Várias classes de fármacos são eficazes (ver tabela Fármacos para
dor neuropática), mas o alívio completo é improvável, e é importante estabelecer expectativas realistas. O objetivo do tratamento farmacológico é diminuir a dor neuropática para que esta seja menos debilitante.
Analgésicos opioides podem proporcionar algum alívio, mas
geralmente são menos eficazes do que para a dor nociceptiva aguda e estão associados ao risco de dependência; os efeitos adversos podem impedir a analgesia adequada.
Analgésicos adjuvantes, como fármacos antidepressivos e
anticonvulsivantes, são mais comumente usados para tratar a dor neuropática e sua eficácia é corroborada por dados de ensaios clínicos randomizados (1; ver tabela Fármacos para dor neuropática ).
A gabapentina é um dos fármacos mais utilizado para esses
objetivos. Para obter uma analgesia eficaz, a dose geralmente deve ser > 600 mg por via oral 3 vezes ao dia, e muitos pacientes precisam de uma dose mais elevada. A dose máxima é geralmente considerada de 1200 mg por via oral 3 vezes ao dia.
A pregabalina é similar à gabapentina, mas tem farmacocinética
mais estável; uma dose 2 vezes ao dia é tão eficaz quanto uma dose 3 vezes ao dia e resulta em melhor adesão do paciente. O objetivo da dose é de pelo menos 300 mg/dia por via oral (p. ex., uma dose inicial de 75 mg 2 vezes ao dia, aumentada para 150 mg 2 vezes ao dia depois de 1 semana). As síndromes de dor neuropática podem exigir até 600 mg/dia. Alguns pacientes que não respondem bem ou não toleram a gabapentina respondem ou toleram a pregabalina e vice-versa, embora os dois fármacos tenham um mecanismo de ação primária semelhante (ligação ao ligante alfa 2 delta do canal de cálcio pré-sináptico, que modula a sinalização nociceptiva).
Entre os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina e
desipramina), o mecanismo de ação primária é o bloqueio da recaptação de serotonina e norepinefrina. As doses analgésicas (75 a 150 mg por via oral uma vez ao dia) costumam ser insuficientes para tratar a depressão ou a ansiedade. Os efeitos adversos anticolinérgicos e adrenérgicos costumam limitar a dose eficaz. Os antidepressivos tricíclicos de aminas secundárias (nortriptilina e desipramina) têm um perfil de efeitos adversos mais favorável do que os antidepressivos tricíclicos de aminas terciárias (amitriptilina).
A duloxetina é um novo inibidor de recaptação misto
(serotonina e noradrenalina), que parece ser eficaz para dor da neuropatia diabética, fibromialgia, dor musculoesquelética crônica (incluindo dor lombar), e neuropatia induzida por quimioterapia. As doses eficazes para depressão e ansiedade e para o controle da dor são semelhantes.
Os efeitos e o mecanismo de ação da venlafaxina são semelhantes
aos da duloxetina.
Os fármacos tópicos e emplastro contendo lidocaína podem ser
eficazes para síndromes periféricas.
Outros tratamentos potencialmente eficazes incluem
Estimulação da coluna por um eletrodo inserido de modo
epidural para certos tipos de dor neuropática (p. ex., dor crônica no membro inferior após cirurgia da coluna)
Podem ser implantados eletrodos ao longo dos nervos
periféricos e dos gânglios para certas neuralgias crônicas (estimulação nervosa periférica).
Em geral, o bloqueio simpático é ineficaz, exceto para alguns
pacientes com síndrome da dor regional complexa.
Bloqueio ou ablação neural (ablação por radiofrequência,
1. Finnerup NB, Attal N, Haroutounian S, et al : Pharmacotherapy for neuropathic pain in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet Neurol 14 (2):162–173, 2015. doi: 10.1016/S1474-4422(14)70251-0