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LABORATÓRIO DE MOVIMENTO FUNCIONAL HUMANO

MOVIMENTOS DA COLUNA CERVICAL

MOVIMENTOS DA COLUNA CERVICAL

Constituída por 33 vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 3


ou 4 coccígeas), a coluna vertebral tem estrutura móvel e resistente (KISNER & COLBY,
2016). Cada uma de suas regiões tem uma estrutura ligeiramente diferente, gerando
uma variedade de funções, incluindo a produção de movimento (HAMILL, 2016).

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E PARTICULARIDADES NA


PRODUÇÃO DO MOVIMENTO CERVICAL

A coluna da região cervical é formada por sete vértebras, das quais duas são
morfologicamente distintas, enquanto as outras seguem uma morfologia semelhante
(KISNER & COLBY, 2016). Devido a sua morfologia distinta, ela é subdividida em duas
áreas: região cervical superior (cervicoencefálica) e região cervical inferior
(cervicobraquial) (MAGEE, 2010).

As duas regiões atuam de maneira conjunta, contribuindo para a execução dos


movimentos de cabeça e pescoço. Contudo, devem-se considerar as particularidades de
cada um dos segmentos, ponderando que cada região não contribui de forma igual nos
movimentos, devido a suas estruturas diferenciadas; por isso, é essencial compreender
as particularidades de cada região na produção dos movimentos cervicais.

A região cervicoencefálica compreende as duas primeiras vértebras cervicais,


atlas (C1) e áxis (C2), conforme ilustrado na Figura 1:

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Figura 1 – Representação da primeira e segunda vértebra cervical.

A primeira delas, atlas, com formato de anel, não apresenta corpo vertebral e
processo espinhoso, mas processos transversos grandes, e em sua face superior há uma
depressão, que se liga ao osso occipital, dando origem a duas articulações, chamadas de
atlanto-occipitais (C0-C1) (KISNER & COLBY, 2016).

Devido a suas características estruturais, essas articulações transmitem forças da


cabeça para a coluna cervical e permitem movimentos de 15° a 20° de flexão e extensão,
e de 10° de inclinação lateral; no entanto, não permitem movimentos de rotação
(MAGEE, 2010).

O áxis (C2), localizado logo abaixo do atlas, apresenta faces articulares na região
laterossuperior, e uma região central onde se posiciona o processo odontoide. Seu
contato com a vértebra superior forma as articulações atlantoaxiais (C1-C2). Essas
articulações são, segundo Magee (2010), as mais móveis da coluna cervical. O principal
movimento realizado é a rotação, com amplitude (ADM) de cerca de 50°; além desse
movimento, permitem cerca de 10° de flexão e extensão e 5° de inclinação/flexão
lateral.

Esses movimentos, em especial o de rotação, são possíveis em tais amplitudes,


pois o processo odontoide do áxis atua como um ponto pivô da rotação. A rotação que
acontece na articulação atlantoaxial é extremamente importante do ponto de vista
funcional, pois corresponde a 50% da ADM total da rotação cervical (OATIS, 2014).

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A parte da coluna cervical inferior é formada pelas cinco vértebras inferiores (C3-
C4-C5-C6-C7). Diferentemente das articulações da cervical superior, as articulações
inferiores apresentam disco intervertebral e são do tipo sinoviais; nesses casos, as
articulações facetárias são responsáveis pelos movimentos, que acontecem em todos
os planos. A Figura 2 mostra algumas dessas características, que diferem essa região das
duas primeiras vértebras da cervical.

Figura 2 – Características estruturais das vértebras da coluna cervical inferior.

Segundo Magee (2010), a flexão desse segmento da coluna cervical gera uma
ADM aproximada de 35° até 40°, e uma extensão de 55° até 60°, em geral. A rotação no
segmento cervical inferior é de cerca de 35°.

MOVIMENTOS FUNCIONAIS DA COLUNA CERVICAL

Segundo Kisner & Colby (2016), a coluna cervical permite movimentos de


flexão/extensão, inclinação lateral e rotação. Em razão da complexa biomecânica da
região, as ADMs não são visualizadas de maneira fragmentada, uma vez que os
movimentos funcionais não refletem o movimento que ocorre no nível segmentar. Por

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isso, os movimentos acontecem associadamente, por meio de movimentos executados


tanto pelo segmento superior como pelo segmento inferior da coluna cervical, e, assim,
todas as estruturas contribuem com alguma amplitude para o movimento.

Os movimentos de flexão (inclinação para a frente) e extensão (inclinação para


trás) acontecem no plano sagital. Mecanicamente, ao realizar a flexão, a porção anterior
dos corpos das vértebras se aproxima e os processos espinhosos se separam, enquanto,
na extensão, a porção anterior dos corpos das vértebras se separa e os processos
espinhosos se aproximam.

Segundo Hamill (2016), espera-se um movimento combinado que proporcione


de 80° a 90° de flexão cervical e cerca de 70° de extensão, com a flexão e a extensão
máximas ocorrendo nos níveis de C1-C3 e C7-T1. O movimento de flexão é observado
ao encostar o queixo no peito e o de extensão, ao elevar o queixo sem mover o pescoço
(MAGEE, 2010).

A inclinação lateral (flexão lateral), cuja ADM esperada é de cerca de 20° a 45°,
acontece para ambos os lados, no plano frontal. Segundo Kisner & Colby (2016), nesse
movimento, as margens laterais dos corpos das vértebras se aproximam no lado para o
qual a coluna está fletindo, e se separam no lado contrário à inclinação. Esse movimento
é observado ao tentar encostar a orelha no ombro correspondente, cuidando para que
o ombro não se mova em direção à orelha, onde a ADM máxima ocorre em C2-C4.

A rotação da coluna cervical acontece no plano transverso, resultando em


movimento rotacional tanto para a direita (o corpo das vértebras superiores gira para a
direita e os respectivos processos espinhosos giram para a esquerda) como para a
esquerda. Esse movimento é observado ao olhar para a lateral, e a ADM esperada de
maneira associada de todos os segmentos cervicais é de 70° a 90°. A Figura 3 mostra a
execução desses movimentos.

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Figura 3 – Movimentos da coluna cervical (flexão, extensão, inclinação lateral e rotação).

Os movimentos cervicais têm ação muscular múltipla. Na extensão, têm-se os


músculos suboccipitais, transversoespinais, semiespinhais da cabeça e pescoço,
esplênio longuíssimo da cabeça e, superficialmente, o trapézio, que auxilia na extensão.

Os músculos flexores estão localizados anterolateralmente ao pescoço, e


incluem: esternocleidomastoideo, músculo longo do pescoço e da cabeça, retos
anteriores, escalenos e hioides. Trapézio, esplênio longuíssimo da cabeça, oblíquo
inferior, reto lateral e longo da cabeça atuam na flexão lateral (OATIS, 2014).

Para a rotação, citam-se as ações do trapézio e esternocleidomastoideo, que


giram a cabeça para o lado oposto ao músculo contraído, e do esplênio, longuíssimo,
semiespinhal e oblíquo inferior, que giram a cabeça para o mesmo lado do músculo.

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AVALIAÇÃO DOS MOVIMENTOS FUNCIONAIS DA COLUNA


CERVICAL

Acerca da avaliação, o exame dos movimentos cervicais é utilizado para avaliar


limitações e desordens cinético-funcionais que possam comprometer a região ou áreas
próximas, como cabeça, tronco e membros superiores. Essa etapa da avaliação deve ser
realizada após a anamnese detalhada do paciente.

A avaliação tem início com a inspeção, quando se analisam as condições dos


tecidos, a coloração da pele, retrações, alterações posturais, dentre outros aspectos.
Ressalta-se que, em relação à avaliação dos movimentos cervicais, é importante
respeitar que há variação normal de ADM entre pacientes. Idade, condição física,
flexibilidade, inclinação articular e frouxidão ligamentar ou capsular são condições que
afetam a mobilidade; por isso, é essencial uma avaliação individual dos movimentos.

Orienta-se que o exame físico da coluna cervical seja iniciado com a prática dos
movimentos ativos, incluindo: flexão, extensão, inclinação para a direita, inclinação e
rotação para os lados, podendo, também, ser realizados movimentos combinados. Em
relação à ordem dos movimentos ativos, indica-se que os movimentos com queixa
dolorosa do paciente sejam deixados por último, evitando, desse modo, que haja dor
residual na execução dos demais movimentos (MAGGE, 2010). Durante a execução dos
movimentos, o fisioterapeuta deve observar limitações de movimento, contraturas,
rigidez, bloqueios ou outras alterações.

Junto com a avaliação dos movimentos funcionais realizados ativamente, o


fisioterapeuta pode, ainda, avaliar a coluna cervical, por meio de movimentos passivos
e resistidos, garantindo uma avaliação completa das condições cinético-funcionais do
paciente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUTTON, Mark. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. Porto Alegre:


Artmed, 2006. 1399 p. ISBN 8536307277.

FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural. 16. ed. São Paulo: Manole, 2011. [1
recurso on-line]. ISBN 9788520452639.

HAMILL, Joseph. Bases biomecânicas do movimento humano. 4. ed. São Paulo: Manole,
2016. [1 recurso on-line]. ISBN 9788520451311.

KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos. 2. ed. São Paulo: Manole,
2019. [1 recurso on-line]. ISBN 9788520458266.

MAGEE, David J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. São Paulo: Manole, 2010. [1


recurso on-line]. ISBN 9788520451960.

OATIS, Carol A. Cinesiologia: a mecânica e a patomecânica do movimento humano 2.


São Paulo: Manole, 2014. [1 recurso on-line]. ISBN 9788520452578.

TANK, Patrick W.; GEST, Thomas R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artmed,
2009. XIV, 431 p. ISBN 9788536317052.
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