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O joelho é uma das articulações com uma grandiosa amplitude de movimento, localizada na
porção central do membro inferior e sustentada por estabilizadores estáticos, que são
ligamentos, meniscos e cápsulas. Suas dimensões articulares são formadas pelos côndilos do
fêmur, planalto tibial e patela, que possibilitam locomoções de rotação externa e interna,
rolamento e deslizamento.
A junção patelofemoral se caracteriza por uma articulação plana sinovial, que tem como
superfícies articulares a face patelar presente no fêmur e a face posterior da patela, que é o
maior osso sesamóide e tem como função aumentar o braço de alavanca do músculo
quadríceps, além de proteção articular da tróclea. Apresenta uma base superior e um ápice
inferior. O compartimento lateral da patela é maior que o medial, sendo mais côncavo, o que
possibilita perfeito encaixe com a face patelar do fêmur e um perfeito deslizamento da patela
sobre o fêmur durante o movimento de flexão e extensão do joelho. A presença de forças
anormais pode modificar o alinhamento da patela, podendo gerar sérias consequências, ou
patologias (SACCO, 2015).
A articulação do joelho é uma das articulações mais afetadas pela condropatia, devido
à função mecânica que esta dessempenha no membro inferior. Por ser a articulação central
dos membros inferiores e ser estabilizada especificamente por ligamentos, a articulação do
joelho está susceptível a lesões e a sobrecarga articular devido à obesidade, atividades
ocupacionais repetitivas, períodos prolongados em posição agachada e ajoelhada,
lesões de meniscos e ligamentos, atividades esportivas de alto impacto, fatores endócrinos,
genéticos e idade (RODRIGUES e CAMARGO, 2017).
Sua etiologia é desconhecida apresentando diversos fatores nos quais podem acarretar a
mesma, incluindo-se o mau alinhamento patelar, traumas diretos, luxação e subluxação
patelar, fraturas ósseas, síndromes e tendinites relacionadas aos ligamentos dos joelhos e
tendões musculares, ineficiência do vasto medial, lesões ligamentares e aumento do ângulo Q
(ROQUE et al. 2012).
Diante disto, o fortalecimento do CPL por meio da fisioterapia tem a finalidade de reduzir os
sintomas da condropatia e prevenir novas lesões, juntamente com toda musculatura envolvida
do joelho, proporcionando redução de quadros álgicos, melhora da funcionalidade e sendo
assim promovendo qualidade de vida.
1.2 Hipóteses
1.3 Justificativa
O complexo póstero lateral, que compõe-se por tendão poplíteo, ligamento colateral
lateral e ligamento popliteofibular, é um arranjo fundamental da articulação
do joelho, o fortalecimento do CPL tem a finalidade de reduzir os sintomas da condropatia e
prevenir novas lesões, proporcionando redução de dores e melhora da funcionalidade.
A fisioterapia fornece uma ampla gama de exercícios terapêuticos, com destaque para a
cinesioterapia. Essa abordagem terapêutica favorece o alongamento, o alívio das dores, o
aumento da amplitude de movimento e a maximização da flexibilidade. Além disso, promove
a penetração e o estímulo entre as fibras, tendões e ligamentos musculoesqueléticos,
resultando na melhoria da propriocepção, aperfeiçoamento da mecânica dos movimentos
articulares e correção da má postura e mau alinhamento patelar. Essas disciplinas beneficiam
significativamente os sistemas fisiológicos e mecânicos do corpo humano.
1.4 Objetivos
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Biomecânica do joelho e suas estruturas
2.1.1 Anatomia do joelho
A articulação do joelho é a maior e uma das mais complexas articulações do corpo. Ela é
uma articulação em dobradiça sinovial, que satisfaz os requisitos de uma articulação de
sustentação de peso, permitindo livre movimento em um plano somente combinado com
considerável estabilidade, particularmente em extensão (MULLER, 2006; CIRIMBELLI,
2005).
Qualquer alteração que possa acometer essa região do organismo, pode acarretar problemas
em seu desempenho e funcionalidade, atrapalhando suas atividades realizadas ao decorrer
do dia (BORGES; SOUZA, 2022).
Diante a articulação do joelho encontramos 3 ossos nos quais fazem parte desse complexo
anatômico, sendo eles: o fêmur no qual auxilia na sustentação óssea e muscular, a tíbia a
qual exerce um papel de ajuda no sistema de alavanca diante as fases da marcha, e a patela
uma facilitadora ao movimento de extensão de membro inferior, gerando um auxílio na
força do membro (NETTER, 2019).
O fêmur, osso mais longo do corpo, está localizado na coxa, esse osso é inclinado no
sentido anterior e diagonal, partindo de lateral para medial, desde o quadril até o joelho.
Proximal ao fêmur articula-se com a pelve e distal ao mesmo está articulado com a tíbia e a
patela, que é o maior osso sesamóide do corpo (HANSEN; LAMBERT, 2007).
Situada na região abaixo da articulação de joelho, e acima da articulação de tornozelo se
encontra a tíbia, a qual desempenha o papel de aguentar o peso no qual é descarregado
durante a marcha corporal, ao seu lado lateralmente ao plano anatômico humano encontra-
se a fíbula onde sua principal função é a fixação de músculos, tendões e ligamentos
(LUCIANO, 2013).
Dentre os espaços situados aos ossos se encontram bolsas sinoviais sendo elas subcutâneas,
subfaciais e subtendíneas as quais se conectam e interligam aos tendões, ligamentos, e
meniscos facilitando o deslizamento patelar e o amortecimento da sobrecarga corporal,
tendo grande relevância perante o bom funcionamento articular (GUIMARÃES et al. 2006).
A Patela por sua vez é um osso no qual se enquadra dentre as classificações de ossos
sesamóides, nos quais a sua maioria se encontra inseridos tendões musculares, a mesma é
articulada ao fêmur e desempenha a função de proteção anterior ao joelho e a movimentação
articular, auxiliando ativamente no movimento de extensão (HAUPENTHAL; SANTOS,
2006). O ligamento patelar por sua vez contém fibras resistentes e com grande poder de
força, sendo capaz de suportar pressões e energias cinéticas acima do peso corporal de sua
anatomia humana completa (PACCOLA; PICADO, 1996).
A porção dos ossos nos quais integram a articulação do joelho é revestida por uma cápsula
articular na qual dispõe de uma membrana sinovial, dentre o espaço fisiológico situado
entre os ossos fêmur e tíbia é encontrado discos de fibra cartilaginosa denominados
meniscos tendo a fixação de seus cornos na região de epífise tibial (SOUZA et al. 2020).
Os meniscos executam o posto de amortecedores fisiológicos, os mesmos absorvem grande
parte da energia vinda a articulação sendo resistentes a grandes cargas e impactos,
contribuindo na funcionalidade anatômica do joelho (D’ELIA et al. 2005).
Para compreender as origens desse problema, é essencial uma análise minuciosa e abrangente
para explicar o surgimento dessa patologia comumente observada. Entre os possíveis fatores
causais, destaca-se o elevado nível de carga exercido durante a realização de atividades
físicas e movimentos (DUARTE; HIRATA, 2007).
Alterações em músculos de sustentação bípede corroboram a essa situação de lesão, como os
músculos do quadril, a fraqueza do mesmo pode aumentar a carga de impacto exercida
durante exercícios, sobrecarregando assim a articulação e
podendo gerar um mau alinhamento patelar durante os movimentos realizados do membro
(SILVA, 2008).
Desequilíbrios de força ou encurtamento de tendões acarretaram dificuldades a realizações de
exercícios como o agachamento, fazendo com que outras articulações compensem a
limitação que o membro dispõe, aumentando assim o torque do exercício proposto e
sobrecarregando a articulação (PRADO, 2004).
Quando há falta de força nos músculos do quadríceps durante a execução do agachamento, o
membro tenta compensar essa deficiência inclinando o joelho para a frente. Nesse contexto,
há uma propensão a aliviar a carga após ultrapassar uma determinada amplitude, o que pode
resultar em lesões no joelho (OLIVEIRA, 2012).
O excesso de peso contribui para esse tipo de lesão, da mesma forma que cargas elevadas e
má execução de exercícios específicos sobre o joelho. O sobrepeso é um fator significativo
que pode levar ao desenvolvimento da condromalácia patelar, especialmente quando a
capacidade excede o índice de massa corporal recomendado para altura e peso, podendo
impactar o padrão natural e morfológico da articulação do joelho (BRANDALIZE, 2010).
O Ângulo Q, também conhecido como ângulo do quadríceps, destaca-se como um dos
ângulos fundamentais na avaliação do alinhamento entre a espinha ilíaca superior e o ponto
médio da patela, sendo identificado traçando uma linha entre essas estruturas (PIAZZA et al.,
2014) .
Na maioria das vezes, o ângulo Q exerce influência direta sobre o joelho, especialmente na
posição patelar. Um alinhamento inadequado ou um aumento nessa angulação tende a
intensificar a pressão na região anterior da patela, aumentando a probabilidade de danos ao
tendão durante movimentos de esforço (MELO DE PAULA et al., 2004).
A angulação considerada dentre os padrões da normalidade para homens se encontra na faixa
abaixo de 15° e de mulheres abaixo de 20°, porém as mesmas podem variar diante fatores e
condições fisiológicas (BELCHIOR et al. 2006).
Embora haja vários fatores associados ao desenvolvimento da condromalácia patelar, isso
não implica que seja uma condição universal para todos os praticantes das atividades
mencionadas acima. No entanto, é importante destacar que grupos cujas atividades diárias se
enquadram nessas possíveis causas tendem a apresentar uma maior suscetibilidade a essa
patologia (SILVA, 2021).
2.3.4 Eletroestimulação
A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS), desde sua introdução em 1967, tem
sido amplamente empregada como terapia para o rompimento da dor na condromalácia
patelar. No entanto, o mecanismo exato de neuromodulação da dor ainda não está
completamente esclarecido, conforme proposto por Morgan e Santos (2017).
Esse método é recomendado para aliviar dores agudas ou crônicas que podem limitar a
progressão do programa de reabilitação para lesões no joelho, fundamentado na teoria das
comportas. Um dispositivo específico transmite impulsos elétricos de baixa tensão por meio
de eletrodos colocados sobre a pele na área afetada do corpo. Foi constatada uma diminuição
na sensação de dor e uma melhoria na capacidade funcional em indivíduos investigados com
condropatia de joelho, de acordo com as observações de Rodrigues e Camargo (2017).
A Laserterapia de Baixa Intensidade (LBI) é um recurso terapêutico que também vem sendo
utilizado, relativamente novo, mas seus efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e cicatrizantes
têm sido extensivamente pesquisados e referenciados na literatura. Esta modalidade
terapêutica não demonstra efeitos colaterais e possui poucas contraindicações. A Laserterapia
apresenta efeitos bioestimuladores, notadamente associados à rápida absorção da energia
pulsada por organelas celulares específicas e membranas em tecidos subcutâneos. Esses
efeitos têm o potencial de beneficiar pacientes com condromalácia, resultando em uma
possível ampliação do alívio da dor ou facilitação do processo de reparo tecidual. Isso se
deve à rápida resolução do processo inflamatório e do edema, à síntese acelerada de colágeno
e ao aumento da atividade dos condrócitos (Alfredo, 2011).
4 RESULTADOS ESPERADOS
O tratamento fisioterapêutico para a condromalácia patelar visa alcançar uma série de
resultados benéficos para os pacientes. Em primeiro lugar, espera-se uma redução
significativa da dor associada à condição, conforto e melhor qualidade de vida. Além disso,
pretende-se promover o fortalecimento adequado dos músculos envolvidos nas articulações
do joelho, especialmente os quadríceps, estabilizar a patela e melhorar a biomecânica das
articulações.
Aumentar a amplitude de movimento, a flexibilidade e a propriocepção são metas
importantes para restaurar a função normal da articulação. A correção de desequilíbrios
posturais e a promoção de padrões de movimento são objetivos adicionais que podem
contribuir para prevenir recorrências de condromalácia patelar.
Em última instância, espera-se que o tratamento fisioterapêutico resulte na melhoria global da
funcionalidade e na retomada das atividades diárias sem as limitações causadas pela
condição.
A abordagem fisioterapêutica focada no fortalecimento do complexo póstero lateral apresenta
uma série de resultados esperados significativos no contexto da condromalácia patelar.
Antecipa-se uma redução substancial da dor associada à condição, resultando do reforço dos
músculos responsáveis pela estabilização da patela. Espera-se, igualmente, que o
fortalecimento direcionado contribua para melhorar a biomecânica da articulação do joelho,
promovendo um alinhamento mais adequado. Aumentar a resistência e a força dos músculos
do complexo póstero lateral visa não apenas diminuir a pressão na patela, mas também
prevenir futuras
lesões. Isso pode resultar na diminuição da dor associada à condição, permitindo uma melhor
função e mobilidade do joelho.
O impacto positivo no equilíbrio muscular e na estabilidade articular é esperado,
proporcionando aos pacientes uma melhoria global na qualidade de vida e a capacidade de
retomar suas atividades diárias sem as restrições impostas pela condromalácia patelar.