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Farmacologia Aplicada a Manifestações gerais de Doenças.

Dor

Dor é fenômeno complexo que envolve tanto eventos neurofisiológicos quanto experiência de sofrimento
que mobiliza o instinto humano de cuidado.
Dor é definida como experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada a dano tecidual real ou
potencial, ou descrita em termos desse tipo de dano. A Dor resulta de dois componentes: nocicepção(descrever a
resposta neural a estímulos traumáticos ou lesivos) e reatividade emocional à dor.

Termo Significado
Sinais sensoriais enviados de todos os tecidos do organismo, incluindo pele,
Aferênciasomatssensorial
vísceras, músculos e articulações.
Dor causada por estímulo (tátil, térmico ou outro) que normalmente não é
Alodinia
percebido como nocivo, ou seja, que habitualmente não provoca dor.
Artralgia Dor em articulação, decorrente de artrite ou artropatia.
Síndrome constituída por dor sustentada em queimação, alodinia e hiperpatia,
Causalgia após lesão nervosa traumática; frequentemente acompanhada de disfunções
vasomotora e sudomotora e alterações tróficas tardias.
Sensação anormal desagradável, espontânea ou evocada, na vigência ou
Disestesia ausência de um estímulo; perturbação de qualquer sentido, especialmente
tato; casos especiais de disestesia incluem hiperalgesia e alodinia.
Dor central Dor associada a lesão de sistema nervoso central.
Hiperalgesia Resposta aumentada a estímulo que é normalmente doloroso (nocivo).
Sensibilidade aumentada à estimulação; maior resposta a estímulo leve; pode
Hiperestesia se referir a vários tipos de sensibilidade cutânea, incluindo tato e temperatura,
além de dor.
Síndrome caracterizada por hiperestesia, alodinia e hiperalgesia; usualmente
Hiperpatia associa-se a uma reação exagerada, com persistência da sensação após o
estímulo.
Hipoalgesia Resposta diminuída à estimulação nociva.
Hipoestesia Resposta diminuída à estimulação. Sensação cutânea reduzida.
Limiar de dor Menor estimulação nociva capaz de ser percebida como dor.
Neuralgia Dor na região de distribuição de um nervo ou de um grupo de nervos.
Neurite Inflamação de um nervo ou nervos.
Distúrbio de função ou alteração patológica de um (mononeuropatia) ou de
Neuropatia
vários nervos (polineuropatia).
Nível de tolerância Máximo nível de dor que o indivíduo é capaz de suportar.
Sensação anormal, espontânea ou evocada, percebida na ausência de estímulo
Parestesia
aparente; pode ser descrita como sensação de queimação ou formigamento.
Área ou local hipersensível em musculatura ou tecido conjuntivo, usualmente
Ponto de gatilho
associado a síndromes dolorosas miofasciais.
Radiculalgia Dor ao longo da distribuição de uma ou mais raízes nervosas sensitivas.
Radiculite Inflamação de uma ou mais raízes nervosas.
Anormalidade funcional ou alteração patológica de uma ou mais raízes
Radiculopatia
nervosas.
Esquema em três etapas para tratamento da dor, proposto pela OMS.

Esquema de tratamento de dores agudas (em geral) e crônicas (de origem oncológica).
1

Analgésicos não Paracetamol. 500 mg/dose


Dores
opioides Ácido acetilsalicílico. 500mg/dose
Leves

Analgesia
insuficiente
2
Associação de paracetamol 500mg
Associação de analgésicos
Dores
nãoopioide e opioide e codeína30mg, por dose 3
Moderada ouAINE
ouIbuprofeno200mg/dose4.

Analgesia
Insuficiente
Dores Analgésicos Morfina. I 0-30 mg (oral)
Intensas opioides ou2,5-5 mg (intravenosa)

1_ANALGÉSICOS GERAIS

1
Até dose máxima de 4 g por dia.
2
A escolha deve ser feita com base em análise de risco-beneficio.
3
Até dose máxima de 4g por dia de paracetamol e 60 mg de codeina por dose.
4
Até dose máxima de 1,2g por dia.
Em anestesia geral, o indivíduo não responde a estímulos ambientais. Há inconsciência e perda de
reflexos de proteção.
Na prática clinica, a anestesia geral envolve a combinação de quatro elementos: hipnose, analgesia,
relaxamento muscular e bloqueio de respostas neuro-humorais ao estresse anestésicocirúrgico.
Em anestesia geral, hipnose refere-se a prejuízo de funções cognitivas - percepção, atenção, vontade,
autoconsciência e memória - necessárias para resposta apropriada a estímulos ambientais. Mede-se hipnose pela
ausência de resposta a comandos verbais específicos

Etapas da Anestesia Geral


No período pré-operatório, avalia-se o paciente e administra-se medicação pré-anestésica. O período
transoperatório é habitualmente dividido em três fases: indução, manutenção e recuperação (emergência) da
anestesia. O período pós-operatório corresponde à recuperação pós-anestésica.

Classificação dos Anestésicos Gerais


Anestésicos inalatóriossão administrados por via respiratória nas fases de indução e manutenção da
anestesia. Compreendem
agentes voláteis:são líquidos transformados em gases por aparelhagem apropriada (vaporizadores)
incluem halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano e desflurano. São agentes hipnóticos, analgésicos e
depressores respiratórios e cardiovasculares pobres. E; gases que já estão sob essa forma no meio exterior.
Compreendem óxido nitroso (disponível no Brasil) e xenônio.
Em baixas doses, anestésicos inalatórios induzem hipnose, analgesia, amnésia, euforia, excitação e hiper-
reflexia. Sedação profunda, relaxamento muscular e redução de respostas motoras e autonôrnicas ao estímulo
nocivo requerem concentrações mais altas.
Anestésicos intravenososcompreendem barbitúricos, benzodiazepínicos, propofol, etomidato, cetamina e
analgésicos opioides.

SELEÇÃO
Dentre os anestésicos halogenados modernos, halotanofoi o primeiro a ser introduzido na prática clínica.
É usualmente empregado na manutenção da anestesia, em especial para pacientes Pediátricos, porque é bem
tolerado para indução, não sendo irritante ou inflamável, e seus efeitos adversos parecem ser menores nessa faixa
etária. É broncodilatador potente, podendo ser útil em pacientes asmáticos. Tem baixo custo.
Enfluranoé agente não inflamável e não explosivo, com propriedades hipnótica e relaxante muscular;
lsofluranoé anestésico inalatório volátil, É tipicamente administrado na fase
de manutenção da anestesia, após indução com outros agentes, pois apresenta odor pungente, inicialmente foi
descrito como fármaco capaz de determinar a chamada "síndrome do roubo coronariano", é vasodilatador
coronariano relativamente fraco.
Sevofluranoé anestésico volátil com baixo coeficiente de partição sangue-gás (alta insolubilidade
sanguínea). Não irrita as vias respiratórias e associa-se a perda de consciência rápida e agradável. É agente
indutor, especialmente em anestesias pediátricas. É menos utilizado como agente de manutenção, devido a seu
preço e produção de metabólito potencialmente nefrotóxico (composto A). No entanto, por preservar a função
cardiovascular, pode ser útil em anestesias de pacientes idosos ou com maior comprometimento orgânico.
DesfluranoÉ o menos potente dos anestésicos voláteis, é irritante para as vias respiratórias.
concentrações inaladas superiores à concentração anestésica mínima podem causar tosse, salivação excessiva e
laringospasmo.
Óxido nitroso (protóxido de azoto ou N20), também chamado de gás hilariante, É o menos potente dos
anestésicos inalatórios. Tem grande capacidade analgésica, aumentada pelo uso prévio de agentes opioides. Não
irrita as vias respiratórias, mas estringe o suprimento de oxigênio na mistura inspirada. A maior concentração
que pode ser administrada com segurança é a de 70%.
Xenônio Exerce efeitos analgésicos independentes de receptores opioides e a alfa2 - adrenérgicos. É
suficientemente potente para produzir anestesia cirúrgica quando administrado com 30% de 0 2 Tem mínimos
efeitos adversos. Agente bastante seguro.
Entre os barbitúricos, três são utilizados em anestesia, especialmente na fase de indução- tiopental
s6dico, tiamilal e metohexital (3x mais potente que tiopental), todo s com ação ultracurta.
Todos os benzodiazepínicos têm propriedades ansiolítica, hipnótica, sedativa, amnésica,
anticonvulsivante e relaxante muscular por ação central, propiciando seu uso em sedação moderada ou profunda,
pré-medicação, indução ou manutenção da anestesia. Não têm propriedade analgésica, mas permitem redução
das doses de analgésicos opioides. Os mais usados em anestesias Midazolam (curta), lorazepam (intermeiario) e
diazepam (longa). Para administração intramuscular, midazolam constitui a primeira escolha.
Propofolé o anestésico intravenoso Sedativo e hipnótico de ação ultracurta, é empregado em indução e
manutenção da anestesia, Tem propriedades antiemética, anticonvulsivante e antipruriginosa. É usado com
alfentanila ou sufentanila (analgésicos opioides de curta ação) em anestesias intravenosas totais (sem associação
com anestésicos inalatórios), visando recuperação anestésica mais rápida.
Etomidatoé derivado imidazólico com grande capacidade hipnótica. É primariamente usado para indução
anestésica. início rápido e curta duração (3 a 5 min)
Cetamina consiste em dois enantiômeros: S-( +) (mais potente e menos reações adversas) e R-( -). A
duração de efeito é curta, Produz a chamada anestesia dissociativa, caracterizada por marcada analgesia
superficial. Dos agentes intravenosos, é a cetamina a que mais se aproxima de um anestésico ideal, pois induz
hipnose, analgesia e amnésia, é broncodilatador, também é útil em pacientes com asma brônquica.
Analgésicos opioides podem ser empregados durante a indução e manutenção da anestesia e para a
obtenção de analgesia pós-operatória. Fentanila, sufentanila ,alfentanila, remifentanilae morfina são os
representantes usados. Têm durações de ação intermediárias doses únicas de fentanila (30 min), alfentanila (20
min) e sufentanila (15 min). Remifentanila pode ser infundida durante a anestesia. Tem rápido início de ação e
curta meia-vida.
A associação de analgésico opioide (fentanila) a neuroléptico (droperidol) determina a chamada
neuroeptoanalgesia,

FÁRMACOS UTILI ZADOS EM DIFERENTES FASES DA ANESTESIA GERAL

FASES AGENTES MECANISMOS DE AÇÃO FARMACOLÓGICAS


PRÉ-MEDICAÇÃO ANESTÉSICA
Potenciação do sistema inibitório
Sedação, hipnose, amnésia, efeitos
Benzodiazepínicos GABAérgico, por atuação em receptores
ansiolítico e anticonvulsivante.
específicos
Analgésicos opioides Ativação de sistema opioide endógeno Analgesia, sedação, amnésia
Amnésia, redução de secreções
Anticolinérgicos Bloqueio de receptores muscarínicos
em vias.
Potenciação de sistemas inibitórios
Hidrato de cloral Sedação, hipnose
centrais
INDUÇÃO E MANUTENÇÃO ANESTÉSICAS

Alterações físico-químicas de membrana Hipnose, analgesia, amnésia,


Anestésicos inalatórios
celular e (ou) de transmissão sináptica relaxamento muscular.

Potenciação do sistema inibitório Sedação, hipnose, amnésia, efeito


Barbitúricos
GABAérgico anticonvulsivante.
Potenciação do sistema inibitório Sedação, hipnose, amnésia, efeito
Benzodiazepínicos
GABAérgico anticonvulsivante.
Depressão do sistema reticular ativador,
Etomidato hipnose
ação GABArnimética
Facilitação da
Propofol Hipnose, efeito antiemético.
neurotransmissãoGABAérgica.

Interrupção da atividade de vias de


associação cerebrais, inibição da
Cetamina Sedação, hipnose, analgesia
transmissão excitatória por antagonismo
glutamatérgico NMDA.
INDUÇÃO E MANUTENÇÃO ANESTÉSICAS
Sedação, hipnose, analgesia,
Analgésicos opioides Ativação de sistema opioide endógeno
amnésia

Antagonismo da neurotransrnissão
dopaminérgica; interferência com Efeito antiemético, sedação,
Droperidol
atividades serotoninérgica, amnésia.
noradrenérgica e GABAérgica
Bloqueadores Bloqueio de receptores colinérgicos
neuromusculares nicolfnicos em junção Relaxamento muscular
periféricos neuromuscular
RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA
Bloqueio da acetilcolinesterase, Reversão do relaxamento
Anticolinesterásicos
preservando acetilcolina na placa motora. muscular
Antagonismo específico de receptores Reversão dos efeitos de
Aumazenil
benzodiazepínicos benzodiazepínicos

Antagonismo específico de receptores Reversão de efeitos de analgésicos


Naloxona
opioides opioides

2_BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES

Curare é termo genérico que se refere à mistura de alcaloides naturalmente encontrados em várias
plantas da América do Sul. Por séculos, foi utilizado como veneno nas flechas de indígenas. São classificados,
segundo seu mecanismo de ação, em dois tipos:
(1) Agentes não competitivos ou despolarizantes têm estrutura semelhante à da acetilcolina. Ligam-se
aos receptores colinérgicos nicotínicos e os ativam. Determinam despolarização inicial da placa motora e, após,
bloqueiam a ligação da acetilcolina ao receptor. Suxametônio é o único agente em uso clínico.
(2) Agentes competitivos ou não despolarizantes também se ligam àqueles receptores, mas não os
ativam. São antagonistas competitivos e impedem a despolarização. São seus representantes d-tubocurarina,
pancurônio, rocurônio, cisatrac6rio e vecurônio, entre outros.

Seleção
Suxametônio e mivacúrio têm rápido início de efeito (30-60 segundos e 2 minutos, respectivamente).
Pancurônio, vecurônio e atracúrio são considerados de início intermediário. Tubocurarina é representante de
longa latência.
Suxametônio é usado em intubação endotraqueal, procedimentos de curta duração e tratamento de
laringoespasmo, devido a seu rápido início de ação, obtenção de profundo relaxamento muscular e duração
ultracurta de efeito.
Embora efeitos adversos cardiovasculares e capacidade de induzir hipertermia maligna em pacientes
suscetíveis tenham incentivado a procura por substitutivos, mesmo em pacientes a adultos, suxametônio tem
duas vantagens ainda não superadas: início rápido (30 -60 segundos) e curta duração (5-10 minutos) de
relaxamento muscular profundo. Em situações de urgência e casos que requerem intubação rápida, é o fármaco
que permite manipulação de vias respiratórias em período mais curto e em melhores condições, sendo ainda o
agente de escolha.
d-tubocurarina, obtida da planta amazônica Chondodendrontomentosum, foi o primeiro bloqueador
neuromuscular a ser empregado clinicamente. Determina hipotensão arterial e taquicardia, induzidas por
bloqueio ganglionar e liberação de histamina. Metocurina(dimetiltubocurarina), alcur6nio (obtido de derivado
de Strychnostoxifera )e galaminaforam posteriormente introduzidos como agentes semissintéticos e sintéticos
alternativos. Metocurina pode causar hipotensão por vasodilatação periférica decorrente de liberação de
histamina, sobretudo em doses altas.
INTERAÇÕES FAR MACOLÓGICAS COM SUXAMET0NIO
Agentes Efeitos (Cuidados)
Aminoglicosídeos ,colistina e polimixina B Bloqueio prolongado (observação da ventilação no período pós-
operatório)
Anticolinesterásicos (ecotiofato,
Aumento da duração do bloqueio
neostigmina, organofosforados)
Digitálicos Propensão a arritmias cardíacas
Lítio Aumento de latência e duração do bloqueio
Procaína Aumento de duração do bloqueio
Bloqueio prolongado (observação da ventilação no período pós-
Quinidina
operatório)
Redução de efeitos adversos da suxametônio com dose priming
Aumento da profundidade de bloqueio dos agentes não
Bloqueadores neuromusculares não despolarizantes administrados após suxametônio Efeito variável
despolarizantes sobre a duração de ação quando administrados após
suxametônio•-inalterada para pancurônio, pipecurônio e
mivacúrio ; aumentada para atracúrio e rocurônio
Sulfato de magnésio Aumento de duração de ação
Tiotepa Aumento de duração de ação
Trimetafano Aumento de duração de ação
3_Anestésicos Locais

A molécula típica de anestésico local é constituída por um grupo lipofílico (usualmente anel aromático) e
um grupo hidrofílico (geralmente amina terciária), separados por uma cadeia intermediária, que inclui, em geral,
ligação éster ou amida O grupo lipofílico (lipossolúvel) é necessário para a passagem da molécula pela
membrana da célula nervosa, enquanto o grupamento hidrofílico (ionizável) interage com as estruturas celulares.

Os anestésicos locais podem, ainda, ser agrupados, de acordo com sua duração de efeito, em agentes de:
(a) curta duração, como procaína e cloroprocaína; (b) duração intermediária, abrangendo lidocaína, prilocaína,
mepivacaína e articaína; (c) longa duração, como bupivacaína, tetracaína, etidocaína e ropivacaína.
Mecanismos de Ação
Os anestésicos locais são bases orgânicas fracas, pobremente solúveis em água. Quando o pH do meio
não favorece essa transformação, a ação anestésica não se processa. É o que ocorre em presença de processos
inflamatórios ou infecciosos, em que há liberação de ácido lático e outros compostos ácidos. Nesse meio, as
bases recebem íons hidrogênio e tomam-se carregadas positivamente (ionizadas ou polarizadas), diminuindo sua
capacidade de atravessar membranas celulares (menor lipossolubilidade).
Os anestésicos locais atuam sobre os processos de geração e condução nervosa, reduzindo ou prevenindo
o aumento de permeabilidade de membranas excitáveis ao sódio, fenômeno produzido por despolarização
celular.
Os anestésicos locais bloqueiam o início e a propagação dos potenciais de ação nos neurônios, por
impedirem o aumento na condutância do sódio nos canais voltagem‐dependente.
Quando administrado em certo tecido, o anestésico local se difunde e, sob forma lipossolúvel não
ionizada (base livre), atravessa a bainha ou a membrana neuronal, chegando ao interior do axônio. Aí, por
variação de pH, sofre mudança para a forma hidrossolúvel ionizada (catiônica). Essa, então, se liga ao sítio
receptor, localizado no interior do axônio, junto ao canal de sódio.
Para que ocorra efeito terapêutico, as duas formas do anestésico local são importantes - a não ionizada,
que permite o acesso ao interior da membrana da célula nervosa, e a ionizada, que é responsável pelo bloqueio
do canal de sódio.
Porém, o fato de nem todos os anestésicos locais existirem na forma carregada (como a benzocaína)
sugere a existência de mecanismos de ação alternativos, como inibição da despolarização por aumento do
potencial transmembrana ou expansão da membrana celular e distorção do canal de sódio pela presença do
fármaco.
Agem em qualquer parte do sistema nervoso central e em qualquer tipo de fibra nervosa, determinando
abolição de funções autonômicas e sensitivo-motoras. O comprometimento da condução em fibras periféricas
obedece a determinada sequência- primeiramente as autonômicas , depois as responsáveis pelas sensibilidades
térmica (fria e calor), dolorosa e tátil, a seguir as relacionadas a pressão e vibração e, por último, as
proprioceptivas e motoras. Tal sequência é dependente de mielinização , posição e diâmetro das fibras nervosas,
de modo que as não mielinizadas e de menor diâmetro são as primeiras a serem bloqueadas pelos anestésicos
locais. Embora esse seja o padrão mais comum, há variações individuais. A recuperação das funções nervosas se
dá em ordem inversa.

Seleção
Lidocaína é o anestésico padrão, rápido início de ação, duração e toxicidade moderadas e adequada
atividade tópica. Também pode ser administrada por via intravenosa para o tratamento de arritmias cardíacas
em serviços de urgência cardiológica ou unidades de cuidados intensivos.
Mepivacaínaé similar à lidocaína em termos de perfil anestésico; porém, não é eficaz para uso tópico. É
empregada em anestesias infiltrativas e bloqueios periféricos. Tem rápido início de ação, mas duração um pouco
mais longa, devido a seu menor efeito vasodilatador . Associadas a vasoconstritor, tanto lidocaína quanto
mepivacaína têm sua duração prolongada.
Prilocaínatem início e duração de ação similares aos da lidocaína. Tem amplo uso em odontologia. É
recomendada para casos em que aminas simpaticomiméticas estão contraindicadas, pois está contida na única
preparação comercialmente disponível no Brasil que tem felipressina como vasoconstritor.
Articaínaé anestésico de tipo amida, com rápido início de efeito (1 a 6 minutos) e duração de ação
intermediária (aproximadamente 1 hora). Difere dos demais por apresentar um anel contendo enxofre, o que
aumenta sua lipossolubilidade, e um grupo éster adicional, fazendo com que seja metabolizada em fígado e
plasma (por colinesterases inespecíficas).
Cinchocaína(dibucaína) é anestésico de longa ação, derivado da quinolona. Seu uso está restrito a
anestesias espinhais e de superfície (para alívio de dor e prurido associados a doenças cutâneas e anorretais),
devido à sua maior toxicidade.
Oxetacaínaé anestésico local de duração de ação prolongada. É administrada oralmente com antiácidos
para alívio sintomático de refluxo gastresofágico. Também é usada sob a forma de unguentos e supositórios
para redução de dor associada a hemorroidas.
Bupivacaínaé empregada em procedimentos de maior duração ou em que se deseja analgesia pós-
operatória mais prolongada. seu início de efeito é mais lento (embora aceitável), mas apresenta maior duração de
ação. Não é usada topicamente.
RopivacaínaTem maior índice terapêutico do que a mistura racêmica de bupivacafna. Causa
vasoconstrição quando usada isoladamente, dispensando, portanto, o uso concomitante de vasoconstritor. tem
sido indicada para bloqueios nervosos centrais e periféricos.
Benzocaínaé anestésico de tipo éster, pobremente solúvel em água, de uso exclusivamente tópico.
Procaína, tetracaína (ametocaína) e amilocaínatambém são agentes de tipo éster, contidos em preparações para
uso tópico comercializadas no Brasil.
Butambenoé anestésico derivado da benzocaína, encontrado em preparações para aplicação em pele e
mucosas. A administração epidural dessa suspensão para pacientes com câncer terminal produziu bloqueio
sensorial de longa duração (semanas a meses).
Proximetacafna (proparacaína) e oxibuprocaínasão anestésicos locais de uso oftalmológico.
Dicloninaé anestésico tópico que não se enquadra na classificação de arnida ou éster. É uma cetona. Tem
sido usada em dor por mucosite oral após radiação ou quimioterapia.
Mexiletinaé agente antiarrítrnico, estruturalmente relacionado à lidocaína. Porém, ao contrário dessa, tem
pequeno metabolismo de primeira passagem no fígado e alta biodisponibilidade oral (90%), podendo ser
empregada por essa via.

OBS: Em concentrações equipotentes, todos os anestésicos locais têm a mesma eficácia. Os de tipo éster e amida
diferem quanto a estabilidade em solução, forma de eliminação e potencial alergênico. Por suas características m
ais favoráveis, preferem-se anestésicos de tipo amida, e a escolha entre eles baseia-se em início e duração de
efeito, características inerentes ao procedimento cirúrgico e condições do paciente.
1-Qual característica abaixo NÃO é a ideal para um anestésico geral inalatório?
A) Ter alto coeficiente de solubilidade sangue/gás, garantindo assim, a indução e a recuperação anestésicarápida.
B) Ser realmente depressor do SNC.
C) Ser essencialmente inerte, não sofrer biotransformação e ser eliminado na expiração.
D) Não possuir, nas concentrações clínicas em que for usado, toxicidade sistêmica.
2- São anestésicos intravenosos de ação rápida, EXCETO:
A) Tiopental.
B) Midazolam.
C) Metoexital.
D) Etomidato.
3- A ação dos opióides é, frequentemente, acompanhada de sonolência e turvação da consciência. Qual
desses opióides possui efeito sedativo menos pronunciado?
A) Fentanil.
B) Buprenorfina.
C) Metadona.
D) Morfina.
4-Quanto aos agentes anti-inflamatórios, é correto afirmar que
a) os inibidores seletivos da ciclooxigenase2 (cox2) apresentam menor tendência de causar efeitos colaterais
gastrointestinais.
b) os fármacos celecoxib e o meloxicam pertencem a classe dos inibidores seletivos da ciclooxigenase2 (cox2).
c) os fármacos rofecoxib e piroxicam pertencem aos inibidores não seletivos da ciclooxigenase.
d) os anti-inflamatórios causam efeitos indesejáveis no sistema gastrointestinal, mas são isentos de efeitos
indesejáveis sobre a função renal.

5-(CAFAR 2011)“O Diclofenaco é o anti-inflamatorionao esteroide (AINE) mais usado na Europa e tem
atividade analgésica,antipirética e anti-inflamatória. Sua potência contra a COX-2 é substancialmente
__________ do que a daIndometacina. O diclofenaco tem absorção __________, __________ ligação às
proteínas e meia-vida__________”. Identifique a alternativa que completa corretamente a afirmativa anterior.
a) maior / rapida / ampla / curta
b) menor / rapida / pouca / curta
c) menor / lenta / pouca / longa
d) maior / lenta / ampla / longa

6--(CAFAR 2011)Qual desses anti-inflamatoriosnaoesteroidais (AINE´s) e antipiretico e analgesico, mas


praticamente não possuiatividade anti-inflamatoria?
a) Dipirona.
b) Acido Acetilsalicilico.
c) Paracetamol.
d) Acido Mefenamico.

7--(CAFAR 2011)Qual desses anti-inflamatoriosnaoesteroidais (AINE´s) e derivado do acido acetico?


a) Diflunisal.
b) Paracetamol.
c) Diclofenaco.
d) Indometacina.

8-Assinale, a seguir, uma caracteristicaquimica dos anestesicos parenterais.


a) Hidrofilicos.
b) Moleculas com grande massa molecular.
c) Alifaticas.
d) Heterociclicassubstituidos.

9-(CAFAR2011) Uma grande variedade de gases e liquidosvolateis pode produzir anestesia. Qual desses
farmacos e um anestesico
inalatorio?
a) Halotano.
b) Cetamina.
c) Propofol.
d) Tiopental.
1-A
2-B
3-C
4- A
5-A
6-C
7-D
8- D
9-A

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