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O que são as interações medicamentosas ?

Interações medicamentosas é um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são


alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico
ambiental. Constitui causa comum de efeitos adversos. Essas interações não são
observadas somente com substâncias químicas sintetizadas (medicamentos alopáticos),
mas também com aquelas presentes em plantas que são empregadas na preparação de
chás, xaropes caseiros e medicamentos fitoterápicos (FUTURO, 2004).
Algumas interações medicamentosas apresentam potencial para causar danos
permanentes, muitas são responsáveis por deterioração clínica do paciente -
hospitalizações, aumento no tempo de internação, enquanto que outras são leves e não
exigem medidas especiais.

A interação de fitoterápicos com drogas convencionais (alopáticas) afeta o


tratamento?
Sim, as respostas decorrentes destas interações podem resultar na potencialização do
efeito terapêutico, redução de sua eficácia ou ainda aparecimento de reações adversas.

Tipos de interações:
1. Interações farmacocinéticas
São aquelas em que um fármaco altera a velocidade ou a extensão de absorção,
distribuição, biotransformação ou excreção de outro fármaco
Na absorção
● Alteração no pH gastrintestinal.
● Adsorção, quelação e outros mecanismos de complexação.
● Alteração na motilidade gastrintestinal.
● Má absorção causada por fármacos.
Na distribuição
● Competição na ligação a proteínas plasmáticas.
● Hemodiluição com diminuição de proteínas plasmáticas.
Na biotransformação
● Indução enzimática (por barbituratos, carbamazepina, glutetimida, fenitoína,
primidona, rifampicina e tabaco).
● Inibição enzimática (alopurinol, cloranfenicol, cimetidina, ciprofloxacino,
dextropropoxifeno, dissulfiram, eritromicina, fluconazol, fluoxetina, idrocilamida,
isoniazida, cetoconazol, metronidazol, fenilbutazona e verapamil).
Na excreção
● Alteração no pH urinário.
● Alteração na excreção ativa tubular renal.
● Alteração no fluxo sanguíneo renal.
● Alteração na excreção biliar e ciclo êntero-hepático.

2. Interações farmacodinâmicas
Ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os
efeitos desejados se processam. O efeito resulta da ação dos fármacos envolvidos no
mesmo receptor ou enzima. Um fármaco pode aumentar o efeito do agonista por estimular a
receptividade de seu receptor celular ou inibir enzimas que o inativam no local de ação

3. Interações de efeito
Ocorrem quando dois ou mais fármacos em uso concomitante têm ações farmacológicas
similares ou opostas. Podem produzir sinergias ou antagonismos sem modificar
farmacocinética ou mecanismo de ação dos fármacos envolvidos.

4. Interações farmacêuticas
Também chamadas de incompatibilidade medicamentosa, ocorrem in vitro, isto é, antes da
administração dos fármacos no organismo, quando se misturam dois ou mais deles numa
mesma seringa, equipamento de soro ou outro recipiente. Devem-se a reações fisico
químicas que resultam em:
● Alterações organolépticas – evidenciadas como mudanças de cor, consistência
(sólidos), opalescência, turvação, formação de cristais, floculação, precipitação,
associadas ou não a mudança de atividade farmacológica.
● Diminuição da atividade de um ou mais dos fármacos originais.
● Inativação de um ou mais fármacos originais.
● Formação de novo composto (ativo, inócuo, tóxico).
● Aumento da toxicidade de um ou mais dos fármacos originais.
A ausência de alterações macroscópicas não garante a inexistência de interação
medicamentosa.

Alimentos atrasam o esvaziamento gástrico e reduzem a taxa de absorção de muitos


fármacos; a quantidade total absorvida de fármaco pode ser ou não reduzida. Contudo,
alguns fármacos são preferencialmente administrados com alimento, seja para aumentar a
absorção ou para diminuir o efeito irritante sobre o estômago.
AINEs
Os AINEs apresentam interação com os anti-agregantes plaquetários e anticoagulantes
orais. Esta interação, de relevância clínica, deve ser tida em consideração em indivíduos
medicados com estes fármacos, numa anamnese correta e detalhada. A complicação mais
grave é a possibilidade de ocorrência de hemorragia gastrintestinal, devido a agressões
gástricas e posterior deficiente hemóstase pela inibição da síntese de TXA2, por inibição da
COX1. Assim, os AINEs estão contra-indicados em indivíduos submetidos a terapêutica
antiagregante. Incluem-se fármacos como dipiridamol, ticiclopidina, anagrelida, clopidogrel
e, também, anticoagulantes orais como varfarina ou o dicumarol. Está descrito, por
exemplo, que a administração simultânea de ibuprofeno e aspirina (ácido acetilsalicílico)
aumenta o risco de efeitos adversos cardiovasculares. Também o uso simultâneo de AINEs
e clopidogrel, outro antiagregante plaquetar, pode levar a risco de hemorragia.
Os AINEs reduzem o efeito dos IECAs, predispondo o paciente a uma eventual falha na
terapêutica anti-hipertensora. Esta interação é mais significativa se o indivíduo possuir
predisposição para problemas renais ou descompensações eletrolíticas, visto que os AINEs
impedem a síntese de PGs renais.
Há a possibilidade de haver interações medicamentosas com os AINES, pois estes
fármacos podem inibir o efeito vasodilatador e natriurético dos antagonistas dos recetores
da angiotensina II.
A administração simultânea de diuréticos e AINEs resulta numa redução na excreção de
sódio e alteração da atividade da renina. Como resultado, observa-se uma alteração da
dinâmica intra-renal, podendo ocorrer nefrotoxicidade e hipercalemia, e perda de eficácia
anti-hipertensora. O ibuprofeno parece estar implicado numa interação deste tipo,
principalmente em pacientes com um fraco controle da hipertensão.
A terapia combinada dos AINEs e diuréticos tiazídicos, bem como dos AINEs e IECA pode
causar alteração da função renal, desequilíbrio eletrolítico, além de afetar a eficácia da
terapia anti-hipertensiva.
Algumas das principais interações medicamentosas dos IECAs ocorrem com os AINEs, e
diuréticos poupadores de potássio/suplementos de potássio, quando usados em simultâneo
com IECAs, aumentam o risco de hipercaliemia, e aumentam os níveis séricos de lítio.
Os ARAs apresentam genericamente as mesmas interações medicamentosas referidas
para os IECAs. Resumindo, BECs, ARAs, IECAs e -bloqueadores são metabolizados pela
CYP450 e, assim, as concentrações séricas dos fármacos diminuem quando combinados
com indutores enzimáticos (Ex: fenitoína, carbamazepina, rifampicina e fenobarbital) ou
aumentam quando combinados com inibidores enzimáticos (Ex: antifúngicos azólicos,
cimetidina e eritromicina).
O metotrexato é um fármaco antineoplásico, antagonista do ácido fólico. Este composto
impede a biossíntese de purinas e pirimidinas, essenciais à síntese de ADN e RNA. É um
medicamento de primeira escolha no tratamento de patologias oncológicas, psoríase e
artrite reumatóide. Caracteriza-se como sendo um medicamento com baixo índice
terapêutico. Os anti-inflamatórios não esteróides reduzem a filtração renal do
metotrexato, predispondo a um aumento dos níveis sanguíneos deste composto, e risco de
toxicidade.

O carbonato de lítio é um medicamento anti-psicótico que se usa no tratamento de


psicoses como a doença bipolar e, também, associado a antidepressivos. Tal como o
metotrexato, o lítio também tem baixo índice terapêutico. Os AINEs podem estar envolvidos
numa interação com este fármaco ao inibirem a síntese de prostaglandinas renais. Pode
verificar-se uma maior reabsorção tubular do lítio, e ocorrência de níveis sanguíneos
tóxicos.

A literatura refere que não existem importantes interações entre os agentes


hipoglicemiantes e os AINEs. Contudo, e em doses elevadas, foram descritos alguns
casos de interação com potenciação do efeito hipoglicemiante. Por exemplo, associações
entre glibenclamida com diflunisal (um derivado do ácido acetilsalicílico). Também, as
sulfonilureias com o ibuprofeno e, ainda, casos de descontrole da diabetes com
indometacina. É também possível que o piroxicam potencialize os efeitos da glibenclamida.

Associar AINEs com SIRS aumenta o risco de hemorragia gastrintestinal, principalmente se


a terapêutica anti-inflamatória for prolongada. Sabe-se que, tanto o diclofenaco, o
ibuprofeno e o naxopreno são substratos para a isoenzima do citocromo p450. Da mesma
maneira, também alguns SIRS são inibidores da mesma enzima, tais como, a fluvoxamina,
paroxetina e sertralina. É então aconselhável o cuidado na prescrição de AINEs após uma
cirurgia em pacientes com terapêutica antidepressiva.

● Varfarina
Em teoria, os SSRIs podem aumentar o risco de sangramento durante o tratamento com
varfarina por meio de dois mecanismos. Podem prejudicar a agregação plaquetária pela
depleção dos níveis de serotonina plaquetária, aumentando diretamente o risco de
hemorragia, ou podem inibir o metabolismo oxidativo da S-varfarina via CYP2C9(16,17).
● Fitoterápicos
Na medicina chinesa o ginkgo é utilizado como antitussígeno, expectorante e antiasmático e
alguns extratos são empregados para o tratamento de insuficiência circulatória periférica,
desordens cerebrovasculares e mal de Alzheimer. (FUKUMASU, 2008.) A interação que se
destacou foi no uso do ginkgo concomitante de anticoagulante ou antiplaquetário oral, como
a Varfarina, onde potencializa riscos hemorrágicos, já que o Ginkgolídeo B é um antagonista
do fator de ativação plaquetária o que impede a sua agregação. O uso de ginkgo
concomitante com o anti-hipertensivo nifedipina aumenta as reações adversas deste, como
dor de cabeça, rubor e edema de tornozelo (CARNEIRO; COMARELLA, 2016.)
Segundo Silva e colaboradores (2010), quando se utiliza o Ginkgo biloba
concomitantemente a diuréticos tiazídicos como é o caso da hidroclorotiazida, podem
ocorrer eventos como aumento da pressão sanguínea do paciente, o que pode ser revertido
com a suspensão dos dois. Há, também, interações com inibidores de canais de cálcio,
como é o caso da nifedipina e anlodipino, podendo ocasionar aumento dos efeitos adversos
destes anti-hipertensivos.

Hipérico Cordeiro e colaboradores (2016) observaram interações envolvendo Hypericum


perforatum Linaeus que também é conhecido como erva-de-são-joão, este, por sua vez,
descreve que no uso da erva ocorre uma possível indução de enzimas hepáticas,
evidenciando reduções do nível sérico de fármacos (citocromo P450 - isoenzima CYP1A2).
Os autores versam que a erva pode reduzir a concentração de fármacos como o Indinavir e
também outros antirretrovirais, além disso, pode prejudicar tratamentos com sinvastatina,
digoxina reduzindo níveis plasmáticos; altera a ação imunossupressora da ciclosporina
deixando em risco pacientes que passaram por transplantes; e também interage com
contraceptivos orais podendo inibir seus efeitos e até mesmo causar sangramentos.
Por ter uma ação de indução enzimática, o uso concomitante desta planta com
antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes e anticoagulantes, pode alterar a
farmacocinética destes diversos medicamentos. Além disso, seu uso associado com
inibidores seletivos da receptação de serotonina ou agonistas serotoninérgicos pode levar a
sintomas típicos da síndrome serotoninérgica do sistema nervoso central.CORDEIRO;
CHUNG & DO SACRAMENTO, 2005)
● Camomila
Segundo Machado e colaboradores (2017) a Matricaria recutita tem seu óleo essencial bem
explorado, podendo ser administrado em forma de cápsula ou líquido. Possui muitos efeitos
terapêuticos, como efeitos anti-inflamatórios, antiespasmódicos sedativos e anti-sépticos
podendoser aplicada no tratamento de distúrbios digestivos e mucosite nasal. Com base
nos artigos envolvidos na revisão a Matricaria recutita atua na função plaquetária e,
consequentemente, pode aumentar o risco de hemorragia, destacando sua interação com a
varfarina causadores de hemorragia.
Entretanto, devido à sua possível ação antiplaquetária e provável interação com outros
fármacos o uso deve ser suspenso preventivamente antes dos procedimentos
odontológicos cirúrgicos (MACHADO, 2017). Ela pode interagir com os barbitúricos e outros
sedativos, intensificando e aumentando a ação depressora do sistema nervoso central
podendo reduzir a absorção de ferro. A camomila interfere no mecanismo que o corpo
processa determinadas drogas provavelmente através do sistema enzimático hepático
citocromo P450. Segundo Nicoletti (2009), a camomila pode apresentar efeito
antiestrogênico e interagir com drogas ou suplementos contendo soja ou Trifolium pratense.

● Chá verde
De acordo com Nicoletti e colaboradores (2009), devido ao fato do chá verde ter como
componente a cafeína, os seus efeitos terapêuticos irão conduzir as interações
medicamentosas. A cafeína quando associada a efedrina pode interferir no sistema
cardiovascular, aumentando a pressão arterial, possibilitando a ocorrência de infartos e
ataques cardíacos. Além disso, antagoniza efeitos dos benzodiazepínicos (Alprazolam), e o
chá verde interfere na terapia com varfarina por apresentar a vitamina K em sua
composição.Outrossim, pode aumentar o efeito de antibióticos da classe dos
beta-lactamicos, provocando possível aumento nas reações adversas. Os autores também
destacam que nos estudos in vitro a maior parte dos efeitos oriundos das interações com o
chá verde, são provenientes da potente inibição de diversas isoformas do complexo
enzimático CYP450 (ALBASSAN & MARKOWITZ, 2017).

● A castanha da Índia (Aesculus hippocastanum L.)


Aumenta a chance de sangramentos quando utilizada ao mesmo tempo com o ácido
acetilsalicílico, varfarina, heparina, clopidogrel e anti inflamatórios como ibuprofeno ou
naproxeno, devido à escina (componente saponínico), o qual se liga nas proteínas
plasmáticas afetando a ligação das outras drogas. Pode ainda intensificar o efeito
hipoglicemiante de pacientes que usam medicamentos para diabetes, tanto por via oral,
como para a insulina. Os fármacos antiácidos e antiulcerosos também podem ser afetados,
já que a planta leva a irritação do trato gastrointestinal. Não deve, ainda, ser administrada
com outras drogas nefrotóxicas como a gentamicina (CARNEIRO & COMARELLA, 2016). A
castanha da índia é a segunda maior em número de registros junto a ANVISA para o
desenvolvimento de fitoterápicos. Encontra-se na lista de fitoterápicos e suplementos que
servem para o tratamento de insuficiência venosa crônica, hemorróidas e edema pós
cirúrgico. O principal princípio ativo desta planta é reconhecido como responsável por estes
efeitos. Ao nosso conhecimento não existe nenhum estudo que indique possíveis interações
medicamentosas, tanto de extratos de A. hippocastanum quanto do princípio ativo aescina
(LATORRE et al, 2008). É Indicada para fragilidade capilar, insuficiência venosa, as
Interações medicamentosas, se deu principalmente por seus constituintes, A eficácia de
fármacos com atividade antiácida ou antiúlcera poderá ser afetada na presença desta
planta que é irritante ao trato gastrintestinal; quando utilizada com sene poderá ocorrer
potencialização do efeito laxativo. (NICOLETTI, 2007).

● O gengibre
Interage com medicamentos como a ranitidina e o lansoprazol devido à estimulação da
produção de ácido clorídrico estomacal pela planta. Além de aumentar o risco de
sangramento quando usado junto com o ácido acetilsalicílico, varfarina, heparina,
clopidogrel, ibuprofeno ou naproxeno. Podem interferir na ação dos medicamentos que
alteram a contração cardíaca, como os beta bloqueadores, digoxina e outros, (CARNEIRO
& COMARELLA, 2016).Indicado na profilaxia de náuseas causada por movimento (cinetose)
e pós-cirúrgicas, suas interações medicamentosas, em teoria, poderá comprometer a ação
de medicamentos contendo sucralfato, ranitidina ou lansoprazol; contrariamente, ao que foi
verificado em animais, ou seja, proteção estomacal e a outros medicamentos que
apresentem esta ação; em doses elevadas poderá desencadear sonolência, além de que
poderá interferir com medicamentos que alteram a contração cardíaca incluindo os
beta-bloqueadores, digoxina e outros medicamentos para o coração. Existe a possibilidade
de diminuição dos níveis de açúcar no sangue e, portanto, poderá interferir com
medicamentos administrados por via oral, diabéticos ou com a insulina. Estudos sugerem
que fitoquímicos presentes em dietas como capsaína, curcumina, [6]-gengerol e resveratrol
apresentam efeito inibitório na P-glicoproteína potencializando interações
alimentos-medicamentos (NICOLETTI et al, 2007).

● O alho
É utilizado desde a antiguidade com finalidades medicinais, principalmente devido às suas
propriedades antimicrobiana e imunoestimulante. O alho contém diversos compostos
orgânicos sulfurados, principalmente alicina e aliína, que são os responsáveis pelas suas
atividades. Os ensaios clínicos desenvolvidos com o alho forneceram informações sobre
suas possíveis interações medicamentosas. Algumas literaturas da área afirmam que o
mesmo pode interagir com anticoagulantes orais e antiplaquetários. Assim o alho pode
interagir com fármacos de diversas classes terapêuticas, que são metabolizados, via
sistema hepático (ALEXANDRE;BAGATINI; SIMÕES, 2007).
A interação envolvendo o alho (Allium sativum L.) com algumas drogas como a varfarina
(anticoagulante oral), podendo aumentar o tempo de sangramento. Em hipoglicemiantes,
como a insulina e glipizida, irá causar uma diminuição excessiva de glicose no sangue
levando a hipoglicemia. Associado com uma droga para o tratamento do Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), o saquinavir, o alho diminui os níveis plasmáticos dessa
droga, consequentemente diminuindo seu efeito. Os pacientes que têm problemas de
tireoide ou tomam medicamentos para essa patologia, devem ter cuidado no uso do alho,
pois ele afeta a tireoide, (CARNEIRO & COMARELLA, 2016) e pode também diminuir os
níveis plasmáticos de uma droga tornando seu efeito terapêutico menos eficaz o que poderá
ocorrer com outras drogas antiretrovirais. Drogas metabolizadas pelo sistema hepático
enzimático P450 poderão ser afetadas pelo alho (NICOLETTI et al, 2007).

● Ginseng
É utilizado como adaptogênico, afrodisíaco, estimulante e no tratamento da Diabetes do tipo
II (LATORRE ET AL, 2008). Em relação ao ginseng, se destaca a interação com
estrogênios, elevando a atividade estrogênica, como mastalgia e excesso de sangramento
menstrual (CARNEIRO & COMARELLA, 2016).As preparações à base de ginseng
disponíveis comercialmente apresentam outros constituintes químicos na formulação,
impedindo assim uma avaliação precisa da eficácia e da segurança desta planta. Algumas
pesquisas evidenciaram que o ginseng não provoca efeitos relevantes sobre o metabolismo
de fármacos mediado pelo sistema Citocromo P (ALEXANDRE;BAGATINI; SIMÕES, 2007).
O ginseng pode interferir no metabolismo de drogas que usam o sistema enzimático
hepático P450 ocasionando na elevação da concentração destas drogas no sangue
podendo aumentar o efeito ou intensificar reações adversas sérias; poderá, também,
aumentar o efeito estimulante de café, chás, chocolate, cafeína, entre outros. O efeito
analgésico de opióides poderá ser inibido se o ginseng for utilizado (NICOLETTI et al,
2007). O Panax ginseng, quando associado a ácido acetilsalicílico, clopidogrel, heparina,
além de antiinflamatórios não esteroidais como ibuprofeno e naproxeno, irá reduzir a ação
anticoagulante de substâncias como a varfarina e aumentar o risco de sangramentos. Se
utilizado com antidepressivos inibidores da monoamino oxidase, pode desencadear
tremores, insônias e cefaleias, alterando a pressão sanguínea ou a efetividade de
medicamentos cardíacos, incluindo bloqueadores de canais de cálcio. Hiperglicemia em
pacientes tratados com hipoglicemiantes orais pode ser provocada em pacientes que
utilizam medicamentos à base de Panax ginseng, provavelmente pelo fato de aumentar a
sensibilidade aos receptores de insulina, bem como pode reduzi a glicemia pós-prandial em
indivíduos saudáveis (ALEXANDRE, 2008). Foi também observado interações
medicamentosas entre fenelzina (antidepressivo da classe dos inibidores da enzima
monoamina oxidase) e medicamentos fitoterápicos elaborados com ginseng, o P. ginseng
inibem a formação do Tromboxano A2 e, consequentemente, a agregação plaquetária
(TEIXEIRA & SANTOS, 2011).

● Contraceptivos orais
Interação com contraceptivos orais Interferência com o ciclo êntero-hepático do estrógeno e
da progesterona. Após a ingestão de contraceptivo oral (CO), o estrógeno e a progesterona
são rapidamente distribuídos do trato gastrointestinal (TGI) para o sistema circulatório,
passando inicialmente pelo fígado, onde são metabolizados. Cerca de 42% a 58% do
estrógeno são transformados em conjugados sulfatadose glucuronisados, que não possuem
atividade contraceptiva. Esses metabólitos estrogênicos são excretados na bile, a qual se
esvazia no TGI. Parte dos metabólitos é hidrolizada pelas enzimas das bactérias intestinais,
liberando estrógenos ativos, sendo o remanescente excretado nas fezes. O estrogênio
liberado pode, então, ser novamente absorvido, estabelecendo-se o ciclo êntero-hepático,
que aumenta o nível plasmático de estrógeno circulante. O uso de antimicrobianos destrói
as bactérias da microbiota intestinal, responsável pela hidrólise dos conjugados
estrogênicos (destituídos de atividade contraceptiva).
Assim, o ciclo-êntero-hepático (fígado/ bile/ TGI) é prejudicado, com conseqüente
diminuição dos níveis plasmáticos de estrógeno ativo.Outra forma sugerida de maneira
indireta é que alguns antibióticos possam provocar vômito, diarréia e outras alterações no
trato gastrintestinal, reduzindo o tempo de permanência do CO no TGI. Assim, antibióticos
como ampicilina, amoxicilina e as tetraclicinas alteram as concentrações plasmáticas dos
CO, causando falha na proteção contraceptiva (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005;
ANDRADE, 2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009; VADE-MÉCUM 2008/2009).

● Tetraciclinas interagindo com:


- Leite e derivados – Formam um quelato insolúvel na luz do trato gastrintestinal com
os cátions presentes em derivados lácteos, diminuindo sua absorção em cerca de
50% a 90%, reduzindo a eficácia antimicrobiana das tetraciclinas por via oral
(ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE, 2006; ITO, 2008; DEF
2008/2009; VADE-MÉCUM 2008/2009).

● Penicilinas interagindo com:


- Anticoagulantes orais – A penicilina G tem ação antiagregante plaquetária;
- Alimentos – Os alimentos prejudicam a absorção das penicilinas, exceto a
amoxicilina;
- Antibióticos bacteriostáticos – O efeito bacteriostático sobre a colônia inibe a ação
bactericida das penicilinas;
- Antibióticos macrolídeos – O efeito bacteriostático dos macrolídeos inibe a ação
bactericida das penicilinas;
- Anticoagulantes orais – Aumento da metabolização dos anticoagulantes orais, com
redução do efeito do anticoagulante;
- Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) – Competição dos AINEs e das penicilinas
por sítios de união em proteínas plasmáticas. Possível aumento dos efeitos tóxicos
de ambos os fármacos;
- Tetraciclinas – O efeito bacteriostático próprio das tetraciclinas inibe a lise bacteriana
provocada pelas penicilinas. Antagonismo do efeito bactericida das penicilinas
(WANNMACHER, FERREIRA, 1999; YAGIELA, NEIDLE, DOWD, 2000).

● Cefalosporinas interagindo com:


- Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) – Efeito inibitório aditivo sobre a
coagulação (as cefalosporinas produzem hipoprotrombinemia);
- Álcool – Reação tipo dissulfiram;
- Aminoglicosídeos – Aumenta a possibilidade de nefrotoxicidade (VADE-MÉCUM
2008/2009; ZANINI, OGA, 1994; ZANINI, OGA, 2002).

● Eritromicina interagindo com:


- Amoxicilina + ácido clavulânico – Interferência no efeito bactericida do antibiótico
betalactâmico, que só atua nas bactérias em multiplicação;
- Anticoagulantes orais – Inibição do metabolismo dos anticoagulantes;
- Clindamicina – Competição pelo mesmo sítio de ação nos ribossomos; Fexofenadina
(aumento dos níveis séricos da fexofenadina)
- Glicocorticóides – Redução da eliminação dos glicocorticóides; potenciação do efeito
e da toxicidade do glicocorticóide;
- Sulfonamidas – Mecanismos de ação sinérgica por somação (bacteriostático +
bacteriostático) (ANDRADE, 2006; DEF 2008/2009; KOROLKOVAS, FRANÇA,
2007/2008; VADE-MÉCUM 2008/2009).

● Metronidazol interagindo com:


- Alimentos – Sua absorção não é afetada pela ingestão de alimentos. Com bebidas
alcóolicas pode apresentar uma reação tipo dissulfiram;
- Anticoagulantes orais – Risco de hemorragias; potenciação do efeito anticoagulante.
● Sulfametoxazol + trimetoprima interagindo com:
- Anticoagulantes orais – Deslocamento do anticoagulante de seus sítios de união em
proteínas plasmáticas;
- Tetraciclinas – Antagonismo do efeito antimicrobiano (DEF 2008/2009;
VADE-MÉCUM 2008/2009).

ANTIINFLAMATÓRIO HORMONAL
● Corticosteróides interagindo com:
- Anti-hipertensivos – Efeito hipertensivo devido à retenção hídrica provocada pelos
glicocorticóides;
- AINE – Toxicidade aditiva; aumento do risco de úlcera gastrintestinal; risco de
hemorragia digestiva alta;
- Barbitúricos – Aumento da metabolização dos glicocorticóides; redução do efeito do
glicocorticóide.
- Difenidramina – Redução dos níveis de glicocorticóides;
- Insulinas – Antagonismo em relação ao efeito hipoglicemiante da insulina;
- Tetraciclinas – Possibilidade de superinfecções durante tratamentos prolongados. O
efeito imunossupressor dos glicocorticóides agrava a incidência de superinfecção
durante o tratamento com tetraciclinas;
- Antiácidos – Diminuição da sua absorção e redução dos níveis plasmáticos quando
administrados por via oral (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE,
2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009; VADEMÉCUM 2008/2009).

ANSIOLÍTICOS
● Benzodiazepínicos interagindo com:
○ Anovulatórios (Anticoncepcionais orais) – Alterações da metabolização dos
benzodiazepínicos
■ com possível aumento dos efeitos ansiolíticos para clordiazepóxido,
diazepam, triazolam e alprazolam;
■ possível diminuição do efeito ansiolítico para oxazepam, temazepam
e lorazepam;
■ risco de alteração psicomotora variável com diazepam ou outros
benzodiazepínicos.
○ Etanol – Potenciação da depressão do SNC.
○ Lidocaína – Aumento do efeito antiarrítmico da lidocaína (ANDRADE,
PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE, 2006; ITO, 2008; DEF 2008/2009;
VADEMÉCUM 2008/2009).
ANALGÉSICOS
● Ácido acetilsalicílico interagindo com:
○ Antiácido – Redução da reabsorção tubular por alcalinização da urina
○ Anticoagulantes orais – Inibição da agregação plaquetária;
○ AINE – Sinergismo, por inibição da agregação plaquetária, com risco de
hemorragia;
○ Ácido ascórbico – Aumento dos níveis plasmáticos dos salicilatos por
diminuição de sua eliminação urinária e aumento da eliminação urinária do
ácido ascórbico;
○ Cefaclor – Efeito inibitório aditivo sobre a coagulação (as cefalosporinas
produzem hipoprotrombinemia);
○ Diclofenaco – Redução da biodisponibilidade do diclofenaco e sinergismo de
ação na inibição da agregação plaquetária;
○ Etanol – Aumento da incidência e severidade da hemorragia gastrintestinal,
por lesão de mucosa. O AAS também inibe a enzima álcool desidrogenase e
aumenta a absorção do etanol;
○ Piroxicam – Diminuição das concentrações plasmáticas do piroxicam;
○ Ranitidina – Aumenta o pH gástrico e diminui a absorção do ácido
acetilsalicílico (ANDRADE, PINHEIRO, MOREIRA, 2005; ANDRADE, 2006;
BARRETO, PEREIRA, 2008; DEF 2008/2009; ITO, 2008; KOROLKOVAS,
FRANÇA, 2007/2008; VADE-MÉCUM, 2008/2009; WANNMACHER,
FERREIRA, 1999; YAGIELA, NEIDLE, DOWD, 2000).

● Paracetamol interagindo com:


○ Anovulatórios (anticoncepcionais orais) – Redução da intensidade e da
duração do efeito analgésico. Recomendações: administrar com precaução e
evitar essa associação por períodos prolongados;
○ Anticoagulantes orais – Inibição da agregação plaquetária;
○ AINE – Potenciação do efeito farmacológico e dos efeitos tóxicos, em
especial, hemorragia (BARRETO, PEREIRA, 2008; DEF 2008/2009; ITO,
2008; KOROLKOVAS, FRANÇA, 2007/2008; VADE-MÉCUM 2008/2009).

● dipirona interagindo com:


○ Hipoglicemiantes derivados da sulfoniluréia – Redução do efeito
hipoglicemiante (WANNMACHER, FERREIRA, 1999; YAGIELA, NEIDLE,
DOWD, 2000).
● Ácido mefenâmico interagindo com:
○ Anticoagulantes orais – Provoca o deslocamento dos anticoagulantes orais
de seus sítios de união em proteínas plasmáticas; risco de hemorragias;
potenciação do efeito anticoagulante (BARRETO, PEREIRA, 2008; DEF
2008/2009; ITO, 2008; KOROLKOVAS, FRANÇA, 2007/2008; VADE-MÉCUM
2008/2009).

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