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VERTEBRAL
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Coluna Torácica
O tórax (Figura 4) é limitado posteriormente pela
coluna torácica, lateralmente pelas costelas (no
sentido craniocaudal são sete pares de costelas
verdadeiras, três pares de costelas falsas e dois
pares de costelas flutuantes) e anteriormente pelo
esterno. Devido a esta conformação, a coluna
torácica possui uma mobilidade restrita para os
movimentos de flexão/extensão, rotação e flexão
lateral. Desta forma, o principal movimento nesta
região é o de pequena ADM realizado pelas
costelas, fundamentais para a mecânica
respiratória. Tal movimento, que se assemelha a
uma alça de balde nas costelas verdadeiras, leva à
expansão da caixa torácica com a elevação das
costelas durante a inspiração e à depressão destas
durante a expiração (GRAEBER; NAZIM, 2007).
Figura 3: Tórax (adaptado de GRAEBER; NAZIM, 2007)
Coluna Lombar
A coluna lombar possui cinco vértebras e realiza os
movimentos de flexão/extensão, rotação e flexão
lateral. O sacro e o cóccix, por serem peças
fundidas, não possuem uma ADM considerável
(XIA et al, 2010). Devido a este arranjo anatômico e
biomecânico, as cargas mais lesivas sobre os discos
intervertebrais lombares envolvem o excesso de
flexão, rotação e absorção de vibrações
(McKENZIE, 1997)
Fáscia Toracolombar
A tela subcutânea do dorso é espessa e prende-se,
no plano mediano, aos processos espinhosos das
vértebras, ligamentos supraespinhais e ligamento
da nuca. Estende-se lateralmente, envolvendo os
músculos do dorso e é contínua com faces do
pescoço, axila, tórax e abdome. Esta fáscia do
dorso, na região da nuca é chamada fáscia da nuca.
No restante de seu comprimento é nomeada fáscia
toracolombar (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Esta fáscia auxilia na estabilização da coluna
vertebral, manutenção da postura, distribuição de
cargas dinâmicas e estáticas e na mecânica da
respiração (BARWICK et al, 2012). Ela é formada
por tecido conectivo (fibras colágenas com
direcionamento irregular) e aponeuroses (com
direcionamento regular do colágeno), que, no
conjunto de suas camadas, separam os músculos
paravertebrais dos músculos da parede abdominal
posterior – quadrado lombar e iliopsoas
(DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Sua atuação dinâmica transfere forças da coluna,
pelve e membros inferiores (MMII), permitindo a
estabilização da coluna lombar, da articulação
sacroilíaca e da pelve, em especial durante a
rotação de tronco. Este mecanismo complexo
envolve o glúteo máximo e o longuíssimo do dorso,
que conduzem forças contralaterais através da
camada posterior da fáscia toracolombar durante
rotações. Esta transferência de força, na
sequência, envolve transverso abdominal e
oblíquos aumentando a pressão intra-abdominal e
a rigidez da coluna lombar, causando maior força
no fechamento da sacroilíaca e estabilizando a
pelve. Por outro lado, durante a flexão, o aumento
da tensão desta fáscia diminui sua dimensão
lateral, aumentando o momento extensor da
coluna lombar (WILLARD et al, 2012).
No entanto, esta atuação fica falha quando há
fraqueza de multífidos, tido como o principal
estabilizador das articulações zigoapofisárias
lombares (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Esta falha decorre da perda de volume do multífido
atrofiado, que diminui o mecanismo de
amplificação hidráulica da fáscia toracolombar,
que ajuda os músculos paravertebrais a
suportarem a coluna lombossacra. Assim, ocorre
um maior deslocamento de ílio, com consequente
desestabilização da sacroilíaca (WILLARD et al,
2012).
Em contraposição, a hiperativação do multífido,
em decorrência da má postura assentada ou de
hiperlordose (NORKIN; LEVANGIE, 2001), pode
causar síndrome compartimental. Neste caso as
terminações nociceptivas e proprioceptivas da
fáscia toracolombar podem servir como
mecanismo causador de lombalgias (WILLARD et
al, 2012).
Acometimentos de Coluna Vertebral
Os acometimentos envolvendo a coluna vertebral
são muito comuns. No entanto, como a dor é um
evento multifatorial, há muita dificuldade em se
precisar incidência e prevalência de ocorrência de
sintomas relacionados à coluna vertebral. Assim,
a prevalência de dor de coluna lombar no Brasil
varia, de acordo com a metodologia utilizada pelos
pesquisadores, entre 3,8 e 4,2% para dor crônica
(mais que 7 semanas), entre 13,1 e 66,8% para dor
aguda no último ano e até 93,3% para dor em
algum momento da vida (NASCIMENTO; COSTA,
2015). McKenzie (1997), por sua vez, estima que
mais de 60% da população economicamente ativa
experimente um episódio de lombalgia ao menos
uma vez na vida e Hartvigsen et al (2018) atentam
para o aumento desta incidência em países em
desenvolvimento e por razões idiopáticas.
Os acometimentos envolvendo a coluna vertebral
são muito comuns. No entanto, como a dor é um
evento multifatorial, há muita dificuldade em se
precisar incidência e prevalência de ocorrência de
sintomas relacionados à coluna vertebral. Assim, a
prevalência de dor de coluna lombar no Brasil
varia, de acordo com a metodologia utilizada pelos
pesquisadores, entre 3,8 e 4,2% para dor crônica
(mais que 7 semanas), entre 13,1 e 66,8% para dor
aguda no último ano e até 93,3% para dor em algum
momento da vida (NASCIMENTO; COSTA, 2015).
McKenzie (1997), por sua vez, estima que mais de
60% da população economicamente ativa
experimente um episódio de lombalgia ao menos
uma vez na vida e Hartvigsen et al (2018) atentam
para o aumento desta incidência em países em
desenvolvimento e por razões idiopáticas.
Radiculopatia
A radiculopatia, que é a dor que irradia na
distribuição de uma dada raiz nervosa, seguindo
seu dermátomo (Quadro 1) e causando fraqueza em
seu miótomo (Quadro 2), é a complicação mais
comum. Seu início é insidioso, e sua causa está
relacionada à compressão intermitente da raiz
nervosa. Na coluna cervical esta compressão está
relacionada ao estreitamento do forâmen
intervertebral causado pela presença de osteófitos.
Na coluna lombar, a causa mais comum é a
herniação do disco intervertebral. Outras
possibilidades envolvem infecções vertebrais,
neoplasmas, lesões traumáticas e neuropatias
periféricas (SALTER, 2001).
A sintomatologia começa com alterações de
sensibilidade, normalmente dor, parestesia,
dormência e formigamento, posteriormente podem
surgir sintomas motores, que são equivalentes à
compressão de motoneurônios inferiores. Entre os
fatores que causam exacerbação dos sintomas,
tem-se movimentos que causam aumento da
compressão da raiz nervosa ou da tensão neural.
Na coluna cervical e torácica estes movimentos
são flexão e rotação contralateral à lesão. Na
coluna lombar são flexão e flexão lateral
ipsilateral à lesão. A tosse ou o espirro, por
aumentar a pressão intra-abdominal, também
pode causar piora da dor.
Quadro 1: Dermátomos por raiz nervosa
C1 Abóbada craniana
C2 Abóbada craniana e face
C3 Lateral de pescoço
C4 Lateral dos ombros
C5 Lateral de ombro, braço e antebraço até
eminência tênar
C6 Lateral de ombro, braço, antebraço e os
dois primeiros dedos
C7 Posterior de ombro, braço, antebraço e
dos três primeiros dedos
C8 Anteromedial de mão e dois últimos
dedos
T1 Medial de antebraço
T2 a L2 Alternam dermátomos no tronco e
abdome, as raízes pares à esquerda, as ímpares à
direita
L3 Anterolateral de coxa até o joelho
L4 Posteromedial de coxa, perna e pé, até o I
dedo
L5 Anterolateral de perna e 4 últimos dedos
S1 Lateral de perna e pé e sola do pé
S2 Sola do calcanhar
Quadro 2: Miótomos por raiz nervosa
Cervicalgia
Cervicalgia é a dor local na coluna cervical,
podendo ir até o ângulo inferior da escápula. A
cervicobraquialgia é a dor na coluna cervical que
irradia para o membro superior (MS), atingindo
regiões distais, abaixo do cotovelo (McKENZIE,
1998).
Na ausência de traumas, má formações, infecções
e episódios agudos de travamento articular, tais
acometimentos podem surgir em qualquer
momento do processo de degeneração articular da
coluna cervical, principalmente nos níveis C5/6 e
C6/7. Durante este processo, ocorrem, nesta
ordem, os seguintes eventos (SALTER, 2001):
1. Degeneração inicial do núcleo pulposo; 2.
Instabilidade segmentar; 3. Estreitamento
segmentar; 4. Doença degenerativa articular
nas articulações facetárias posteriores; 5.
Espondilose (degeneração do disco); 6.
Espondilólise (fratura do pedículo vertebral);
7. Espondilolistese (fratura do pedículo
vertebral com deslocamento).
Mas, não apenas condições articulares e do
disco intervertebral são geradoras de dor,
lesões de partes moles, como distensões e
tendinoses podem ser causadoras de
cervicalgias. Da mesma forma, condições
psicossociais podem influenciar em sua
intensidade (MAGEE, 2010).
A partir do momento em que ocorre a
instabilidade da articulação o corpo reage
com a formação de oteófitos, que podem ou
não estar associados à dor, embora nunca
sejam a fonte desta (SALTER, 2001).
Além da dor os sintomas podem envolver
limitação de movimento, principalmente rotação
e flexão lateral, crepitações e possibilidade de
comprometimento neurológico de MS. No
entanto, é importante que se exclua as
possibilidades de lesões de vias aéreas superiores
e esôfago, angina, infarto do miocárdio, oclusão
da artéria carótida, neoplasias e compressão do
nervo ulnar no cotovelo e do mediano no punho
(MAGEE, 2010).
Acompanhar o trajeto desta dor e os movimentos
associados a mudança de intensidade pode
ajudar a identificar uma radiculopatia. A dor
abaixo do cotovelo, com maior intensidade
distal, e, muito provavelmente, seguindo os
dermátomos das raízes C5 a C7 e dor de cabeça
com maior intensidade na cabeça que na cervical
(dermátomo de C1 a C4), podem indicar
envolvimento de raízes nervosas (SALTER, 2001).
O exame clínico deve abranger os movimentos
ativos de rotação, flexão e extensão, seguidos de
retração. Caso não haja mudança de sintomas
com a execução repetida de movimentos de
retração, deve-se tentar o movimento de
protrusão. Caso o trainee esteja apresentando
episódio de torcicolo agudo, a posição deitada em
prono com hiperextensão da cervical pode ser
benéfica (McKEZIE, 1998).
Não havendo nenhum tipo de alívio nestes
movimentos, o trainee deve ser encaminhado
para avaliação de um Fisioterapeuta e/ou
Ortopedista. Sob nenhuma circunstância a
manipulação da coluna cervical, ou seja, sua
movimentação forçada e rápida em pequena
amplitude (MAITLAND et al, 2007), deve ser
executada por uma pessoa que não tenha o
treinamento necessário. Esta manobra, sem os
devidos testes especiais preliminares pode,
inclusive, desencadear sangramento ou hipóxia
intracraniana (MAKOFSKY; TARANTO, 2006).
Por fim, todo o Profissional de Saúde tem plenas
condições de verificar se a origem da dor é
realmente a Coluna Cervical! Para isto, ele tem de
verificar a possibilidade de acometimento da
articulação temporomandibular (ATM), que se
evidencia quando há abertura assimétrica da boca;
do ombro, que se evidencia com alterações do ritmo
escapuloumeral. Sintomas distais, envolvendo
cotovelo e complexo punho mão, são excluídos de
causadores de sintomas quando o movimento do
pescoço altera o padrão e intensidade da dor
(MAGEE, 2010).