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Tipos de interações:
1. Interações farmacocinéticas
São aquelas em que um fármaco altera a velocidade ou a extensão de absorção,
distribuição, biotransformação ou excreção de outro fármaco
Na absorção
● Alteração no pH gastrintestinal.
● Adsorção, quelação e outros mecanismos de complexação.
● Alteração na motilidade gastrintestinal.
● Má absorção causada por fármacos.
Na distribuição
● Competição na ligação a proteínas plasmáticas.
● Hemodiluição com diminuição de proteínas plasmáticas.
Na biotransformação
● Indução enzimática (por barbituratos, carbamazepina, glutetimida, fenitoína,
primidona, rifampicina e tabaco).
● Inibição enzimática (alopurinol, cloranfenicol, cimetidina, ciprofloxacino,
dextropropoxifeno, dissulfiram, eritromicina, fluconazol, fluoxetina, idrocilamida,
isoniazida, cetoconazol, metronidazol, fenilbutazona e verapamil).
Na excreção
● Alteração no pH urinário.
● Alteração na excreção ativa tubular renal.
● Alteração no fluxo sanguíneo renal.
● Alteração na excreção biliar e ciclo êntero-hepático.
2. Interações farmacodinâmicas
Ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os
efeitos desejados se processam. O efeito resulta da ação dos fármacos envolvidos no
mesmo receptor ou enzima. Um fármaco pode aumentar o efeito do agonista por estimular a
receptividade de seu receptor celular ou inibir enzimas que o inativam no local de ação
3. Interações de efeito
Ocorrem quando dois ou mais fármacos em uso concomitante têm ações farmacológicas
similares ou opostas. Podem produzir sinergias ou antagonismos sem modificar
farmacocinética ou mecanismo de ação dos fármacos envolvidos.
4. Interações farmacêuticas
Também chamadas de incompatibilidade medicamentosa, ocorrem in vitro, isto é, antes da
administração dos fármacos no organismo, quando se misturam dois ou mais deles numa
mesma seringa, equipamento de soro ou outro recipiente. Devem-se a reações fisico
químicas que resultam em:
● Alterações organolépticas – evidenciadas como mudanças de cor, consistência
(sólidos), opalescência, turvação, formação de cristais, floculação, precipitação,
associadas ou não a mudança de atividade farmacológica.
● Diminuição da atividade de um ou mais dos fármacos originais.
● Inativação de um ou mais fármacos originais.
● Formação de novo composto (ativo, inócuo, tóxico).
● Aumento da toxicidade de um ou mais dos fármacos originais.
A ausência de alterações macroscópicas não garante a inexistência de interação
medicamentosa.
● Varfarina
Em teoria, os SSRIs podem aumentar o risco de sangramento durante o tratamento com
varfarina por meio de dois mecanismos. Podem prejudicar a agregação plaquetária pela
depleção dos níveis de serotonina plaquetária, aumentando diretamente o risco de
hemorragia, ou podem inibir o metabolismo oxidativo da S-varfarina via CYP2C9(16,17).
● Fitoterápicos
Na medicina chinesa o ginkgo é utilizado como antitussígeno, expectorante e antiasmático e
alguns extratos são empregados para o tratamento de insuficiência circulatória periférica,
desordens cerebrovasculares e mal de Alzheimer. (FUKUMASU, 2008.) A interação que se
destacou foi no uso do ginkgo concomitante de anticoagulante ou antiplaquetário oral, como
a Varfarina, onde potencializa riscos hemorrágicos, já que o Ginkgolídeo B é um antagonista
do fator de ativação plaquetária o que impede a sua agregação. O uso de ginkgo
concomitante com o anti-hipertensivo nifedipina aumenta as reações adversas deste, como
dor de cabeça, rubor e edema de tornozelo (CARNEIRO; COMARELLA, 2016.)
Segundo Silva e colaboradores (2010), quando se utiliza o Ginkgo biloba
concomitantemente a diuréticos tiazídicos como é o caso da hidroclorotiazida, podem
ocorrer eventos como aumento da pressão sanguínea do paciente, o que pode ser revertido
com a suspensão dos dois. Há, também, interações com inibidores de canais de cálcio,
como é o caso da nifedipina e anlodipino, podendo ocasionar aumento dos efeitos adversos
destes anti-hipertensivos.
● Chá verde
De acordo com Nicoletti e colaboradores (2009), devido ao fato do chá verde ter como
componente a cafeína, os seus efeitos terapêuticos irão conduzir as interações
medicamentosas. A cafeína quando associada a efedrina pode interferir no sistema
cardiovascular, aumentando a pressão arterial, possibilitando a ocorrência de infartos e
ataques cardíacos. Além disso, antagoniza efeitos dos benzodiazepínicos (Alprazolam), e o
chá verde interfere na terapia com varfarina por apresentar a vitamina K em sua
composição.Outrossim, pode aumentar o efeito de antibióticos da classe dos
beta-lactamicos, provocando possível aumento nas reações adversas. Os autores também
destacam que nos estudos in vitro a maior parte dos efeitos oriundos das interações com o
chá verde, são provenientes da potente inibição de diversas isoformas do complexo
enzimático CYP450 (ALBASSAN & MARKOWITZ, 2017).
● O gengibre
Interage com medicamentos como a ranitidina e o lansoprazol devido à estimulação da
produção de ácido clorídrico estomacal pela planta. Além de aumentar o risco de
sangramento quando usado junto com o ácido acetilsalicílico, varfarina, heparina,
clopidogrel, ibuprofeno ou naproxeno. Podem interferir na ação dos medicamentos que
alteram a contração cardíaca, como os beta bloqueadores, digoxina e outros, (CARNEIRO
& COMARELLA, 2016).Indicado na profilaxia de náuseas causada por movimento (cinetose)
e pós-cirúrgicas, suas interações medicamentosas, em teoria, poderá comprometer a ação
de medicamentos contendo sucralfato, ranitidina ou lansoprazol; contrariamente, ao que foi
verificado em animais, ou seja, proteção estomacal e a outros medicamentos que
apresentem esta ação; em doses elevadas poderá desencadear sonolência, além de que
poderá interferir com medicamentos que alteram a contração cardíaca incluindo os
beta-bloqueadores, digoxina e outros medicamentos para o coração. Existe a possibilidade
de diminuição dos níveis de açúcar no sangue e, portanto, poderá interferir com
medicamentos administrados por via oral, diabéticos ou com a insulina. Estudos sugerem
que fitoquímicos presentes em dietas como capsaína, curcumina, [6]-gengerol e resveratrol
apresentam efeito inibitório na P-glicoproteína potencializando interações
alimentos-medicamentos (NICOLETTI et al, 2007).
● O alho
É utilizado desde a antiguidade com finalidades medicinais, principalmente devido às suas
propriedades antimicrobiana e imunoestimulante. O alho contém diversos compostos
orgânicos sulfurados, principalmente alicina e aliína, que são os responsáveis pelas suas
atividades. Os ensaios clínicos desenvolvidos com o alho forneceram informações sobre
suas possíveis interações medicamentosas. Algumas literaturas da área afirmam que o
mesmo pode interagir com anticoagulantes orais e antiplaquetários. Assim o alho pode
interagir com fármacos de diversas classes terapêuticas, que são metabolizados, via
sistema hepático (ALEXANDRE;BAGATINI; SIMÕES, 2007).
A interação envolvendo o alho (Allium sativum L.) com algumas drogas como a varfarina
(anticoagulante oral), podendo aumentar o tempo de sangramento. Em hipoglicemiantes,
como a insulina e glipizida, irá causar uma diminuição excessiva de glicose no sangue
levando a hipoglicemia. Associado com uma droga para o tratamento do Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), o saquinavir, o alho diminui os níveis plasmáticos dessa
droga, consequentemente diminuindo seu efeito. Os pacientes que têm problemas de
tireoide ou tomam medicamentos para essa patologia, devem ter cuidado no uso do alho,
pois ele afeta a tireoide, (CARNEIRO & COMARELLA, 2016) e pode também diminuir os
níveis plasmáticos de uma droga tornando seu efeito terapêutico menos eficaz o que poderá
ocorrer com outras drogas antiretrovirais. Drogas metabolizadas pelo sistema hepático
enzimático P450 poderão ser afetadas pelo alho (NICOLETTI et al, 2007).
● Ginseng
É utilizado como adaptogênico, afrodisíaco, estimulante e no tratamento da Diabetes do tipo
II (LATORRE ET AL, 2008). Em relação ao ginseng, se destaca a interação com
estrogênios, elevando a atividade estrogênica, como mastalgia e excesso de sangramento
menstrual (CARNEIRO & COMARELLA, 2016).As preparações à base de ginseng
disponíveis comercialmente apresentam outros constituintes químicos na formulação,
impedindo assim uma avaliação precisa da eficácia e da segurança desta planta. Algumas
pesquisas evidenciaram que o ginseng não provoca efeitos relevantes sobre o metabolismo
de fármacos mediado pelo sistema Citocromo P (ALEXANDRE;BAGATINI; SIMÕES, 2007).
O ginseng pode interferir no metabolismo de drogas que usam o sistema enzimático
hepático P450 ocasionando na elevação da concentração destas drogas no sangue
podendo aumentar o efeito ou intensificar reações adversas sérias; poderá, também,
aumentar o efeito estimulante de café, chás, chocolate, cafeína, entre outros. O efeito
analgésico de opióides poderá ser inibido se o ginseng for utilizado (NICOLETTI et al,
2007). O Panax ginseng, quando associado a ácido acetilsalicílico, clopidogrel, heparina,
além de antiinflamatórios não esteroidais como ibuprofeno e naproxeno, irá reduzir a ação
anticoagulante de substâncias como a varfarina e aumentar o risco de sangramentos. Se
utilizado com antidepressivos inibidores da monoamino oxidase, pode desencadear
tremores, insônias e cefaleias, alterando a pressão sanguínea ou a efetividade de
medicamentos cardíacos, incluindo bloqueadores de canais de cálcio. Hiperglicemia em
pacientes tratados com hipoglicemiantes orais pode ser provocada em pacientes que
utilizam medicamentos à base de Panax ginseng, provavelmente pelo fato de aumentar a
sensibilidade aos receptores de insulina, bem como pode reduzi a glicemia pós-prandial em
indivíduos saudáveis (ALEXANDRE, 2008). Foi também observado interações
medicamentosas entre fenelzina (antidepressivo da classe dos inibidores da enzima
monoamina oxidase) e medicamentos fitoterápicos elaborados com ginseng, o P. ginseng
inibem a formação do Tromboxano A2 e, consequentemente, a agregação plaquetária
(TEIXEIRA & SANTOS, 2011).
● Contraceptivos orais
Interação com contraceptivos orais Interferência com o ciclo êntero-hepático do estrógeno e
da progesterona. Após a ingestão de contraceptivo oral (CO), o estrógeno e a progesterona
são rapidamente distribuídos do trato gastrointestinal (TGI) para o sistema circulatório,
passando inicialmente pelo fígado, onde são metabolizados. Cerca de 42% a 58% do
estrógeno são transformados em conjugados sulfatadose glucuronisados, que não possuem
atividade contraceptiva. Esses metabólitos estrogênicos são excretados na bile, a qual se
esvazia no TGI. Parte dos metabólitos é hidrolizada pelas enzimas das bactérias intestinais,
liberando estrógenos ativos, sendo o remanescente excretado nas fezes. O estrogênio
liberado pode, então, ser novamente absorvido, estabelecendo-se o ciclo êntero-hepático,
que aumenta o nível plasmático de estrógeno circulante. O uso de antimicrobianos destrói
as bactérias da microbiota intestinal, responsável pela hidrólise dos conjugados
estrogênicos (destituídos de atividade contraceptiva).
Assim, o ciclo-êntero-hepático (fígado/ bile/ TGI) é prejudicado, com conseqüente
diminuição dos níveis plasmáticos de estrógeno ativo.Outra forma sugerida de maneira
indireta é que alguns antibióticos possam provocar vômito, diarréia e outras alterações no
trato gastrintestinal, reduzindo o tempo de permanência do CO no TGI. Assim, antibióticos
como ampicilina, amoxicilina e as tetraclicinas alteram as concentrações plasmáticas dos
CO, causando falha na proteção contraceptiva (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005;
ANDRADE, 2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009; VADE-MÉCUM 2008/2009).
ANTIINFLAMATÓRIO HORMONAL
● Corticosteróides interagindo com:
- Anti-hipertensivos – Efeito hipertensivo devido à retenção hídrica provocada pelos
glicocorticóides;
- AINE – Toxicidade aditiva; aumento do risco de úlcera gastrintestinal; risco de
hemorragia digestiva alta;
- Barbitúricos – Aumento da metabolização dos glicocorticóides; redução do efeito do
glicocorticóide.
- Difenidramina – Redução dos níveis de glicocorticóides;
- Insulinas – Antagonismo em relação ao efeito hipoglicemiante da insulina;
- Tetraciclinas – Possibilidade de superinfecções durante tratamentos prolongados. O
efeito imunossupressor dos glicocorticóides agrava a incidência de superinfecção
durante o tratamento com tetraciclinas;
- Antiácidos – Diminuição da sua absorção e redução dos níveis plasmáticos quando
administrados por via oral (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE,
2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009; VADEMÉCUM 2008/2009).
ANSIOLÍTICOS
● Benzodiazepínicos interagindo com:
○ Anovulatórios (Anticoncepcionais orais) – Alterações da metabolização dos
benzodiazepínicos
■ com possível aumento dos efeitos ansiolíticos para clordiazepóxido,
diazepam, triazolam e alprazolam;
■ possível diminuição do efeito ansiolítico para oxazepam, temazepam
e lorazepam;
■ risco de alteração psicomotora variável com diazepam ou outros
benzodiazepínicos.
○ Etanol – Potenciação da depressão do SNC.
○ Lidocaína – Aumento do efeito antiarrítmico da lidocaína (ANDRADE,
PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE, 2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009;
VADEMÉCUM 2008/2009).
ANALGÉSICOS
● Ácido acetilsalicílico interagindo com:
○ Antiácido – Redução da reabsorção tubular por alcalinização da urina
○ Anticoagulantes orais – Inibição da agregação plaquetária;
○ AINE – Sinergismo, por inibição da agregação plaquetária, com risco de
hemorragia;
○ Ácido ascórbico – Aumento dos níveis plasmáticos dos salicilatos por
diminuição de sua eliminação urinária e aumento da eliminação urinária do
ácido ascórbico;
○ Cefaclor – Efeito inibitório aditivo sobre a coagulação (as cefalosporinas
produzem hipoprotrombinemia);
○ Diclofenaco – Redução da biodisponibilidade do diclofenaco e sinergismo de
ação na inibição da agregação plaquetária;
○ Etanol – Aumento da incidência e severidade da hemorragia gastrintestinal,
por lesão de mucosa. O AAS também inibe a enzima álcool desidrogenase e
aumenta a absorção do etanol;
○ Piroxicam – Diminuição das concentrações plasmáticas do piroxicam;
○ Ranitidina – Aumenta o pH gástrico e diminui a absorção do ácido
acetilsalicílico (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE, 2006;
BARRETO, PEREIRA, 2008; DEF 2008/2009; ITO, 2008; KOROLKOVAS,
FRANÇA, 2007/2008; VADE-MÉCUM, 2008/2009; WANNMACHER,
FERREIRA, 1999; YAGIELA, NEIDLE, DOWD, 2000).