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A COLUNA

VERTEBRAL
E-BOOK

Renato Ramos Coelho, D.Sc.


Sobre o autor:

Renato Ramos Coelho é Fisioterapeuta (2000) com


especialização em Fisioterapia Esportiva (2001) e
Engenheiro de Produção (2018). Fez Mestrado em
Motricidade Humana (2006) e Doutorado em Ciências em
Engenharia Civil (2015). É autor de diversos artigos
científicos e capítulos de livro nas áreas de Bioengenharia,
Biomecânica, Ergonomia, Fisiologia, Fisioterapia,
Geriatria e Reumatologia. Foi professor de graduação em
vários cursos da área de saúde. Atualmente é Funcionário
da Prefeitura Municipal de Contagem (MG), Diretor
Técnico da Nomus Consultoria e Treinamento em Saúde e
Segurança do Trabalho, Redator Chefe da Fitness
Magazine Brasil, membro pesquisador do Laboratório de
Biociência da motricidade Humana (LABIMH), Professor
em cursos de pós-graduação Lato e Stricto Sensu e
ministra cursos online para profissionais da área de saúde
e de segurança do trabalho e, também, para entusiastas
das boas práticas em saúde.
A COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral (Figura 1b) é composta por 33
vértebras, dispostas em cinco segmentos: Coluna
cervical (sete vértebras – C1 a C7); Coluna (12
vértebras – T1 a T12); Coluna lombar (cinco
vértebras – L1 a L5); Sacro (cinco vértebras
fundidas em uma peça única – S1 a S5); Cóccix
(quatro vértebras fundidas em uma peça única –
CC1 a CC4). A vértebra típica (Figura 1a) possui um
corpo, dois pedículos, duas lâminas, dois processos
transversos, quatro facetas articulares (duas
superiores e duas inferiores) e um processo
espinhoso (PE). Esta anatomia é comum a todas as
vértebras de C3 até L5 (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Figura 1: a) Vértebra típica; b) Coluna vertebral, seus segmentos e os discos intervertebrais


(em preto).
Além desta divisão, ressalta-se a importância das
curvaturas vertebrais, responsáveis por distribuir
o peso do corpo, por manter o centro de gravidade
ao nível da segunda vértebra sacral (S2) quando o
Ser humano se encontra na posição anatômica e
por definir a mobilidade da coluna vertebral de
acordo com o segmento. Estas curvaturas são
divididas em primárias e secundárias, de acordo
com o período que surgem ao longo do
desenvolvimento corporal. Assim, as primárias
correspondem à cifose, primeira curvatura a ser
formada, ainda na vida intrauterina. No adulto,
permanecem as cifoses torácica e sacral, que
apresentam menor amplitude de movimento
(ADM). As curvaturas secundárias, formadas ao
longo do processo de crescimento, correspondem à
lordose cervical e lombar, que apresentam a maior
possibilidade motora ao longo da coluna vertebral
(NORKIN; LEVANGIE, 2001).
A estabilização estática das articulações
vertebrais se dá por diversas estruturas (Figura 2):
1. Cápsula articular das zigoapofisárias (NETTER,
2015); 2. Ligamentos longitudinais (anterior e
posterior), que terminam na borda superior do
sacro; 3. Ligamentos dos arcos vertebrais, formado
pelo ligamento flavo (amarelo), rico em fibras
elásticas, e ligado a cápsula articular, ligamento
interespinhal, que é contínuo ao flavo e se estende
entre processos espinhosos adjacentes e o
ligamento supraespinhal, rico em colágeno, exceto
na cervical, onde é rico em fibras elásticas e recebe
o nome de ligamento da nuca (DÂNGELO;
FATTINI, 2007). De um modo geral, os ligamentos
posteriores limitam a flexão, os anteriores a
extensão e os laterais a flexão lateral,
independentemente do nível da coluna vertebral
(MIRANDA, 2008).
Figura 2: Ligamentos da coluna vertebral no segmento lombar (NETTER, 2015)

Desta forma, o conjunto de estruturas ósseas,


ligamentares e articulares garantem a mobilidade
da coluna vertebral de acordo com cada um de seus
segmentos, sendo maior na cervical e lombar,
restrita no tórax e ausente no sacro e cóccix. As
articulações zigoapofisárias conectam as
vértebras de C2 até S1, permitindo movimentos nos
três eixos. Entre as vértebras que possuem esta
articulação, encontra-se o disco intervertebral
(em preto na Figura 1b), responsável,
principalmente, por amortecer o estresse axial
sobre a coluna e aumentar sua ADM (NERURKAR
et al, 2010).
Coluna Cervical
A coluna cervical possui duas vértebras atípicas e
cinco típicas. As atípicas correspondem a C1 e C2,
também chamadas de atlas e axis,
respectivamente, e possuem esta caracterização
por seu formato singular em relação às demais
vértebras (DÂNGELO; FATTINI, 2007), conforme se
observa na Figura 3. Entre elas, não há disco
intervertebral e há uma articulação sinovial entre
o dente do áxis e a face anterior do arco do atlas, o
que as torna as principais responsáveis pelos
movimentos de rotação da coluna cervical, as
demais vértebras cervicais, por sua vez, são as
principais responsáveis pelos movimentos de
flexão/extensão e flexão lateral. Além destes, a
cervical também realiza protrusão e retração. O
primeiro corresponde a flexão da cervical baixa (C7
a C4) e extensão da cervical alta (C3 a C1), e o
segundo equivale a extensão da cervical baixa e
flexão da alta (PRUSHANSKY; DVIR, 2008).
Figura 3: a) Atlas (visão superior); b) Axis (visão frontal)

Coluna Torácica
O tórax (Figura 4) é limitado posteriormente pela
coluna torácica, lateralmente pelas costelas (no
sentido craniocaudal são sete pares de costelas
verdadeiras, três pares de costelas falsas e dois
pares de costelas flutuantes) e anteriormente pelo
esterno. Devido a esta conformação, a coluna
torácica possui uma mobilidade restrita para os
movimentos de flexão/extensão, rotação e flexão
lateral. Desta forma, o principal movimento nesta
região é o de pequena ADM realizado pelas
costelas, fundamentais para a mecânica
respiratória. Tal movimento, que se assemelha a
uma alça de balde nas costelas verdadeiras, leva à
expansão da caixa torácica com a elevação das
costelas durante a inspiração e à depressão destas
durante a expiração (GRAEBER; NAZIM, 2007).
Figura 3: Tórax (adaptado de GRAEBER; NAZIM, 2007)

Coluna Lombar
A coluna lombar possui cinco vértebras e realiza os
movimentos de flexão/extensão, rotação e flexão
lateral. O sacro e o cóccix, por serem peças
fundidas, não possuem uma ADM considerável
(XIA et al, 2010). Devido a este arranjo anatômico e
biomecânico, as cargas mais lesivas sobre os discos
intervertebrais lombares envolvem o excesso de
flexão, rotação e absorção de vibrações
(McKENZIE, 1997)
Fáscia Toracolombar
A tela subcutânea do dorso é espessa e prende-se,
no plano mediano, aos processos espinhosos das
vértebras, ligamentos supraespinhais e ligamento
da nuca. Estende-se lateralmente, envolvendo os
músculos do dorso e é contínua com faces do
pescoço, axila, tórax e abdome. Esta fáscia do
dorso, na região da nuca é chamada fáscia da nuca.
No restante de seu comprimento é nomeada fáscia
toracolombar (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Esta fáscia auxilia na estabilização da coluna
vertebral, manutenção da postura, distribuição de
cargas dinâmicas e estáticas e na mecânica da
respiração (BARWICK et al, 2012). Ela é formada
por tecido conectivo (fibras colágenas com
direcionamento irregular) e aponeuroses (com
direcionamento regular do colágeno), que, no
conjunto de suas camadas, separam os músculos
paravertebrais dos músculos da parede abdominal
posterior – quadrado lombar e iliopsoas
(DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Sua atuação dinâmica transfere forças da coluna,
pelve e membros inferiores (MMII), permitindo a
estabilização da coluna lombar, da articulação
sacroilíaca e da pelve, em especial durante a
rotação de tronco. Este mecanismo complexo
envolve o glúteo máximo e o longuíssimo do dorso,
que conduzem forças contralaterais através da
camada posterior da fáscia toracolombar durante
rotações. Esta transferência de força, na
sequência, envolve transverso abdominal e
oblíquos aumentando a pressão intra-abdominal e
a rigidez da coluna lombar, causando maior força
no fechamento da sacroilíaca e estabilizando a
pelve. Por outro lado, durante a flexão, o aumento
da tensão desta fáscia diminui sua dimensão
lateral, aumentando o momento extensor da
coluna lombar (WILLARD et al, 2012).
No entanto, esta atuação fica falha quando há
fraqueza de multífidos, tido como o principal
estabilizador das articulações zigoapofisárias
lombares (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Esta falha decorre da perda de volume do multífido
atrofiado, que diminui o mecanismo de
amplificação hidráulica da fáscia toracolombar,
que ajuda os músculos paravertebrais a
suportarem a coluna lombossacra. Assim, ocorre
um maior deslocamento de ílio, com consequente
desestabilização da sacroilíaca (WILLARD et al,
2012).
Em contraposição, a hiperativação do multífido,
em decorrência da má postura assentada ou de
hiperlordose (NORKIN; LEVANGIE, 2001), pode
causar síndrome compartimental. Neste caso as
terminações nociceptivas e proprioceptivas da
fáscia toracolombar podem servir como
mecanismo causador de lombalgias (WILLARD et
al, 2012).
Acometimentos de Coluna Vertebral
Os acometimentos envolvendo a coluna vertebral
são muito comuns. No entanto, como a dor é um
evento multifatorial, há muita dificuldade em se
precisar incidência e prevalência de ocorrência de
sintomas relacionados à coluna vertebral. Assim,
a prevalência de dor de coluna lombar no Brasil
varia, de acordo com a metodologia utilizada pelos
pesquisadores, entre 3,8 e 4,2% para dor crônica
(mais que 7 semanas), entre 13,1 e 66,8% para dor
aguda no último ano e até 93,3% para dor em
algum momento da vida (NASCIMENTO; COSTA,
2015). McKenzie (1997), por sua vez, estima que
mais de 60% da população economicamente ativa
experimente um episódio de lombalgia ao menos
uma vez na vida e Hartvigsen et al (2018) atentam
para o aumento desta incidência em países em
desenvolvimento e por razões idiopáticas.
Os acometimentos envolvendo a coluna vertebral
são muito comuns. No entanto, como a dor é um
evento multifatorial, há muita dificuldade em se
precisar incidência e prevalência de ocorrência de
sintomas relacionados à coluna vertebral. Assim, a
prevalência de dor de coluna lombar no Brasil
varia, de acordo com a metodologia utilizada pelos
pesquisadores, entre 3,8 e 4,2% para dor crônica
(mais que 7 semanas), entre 13,1 e 66,8% para dor
aguda no último ano e até 93,3% para dor em algum
momento da vida (NASCIMENTO; COSTA, 2015).
McKenzie (1997), por sua vez, estima que mais de
60% da população economicamente ativa
experimente um episódio de lombalgia ao menos
uma vez na vida e Hartvigsen et al (2018) atentam
para o aumento desta incidência em países em
desenvolvimento e por razões idiopáticas.
Radiculopatia
A radiculopatia, que é a dor que irradia na
distribuição de uma dada raiz nervosa, seguindo
seu dermátomo (Quadro 1) e causando fraqueza em
seu miótomo (Quadro 2), é a complicação mais
comum. Seu início é insidioso, e sua causa está
relacionada à compressão intermitente da raiz
nervosa. Na coluna cervical esta compressão está
relacionada ao estreitamento do forâmen
intervertebral causado pela presença de osteófitos.
Na coluna lombar, a causa mais comum é a
herniação do disco intervertebral. Outras
possibilidades envolvem infecções vertebrais,
neoplasmas, lesões traumáticas e neuropatias
periféricas (SALTER, 2001).
A sintomatologia começa com alterações de
sensibilidade, normalmente dor, parestesia,
dormência e formigamento, posteriormente podem
surgir sintomas motores, que são equivalentes à
compressão de motoneurônios inferiores. Entre os
fatores que causam exacerbação dos sintomas,
tem-se movimentos que causam aumento da
compressão da raiz nervosa ou da tensão neural.
Na coluna cervical e torácica estes movimentos
são flexão e rotação contralateral à lesão. Na
coluna lombar são flexão e flexão lateral
ipsilateral à lesão. A tosse ou o espirro, por
aumentar a pressão intra-abdominal, também
pode causar piora da dor.
Quadro 1: Dermátomos por raiz nervosa

C1 Abóbada craniana
C2 Abóbada craniana e face
C3 Lateral de pescoço
C4 Lateral dos ombros
C5 Lateral de ombro, braço e antebraço até
eminência tênar
C6 Lateral de ombro, braço, antebraço e os
dois primeiros dedos
C7 Posterior de ombro, braço, antebraço e
dos três primeiros dedos
C8 Anteromedial de mão e dois últimos
dedos
T1 Medial de antebraço
T2 a L2 Alternam dermátomos no tronco e
abdome, as raízes pares à esquerda, as ímpares à
direita
L3 Anterolateral de coxa até o joelho
L4 Posteromedial de coxa, perna e pé, até o I
dedo
L5 Anterolateral de perna e 4 últimos dedos
S1 Lateral de perna e pé e sola do pé
S2 Sola do calcanhar
Quadro 2: Miótomos por raiz nervosa

C1-C2 Flexão de pescoço


C3 Flexão lateral de pescoço
C4 Elevação de ombros
C5 Abdução de ombros
C6 Flexão de cotovelo e extensão de punho
C7 Extensão de cotovelo e flexão de punho
C8 Extensão do polegar e desvio ulnar
T1 Abdução de dedos
T2 a T12 Músculos torácicos e abdominais, exceto
o diafragma
L1 – L2 Flexão de quadril
L3 Extensão de joelho
L4 Dorsiflexão
L5 Extensão do polegar
S1 Flexão plantar
S2 – S3 Flexão de joelho

Por outro lado, McKenzie descreve movimentos


que podem descomprimir a raiz nervosa. Na coluna
cervical é o movimento de retração, associada ou
não à extensão. Na coluna torácica é a extensão
(McKENZIE, 1998). Na coluna lombar os
movimentos são extensão e desvio lateral da pelve
contralateral ao sintoma (McKENZIE, 1997).
Síndromes facetarias

As síndromes facetarias são a inflamação ou


edema das estruturas das articulações
zigoapofisárias, em qualquer um dos segmentos da
coluna vertebral. Seu tratamento envolve correção
da postura para reduzir o estresse na região
lombar e na cervical, modificação da atividade,
Fisioterapia e medicamentos. A cirurgia de
bloqueio facetário é efetiva, mas possui até 50% de
recidiva (SILVA et al, 2011).

Cervicalgia
Cervicalgia é a dor local na coluna cervical,
podendo ir até o ângulo inferior da escápula. A
cervicobraquialgia é a dor na coluna cervical que
irradia para o membro superior (MS), atingindo
regiões distais, abaixo do cotovelo (McKENZIE,
1998).
Na ausência de traumas, má formações, infecções
e episódios agudos de travamento articular, tais
acometimentos podem surgir em qualquer
momento do processo de degeneração articular da
coluna cervical, principalmente nos níveis C5/6 e
C6/7. Durante este processo, ocorrem, nesta
ordem, os seguintes eventos (SALTER, 2001):
1. Degeneração inicial do núcleo pulposo; 2.
Instabilidade segmentar; 3. Estreitamento
segmentar; 4. Doença degenerativa articular
nas articulações facetárias posteriores; 5.
Espondilose (degeneração do disco); 6.
Espondilólise (fratura do pedículo vertebral);
7. Espondilolistese (fratura do pedículo
vertebral com deslocamento).
Mas, não apenas condições articulares e do
disco intervertebral são geradoras de dor,
lesões de partes moles, como distensões e
tendinoses podem ser causadoras de
cervicalgias. Da mesma forma, condições
psicossociais podem influenciar em sua
intensidade (MAGEE, 2010).
A partir do momento em que ocorre a
instabilidade da articulação o corpo reage
com a formação de oteófitos, que podem ou
não estar associados à dor, embora nunca
sejam a fonte desta (SALTER, 2001).
Além da dor os sintomas podem envolver
limitação de movimento, principalmente rotação
e flexão lateral, crepitações e possibilidade de
comprometimento neurológico de MS. No
entanto, é importante que se exclua as
possibilidades de lesões de vias aéreas superiores
e esôfago, angina, infarto do miocárdio, oclusão
da artéria carótida, neoplasias e compressão do
nervo ulnar no cotovelo e do mediano no punho
(MAGEE, 2010).
Acompanhar o trajeto desta dor e os movimentos
associados a mudança de intensidade pode
ajudar a identificar uma radiculopatia. A dor
abaixo do cotovelo, com maior intensidade
distal, e, muito provavelmente, seguindo os
dermátomos das raízes C5 a C7 e dor de cabeça
com maior intensidade na cabeça que na cervical
(dermátomo de C1 a C4), podem indicar
envolvimento de raízes nervosas (SALTER, 2001).
O exame clínico deve abranger os movimentos
ativos de rotação, flexão e extensão, seguidos de
retração. Caso não haja mudança de sintomas
com a execução repetida de movimentos de
retração, deve-se tentar o movimento de
protrusão. Caso o trainee esteja apresentando
episódio de torcicolo agudo, a posição deitada em
prono com hiperextensão da cervical pode ser
benéfica (McKEZIE, 1998).
Não havendo nenhum tipo de alívio nestes
movimentos, o trainee deve ser encaminhado
para avaliação de um Fisioterapeuta e/ou
Ortopedista. Sob nenhuma circunstância a
manipulação da coluna cervical, ou seja, sua
movimentação forçada e rápida em pequena
amplitude (MAITLAND et al, 2007), deve ser
executada por uma pessoa que não tenha o
treinamento necessário. Esta manobra, sem os
devidos testes especiais preliminares pode,
inclusive, desencadear sangramento ou hipóxia
intracraniana (MAKOFSKY; TARANTO, 2006).
Por fim, todo o Profissional de Saúde tem plenas
condições de verificar se a origem da dor é
realmente a Coluna Cervical! Para isto, ele tem de
verificar a possibilidade de acometimento da
articulação temporomandibular (ATM), que se
evidencia quando há abertura assimétrica da boca;
do ombro, que se evidencia com alterações do ritmo
escapuloumeral. Sintomas distais, envolvendo
cotovelo e complexo punho mão, são excluídos de
causadores de sintomas quando o movimento do
pescoço altera o padrão e intensidade da dor
(MAGEE, 2010).

Síndrome cruzada de ombros


Síndrome cruzada de ombros
Desequilíbrio causado pelo aumento da rigidez ou
encurtamento de trapézio superior, peitorais,
elevador de escápula e esternocleidomastoideo.
Na observação o trainee pode apresentar
protrusão de ombros e cabeça e rotação medial de
ombros (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Pode gerar
dor na cervical com foco em trapézio superior,
principalmente por causa das alterações do ritmo
escapuloumeral.
Lombalgia
Lombalgia é a dor local na coluna lombar, podendo
ir até o ângulo inferior da escápula. A
lombociatalgia é a dor na coluna lombar que
irradia para o membro inferior (MI), atingindo
regiões distais, abaixo do joelho (McKENZIE, 1997).
O principal mecanismo é a espondilose,
degeneração da articulação zigoapofisária e
disfunções musculares (MAGEE, 2010). No caso da
espondilose, seu auge é a hérnia de disco, em seus
diferentes níveis: 1. Protrusão, deslocamento do
núcleo pulposo para dentro do anel fibroso; 2.
Prolapso, deslocamento do núcleo pulposo para o
canal medular sem a ruptura do anel fibroso; 3.
Extrusão, deslocamento do núcleo pulposo para o
canal medular com ruptura do anel fibroso; 4.
Sequestro, cicatrização de fragmento do disco
intervertebral dentro do canal medular (SALTER,
2001).
Por muito tempo acreditou-se que a redução do
deslocamento do núcleo pulposo era a chave do
tratamento para as hérnias (McKENZIE, 1997), no
entanto, hoje sabe-se que o mecanismo está mais
relacionado a alterações de pontos de maior
sensibilidade dolorosa e a melhora da
estabilização lombopélvica e do core
(STANDAERT; HERRING, 2007).Além da dor, a
lombalgia pode estar associada à limitação de
movimento, principalmente flexão e flexão lateral,
crepitações e possibilidade de comprometimento
neurológico de MI (MAGEE, 2010).
Caso o trainee, na observação, apresente algum
desvio lateral de coluna lombar e/ou torácica,
torna-se necessário que se observe se tal escoliose
é estrutural ou funcional. Tal avaliação, feita
através da verificação da gibosidade, indica se a
escoliose é passível de tratamento, ou seja,
funcional, ou não, ou seja, estrutural (NORKIN;
LEVANGIE, 2001)
O exame clínico deve abranger os movimentos
ativos de flexão e extensão. Caso não haja
mudança de sintomas com a execução repetida de
movimentos de extensão, deve-se tentar o
movimento de deslocamento lateral da pelve na
direção contralateral à dor (McKEZIE, 1997).
Novamente, o Profissional de Saúde tem plenas
condições de verificar se a origem da dor é
realmente a Coluna Lombar! Para isto, ele tem de
verificar a possibilidade de acometimento da
articulação sacroilíca, que se evidencia quando há
instabilidade no ritmo lombopélvico; do quadril,
joelho ou tornozelo-pé que se evidenciam com a
perda de ADM (MAGEE, 2010).

A Síndrome pélvica cruzada


Causada pela diferença de atividade muscular de
flexores de quadril e extensores lombares quando
comparado a extensores de quadril e abdominais.
Implica em hiperlordose associada à anteversão
pélvica, ou em retroversão pélvica associada à
retificação da coluna lombar, ou na anteriorização
com manutenção de retroversão da pelve,
caracterizando a antepulsão pélvica (NORKIN;
LEVANGIE, 2001).
Pode causar dor em decorrência das alterações do
ritmo lombopélvico e pela compressão assimétrica
do disco intervertebral lombar.

Síndrome de abdução do quadril


Caracteriza-se por aumento da rigidez ou
encurtamento de adutores de quadril, tensor da
fáscia lata e quadrado lombar, associado à inibição
de glúteo médio e rotadores laterais de quadril.
Durante a observação, o trainee pode apresentar
anteroversão pélvica, elevação da pelve do lado
afetado, rotação medial de quadril e pronação do
pé, mais acentuada contralateral à síndrome
(LIMA, 2017).
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back pain is and why we need top ay attention. The Lancet, v. 391, n.
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