Farmacologia I Profª Cindy Naomi Yoshikawa CONCEITO É o evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, ou pela administração concorrente com alimentos. INCIDÊNCIA
Maior em pacientes mais frágeis, como os
cardiopatas, pneumopatas, com doenças clínicas descompensadas, internados em UTI e devido à polifarmácia
Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), polifarmácia é o uso rotineiro e concomitante de quatro ou mais medicamentos (com ou sem prescrição médica) por um paciente. INTERAÇÕES BENÉFICAS
• Redução dos efeitos tóxicos
Ex.: furosemida (diurético de alça) + espironolactona (poupador de potássio)
• Obtenção de maior duração de efeito
Ex.: probenecida (inibe excreção) + penicilina (ATB) INTERAÇÕES DESVANTAJOSAS • Acentuação dos efeitos indesejáveis ou aumento da toxicidade. Ex: AAS + AINEs
• Redução da eficácia Ex: ATB + anticoncepcionais orais FASES
As interações medicamentosas podem ocorrer em diversas fases:
• Durante o preparo (físico-química)
• No momento da absorção • Durante os processos de distribuição, metabolização ou eliminação; • Na ligação ao receptor farmacológico INTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS • Ocorrem antes da administração dos fármacos no organismo, durante o preparo, armazenamento • Reações físico-químicas que resultam em: • Alterações organolépticas – evidenciadas como mudanças de cor, consistência (sólidos), opalescência, turvação, formação de cristais, floculação, precipitação, associadas ou não a mudança de atividade farmacológica. • Formação de novo composto (ativo, inócuo, tóxico). • Ex.: claritromicina + solução fisiológica 0,9% INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS São interações nas quais um fármaco precipitante altera os parâmetros farmacocinéticos de outro, ou seja, a velocidade ou extensão de absorção, a distribuição, o metabolismo e a excreção do fármaco objeto. INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS Absorção • alteração do pH gastrointestinal • Ex.: antiácidos e omeprazol: diminuição da absorção do omeprazol • quelação ou outras reações de complexação • Ex.: leite com tetraciclina – diminuição do efeito ATB • velocidade do esvaziamento gástrico • Ex.: laxativos e vitaminas lipossolúveis: diminuição da absorção das vitaminas INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS Distribuição • Ligação às proteínas plasmáticas (câncer, doenças hepáticas: proteínas plasmáticas diminuídas) • Fármacos que deslocam ou sofrem deslocamento • Competição entre dois fármacos pela ligação às proteínas plasmáticas • Ex.: fenilbutazona + fenitoína: toxicidade da fenitoína INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS Metabolização • Citocromo P450 – grupo de enzimas que atuam no metabolismo • Ex.: midazolam + cetoconazol (inibidor p450 - CYP3A4 – aumenta concentração plasmática do midazolam em cerca de 5 vezes) INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS Excreção • alteração do pH urinário (5,5-6,5) • Sequestro de pH Acidificação: aumenta excreção de bases • Ex.: fosfato de potássio e anfepramona (base fraca): aumento da excreção de anfepramona Alcalinização: aumenta excreção de ácidos • Ex.: bicarbonato de sódio e fenobarbital (ácido fraco): aumento da excreção do fenobarbital • alteração do fluxo sanguíneo renal • Ex.: Hidralazina (vasodilatador) + digoxina = ↑ excreção renal da digoxina • alteração no processo de secreção tubular • Ex.: Probenecida + penicilina: probenecida compete pela mesma proteína carregadora de penicilina ocasionando retardo na excreção do ATB INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS • Ocorre no sítio de ação, quando dois ou mais medicamentos atuam sobre um mesmo receptor, órgão ou sistema fisiológico. • Sinergismo: • potencialização da resposta farmacológica • Exacerbação dos efeitos colaterais • Ex.: Losartana + hidroclorotiazida: aumento da resposta anti-hipertensiva • Benzodiazepínicos + prometazina: aumento da sedação • Antagonismo: resposta final menor • Ex.: morfina + naloxona: Depressão respiratória induzida pela morfina é revertida pela naloxona • Competição pelo mesmo receptor: • Ex.: salbutamol (agonista seletivo receptores ß2) + propranolol (ß-bloqueador não seletivo): diminuição do efeito broncodilatador do salbutamol REAÇÕES ADVERSAS
Curso Técnico em Farmácia
Farmacologia I Profª Cindy Naomi Yoshikawa EFEITO COLATERAL • efeito diferente daquele efeito principal responsável pelo efeito e uso terapêutico do fármaco: assim, um efeito colateral pode ser benéfico ou indiferente e não necessariamente adverso, indesejável • Exemplos: • Antiagregação plaquetária do AAS • Sedação dos anti-histamínicos REAÇÕES ADVERSAS AO MEDICAMENTO Qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento, que ocorre nas doses usualmente empregadas para profilaxia, diagnóstico ou terapia de doenças. Exemplos: • Irritação gástrica com AINEs • Reação anafilática por beta lactâmicos • Tromboembolismo com anticoncepcional • Agranulocitose por clozapina CLASSIFICAÇÃO Relacionadas à dose: • maior frequência • previsíveis e baixa mortalidade. • Podem ser tratadas simplesmente com a redução da dose do medicamento. Causas: 1) Administração da dose maior que a prescrita; 2) Administração correta, porém paciente com problemas na metabolização e excreção, apresentando níveis quantitativos muito elevados; 3) Sensibilidade maior do paciente. Ex.: intoxicação digitálica. CLASSIFICAÇÃO Não relacionadas a dose: • tendem a ser incomuns • imprevisíveis e potencialmente mais graves. • frequentemente é necessária a suspensão do medicamento. • são mais difíceis de predizer, ou mesmo de identificar Causas: • podem ser consequentes de reações de hipersensibilidade ou reações imunológicas. Ex.: hipersensibilidade à penicilina CLASSIFICAÇÃO Relacionado a dose e ao tempo de uso: • Incomum Causas: • Relacionada ao efeito cumulativo do fármaco Ex.: Síndrome de Cushing por uso de corticoides CLASSIFICAÇÃO Relacionado ao tempo de uso: • Incomum • Pode ocorrer algum tempo após o uso do medicamento Ex.: Teratogênese CLASSIFICAÇÃO Nem sempre é possível classificar uma RAM nessas categorias, uma vez que o mecanismo que leva à sua ocorrência pode não ser conhecido. FREQUÊNCIA
Empecilhos
• subnotificação de suspeitas de reações adversas
• incerteza em estimar o número de pacientes que fazem uso do medicamento (denominador). GRAVIDADE • Leve – pequeno significado clínico • Moderada – efeitos nocivos alterando o estado físico do paciente • Grave – pode resultar em morte, ameaça à vida, incapacidade persistente ou significante, anomalia congênita, efeito clinicamente importante, hospitalização ou prolongamento de hospitalização já existente. OUTROS PARÂMETROS Período de latência • Rápido ou lento
Previsibilidade • Altamente previsível • Previsível • Não previsível • Não estabelecida