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Efeitos da Estabilização Segmentar da Coluna Lombar nas

Lombalgias: Revisão de Literatura


Clauderleidy Menezes Lucena 1
Claudialucena.cl@gmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia²

Pós-graduação em Ortopedia, traumatologia com ênfase em terapia manual – Faculdade Ávila

Resumo
A dor lombar crônica (DLC) devido à instabilidade do tronco tem se revelado um
problema de saúde pública mundial por acometer homens e mulheres das mais
variadas idades e classes sociais. No tratamento de lombalgias, exercícios tradicionais
de fortalecimento dos músculos abdominais e extensores de tronco tem sido alvo
decríticas por submeter a coluna vertebral a cargas de trabalho aumentando o risco de
nova lesão. A literatura estabelece um elo entre lombalgia e o escasso controle dos
músculos profundos do tronco, em especial o multífido lombar e o transverso do
abdome; estudos também indicam os músculos quadrado lombar e diafragma como
estabilizadores lombares.Este estudo procedeu à revisão de literatura sobre o
tratamento das lombalgias mediante estabilização da coluna propondo exercícios de
estabilização do segmento lombar para alcançar o tratamento ideal. De acordo com o
levantamento bibliográfico realizado obteve-se como resultado que indivíduos com dor
lombar crônica submetidos aos exercícios de estabilização apresentaram melhora da
dor e da incapacidade, porém não pode ser observado se esses exercícios foram
superiores a outras técnicas de terapia manual ou a intervenções convencionais
necessitando que sejam realizadas mais pesquisas, com alto grau de evidencias sobre o
tema, tornando assim mais fidedigna para análise.
Palavras-chave: Lombalgia; Dores lombares; Estabilização Segmentar

1.Introdução:
Para desempenhar a maioria das tarefas cotidianas, ocupacionais e recreativas é
necessária uma amplitude de movimento sem restrições a dor. A mobilidade adequada
dos tecidos moles e articulares é também um fator importante na prevenção de lesões ou
recorrências. (KENDALL, 1995)
Segundo Hall CM e Brody LT (2001), a estabilidade da cintura pélvica e da coluna
lombar tem grande importância no equilíbrio do corpo como um todo. A pelve é o
centro da gravidade corporal e todo o peso dos membros superiores, tronco e cabeça é
transmitida para os segmentos inferiores por meio desta região.
A região lombar é uma das principais causas da incapacidade e envolve altos custos
médicos para que seja tratada, por esse motivo é essencial que sejam criadas estratégias
para a sua prevenção. A síndrome dolorosa lombar ou lombalgia é definida como dor
localizada na região lombar. (HALL e BRODY, 2001).
A lombalgia crônica pode ser definida como dor persistente por mais de 12 semanas nos
níveis lombares e sacrais da coluna vertebral e se tornou um importante problema de
saúde pública presente em todas as nações industrializadas e tem predileção por adultos
jovens e em fase economicamente ativa.(ROZEMBERG, 2008).
Segundo a organização mundial de saúde, cerca de 80% dos adultos terão pelo menos
uma crise de dor lombar durante a sua vida e 90% destes apresentaram mais um
episódio.

1
Pós-graduando em Ortopedia, traumatologia com ênfase em terapia manual.
² Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em metodologia do ensino superior. Mestrado em Bioética e
Direito em Saúde.
2

Estudos realizados por, mostraram que a prevalência desta dor aumenta após os 25 anos
de vida, com um pico na faixa etária que vai de 55 a 64 anos.(ALMEIDA et al, 2006).
A lombalgia é uma deformidade de etiologia complexa gerada por fatores de risco tais
como traumas mecânicos, obesidade, tipo de ocupação, idade, entre outros.
(SEBASTIÃO et al, 2002).
Os encurtamentos musculares levam as disfunções estáticas e dinâmicas interferindo na
postura e no desempenho do dia a dia. Já para o estilo de vida sedentário, tão presente
nos dias atuais, não propicia movimentos amplos e restringe a flexibilidade.
(HAMMER, 2003)
A manutenção de uma determinada atitude corporal parece propiciar mudanças
estruturais no músculo como forma de adaptação estrutural, sendo essas alterações
responsáveis pela perda da flexibilidade. A diminuição do comprimento da fibra
muscular mantida no encurtamento, que pode ocorrer quando se mantém uma postura
inadequada associada à perda da extensibilidade, devido às alterações no tecido
conjuntivo, diminui a amplitude de movimento e ocasiona assim a dor.(RICHARSON et
al, 2004).

A excessiva fadiga da musculatura eretora da coluna é a precursora do primeiro


episodio de dor lombar e muitas vezes associadas a dor crônica. Hipoteticamente isto
pode ser provocado por diversos fatores, como: obesidade, má postura, alterações
ortopédicas e acidentes, que causam alterações na atividade da musculatura profunda.
(HALL e BRODY, 2001).
Diversos estudos têm evidenciado o papel fundamental dos músculos que proporcionam
a estabilidade segmentar vertebral e o papel fundamental dos músculos que
proporcionam a estabilidade segmentar vertebral. Foi observado que o músculo
transverso do abdômen e as fibras profundas do multífido (MF) são responsáveis pela
estabilização segmentar.(GOUVEIA e GOUVEIA, 2008).
Além disso, vários estudos realizados demonstraram correlação entre as disfunções
destes músculos com o desenvolvimento das lombalgias.(COSTA et al, 2004)
De uma maneira geral a maioria das disfunções da coluna lombar ocorre na presença da
instabilidade articular desta região, em virtude da movimentação articular sem controle
muscular protetor, afetando tanto a quantidade quanto a qualidade do movimento.
(MEIRELES, 2003).
O desequilíbrio muscular constitui um fator importante, pois a coluna necessita de
estabilidade durante seus movimentos para evitar a sobrecarga excessiva. Essa
estabilidade parte de estruturas ligamentares integras e, principalmente de uma boa
musculatura do sistema muscular global (eretores espinhais, obliquo externo e reto
abdominal.(BERGMARK, 1989)
Para a dor lombar crônica, inúmeros tratamentos conservadores têm sido realizados. As
intervenções incluem suporte ortótico, exercícios de flexão e extensão do tronco,
exercícios de inclinação pélvica(ante e retroversão pélvicas), alongamentos e exercícios
aeróbicos tais como natação e caminhada.(BLAND et al, 1993).
Dentre os diferentes tipos de tratamento fisioterapêutico para DCL encontram-se:
massagem, recomendações ergonômicas, terapias manuais, cinesioterapia, eletroterapia,
hidrocinesioterapia, reeducação postural, manipulação osteopatica, isostreching, além
de exercícios de estabilização segmentar, entre outros.(MACEDO et al, 2010).
A manipulação vertebral ganhou espaço nos últimos anos e vem sendo utilizados
frequentemente para o manejo da dor lombar, concluindo que a terapia manipulativa era
3

eficiente na diminuição da dor lombar, contudo afirmam não haver evidencias de que
fosse superior aos tratamentos convencionai.(MUELLER et al, 1998).
Existem evidencias que a estrutura e função dos músculos profundos do tronco estão
alteradas em indivíduos com dor lombar, por isso recentemente tem havido um maior
foco nos exercícios que visam manter essa estabilidade, melhorando o controle neuro-
muscular, diminuindo assim a ocorrência da dor.(MACEDO et al, 2010).
A estabilização segmentar lombar (ESL) caracteriza-se por exercícios de isometria,
baixa intensidade e sincronia dos músculos profundos do tronco (locais), tem o objetivo
de estabilizar os segmentos da coluna lombar, protegendo suas estruturas dos desgastes
excessivos.(SULLIVAN, 2000).
Os exercícios de estabilização são essenciais para promover uma base para os
movimentos de membros superiores e inferiores para suportar cargas e para proteger a
medula e as raízes nervosas.(WILLARDSON, 2009).
Monteiro (2008), complementa que os exercícios de estabilização segmentar são
praticas de reaprendizagem de co-contração dos músculos transversos abdominais,
obliquo interno e multífido lombares de modo a proporcionar suporte localizado aos
segmentos vertebrais.
Os programas de estabilização visam melhorar a força, resistência e o controle motor
dos músculos abdominais e lombares, com ênfase nos músculos profundos do tronco,
principalmente transverso do abdômen (TA) e multífido (MT). Além disso, é importante
que seja enfatizado o treinamento de outros músculos paravertebrais, abdominais, bem
como o diafragma e a musculatura pélvica. As grandes estabilizações da coluna lombar,
em indivíduos com lombalgia, sofrem atrofia ipsolateral à dor; diminuição no tamanho,
tempo de ativação e amplitude; e também deficiência na co-ativação com músculos
abdominais.(STANDAERT et al, 2008).
A contração dos TA e MI ocorrem normalmente de maneira antecipada aos movimentos
dos membros em indivíduos assintomáticos, porém naqueles indivíduos com dor lombar
essa contração é lenta e atrasada indicando um potencial para a redução da estabilidade
da coluna e problemas com o controle motor.(GOUVEIA, 2008).
Pesquisas dos músculos abdominais profundos, através de eletromiografia, mostraram
que o TA é o principal musculo gerador da pressão intra-abdominal.(HODGES e
RICHARDSON,1996).
O aumento da pressão no interior do abdome e na tensão da fáscia toraco-lombar ocorre
com a contração do musculo transverso, que resulta em uma diminuição da
circunferência abdominal, devido à orientação horizontal das suas fibras.(NORRIS,
1995).
Por meio de um estudo eletromiográfico, constataram que o músculo transverso
abdominal é o primeiro músculo a ser ativado durante movimentos dos membros,
concluindo que este musculo é fundamental para a estabilização segmentar. Portanto ao
antecipar-se ao movimento produzido pela ação do agonista, o TA atuaria promovendo
uma rigidez necessária à coluna lombar, evitando qualquer instabilidade geradora de dor
lombar.(HODGES e RICHARDSON,1997).
O musculo transverso abdominal deve ser treinado separadamente aos outros músculos
pelo fato de ser o principal músculo afetado na lombalgia, perdendo sua função tônica.
A contração do transverso abdominal, por meio de exercícios específicos, reduz
significativamente a frouxidão da articulação sacroilíaca. Este achado, segundo o autor,
4

confirma que o uso de contrações independentes deste músculo é útil para a melhora da
lombalgia.(GOUVEIA e GOUVEIA, 2008).
Em indivíduos sãos, o TA, para proteger a coluna, contrai-se antes dos movimentos das
extremidades. Nos lombálgicos essa contração falha antes dos movimentos,
demonstrando uma alteração na coordenação desse músculo. O atraso no início da
contração do músculo Transverso Abdominal indica um déficit do controle motor e
resulta em uma estabilização ineficiente da coluna.(HILDES et al,1996).
Os padrões de recrutamento muscular também podem ser alterados após um programa,
em indivíduos saudáveis, de treinamento focado no controle neuromuscular, indicando
que a estabilização pode ser útil tanto como método de tratamento como de prevenção
para a dor lombar crônica.(COSTA et al, 2004).
As diferenças funcionais entre os músculos locais e globais exigem que os exercícios
sejam realizados de formas diferentes quando se objetiva o tratamento das disfunções e
das dores. Há pacientes em que os globais mais ativos predominam nos exercícios
gerais. É difícil detectar se a ativação dos locais ocorre durante esses exercícios. Por
isso são propostos exercícios específicos que isolam os músculos globais. A ESL não
coloca a estrutura lesadas em risco, principalmente no inicio da reabilitação, reduzindo a
carga externa e mantendo a coluna em posição neutra.(RICHARDSON e JULL,1995).
Para pacientes com disfunção local, o isolamento do ML e TA não é uma tarefa fácil.
Em virtude disso, desenvolveram estratégias incluindo palpação, observação de
mudanças de forma do corpo e retroalinhamentação (biofeedback).(RICHARDSON e
JULL,1995).
Comerford e Mottran (2001), propuseram um guia clinico para o re-treino dos
estabilizadores. Segundo eles, a palpação deve estimular a correta ativação. É necessário
observar o padrão de controle correto e o recrutamento tônico das fibras, sem que se
note fadiga. O paciente não deve sentir dor e a respiração deve ser normal.

2.Metodologia
Foi realizada uma busca em banco de dados computadorizado para identificar artigos
científicos relevantes para este estudo. Os artigos foram selecionados entre 1989 e 2010
e obtidos em buscas extensivas em banco de dados bibliográficos, incluindo MEDLINE,
LILACS e SciELO. Foram realizadas, também, pesquisas bibliográficas na
Universidade Federal do Estado de Roraima-UFRR e Faculdade Cathedral de Boa Vista
– RR. Artigos mais antigos puderam ser incluídos, por serem recorrentemente citados e
apresentaram grande valor histórico.

3.Resultados e Discursão
Fáscia Toracolombar
Na região lombar a fáscia possui três camadas. A posterior que se liga ao processo
espinhoso, crista mediana e sacro, e ligamento supra-espinhoso; a media é ligada ao
processo transverso e aos ligamentos intertransversais, abaixo da crista ilíaca e acima da
borda inferior a decima segunda costela e do ligamento lombocostal; a anterior cobre o
QL e é ligada medialmente à face anterior do processo transverso, dorsalmente à região
lateral do eretor da coluna e na borda lateral do QL são unidas pelas camadas anterior,
originando a aponeurose do TA. A contração do OE e TA aumentam a tensão na FTL,
elevando a pressão dentro da fáscia, o que pode resultar na rigidez aumentada na coluna
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lombar, contribuindo para a melhor estabilidade, somada aos mecanismos posturais


paravertebrais e abdominais.(MUELLER et al, 1998).
Como a fáscia envolve todo músculo do nosso corpo que compreende uma rede
conectada no crânio até a planta dos pés podem apresentar tensões e começam a
enrijecer vagarosamente, levando o corpo a perder sua capacidade adaptativa
fisiológica. Com o tempo a rigidez se espalha fazendo com que a flexibilidade e a
espontaneidade de movimento sejam perdidas expondo o corpo a mais traumas, dor e
limitação de movimento.(HAMMER, 2003).

Teroria da Estabilização Segmentar


Algumas pesquisas começaram a descrever, a partir de 1970, um conceito de
estabilização segmentar da coluna vertebral. Foram teorizados que injurias da coluna
lombar e por isso dor, seria causado por uma degeneração das articulações e dos tecidos,
provindo da instabilidade nos segmentos vertebrais.
A instabilidade espinal foi redefinida em termos de lassidão ao redor da posição neutra
do segmento espinal, chamada de “zona neutra” determinada pela região onde há pouca
ou nenhuma resistência ao movimento pelo sistema passivo, normalmente se encontra
no meio da amplitude de movimento da articulação intervertebral, esta zona se mostra
aumentada quando há injuria e degeneração do disco intervertebral, e diminuída quando
há adição de forças musculares na movimentação espinal.(PANJABI, 1992)
A instabilidade poderia ser o resultado de uma lesão tecidual, tornando o segmento mais
instável, com força ou resistência insuficiente, ou fraco controle muscular. Instabilidade
essa que pode ser definida como diminuição da capacidade de estabilizar os sistemas da
coluna para manter as zonas neutras dentro de limites fisiológicos, sem deformidades,
sem déficit neurológico ou sem dor incapacitante.(PANJABI, 1992).
A longevidade e a eficiência da biomecânica da coluna vertebral dependem da precisão
da função de cada segmento, isto inclui o alinhamento e sustentação da postura e um
padrão de movimento que reduza a tensão nos tecidos, evitando as causas dos micros
traumas nos tecidos articulares e permitindo a eficiente ativação muscular. A
estabilidade vertebral depende da integração vertebral entre três
subsistemas.(PANJABI, 1992).

1. O sistema Passivo formado pelos corpos vertebrais, articulações facetarias,


cápsulas articulares, ligamentos espinhais e discos intervertebrais responsáveis
pela maior parte da estabilização e dela participam por meio de propriedades
visco elásticas.
2. O sistema Ativo constituído pelos músculos espinhais, multífido e músculo
transverso do abdômen que tem ligação com a fáscia toraco-lombar que quando
ativo se assemelha a uma “cinta liga” estabilizando as vertebras, musculatura do
assoalho pélvico e diafragma.
3. O sistema de Controle Neural, recebendo informações dos sistemas passivos e
ativo, por meio dos receptores, e tem o papel de captar as alterações de
equilíbrio e determinar os ajustes específicos, por meio da musculatura da
coluna, restaurado a estabilidade.
Quando um desses sistemas falha os outros dois se reorganizam para dar continuidade a
homeostase. Porém, muitas vezes, essa reorganização é inadequada sobrecarregando os
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subsistemas, promovendo uma cronicidade da disfunção-instabilidade vertebral.


(PANJABI, 2003)
Exercícios específicos para osestabilizadores lombares
Há evidências de que os exercícios tradicionais prescritos para a lombalgia tenham um
importante componente lesivo. Um exemplo é a realização de retroversão da pelve
durante exercíciospara a coluna lombar, que aumenta o risco de lesão por comprimiras
articulações e aumentar a carga nasestruturas passivas.
Exercícios em série para a lombar, realizados em aparelhos com carga, podem produzir
herniações. Músculos mais fortes parecem nãoter valor profilático na redução de
problemaslombares. Os músculos de resistência (endurance) têm sido evidenciados
como protetores. Maior mobilidade da coluna lombar, ao contráriodo que se pensava,
aumenta as chances de problemas no segmento.(MCGILL e NORMAN, 1993).
O mais seguro modelo de estabilização lombar não seria o exercício de força, mas sim
ode resistência, que manteria a colunaem uma posição neutra, enquantoencorajaria o
paciente a co-contrações dos estabilizadores. Em virtude das evidências da
importânciados músculos locais TA, ML e QL na estabilização, assim comosuas
disfunções em episódios de lombalgia, sugere-se focar a atenção nesses músculos.
(MCGILL e NORMAN, 1993)
O desenvolvimento de testes e exercícios reprodutíveis naclínica estabeleceu a ESL
como práticano tratamento de disfunções lombares.( BIERING, 1984).
O treino de estabilização local tem sido aplicado também na reabilitação do ombro por
meio de exercícios para os músculos da bainha rotatória e escápula, bem como dos
flexores profundos do pescoço. (TEIXEIRA et al, 2004)
O papel dos estabilizadores segmentaresconsiste em fornecer proteçãoe suporte às
articulações por meiodo controle fisiológico e translacional excessivo do movimento.
(COMERFORD et al, 2001)
Os músculosglobais atuam encurtando-se oualongando-se e gerando torque e
movimentoàs articulações. Os locais ligam-se de vértebra a vértebra e sãoresponsáveis
pela manutenção da posiçãodos segmentos lombares durantemovimentos funcionais.
Essas demandasindicam que exercícios isométricossão mais benéficos por atuarem na
reeducaçãodos músculos profundos. Emum estágio mais avançado de treino, a isometria
pode ser combinada comexercícios dinâmicos para outras partes do corpo. (DE VITTA,
1996).

A co-contração e a estabilidade
Outro mecanismo que pode fornecer rigidez por meio de músculos antagonistas e,
assim, manter a estabilidade na presença de cargas externas nas articulações é a co-
contração.(LAVENDER et al, 1992)
Disfunções musculares e erros no controle motor têm sido sugeridos como possíveis
causas de desordens agudas e crônicas.(JULL, 2000).
A co-contração dos músculos do sistema local, em especial os ML e o TA promove a
estabilidade segmentar na zona neutra proporcionando um aporte ideal para que os
músculos globais atuem com segurança.(TEIXEIRA et al, 2004).
De acordo com, sujeitos com dor lombar crônica tem redução no tempo de disparo dos
músculos TA, OI e ML, fazendo como que tecidos não contráteis como a fáscia lombar
e os discos intervertebrais sofram sobrecargas quando os músculos estabilizadores
perdem sua eficiência.(SULLIVAN et al, 1997).
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Podem ser realizados, com segurança, alguns exercícios de co-contração dos músculos
profundos, mantendo a posição neutra da coluna e mantendo também os globais
relaxados que pode ser obtido através da inibição ativa dos interneurônios em vias
recíprocas. A co-contração dos antagonistas do tronco é necessária para manter o
equilíbrio mecânico estável.(NIELSEN e KAGAMIHARA,1993).
Os músculos de resistência têm sido evidenciados como protetores. Maior mobilidade
da coluna lombar, ao contrário do que se pensava, aumenta as chances de problemas do
segmento.(MCGILL, 2001).

Alguns exercícios específicos para músculos profundos podem possibilitar o retorno


funcional da musculatura profunda, responsável primariamente pela proteção e
estabilidade articular.(RICHARDSON et al,2004).
Os exercícios tradicionais para as lombalgias evidenciam um importante componente
lesivo as estruturas. Como exemplo pode ser citado a retroversão pélvica durante
exercícios para a coluna lombar, que aumenta o risco de lesão por comprimir as
articulações e aumentar a carga nas estruturas passivas ao movimento, o que conclui,
que exercícios em série para a coluna lombar, realizados em aparelhos com carga,
podem produzir herniação.(MCGILL, 2001).
O mais seguro modelo de estabilização lombar não seria os exercícios de força, mas sim
o de resistência, que manteria a coluna em uma posição neutra, enquanto encorajaria o
paciente a co-contrações dos estabilizadores.(MCGILL, 2001).
Em alguns estudos foram analisados como os exercícios abdominais poderiam
influenciar a diminuição da dor em sujeitos lombálgicos. Observaram que quando os
músculos abdominais se contraiam, a pressão nos discos intervertebrais atenuava-se,
como consequência do aumento da pressão intra-abdominal. Essa diminuição de pressão
intra-discal potencialmente reduz a sensação dolorosa do segmento.(RODACK et
al,2008).
A redução da dor em pouco tempo de tratamento parece estar balizada em alguns
estudos, os quais sugerem que o mais seguro modelo de estabilização lombar não seria o
exercício de força, mas sim o de resistência.(CARPES et al, 2008).
Algumas evidências sugerem que ser dê mais atenção aos músculos TA, ML e QL na
estabilização, assim como suas disfunções em episódios de lombalgias.
(RICHARDSON, 1995).
O treino de estabilização local tem sido aplicado também na reabilitação do ombro por
meio de exercícios para os músculos da bainha rotatória e escápula, bem como dos
flexores profundos do pescoço.(JULL GA, 2000).
Bergmark (1989) propôs o conceito de vários músculos com diferentes papéis na
estabilidade dinâmica. A hipótese é que há dois sistemas atuando na estabilidade. O
global consiste de grandes músculos produtores de torque, atuando no tronco e na
coluna sem serem diretamente ligados a ela. São eles o reto do abdome (RA), o oblíquo
externo (OE) e a parte torácica do iliocostal lombar. Fornecem estabilidade ao tronco,
não sendo capazes de influenciar diretamente a coluna. O sistema local é formado por
músculos ligados diretamente à vértebra e responsáveis pela estabilidade e controle
segmentar. Tais músculos são o multífido lombar (ML), o transverso do abdome (TA) e
as fibras posteriores do oblíquo interno (OI). O quadrado lombar (QL) também tem
funções estabilizadoras.
De acordo com Bergmark (1989), há dois sistemas atuando na estabilidade: 1) o global,
formado por grandes músculos (reto abdome-RA, obliquo externo-OE e iliocostal-ICL)
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que produz altos torques, e fornece estabilidade ao tronco, porém, não é capaz de
influenciar diretamente a coluna uma vez que estes músculos não estão diretamente
ligados a ela e; 2) o sistema local que é formado por músculos ligados diretamente às
vertebras (multífido lombar-ML. Transverso do abdome-TA; obliquo interno-OI;e
quadrado lombar-QL) e responsáveis pela estabilidade e controle segmentar.
O papel dos estabilizadores segmentares consiste em fornecer proteção e suporte às
articulações por meio do controle fisiológico e translacional excessivo do movimento.
Os músculos globais atuam encurtando ou alongando-se e gerando torque aos
movimentos da articulação.(COMEFORD e MOTTAM,2001).
As vertebras se ligam e são responsáveis pela manutenção da posição dos segmentos
lombares durante movimentos funcionais. Essas demandas indicam que exercícios
isométricos são mais benéficos por atuarem na reeducação dos músculos profundos. Em
um estágio mais avançado do treino, a isometria pode ser combinada com exercícios
dinâmicos para outras partes do corpo. (RICHRDSON e JULL,1995).
A postura correta é fundamental para o bem-estar do ser humano, consiste em um
complexo processo, que para atingir o equilíbrio exige do individuo uma consciência
integral do seu corpo, de seus limites e de sua localização correta no espaço, ou seja, a
postura correta exige uma profunda manutenção psicossomática e espiritual. De fato a
postura envolve uma associação íntegra de fenômenos biomecânicos, neurofisiológicos
e neuropsíquicos que interinfluenciam e se integram a todo instante e pode ser afetada
por vários outros fatores de ordem interna e externa. (BAU, 2005).
Os exercícios e a atividade física de lazer regular, não só ocasionam um retardo no
envelhecimento motor, mas também contribuem para um estilo de vida mais saudável e
independente, além de aumentar a capacidade funcional e a qualidade de vida.(SILVA,
2001).

4.Conclusão
A instabilidade lombar é considerada representante significativa dentro de um subgrupo
da população com dores lombares crônicas. Estudos comprovam que há efetividade da
técnica de estabilização sobre o equilíbrio muscular e consequentemente diminuição das
injurias a região lombar da coluna vertebral, melhorando a qualidade de vida, tornando
desnecessário o uso adicional de drogas ou terapias analgésicas.
Foi mostrado evidencias sobre a eficácia dos exercícios de estabilização segmentar na
melhora da dor lombar crônica, quando estes são realizados isoladamente, ou quando
associados a outras técnicas terapêuticas. Porém, não foi possível evidenciar se os
exercícios de estabilização são superiores às técnicas de terapia manual ou a outros tipos
de intervenções convencionais.
Os requisitos essenciais para o sucesso do tratamento são: avalição dos déficits, seleção
dos exercícios, perfeita compreensão e adesão do paciente ao tratamento.
Estudos concluíram que do ponto de vista prático, a estabilização não é indicada para a
dor lombar aguda, porém é altamente indicada para indivíduos que possuem dor lombar
crônica.
Os padrões de recrutamento muscular em indivíduos saudáveis também podem ser
alterados após um programa de treinamento focado no controle neuromuscular,
indicando que a estabilização pode ser útil tanto como método de tratamento como de
prevenção para a dor lombar crônica.
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Conclui-se por fim queo uso de um programa com exercícios elaborados e específicos
que resolvam ou controlem os déficits comuns em pacientes com dores nas costas e com
riscos de recorrências dos episódios de dores, tem sido bem sucedida em estudos atuais.
Porem tendo em conta o grande número de pessoas portadoras de dores na coluna faz-se
necessário a realização de mais ensaios clínicos randomizados para demonstrar a
eficácia da técnica de estabilização segmentar, no tratamento das disfunções da coluna
vertebral.

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