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O câncer de mama constitui um dos principais problemas de Saúde Pública no Brasil. É o tipo de
câncer que mais acomete mulheres no mundo, sendo o responsável pelo maior número de mortes.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2019, estima-se 59.700 novos casos diagnos-
ticados no Brasil.
A fisioterapia exerce um papel fundamental na reabilitação das mulheres que fazem o tratamento
do câncer, minimizando os efeitos colaterais do tratamento e, consequentemente, melhorando a
qualidade de vida das pacientes - especialmente no pós-operatório. Dentre os recursos fisiote-
rapêuticos, a cinesioterapia se destaca contribuindo na diminuição de complicações musculoes-
queléticas decorrentes do tratamento do câncer de mama (como os encurtamentos e retrações
musculares), dores e outras complicações que interferem negativamente nas AVD’S da mulher. Os
exercícios fisioterapêuticos são capazes de propor uma adequada reabilitação funcional promoven-
do uma melhor qualidade de vida.
Módulo II
Carcinogênese e fatores de risco para o
desenvolvimento do câncer de mama
A palavra câncer origina-se do grego Karkinos (para úlceras neoplásicas não cicatrizantes) e Karkiño-
ma (para tumores malignos sólidos) e do latim cancer que significa caranguejo, devido a semelhança
existente entre as veias entumecidas ao redor do tumor com as patas do caranguejo (INCA, 2011).
Câncer é um conjunto de mais de 100 doenças, que se caracteriza pelo crescimento anormal e
desordenado das células – que se proliferam descontroladamente dando origem a formação de
tumores. E, apresenta como característica, a capacidade de invadir órgãos e tecidos adjacentes
(INCA, 2012). Sendo a carcinogênese o nome dado ao processo de formação do câncer.
O câncer de mama apresenta causa multifatorial e, fatores genéticos e/ou ambientais, contribuem
para sua ocorrência (INCA, 2015). Há diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento da
doença - como fatores reprodutivos -, entre eles a menarca precoce, a nuliparidade (não ter tido
filhos), a idade maior do que 30 anos na primeira gestação, o uso de contraceptivos de alta dose
hormonal, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal. Fatores como a idade avançada,
cerca de 4 em cada 5 casos acontecem após 50 anos. Além de fatores nutricionais, obesidade, se-
dentarismo e inatividade física, exposição à radiação ionizante, alta densidade do tecido mamário,
histórico familiar de câncer principalmente câncer de mama e mutações genéticas (SINGLETARY,
2003; TIEZZI, 2009).
Módulo III
Sinais e sintomas de
câncer de mama
O câncer de mama pode ser assintomático - principalmente nas fases iniciais -, ou sintomático. É
importante observar os seguintes sinais:
Segundo estudo publicado no Jornal The Oncologist, até 30% das mulheres com câncer de mama
sofrerão com metástase, mesmo que a doença seja detectada precocemente (O’SHAUGHNESSY,
2005).
Metástase é o processo em que ocorre a formação de uma nova lesão tumoral distante do tumor
original. É a disseminação por via sanguínea ou linfática das células tumorais, que se desprendem
do tumor primário e colonizam tecidos distantes, criando novos tumores. Pulmões, fígado, ossos e
cérebro são os locais mais comuns de tumores metastáticos, sendo este o maior desafio no trata-
mento do câncer e um dos principais fatores responsáveis pela mortalidade, uma vez que mais de
90% das mortes por câncer se devam à metástase (INCA, 2011).
Módulo V
Estadiamento do câncer
O sistema TNM desenvolvido por Pierre Denoix, na França, entre 1943 e 1952 para classificação dos tu-
mores malignos é uma ferramenta adotada pela American Joint Committee on Cancer (AJCC) e a União
Internacional de Controle do Câncer (UICC) que permite, com base em determinadas normas, planejar o
tratamento, ter indicação do prognóstico, avaliar o resultados das terapêuticas, facilitar a troca de informa-
ções entre os centros de tratamentos e contribuir para uma investigação contínua sobre o câncer (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2004). Dessa forma tem-se:
São cinco classificações do câncer de mama (de 0 a 4), sendo o estágio zero o mais inicial e os estágios 3
e 4 os mais graves, conhecidos como câncer de mama avançado ou câncer de mama metastático (AME-
RICAN CANCER SOCIETY, 2019).
O tratamento cirúrgico do câncer de mama sofreu expressivas mudanças nas últimas décadas na
tentativa de torná-lo menos agressivo e com melhores resultados estéticos e psicológicos. Entre-
tanto estes procedimentos podem resultar em algumas complicações físicas, dentre elas:
1. Infecção;
2. Necrose de pele;
3. Seroma;
4. Aderência e deiscência cicatriciais;
5. Limitação da amplitude de movimento (ADM) do ombro;
6. Síndrome da rede axilar;
7. Dor;
8. Alteração sensorial;
9. Lesão de nervos;
10. Linfedema;
11. Fadiga.
A atuação fisioterapêutica através da cinesioterapia se faz importante e segura, por abranger pro-
gramas que auxiliam na melhora ou restabelecimento da função das pacientes sob tratamento
oncológico para o câncer de mama.
6.2 -Tratamentos complementares
6.2.1 - Radioterapia
A radioterapia é o tratamento local que consiste na utilização de radiações ionizantes para des-
truir ou inibir o crescimento das células anormais que constituem o tumor. De acordo com Lipsett
et al (2017), o tratamento com radioterapia adjuvante é o padrão adotado para mais de 90% das
pacientes que realizam cirurgia por câncer de mama. Sendo que a radioterapia, após as cirurgias
conservadoras da mama, está associada a uma redução de 22% da recorrência local em 10 anos,
redução de 5% no câncer de mama em 15 anos, redução de 5% na mortalidade global de 15 anos.
Comparando-se o tratamento com e sem radioterapia, ela reduz consideravelmente o número de
recorrência da doença, bem como a mortalidade.
O tratamento com radioterapia pode ser neoadjuvante, utilizado antes da cirurgia (com o objetivo
de reduzir o tamanho do tumor), ou adjuvante - quando aplicado após a cirurgia com o intuito de
destruir focos microscópicos de células tumorais minimizando o risco de recidiva local (ONCO-
NEWS, 2017). A radioterapia também é indicada como forma paliativa nos casos de metástase ós-
sea, metástase cerebral e síndrome de compressão medular neoplásica (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016).
A radioterapia é um recurso terapêutico que além de destruir as células cancerosas, também atinge
os tecidos sadios adjacentes irradiado, acarretando complicações e efeitos colaterais que impac-
tam a Qualidade de Vida das pacientes (HWANG et al., 2008).
Várias são as complicações acarretadas nas pacientes que recebem terapia de radiação, dentre
elas a radiodermite caracterizada por hipersensibilidade local, prurido, queimação, irritação, dor
e desconforto limitando as AVD’S da mulher. Lesões vasculares que podem evoluir para fibrose e
aderência entre a pele e músculos da parede torácica, ombro e cavidades supraclavicular e axilar
(SHAMLEY et al., 2007), tais complicações podem ocasionar linfedema, prejuízo na mobilidade do
ombro, dor, rigidez e fadiga (AGHILI et al., 2007).
6.2.2 Quimioterapia
A quimioterapia é um tratamento potencialmente curativo, capaz de destruir células tumorais, im-
pedindo que elas cresçam e se multipliquem. Duas em cada três pessoas com câncer são tratadas
com quimioterapia, tratamento responsável pelo aumento de sobrevida e com papel importante
no controle da doença (CASEIRO, 1997).
6.2.3 Hormonioterapia
A hormonioterapia é um tratamento complementar do câncer que consiste na utilização de medi-
camentos com a função de inibir a atividade dos hormônios que tenham influência no crescimento
de um tumor, sendo a manipulação do sistema endócrino, um procedimento bem estabelecido
no tratamento de algumas doenças malignas hormoniossensíveis (WYNGAARDEN e SMITH, 1990;
INCA, 2009).
Alguns tumores, têm como principal “combustível” os próprios hormônios sexuais produzidos pelo
indivíduo, como o de mama e o de próstata. É possível tratar estes pacientes, a partir do bloqueio
específico da ação destes hormônios.
Dificilmente, a hormonioterapia tem objetivo curativo quando usada de forma isolada. É comum
sua associação, concomitante ou não, com a quimioterapia, com a cirurgia e com a radioterapia.
A hormonioterapia também pode ser indicada para tratamento paliativo de metástases ósseas de
tumores hormoniossensíveis (LEAL et al., 2010).
Os principais fármacos utilizados na terapia hormonal no câncer de mama são tamoxifeno, inibido-
res de aromatase e fulvestranto.
Dentre os efeitos adversos deste tratamento destacam-se as artralgias, mialgias e redução da den-
sidade mineral óssea (MINA et al., 2017).
Módulo VII
Cinesioterapia no Câncer De Mama
A cinesioterapia é uma das técnicas mais conhecidas da fisioterapia, tendo como princípio os
exercícios fisioterapêuticos, descrito por Kisner e Colby (2005) como o treinamento sistemático
e planejado de movimentos corporais, posturas ou atividades físicas com a intenção de tratar ou
prevenir comprometimentos; melhorar, restaurar ou aumentar a função física; evitar ou reduzir
fatores de risco relacionados à saúde; otimizar o estado de saúde geral.
Antes de decidir qual procedimento iniciar, o fisioterapeuta deverá realizar uma avaliação específi-
ca. Após esta, o fisioterapeuta deverá estar atento em torno de indicações e contraindicações de
exercícios para pacientes que se encontram em tratamento por câncer de mama. O monitoramen-
to rotineiro dos parâmetros apresentados em exames (como o número de contagem de plaque-
tas, hematócritos e hemoglobinas) e sintomas clínicos é recomendado como parte importante do
programa de exercícios. Em casos de leucopenia com contagem de células de glóbulos brancos
abaixo de 4000/ml de sangue deve-se evitar o contato com pessoas pelo risco de infecções, nos
casos de trombocitopenia (contagem de plaquetas baixa), o cuidado se dá em torno dos exercí-
cios com intensidade elevada e a manobra de Valsalva (LEEDEN et al., 2016). Considera-se con-
traindicação para realização de exercícios/fisioterapia se a contagem de plaquetas estiver abaixo
de 20.000/m3, assim como a anemia extrema (HB menor que 6). (LEEDEN et al., 2016; Rezende,
2018).
Para a fase pós-operatória imediata, os protocolos aplicados envolvem a melhora da postura an-
tálgica e mobilidade de membro superior, bem como o padrão respiratório e relaxamento. (BEUR-
SKENS et al., 2007; RANGON et al., 2017; WILSON, 2017).
Já para o pós-operatório tardio objetiva-se o ganho de amplitude de movimento e força do braço
homolateral à cirurgia, melhora da dor, melhora do retorno venoso e linfático prevenindo ou tra-
tando o linfedema, bem como a redução e/ou eliminação das aderências cicatriciais promovidas
pela cirurgia (WILSON. 2017; BEURSKENS et al., 2007; RANGON et al., 2017).
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