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PSICOFARMACOLOGIA
Distribuição de fármacos é o processo pelo qual um fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra
no interstício (líquido extracelular) e, então, nas células dos tecidos.
Para fármacos administrados por via IV, onde não existe absorção, a fase inicial (isto é, imediatamente após a
administração até a rápida queda na concentração) representa a fase de distribuição, na qual o fármaco
rapidamente sai da circulação e entra nos tecidos.
DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS
Por exemplo, o fluxo de sangue para os órgãos ricos em vasos (cérebro, fígado
e rins) é maior do que para os músculos esqueléticos;
OU SEJA,
Quanto maior o fluxo sanguíneo no local de ação do fármaco, mais
rápido ele chegará lá.
A. Fluxo sanguíneo
• TECIDOS DE ALTA IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA - vão receber o fármaco mais rápido e em
maior parte:
- fígado
- rim
- cérebro
- coração
- pulmões
No cérebro, a estrutura capilar é contínua, e não existem frestas . Para entrar no cérebro, o fármaco
precisa passar através das células endoteliais dos capilares do SNC ou ser transportado ativamente.
Em contraste, fármacos lipossolúveis entram facilmente no SNC, pois se dissolvem na membrana das
células endoteliais.
Fármacos ionizados ou polares em geral fracassam tentando entrar no SNC, pois não conseguem passar
através das células endoteliais, as quais não apresentam junção com frestas. Essas células intimamente
justapostas formam junções estreitadas que constituem a barreira hematoencefática.
C. Ligação de fármacos a proteínas
plasmáticas e dos tecidos
A albumina é a principal proteína ligadora e pode atuar como uma reserva de fármaco
(à medida que a concentração do fármaco livre diminui,
devido à eliminação, o fármaco ligado se dissocia da proteína).
Isso mantém a concentração de fármaco livre como uma fração constante
do fármaco total no plasma.
C. Ligação de fármacos a proteínas
plasmáticas e dos tecidos
Os fármacos podem acumular como resultado da ligação a lipídeos, proteínas ou ácidos nucleicos. Os
fármacos também podem ser transportados ativamente aos tecidos.
Os reservatórios nos tecidos podem servir de fonte principal de fármaco e prolongar sua ação ou causar
toxicidade local ao fármaco.
D. Lipofilicidade
A natureza química do fármaco influencia fortemente a sua capacidade de atravessar membranas celulares;
Os fármacos lipofílicos se movem mais facilmente através das membranas biológicas. Esses fármacos se dissolvem nas membranas
lipídicas e permeiam toda a superfície celular;
O principal fator que influencia a distribuição do fármaco lipofílico é o fluxo de sangue para aquela área;
Em contraste, os fármacos hidrofílicos não penetram facilmente nas membranas celulares e devem passar através de junções com
fendas.
E. Volume de distribuição
O volume de distribuição aparente, Vd, é o volume de líquido necessário para conter todo o fármaco do organismo na mesma concentração
presente no plasma, ou seja, de maneira homogênea entre o sangue e o tecido.
O Vd é calculado dividindo-se a dose que alcança a circulação sistêmica pela concentração no plasma no tempo zero (C0):
Embora o Vd não tenha base física ou fisiológica, pode ser útil para comparar a distribuição de um fármaco com os volumes dos
compartimentos de água no organismo.
Determinação do Vd
Vd = 10 mg
1 mg/L
Vd= 10 L.
Relação entre o Vd e o local
de distribuição no organismo
Meia-vida (t1/2) do fármaco
C
O
N
C
E
N
T
R
A
Ç
Ã
O
TEMPO
Efeito de Vd na meia-vida (t1/2)
do fármaco
• O Vd tem influência importante na meia-vida do fármaco, pois a sua eliminação depende da quantidade de
fármaco ofertada ao fígado ou aos rins (ou outro órgão onde ocorra a biotransformação).
• Se o fármaco tem um Vd elevado, a maior parte do fármaco está no espaço extraplasmático e indisponível
para os órgãos excretores.
• Portanto, qualquer fator que aumente o Vd pode aumentar a meia-vida e prolongar a duração de ação do
fármaco.
Nota: um valor de Vd excepcionalmente elevado indica considerável sequestro do fármaco em algum tecido ou compartimento do
organismo.
Farmacocinética
Metabolismo e
Excreção
DEPURAÇÃO DE FÁRMACOS
POR MEIO DA BIOTRANSFORMAÇÃO
Logo que o fármaco entra no organismo começa o processo de eliminação.
As três principais vias de eliminação são:
• Biotransformação hepática;
• Eliminação biliar;
• e Eliminação urinária.
Exemplos:
Algumas pessoas, por exemplo, não obtêm benefício do analgésico opiáceo codeína, porque não têm a
enzima CYP2D6 que o ativa.
Polimorfismos similares foram caracterizados para a subfamília CYP2C. Por exemplo, o clopidogrel tem a
advertência de que os pacientes que são maus biotransformadores pela CYP2C19 têm maior incidência de
eventos cardiovasculares (p. ex., choque ou infarto do miocárdio) quando usam esse fármaco.
O clopidogrel é um pró-fármaco, e a ativação pela CYP2C19 é necessária
para convertê-lo no metabólito ativo.
Fase I
b. Reações de fase I que não envolvem o sistema P450:
Essas reações incluem :
a oxidação de aminas;
a desidrogenação do álcool;
E a hidrólise (p. ex., procaína).
Fase II
2. Fase II: Esta fase consiste em reações de conjugação.
• Se o metabólito resultante da fase I é suficientemente polar, ele pode ser excretado pelos rins.
• Contudo, vários metabólitos de fase I continuam muito lipofílicos para serem excretados.
• Uma reação subsequente de conjugação com um substrato endógeno produz um composto polar em geral mais
hidrossolúvel e terapeuticamente inativo.
Nota: os fármacos que possuem um grupo –OH, –NH2 ou –COOH podem entrar diretamente na fase II e ser conjugados sem uma
reação de fase I prévia.)
O fármaco conjugado altamente polar é então excretado pelos rins ou pela bile.
DEPURAÇÃO DE FÁRMACOS
PELOS RINS
Os fármacos chegam aos rins pelas artérias renais, que se dividem para formar
o plexo capilar glomerular;
O fármaco livre (não ligado à albumina) difunde-se através das fendas
capilares para o espaço de Bowman como parte do filtrado glomerular;
A lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos fármacos para o
filtrado glomerular. Contudo, variações na velocidade de filtração glomerular e
a ligação dos fármacos às proteínas afetam esse processo.
A. Eliminação renal dos fármacos
2. Secreção tubular proximal:
Os fármacos que não foram transferidos para o filtrado glomerular saem dos glomérulos através das arteríolas
eferentes, que se dividem formando um plexo capilar ao redor do lúmen no túbulo proximal.
A secreção ocorre primariamente nos túbulos proximais por dois mecanismos de transporte ativo que exigem
energia: um para ânions (p. ex., formas desprotonadas de ácidos fracos) e outro para cátions (p. ex., formas
protonadas de bases fracas).
Cada um desses sistemas de transporte apresenta baixa especificidade e pode transportar vários compostos.
Assim, pode ocorrer competição entre fármacos pelos transportadores em cada um dos sistemas.
A. Eliminação renal dos fármacos
A maioria dos fármacos é lipossolúvel e, sem modificação química, se difundiria para fora do lúmen tubular renal quando a sua
concentração no filtrado se tornasse maior do que a do espaço perivascular;
Para minimizar essa reabsorção, os fármacos são modificados basicamente no fígado em substâncias mais polares por meio das
reações de fase I e fase II (descritas anteriormente);
Os conjugados polares ou ionizados são incapazes de difundir para fora do lumen renal.
DEPURAÇÃO POR OUTRAS VIAS
A depuração de fármacos pode ocorrer também por intestinos, bile, pulmões, saliva, suor leite, entre outros;
Os fármacos que não são absorvidos após administração oral ou fármacos que são secretados diretamente para os intestinos ou na bile são eliminados com as fezes;
Os pulmões estão envolvidos primariamente na eliminação dos gases anestésicos (p. ex., isoflurano);
A eliminação de fármacos no leite pode expor a criança lactente aos medicamentos e/ou seus metabólitos ingeridos pela mãe, e é uma fonte potencial de efeitos
indesejados na criança;
A excreção da maioria dos fármacos no suor, na saliva, nas lágrimas, nos pelos e na pele ocorre em pequena extensão.
B. Situações clínicas que alteram a
meia-vida do fármaco
Quando o paciente apresenta uma anormalidade que altera a meia-vida do fármaco, são necessários ajustes na dosagem.
Pacientes que podem apresentar aumento da meia-vida de fármacos são aqueles que têm:
1) diminuição do fluxo de sangue renal ou hepático (p. ex., choque cardiogênico, insuficiência cardíaca ou hemorragia);
3) diminuição da biotransformação (p. ex., quando outros fármacos concomitantes inibem a biotransformação, ou na insuficiência hepática, como
na cirrose).
B. Situações clínicas que alteram a
meia-vida do fármaco
Nesses pacientes, pode ser necessário diminuir a dosagem ou aumentar o tempo entre as dosificações.
Em contraste, a meia-vida de um fármaco pode ser reduzida aumentando o fluxo sanguíneo hepático, diminuindo a
ligação às proteínas ou aumentando a biotransformação. Isso pode exigir dosagens maiores ou dosificações mais
frequentes.
DÚVIDAS
Referências
FONSECA, A. M. Introdução à psicofarmacologia e noções e tratamento farmacológico [livro
eletrônico. Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
HYMAN, E. E.; COHEN, J. D. Transtornos do humor e de ansiedade. In: KANDEL, E. R. et al. (eds.).
Princípios de neurociências. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. p. 1222-1241.
KATZUNG, G. B.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica – LANGE. 13ª ed. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill, 2017.
SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; SUSSNAM, N. Manual de farmacologia psiquiátrica de Kaplan &
Sadock. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 344 p.