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INTERAÇÕES A membrana celular consiste em uma

dupla camada lipídica (bilipídica) composta


FARMACOCINÉTICAS por 3 tipos principais de lipídios –
A farmacocinética estuda a velocidade fosfolipídios, esfingolipídios e colesterol.
com que os fármacos atingem o local de Uma extremidade é lipofílica e a outra é
ação e são eliminados do organismo, além hidrofílica. A camada lipídica no meio da
de fatores que podem influenciar na membrana é impermeável ás substâncias
usuais solúveis em água, como íons,
quantidade de fármaco que atinge
glicose e ureia. Por outro lado, substâncias
determinado local, isto é, a relação dose- solúveis em gordura, como O2, CO2 e
concentração. Interações farmacocinéticas álcool podem penetrar essa parte da
são aquelas em que um fármaco altera a membrana com facilidade.
velocidade ou a extensão de absorção,
Existem glicoproteínas – proteínas
distribuição, biotransformação ou excreção periféricas e integrais - nas membranas,
de outro fármaco. que atuam como canais que possibilitam a
passagem de moléculas, tendo
propriedades seletivas ou podem funcionar
com receptores para substâncias químicas
hidrossolúveis, que não penetram
facilmente na MP.

O fármaco é administrado por uma via


TIPOS DE TRANSPORTE DE
no seu sítio de administração
DROGAS ATRAVÉS DAS
(parenteral/oral), é absorvido, cai na
circulação sistêmica, é metabolizado, é MEMBRANAS.
distribuído para os tecidos ou é excretado.
O fármaco pode ser totalmente, em parte
ou nada distribuído para o processo de
PROCESSOS PASSIVOS: NÃO
biotransformação, dependendo da via que
ENVOLVE GASTO DE ENERGIA.
é administrado.  DIFUSÃO PASSIVA
Para atingir seu sítio de ação, o fármaco AQUOSA
precisa atravessar uma série de barreiras
físicas, químicas e biológicas (barreira Ocorre dentro dos maiores
hematoencefálica, membranas biológicas, compartimentos aquosos do corpo (espaço
tecidos e membranas mucosas). A intersticial, citosol etc.) e por meio de
distribuição de um fármaco ocorre
junções da membrana epitelial e do
principalmente por difusão passiva, cuja a
velocidade é afetada por condições iônicas
revestimento endotelial de VS, por poros
e celulares locais. aquosos.

MEMBRANAS  DIFUSÃO PASSIVA


BIOLÓGICAS LIPÍDICA
Vai depender do coeficiente de partição
lipídica-aquosa ( mais lipossolúvel melhor
absorvido); grau de ionização ( melhor
absorvida na forma molecular 
moléculas ionizadas atraem moléculas
ionizadas; pH e partição do pH  equação
de HH.

 DIFUSÃO FACILITADA
Transporte por proteínas carreadoras a
favor do gradiente sem gasto energético.
A difusão de fármacos ácidos e básicos
através das membranas com dupla
PROCESSOS ATIVOS: camada lipídica também pode ser afetada
TRANSPORTE POR MEIO DE por um fenômeno associado à carga,
PROTEÍNAS NA DIREÇÃO OPOSTA conhecido com SEQUESTRO PELO pH, que é
AO GRADIENTE ELETROUÍMICO determinado pelo pKa e pH.
COM GASTO ENERGÉTICO
Para os fármacos fracamente ácidos,
 TRANSPORTE ATIVO como o fenobarbital e a aspirina, a forma
protonada do fármaco que predomina no
A endocitose envolve o ambiente altamente ácido do estômago é
engolfamento de substâncias, eletricamente neutra. Essa forma do
quando se liga a um receptor da fármaco sem carga tem mais tendência a
atravessar as duplas camadas lipídicas da
superfície celular, pela membrana mucosa gástrica, acelerando a absorção do
da célula e carreada por meio de fármaco. A seguir, o fármaco fracamente
vesículas. ácido é desprotonado para sua forma com
carga elétrica no ambiente mais básico do
PINOCITOSE plasma, e esta forma tem menos
Envolve o englobamento de probabilidade de sofrer difusão retrógrada
macromoléculas através da mucosa gástrica. Em seu
conjunto, esses equilíbrios sequestram
FAGOCITOSE efetivamente o fármaco no interior do
plasma.
Envolve partículas grandes em vez de
moléculas.
circulação sistêmica em relação a
quantidade de fármaco administrado.
Fármacos administrados de maneira
intravenosa são injetados diretamente na
circulação sistêmica (biodisponibilidade
igual a 1). Entretanto, a administração oral
a biodisponibilidade é menor  absorção
GI incompleta e metabolismo hepático de
primeira passagem.

Fatores que influenciam a


ABSORÇÃO
1. Relacionados a droga
 Propriedades físico-químicas
(lipossolubilidade – Co líquido-
aquoso, solubilidade – forma
farmacêutica, peso e tamanho da
molécula, carga elétrica, pH e pKa
da droga, concentração.
2. Relacionados ao meio
 pH do meio
 concentração do fármaco

Meio intracelular e extracelular  Uma


maior concentração do fármaco fora da
célula normalmente tende a favorecer a
entrada efetiva deste fármaco na célula.
 interação com alimentos
 fluxo sanguíneo

Quanto mais perfundido, maior a


capacidade de difusão do fármaco para a
corrente sanguínea.
 área da superfície de absorção

Quanto maior a área da superfície, maior a


capacidade do fluxo de difusão  LEI DE
FICK.
 vias de administração de drogas

INTERAÇÕES
FARMACOCINÉTICAS DE
ABSORÇÃO
ABSORÇÃO  Alteração do pH intestinal.
Passagem do fármaco da via de Alimentos e medicamentos  Após a
administração para a circulação sistêmica,
ingestão de alimentos, o pH do estômago
através de barreiras biológicas
aumenta → pode afetar a desintegração
A biodisponibilidade do fármaco relaciona- das cápsulas, drágeas ou comprimidos
se a proporção de fármaco que alcança a
Omeprazol e antiácidos também alteram
pH e modificam a absorção de fármacos.
 Adsorção, quelação e outros
mecanismo de complexação.

Leite e tetraciclina - Íons divalentes e


trivalentes (Ca2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+) -
quelatos não absorvíveis com as
tetraciclinas, ocasionando a excreção fecal
dos minerais, bem como a do fármaco. FATORES QUE INTERFEREM
Óleo mineral e vitaminas - Interfere na A DISTRIBUIÇÃO
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D,
1) Ligação a proteínas plasmáticas
E, K), βcaroteno, cálcio e fosfatos.
A capacidade do músculo e do tecido
Carvão ativado – Importante em casos de
adiposo de ligar-se a um fármaco aumenta
superdosagem
a tendência desse fármaco a sofrer difusão
do sangue para compartimentos não-
 Alteração na motilidade vasculares, porém essa tendência pode ser
gastrintestinal. contrabalançada, em certo grau, pela
ligação do fármaco às proteínas
Metoclopramida, domperidona → plasmáticas.
aumentam a velocidade de esvaziamento
gástrico (aumenta velocidade de absorção A ligação às proteínas plasmáticas
de várias classes de drogas) tende a reduzir a disponibilidade de um
fármaco para difusão ou transporte no
Analgésicos opióides → Absorção mais órgão-alvo desse fármaco, visto que, em
lenta geral, apenas a forma livre ou não-ligada
Levodopa e penicilina são degradadas no do fármaco é capaz de difundir-se através
estômago → maior permanência implica das membranas. A ligação às proteínas
em menor disponibilidade plasmáticas também pode reduzir o
transporte dos fármacos em
 Interações com Cit P450 intestinal
compartimentos não-vasculares, como o
tecido adiposo e o músculo. Como um
fármaco altamente ligado às proteínas
tende a permanecer no sangue circulante,
este fármaco frequentemente apresenta
um volume de distribuição relativamente
baixo.

DISTRIBUIÇÃO
É a transposição de um fármaco da
corrente sanguínea para os tecidos INTERAÇÕES FARMACOC – DISTRIBUIÇÃO
(músculo, tecido adiposo, outros Teoricamente, a ligação às proteínas
compartimentos não-vasculares). plasmáticas poderia ser importante como
mecanismo em algumas interações
medicamentosas. A co-administração de
dois ou mais fármacos, em que todos se
ligam altamente às proteínas plasmáticas,
pode resultar numa concentração
plasmática da forma livre de um ou de
ambos os fármacos mais alta do que o
esperado. Essa situação deve-se ao fato de
que os fármacos co-administrados
competem pelos mesmos sítios de ligação
nas proteínas plasmáticas. A concentração
aumentada de fármaco livre pode ter o
potencial de produzir efeitos terapêuticos
e/ou tóxicos aumentados do fármaco.
Nesses casos, podemos deduzir que será
necessário ajustar o esquema de dosagem
de um ou de ambos os fármacos, de modo
que a concentração de fármaco livre possa
retornar à sua faixa terapêutica.
Entretanto, na prática, tem sido difícil
demonstrar interações medicamentosas
clinicamente significativas causadas por
competição de dois fármacos pela sua
ligação às proteínas plasmáticas. Esse
resultado um tanto surpreendente pode ser
atribuído à depuração aumentada dos
fármacos livres quando são deslocados de
seus sítios de ligação nas proteínas
plasmáticas.

Competição na ligação a proteínas


plasmáticas

Em geral substâncias ativas ácidas se ligam


às proteínas plasmáticas e deslocam outros
fármacos.

 Fenilbutazona, oxifenbuzatona,
sulfisoxazol, clofibrato e
azapropazona deslocam os
anticoagulantes orais.
 Fenilbutazona, oxifenbutazona,
salicilatos e sulfonamídicos
deslocam os hipoglicemiantes orais
Hemodiluição com diminuição de
proteínas plasmáticas
BIOTRANSFORMAÇÃO
Ocorre principalmente no fígado, nos rins,
nos pulmões e no tecido nervoso. Acontece
2) Fluxo sanguíneo quando o fármaco se transforma em uma
ou mais substâncias por ação de enzimas
O elevado fluxo sanguíneo recebido
inespecíficas (indução e inibição) e fatores
favorece cinematicamente a entrada do
diversos (idade, fatores genéticos).
fármaco no compartimento extravascular.
A biotransformação dos fármacos pode
3) Diferença de pH nos diferentes
alterá-los de quatro maneiras
compartimentos
importantes: •um fármaco ativo pode ser
4) Permeabilidade capilar
convertido em fármaco inativo.
5) Propriedades físico-químicas do
fármaco • Um fármaco ativo pode ser convertido
em um metabólito ativo ou tóxico.
◦ lipossolubilidade
• Um pró-fármaco inativo pode ser
◦ afinidade química por algum componente
convertido em fármaco ativo.
celular
• Um fármaco não-excretável pode ser
Ex. Pb → osso (sítio de armazenamento)
convertido em metabólito passível de
excreção (por exemplo, aumentando a
depuração renal ou biliar).

As reações de biotransformação podem ser


do tipo:

 FASE I
Reações de oxidação/redução ocorre a
elevação de níveis de enzimas que facilitam
a reação. (citocromo P450  CYP)

 FASE II
Reações de conjugação/hidrólise
hidrolisam um fármaco ou conjugam-no a
uma molécula grande e polar para inativá-
lo, aumentando a solubilidade e facilitando
a excreção.

INDUÇÃO ENZIMÁTICA
Quando ocorre aumento, induzido pela
droga, da atividade de certas enzimas
(aumento da velocidade de transcrição e
síntese da enzima P450 ou pela redução de
sua velocidade de degradação).

Consequências:
1) TOLERÂNCIA
EXCREÇÃO
↑ enzimas hepáticas  metabolização
mais rápida  precisa aumentar a É a saída do fármaco do organismo (em
dosagem (afasta-se da dose terapêutica) forma inalterada ou como metabólitos
 produção do mesmo efeito ativos e/ou inativos)

2) INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Principais vias


Pode resultar na produção de níveis tóxicos  RENAL
dos metabólitos reativos dos fármacos, 1) Alteração do pH urinário
resultando em lesão tecidual ou outros 2) Alteração da excreção tubular
efeitos colaterais. renal
3) Fluxo sanguíneo renal
Ex: fenobrital, carbamazepina.

INIBIÇÃO ENZIMÁTICA  BILIAR


1) Excreção biliar e ciclo êntero-
Caracteriza-se pela queda da velocidade de hepático.
biotransformação (inibem a atividade  FECAL
enzimática do citocromo P450).
◦ Fármacos administrados via GI e não
Esta inibição geralmente é competitiva absorvidos.
(disputam pelo mesmo sítio ativo).
◦ Fármacos excretados com a bile.
 Sistema microssomal hepático
◦ Evidências de difusão passiva direta do
cimetidina, cetoconazol sangue para o intestino (digitoxina).

 Monoaminooxidase  PULMONAR

antidepressivos inibidores da MAO,


anfetamina DEPURAÇÃO
 Colinesterase É uma medida referente a capacidade do
organismo de eliminar um fármaco.
organofosforados, piridostigmina
A depuração é o fator isolado mais
importante na determinação de
 Aldeído desidrogenase concentrações de fármacos. A
 dissulfiram interpretação de mensurações de
concentrações de fármacos depende de um
entendimento claro de três fatores que
influenciam a depuração:

 a dose;
 o fluxo sanguíneo orgânico;
 e a função intrínseca do fígado ou
dos rins;

Cada um desses fatores deve ser


considerado ao se interpretar a depuração
estimada a partir de uma mensuração de
concentração de fármaco. Também deve-se
reconhecer que mudanças na ligação a
proteínas podem levar os descuidados a
acreditar que há uma alteração da
depuração, quando, de fato, a eliminação
do fármaco não está alterada.

MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO
É o tempo necessário para que a
concentração plasmática de um
determinado fármaco seja reduzida pela
metade.

As diferenças entre depuração e meia-vida


são importantes na definição dos
mecanismos subjacentes para o efeito de
um estado mórbido sobre a disposição de
fármacos. Por exemplo, a meia-vida do
diazepam aumenta com a idade do
paciente. Quando se relaciona a depuração
à idade, verifica-se que a depuração desse
fármaco não muda com a idade. A meia-
vida crescente do diazepam, de fato,
resulta de alterações do volume de
distribuição com a idade; os processos
metabólicos responsáveis pela eliminação
do fármaco são muito constantes.

VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO(V)

V= Quantidade de fármaco no
corpo/concentração plasmática do
fármaco

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