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20 interações medicamentosas gerais

Para Favero, não há uma escala para classificar quais são as interações mais
perigosas, pois elas estão dentro de um contexto de uso.  “A interação pode ser
perigosa, mas pode não ser frequente. Mais importante é ressaltar as de maior
frequência”, lembra ele, que cita alguns exemplos de interações.

1. Ácido acetilsalicílico (AAS) e captopril – O ácido acetilsalicílico pode diminuir a


ação anti-hipertensiva do captopril.

2. Omeprazol, varfarina e clopidogrel – O omeprazol (inibidor da bomba de


prótons) pode aumentar a ação da varfarina e diminuir a ação do clopidogrel
(antitrombóticos).

3. Ácido acetilsalicílico e insulina – O AAS pode aumentar a ação hipoglicemiante


da insulina.

4. Amoxicilina/ácido clavulânico e AAS – A amoxicilina associada ao ácido


clavulânico aumenta o tempo de sangramento e de protrombina (elemento proteico
da coagulação sanguínea) quando usada com AAS.

5. Inibidores da monoamina oxidase (MAO) e tiramina (monoamina derivada da


tirosina) – O inibidores da monoamina oxidase (tratamento da depressão)
associada à tiramina (tyros = queijo) pode promover crises hipertensivas e
hemorragia intracraniana.

6. Omeprazol e fenobarbital – O omeprazol usado com fenobarbital


(anticonvulsivante) pode potencializar a ação do barbitúrico.

7. Levodopa e dieta proteica – Levodopa (L-dopa) - usada no tratamento da doença


de Parkinson - tem ação terapêutica inibida por dieta hiperproteica.

8. Leite e tetraciclina – Os íons divalentes e trivalentes (Ca2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+)


- presentes no leite e em outros alimentos - são capazes de formar quelatos não
absorvíveis com as tetraciclinas, ocasionando a excreção fecal dos minerais, bem
como a do fármaco.
9. Óleo mineral e vitaminas – Grandes doses de óleo mineral interferem na
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), β-caroteno, cálcio e fosfatos,
devido à barreira física e à diminuição do tempo de trânsito intestinal.

10. Diurético e minerais – Altas doses de diuréticos (ou seu uso prolongado)
promove aumento na excreção de minerais. Exemplo: furosemida, diurético de
alça, acarreta perda de potássio, magnésio, zinco e cálcio.

11. Alimentos e penicilina e eritromicina – Após a ingestão de alimentos ou


líquidos, o pH do estômago dobra. Essa modificação pode afetar a desintegração
das cápsulas, drágeas ou comprimidos e, consequentemente, a absorção do
princípio ativo. O aumento do pH gástrico em função dos alimentos ou líquidos
pode reduzir a dissolução de comprimidos de eritromicina ou de tetraciclina.

12. Alimentos e fenitoína ou dicumarol – Medicamentos como a fenitoína ou o


dicumarol desintegram-se mais facilmente com a alcalinização do pH gástrico. O
pH também interfere na estabilidade, assim como na ionização dos fármacos,
promovendo uma alteração na velocidade e extensão de absorção.

13. Antibióticos e vitamina C – Os antibióticos não devem ser misturados com


vitamina C ou qualquer substância que a contenha (sucos cítricos), pois ela inibe a
ação dos antibióticos.

14. Anticoncepcionais orais e anti-hipertensivos – Os anticoncepcionais (em geral)


podem elevar a pressão arterial, anulando a ação dos hipotensores.

15. Benzodiazepínicos (em geral) e cimetidina – A administração de cimetidina e


alguns benzodiazepínicos (alprazolam, clordiazepóxido, clorazepato, diazepam e
triazolam) resulta em diminuição do clearence plasmático e aumento da meia vida
plasmática e concentração destes benzodiazepínicos. Além disso, pode ocorrer
aumento do efeito sedativo com o uso de cimetidina e benzodiazepínicos.

16. Digoxina e diazepam – O diazepam pode reduzir a excreção renal da digoxina,


com aumento da meia vida plasmática e risco de toxicidade. Esse efeito é também
relatado com o alprazolam.
17. Antidiabéticos orais e pirazolônicos – A administração de fenilbutazona e outros
derivados pirazolônicos, concomitantemente aos antidiabéticos orais, pode
potencializar a atividade hipoglicêmica.

18. Anticoncepcionais orais e indutores de enzimas microssônicas – Os


anticoncepcionais orais (em geral), quando usados com indutores de enzimas
microssônicas (rifampicina, barbitúricos, carbamazepina, fenitoína, primidona,
griseofulvina) podem ter seu efeito anticoncepcional diminuído.

19. Anticoagulantes orais e anticoncepcionais orais – Pode ocorrer a diminuição


dos efeitos dos anticoagulantes (em geral) quando usados com os
anticoncepcionais.

20. Bebidas alcoólicas e ansiolíticos, hipnóticos e sedativos – Uma interação


muito relevante é a potencialização do efeito depressor do sistema nervoso central
(SNC) do álcool por ansiolíticos, hipnóticos e sedativos. A depressão resultante
dessa interação pode causar até a morte por falência cardiovascular, depressão
respiratória ou grave hipotermia.

20 interações com medicamentos testados para a Covid-19

O professor Thiago de Melo Costa Pereira acrescenta as principais interações


medicamentosas que podem ocorrer com medicamentos ‘candidatos a anti-Covid-
19’. Alguns deles já estão sendo descartados pela comunidade científica
internacional, como a cloroquina e a hidroxicloroquina, mas foram incluídos na lista
abaixo porque ainda constam como indicação pelo Ministério da Saúde.

1. Cloroquina/hidroxicloroquina e azitromicina – Risco de arritmia cardíaca


(desconhecido). Aumento da chance de prolongamento do intervalo QT (arritmia
cardíaca). Considerar potencialização de riscos quando a tríade for utilizada em
hospitais: hidroxicloroquina, azitromicina e propofol.

2. Cloroquina/hidroxicloroquina e clorpromazina – Podem aumentar a


biodisponibilidade em até quatro vezes. Aumenta o risco de síndrome
extrapiramidal.

3. Cloroquina/hidroxicloroquina e fluoxetina – A fluoxetina pode aumentar os


níveis de cloroquina e hidroxicloroquina, com possível toxicidade destas duas
substâncias.
4. Cloroquina/hidroxicloroquina e dipirona – A dipirona pode diminuir os níveis
séricos de cloroquina e hidroxicloroquina. Isso pode resultar em possível falha
terapêutica de cloroquina e hidroxicloroquina. Atenção para possíveis distúrbios
hematológicos (plaquetopenia, agranulocitose).

5. Cloroquina/hidroxicloroquina e antiácidos – Os antiácidos podem atrapalhar a


absorção de cloroquina e hidroxicloroquina. Para evitar essa redução de
biodisponibilidade, deve-se utilizar os antiácidos duas horas antes ou duas horas
depois da administração dessas drogas.

6. Cloroquina/hidroxicloroquina e ciclosporina – Cloroquina e hidroxicloroquina


podem aumentar a biodisponibilidade em até 4,3 vezes. A cioclosporina precisa ter
sua dose reduzida caso haja necessidade do uso concomitante, para evitar
imonussupressão intensa.

7. Cloroquina/hidroxicloroquina e codeína – Cloroquina e hidroxicloroquina podem


comprometer a conversão de codeína em morfina. A ação da analgésica dos
opioides pode ser diminuída.

8. Lopinavir/ritonavir e cloroquina/hidroxicloroquina – Lopinavir e ritonavir podem


aumentar os níveis de cloroquina e hidroxicloroquina. Risco de arritmia cardíaca,
com atenção principalmente quando é orientada a troca de terapia (não
importando a ordem). Cloroquina e hidroxicloroquina têm elevada meia-vida
(portanto, lento woshout).

9. Lopinavir/ritonavir e sildenafil e tadalafil – Lopinavir e ritonavir podem aumentar


as concentrações de sildenafil e tadalafil. Risco de hipotensão acompanhada de
taquicardia reflexa. Atenção para coronariopatas.

10. Lopinavir/ritonavir e codeína, oxicodona e tramadol – Lopinavir e ritonavir


podem aumentar a oferta de codeína, oxicodona e tramadol (pró-fármacos), por
inibição da CYP3A e 2D6. A ação analgésica da codeína, tramadol e oxicodona
pode ser diminuída (porque não gera os metabólitos ativos morfina, o-
desmetiltramadol e oximorfona, respectivamente) devido à inibição da CYP2D6.
11. Lopinavir/ritonavir e eritromicina e claritromicina – Lopinavir e ritonavir podem
aumentar a oferta desses macrolídeos. Risco de prolongamento do intervalo QT
(arritmia cardíaca).

12. Lopinavir/ritonavir e amiodarona – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a oferta


de amiodarona. Aumento da chance de prolongamento do intervalo QT (arritmia
cardíaca).

13. Lopinavir/ritonavir e betabloqueadores – Lopinavir e ritonavir podem aumentar


os níveis dos betabloqueadores, com risco de bradicardia e/ou parada cardíaca.

14. Lopinavir/ritonavir e clorpromazina, pimozida, quetiapina, risperidona e


ziprasidona – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a biodisponibilidade desses
antipsicóticos. Aumento do risco de síndrome extrapiramidal e risco de arritmia.

15. Lopinavir/ritonavir e sinvastatina, rosuvastatina e atorvastatina – Lopinavir e


ritonavir podem aumentar o níveis séricos das estatinas (atorvastatina em até
490%). Risco de miopatias, rabdomiólise, insuficiência renal. Atenção para os
pacientes internados – neste caso é fundamental a conciliação medicamentosa.

16. Favipiravir e paracetamol – Favipiravir pode aumentar em até 20% os níveis de


paracetamol. Recomenda-se não exceder 3g de exposição por dia. Entretanto,
convém lembrar que como o favipiravir inibe a CYP2E1 talvez esse aumento dos
níveis séricos não evidencie aumento de hepatotoxicidade.

17. Favipiravir e oseltamivir – Favipiravir pode aumentar em aproximadamente 15%


de oseltamivir. Pode potencializar a ação de um fármaco eficaz contra H1N1.

18. Favipiravir e contraceptivos hormonais – Favipiravir pode aumentar as


concentrações dos contraceptivos. Atenção para ganho de peso e alteração do
ciclo menstrual.

19. Remdesivir e dipirona – Dipirona pode diminuir os níveis séricos do remdesivir.


Possível falha terapêutica do remdesivir. Acompanhar a evolução clínica e atenção
para possíveis distúrbios hematológicos (plaquetopenia e agranulocitose).
20. Remdesivir e rifampicina, fenobarbital, carbamazepina e fenitoína – Esses
anticonvulsivantes podem diminuir a biodisponibilidade do remdesivir. Sugere-se
investigar a evolução clínica. A rifampicina também pode diminuir os níveis séricos
do remdesivir. Neste caso, atenção para os pacientes tuberculosos com
complicação pulmonar pela Covid-19.

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