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ANHANGUERA

Curso de Bacharelado em Farmácia

DISTRIBUIÇÃO,
BIOTRANSFORMAÇÃO E
EXCREÇÃO DOS FÁRMACOS
NO ORGANISMO

Prof. Wendell Oliveira


Distribuição dos Fármacos
 É a passagem de um fármaco da corrente
sanguínea para os órgãos e tecidos;

 É uma transferência reversível de uma


parte a outra do organismo
Distribuição

 Uma vez no sistema circulatório, alguns


fármacos podem ligar-se de modo
inespecífico e reversível a várias proteínas
plasmáticas (albuminas e globulinas).
 Nesse caso o fármaco na forma ligada e fármaco
livre atingem o equilíbrio;
 Somente o fármaco livre exerce efeito biológico;
 O fármaco ligado permanece dentro do vaso não
sendo metabolizado ou excretado.
Distribuição
 Compartimentos líquidos corporais:
◦ Líquido extracelular: plasma sanguíneo, líquido
intersticial, linfa;
◦ Liquido intracelular: soma do conteúdo de todas as
células do corpo;
◦ Líquido transcelular: líquidos cefalorraquidiano,
intraocular, intraperitoneal, pleural, sinovial e
secreções digestivas, feto.
Distribuição
 Volume de distribuição (Vd): Volume no qual o fármaco
deve se dissolver para que sua concentração se iguale à
do plasma
Vd = volume de distribuição
Q = quantidade da droga no organismo
Cp = conc. plasmática

 Drogas fortemente ligadas a proteínas plasmáticas ficam


confinadas ao meio plasmático – Vd baixo;
 Drogas pouco lipossolúveis (polares) permanecem no
compartimento extracelular – Vd baixo;
 Drogas altamente lipossolúveis ou com grande ligação
tecidual apresentam um Vd alto, distribuem-se por toda
água corporal e chegam ao cérebro e ao feto.
FATORES QUE INFLUENCIAM A DISTRIBUIÇÃO E
ELIMINAÇÃO DOS FÁRMACOS
Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas

 Proteínas plasmáticas
Liga-se a fármacos
 Albumina ácidos
 -globulina Ligam-se a fármacos
 Glicoproteína ácida básicos
◦ Ligam-se aos fármacos quando estes estão
presentes na corrente sanguínea;
◦ Em concentrações terapêuticas, muitos
fármacos encontram-se no plasma na forma
ligada.
Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas

 A quantidade de um fármaco que se liga a


proteínas vai depender de três fatores:
◦ Concentração do fármaco livre;
◦ Afinidade do fármaco pelos locais de ligação;
◦ Concentração de proteínas.

F + L FL
Fármaco Local de Complexo
livre ligação
Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas

 A ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas


limita sua concentração nos tecidos e no seu local
de ação, visto que apenas o fármaco livre está em
equilíbrio estável através das membranas.

Complexo
proteína plasmática - droga Droga livre Luz do vaso
sanguíneo
Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas

 A ligação com as proteínas plasmáticas não é seletiva;


 Fármacos podem competir entre si por locais de ligação
nas proteínas plasmáticas;
 Um fármaco pode deslocar outro fármaco da sua ligação
na proteína;
 Fato importante nas interações medicamentosas;
 Situações em que ocorrem variações nas concentrações
das proteínas (hipoalbuminemia por cirrose, sindrome
nefrótica, desnutrição grave, idosos) – teor de ligação
menor.
Distribuição Clínica
 A depuração corporal total refere-se a remoção eficaz de um
fármaco do sangue ou do plasma numa unidade específica de
tempo;

 A depuração está relacionada com o Vd e o tempo necessário


para que a concentração plasmática ou a quantidade de um
fármaco no organismo diminua 50%;

 Esse tempo é denominado meia-vida (t1/2).


Biotransformação dos Fármacos
Biotransformação

 Processo de alteração química dos fármacos no organismo.

Droga Pró-droga
Inativação Ativação
(Metabolização e Biotransformação (Metabolização)
Conjugação)

Excreção Droga
Biotransformação

 Órgãos metabolizadores de drogas


◦ Fígado (principal);
◦ Pulmões;
◦ Rins;
◦ Supra-renais.
Biotransformação
 Muitos fármacos (bases ou ácidos fracos) são
lipossolúveis e por isso não são rapidamente
eliminados;

 Por isso, devem ser conjugados ou


metabolizados a compostos mais polares e
menos lipossolúveis para serem excretados.
Biotransformação

 Reações bioquímicas envolvidas no


metabolismo dos fármacos:
◦ Fase 1:
 alteram a reatividade química
 solubilidade aquosa
Oxidação, Redução e Hidrólise
◦ Fase 2:
 ainda mais a solubilidade promovendo a eliminação
Conjugação
Biotransformação
 Oxidação Microssomal
◦ O retículo endoplasmático liso (REL) das células
de muitos órgãos, principalmente o FÍGADO,
contém enzimas associadas à membrana, que são
responsáveis pela oxidação dos fármacos.
◦ Microssomos
Biotransformação

◦ Sistema enzimático microssomal


 Citocromo P-450 e citocromo P-450-redutase;
 É denominado oxigenase de função mista;
 Existem várias enzimas distintas do citocromo P-
450 no interior da membrana microssomal.
Biotransformação

◦ Vários fármacos e substâncias ambientais induzir


ou inibir o Sistema Enzimático Microssomal.
- Inibidores: - Indutores:
 Inseticidas organofosforados •Barbitúricos
 Tetracloreto de carbono •Fenitoína
•Nidrocarbonetos policícliclos
 Ozônio
aromáticos (Bezopireno)
 Monóxido de carbono •Hidrocarbonetos halogenados
 Cimetidina (DDT)
 Omeprazol •Nicotina
•Etanol (ingestão crônica)
Biotransformação:
Redução
 Ocorre tanto no sistema microssomal como no
não microssomal;

 É menos comum do que a oxidação.


Biotransformação:
Hidrólise
 Existem hidrolases não-microssomais numa
variedade de sistemas corporais, incluindo o
plasma.
 Hidrolases não-microssomais: Esterases
 Acetilcolina
 Succinilcolina
 Procaína

 Peptidases
 Pró-insulina

 Amidase
 Procainamida e indometacina

Foram isoladas também hidrolases microssomais


Biotransformação:
Conjugação
 Refere-se ao acoplamento de um fármaco ou do
seu metabólito com um substrato endógeno.
 O conjugado é uma substância polar facilmente
excretada.
 Tipos de substratos endógenos:
 sulfato inorgânico
 grupo metil
 ácido acetico
 aminoádo
 Carboidrato
 ácido glicurônico
Biotransformação:
Conjugação
 Conjugação com ácido glicurônico
 Reação de conjugação mais comum
 Ocorre com
• Fenóis
• Álcoois
• Ácidos carboxílicos

 Ocorre formação de ácido glicurômico ativado


(ácido uridina difosfoglicurônico, UDP-
Glicuronídio) a partir da glicose 1-fosfato, que
reage com o fármaco ou seu metabólito:
Biotransformação:
Conjugação
 Em geral, os glicuronídios são inativos, sendo
rapidamente excretados na urina ou na bile por
sistemas de transportes aniônico.

 Os glicuronídios eliminados na bile podem ser


hidrolizados por B-glicuronidases intestinais ou
bacterianas, podendo ocorrer reabsorção do fármaco
livre (recirculação entero-hepática).

 A recirculação entero-hepática pode prolongar


acentuadamente a eliminação de um fármaco.
Biotransformação:
Fatores que interferem

 1. Genéticos
 O metabolismo de alguns fármacos é geneticamente
controlado:
A acetilação da isoniazida
Hidrólise da acetilcolina
 2. Propriedades químicas do fármaco
 Certos fármacos são capazes de estimular ou inibir o
metabolismo de outros fármacos:
Fenobarbital estimula o metabolismo da
difenil-hidantoína
Biotransformação:
Fatores que interferem

 3.Via de administração
 A via oral pode resultar no extenso metabolismo
hepático de alguns fármacos (efeito de primeira
passagem)
 4. Dieta
 A inanição pode causar depleção das reservas de glicina
e alterar o mecanismo de conjugação com a glicina.
Biotransformação:
Fatores que interferem

 5. Posologia
 As doses tóxicas podem provocar depleção das enzimas
necessárias para as reações de detoxificação.
 6. Idade
 O fígado é incapaz de detoxificar fármacos, como o
cloranfenicol, em recém-nascidos, o que não ocorre em
adultos.
Biotransformação:
Fatores que interferem

 7. sexo
 Os homens jovens são mais sujeitos à sedação produzida
por barbitúricos do que as mulheres.
 8. Doença
 A presença de hepatopatia diminui a capacidade de
metabolizar os fármacos.
 A doença renal diminui a excreção de fármacos .
Excreção dos Fármacos
Excreção
 A excreção dos fármacos refere-se ao processo
pelo qual um fármaco ou metabólito é
eliminado do organismo.
Excreção:
Vias de Eliminação

 O rim é o mais importante órgão de excreção;

 O trato biliar e as fezes constituem importantes


vias de excreção de alguns fármacos que são
metabolizados no fígado;

 Também podem ser excretados no ar expirado,


suor, saliva, lágrimas e leite (são lipossolúveis e
não-ionizados).
Excreção:
Vias de Eliminação
 Excreção através da urina:
 Filtração glomerular: os compostos hidrossolúveis e
polares são incapazes de sofrer difusão retrógrada da
circulação e são excretados, a não ser que exista
algum transporte específico para a sua reabsorção.
 Secreção tubular ativa: No túbulo proximal
(penicilina, quinina, etc.)
 Reabsorção tubular passiva.
Excreção:
Taxa de Eliminação
 Para a maioria dos fármacos, a eliminação de um fármaco do
sangue segue uma cinética de primeira ordem

Taxa de metabolismo é proporcional à quantidade


(concentração) da substância.

 O processo de eliminação pode ser saturado após a


administração de altas doses de alguns fármacos, de modo
que a eliminação segue então uma cinética de ordem zero

Taxa de metabolismo de uma substância é cte, não dependendo


da concentração da substância
 O etanol é um protótipo.
Excreção:
Efeito de Doses repetidas
 Ocorre acúmulo do fármaco no organismo se o
intervalo entre as doses for menor do que
quatro das suas meias-vidas;

 Neste caso, as reservas corporais totais do


fármaco aumentam de modo exponencial até
atingir o platô;

 Este platô é conhecido como concentração no


estado de equilíbrio dinâmico;
Excreção:
Efeito de Doses repetidas
 A reserva corporal total média de um fármaco
no platô é uma função da dose, do intervalo
entre as doses e da meia-vida de eliminação do
fármaco;

 Quando um fármaco é administrado a intervalos


iguais à sua meia-vida de eliminação, a reserva
corporal total média do fármaco é igual a 1,5
vezes a quantidade administrada.
Outras formas de eliminação
 Suor

 Glândulas salivares

 Leite materno
Eliminação dos Fármacos
PELE FEZES

SUOR
URINA

LÁGRIMAS EXPIRAÇÃO

LEITE MATERNO
Muito obrigado pela atenção!!!!

WENDELL OLIVEIRA
FARMACÊUTICO
wendell.silva@kroton.com.br

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