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A absorção consiste na transferência do fármaco desde seu local de aplicação até a corrente
circulatória. Por meio dessa, o fármaco é distribuído aos vários tecidos e compartimentos orgânicos.
A biotransformação modifica a estrutura do fármaco, inativando-o na maioria das vezes e
facilitando sua eliminação. A excreção implica a saída do fármaco do organismo.
Movimento transmembranar
Os fármacos em geral passam através de células, não em espaços intercelulares, que são
diminutos, permitindo apenas trânsito de água, sais e outros compostos de pequeno peso molecular.
Em algumas membranas, como a epitelial, as células ainda apresentam estruturas de junção que
vedam a passagem pelo espaço intercelular.
Mecanismo de transporte
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Já substâncias hidrossolúveis de pequeno tamanho (íons inorgânicos, ureia, metano, água)
podem transpor a membrana através de poros virtuais, verdadeiros canais aquosos. Essapassagem
envolve fluxo de água, resultante de diferenças depressão hidrostática ou osmótica através da
membrana, o qualarrasta pequenos solutos (até 100a 200 dáltons). O diâmetro dos canais é variável.
Nas células endoteliais dos capilares, têm cerca de 30 angstrom, impedindo a passagem de
moléculas tão grandes quanto albumina. Por isso os fármacos ligados a proteínas plasmáticas não
passam, em condições fisiológicas, ao líquido intersticial. O processo de difusão por poros é
importante nos tecidos renal, hepático e cerebral.
Absorção: movimento de aproximação do sítio de ação, indo do local de aplicação até a corrente
circulatória, ou seja, entrada da “droga” no sangue. Depende de movimentos transmembranar, de
fluxo sanguíneo no sítio absortivo, extensão e espessura da superfície de absorção, formas
farmacêuticas e vias de administração escolhidas. Outro fator que interfere com a absorção é a
mucoaderência, que justifica os variados tempos absortivos nos vários sítios do trato gastrintestinal,
especialmente estômago e intestino delgado.
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Forma farmacêutica é o produto resultante do processo tecnológico que confere aos medicamentos
características adequadas para sua administração correta, dosificação e eficácia terapêutica.Podem
ser classificadas em líquidas, sólidas e semissólidas.
Vias de administraçãosão estruturas orgânicas com as quais o fármaco toma contato para penetrar
no organismo a fim de exercer seu efeito.A escolha da via de administração do medicamento deve
considerar o tipo de ação desejada, sua rapidez de ação e a natureza do medicamento. Denominam-
se enteraisquando o fármaco entra em contato com qualquer segmento do trato digestivo (vias
sublingual, bucal, oral e reta!). As demais são designadas parenterais, já que não utilizam o tubo
digestivo.
Geralmente, cada via pode ser abordada por diversos métodos de administraçoo(injeção,
infusão, instilação, deglutição, inalação, sondagem nasogástrica, fricção etc.), nela se usando
variadas formas farmacêuticas.
Distribuição: O fármaco penetra na circulação sistêmica por administração direta ou após absorção
a partir do sítio de aplicação. Do sangue o fármaco se distribui a diferentes tecidos do organismo,
funcionalmente classificados em suscetíveis (que sofrem a ação farmacológica), ativos (que
metabolizam o fármaco), indiferentes (que servem como reservatório temporário) e emunctórios
(encarregados da eliminação do fármaco).
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Como a velocidade de distribuição de um fármaco no organismo costuma ser maior que a de
metabolização e excreção, um pseudoequilíbrio entre plasma e tecido é atingido ao se completar a
distribuição, mas a concentração plasmática continua a diminuir graças à eliminação.
A distribuição é quantificada, a partir do conceito de compartimentos, pelo volume de
distribuição. Compartimento, em farmacocinética, é uma simplificação matemática do organismo,
correspondendo ao espaço (volume) em que se distribui o fármaco.
Conhecendo-se concentração sanguínea e quantidade total administrada (dose) do fármaco,
pode-se calcular o volume em que ele se distribuiu, segundo a fórmula:
dose
velocidade de distribuição=
concentração p lasmática
A soma das duas formas corresponde à unidade, quantificando-se a forma ligada da seguinte
maneira:
Forma ligada = 1 - forma livre
No entanto, a concentração da forma livre é a mais relevante, umavez que só essa fração
pode difundir para fora dos vasos e produzir ações farmacológicas. Alta proporção de ligação (90%,
por exemplo) não implica que somente l0% do fármaco circulante terá acesso aos tecidos, pois,
sempre que parte da fração livre abandona o plasma, proporção correspondente se desliga das
proteínas. No equilíbrio, fármacos com alto volume de distribuição estarão predominantemente nos
tecidos, mesmo que se liguem importantemente às proteínas plasmáticas.
Eliminação
Um fármaco pode sofrer uma ou mais transformações até que se produza derivado com real
possibilidade de excreção. Nessa segunda circunstância, a primeira reação é preparatória,
produzindo composto intermediário que ainda deverá sofrer nova reação, gerando-se ao final um
metabólito polar, hidrossolúvel, capaz de ser excretado. As reações iniciais são chamadas de fase I e
incluem oxidações, reduções e hidrólises. As outras, de fase II ou sintéticas, compreendem
conjugações e acetilações. As reações de fase I podem originar metabólitos ativos ou inativos. Após
a fase II, a grande maioria dos fármacos está inativada.
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acelera-se a biotransformação, acarretando redução em intensidade e duração de resposta aos
medicamentos. Alguns medicamentos causam comprometimento hepático, alterando a capacidade
de biotransformação (antidepressivos).
Pela excreção os compostos são removidos do organismo para o meio externo. Fármacos
hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou secretados nos túbulos
renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em atravessar membranas. Excretam-
se, portanto, na forma ativa. Os sítios de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim,
incluem pulmões, fezes, secreção biliar, suor, lágrimas, saliva e leite materno. Afora os pulmões
para os fármacos gasosos ou voláteis, os demais sítios são quantitativamente menos importantes.
O fígado é capaz de excretar ativamente fármacos através da bile para a luz intestinal, onde
podem ser reabsorvidos pelo circuito êntero-hepático ou excretados pelas fezes. A reintrodução de
composto ativo na circulação sistêmica pode prolongar seus efeitos. Por essa via se excretam
fármacos de alto peso molecular, os muito polares e aqueles que são ativamente englobados em
micelas de sais biliares, colesterol e fosfolipídeos.
Pelos rins são excretados fármacos intactos, em forma ativa, ou metabólitos ativos e
inativos. Em um primeiro momento, o fármaco é filtrado ou secretado para a luz tubular. A parti daí
podem ser eliminados com a urina ou reabsorvidos, ativa ou passivamente, pelo epitélio tubular. Só
fármacos não ligados a proteínas plasmáticas são filtrados. A depuração (clearance) renal é difícil
de prever, em função de transporte tubular passivo e ativo bidirecional, diferenças na capacidade de
captação do fármaco, pH urinário, permeabilidade e capacidade metabólica.
Nos primeiros dois anos de vida, a excreção renal deve ser determinada por marcadores da
função renal, como creatinina sérica, a qual serve para orientar o esquema de administração. Em
idosos, a excreção renal de fármacos declina, em decorrência da diminuição de número de
néfronsfuncionantes, transporte tubular renal de ácidos orgânicos e fluxo sanguíneo renal.
Aplicação da farmacocinética
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Os conhecimentos farmacocinéticos permitem evitar concentrações
subterapêuticas(ineficazes) ou supramáximas (potencialmente tóxicas), além disso possibilitam
modificar esquemasde administração em presença de anormalidades nos processosde absorção,
distribuição e eliminação
Fármacos eliminados em forma ativa pelo rim têm maiscomumente cinética de primeira
ordem. Por serem filtrados nosglomérulos e não reabsorvidos nos túbulos, o volume de
plasmadepurado corresponde ao filtrado glomerular.
Fármacos eliminados por biotransformação podem não ter cinética de primeira ordem, pois
o sistema de biotransformação émuitas vezes saturável. Nesse caso, a meia-vida tende a
aumentarcom a concentração plasmática (ou dose), o que configura a cinética de ordem zero (ácido
acetilsalicílico, fenitoína, heparina e álcool).
Modelo Compartimentais
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diminuição da concentração plasmática dependerá da eliminação do fármaco por biotransformação
ou excreção. Essa é denominada fase beta ou de eliminação e medida pela meia-vida beta (tl/2 de
eliminação). Usualmente, concentrações plasmáticas caem abaixo do nível terapêutico na fase de
eliminação, mais lenta que a de distribuição.
O volume de distribuição no compartimento central (Vc) pode ser medido pela fórmula:
dose
volume de distribuição central=
concentração inicial
dose
volume de distribição de equilibrio=
C0
Depuração = Q X E
Em que "Q" é o fluxo plasmático do órgão e "E", a capacidade intrínseca de extração, assim
calculada:
concentração na artéria−concentração na veia
E=
concentração na artéria
Se um dado órgão extrai todo o fármaco que ingressou pela circulação arterial,sua
capacidade intrínseca de extração é igual a 1. Será zero se nada extrair. No primeiro caso, a
depuração exercida por esse órgão terá o mesmo valor de seu fluxo plasmático, qualquer que seja a
quantidade de fármaco contida no volume circulante. Como consequência, a meia-vida será
constante, caracterizando a cinética de primeira ordem. Se a capacidade intrínseca de extração for
saturável, ou seja, se o órgão conseguir biotransformar ou excretar somente uma quantidade
constante, a meia-vida será proporcional à dose, caracterizando a cinética de ordem zero.
Algumas situações clínicas podem ser tratadas com dose única de fármaco.
Se a administração for feita por via diversa da intravenosa, deve-se levar em conta a
biodisponibilidade (f):
Concentraçãoeficaz X V AD .
Dose única=
f
Às vezes, é necessário repetir a dose única devido à recorrência da situação clínica. Para
estimar o quanto da dose inicial perdura no organismo, deve-se considerar que a cada meia-vida a
concentração cai à metade. Portanto, em quatro meias-vidas a concentração é 6,25% da inicial,
significando, em termos práticos, que o fármaco foi eliminado.
fD
CE=
T x Cl
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Em que f é a biodisponibilidade, D, a dose, T, o intervalo entre doses, e Cl, a
depuração (clearance).
Dose de Ataque
Tanto esquema de doses repetidas como infusão intravenosa contínua podem ser precedidos
por dose de ataque.Poucas vezes é necessário administrá-la, podendo-se aguardar 4 meias-vidas
para que se atinja equilíbrio dentro da janela terapêutica, especialmente com fármacos de reduzido
t1/2. Quando é preciso atingir rapidamente a concentração eficaz (heparina em tromboembolismo,
por exemplo),utiliza-se dose de ataque estimada pela fórmula de cálculo dadose única.
Concentraçãoeficaz X V AD .
Dose única=
f
Análise farmacodinâmica provê uma das bases para uso terapêutico de fármacos, assim
como para a toxicologia.A eficácia dos medicamentos e o surgimento de reações adversas
relacionam-se às ações farmacológicas. Do ponto de vista terapêutico, as ações podem ser
específicas, combatendo diretamente a causação das doenças, ou inespecíficas, quando somente
aliviam manifestações clínicas.Nesse sentido, antibióticos exemplificam o primeiro caso,
objetivando morte ou inibição de crescimento de bactérias causadoras da infecção; já analgésicos e
ansiolíticos, inespecíficos, aliviam dor e ansiedade, respectivamente, independendo de suas causas.
Sítio de ação ou biofaseé o local onde atua o fármaco, desde que aí chegue em
concentrações adequadas, para o que concorrem processos de absorção e distribuição. Esses sítios
têm localização extracelular (heparina se combina com proteínas da coagulação sanguínea),
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intracelular (anti-inflamatórios esteroides influenciam a transcrição gênica, ligando-se a receptores
citoplasmáticos) ou em superfície da membrana celular (grande número de fármacos acopla-se a
receptores da membrana celular).
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