a Tabela 5.
Variáveis n = 40 %
Variáveis n = 40 %
Comprimento
Comprimento
Membro
Tabela 5 – Inferior Direito (MID)
Caracterização postural da população do estudo. 83,5 ± 5,86
Membro Inferior Direito (MID) 83,5 ± 5,86
Membro Inferir Esquerdo (MIE) 83,4 ± 5,89
Membro Inferir Esquerdo (MIE) n = 40 83,4 ± 5,89 %
Variáveis
Ângulo Q
Ângulo Q
Comprimento
Membro Inferior Direito (MID) 25,2 ± 6,09
Membro Inferior Direito (MID) 25,2 ± 6,09
Membro Inferior Direito
Membro Inferir Esquerdo (MIE)(MID) 83,5± ±6,57
25,3 5,86
Membro Inferir Esquerdo (MIE) 25,3 ± 6,57
Membro
Inclinação Inferir Esquerdo (MIE)
Pélvica 83,4± ±0,89
1,20 5,89
Inclinação Pélvica 1,20 ± 0,89
Ângulo
Lado Q
da Inclinação Pélvica
Lado da Inclinação Pélvica
Membro
Direito Inferior Direito (MID) 9 25,2 ± 6,09
22,5%
Direito 9 22,5%
Membro Inferir Esquerdo (MIE)
Esquerdo 25 25,3 ± 6,57
62,5%
Esquerdo 25 62,5%
Inclinação
Neutro Pélvica 6 1,20 ± 0,8915%
Neutro 6 15%
Lado da Inclinação Pélvica
Na correlação dos dados posturais com a avaliação dinâmica,
Direito 9 o teste de 22,5%
Step Down
mostrouNa correlação estatística
significância dos dados emposturais
uma dascomvariáveis
a avaliação dinâmica,
do estudo, oo teste de Step
comprimento doDown
MID
mostrou significância
Esquerdo estatística em uma das variáveis do 25 o comprimento
estudo, 62,5%
do MID
(p=0,01). As demais variáveis não apresentaram valores significantes estatisticamente, como
(p=0,01).
pode ser As demais
visto
Neutro variáveis
na Tabela 6. não apresentaram valores significantes 6 estatisticamente,
15% como
pode ser visto na Tabela 6.
Tabela 6Na – Correlação
correlação dos
dosdados
dadosposturais
posturaisecom
o teste Step Down
a avaliação da população
dinâmica, o testedo
deestudo, n=
Step Down
Tabela 6 – Correlação dos dados posturais e o teste Step Down da população do estudo, n =
40.
mostrou significância estatística em uma das variáveis do estudo, o comprimento do MID
40.
(p=0,01). As demais variáveis não apresentaram valores significantes estatisticamente, como
pode ser visto na Tabela 6.
Variáveis R p-valor
Variáveis R p-valor
Comprimento MID X Step Down D 0,39 0,01*
Tabela 6 – Correlação
Comprimento MID X Stepdos dados
Down D posturais e o teste Step Down
0,39 da população do estudo,
0,01* n =
Comprimento
40. MIE X Step Down E -0,01 0,91
Comprimento MIE X Step Down E -0,01 0,91
Ângulo Q MID X Step Down D 0,07 0,66
Ângulo Q MID X Step Down D
Variáveis 0,07
R 0,66
p-valor
Ângulo Q MIE X Step Down E 0,11 0,47
Ângulo Q MIE X Step Down E 0,11 0,47
Comprimento
Inclinação MIDX XStep
Pélvica DownD D
StepDown 0,39
0,11 0,01*
0,46
Inclinação Pélvica X Step Down D 0,11 0,46
Comprimento
Inclinação MIEX XStep
Pélvica DownE E
StepDown -0,01
-0,26 0,91
0,09
Inclinação Pélvica X Step Down E -0,26 0,09
Ângulo Q MID X Step Down D 0,07 0,66
* Resultado estatisticamente significante. Teste de correlação de Spearman, p≤0,05.
Ângulo
* Resultado
MID Qestatisticamente
= Membro MIE X Step
Inferior Direito E
significante.
Down Teste de correlação de Spearman,0,11
p≤0,05. 0,47
MID == Membro
MIE Membro Inferior
Inferior Esquerdo
Direito
MIE
R
Inclinação
= MembroPélvica
= Coeficiente Inferior X Step Down D
Esquerdo
de Spearman
0,11 0,46
R =Inclinação
CoeficientePélvica
de Spearman
X Step Down E -0,26 0,09

A grande
* Resultado relação do
estatisticamente peso corporal
significante. Teste de correlaçãomaram esse raciocínio
de Spearman, p≤0,05. quando em seu estudo
MID = Membro Inferior Direito
comMIE
o valgismo
= Membro de joelho
Inferior foi identificada nos
Esquerdo buscou analisar por meio da baropodometria
resultados com significância
R = Coeficiente de Spearman para ambos os em indivíduos obesos e descobriu que o pico
membros, fomentando a hipótese de que, de pressão plantar, a força de reação do solo
possivelmente, as mulheres com peso, em e a região de contato do pé com o solo são
média, de 70,3 kg desenvolvem a medializa- maiores do que em pessoas que não apre-
ção da articulação do joelho devido à força sentam sobrepeso ou obesidade.
de reação que o solo exerce contrária ao Acredita-se que o peso corporal iso-
membro inferior, associado também a outras lado, assim como o IMC em valores altos,
variáveis. Diante disso, Fabris et al.15 confir- que está associado à obesidade, é um dos

338 R bras ci Saúde 23(3):331-340, 2019


ANÁLISE BIOMECÂNICA DE MEMBROS INFERIORES EM MULHERES ACOMETIDAS COM DORES ARTICULARES NO JOELHO

preditores para o mau alinhamento do membro ao pesquisar essa relação em 21 atletas de


inferior, onde durante a realização de atividade ginástica rítmica relata que a movimentação
ativa existe grande possibilidade desse desali- da cadeia cinética da extremidade inferior na
nhamento ser mais aparente. Nos dados deste marcha se correlaciona com as disfunções do
estudo, foi encontrada a relação do IMC com o pé com distúrbios no joelho, concluindo que
valgismo dinâmico no MIE, sendo confirmada a posição e o movimento do pé como fator
nos resultados do trabalho de Bout-Tabaku intrínseco, podem causar lesões no joelho por
et al.16 onde usaram 155 pessoas saudáveis uso excessivo.
e 165 obesos e avaliaram o alinhamento do Não foram achados na literatura outros
joelho desses indivíduos confrontando os trabalhos que identificassem a relação do
resultados dos grupos, tendo encontrado comprimento do membro inferior com a pre-
maior variabilidade significativamente no ali- sença de valgo de joelho, dificultando manter
nhamento do joelho entre as mulheres com a hipótese de que um membro inferior, em
maiores escores de IMC, levando-se a supor média, com 83,5 cm de comprimento, pode
que quanto maior for o valor do IMC, maior ser um facilitador do acometimento do valgo
será as chances de surgir valgo de joelho em dinâmico em mulheres que sentem dor arti-
mulheres. cular no joelho.
O ângulo Q da análise postural não Quando investigado a presença de
teve significância quando correlacionada com inclinação pélvica associada ao valgismo não
a presença do valgo dinâmico, isso mostra foi identificada significância estatística, mes-
que nas participantes do estudo a magnitude mo que obtidos valores afastados do normal.
do ângulo Q não interferiria no alinhamento Controverso a esse achado, Guimarães et
dinâmico dos joelhos17. Corroborando com al.20 relataram em seu estudo, realizado com
esses resultados, o estudo de Almeida et al.18 38 praticantes de ginástica olímpica, que o
onde foram avaliadas 22 mulheres, tendo sido aumento da inclinação pélvica e a disposição
identificado que pacientes com aumento do ao aumento da hiperlordose lombar podem
ângulo Q não tiveram valgismo acentuado predispor às lesões futuras.
no joelho. Ainda é escassa a produção científica
O pé é a base de sustentação do relacionando a biomecânica com a prática
corpo e um elemento importante a ser ques- clínica, com o intuito de melhorar o manejo
tionado quando se trata de lesões no joelho, terapêutico do paciente. Desta maneira, este
principalmente porque os resultados do es- estudo mostrou que metodologias relativa-
tudo encontraram relação entre o tamanho mente simples e acessíveis podem contribuir
dos pés com a presença do valgo dinâmico. para o aprimoramento de uma fisioterapia
Sabe-se que a relação do tamanho da base baseada em evidências.
de sustentação está associada ao melhor Embora tenha conseguido, neste
controle para estabilização do seguimento estudo, resultados potencialmente positivos,
e mudanças de movimentos e má posturas ressalta-se que é de grande importância que
adotadas influenciam na mecânica articular do sejam desenvolvidas mais pesquisas que
joelho. Com base nessa afirmação, Golias19 avaliem cuidadosamente os processos bio-

R bras ci Saúde 23(3):331-340, 2019 339


LIMA et al.

mecânicos relacionados ao desenvolvimento tamanho do pé e o comprimento do membro


de lesões articulares no joelho. Salienta-se inferior tiveram relação direta sobre o quadril
ainda, que existem limitações no que se refere e os MMII, sugerindo o valgo dinâmico e/ou
à metodologia aplicada, visto que os testes uti- predisposição do agravamento de dores arti-
lizados ainda possuem uma análise subjetiva culares no joelho em mulheres.
do avaliador, pontos estes, que podem servir O teste Step Down mostrou-se exce-
de base para novas pesquisas. lente medidor do valgo dinâmico de joelho,
pois a execução é rápida e dinâmica, além de
CONCLUSÃO ser possível tê-lo como base para a prescrição
dos exercícios terapêuticos mais apropria-
Na análise biomecânica foi possível dos, otimizando o tratamento e os resultados
encontrar que as variáveis peso corporal, IMC, futuros.

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12. Baroni BM, Galvão AQ, Ritzel CH, Diefenthaeler F, CORRESPONDÊNCIA
Vaz MA. Adaptações Neuromusculares de Flexores George Alberto da Silva Dias
Dorsais e Plantares a Duas Semanas de Imobilização Universidade do Estado do Pará (UEPA), Rua do Una, 156,
Após Entorse de Tornozelo. Rev Bras Med Esporte. Belém – Pará – Brasil – CEP: 66050540 – Telegrafo
2010;16(5):358-362. george@uepa.br

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