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26/10/2021

PSICOFARMACOLOGIA, TCC E NEUROCIÊNCIAS

Prof. Paulo Marcelo Lima


Farmacêutico generalista (UNIVALE)
Ms. Fisiologia e Farmacologia (ICB/UFMG)
PhD. Fisiologia e Farmacologia (ICB/UFMG)
Pós-doutor em Fisiologia, Bioquímica e Biologia molecular (NUPEB/UFOP)

FARMACOCINÉTICA
APLICADA À
PSICOFARMACOLOGIA

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FARMACOCINÉTICA

Do grego kinetos = móvel

Estudo quantitativo da dinâmica/movimento de uma substância


química (fármaco, droga) em um sistema biológico

“O que o corpo faz com a droga”

1953 - Friedrich Hartmut Dost (1910-1985)

Relação concentração x efeito

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Concentração adequada no tecido-alvo

QUANTIDADE E VIA DE ADMINISTRAÇÃO DA SUBSTÂNCIA

ABSORÇÃO

DISTRIBUIÇÃO

METABOLISMO

EXCREÇÃO

EFEITO
TERAPÊUTICO ADVERSO

ABSORÇÃO

Passagem de uma droga de seu local de administração para a circulação sistêmica*

Características das drogas: Fatores relacionados ao paciente:


Peso molecular, grau de ionização, Via de administração, conteúdo gástrico,
lipossolubilidade, formulação... existência de condição patológica...

*Circulação sistêmica = garantia de efeito terapêutico???

ABSORÇÃO versus BIODISPONIBILIDADE

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Bioequivalência x Biodisponibilidade

Biodisponibilidade
Fração da dose que um fármaco alcança o seu local de ação
ou líquido biológico a partir do qual o fármaco tem acesso
ao seu local de ação

Bioequivalência
A substituição de uma formulação por outra não traz
consequências clinicamente adversas: equivalência entre dois
produtos (princípio ativo, dose e via de administração)

Relação entre absorção e vias de administração

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DISTRIBUIÇÃO

Passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos

Administração → Absorção → Distribuição

• Débito cardíaco.
• Fluxo sanguíneo regional.
• Volume tecidual.

• Lipossolublidade.
• pH entre os líquidos intra e extracelulares.
• Ligação às proteínas plasmáticas: Forma livre X Forma Ligada.

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Ligação às proteínas plasmáticas

COMPLEXO
DROGA-PROTEÍNA

*Interação
medicamentosa
EFEITO ALBUMINA
FARMACOLÓGICO
DROGA PROTEÍNA
BIOTRANSFORMAÇÃO LIVRE + PLASMÁTICA
ELIMINAÇÃO GLOBULINA

Concentração do fármaco livre.


Afinidade pelos sítios de ligação.
Concentração de proteína.

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Ligação tecidual

Acúmulo de fármacos nos tecidos em concentrações maiores


que aquelas dos líquidos extracelulares e do sangue

Reservatório → prolonga a ação dos fármaco

• Tecido adiposo: anestésicos gerais.


• Ossos: tetraciclinas e os metais pesados.
• Retina: cloroquina.
• Pulmões e fígado: amiodarona.

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• Tecido adiposo:
– Reservatório de fármacos lipossolúveis.
– Baixo suprimento sanguíneo.

• Barreira hematoencefálica e placenta:


• Dificuldade de penetração:
• Junções oclusivas.
• Glicoproteína P.

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METABOLISMO

Transformação do fármaco em outra(s) substância(s), por meio de alterações químicas

FÁRMACOS LIPOFÍLICOS

Permeáveis às membranas Dificuldade de excreção


Acesso ao local de ação

Metabólitos hidrofílicos e polares

METABOLISMO

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Locais de biotransformação

Metabólitos dos fármacos

Inativos Tóxicos
Ativos
Pro-fármacos

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Tipos de reações

Ajuste da dose *Interação


Variações individuais medicamentosa

METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM

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CITOCROMO P450

P - 450
Pink Comp.
de onda

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Fatores que afetam o metabolismo

• Variação genética.

• Determinantes ambientais: interações com fármacos ou alimentos.


• Inibição X Indução

• Fatores mórbidos: insuficiência cardíaca, hepatite, cirrose hepática, cirrose biliar,


esteatose hepática, hepatocarcinomas → inibição do metabolismo.

• Idade: níveis das enzimas são menores no feto e no idoso.


• ATENÇÃO: Uso de fármacos nos idosos exige reduções na posologia.

• Sexo: diferenças entre homens e mulheres.

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EXCREÇÃO

ELIMINAÇÃO

Metabolismo EXCREÇÃO

Transformação química Perda da droga quimicamente inalterada

Sistema Leite Outras:


Rins hepatobiliar Pulmões materno Saliva, suor, lágrimas

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Excreção renal

FILTRAÇÃO
GLOMERULAR

SECREÇÃO
TUBULAR

REABSORÇÃO
TUBULAR

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Excreção fecal e recirculação êntero-hepática


EXCREÇÃO FECAL

Fármacos não-absorvidos Metabólitos excretados na bile

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Outras vias de excreção

• Suor, saliva e lágrimas → quantitativamente sem importância.

• Leite materno → quantitativamente sem importância, porém é fonte


potencial de efeitos farmacológicos indesejados no lactente.

• Excreção pulmonar → importante para eliminação de gases anestésicos e


vapores.

• Cabelos e pele → quantitativamente sem importância, porém com


importância jurídica.

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FARMACODINÂMICA
APLICADA À
PSICOFARMACOLOGIA

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FARMACODINÂMICA

Do grego dýnamis = força

Estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos, seus


mecanismos de ação e a relação entre sua concentração e seu efeito

“O que a droga faz com o corpo”

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MECANISMO GERAL DE AÇÃO DOS FÁRMACOS

PRINCÍPIO BÁSICO

INTERAÇÃO QUÍMICA FÁRMACO - COMPONENTE CELULAR

“Corpora non agunt nisi fixata”


“Uma substância não irá funcionar, a não ser que esteja
ligada”

Paul Erlich (1854-1915)

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PRINCÍPIO BÁSICO

INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR
Graus de afinidade e especificidade
Concentração adequada

Alterações bioquímicas e fisiológicas característicos

RESPOSTA FARMACOLÓGICA
terapêutico / adverso

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ALVOS CELULARES DE DROGAS (inclusive psicofármacos)

ALVOS PROTEICOS

Canais iônicos
Enzimas
FÁRMACO
Moléculas transportadoras
Receptores

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Canais iônicos

Proteínas formadas por várias unidades associadas que atravessam a membrana


plasmática formando um canal (ou poro) e que controlam sua abertura/fechamento

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CANAIS IÔNICOS

Alguns exemplos de fármacos que atuam sobre os canais iônicos

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Enzimas

Constituintes orgânicos de natureza normalmente proteica com atividade intra- ou


extra- celular que têm funções catalisadoras

Monoaminaoxidase

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ENZIMAS

Alguns exemplos de fármacos que atuam sobre as enzimas

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Proteínas transportadoras

Proteínas que permitem o transporte de íons ou moléculas orgânicas através da


membrana celular por meio da interação com um sítio de reconhecimento específico

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PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

Alguns exemplos de fármacos que atuam sobre transportadores

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Receptores

Molécula-alvo com a qual uma droga deve combinar-se para produzir um efeito

Canais iônicos controlados por Receptores acoplados à Receptores


ligantes proteína G ligados Receptores
(receptores inotrópicos) (metabotrópicos) à quinases nucleares

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RECEPTORES

Alguns exemplos de fármacos que atuam sobre receptores

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MODELO CHAVE-FECHADURA

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FÁRMACO ADMINISTRADO

Absorção

Farmacocinética
Distribuição Eliminação
Fármaco
Fármaco CONCENTRAÇÃO DO FÁRMACO
metabolizado
nos tecidos NA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA
ou excretado

CONCENTRAÇÃO DO FÁRMACO
NO SÍTIO DE AÇÃO

Farmacodinâmica
EFEITO FARMACOLÓGICO

TERAPÊUTICO TÓXICO

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ORGANIZAÇÃO DO
SISTEMA NERVOSO
CENTRAL

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NEURÔNIOS

Unidade funcional básica do Sistema Nervoso


- Células de comunicação química do cérebro -

• O cérebro humano é constituído por bilhões de neurônios


conectados entre si por meio de trilhões de sinapses.

• Localização no cérebro e tamanhos, comprimentos e


formatos variados determinam suas funções.

• Funcionamento inadequado pode levar à alterações


comportamentais.

• A função neuronal alterada por fármacos pode aliviar,


agravar ou produzir sintomas comportamentais.

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FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO

• FUNÇÃO SENSORIAL → detecção de estímulos internos e externos.

• FUNÇÃO INTEGRATIVA → integração, análise, armazenamento e decisão.

• FUNÇÃO MOTORA → resposta motora (órgãos efetores – músculos ou glândulas).

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COMUNICAÇÃO AMBIENTE-ORGANISMO

Receptores sensoriais:
Processamento e térmicos, mecânicos,
integração das químicos, nociceptivos
informações.
*Memória!!!
Sistema sensorial aferente

Sistema motor eferente

Contrações dos músculos


estriado e liso e secreção
pelas glândulas exócrinas
e endócrinas

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SINAPSES

Local onde a informação é transmitida entre as células


- ponto de junção entre um neurônio com o próximo -

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NEUROTRANSMISSORES

Substâncias químicas produzidas pelos neurônios com função de sinalização

Enviar informações a outras células


Estimular a continuidade de um impulso nervoso
Efetuar reação final no órgão ou músculo alvo

PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES NA PSICOFARMACOLOGIA

• Serotonina – humor, memória, aprendizado, alimentação, desejo sexual, sono.


• Noradrenalina – excitação física e mental, humor.
• Dopamina – controle motor e comportamento.
• Acetilcolina – atenção, aprendizagem, memória.
• Glutamato – principal neurotransmissor excitatório.
• GABA – principal neurotransmissor inibitório.

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NEUROTRANSMISSOR RECEPTOR AÇÃO FARMACOLÓGICA CLASSE


Dopamina D2 Antagonista ou agonista Antipsicótico
parcial
Serotonina 5-HT2A, 5-HT1A, 5-HT1b/d, Antagonista ou agonista Antipsicótico, Ansiolítico,
5-HT2C, 5-HT6, 5-HT7 inverso Antidepressivo
Noradrenalina Alfa2 Antagonista Antidepressivo
Agonista Anti-hipertensivo
Alfa1 Antagonista Antipsicóticos e
Antidepressivos
Histamina H1 Antagonista Antipsicóticos, Ansiolíticos,
Antidepressivos.
Acetilcolina M1, M3/M5 Antagonista Antipsicóticos e
Antidepressivos
GABA GABAa, GABAb Agonista Anticonvulsivante,
Ansiolítico, Relaxante
muscular
Glutamato AMPA, NMPA Antagonista Anticonvulsivante

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NEUROTRANSMISSÃO

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REMOÇÃO DA SUBSTÂNCIA TRANSMISSORA NAS SINAPES

• Por difusão do transmissor da fenda para os líquidos em volta.

• Por destruição enzimática dentro da fenda sináptica.


• Ach → acetilcolinesterase.

• Por transporte ativo de volta ao terminal pré-sináptico que o liberou e reutilização →


recaptação do transmissor.
• Recaptação de NE.

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RECEPTORES CELULARES PARA PSICOFARMACOLOGIA

DOMÍNIO DE FIXAÇÃO

IONÓFORO
• Passagem de íons.
• Segundos mensageiros.

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CANAIS IÔNICOS CONTROLADOS POR LIGANTE

CANAIS CATIÔNICOS EXCITATÓRIOS

CANAIS ANIÔNICOS INIBITÓRIOS

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CANAIS IÔNICOS CONTROLADOS POR LIGANTE

RECEPTOR GABA-A - Gaba RECEPTOR NICOTÍNICO - Ach RECEPTOR AMPA - Glutamato

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RECEPTORES METABOTRÓPICOS

EFETOR:
• Adenilatociclase.
• Fosfolipase C.
• Canais iônicos.

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RECEPTORES METABOTRÓPICOS

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INTRODUÇÃO
AOS
PSICOFÁRMACOS

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CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS – DSM-V

TRANSTORNO MENTAL
Síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na
cognição, regulação emocional ou comportamento de um indivíduo
que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou
de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental.

Estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade


significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras
atividades importantes.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

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FÁRMACOS QUE ATUAM NO SNC

FÁRMACOS PSICOTRÓPICOS / PSICOATIVOS


Agentes que afetam o humor e comportamento

• Antidepressivos só tratam depressão?

• Antipsicóticos só tratam psicoses?

• E quanto a transtornos da alimentação, transtornos


de conduta?

• Onde o propranolol (anti-hipertensivo) entraria


nessa divisão?

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ANSIOLÍTICOS
E HIPNÓTICOS

- BZD e BT -

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CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

Sintomas nucleares de MEDO e PREOCUPAÇÃO excessivos associados à perturbações comportamentais


(transtorno do sono, problemas de concentração, fadiga e dificuldades psicomotoras...)

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ANSIEDADE

Do grego anshein: estrangular, sufocar, oprimir.


Do latim anxietatem: aperto, constrição.

Desagradável estado de tensão, desconforto, apreensão ou inquietude, que se originam de um


perigo iminente ou, muitas vezes, de uma fonte desconhecida, sem causa aparente

MANIFESTAÇÕES PSICOLÓGICAS MANIFESTAÇÕES AUTONÔMICAS

Medo, preocupação, evitação (esquiva fóbica). SCV: palpitação, hipertensão.


Estado emocional/cognitivo orientado para o futuro, SR: sensação de falta de ar e hiperventilação.
focalizando na preparação para ocorrência de possíveis TGI: hipersecreção ácida, aumento da motilidade, náusea.
eventos negativos, sem que tenha havido o evento TGU: urgência miccional.
externo. SNC: insônia, agitação, dificuldade de concentração.

COMPROMETIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL E PROFISSIONAL, SOFRIMENTO


PESSOAL SIGNIFICATIVO, REDUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

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ANSIEDADE NORMAL versus ANSIEDADE PATOLÓGICA


Ansiedade normal ou fisiológica

Emoção proporcional à uma determinada situação, onde


uma ameaça, ativa comportamento de defesa, altamente
adaptativos (SNS e HPA) e emoções negativas.

Ansiedade patológica

Curva de Yerkes e Dodson (1908)

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CIRCUITOS NEURAIS DA ANSIEDADE

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CIRCUITOS NEURAIS DA ANSIEDADE

Sentimento de medo
Conexões com o córtex frontal Resposta endócrina ao medo
(regulador das emoções) Fuga, Luta ou Paralisação Conexões com o hipotálamo
Conexões com a PAG (regulador das (regulador do eixo HHA): aumento
respostas motoras ao medo) do cortisol

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Resposta respiratória
Conexões com o núcleo parabraquial Memória traumática
(regulador das respostas Resposta autonômica Hipocampo (regulador da memória)
respiratórias): dispneia, exacerbação Conexões com o LC (regulador do pode ativar amígdala
da asma ou falsa sensação de asfixia SCV): aumento da PA e FC

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NEUROTRANSMISSORES E ANSIEDADE

• Hiperatividade adrenérgica:
– Locus coeruleus → Responsável pela resposta ao estresse e sono.

• Desregulação serotoninérgica:
– Núcleos da rafe → liberação de hormônios, regulação do sono e apetite.
– Amígdala → medo e preocupação.

• Desregulação glutamatérgica:
– Amígdala → medo e preocupação.

• Falta/inibição de GABA:
– Responsável por inibir os impulsos nervosos → estimulação intensa e convulsões.

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FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS

• Fármaco ansiolítico (utilizado no tratamento dos sintomas da


ansiedade): reduz a ansiedade, modera a excitação e acalma
quem o recebe.
– Algumas classes podem induzir o sono*.

• Fármaco hipnótico (utilizado no tratamento da insônia): produz


sonolência e facilita o início e a manutenção de um estado de
sono semelhante ao sono natural, onde o indivíduo pode ser
facilmente acordado. Induz e mantem o sono.
• Não combatem a ansiedade*.

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DEPRESSORES DO SNC

• Anestésicos gerais: situações de procedimentos cirúrgicos e diagnósticos.

• Álcoois alifáticos (etanol): “tratamento” de distúrbios do sono é mais prejudicial que benéfica.

• BZD: principal classe farmacológica, em virtude de sua seguridade e efeitos terapêuticos


(sedativos, hipnóticos e ansiolíticos).

• BT: atualmente restrito ao tratamento de epilepsia; substituído pelos BZD em virtude de EA


graves e depressão pronunciada do SNC.

• Alguns anti-histamínicos: utilizados como hipnóticos em crianças insones.

• Algumas fármacos distintos com atividade hipnótica que não se enquadram a classe dos BZD.

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ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DOS “ANSIOLÍTICOS”

• Benzodiazepínicos (BZD):
• Diazepam, Clonazepam, Lorazepam, Alprazolam.

• Agonista do receptor 5-HT1A:


• Buspirona.

• Antidepressivos:
• ISRS (fluoxetina, paroxetina) e INSRS (venlafaxina).

• Antiepiléticos:
• Gabapentina, Tiagabina, Pregabalina.

• Antipsicóticos atípicos:
• Olanzapina, Risperidona.

• Antagonistas β-adrenérgicos:
• Propranolol.

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

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TRANSTORNO DE PÂNICO

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TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL

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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

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SISTEMA GABA-ÉRGICO

PRINCIPAL NEUROTRANSMISSOR
INIBITÓRIO DO SNC

ÁCIDO γ-AMINOBUTÍRICO

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RECEPTORES GABA

Canal de Cl- RAPG - Gi

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RECEPTOR GABA-A

SUBTIPO % DISTRIBUIÇÃO EFEITO


RECEPTORES ANATÔMICA ASSOCIADO

GABA-A α1 ~50% Ubíqua Sedativo,


anticonvulsivante e
amnésico
GABA-A α2 15 – 20% Córtex, sistema límbico, Ansiolítico e relaxante
medula espinhal muscular

GABA-A α3 15 – 20% Cortex, sistema límbico, Ansiolítico e relaxante


medula espinhal muscular

GABA-A α4 5 – 10% Tálamo Sedação, hipnose e


anestesia
GABA-A α5 < 5% Hipocampo Efeito amnésico

Relação entre a subunidade do receptor GABA-A e efeito farmacológico

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BENZODIAZEPÍNICOS E BARBITÚRICOS

POTENCIALIZAM A
TRANSMISSÃO INIBITÓRIA
MEDIADA PELO RECEPTOR
GABA-A

MODULADORES ALOSTÉRICOS
POSITIVOS

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RELAÇÃO DOSE-EFEITO

Normal

Alívio da ansiedade

SEDAÇÃO

HIPNOSE
DOSE

Confusão, Delírio, Ataxia, Inconsciência

Anestesia cirúrgica

COMA*

Depressão dos centros respiratórios/vasomotor*

MORTE*

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PRINCIPAIS REPRESENTANTES - BZD

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PRINCIPAIS REPRESENTANTES - BT

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FARMACOCINÉTICA
• Absorção:
• Bases fracas, com alta taxa de absorção oral.

• Distribuição:
• Alta taxa de ligação às pts. plasmáticas (70 – 99% Alprazolam – Diazepam, respectivamente).
• Concentração plasmática máxima: ~ 1h.
• Alta lipossolubilidade → acúmulo gradual nos lípideos corpóreos, atravessa os leitos hematoencefálico, placentário e mamário.

• Metabolismo:
• Alta taxa de metabolismo hepático (CYP3A4 e CYP2C19).
• Reação de fase I → oxidação.
• Metabólitos ativos → efeitos cumulativos (meia-vida 40 – 50 h).
• Reação de fase II → glicuronidação (meia-vida 6 – 12 h).

• Excreção:
• Renal.

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• Meia-vida de eliminação:
– Ultracurta (<2h) – Midazolam (BZD), Tiopental (BT).
– Curta (2-6h) – Triazolam, Lorazepam e Oxazepam (BZD), Pentobarbital (BT).
– Intermediária (6-24h) – Nitrazepam, Alprazolam e Estazolam (BZD).
– Longa (> 24h) – Diazepam, Clordiazepóxido e Flurazepam (BZD), Fenobarbital (BT).

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INDICAÇÕES

• Redução da ansiedade e agressividade. • Pré-anestésico → amnésia anterógrada.


– Diazepam, Lorazepam, Clonazepam, – Midazolam.
Clordiazepóxido, Alprazolam, Bromazepam.

• Anestésico.
• Indução do sono e sedação. – Tiopental (BT).
– Triazolam, Estazolam, Flurazepam, Temazepam,
Quazepam.
• Miorrelaxantes.
– Clordiazepóxido, Diazepam.
• Tratamento dos distúrbios convulsivos.
– Clonazepam, Diazepam.
– Fenobarbital (BT). • Síndromes de abstinência ao álcool.
– Cloridazepóxido, Diazepam e Oxazepam.

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EFEITOS ADVERSOS

• Decorrentes do uso terapêutico normal:


– Sonolência, confusão mental, amnésia anterógrada,
incoordenação motora, diminuição da velocidade de raciocínio e
de resposta.

• Resultantes de superdosagem aguda:


– Sono prolongado, incoordenação motora, fala embotada, reflexos
diminuídos, confusão.
– Depressão cardiorrespiratória principalmente quando associados
à outros depressores centrais.
• Dose letal: ~175x a dose normal.
• Antídoto específico: Flumazenil.

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TOLERÂNCIA DOS BZD

Diminuição do efeito de uma droga com o uso


contínuo, sendo necessário doses maiores
para produzir a mesma resposta

EPILEPSIA > INDUTOR DO SONO

ANSIOLÍTICO ???

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DEPENDÊNCIA DOS BZD

FÍSICA / FISIOLÓGICA PSICOLÓGICA

Sinais e sintomas adversos provocados pela Comportamentos de disforia e fissura provocados


abstinência da droga. Existe uma necessidade da pela abstinência da droga. Existe uma necessidade
droga para manter o funcionamento “normal” da droga para “se sentir confortável”

Maior que 12 semanas de tratamento → aumento dos sintomas de ansiedade, juntamente com
tremor, tonteira, perda do apetite, irritabilidade, sudorese, sonhos desagradáveis e convulsões.
• O início dos sintomas varia conforme a meia-vida da droga. Duração de 24 h a 3 semanas.
• Tratamento: ministrar BZD de longa duração e reduzir a dose gradualmente durante meses.

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HIPNÓTICOS

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ESPECTRO DE ATIVAÇÃO SONO-VIGÍLIA

• HISTAMINA

• DOPAMINA

• NORADRENALINA

• SEROTONINA

• ACETILCOLINA

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ESPECTRO DE ATIVAÇÃO SONO-VIGÍLIA

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ALTERNATIVAS TERAPÊUTICAS

PRIMEIRA CONDUTA:
Identificação dos possíveis fatores clínicos, físicos, psicofisiológicos, psiquiátricos e
sociais que possam estar alterando o sono para uma abordagem adequada.

Tratamento específico para as diferentes etiologias.

Tratamento não medicamentoso: medidas de higiene de sono, redução do estresse, técnicas


de relaxamento, terapias cognitivo-comportamentais.

Tratamento medicamentoso.

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RECOMENDAÇÕES NÃO-FARMACOLÓGICAS PARA TRATAMENTO DA


INSÔNIA

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ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DOS “HIPNÓTICOS”

• Hipnóticos benzodiazepínicos (BZD).


• Flurazepam, Temazepam, Quazepam, Triazolam, Estazolam.

• Hipnóticos não-benzodiazepínicos:
• Zolpidem, Zaleplona e Zopiclone.

• Hipnóticos serotoninérgicos:
• Trazodona.

• Hipnóticos melatoninérgicos:
• Ramelteon, Tasimelteon.

• Anti-histamínicos:
• Difenidramina.

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HIPNÓTICOS BENZODIAZEPÍNICOS

• Apenas 5 tem aprovação da FDA para indicação como hipnótico.

UL

IN
UL

UC
IN

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HIPNÓTICOS BENZODIAZEPÍNICOS

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AGONISTAS GABA HIPNÓTICOS NÃO-BZD

MODULADORES ALOSTÉRICOS POSITIVOS (PAM) DE GABA-A


Potencializam a ação do GABA por meio de sua ligação a um sítio diferente daquele ao qual o
próprio GABA se liga ao receptor

• Ação mais específica sobre o subtipo α1 de GABA-A.


• BZD ligam-se a quatro deles (α1, α2, α3 e α5).

• Α1: sedação.

• α2 e α3: ações ansiolíticas, relaxantes musculares e


potencializadoras do álcool.

• Α5: cognição.

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HIPNÓTICOS NÃO-BENZODIAZEPÍNICOS

• Principais representantes: zolpidem, zaleplona, zopiclona, eszoplicona.

• Efeito hipnótico, sem atividade ansiolítica, anticonvulsivante, relaxante muscular.

• Não produz déficits de memória e amnésia anterógrada.

• Inicio de ação: 30 min – 2 h / Meia-vida de eliminação: 3 – 6 h.

• Baixa propensão para potencial de abuso, dependência, sintomas de abstinência e tolerância.

• Pouca insônia rebote, ansiedade ou sedação matinal.


Zolpidem – Stilnox®
Comprimidos revestidos de 5-10 mg.
1 cpr imediatamente antes de deitar.

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HIPNÓTICOS MELATONINÉRGICOS

AGONISTAS DOS RECEPTORES DE MELATONINA MT1 e MT2 NO NSQ (regulador do


ritmo circadiano), LEVANDO À SUA INIBIÇÃO

HIPNÓTICOS EFETIVOS EM INICIAR O SONO

• Reduzem a latência do sono ou do tempo para adormecer e regular os ciclos de sono.

• Ações sobre o deslocamento dos ritmos circadianos em indivíduos que tenham atraso de fase (vários
adolescentes normais) ou avanço de fase (muitos idosos normais) ou naqueles que sofram
dessincronose (jet lag), devido a mudanças dos ritmos circadianos induzidas por viagens

98

49
26/10/2021

HIPNÓTICOS MELATONINÉRGICOS

• Principais representantes:
• Ramelteon (Rozerem®): 8-16 mg/dia, todas as noites, 30 min
antes de deitar, no mesmo horário.
• Tasimelteon (Hetlioz®): 20 mg/dia, todas as noites, 30 min
antes de deitar, no mesmo horário.

• Efeitos colaterais:
• Cefaleia, sonolência, fadiga (efeitos leves).
• Não estão associados a potencial de abuso, insônia rebote,
déficits motores e não parecem contribuir para a confusão ou
na memória em idosos como os agentes BZD e não-BZD.

99

HIPNÓTICOS SEROTONINÉRGICOS

• Principal representante: trazodona (Donaren®).

• ANTIDEPRESSIVO-SEDATIVO:

• ANTIDEPRESSIVO: doses altas.


• Recrutam propriedades antagonistas 5-HT2A e bloqueadores da
recaptação de 5-HT. Nestas doses ainda gera sedação por serem
antagonistas H1 e antagonistas α1.

• HIPNÓTICO: doses inferiores àquela usada como antidepressivo (50


mg), 1x/dia (t½ de 6-8 h).
• Conserva ações antagonistas α1, H1 e 5-HT2A.
• Não aprovado oficialmente como hipnótico, mas responde por até metade
50-150 mg/dia
de todas as prescrições de hipnóticos.

100

50
26/10/2021

HIPNÓTICOS ANTI-HISTAMÍNICOS

ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DE HISTAMINA H1

• Principal representante:
• Difenidramina.
• Prometazina (Fenergan®).
• Doxilamina (Unisom®).

101

ANTIDEPRESSIVOS

102

51
26/10/2021

CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

103

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS

Sintomas nucleares de HUMOR DEPRIMIDO e PERDA DE INTERESSE excessivos associados à


perturbações comportamentais (transtorno do sono, problemas de concentração, fadiga e
dificuldades psicomotoras...)

104

52
26/10/2021

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS

A característica comum desses transtornos é a presença de humor triste,


vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que
afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.
O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento e etiologia.

Mais comum dos distúrbios afetivos.


Importante causa de sofrimento e incapacitação.
Resulta em perda de produtividade e considerável uso de recursos médicos.
Risco significativo de suicídio (~ 15% em pacientes não tratados).

105

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

Distúrbio unipolar.

As flutuações de humor ocorrem sempre na mesma


direção (episódio depressivo).

Mais comum (~ 17% durante a vida).

75% dos casos associada à eventos estressantes e


acompanhada por sintomas de ansiedade e agitação.

25% dos casos mostra-se um padrão familiar, não


relacionado a estresse extremo.

106

53
26/10/2021

TRANSTORNO DEPRESSIVO UNIPOLAR

Depressão maior: mais comum, com


episódio único ou episódios
recorrentes.

Distimia: depressão menos grave,


porém de longa duração (> 2 anos), e
tende a não ter remissão.
• Episódio maníaco: humor anormalmente elevado, expansivo ou
irritável.

• Episódio depressivo maior: humor deprimido ou perda do


interesse.
Depressão dupla: episódios de TDM
• Episódio hipomaníaco: humor elevado, expansivo ou irritável, com recuperação incompleta entre
porém menos grave e menor duração da mania. eles (alcançam até nível de distimia,
seguida de outro episódio de TDM).
• Episódio misto: preenche os critérios de episódio maníaco e
depressivo maior.

107

Transtorno mental caracterizado por episódios recorrentes de humor deprimido, tristeza, perda de
TDM interesse, isolamento social, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa
autoestima, além de distúrbios somáticos (diminuição da energia, alterações do apetite e sono,
dor muscular, redução dos movimentos com latência da fala).

Depressão típica: caracteriza-se por alterações do sono (acordar espontaneamente pela


madrugada, com incapacidade de voltar a dormir), diminuição do apetite com perda de peso e
sentimentos pronunciados de rompimento social.

Depressão atípica: caracteriza-se por sinais neurovegetativos, que são o inverso daqueles
observados na depressão típica. O paciente apresenta maior apetite (preferencialmente alimentos
“reconfortantes” ricos em gordura/carboidratos) e hipersonia. Os indivíduos se mostram sensíveis à
crítica; ao contrário dos pacientes tipicamente deprimidos, são capazes de passar por breves
períodos de prazer e apresentam comportamento de busca do prazer (consumismo, alimentos...).
Mais comum que a depressão típica.

Depressão melancólica: caracteriza-se por total perda de interesse pelo seu entorno em que o
paciente mostra-se totalmente indiferente a críticas ou preocupação; são incapazes de sentir prazer.
Com frequência, justifica-se a hospitalização psiquiátrica, mesmo na ausência de plano suicida, visto
que esses pacientes ficam incapacitados a ponto de não conseguir sequer formular um plano, apesar
do intenso sentimento de vazio. Menos comum entre as classificações. Mais severa e incapacitante.

108

54
26/10/2021

• Manifestações emocionais:
– Humor depressivo, pessimismo, infelicidade,
aflição, apatia.
– Baixa autoestima: sentimentos de culpa,
inadequação e feiura.
– Indecisão, perda da motivação.
– Tristeza e labilidade emocional.
– Anedonia.

• Manifestações psicobiológicas:
– Retardo do pensamento e da ação.
– Perda da libido.
– Distúrbios do sono.
– Perda/Aumento do apetite.
– Fadiga ou perda de energia.
– Dificuldade de raciocínio e concentração.

109

DIAGNÓSTICO

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

110

55
26/10/2021

RELAÇÃO ENTRE OS SINTOMAS E CIRCUITOS DA DEPRESSÃO

111

NEUROTRANSMISSÃO 5-HT- E NE- érgica


Ansiedade e Depressão

DOPAMINA NORADRENALINA

ATENÇÃO
MOTIVAÇÃO ALERTA
PRAZER ENERGIA
RECOMPENSA
HUMOR
COMPORTAMENTO

OBSESSÃO E
COMPULSÃO

SEROTONINA

Psicose

112

56
26/10/2021

NEUROTRANSMISSÃO ADRENÉRGICA E SEROTONINÉRGICA

113

TEORIAS NEUROQUÍMICAS DOS TRANSTORNOS DE HUMOR

Hipótese da alteração de
Hipótese das monoaminas
receptores

Deficiência funcional de neurotransmissores Disfunção do número e da sensibilidade dos


monoaminérgicos (NA e 5-HT) receptores

Depressão → deficiência de NT Estado normal sem depressão Depressão → “up regulation” dos receptores

114

57
26/10/2021

HIPÓTESE DAS MONOAMINAS

115

HIPÓTESE DA ALTERAÇÃO DE RECEPTORES

Efeitos Sinápticos
(horas a dias)

Efeitos Colaterais
Disparidade no tempo entre a inibição de
(horas a dias) recaptação dos neurotransmissores (horas) e a
Efeitos Terapêuticos
eficácia antidepressiva destes fármacos (semanas)!!
(1 a 6 semanas)

0 2 4 6 8
Tempo de início do antidepressivo (em semanas)

116

58
26/10/2021

HIPÓTESE DA ALTERAÇÃO DE RECEPTORES

117

HIPÓTESE DA ALTERAÇÃO DE RECEPTORES

118

59
26/10/2021

119

ANTIDEPRESSIVOS

• Inibidores da monoaminaoxidase (iMAO).

• Inibidores da recaptação monoaminérgica:


• Antidepressivos tricíclicos (ADT) não-seletivos.
• Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
• Inibidores da recaptação de 5HT-NE (IRSN).

• Antidepressivos atípicos.
• Múltiplos mecanismos de ação.

120

60
26/10/2021

Inibidores da monoaminaoxidase (iMAO)

PRINCIPAIS REPRESENTANTES

iMAO não-seletivos
Ligação irreversível
Iproniazida Fenelzina (Nardil®)
Isocarboxazida (Marplan®)

iMAO-A seletivos
Ligação reversível
Moclobemida (Autorix®) Brofaromina

iMAO-B seletivos
Ligação reversível
Selegilina (Deprilan®)

121

MECANISMO DE AÇÃO
Inibem a MAO e impedem a destruição citoplasmática de 5-HT e NE

Aumento na captação e armazenamento vesicular e extravasamento na fenda sináptica

Primeiros fármacos usados para a depressão.


Pouco prescritos atualmente → baixa tolerabilidade e segurança.

122

61
26/10/2021

USOS CLÍNICOS EFEITOS ADVERSOS


• 3ª linha de escolha: • Ganho de peso (aumento do apetite).
• Depressão maior.
• Fobia social. • Disfunção sexual.
• Transtornos do pânico.
• Efeitos anticolinérgicos: boca seca, visão
• 2ª linha de escolha: embaçada, constipação e retenção urinária.
• Doença de Parkinson (Selegelina).
• Estimulação SNC: tremores, insônia, cefaleia.

• Episódios maníacos em pacientes bipolares.

• Overdose (letal): HAS, AVE, IAM e convulsões.

123

TOXICIDADE – REAÇÃO DA TIRAMINA


Inibição sistêmica da MAO
hepática e intestinal

Queijos, vinhos, fígado, salame,


pimentão, feijão, chocolates

↑ absorção TIRAMINA

Simpaticomimético indireto

CRISE HIPERTENSIVA, cefaleia,


taquicardia, náusea, arritmias
cardíacas, AVE

124

62
26/10/2021

125

Antidepressivos tricíclicos

PRINCIPAIS REPRESENTANTES

3 anéis
2 aromáticos e 1 cicloheptano

Imipramina (Tofranil®)

Clomipramina (Anafranil®)
Amitriptilina (Amytril®) Desipramina (Norpramim®) Nortriptilina (Pamelor®)

126

63
26/10/2021

MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueiam o transportador de recaptação de NA e 5-HT (NAT e/ou SERT)

Aumento de monoaminas na fenda sináptica

Melhora dos sintomas emocionais refere-se ao aumento na transmissão via 5-HT.


Alívio dos sintomas biológicos resulta da facilitação da transmissão mediada por NE.

127

USOS CLÍNICOS EFEITOS ADVERSOS


• Agente de 2ª ou 3ª linha: • Antagonista muscarínico:
• Depressão maior. • Náuseas e vômitos, boca seca, visão turva,
• Transtornos de pânico. taquicardia, disfunção sexual, constipação,
• TOC (clomipramina). retenção urinária.
• Síndromes de dor: dor neuropática.
• Profilaxia na enxaqueca. • Antagonista histamínico:
• Sedação, sonolência, fadiga, ganho de peso,
• Usos menos estabelecidos: hipotensão e confusão mental.
• Bulimia e outros transtornos alimentares.
• Transtorno de déficit de atenção. • Antagonista adrenérgico:
• Ejaculação precoce. • Hipotensão postural, taquicardia reflexa,
sonolência, disfunção erétil e ejaculatória.

• Bloqueio dos canais de sódio (letal):


• Atraso da condução atrioventricular → RISCO
EM TENTATIVAS DE SUICÍCIO!!!

• Episódios maníacos em pacientes bipolares.

128

64
26/10/2021

Inibidores seletivos da recaptação de 5-HT

PRINCIPAIS REPRESENTANTES

Fluoxetina (Prozac®)
Citalopram (Cittá®)
Fluvoxamina (Luvox®)

Paroxetina (Paxil®)
Sertralina (Zoloft®) Escitalopram (Lexapro®)

129

MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueiam seletivamente o transportador de recaptação de 5-HT

Aumento de 5-HT na fenda sináptica

Antidepressivos mais comumente prescritos.


Altas doses pode perder a seletividade e atuar sobre os transportadores de NE.

130

65
26/10/2021

USOS CLÍNICOS EFEITOS ADVERSOS


• Agentes de 1ª linha: MAIOR SELETIVIDADE E ÍNDICE TERAPÊUTICO

• DM (todos, exceto fluvoxamina). • Anorexia → utilizados como anorexígenos.


• TAG (paroxetina e escitalopram).
• TOC (todos, exceto citalopram e escitalopram).
• Disfunção sexual (perda da libido e frigidez).
• TP (fluoxetina, paroxetina, sertralina).
• Demora/comprometimento do orgasmo.
• Fobia social (sertralina e paroxetina).
• Inibição da ejaculação.
• TEPT (sertralina e paroxetina).
• TDPM (fluoxetina, paroxetina e sertralina).
• Bulimia (fluoxetina). • Episódios maníacos em pacientes bipolares.

• Náusea e vômitos, cefaleia, tremor, tontura,


insônia, ansiedade ou nervosismo.

• Síndrome 5-HT (associados à antidepressivos):


• Hipertermia, rigidez muscular, flutuações
rápidas do estado mental e dos sinais vitais.

131

Inibidores da recaptação de 5-HT e NE

PRINCIPAIS REPRESENTANTES

Venlafaxina (Efexor®) Duloxetina (Cymbalta®) Desvenlafaxina (Pristiq®)

132

66
26/10/2021

MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueiam o transportador de recaptação de NA e 5-HT

Aumento de monoaminas na fenda sináptica

INSN

Úteis em pacientes que respondem parcialmente aos ISRS.


Seletividade pode depender da concentração.

133

USOS CLÍNICOS EFEITOS ADVERSOS


• Depressão.

• TAG.

• TEPT.

• Dores neuropática e psicogênica.

• TDAH.

134

67
26/10/2021

Antidepressivos atípicos

NEFAZODONA, TRAZODONA e VILAZODONA


• Nefazodona e Trazodona:
– Antagonista 5-HT2A, 5-HT2C e α1 pós-sinápticos e inibidores da recaptação de 5-HT e NE.

• Vilazodona:
– Inibidores da recaptação de 5-HT e agonista parcial da 5-HT1a.

Vilazodona – Vintix® Trazodona – Donaren®


Administração oral: 40 mg/dia Administração oral: 150-300 mg/dia

135

BUPROPIONA

• MA: Metabólito anfetamínico que inibe a recaptura de NE e DA.

• EA: agitação, insônia, tremores, ansiedade, cefaleia, diminuição do


apetite, perda de peso, boca seca e obstipação intestinal.

• CI: pacientes epilépticos: diminui o limiar convulsivo.

• Menores efeitos adversos sexuais e menores mudanças para a mania


quando comparado aos outros antidepressivos.

Bupropiona – Bup®
Administração oral: 150-300 mg/dia

136

68
26/10/2021

MIRTAZAPINA

• MA:
• Antagonista α2-adrenérgico → aumenta liberação de NE e 5-HT.
• Antagonista 5-HT2A, 5-HT2C e 5-HT3 → aumenta liberação de NE e DA.

• EA: sedação excessiva, ganho de peso, boca seca, edema, obstipação intestinal,
dispneia.

• Potente sonífero e estimulante do apetite → útil para a população idosa.

Mirtazapina – Remeron®
Administração oral: 15-45 mg/dia

137

ANTIPSICÓTICOS

138

69
26/10/2021

CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

139

PSICOSE

Estado psíquico no qual o indivíduo perde o contato com a realidade

TRANSTORNOS EM QUE A PSICOSE É TRANSTORNOS NOS QUAIS A PSICOSE É


CARACTERÍSTICA DEFINIDORA CARACTERÍSTICA ASSOCIADA

Esquizofrenia Mania
Transtorno psicótico induzido por substâncias Depressão
Transtorno esquizofreniforme Transtornos cognitivos
Transtorno esquizoafetivo Doença de Alzheimer
Transtorno delirante
Transtorno psicótico breve
Transtorno psicótico devido à condição médica geral

140

70
26/10/2021

ESQUIZOFRENIA

Transtorno psicótico caracterizado por distúrbio da percepção, dissociação do


pensamento, comportamento e emoção e sua integração da realidade

Afeta ~ 1% da população.

25-50% dos pacientes tentam suicídio.


10% óbito.

Mortalidade 8x maior que população geral.

Expectativa de vida de 20-30 anos mais curta:


Suicídio + doença cardiovascular
prematura (estilo de vida, tabagismo,
dieta pouco saudável, sedentarismo, EA
dos antipsicóticos – SM).

141

PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES

SINTOMAS POSITIVOS SINTOMAS NEGATIVOS


Desenvolvimento de funções anormais Redução ou perda das funções normais

Os antipsicóticos típicos conseguem abrandar/eliminar Os antipsicóticos típicos não conseguem abrandar/eliminar

• Delírios (crenças fixas, distorcidas, falsas ou interpretação • Associabilidade (afastamento dos contatos sociais).
incorreta das percepções): persecutórios, de referência, de
• Embotamento afetivo (anulação a respostas emocionais).
grandeza, erotomaníacos, niilistas, somáticos...
• Anedonia (incapacidade de sentir prazer).
• Alucinações (percepções anormais, ouvir vozes).
• Distúrbios do pensamento (frases deturpadas, conclusões • Avolia (relutância em realizar tarefas diárias e diminuição
do comportamento orientado para metas).
irracionais, discurso desorganizado, impressão de que os
pensamentos são inseridos/retirados por ação externa). • Alogia (diminuição da fluência do pensamento/fala).
• Comportamento motor desorganizado ou anormal • Déficits da função cognitiva (atenção e memória).
(condutas estereotipadas ou ocasionalmente agressivas).
• Ansiedade, culpa, depressão, autopunição.

142

71
26/10/2021

DIAGNÓSTICO

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

143

ETIOLOGIA

FATORES GENÉTICOS FATORES AMBIENTAIS


Forte tendência, porém incompleta.

• Parentes de primeiro grau → risco de 10%. • Distúrbios no desenvolvimento neural: atrofia do


CPF e HPC e aumento dos ventrículos cerebrais.
• Gêmeos monozigóticos: um com esquizofrenia,
• Fatores psicológicos: estresse, experiências
probabilidade de APENAS 50% do outro ser afetado
traumáticas, privação de sono...
(etiologia multifatorial: genótipo + fenótipo).
• Infecções precoce por vírus maternos.
• > 100 genes de suscetibilidade potencial →
controladores do desenvolvimento neural, • Consumo de Cannabis na adolescência e adulto
conectividade sináptica e NT glutamatérgica. jovem podem revelar esquizofrenia.

144

72
26/10/2021

CIRCUITOS NEURAIS

145

TEORIA NEUROANATÔMICA E NEUROQUÍMICA

↓ GLUTAMATO ↓↑ DOPAMINA ↑SEROTONINA

↓DA NA VIA MESOCORTICAL ↑DA NA VIA MESOLÍMBICA


SINTOMAS NEGATIVOS SINTOMAS POSITIVOS

ESQUIZOFRENIA
CPF-dl → cognição e funções executivas Emoção, motivação, prazer e
CPF-vm → emoções e afeto recompensa

146

73
26/10/2021

TEORIA DOPAMINÉRGICA

• Anfetamina, cocaína, morfina... → ↑ DA central → sintomas “esquizofrênicos” (mais pronunciado em pacientes


esquizofrênicos).

• Bloqueio da neurotransmissão dopaminérgica → alívio dos sintomas positivos da esquizofrenia e previne


alterações comportamentais induzidas por anfetaminas.

• Alucinações → EA em pacientes sob uso de Levodopa (análogo da L-DOPA – tratamento da DP) ou Bromocriptina
(agonista D2 - tratamento da hiperprolactinemia).

• Cérebros post-mortem de indivíduos esquizofrênicos apresentam ↑DA na amígdala.

• Correlação positiva entre a potência antipsicótica na redução dos sintomas positivos e a atividade de bloqueio dos
receptores D2.

• Eficácia clínica dos antipsicóticos é alcançada quando a ocupação dos receptores D2 alcança 80%.

147

NEUROTRANSMISSÃO DOPAMINÉRGICA

DOPAMINA

Esquizofrenia
Doença de Parkinson
Distúrbios endócrinos
Dependência de drogas

148

74
26/10/2021

NEUROTRANSMISSÃO DOPAMINÉRGICA

149

RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS

• Cortex: reatividade, • Distribuição esparsa. • Sistema límbico (NAc): • Cortex e hipocampo:


• Sistema límbico (NAc):
memória e humor. emoção, comportamento reatividade, memória
emoção,
• Sistema límbico (NAc): estereotipado, humor. e controle motor.
comportamento
emoção, • Estriado (C e P): controle estereotipado, humor.
comportamento motor.
estereotipado, humor. • Adeno-hipófise: secreção
• Estriado (C e P): de prolactina.
controle motor.

150

75
26/10/2021

VIAS DOPAMINÉRGICAS

↓DA NA VIA MESOCORTICAL


EFEITOS NEGATIVOS

↑DA NA VIA MESOLÍMBICA


EFEITOS POSITIVOS

• Via nigro-estriatal: controle motor intencional (Doença de Parkinson).


• Via mesolímbico/mesocortical: efeitos comportamentais (Esquizofrenia).
• Via túbero-hipofisário: controle endócrino (secreção de prolactina).

151

DROGAS ANTIPSICÓTICAS

FÁRMACOS CAPAZES DE ABOLIR A PSICOSE E ALIVIAR A DESORGANIZAÇÃO DO PROCESSO


MENTAL NOS PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS

Neurolépticos, Antiesquizofrênicos ou Tranquilizantes maiores

Antipsicóticos típicos, clássicos ou convencionais


(1ª geração): clorpromazina, levomepromazina,
haloperidol, pimozina, flulfenazina, tioridazina, Diferem...
clopentixol. • Perfil do receptor.
• Incidência de EA extrapiramidais.
Antipsicóticos atípicos (2ª geração): clozapina, • Eficácia em pacientes refratários ao tto.
olanzapina, quetiapina, asenapina, risperidona, • Eficácia contra os sintomas negativos.
paliperidona, iloperidona, lurasidona, ziprasidona,
aripiprazol, brexpiprazol, .

152

76
26/10/2021

MECANISMO DE AÇÃO

Antagonistas D2
no sistema mesolímbico
(Alguns podem se ligar a receptores 5-HT2A)

REDUÇÃO DOS SINTOMAS POSITIVOS

153

MECANISMO DE AÇÃO

Antagonistas D2
no sistema mesocortical

AGRAVAMENTO DOS
SINTOMAS NEGATIVOS

154

77
26/10/2021

RELAÇÃO EFICÁCIA ANTIPSICÓTICA E BLOQUEIO D2

155

INDICAÇÕES

• Emergências comportamentais (pacientes violentos com mania, delírio tóxico).

• Esquizofrenia (todos aprovados).

• Depressão bipolar (lurasidona, quetiapina, olanzapina-fluoxetina).

• Mania (aripiprazol, asenapina, olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona).

• Tratamento de curta duração de agitação psicomotora e ansiedade grave.

• Inquietação e dor em cuidados paliativos.

• Náuseas e vômitos.

• Tiques motores e soluços intratáveis (off-label).

156

78
26/10/2021

REAÇÕES ADVERSAS
DISTÚRBIOS MOTORES

BLOQUEIO D2r SOBRE A VIA NIGROESTRIATAL:

EFEITOS EXTRAPIRAMIDAIS:
Distonias agudas
Discinesia tardia

• Acontece com todos os antipsicóticos típicos/clássicos.

• Antipsicóticos atípicos parecem ser mais seletivos à via mesolímbica/mesocortical.

157

SÍNDROME MALIGNA NEUROLÉPTICA


ATUAÇÃO SOBRE A VIA TÚBERO-HIPOFISÁRIA:

• Catatonia (rigidez parkinsoniana).


• Estupor.
• Instabilidade autônoma:
• Hipertermia.
• Taquicardia e Labilidade da PA.
• Taquipneia.
• Incontinência urinária e fecal.

• Efeito mais grave dos antipsicóticos típicos. Raro, porém potencialmente fatal (morte em 10% dos casos).
• Surge normalmente na primeira semana de tratamento, independente da dose.

• Tratamento:
• Identificação precoce da síndrome + suspensão do neuroléptico + resfriamento do corpo.
• Bromocriptina (5 mg 4/4 h) e/ou Dantroleno (reduz espasmos musculares).

• A SMN pode recorrer depois de parecer estar sob controle, de forma que os pacientes devem ser observados por 1 mês depois
da condição ter sido notada pela primeira vez. Os neurolépticos devem ser evitados durante esse período.

158

79
26/10/2021

DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS

ATUAÇÃO SOBRE A VIA TÚBERO-HIPOFISÁRIA:

Hiperprolactinemia e Galactorreia
D2
Intumescimento mamário
Amenorreia
-
Dor e lactação
Ginecomastia e Diminuição da libido (homens)

Bromocriptina (7,5 a 15 mg/dia) podem ser úteis para reduzir os níveis de prolactina.

159

OUTROS EFEITOS INDESEJÁVEIS

Bloqueio não seletivo:

• Receptores muscarínicos:
• Embaçamento visual, aumento da pressão intraocular, taquicardia, boca seca, constipação e retenção
urinária.

• Receptores α-adrenérgicos:
• Hipotensão ortostática, ausência de ejaculação (em homens).

• Receptores H1 para histamina:


• Sedação (reduz com o uso continuado) e efeito antiemético.

• Receptor de 5-HT:
• Aumento de peso (risco de diabetes e doença cardiovascular).

160

80
26/10/2021

ESTABILIZADORES
DE HUMOR

161

CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V

162

81
26/10/2021

TRANSTORNO BIPOLAR

163

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

Distúrbio bipolar.

A depressão alterna com a mania (embora os períodos


de depressão sejam mais comuns).

É menos comum (1-2% durante a vida).

Geralmente aparece no início da vida adulta.

Forte tendência hereditária.

164

82
26/10/2021

Transtorno mental caracterizado por alternância entre episódios depressivos e de euforia (mania ou
TABP hipomania), alternados por períodos de remissão.

Episódio maníaco: humor elevado, exuberância, entusiasmo e autoconfiança; fala alta e rápida
difícil de interromper; pensamentos desorganizados, alucinações e delírios; redução da necessidade
de sono sem sinal de cansaço; ações impulsivas, impaciência, irritabilidade e agressividade. Em
geral, resulta em algum desfecho adverso (acidente, detenção, hospitalização psiquiátrica).
Precipitados por estressores, privação de sono, antidepressivos ou psicoestimulantes.

Episódio hipomaníaco: não há comprometimento


acentuado do funcionamento social ou ocupacional, nem
delírios ou alucinações. Alguns pacientes podem se tornar
mais produtivos do que o habitual.

Episódio depressivo: humor depressivo, tristeza, perda


de interesse, isolamento social, anedonia, sentimentos
de culpa e baixa autoestima.

165

CLASSIFICAÇÃO DO TABP
Transtorno bipolar I: episódios
maníacos totalmente desenvolvidos
ou episódios mistos de mania e
depressão, frequentemente seguidos
de um episódio depressivo.

Mania com ciclagem rápida: quando a


mania sofre recidiva pelo menos
4x/ano.

• Episódio maníaco: humor anormalmente elevado, expansivo ou


irritável.

• Episódio depressivo maior: humor deprimido ou perda do


interesse.
Ciclagem rápida: quando ocorre
• Episódio hipomaníaco: humor elevado, expansivo ou irritável, rápida passagem da mania para a
porém menos grave e menor duração da mania. depressão, em pelo menos 4x/ano e,
depois, de volta à mania.
• Episódio misto: preenche os critérios de episódio maníaco e
depressivo maior.

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CLASSIFICAÇÃO DO TABP

Transtorno bipolar II: caracteriza-se


por, pelo menos, um episódio
hipomaníaco que ocorre após um
episódio depressivo.

• Episódio maníaco: humor anormalmente elevado, expansivo ou Transtorno ciclotímico: caracteriza-se


irritável. por oscilações do humor que não são
tão graves quanto a mania franca e a
• Episódio depressivo maior: humor deprimido ou perda do depressão plena, mas que ainda sofre
interesse. exacerbações e quedas acima e abaixo
dos limites do humor normal
• Episódio hipomaníaco: humor elevado, expansivo ou irritável, (oscilações de humor entre hipomania
porém menos grave e menor duração da mania. e distimia).

• Episódio misto: preenche os critérios de episódio maníaco e


depressivo maior.

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DIAGNÓSTICO

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO SEGUNDO American Psychiatric Association

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DIAGNÓSTICO

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SINTOMAS E CIRCUITOS NEURONAIS DO TABP

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ESTABILIZADORES DE HUMOR

Definição Original
Fármacos que tratam a mania e impedem sua recidiva, “tornando estável” o
pólo maníaco do transtorno bipolar
Primariamente aplicado aos sais de lítio quando ficou determinado que eram eficazes não apenas no alívio
da mania, mas também como profilaxia contra os ciclos maníacos e depressivos.

Abrangência Atual
Lítio, Antipsicóticos (atípicos), Anticonvulsivantes
Talvez seja melhor definir como “classe de fármacos que tratam o transtorno bipolar”

171

FORMAS DE AÇÃO DOS ESTABILIZADORES DO HUMOR


Pode ser “inclinado para a mania” e “tratar de cima Pode ser “inclinado para a depressão” e “tratar de
para baixo” para reduzir os sintomas de mania e/ou baixo para cima” para reduzir os sintomas da depressão
“estabilizar de cima para baixo” para impedir a recidiva bipolar e/ou “estabilizar de baixo para cima” para
e a recaída da mania impedir a recidiva e a recaída da depressão

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LÍTIO – ESTABILIZADOR DO HUMOR CLÁSSICO

• Utilizado há mais de 50 anos no transtorno bipolar.

• Mecanismo de ação ainda não totalmente esclarecido.

• Afeta transdução de sinais.

• Inibição da inositol monofosfatase.

• Modulação das proteínas G.

• Compete com Na+ para ocorrência de potenciais de ação.

• Regulação da expressão gênica para fatores de crescimento e


plasticidade neural (inibição GSK-3 e PKC).

• Regulação do equilíbrio entre efeitos excitatórios e inibitórios


de vários neurotransmissores (5-HT, NE, GLU, GABA, DA)

173

RESPOSTAS MOLECULARES FRENTE AO USO DO LÍTIO

• Modula equilíbrio entre efeitos excitatórios e inibidores de 5-HT, NE, GLU, GABA e DA.

• Melhora a transmissão 5-HT: aumenta a síntese da 5-HT por aumentar a recaptação de


triptofano e facilita a liberação de 5-HT dos neurônios no córtex parietal e hipocampo.

• Aumenta a síntese de NE em algumas partes do cérebro e reduz a sua eliminação nos


pacientes com mania, enquanto eleva a excreção dos seus metabólitos nos indivíduos com
depressão.

• Bloqueia a supersensibilidade do receptor pós-sináptico da DA.

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EFEITOS COLATERAIS

• TGI: dispepsia, náuseas, vômitos e diarreia.

• SNC: tremores, confusão mental, sonolência/cansaço, retardo cognitivo e incoordenação motora.

• Endócrino: hipotireoidismo e ganho de peso.

• Renal: poliúria e polidipsia, retenção de sódio (edema).

• SCV: depressão da atividade do nodo SA.

• Dermatológicos: queda de cabelos, acne.

• Gravidez e pós-parto: efeitos teratogênicos (principalmente anormalidades cardíacas).

175

DOSAGEM E ADMINISTRAÇÃO

• Representante:
• Carbonato de lítio.
• Comprimidos de 300 mg.

• Iniciar com 300 mg (2-3x/dia) e ajustar de acordo a necessidade e tolerabilidade.


• Faixa de dose: 300 – 1.800 mg/dia.

• Níveis sérico terapêutico: 0,6 a 1,2 mEq/L para terapia de manutenção e até 1,5 mEq/L para mania
aguda (medidos 12 h após a última dose, depois que o paciente estiver usando a medicação por, no
mínimo 5 dias).
• Espera-se resposta em torno de 2 semanas após terem sido alcançados níveis séricos adequados.
• Efeitos adversos aumentam com níveis acima de 1,5 mEq/L.

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ANTICONVULSIVANTES COMO ESTABILIZADORES DO HUMOR

Mania pode “ativar” outros episódios de mania. Sequelas psiquiátricas (alucinações e acessos de
raiva) podem surgir na epilepsia do lobo
Convulsões podem “ativar” mais convulsões. temporal.

ANTICONVULSIVANTES COMO ESTABILIZADORES DE HUMOR

177

ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS COMO ESTABILIZADORES DO HUMOR

Demonstraram-se efetivos para os sintomas não-


psicóticos da mania e no tratamento de
Sintomas psicóticos estão associados a mania
manutenção para prevenção de recidiva

ANTIPSICÓTICOS COMO ESTABILIZADORES DE HUMOR

• Cada vez mais utilizados como estabilizadores de humor.


• O tratamento do TABP não consiste apenas na administração de 2 ou mais fármacos, mas na inclusão de 1
antipsicótico atípico entre esses agentes.
• Não exigem monitoramento.
• Apresentam início de ação rápido.
• Atuam na fase depressiva da doença.

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PRINCIPAIS REPRESENTANTES

• Risperidona: • Quetiapina
• Comprimidos de 1, 2 e 3 mg. • Comprimidos de 25, 100, 200 e 300 mg.
• Dose inicial: 1 mg/dia. • Dose inicial: 25 mg/dia.
• Faixa de dose: 1-6 mg/dia. • Faixa de dose: 300-600 mg/dia (depressão), 600-
• Incremento de 1 mg/dia até chegar à dose-alvo. 800 mg/dia (mania).
• Dose máxima: 8 mg/dia. • Incremento de 25 a 50 mg por dose por dia.
• Dose máxima: 800 mg/dia.

• Olanzapina: • Clozapina
• Comprimidos de 5 e 10 mg. • Comprimidos de 25 e 100 mg.
• Dose inicial: 5 mg/dia. • Dose inicial: 25 mg/dia.
• Faixa de dose: 5-20 mg/dia. • Faixa de dose: 300-400 mg/dia.
• Incremento de 5 mg/dia até chegar à dose-alvo. • Incremento de 25 mg a cada 1-2 dias até chegar
• Dose máxima: 20 mg/dia. à dose/alvo.
• Dose máxima: 800 mg/dia.

179

TRANSTORNO BIPOLAR E BENZODIAZEPÍNICOS

• Atuação sobre o receptor GABA-A.

• Não está aprovado formalmente como estabilizadores de humor.

• Tratamento adjuvante em situações de emergência → ação calmante imediata.

• Principais representantes:
• Clonazepam (1-6 mg/dia).
• Lorazepam (1-8 mg/dia).

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TRANSTORNO BIPOLAR E ANTIDEPRESSIVOS

• Antidepressivos não são eficazes e podem agravar o TABP:


• Indução de mania ou hipomania, ciclagem rápida ou estados mistos, tendências suicidas.

• Provável desenvolvimento do TABP em paciente TABP onde condição não tenha sido diagnosticada ou
diagnosticada incorretamente.

• Recomendações:
• Evitar monoterapia antidepressiva em indivíduos TABP ou que desenvolveram o transtorno após uso.

• Tratamento da depressão no TABP: lamotrigina, lítio e/ou antipsicóticos, em monoterapia ou em associação.

• Possibilidade de acrescentar um antidepressivo a esses agentes em pacientes com TABP que não apresentam
respostas consistentes ao tratamento com agentes de 1ª linha é objeto de discussão.

• Prefere-se bupropiona e fluoxetina e, por último, o uso de ADT.

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DEPENDÊNCIA E
ABUSO DE DROGAS

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ADICÇÃO

Padrão mal-adaptativo (compulsivo) de uso de substâncias que leva a prejuízo ou sofrimento clínico ou
redução de importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas ... em razão do uso da substância,
durante um período de 12 meses

3 DOS SEGUINTES CRITÉRIOS NO ÚLTIMO ANO:

Forte desejo ou compulsão.


Dificuldade de controlar o consumo.
Sinais e sintomas de abstinência.
Evidência de tolerância.
Abandono de atividades e interesses em favor do uso.
Persistência do uso a despeito de consequências nocivas.

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TIPOS DE CONSUMIDORES

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ABUSO E USO INDEVIDO DE DROGAS

ABUSO USO INDEVIDO DE DROGAS

Aplica-se especificamente a Uso impróprio de substâncias


substâncias não-prescritas: prescritas ou uso dessas substâncias
para fins não-terapêuticos.

Drogas de abuso: etanol, cocaína, nicotina*, Morfina ou BZD para outros fins que não sua
maconha*... indicação, ou em dose/frequência maiores que
a indicada.

185

TOLERÂNCIA

Diminuição do efeito de uma droga com o uso


contínuo, sendo necessário doses maiores para
produzir a mesma resposta

• Tolerância inata: variações individuais na sensibilidade à droga que


estão presentes desde a primeira administração.
• Polimorfismo genético nos genes que determinam o receptor
da droga ou nos que afetam a ADME da droga.
• Sensibilidade ao álcool.

• Tolerância adquirida: se desenvolve com o passar do tempo.


• Farmacocinética: aumento da capacidade de metabolizar ou
excretar a droga ao longo do tempo.
• Farmacodinâmica: alteração na interação D-R (diminuição no
número de receptores, modificação na via de transdução...).

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DEPENDÊNCIA

FÍSICA / FISIOLÓGICA PSICOLÓGICA

Sinais e sintomas adversos provocados pela Comportamentos de disforia e fissura provocados


abstinência da droga. Existe uma necessidade da pela abstinência da droga. Existe uma necessidade
droga para manter o funcionamento “normal” da droga para viver “normalmente e se sentir
confortável”
• Insônia, ansiedade e agitação frente à interrupção ao
uso de ansiolíticos. • Ocorre sempre que a droga afeta o sistema de
• Hipersensibilidade a estímulos dolorosos frente à recompensa encefálico.
interrupção ao uso de analgésicos opioides. • As sensações agradáveis produzidas causam o desejo
de continuar usando a droga.

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ADICÇÃO
(Má adaptação)

TOLERÂNCIA DEPENDÊNCIA
(Adaptação fisiológica) (Adaptação fisiológica)

Paciente sob uso de opioide para tratamento da dor → tolerante e dependente, mas não adicto.

Paciente pode ser adicto mesmo após muito tempo em abstinência á droga.

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PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO

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TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ADICÇÃO

DESINTOXICAÇÃO AGUDA PARA ALIVIAR OS SINTOMAS DA ABSTINÊNCIA

Permitir que os níveis sanguíneos da droga caiam e que o corpo adapte-se à sua ausência

• Reduzir a dose aos poucos e/ou usar drogas de ação prolongada da mesma classe.
• Metadona na abstinência da heroína.
• Nicotina transdérmica na abstinência do tabaco.
• BZD de ação longa (diazepam) na abstinência do álcool.

• Drogas que bloqueiam os sinais e sintomas da abstinência:


• Agonista a2 (clonidina) ou b-bloqueadores (propranolol) para bloquear a hiperatividade simpática.

• Drogas que causam efeitos adversos desagradáveis quando a droga de abuso é usada:
• Dissulfiram na dependência do álcool.

• Uso de antagonistas dos efeitos da droga:


• Naltrexona na dependência de opioides e álcool.
• Rimonabanto na dependência à maconha.

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TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO

• Técnicas de aconselhamento (TCC), terapias de grupo, orientações...

• Abordar a situação do emprego e da família, disponibilidade da família em ajudar no


tratamento, falta de acesso à atenção em saúde.

• Acionar o serviço social caso necessário.

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